O documento descreve a história do fotojornalismo no Brasil e no mundo, desde as primeiras fotos de eventos na década de 1840 até o surgimento das agências fotojornalísticas independentes após a Segunda Guerra Mundial. Apresenta também os principais fotógrafos brasileiros do século XIX como Marc Ferrez, Juan Gutierrez e Augusto Malta, e classifica os diferentes gêneros fotojornalísticos.
1. FOTOJORNALISMO
J É S S I C A TA L A R I C O
R E N ATA B R A N D Ã O
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
COMUNICAÇÃO SOCIAL
FOTOGRAFIA
P R O F E S S O R A LTAY R D E R O S S I
2.
3.
4. As fotos da procissão pelo centésimo aniversário de Joseph II em
Viena, em 1841, podem ser consideradas as primeiras de
fotojornalismo no mundo, pois se tratava de um evento. Os
daguerreótipos foram conseguidos pelos irmãos Johan e Joseph
Natterer. As imagens foram intituladas de Sekunderbilder e tiveram
um curto tempo de exposição, cerca de 1 segundo.
5.
6. O fotojornalismo no Brasil começou assim que a fotografia chegou
ao país em 1840 através do abade francês Louis Compte. Porém a
fotografia brasileira no século XIX é documental pois
diferentemente dos Estados Unidos e de alguns países
europeus, as interseções da fotografia com os movimentos
artísticos e com a pesquisa científica foram pouco exploradas e
desenvolvidas aqui.
7. No século XIX, o fotojornalismo tinha o nome de
Fotodocumentarismo e teve início quando Compte fotografou o
Paço Imperial: em frente a ele havia uma tropa formada; no fundo à
esquerda está a torre da Capela Imperial; ao centro está a sineira
provisória da Ordem Terceira do Monte do Carmo; e à direita está o
Hotel de France.
Os fotógrafos mais importantes deste período no Brasil são Marc
Ferrez e Juan Gutierrez de Padilla, mas também podemos citar
Augusto Stahl e Luiz Terragno, entre outros.
8. MARC FERREZ (1843-1923)
Nasceu em 7 de dezembro de 1843 na cidade
do Rio de Janeiro, seu pai veio com a Missão
Artística Francesa. Ferrez perdeu os pais ainda
criança e foi mandado estudar na França.
Retornou ao país já adolescente e começou a
trabalhar na Casa Leuzinger, que era além de
papelaria, um estabelecimento fotográfico. Com
isso ele aprendeu técnicas fotográficas com
Franz Keller-Leuzinger pois se entusiasmou
com a fotografia.
Marc Ferrez
9. Alguns anos depois abriu seu próprio estabelecimento
fotográfico, a Casa Marc Ferrez & Cia, que ficava na Rua São
José, 96. Ferrez recebeu menção do Almanaque Laemmert na
seção intitulada “Fotógrafos da Corte”.
Fotografou a construção de um Arco do Triunfo e do Templo da
Vitória erguido no Campo da Aclamação, como também os festejos
públicos por ocasião do término da Guerra do Paraguai. Ainda
fotografou os festejos públicos, arcos e coretos construídos nas
ruas do Rio por ocasião do retorno da família imperial depois de
uma longa estadia na Europa.
10. Em 1873 perdeu tudo em um incêndio em seu ateliê, onde também
residia e viajou para Paris onde readquiriu os equipamentos
necessários para recomeçar sua atividade profissional.
Depois que voltou ao Brasil, recebeu o convite para integrar como
fotógrafo uma expedição chefiada por Charles Frederick Hatt
(1840-1878) que era professor da Universidade de Cornell, nos
Estados Unidos. A expedição era financiada pela Comissão
Geológica do Império e percorreu os estados de Bahia, Alagoas,
Pernambuco e grande parte da região amazônica. Foi durante essa
viagem, na Bahia, que Ferrez fotografou os índios botocudos. Em
cerca de 1880 recebeu o título de fotógrafo da Marinha Imperial e
da Comissão Geográfica e Geológica do Império.
11. Em 1882 registrou a construção da
estrada de ferro do Corcovado e
também a inauguração do Túnel da
Mantiqueira da estrada de ferro que
ligava o Rio de Janeiro à Minas Gerais.
Na inauguração, ele fotografou D.
Pedro II e a comitiva real na entrada do
túnel. Ferrez foi a serviço da Estrada
de Ferro D. Pedro II para registrar essa
ampliação dessa estrada de ferro.
Inauguração do Túnel da Mantiqueira com D. Pedro II
e a Família Imperial
12. Em 1893 fez registros fotográficos da Revolta da Armada.
Principalmente os estragos que os revoltosos fizeram nos navios e
nas instalações da Marinha brasileira.
Em 1894 realizou inúmeras fotos dos festejos pelo aniversário da
Proclamação da República e da posse do presidente Prudente de
Moraes no Palácio do Itamaraty, centro do Rio de Janeiro.
15. Festejos por ocasião da posse do Presidente Prudente de Moraes, Rio de Janeiro, 1894. Marc Ferrez.
16. Em 1900 registrou as comemorações pelos quatrocentos anos do
descobrimento do Brasil.
Em 1907 publicou o álbum “Avenida Central: 8 de março de 1903 –
15 de novembro de 1906” que continha plantas da avenida e
fotografias dos desenhos das fachadas dos edifícios construídos
na nova avenida. Esse projeto havia se iniciado em 1903, mas em
1913 uma ressaca na praia do Flamengo inundou a residência de
Ferrez e todo o estoque com os exemplares foram destruídos.
17. Em 1912.introduziu no Brasil as chapas de autochrome, que foram
lançadas pelos irmãos Lumière em 1907, em Paris.
Entre 1915 e 1920 viveu em Paris onde estudou fotografia em cores
naturais. E por volta de 1920 voltou ao Brasil já doente.
Marc Ferrez continuou seu trabalho até morrer em 12 de janeiro de
1923 no Rio de Janeiro.
18. JUAN GUTIERREZ DE PADILLA (1859-1897)
Juan Gutierrez de Padilla nasceu no ano de 1859 nas Antilhas e em
1880 se estabeleceu no Brasil como proprietário da loja
Photographia União, na Rua da Carioca. Tornou-se fotógrafo a
Casa Imperial em 1889, que foi o último ano do Império no Brasil.
Em 1893 foi contratado pelo Exército para documentar a
preparação das tropas que iriam enfrentar os revoltosos durante a
Revolta da Armada. A série de fotos sobre o tema é considerada
como sua principal contribuição para a fotografia no Brasil.
19. Revolta da Armada, Ruínas de Villegaignon, entre 1893 e 1895. Juan Gutierrez.
21. Padilla também foi paisagista e fotografou várias cenas do Rio
Antigo. Morreu em 1897 em Canudos durante um conflito. Ele teria
ido pelo jornal O País para fazer o registro da guerra, mas não
conseguiu mandar nenhuma foto.
Segundo George Ermakoff, “o registro fotográfico da Revolta da
Armada foi o primeiro grande trabalho de fotojornalismo realizado
no país e sua morte em Canudos, no campo de
batalha, transformou-o no primeiro mártir do fotojornalismo
brasileiro”.
22. AUGUSTO MALTA (1864-1957)
Augusto César Malta de Campos nasceu em
1864 na cidade de Mata Grande/AL e foi um dos
maiores importantes fotógrafos brasileiros em
fins do século XIX e início do século XX. Foi o
fotógrafo oficial da prefeitura do então Distrito
Federal, o Rio de Janeiro, entre 1900 e 1930.
Fora nomeado por Pereira Passos e por causa
de seu trabalho criou um gigantesco acervo
que documentou as transformações em que
passou a cidade do Rio de Janeiro no início do
século XX.
Augusto Malta
23. Augusto chegou ao Rio em 1888 e foi trabalhar em comércio de
tecidos. Ano seguinte foi Proclamada a República e o Rio passou a
ser a capital do Brasil.
Em 1900 Malta começou seu interesse pela fotografia, que era
praticada e divulgada por Marc Ferrez, e passou a exercer a
atividade como amador. Em 1903 foi nomeado como fotógrafo
oficial da Intendência do Distrito Federal por Pereira Passos, a
quem se tornou um grande amigo. Ficou no cargo até 1936.
Entre os fatos documentados por Malta, estão: a demolição do
Morro do Castelo, a Revolta da Vacina, a inauguração da Avenida
Central (hoje Avenida Rio Branco), a Exposição Nacional de 1908, a
Exposição Internacional do Centenário da Independência em 1922
e a inauguração do Cristo Redentor em 1931.
27. Também registrava a vida cotidiana, a arquitetura e manifestações
culturais como o Carnaval, além de desfiles cívicos ou militares.
Augusto Malta faleceu em 30 de junho de 1957 na cidade do Rio de
Janeiro. A maior parte de suas fotografias está no acervo do
Museu da Imagem e do Som. São, ao todo, cerca de 80 mil fotos.
30. O fotojornalismo independente surgiu na França logo após a
Segunda Guerra Mundial. Uma agência de fotógrafos foi formada
com um mesmo objetivo: ter liberdade de pauta, discutir os
trabalhos realizados, se aprofundar nas reportagens e lutar pelos
direitos autorais e pela posse dos negativos originais.
A pioneira foi a Agência Cooperativa Magnum, fundada em Paris
em 1947 pelos fotógrafos: Henri Cartier-Bresson, Robert Capa,
David Seymour e George Rodger..
31. O fotojornalismo independente surgiu, pois a Europa estava se
reestruturando após a guerra e o progresso tecnológico exigido
pela destruição causada pela guerra proporcionaram uma nova
criação de fazer e comercializar fotografias e discutir sua função.
Essa criação de uma nova forma de agenciar imagens veio a
modificar toda a história do fotojornalismo no mundo.
32.
33. Existem duas formas de classificar os gêneros fotojornalísticos.
Os manuais e livros sobre fotojornalismo categorizam em
Notícias, Features, Retrato, Ilustrações Fotográficas, Paisagem e
Histórias em Fotografias.
Já os grandes concursos fotográficos, como o World Press
Photo, classificam os gêneros da seguinte forma: Em primeiro
lugar, a classificação passa pelo número de fotografias que
constituem uma peça: fotografia única ou várias imagens.
Depois, a classificação é feita por tema:
Notícias, Arte, Pessoas, Moda, Ciência e tecnologia, Desporto e
Natureza e ambiente.
34. FOTOGRAFIA DE NOTÍCIAS
Grande parte das fotografias que são publicadas num jornal
ounuma revista de informação geral são fotografias de notícias.
Elas se subdividem em:
Spot News
General News
35. SPOT NEWS
São as fotografias “únicas”, clicadas em eventos inesperados. É a
capacidade de reação que muitas vezes determina a qualidade
jornalística da foto.
Geralmente, as spot news são realizadas durante ocasiões em que
as emoções estão à flor da pele. Cabe ao fotojornalistas
responsabilidade e tato em lidar com as vítimas de acidentes, com
as autoridades, com manifestantes, etc.
37. Vencedora do Concurso World Press Photo 2012. Natori, província de Miyagi, no Japão. Koichiro Tezuka
38. GENERAL NEWS (NOTÍCIAS EM GERAL)
Está relacionada com a cobertura cotidiana. Entrevistas
coletivas, congressos, campanhas eleitorais, manifestações
pacíficas, ciência e tecnologia, desfiles de moda, esporte, etc.
O exemplo mais comum desta categoria é a photo
opportunities, que é aquele fotografia em cerimonias de Estados
onde os políticos posam em grupo se cumprimentando.
40. FEATURES PHOTOS
São imagens fotográficas que encontram grande parte do seu
sentido em si mesmas.
A principal característica é a imagem incomum, cheia de força
visual, frequentemente colorida, capaz de atrair imediatamente o
leitor.
Fotografias de interesse humano
Fotografias de interesse pictográfico
Feature de animais
41. FOTOGRAFIAS DE INTERESSE HUMANO
A pessoa é o tema principal e é representada natural e
espontaneamente. O momento é único e mostra o indivíduo como
ele mesmo.
Apesar de ter uma categoria própria, fotografias de animais
também se encaixam neste gênero, desde que interagindo com as
pessoas seja de forma cômica ou comovente.
42.
43. FOTOGRAFIAS DE INTERESSE PICTOGRÁFICO
Estas imagens têm grande força e apelo visual e valem mais por
isso do que pelo motivo em sim.
São fotografias que podem contribuir para a educação visual dos
leitores, fazendo com que os mesmos reparem nas formas e cores
das coisas que os rodeiam.
45. FEATURE DE ANIMAIS
São retratados animais em situações engraçadas, expressando
sentimento ou comportamento próprio da espécie. A ideia é
despertar riso ou sensibilizar as pessoas.
É comum encontrarmos em fotos em cadernos de animais, em
jornais e revistas especializadas.
47. FOTOGRAFIAS ESPORTIVAS
É a fotografia jornalística que trata de eventos que envolva jogos,
partidas e esportes em geral.
As fotografias de desporto valem também pelo grau de definição
dos elementos que a compõem. Jogadores e elementos
característicos do jogo como bolas, raquetes, pranchas, etc.
devem estar bem evidente.
Ação desportiva
Features de desporto
48. AÇÃO DESPORTIVA
São as fotografias de qualquer situação que aconteça durante um
jogo e no ambiente do jogo.
50. FEATURES DE DESPORTO
O interesse humano sobrepõe à ação esportiva.
Como exemplo podemos citar os cadernos de esporte ilustrados
com fotografias inusitadas de jogadores, como comemorações,
tombos, caretas, discussões etc.
52. RETRATO
O retrato no jornalismo existe, porque antes de tudo é preciso
mostrar quem que gera a notícia. Os leitores gostam de saber
quem são as pessoas que aparecem na história.
É dividida em:
Mug Shots
Retratos ambientais
53. MUG SHOTS
Vem do inglês “to make faces”, que significa “fazer faces”. É o
tipo de fotografia que só enquadra a cabeça e os ombros.
O fotojornalista procura evidenciar algum traço da personalidade
da pessoa e procura não incluir no enquadramento objetos que
tirem a atenção.
55. RETRATOS AMBIENTAIS
O ambiente é usado para compor a imagem e retratar a pessoa. E é
bem mais proveitoso quando o espaço é habitual ao sujeito (ou ao
grupo) retratado e que seja pessoal e característico.
Objetos também podem ser usados para identificar, chamar a
atenção ou até mesmo identificar a personalidade do fotografado.
57. ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS
Fotografia com objetivo de ilustrar o conteúdo do texto. As
ilustrações fotográficas podem ser fotografias únicas ou
fotomontagens.
Estão presentes tanto em temas mais amenos como moda e
culinária quanto em temas mais sérios como a economia.
59. HISTÓRIAS EM FOTOGRAFIA
Consiste em uma série de imagens que narram um acontecimento.
Essas imagens devem mostrar as diversas facetas do assunto a
que se reportam.
Esse gênero requer tempo do foto-repórter, pois ele precisa
pesquisar, refletir e planejar para fazer um grande volume de fotos.
Normalmente, as foto-histórias abordam temas sobre a vida das
pessoas, problemas sociais, ou sobre um acontecimento.
Foto ensaio
Fotorreportagem
60. FOTO ENSAIO
Nessa categoria, a história é contada sob um ponto de vista
pessoal e individual.
Nos foto ensaios o texto é tão importantes quanto a imagem.
O que o diferencia da fotorreportagem é que os fotógrafos
recorrem à encenação, à trucagem, à combinação de imagens e até
à fotomontagem.
61.
62. FOTORREPORTAGEM
Como o nome sugere, a fotorreportagem tem o objetivo de situar,
documentar, mostrar a evolução de uma situação real e das
pessoas que a vivem.
Geralmente a história é contada de forma imparcial e as fotografias
são realizadas com fins documentais.
64. OUTROS GÊNEROS
Vários outros géneros se podem inscrever entre os géneros
fotojornalísticos. O que vai contar é a intenção com que a
fotografia é realizada.
Alguns exemplos são as fotos de paisagem, culinária, urbanas,
marítimas, de animais selvagens, etc.
67. Fotojornalismo no casamento é um estilo onde o fotógrafo registra
de maneira espontânea toda a emoção do casamento.
O importante são os detalhes do casamento, clicar os momentos
que para outros olhos passam despercebidos: um beijo, um olhar,
um sorriso, uma lágrima podem ser o cenário de uma boa foto.
Pode ser usado em conjunto com outros estilos de fotografia:
P&B, sépia, foto tradicional, posada, clássica.
71. Os paparazzi são os repórteres que fotografam pessoas famosas
sem autorização das mesmas expondo ao público o que fazem em
seu cotidiano e em sua vida privada. E muitas vezes são alvos da
fúria das celebridades.
Quando conseguem as fotografias, eles podem vendê-las para a
imprensa por valores significativos que variam em função da fama
da celebridade ou em que situação ela se encontrava quando a
foto foi batida.
72. A palavra foi popularizada no filme La Dolce Vitta, de Federico
Fellini (1960), o jornalista Marcello Rubini (Marcello Mastroiani) era
acompanhado pelo fotógrafo Signore Paparazzo (Walter Santesso).
E no Brasil um dos mais antigos paparazzi é o carioca Carlos
Sadicoff. Ele começou sua carreira na década de 80 fotografando
celebridades e já teve fotos reproduzidas em jornais do exterior
como os tablóides ingleses The Sun e Daily Mirror.
76. Brasil Rio de Janeiro
FONTE: salariometro.sp.gov.br
77. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
História da fotorreportagem no Brasil, de Joaquim Marçal Ferreira de
Andrade, Ed. Campus, 2004, pág. 12-26
Wikipédia – www.wikipedia.br
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fotojornalismo#Fotografia_publicada
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%A9dito_fotogr%C3%A1fico
http://mimese.files.wordpress.com/2009/11/fotojornalismo-uma-
introducao-a-historia-as-tecnicas-e-a-linguagem-da-fotografia-na-
imprensa.pdf