O documento discute a existência de vida em outros planetas segundo as perspectivas do Espiritismo. Segundo as crenças Espíritas, todos os globos no universo são habitados por seres com corpos mais ou menos materiais de acordo com seu grau de evolução espiritual. A vida é definida como a atuação do princípio inteligente na matéria, organizando-a de forma intensa de acordo com seu desenvolvimento. Outros mundos oferecem ambientes diferenciados para a evolução dos Espíritos que neles encarnam, incluindo o nosso próprio
Existe vida em outros Planetas? O que diz o Espiritismo
1. Existe vida em outros planetas?
O que diz o Espiritismo
Daniel Moser*
Prof. Alex Carciofi
GEENL
*daniel.moser@ymail.com
2. Existência de Vida em outros Planetas
O que diz o Espiritismo
Tópicos:
•Questão filosófica e teológica;
•Sobre a Vida inteligente (ou humana);
– Argumentos Espíritas para Vida em outros planetas.
• O que o Espiritismo diz sobre o conceito de Vida;
– Limitações da hipótese materialista.
+ Análise de uma descrição mediúnica de Vida extra-terresta
(*na possibilidade de tempo).
3. Premissas, ou inspiração:
“Deus criou a Terra, estendendo seus atributos e
vontade aos inumeráveis constituintes deste mundo, criando
os diferentes seres. Criando também outros planetas e
estrelas, e não havendo razão para que a Terra seja
privilegiada a qualquer um destes astros, Deus deve agir
igualmente neles.
“Agindo nos inumeráveis constituintes de cada mundo,
não há razão para deixar de agir em inumeráveis mundos.
Assim, se tomarmos a parte pelo todo, podemos atestar que
a criação de Deus é ilimitada; que existem inumeráveis
mundos, assim como inumeráveis seres.”
4. “Uma nova concepção do universo deve
necessariamente corresponder a uma nova
concepção do ser”.
Ver Giordano Bruno - Acerca do Infinito,
do Universo e dos Mundos (1584)
A Ciência, ao longo de sua história, mostrou que a
Terra e o homem não possuem nada de especial na
criação: nem em sua localização, organização ou
composição.
O último desafio a romper na idéia da criação é a
crença que este universo material não é senão uma
manifestação particular e restrita da Vida na grande
criação universal.
5. Acerca da Vida inteligente
(ou humana)
Crenças Espíritas:
Sobre o Universo
• O Universo é constituído de 3 elementos
independentes: matéria, espírito, e acima deles, Deus
(“causa primária”). [Q.27-LE]
• Não existem milagres na natureza (universo regido por
leis eternas e imutáveis). [Q.615-LE]
Sobre o homem
• A alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas
o seu envoltório.
• A alma possuía sua individualidade antes de encarnar;
conserva-a depois de se haver separado do corpo.
6. Qual a finalidade da vida?
Ver palestra “Evidências Científica de Reencanação”
• Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma
categoria. Todos se melhoram passando pelos
diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora
se efetua por meio da encarnação, que é imposta a
uns como expiação, a outros como missão. A vida
material é uma prova que lhes cumpre sofrer
repetidamente, até que hajam atingido a absoluta
perfeição moral.
• Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos
Espíritos, donde saíra, para passar por nova
existência material, após um lapso de tempo mais ou
menos longo, durante o qual permanece em estado de
Espírito errante (Introdução-LE).
7. Resumo das informações contidas no
Livro dos Espíritos (Q55-58; 181-187)
• Todos* os globos que se movem no espaço são habitados.
• A constituição física é particular a cada globo.
• Os seres que habitam os diferentes mundos possuem
corpos mais ou menos materiais.
• Este envoltório do Espírito é mais ou menos material,
conforme o grau de pureza a que chegaram os Espíritos.
• Há mundos em que o envoltório é tão etéreo que é para
nós como se não existisse.
OBS.: A primeira afirmação é válida se observada a última.
Segundo a crença Espírita, não é toda a matéria que é por
nós observada, mas uma fração relativamente densa.
8. Uma passagem Bíblica
“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim,
eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar”. (João 14:2)
O Evangelho Segundo o Espiritismo em seu capítulo III
analisa a passagem de São João. Diz Kardec:
“A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os
mundos que circulam no espaço infinito e oferecem, aos
Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes
ao adiantamento dos mesmos Espíritos [união de
Espíritos por afinidade].
“Independente da diversidade dos mundos, essas
palavras de Jesus também podem referir-se ao estado
venturoso ou desgraçado do Espírito na erraticidade.
Conforme se ache este mais ou menos depurado e
desprendido dos laços materiais, variarão ao infinito o meio
em que ele se encontre, o aspecto das coisas, as
sensações que experimente, as percepções que tenha”.
[céu e inferno como termos relativos]
9. A Existência de Vida em outros
planetas segundo o Espiritismo
Em síntese, pontos para crença em vida
inteligente em outros planetas:
– Análise filosófica (“criação universal”);
– Informação direta dos Espíritos;
– Interpretação bíblica (“muitas moradas”).
Porém, esta crença não deve ser cega!
O Espiritismo nos impõem uma análise
racional e baseada na Ciência para as
condições de vida material nos outros mundos.
10. A pluralidade dos mundos
Revista Espírita, março de 1858
“Quem não teria perguntado, considerando a Lua e os
outros astros, se esses globos são habitados? Antes que a
ciência nos tivesse iniciado quanto à natureza desses astros,
disso se podia duvidar. Hoje, no estado atual dos nossos
conhecimentos, há, pelo menos, probabilidades; mas fizeram-se
a essa idéia, verdadeiramente sedutora, objeções tiradas da
própria ciência.
“A Lua, diz-se, parece não ter mais atmosfera, e, talvez,
água. Em Mercúrio, tendo em vista a sua proximidade do Sol, a
temperatura média deve ser a do chumbo fundido, (...). Em
Saturno, é tudo o oposto; não temos termo de comparação para
o frio que nele deve reinar; a luz do Sol, ali, deve ser muito
fraca (…). Em tais condições, pergunta-se se seria possível
viver.”
11. A pluralidade dos mundos habitados
Revista Espírita, Novembro 1863
“Estudo em que são expostas as condições de
habitabilidade das terras celestes, discutidas do ponto de
vista da astronomia e da fisiologia; por CAMILLE
FLAMMARION, membro do Observatório Imperial de Paris
(...)
“Embora não seja relativa ao Espiritismo, nesta obra, o
assunto é daqueles que entram no quadro de nossas
observações e dos princípios da Doutrina, e nossos leitores
nos agradecerão por o termos assinalado à sua atenção,
persuadidos antecipadamente do poderoso interesse que
darão a essa leitura duplamente atraente, pela forma e pelo
fundo”.
Exatamente o que estamos fazendo aqui!
12. A Existência de Vida em outros
planetas segundo o Espiritismo
Em resumo: o problema da vida em outros mundos está
subordinada à nossa compreensão da “matéria
espiritual”. Não podendo detectar a “matéria” que
envolve os Espíritos, nada podemos afirmar sobre sua
existência.
E, de acordo com as informações contidas na
Codificação de Kardec, também é desconhecida a
abundância da vida material similar à nossa no
universo.
13. Acerca da Vida universal
Crenças Espíritas:
• O Universo é constituído de 3 elementos
independentes: matéria, espírito, e acima deles, Deus
(“causa primária”). [Q.27-LE]
• Não existem milagres na natureza (universo regido por
leis eternas e imutáveis). [Q.615-LE]
Continuando na análise das informações da Codificação...
• O espírito é a individualização do princípio inteligente
(Q.79-LE).
14. Como se dá a individualização do
princípio inteligente?
Sob o ponto de vista inteligente (moral) há quatro graus
na natureza (Q.585-LE):
●A matéria inerte (reino mineral), nada além das forças
mecânicas;
● As plantas, dotadas de vitalidade;
● Os animais, dotados de vitalidade e inteligência instintiva;
●O homem, tendo tudo o que existe nos outros reinos, mas tendo
uma inteligência ilimitada que lhe dá consciência.
Resposta: Evolução!
(Análoga a idéia de evolução do Espírito).
15. O Espiritismo e a Vida universal
• O princípio inteligente, ao se associar com a matéria, é
capaz de produzir um infinita variedade de coisas*.
Sem o princípio inteligente, a matéria estaria em
perpétuo estado de divisão (Q.27-LE).
• O mundo corpóreo e o mundo espírita estão em
incessante reação um sobre o outro (Q.86-LE).
• A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha
do Universo. Deus, porém, na Sua sabedoria, quis
que nessa mesma ação os Espíritos encontrassem um
meio de progredir e de se aproximar Dele. Deste
modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se
encadeia, tudo é solidário na Natureza (Q.132-LE).
16. O Espiritismo e a Vida universal
Portanto, podemos definir Vida como a atuação
do princípio inteligente na matéria. A
conseqüência é a organização da matéria, tão
intensa quanto o grau de desenvolvimento do
princípio inteligente.
Pontos notáveis:
– A primeira edição do “Livro dos Espíritos” é de 1857 (complementos foram
publicados em 1860).
– Clausius enuncia a 2a. Lei da termodinâmica (aumento da Entropia) em 1856.
– O livro “A origem das espécies” de Darwin é de 1859.
– No livro “A Gênese” de 1869, Kardec reproduz a informação de que a Via
Láctea não é senão “uma ilha no arquipélago infinito”. A Astronomia só veio
confirmar a existência de outras galáxias em 1920.
17. O espírito como organizador do
corpo biológico
Convidamos os biólogos espíritas (ou biólogos com
interesse nesta teoria) a apresentar-nos a questão.
– J. Herculano Pires apresenta o conceito de Corpo
Bioplásmico (Refs.: Ostrander & Schroeder “Psychic
Discoveries”; R. Montandon “De la Bête a l'Homme”).
– Prof. Harold Saxton Burr, da Yale University, apresenta os
L-fields, ou “campos da vida” em “Blueprint for Immortality”.
– Hernani Guimarães Andrade, o Modelo Organizador
Biológico...
18. O espírito como organizador do
corpo biológico
A visão materialista também impõem sérios limites a
Teoria da Evolução de Darwin:
“Embora nós já tenhamos um bom entendimento da
forma como os organismos se adaptam ao seu meio
ambiente, muito menos se sabe acerca dos
mecanismos por trás da origem das novidades
evolutivas, processo distinto da adaptação. Apesar dos
inegáveis méritos de Darwin, explicar como é que a
enorme complexidade e diversidade dos seres vivos no
nosso planeta se originaram permanece um dos grandes
desafios da Biologia”
[Günter Theißen, “Saltational evolution: hopeful monsters are here
to stay,” Theory in Biosciences, Vol. 128:43–51 (2009)].
19. Síntese das idéias Espíritas
apresentadas
• A matéria para se manifestar de modo coerente
no universo, está ligada ao princípio inteligente.
• O princípio inteligente existe independente da
matéria. Atua sobre esta para sua evolução, lei
sob a qual está subordinado.
• Os diferentes graus de evolução manifestam-se
nos diferentes reinos da natureza.
• O Espírito humano necessita de diversas
experiências físicas (reencarnações) para o fim
do qual necessita: a perfeição moral.
20. Síntese das idéias Espíritas
apresentadas
• O planeta Terra e sua organização física
representam um dos ambientes para aquisição
destas experiências.
• Assim como a vida no planeta já foi mais
“bruta”, torna-se gradativamente mais
depurada.
• Outros globos devem apresentar ambientes
diferenciados, de acordo com o fim providencial
para a evolução dos Espíritos a eles ligados
(*ou de nós mesmos).
OBS.: O Espiritismo não concorre com a Ciência, mas
busca completá-la!
21. Uma comparação filosófica com a
Ciência (materialista)
“Tudo o que observo, existe”.
O materialismo, apropriando-se desta afirmação,
sentencia:
“Tudo o que existe, observo”.
Mas esta afirmação é tão despropositada (ou
mais!) quanto a existência de Espíritos.
“Deus, sendo o Ser Supremo, possui atributos ilimitados,
ou infinitos. Não é pelos sentidos que podemos chegar
ao infinito, assim como não é através dos olhos que
podemos ver a essência das coisas.”
22. Finalizando: mensagem do Chico
“O reino da vida, além da morte, não é domicílio do
milagre. Passa o corpo, em trânsito para a natureza
inferior que lhe atrai os componentes, entretanto, a
alma continua na posição evolutiva em que se
encontra. Cada inteligência apenas consegue
alcançar a periferia do círculo de valores e imagens
dos quais se faz o centro gerador. Ninguém pode
viver em situação que ainda não concebe. (...) Em
suma, cada ser apenas atinge a vida até onde possa
chegar a onda do pensamento que lhe é próprio.”
Livro “Roteiro”, pelo espírito de Emmanuel, psicografado
por Chico Xavier
23.
24. EXTRA: Descrições mediúnicas sobre
Júpiter e Marte na Codificação
Júpiter e alguns outros mundos
Revista Espírita, março de 1858
Carta do senhor Marius sobre Júpiter
Revista Espírita de julho de 1858
As habitações do planeta Júpiter
(pelo senhor Victorien Sardou)
Revista Espírita, agosto de 1858
Observação sobre o desenho da casa de Mozart
Revista Espírita, setembro de 1858
Dissertações Espíritas
Revista Espírita, outubro de 1860
Obtidas ou lidas na Sociedade por diversos médiuns.
(Marte e Júpiter – Médium: senhora Costel)
25. Descrições mediúnicas sobre
Júpiter e Marte na Codificação
Resumo (Q.188-LE):
(1) “Segundo os Espíritos, de todos os mundos que
compõe o nosso sistema planetário, a Terra é dos de
habitantes menos adiantados, física e moralmente. Marte
lhe estaria ainda abaixo, sendo-lhe Júpiter superior de
muito, a todos os respeitos.
“O Sol não seria mundo habitado por seres
corpóreos, mas simplesmente um lugar de reunião dos
Espíritos superiores, os quais de lá irradiam seus
pensamentos para os outros mundos. (...)
“Bem curto de vista se revela quem nos toma em
tudo por protótipos da criação, assim como é rebaixar a
Divindade o imaginar-se que, fora o homem, nada mais
seja possível a Deus.”
26. Uma análise das descrições de
Marte e Júpiter
Sobre Júpiter, vamos assumir que, por ser um suposto
mundo adiantado, as propriedades de seus seres nos
seriam “estranhas”. Assim Marte, menos adiantado,
deveria ser de alguma forma familiar.
OBS.: Se a Codificação errou neste ponto, nada
garante que não tenha errado no resto. Então
voltamos ao ponto zero! (?)
Debate é fundamental ao espírita sincero!
27. Vida em Júpiter e em Marte
1o. argumento
A correlação entre o ponto mais baixo de
evolução, com a materialidade, ou “densidade”
é equivocada. Nossa matéria não é mais densa,
em termos de moralidade, como na descrição
das zonas “umbralinas”(ou “infernais”) próximas
a nós.
Abre-se uma relatividade da densidade da
matéria, e se existem serem inferiores
(invisíveis) habitando entre nós, por que não
haveria em Marte?
28. Vida em Júpiter e em Marte
2o. argumento
Problema da comunicabilidade mediúnica. Dados
“precisos” são extremamente difíceis
(idealmente só por médiuns inconscientes).
Sabemos que os médiuns influenciam nas
comunicações.
Por exemplo, qual a influência do nome do
planeta ser “Marte”, que pela mitologia romana
é o deus da guerra sangrenta?
Supondo uma descrição fiel de uma observação,
como associa-la inequivocamente com Marte?
29. Vida em Júpiter e em Marte
2o. argumento
Problema da descrição. Em geral, um espírito se utiliza
das palavras/conhecimento que o médium lhe
disponibiliza para transmitir uma mensagem. Haveria
como descrever algo que não temos a idéia de como
seja (“mito da caverna”; “luz a um cego”)?
Por exemplo, é preciso descrever uma paisagem a
alguém que não fala o seu idioma (sem exibição de
imagens, só por palavras). Você se utiliza de um
“intérprete” (médium) na “tradução”. Quão fiel você
acredita que será a descrição?
Exercite esta situação para as seguintes imagens...
35. Vida em Júpiter e em Marte
3o. argumento
“Estar-se-ia em erro crendo que fazemos da revelação de
mundos desconhecidos o objeto capital da Doutrina; isso
não será sempre, para nós, senão um acessório, mas
um acessório que cremos útil como complemento de
estudo; o principal será sempre, para nós, o
ensinamento moral, e, nas comunicações de além-
túmulo, procuramos sobretudo o que pode esclarecer a
Humanidade e conduzi-la para o bem, único meio de
assegurar sua felicidade neste mundo e no outro. Não
se poderia dizer o mesmo dos astrônomos que, eles
também, sondam os espaços e se perguntar em que
pode ser útil, para o bem da Humanidade, saber calcular
com uma precisão rigorosa a parábola de um astro
invisível?" (Revista Espírita, agosto de 1858)
36. Vida em Júpiter e em Marte
3o. argumento
“Caminhando de par com o progresso, o
Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se
novas descobertas lhe demonstrassem estar em
erro acerca de um ponto qualquer, ele se
modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova
se revelar, ele a aceitará”
(A Gênese, capítulo I, item 55).
37. Conclusões
Relevância deste assunto está na
manutenção da consistência da doutrina
Espírita (como uma “ciência”).
Também pela Astronomia ter sido sempre
associada às religiões, além do maior
conhecimento das leis que regem o
Universo que a Ciência proporciona.