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RESISTÊNCIA                                                                                                                                                                                                                                                                     RESISTÊNCIA


Tapuios – Atualmente com cerca de 280
pessoas que vivem nos municípios de Ru-
                                                   Licenciatura Intercultural Indígena
biataba e Nova América, em Goiás, o
povo Tapuio constituiu-se a partir de um
aldeamento criado em 1788. O aldeamento
Carretão de Pedro III, como também ficou
conhecido, que chegou a abrigar cerca de
cinco mil indígenas, teve a população dis-
persa em razão dos maus tratos e dos con-
flitos com não-índios. Ali foram aldeados
Karajá, Kayapó e Xerente, que conviveram
com negros escravos e constituíram o povo
Tapuio. Sua língua oficial é o português e o
povo, mesmo miscigenado, reconhece-se e
é reconhecido pela Fundação Nacional do
                                                                                                                                                  Protagonistas da realidade
Índio (Funai) como indígena.                                                                                                                      Estudantes acompanham famílias em assentamentos e, juntamente com o exercício da
                                                                                                                                                  assistência técnica, formam sua visão de mundo sobre a questão agrária brasileira
Guardiões do Cerrado – Os Avá-Canoei-
ro são apontados por pesquisadores e pela
                                                                                                                                                                                                  ções, são uma constante”. Tão logo conquis-           Com o objetivo de imergir nessa realida-
historiografia como um dos povos indíge-
                                                                                                                                                                                                  tam seu espaço, os camponeses lidam com          de e descobrir formas de trabalhar que con-
nas do Brasil que mais resiste à domina-
                                                                                                                                                                                                  problemas para construir suas casas e realizar   templem a vida de camponeses assentados,
ção. Eles resistiram à política indigenista
                                               Alunos da turma especial que objetiva formar adequadamente professores para as aldeias indígenas                                                   benfeitorias para viabilizar uma produtivida-    estudantes de Agronomia, Engenharia de
de aldeamentos do século XVIII e estive-
                                                                                                                                                                                                  de minimamente satisfatória.                     Alimentos, Engenharia Florestal, Veterinária
ram em conflito com a população não-
                                                                                                                                                                                                        Rosana foi convidada pela Escola de        e Zootecnia da UFG propuseram a criação,
-índia até por volta de 1860. As ações das
                                                          A turma especial de Licenciatura Intercultural Indígena tem sede                                                                        Agronomia e Engenharia de Alimentos              em 2009, do Grupo de Ensino, Pesquisa e
bandeiras punitivas e dos destacamentos
                                                     na Faculdade de Letras da UFG e é um consórcio entre várias institui-                                                                        (EA) para, na oportunidade do seminário          Assistência à Agricultura Familiar (Gepa-
policiais da época levaram os Avá-Cano-
                                                     ções que formam docentes da educação escolar indígena. A iniciativa                                                                          “O mundo da Agricultura Familiar em Goi-         af). Com o apoio do Ministério do Desen-
eiro à quase extinção.
                                                     integra as ações afirmativas da UFG (que mantém ainda turmas espe-                                                                           ás”, realizado em junho de 2011, falar sobre     volvimento Agrário (MDA) e do Conselho
     Em meados do século XIX, parte dos
                                                     ciais de Direito e de Pedagogia para assentados da Reforma Agrária)                                                                          as perspectivas dos profissionais das ciên-      Nacional de Desenvolvimento Científico e
Avá-Canoeiro começou a se deslocar em
                                                     e é destinada a povos indígenas da região dos Rios Araguaia e Tocan-                                                                         cias agrárias no trabalho com assentados.        Tecnológico (CNPq), o projeto consolidou-
direção à Ilha do Bananal e parte per-                                                                                                            Juliana Mascarenhas, Shara de Lima e Matheus
                                                     tins. São povos que pertencem à família linguística Jê, com exceção                                                                          Em seu pronunciamento, foi sincera: “Me          -se em 2010 sob a coordenação do professor
maneceu em território goiano, dando                                                                                                               Celiak (EA/UFG) coletam insetos para estudo
                                                     dos Avá-Canoeiro e Tapirapé que pertencem à família Tupi-Guarani, e                                                                          pediram para falar do que é positivo, mas        Gabriel Medina, estabelecendo uma dinâ-
origem à divisão entre o grupo do Ara-
                                                     que possuem elementos constitutivos de sua cultura familiarizada com                                                                         é difícil, porque nós nos deparamos cons-        mica de visitas a famílias residentes em dois
guaia e o grupo do Tocantins. Mônica                                                                                                              Patrícia da Veiga



                                                                                                                                                  O
                                                     o Cerrado. O objetivo é formar professores indígenas capazes de atuar                                                                        tantemente com muitos problemas e eles           assentamentos da reforma agrária em Goiás:
Pechincha lembra exemplos de resis-
                                                     em escolas indígenas interculturais bilíngues.                                                                                               nos marcam”. Ela listou ainda os problemas       Dom Fernando, localizado em Itaberaí, e Pal-
tência aos não indígenas, “parte desses
grupos só foi contatada pela Funai após
muitas tentativas, oito deles do grupo do
                                                          De acordo com o vice-coordenador Leandro Rocha, o curso bus-
                                                     ca a formação profissional em uma perspectiva não eurocêntrica, que
                                                                                                                                                  O     contato com agricultores assentados
                                                                                                                                                        pode ser uma experiência decisiva
                                                                                                                                                  para estudantes das Ciências Agrárias na es-
                                                                                                                                                                                                  relacionados com a educação, o transporte
                                                                                                                                                                                                  e até a burocracia para conquistar direitos
                                                                                                                                                                                                                                                   mares, no município de Varjão.
                                                                                                                                                                                                                                                        É premissa do grupo que a assistência
                                                     rompa com a concepção de que a ciência ocidental é a única que leva                                                                          de comercialização do que é produzido nas        deve ser feita de acordo com as condições
Araguaia, em 1974 e, em 1983, quatro                                                                                                              colha de caminhos profissionais. Afinal, um
                                                     ao conhecimento verdadeiro e funcional. “O que tentamos nesse curso                                                                          terras destinadas à reforma agrária.             socioeconômicas nas quais estão inseridos
Avá-Canoeiro do Tocantins”. O primei-                                                                                                             trabalhador rural que vive nessas condições
                                                     é relativizar a hegemonia da ciência construída no Ocidente, que aca-
ro grupo vive na aldeia Javaé de Canoa-                                                                                                           pode ter sido um dia boia-fria, posseiro, ex-
                                                     ba por destruir saberes locais. Trata-se de uma formação em que os sa-
nã, na Ilha do Bananal, no Tocantins, o                                                                                                           propriado da terra, marginalizado nos cen-
                                                     beres tradicionais da nossa cultura e das culturas indígenas dialoguem                                                                          O casal César
outro vive no norte do estado de Goiás,                                                                                                           tros urbanos, já tendo passado por diversas
                                                     de forma autônoma”, ressaltou o professor.                                                                                                         de Carvalho
em uma reserva de 38 mil hectares. Atu-                                                                                                           situações de discriminação e violência. Os
                                                          Em dezembro de 2011, a UFG forma a primeira turma especial de                                                                                 e Sheila Reis
almente, esse povo soma 18 pessoas, ha-                                                                                                           assentamentos são espaços que resultam de
                                                     Licenciatura Intercultural Indígena. Atualmente, a instituição mantém                                                                                  recebe os
vendo notícias de grupos Avá-Canoeiro                                                                                                             um conflito de tripla dimensão – política,
                                                     quatro turmas para essa formação, os participantes vêm à universidade                                                                            integrantes do
isolados. São considerados os Guardiões                                                                                                           social e econômica: a disputa pela posse da
                                                     para aulas presenciais nos períodos de férias do calendário acadêmico e                                                                         Gepaaf em sua
do Cerrado, tanto do ponto de vista cul-                                                                                                          terra. E, segundo Rosana Fernandes, uma
                                                     retornam às aldeias com material para estudo.                                                                                                  casa. A relação
tural quanto oficial, por pesquisadores,                                                                                                          das líderes do Movimento dos Trabalhado-
                                                                                                                                                                                                         estabelecida
autoridades e agentes de órgãos e enti-                                                                                                           res Rurais Sem-Terra (MST) em Goiás, “as
                                                                                                                                                                                                          entre eles é
dades de proteção indígena.                                                                                                                       disputas não acabam com o fim das ocupa-
                                                                                                                                                                                                         de diálogo e
                                                                                                                                                                                                         colaboração



       Pág 46 -                 Afirmativa                                                                                                                                                                                                         Afirmativa - Pá g 47
RESISTÊNCIA                                                                                                                                                                                                                                                                               RESISTÊNCIA


    os camponeses. Assim, os estudantes bus-
    cam compreender, antes mesmo de ques-
                                                                                                                                                                                    Percalços da luta pela terra                                              contudo, não é das mais fáceis, como ressal-
                                                                                                                                                                                                                                                              tou Elisneia: “Levamos os produtos de bici-
    tões técnicas, histórias de vida. “Alguns                                                                                                                                                                                                                 cleta, quando é perto. Ou então arrumamos
    vieram da cidade e não dominam as técni-                                                                                                                                                                                                                  algum transporte, como ônibus ou carona”.
    cas de produção. Outros até já tinham vín-                                                                                                                               Com 27 anos de existência, o          nacional. No estado de Goiás, de 2003           Elisneia e Elismar começaram a pro-
    culo com o campo, mas no dia a dia demo-                                                                                                                            Movimento dos Trabalhadores Rurais         a 2009, a média anual de ocorrências       duzir orgânicos, mas não tiveram condi-
    ram a retirar o sustento da terra e precisam                                                                                                                        Sem-Terra (MST), vinculado à enti-         foi de 26. Em 2010, baixou para 11.        ções de levar os planos adiante. Na casa
    trabalhar como diaristas em outras fazendas                                                                                                                         dade internacional Via Campesina,          Conforme o relatório da CPT, em to-        de Valmir Santos e Keila Pereira, que
                                                     Para Juliana Mascarenhas, o trabalho com os assentados deve ser feito com “responsabilidade, compromisso e amor”
    ou até mesmo na cidade. No entanto, ar-                                                                                                                             organiza a situação fundiária e a vida     dos os estados da federação essa média     conquistaram sua terra em 2004, também
    risco dizer que um dos maiores problemas                                                                                                                            produtiva de mais de um milhão e meio      decresceu, no mínimo, para a metade.       há essa expectativa. “Valmir desenhou
    é a autoestima”, descreveu Marco Aurélio       de comunicação que se estabeleceu, os                César confirmou: “Em 2010, vendemos as                          de brasileiros. Em Goiás, nove regio-           A respeito das ações especifica-      todo o seu projeto de horticultura, apenas
    Pessoa, engenheiro agrônomo.                   agricultores disseram o que gostariam de             aves que criamos antes do período de chu-                       nais dividem a responsabilidade por 36     mente lideradas pelo MST, ainda de         fizemos um diagnóstico e oferecemos su-
                                                   produzir ou implantar em suas terras e               vas. Gostaríamos de repetir”.                                   assentamentos que abrigam 2,6 mil fa-      acordo com o relatório da CPT, entre       gestões”, completou a agrônoma Shara de
    Experiência – A reportagem da revista          os estudantes tentaram dar respostas. As                   A estudante Marina Rafael de Paiva,                       mílias e 23 acampamentos que reúnem        2004 e 2010, o número de famílias mo-      Lima. Há no Gepaaf a ideia de desenvol-
    UFG Afirmativa viajou com cinco inte-          dúvidas foram encaminhadas aos encon-                do curso de Engenharia de Alimentos,                            mil famílias. Somando esse quantitati-     bilizadas baixou de 76 mil para 17,8       ver um potencial espaço de trabalho que,
    grantes do Gepaaf até o assentamento de        tros semanais realizados na EA, para que             iniciou uma conversa com Sheila sobre                           vo à ação de outros movimentos cam-        mil. O MST justifica a redução das         uma vez desvinculado do agronegócio,
    Palmares, a 75 km de Goiânia, cuja área de     pudessem ser resolvidas juntamente com               a preparação de sucos para congelar. No                         pesinos, é possível localizar no estado    ofensivas pela dificuldade em negociar     possa fornecer subsídios para a transição
    1,1 mil hectares abriga cerca de 60 famílias   professores de diversas áreas.                       terreno da família havia tamarindo, caju,                       14, 7 mil famílias assentadas em 287 es-   com o governo federal o reconheci-         agroecológica, tal como na experiência
    e dispõe de um espaço comum para o culti-            Na residência de César de Carvalho             cajá, acerola, caja-manga, banana, jabu-                        tabelecimentos. Esses dados correspon-     mento de acampamentos que há mais          com pequenos produtores rurais de Itapu-
    vo de arroz, milho e feijão. O local habita-   Silva, Mara Sheila Almeida Reis e suas três          ticaba e hibisco. Sheila disse considerar                       dem a um histórico de luta pela reforma    de dois anos esperam resposta.             ranga (veja reportagens sobre o tema no
    do pelos agricultores era antes a Quinta da    crianças, por exemplo, já se praticava algo          essa possibilidade, para não precisar tra-                      agrária, mas também por condições de            Em notícia veiculada na página do     intervalo entre as páginas 32 e 39).
    Bicuda, propriedade que pertencia a Antô-      de horticultura e fruticultura, mas somente          balhar como faxineira em Varjão. An-                            sobrevivência e autonomia no campo.        movimento na Internet, é revelado que
    nio Damásio, preso pela Polícia Federal em     para a subsistência. A renda da família é            tes de chegar a Palmares, o casal viveu                              Rosana Fernandes, uma das líderes     há 90 processos de desapropriação sem
    2006 durante a Operação Caravelas, por         costumeiramente garantida pelos serviços             em Aparecida de Goiânia, mas já havia                           estaduais do MST, informou que tam-        resposta. Além disso, os investimentos
    envolvimento com narcotráfico internacio-      que César presta como diarista às fazendas           passado pelo assentamento de Canudos,                           bém têm sido prioridade do movimento       em infraestrutura também estariam
    nal. Na ocasião, o imóvel foi desapropriado    da região. Mas o casal demonstrou interesse          onde vivem os pais de Sheila.                                   as campanhas de incentivo às práticas      “parados”. “Relatório interno do Incra
    e negociado pelo Instituto de Colonização e    em reverter a situação, alcançando uma au-                 Na terra de Elisneia Cardoso da Fon-                      agroecológicas. Além disso, projetos       aponta que apenas 10% do orçamento
    Reforma Agrária (Incra), distribuindo 12,5     tonomia mínima para comercializar o que              seca e Elismar Gonçalves, a situação en-                        educacionais e de mídia ganham es-         do órgão destinado às obras de infra-
    hectares para cada família.                    produz. Segundo informou Juliana Masca-              contrada foi diferente. Com uma produção                        paço dentro de acampamentos e as-          estrutura para os assentamentos foram
         Ao longo de um dia, o grupo visitou       renhas, estudante de Agronomia, o desejo             adiantada de hortaliças, o casal disse comer-                   sentamentos, como forma de garantir        utilizados. Dos R$ 159 milhões progra-
    cinco residências, buscando observar hor-      da família, na ocasião, era poder “comercia-         cializar alface, rúcula, pimentão, almeirão,                    formação humana, política e técnica        mados, somente R$ 16 milhões tinham
    tas e criações de pequenos animais, como       lizar banana e criar poedeiras para venda de         espinafre, jiló, salsinha e chuchu nas feiras                   para as famílias. “Temos, atualmente,      sido aplicados”, afirma a notícia, dis-
    aves e suínos. No decorrer do processo         pintinhos de galinha caipira e codornas”.            de Varjão, Cezarina e Guapó. A logística,                       1,8 mil escolas de ensino fundamental      ponível em: www.mst.org.br
                                                                                                                                                                        e 50 de ensino médio atendendo nos-             Na segunda quinzena de novem-
                                                                                                                                                                        sos camponeses”, anunciou, durante o       bro de 2011, como resposta ao silêncio,
                                                                                                                                                                        seminário “O Mundo da Agricultura          as regionais goianas do MST ocuparam
Equipe do Gepaaf acompanha o desenvolvimento da horticultura de Valmir Santos                                                                                                                                                                                  Família de Valmir e Keila, assentada em Varjão desde 2004
                                                                                                                                                                        Familiar em Goiás”.                        por uma semana o entorno da sede do
                                                                                                                                                                             Com o desafio de promover a redis-    Incra e também realizaram manifesta-
                                                                                                                                                                        tribuição de terras no país, mas também    ções em agências do Banco do Brasil             Matheus Celiak, também estudante
                                                                                                                                                                        de pressionar o poder público para que     em todo o estado. Na pauta de reivin-      de Agronomia, participava das atividades
                                                                                                                                                                        os camponeses tenham condições de          dicações, além da regularização fundiá-    do Gepaaf pela primeira vez. Quase sempre
                                                                                                                                                                        produzir e retomar suas vidas, o MST       ria estava a necessidade de liberação de   calado, observou os detalhes, demonstran-
                                                                                                                                                                        vive momentos brandos com relação          créditos para viabilizar assessoria téc-   do interesse. “É um contato que temos com
                                                                                                                                                                        às ações ofensivas. De acordo com o        nica e benfeitorias em áreas coletivas e   a prática, por isso penso ser interessante”,
                                                                                                                                                                        último relatório da Comissão Pastoral      individuais de produção.                   resumiu. Juliana Mascarenhas, uma das lí-
                                                                                                                                                                        da Terra (CPT) sobre o Brasil rural,            “Sem um investimento inicial, as      deres do grupo, descreveu com mais deta-
                                                                                                                                                                        referente a 2010, o índice de ocupa-       famílias, que geralmente são assentadas    lhes o que, para ela, representam as visitas
                                                                                                                                                                        ções temporárias e acampamentos foi o      em áreas de pasto, têm muitas dificul-     quinzenais a Varjão: “Mesmo enfrentando
                                                                                                                                                                        menor dos últimos dez anos: respecti-      dades para começar a produzir”, explica    dificuldades, desentendimentos e, às vezes,
                                                                                                                                                                        vamente, 180 e 35 em todo o território     o professor da EA, Gabriel Medina.         problemas de comunicação, conseguimos
                                                                                                                                                                                                                                                              resolver as atribulações com conversas, res-
                                                                                                                                                                                                                                                              ponsabilidade, compromisso e amor”.




           Pág 48 -                 Afirmativa                                                                                                                                                                                                                Afirmativa - Pá g 49

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Revista cerrado - GEPAAF

  • 1. RESISTÊNCIA RESISTÊNCIA Tapuios – Atualmente com cerca de 280 pessoas que vivem nos municípios de Ru- Licenciatura Intercultural Indígena biataba e Nova América, em Goiás, o povo Tapuio constituiu-se a partir de um aldeamento criado em 1788. O aldeamento Carretão de Pedro III, como também ficou conhecido, que chegou a abrigar cerca de cinco mil indígenas, teve a população dis- persa em razão dos maus tratos e dos con- flitos com não-índios. Ali foram aldeados Karajá, Kayapó e Xerente, que conviveram com negros escravos e constituíram o povo Tapuio. Sua língua oficial é o português e o povo, mesmo miscigenado, reconhece-se e é reconhecido pela Fundação Nacional do Protagonistas da realidade Índio (Funai) como indígena. Estudantes acompanham famílias em assentamentos e, juntamente com o exercício da assistência técnica, formam sua visão de mundo sobre a questão agrária brasileira Guardiões do Cerrado – Os Avá-Canoei- ro são apontados por pesquisadores e pela ções, são uma constante”. Tão logo conquis- Com o objetivo de imergir nessa realida- historiografia como um dos povos indíge- tam seu espaço, os camponeses lidam com de e descobrir formas de trabalhar que con- nas do Brasil que mais resiste à domina- problemas para construir suas casas e realizar templem a vida de camponeses assentados, ção. Eles resistiram à política indigenista Alunos da turma especial que objetiva formar adequadamente professores para as aldeias indígenas benfeitorias para viabilizar uma produtivida- estudantes de Agronomia, Engenharia de de aldeamentos do século XVIII e estive- de minimamente satisfatória. Alimentos, Engenharia Florestal, Veterinária ram em conflito com a população não- Rosana foi convidada pela Escola de e Zootecnia da UFG propuseram a criação, -índia até por volta de 1860. As ações das A turma especial de Licenciatura Intercultural Indígena tem sede Agronomia e Engenharia de Alimentos em 2009, do Grupo de Ensino, Pesquisa e bandeiras punitivas e dos destacamentos na Faculdade de Letras da UFG e é um consórcio entre várias institui- (EA) para, na oportunidade do seminário Assistência à Agricultura Familiar (Gepa- policiais da época levaram os Avá-Cano- ções que formam docentes da educação escolar indígena. A iniciativa “O mundo da Agricultura Familiar em Goi- af). Com o apoio do Ministério do Desen- eiro à quase extinção. integra as ações afirmativas da UFG (que mantém ainda turmas espe- ás”, realizado em junho de 2011, falar sobre volvimento Agrário (MDA) e do Conselho Em meados do século XIX, parte dos ciais de Direito e de Pedagogia para assentados da Reforma Agrária) as perspectivas dos profissionais das ciên- Nacional de Desenvolvimento Científico e Avá-Canoeiro começou a se deslocar em e é destinada a povos indígenas da região dos Rios Araguaia e Tocan- cias agrárias no trabalho com assentados. Tecnológico (CNPq), o projeto consolidou- direção à Ilha do Bananal e parte per- Juliana Mascarenhas, Shara de Lima e Matheus tins. São povos que pertencem à família linguística Jê, com exceção Em seu pronunciamento, foi sincera: “Me -se em 2010 sob a coordenação do professor maneceu em território goiano, dando Celiak (EA/UFG) coletam insetos para estudo dos Avá-Canoeiro e Tapirapé que pertencem à família Tupi-Guarani, e pediram para falar do que é positivo, mas Gabriel Medina, estabelecendo uma dinâ- origem à divisão entre o grupo do Ara- que possuem elementos constitutivos de sua cultura familiarizada com é difícil, porque nós nos deparamos cons- mica de visitas a famílias residentes em dois guaia e o grupo do Tocantins. Mônica Patrícia da Veiga O o Cerrado. O objetivo é formar professores indígenas capazes de atuar tantemente com muitos problemas e eles assentamentos da reforma agrária em Goiás: Pechincha lembra exemplos de resis- em escolas indígenas interculturais bilíngues. nos marcam”. Ela listou ainda os problemas Dom Fernando, localizado em Itaberaí, e Pal- tência aos não indígenas, “parte desses grupos só foi contatada pela Funai após muitas tentativas, oito deles do grupo do De acordo com o vice-coordenador Leandro Rocha, o curso bus- ca a formação profissional em uma perspectiva não eurocêntrica, que O contato com agricultores assentados pode ser uma experiência decisiva para estudantes das Ciências Agrárias na es- relacionados com a educação, o transporte e até a burocracia para conquistar direitos mares, no município de Varjão. É premissa do grupo que a assistência rompa com a concepção de que a ciência ocidental é a única que leva de comercialização do que é produzido nas deve ser feita de acordo com as condições Araguaia, em 1974 e, em 1983, quatro colha de caminhos profissionais. Afinal, um ao conhecimento verdadeiro e funcional. “O que tentamos nesse curso terras destinadas à reforma agrária. socioeconômicas nas quais estão inseridos Avá-Canoeiro do Tocantins”. O primei- trabalhador rural que vive nessas condições é relativizar a hegemonia da ciência construída no Ocidente, que aca- ro grupo vive na aldeia Javaé de Canoa- pode ter sido um dia boia-fria, posseiro, ex- ba por destruir saberes locais. Trata-se de uma formação em que os sa- nã, na Ilha do Bananal, no Tocantins, o propriado da terra, marginalizado nos cen- beres tradicionais da nossa cultura e das culturas indígenas dialoguem O casal César outro vive no norte do estado de Goiás, tros urbanos, já tendo passado por diversas de forma autônoma”, ressaltou o professor. de Carvalho em uma reserva de 38 mil hectares. Atu- situações de discriminação e violência. Os Em dezembro de 2011, a UFG forma a primeira turma especial de e Sheila Reis almente, esse povo soma 18 pessoas, ha- assentamentos são espaços que resultam de Licenciatura Intercultural Indígena. Atualmente, a instituição mantém recebe os vendo notícias de grupos Avá-Canoeiro um conflito de tripla dimensão – política, quatro turmas para essa formação, os participantes vêm à universidade integrantes do isolados. São considerados os Guardiões social e econômica: a disputa pela posse da para aulas presenciais nos períodos de férias do calendário acadêmico e Gepaaf em sua do Cerrado, tanto do ponto de vista cul- terra. E, segundo Rosana Fernandes, uma retornam às aldeias com material para estudo. casa. A relação tural quanto oficial, por pesquisadores, das líderes do Movimento dos Trabalhado- estabelecida autoridades e agentes de órgãos e enti- res Rurais Sem-Terra (MST) em Goiás, “as entre eles é dades de proteção indígena. disputas não acabam com o fim das ocupa- de diálogo e colaboração Pág 46 - Afirmativa Afirmativa - Pá g 47
  • 2. RESISTÊNCIA RESISTÊNCIA os camponeses. Assim, os estudantes bus- cam compreender, antes mesmo de ques- Percalços da luta pela terra contudo, não é das mais fáceis, como ressal- tou Elisneia: “Levamos os produtos de bici- tões técnicas, histórias de vida. “Alguns cleta, quando é perto. Ou então arrumamos vieram da cidade e não dominam as técni- algum transporte, como ônibus ou carona”. cas de produção. Outros até já tinham vín- Com 27 anos de existência, o nacional. No estado de Goiás, de 2003 Elisneia e Elismar começaram a pro- culo com o campo, mas no dia a dia demo- Movimento dos Trabalhadores Rurais a 2009, a média anual de ocorrências duzir orgânicos, mas não tiveram condi- ram a retirar o sustento da terra e precisam Sem-Terra (MST), vinculado à enti- foi de 26. Em 2010, baixou para 11. ções de levar os planos adiante. Na casa trabalhar como diaristas em outras fazendas dade internacional Via Campesina, Conforme o relatório da CPT, em to- de Valmir Santos e Keila Pereira, que Para Juliana Mascarenhas, o trabalho com os assentados deve ser feito com “responsabilidade, compromisso e amor” ou até mesmo na cidade. No entanto, ar- organiza a situação fundiária e a vida dos os estados da federação essa média conquistaram sua terra em 2004, também risco dizer que um dos maiores problemas produtiva de mais de um milhão e meio decresceu, no mínimo, para a metade. há essa expectativa. “Valmir desenhou é a autoestima”, descreveu Marco Aurélio de comunicação que se estabeleceu, os César confirmou: “Em 2010, vendemos as de brasileiros. Em Goiás, nove regio- A respeito das ações especifica- todo o seu projeto de horticultura, apenas Pessoa, engenheiro agrônomo. agricultores disseram o que gostariam de aves que criamos antes do período de chu- nais dividem a responsabilidade por 36 mente lideradas pelo MST, ainda de fizemos um diagnóstico e oferecemos su- produzir ou implantar em suas terras e vas. Gostaríamos de repetir”. assentamentos que abrigam 2,6 mil fa- acordo com o relatório da CPT, entre gestões”, completou a agrônoma Shara de Experiência – A reportagem da revista os estudantes tentaram dar respostas. As A estudante Marina Rafael de Paiva, mílias e 23 acampamentos que reúnem 2004 e 2010, o número de famílias mo- Lima. Há no Gepaaf a ideia de desenvol- UFG Afirmativa viajou com cinco inte- dúvidas foram encaminhadas aos encon- do curso de Engenharia de Alimentos, mil famílias. Somando esse quantitati- bilizadas baixou de 76 mil para 17,8 ver um potencial espaço de trabalho que, grantes do Gepaaf até o assentamento de tros semanais realizados na EA, para que iniciou uma conversa com Sheila sobre vo à ação de outros movimentos cam- mil. O MST justifica a redução das uma vez desvinculado do agronegócio, Palmares, a 75 km de Goiânia, cuja área de pudessem ser resolvidas juntamente com a preparação de sucos para congelar. No pesinos, é possível localizar no estado ofensivas pela dificuldade em negociar possa fornecer subsídios para a transição 1,1 mil hectares abriga cerca de 60 famílias professores de diversas áreas. terreno da família havia tamarindo, caju, 14, 7 mil famílias assentadas em 287 es- com o governo federal o reconheci- agroecológica, tal como na experiência e dispõe de um espaço comum para o culti- Na residência de César de Carvalho cajá, acerola, caja-manga, banana, jabu- tabelecimentos. Esses dados correspon- mento de acampamentos que há mais com pequenos produtores rurais de Itapu- vo de arroz, milho e feijão. O local habita- Silva, Mara Sheila Almeida Reis e suas três ticaba e hibisco. Sheila disse considerar dem a um histórico de luta pela reforma de dois anos esperam resposta. ranga (veja reportagens sobre o tema no do pelos agricultores era antes a Quinta da crianças, por exemplo, já se praticava algo essa possibilidade, para não precisar tra- agrária, mas também por condições de Em notícia veiculada na página do intervalo entre as páginas 32 e 39). Bicuda, propriedade que pertencia a Antô- de horticultura e fruticultura, mas somente balhar como faxineira em Varjão. An- sobrevivência e autonomia no campo. movimento na Internet, é revelado que nio Damásio, preso pela Polícia Federal em para a subsistência. A renda da família é tes de chegar a Palmares, o casal viveu Rosana Fernandes, uma das líderes há 90 processos de desapropriação sem 2006 durante a Operação Caravelas, por costumeiramente garantida pelos serviços em Aparecida de Goiânia, mas já havia estaduais do MST, informou que tam- resposta. Além disso, os investimentos envolvimento com narcotráfico internacio- que César presta como diarista às fazendas passado pelo assentamento de Canudos, bém têm sido prioridade do movimento em infraestrutura também estariam nal. Na ocasião, o imóvel foi desapropriado da região. Mas o casal demonstrou interesse onde vivem os pais de Sheila. as campanhas de incentivo às práticas “parados”. “Relatório interno do Incra e negociado pelo Instituto de Colonização e em reverter a situação, alcançando uma au- Na terra de Elisneia Cardoso da Fon- agroecológicas. Além disso, projetos aponta que apenas 10% do orçamento Reforma Agrária (Incra), distribuindo 12,5 tonomia mínima para comercializar o que seca e Elismar Gonçalves, a situação en- educacionais e de mídia ganham es- do órgão destinado às obras de infra- hectares para cada família. produz. Segundo informou Juliana Masca- contrada foi diferente. Com uma produção paço dentro de acampamentos e as- estrutura para os assentamentos foram Ao longo de um dia, o grupo visitou renhas, estudante de Agronomia, o desejo adiantada de hortaliças, o casal disse comer- sentamentos, como forma de garantir utilizados. Dos R$ 159 milhões progra- cinco residências, buscando observar hor- da família, na ocasião, era poder “comercia- cializar alface, rúcula, pimentão, almeirão, formação humana, política e técnica mados, somente R$ 16 milhões tinham tas e criações de pequenos animais, como lizar banana e criar poedeiras para venda de espinafre, jiló, salsinha e chuchu nas feiras para as famílias. “Temos, atualmente, sido aplicados”, afirma a notícia, dis- aves e suínos. No decorrer do processo pintinhos de galinha caipira e codornas”. de Varjão, Cezarina e Guapó. A logística, 1,8 mil escolas de ensino fundamental ponível em: www.mst.org.br e 50 de ensino médio atendendo nos- Na segunda quinzena de novem- sos camponeses”, anunciou, durante o bro de 2011, como resposta ao silêncio, seminário “O Mundo da Agricultura as regionais goianas do MST ocuparam Equipe do Gepaaf acompanha o desenvolvimento da horticultura de Valmir Santos Família de Valmir e Keila, assentada em Varjão desde 2004 Familiar em Goiás”. por uma semana o entorno da sede do Com o desafio de promover a redis- Incra e também realizaram manifesta- tribuição de terras no país, mas também ções em agências do Banco do Brasil Matheus Celiak, também estudante de pressionar o poder público para que em todo o estado. Na pauta de reivin- de Agronomia, participava das atividades os camponeses tenham condições de dicações, além da regularização fundiá- do Gepaaf pela primeira vez. Quase sempre produzir e retomar suas vidas, o MST ria estava a necessidade de liberação de calado, observou os detalhes, demonstran- vive momentos brandos com relação créditos para viabilizar assessoria téc- do interesse. “É um contato que temos com às ações ofensivas. De acordo com o nica e benfeitorias em áreas coletivas e a prática, por isso penso ser interessante”, último relatório da Comissão Pastoral individuais de produção. resumiu. Juliana Mascarenhas, uma das lí- da Terra (CPT) sobre o Brasil rural, “Sem um investimento inicial, as deres do grupo, descreveu com mais deta- referente a 2010, o índice de ocupa- famílias, que geralmente são assentadas lhes o que, para ela, representam as visitas ções temporárias e acampamentos foi o em áreas de pasto, têm muitas dificul- quinzenais a Varjão: “Mesmo enfrentando menor dos últimos dez anos: respecti- dades para começar a produzir”, explica dificuldades, desentendimentos e, às vezes, vamente, 180 e 35 em todo o território o professor da EA, Gabriel Medina. problemas de comunicação, conseguimos resolver as atribulações com conversas, res- ponsabilidade, compromisso e amor”. Pág 48 - Afirmativa Afirmativa - Pá g 49