O documento discute infecções relacionadas a procedimentos cirúrgicos, definindo termos como tempo de observação e classificando diferentes tipos de infecção de sítio cirúrgico. Também descreve os principais agentes microbiológicos associados a essas infecções e fatores de risco para seu desenvolvimento.
1. João Paulo FrançaJoão Paulo França
Interno – 11º Período UFPEInterno – 11º Período UFPE
INFECÇÃO DE SÍTIOINFECÇÃO DE SÍTIO
CIRÚRGICOCIRÚRGICO
2. Infecções relacionadas aos procedimentos cirúrgicosInfecções relacionadas aos procedimentos cirúrgicos
Procedimentos cirúrgicosProcedimentos cirúrgicos
Pacientes internados ou admitidos para o procedimentoPacientes internados ou admitidos para o procedimento
Realizados dentro do Centro CirúrgicoRealizados dentro do Centro Cirúrgico
Pelo menos 01 incisãoPelo menos 01 incisão
Também cirurgias onde não há suturaTambém cirurgias onde não há sutura
Cirurgias videoscópicas são incluídasCirurgias videoscópicas são incluídas
Não são cirúrgicosNão são cirúrgicos
Procedimentos fora do Centro Cirúrgico (sutura no PS)Procedimentos fora do Centro Cirúrgico (sutura no PS)
Procedimentos sem incisão (punções, incisão prévia)Procedimentos sem incisão (punções, incisão prévia)
Biópsias endoscópicas, episiotomias e circuncisõesBiópsias endoscópicas, episiotomias e circuncisões
DEFINIÇÕESDEFINIÇÕES
3. Tempo de observação:Tempo de observação:
Início atéInício até 30 dias30 dias após o procedimentoapós o procedimento
No caso de implante de próteseNo caso de implante de prótese início atéinício até 01 ano01 ano após o implante,após o implante,
ou até a retirada da prótese, se esta ocorrer em período inferiorou até a retirada da prótese, se esta ocorrer em período inferior
TEMPO DETEMPO DE
OBSERVAÇÃO EOBSERVAÇÃO E
CLASSIFICAÇÃOCLASSIFICAÇÃO
4. ISC incisional superficialISC incisional superficial envolve apenas a pele e o tecido celularenvolve apenas a pele e o tecido celular
subcutâneo do local da incisãosubcutâneo do local da incisão
ISC incisional profundaISC incisional profunda pode envolver ou não os mesmos tecidos dapode envolver ou não os mesmos tecidos da
ISC superficial, mas envolve obrigatoriamente tecidos moles profundos,ISC superficial, mas envolve obrigatoriamente tecidos moles profundos,
como fáscia e camadas muscularescomo fáscia e camadas musculares
ISC órgão ou espaço específicaISC órgão ou espaço específica envolve órgãos ou espaços profundosenvolve órgãos ou espaços profundos
manipulados durante a cirurgia, mas não necessariamente a incisãomanipulados durante a cirurgia, mas não necessariamente a incisão
Meningite após manipulação do SNC, peritonite após cirurgiaMeningite após manipulação do SNC, peritonite após cirurgia
abdominal, endocardite após troca de válvula cardíacaabdominal, endocardite após troca de válvula cardíaca
ClassificaçãoClassificação
6. Um dos critérios deve estar presenteUm dos critérios deve estar presente
Secreção purulenta no local da incisão (Secreção purulenta no local da incisão (ISC superficialISC superficial), drenada), drenada
de tecidos moles profundos (de tecidos moles profundos (ISC profundaISC profunda) ou de órgão ou) ou de órgão ou
cavidade manipulados na cirurgia (cavidade manipulados na cirurgia (ISC específicaISC específica))
Organismo isolado com técnica asséptica de material teoricamenteOrganismo isolado com técnica asséptica de material teoricamente
estéril, de local previamente fechadoestéril, de local previamente fechado
DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO
7. Abscesso ou evidência radiológica ou histopatológica sugestivaAbscesso ou evidência radiológica ou histopatológica sugestiva
de infecção (tecidos profundos)de infecção (tecidos profundos)
Sinais inflamatórios na incisão e febreSinais inflamatórios na incisão e febre
Diagnóstico de ISC pelo médico assistenteDiagnóstico de ISC pelo médico assistente necessárionecessário
exame da ferida para comprovaçãoexame da ferida para comprovação
8. Patógenos provenientes de 03 fontesPatógenos provenientes de 03 fontes
Microbiota do próprio pacienteMicrobiota do próprio paciente importância da topografiaimportância da topografia
da cirurgia, da técnica, do tempo de duração e das condiçõesda cirurgia, da técnica, do tempo de duração e das condições
infecciosas prévias do pacienteinfecciosas prévias do paciente
Equipe de saúdeEquipe de saúde anti-sepsia pré-operatória e condiçõesanti-sepsia pré-operatória e condições
infecciosasinfecciosas
Ambiente inanimadoAmbiente inanimado, incluindo material cirúrgico (importância, incluindo material cirúrgico (importância
menor, porém não irrelevante)menor, porém não irrelevante) falha no processo defalha no processo de
esterilização, ar do ambiente cirúrgico (importante em algumasesterilização, ar do ambiente cirúrgico (importante em algumas
cirurgias; menor importância na prática diária)cirurgias; menor importância na prática diária)
PRINCIPAIS AGENTESPRINCIPAIS AGENTES
MICROBIANOS NA ISCMICROBIANOS NA ISC
9. Staphylococcus aureus e Estafilococos Coagulase – NegativaStaphylococcus aureus e Estafilococos Coagulase – Negativa
Colonizante de peleColonizante de pele erradicação pela anti-sepsia impossívelerradicação pela anti-sepsia impossível
aumento da concentração no decorrer do procedimentoaumento da concentração no decorrer do procedimento
descamação da peledescamação da pele atinge tecidos lesados pela cirurgiaatinge tecidos lesados pela cirurgia
10. Enterobactérias (Gram -)Enterobactérias (Gram -) E. coli, Klebsiella,E. coli, Klebsiella,
EnterobacterEnterobacter
Presentes em grandes concentrações emPresentes em grandes concentrações em
cavidades ocascavidades ocas cirurgias do tubo digestivo,cirurgias do tubo digestivo,
vias biliares e urináriasvias biliares e urinárias
Uso abusivo de cefalosporinasUso abusivo de cefalosporinas
Gram (–) não fermentadoresGram (–) não fermentadores P. aeruginosa,P. aeruginosa,
AcinetobacterAcinetobacter
Internação prolongada, uso prévio deInternação prolongada, uso prévio de
antimicrobianos, casos mais graves.antimicrobianos, casos mais graves.
11. AnaeróbiosAnaeróbios
Principalmente cirurgias do trato digestivo; em geral, agemPrincipalmente cirurgias do trato digestivo; em geral, agem
acompanhados de outros patógenosacompanhados de outros patógenos
EnterococosEnterococos
Freqüência elevada, predominando em cirurgias do tratoFreqüência elevada, predominando em cirurgias do trato
digestivo e ginecológicasdigestivo e ginecológicas
Uso abusivo de cefalosporinasUso abusivo de cefalosporinas
12. EstreptococosEstreptococos
Menos freqüentes, porém curto período de incubação e maiorMenos freqüentes, porém curto período de incubação e maior
gravidadegravidade
Profissionais de saúde colonizadosProfissionais de saúde colonizados associados a surtosassociados a surtos
13. Importante !Importante !
Considerar as características específicasConsiderar as características específicas
da instituiçãoda instituição
População atendidaPopulação atendida
Principais patologias cirúrgicasPrincipais patologias cirúrgicas
Normas para uso de antimicrobianosNormas para uso de antimicrobianos
Disponibilidade de antimicrobianosDisponibilidade de antimicrobianos
Média de permanência antes do procedimentoMédia de permanência antes do procedimento
OutrasOutras
PRINCIPAIS AGENTESPRINCIPAIS AGENTES
MICROBIANOS NA ISCMICROBIANOS NA ISC
14. Microrganismos atingem a ferida operatória emMicrorganismos atingem a ferida operatória em
geral durante o ato cirúrgicogeral durante o ato cirúrgico
Quando não há fechamento primário, ou háQuando não há fechamento primário, ou há
dreno, ocorreu manipulação excessiva da feridadreno, ocorreu manipulação excessiva da ferida
ou deiscênciaou deiscência contaminação pode ocorrer nocontaminação pode ocorrer no
pós-operatóriopós-operatório
Implante secundário de patógenos por viaImplante secundário de patógenos por via
hematogênicahematogênica
A ruptura de continuidade da pele é o principalA ruptura de continuidade da pele é o principal
fator para ISC !fator para ISC !
FATORES DE RISCOFATORES DE RISCO
PARA ISCPARA ISC
15. Relacionados ao pacienteRelacionados ao paciente
Estado clínicoEstado clínico doenças agudas ou crônicas descompensadas e infecçãodoenças agudas ou crônicas descompensadas e infecção
em sítio distanteem sítio distante avaliação clínica criteriosa é imprescindível !avaliação clínica criteriosa é imprescindível !
Tempo de internação pré-operatórioTempo de internação pré-operatório relacionado à colonização da pelerelacionado à colonização da pele
pela microbiota hospitalarpela microbiota hospitalar
Estado nutricionalEstado nutricional desnutrição ou obesidadedesnutrição ou obesidade
Imunodepressão e uso de corticosteróideImunodepressão e uso de corticosteróide menor inóculo emenor inóculo e
retardamento do processo de cicatrizaçãoretardamento do processo de cicatrização
16. Relacionados ao procedimento cirúrgicoRelacionados ao procedimento cirúrgico
ImunossupressãoImunossupressão provável contrapeso à liberação de proteínas queprovável contrapeso à liberação de proteínas que
poderiam desencadear reação imunepoderiam desencadear reação imune
Rompimento da barreira epitelialRompimento da barreira epitelial interrupção do aporte de nutrientesinterrupção do aporte de nutrientes
Alterações no campo operatórioAlterações no campo operatório
HIPÓXIA + ACIDOSE DIFICULTAM A AÇÃO DOS NEUTRÓFILOS
DEPOSIÇÃO DE FIBRINA SEQÜESTRO DE BACTÉRIAS E ALTERAÇÃO
DOS MECANISMOS LOCAIS DE DEFESA
17. Relacionados ao procedimento cirúrgicoRelacionados ao procedimento cirúrgico
Classificação da cirurgia de acordo com o potencial de contaminaçãoClassificação da cirurgia de acordo com o potencial de contaminação
fator clássico de risco !fator clássico de risco !
LIMPALIMPA
POTENCIALMENTE CONTAMINADAPOTENCIALMENTE CONTAMINADA
CONTAMINADACONTAMINADA
INFECTADAINFECTADA
18. Relacionados ao procedimento cirúrgicoRelacionados ao procedimento cirúrgico duração do procedimentoduração do procedimento
cirúrgicocirúrgico
Maior exposição ao ambiente externoMaior exposição ao ambiente externo
Maior complexidadeMaior complexidade
Pior estado clínicoPior estado clínico
Menor experiência da equipeMenor experiência da equipe
Desorganização da sala cirúrgicaDesorganização da sala cirúrgica
19. Cirurgias de urgênciaCirurgias de urgência
Preparo inadequado do pacientePreparo inadequado do paciente
Pior estado clínicoPior estado clínico
Técnica menos rigorosaTécnica menos rigorosa
20. Redução do tempo de internação pré-cirúrgicoRedução do tempo de internação pré-cirúrgico
Avaliação pré-operatória em ambulatórioAvaliação pré-operatória em ambulatório
Internação somente com avaliação pré-operatóriaInternação somente com avaliação pré-operatória
Organização do agendamento de internação e cirurgiaOrganização do agendamento de internação e cirurgia
Lavagem das mãos na enfermaria (equipe de saúde)Lavagem das mãos na enfermaria (equipe de saúde)
evitar a colonização do paciente com a floraevitar a colonização do paciente com a flora
hospitalar !hospitalar !
Estabilização do quadro clínico do pacienteEstabilização do quadro clínico do paciente
principalmente o tratamento de infecção préviaprincipalmente o tratamento de infecção prévia
21. Banho pré-operatórioBanho pré-operatório noite anterior e manhã da cirurgia, comnoite anterior e manhã da cirurgia, com
água e sabãoágua e sabão
TricotomiaTricotomia se imprescindível e imediatamente antes do atose imprescindível e imediatamente antes do ato
cirúrgicocirúrgico
22. Paramentação cirúrgicaParamentação cirúrgica
AventaisAventais milhares de células epiteliais são desprendidasmilhares de células epiteliais são desprendidas
por minuto, junto com bactérias, dispersando-se nopor minuto, junto com bactérias, dispersando-se no
ambienteambiente o uso de avental de algodão reduz emo uso de avental de algodão reduz em
aproximadamente 30% a taxa de dispersãoaproximadamente 30% a taxa de dispersão
MáscarasMáscaras utilizadas com dupla finalidadeutilizadas com dupla finalidade prevençãoprevenção
da ISC e proteção dos membros da equipe cirúrgica contrada ISC e proteção dos membros da equipe cirúrgica contra
respingos de sangue e secreções durante o procedimentorespingos de sangue e secreções durante o procedimento
Há controvérsias sobre o papel na prevenção das ISC,Há controvérsias sobre o papel na prevenção das ISC,
mas nenhuma quanto à proteção ocupacionalmas nenhuma quanto à proteção ocupacional
PropésPropés estudos concluíram não haver diferençaestudos concluíram não haver diferença
significativa de contaminação no piso entre calçadossignificativa de contaminação no piso entre calçados
limpos, calçados de uso habitual e propés.limpos, calçados de uso habitual e propés.
23. Paramentação cirúrgicaParamentação cirúrgica
GorrosGorros devem cobrir totalmente o cabelo na cabeça e facedevem cobrir totalmente o cabelo na cabeça e face
LuvasLuvas devem ser usadas após a escovação das mãos e depois dedevem ser usadas após a escovação das mãos e depois de
vestido o avental estérilvestido o avental estéril é recomendado o duplo enluvamentoé recomendado o duplo enluvamento
(para minimizar os efeitos de pequenos furos ou rupturas) ou a troca(para minimizar os efeitos de pequenos furos ou rupturas) ou a troca
a cada 02 horas de procedimentoa cada 02 horas de procedimento
24. Anti-sepsia das mãos dos membros da equipeAnti-sepsia das mãos dos membros da equipe
cirúrgicacirúrgica
Retirada de sujeira e detritos, redução substancial ou eliminação da floraRetirada de sujeira e detritos, redução substancial ou eliminação da flora
transitória e redução parcial da flora residentetransitória e redução parcial da flora residente
Solução degermante de iodóforo (PVPI) ou de gluconato de clorhexidina,Solução degermante de iodóforo (PVPI) ou de gluconato de clorhexidina,
ou álcool a 70% com emolienteou álcool a 70% com emoliente
Escovação necessária nos leitos sub-ungueais e espaços interdigitaisEscovação necessária nos leitos sub-ungueais e espaços interdigitais
05 minutos para a primeira cirurgia e 03 para os demais procedimentos05 minutos para a primeira cirurgia e 03 para os demais procedimentos
Enxágüe em água corrente, das mãos para os cotovelos (mãos sempreEnxágüe em água corrente, das mãos para os cotovelos (mãos sempre
acima do nível dos cotovelos)acima do nível dos cotovelos)
25. Antibioticoprofilaxia cirúrgicaAntibioticoprofilaxia cirúrgica
Indicação apropriadaIndicação apropriada cirurgias potencialmentecirurgias potencialmente
contaminadas e contaminadascontaminadas e contaminadas
Antimicrobiano adequado à flora esperada, em razãoAntimicrobiano adequado à flora esperada, em razão
dodo tipo de cirurgiatipo de cirurgia flora residente do localflora residente do local
abordadoabordado considerar, também, menor toxicidade econsiderar, também, menor toxicidade e
custocusto
Dose adequada e momento certoDose adequada e momento certo 01 a 02 horas01 a 02 horas
antesantes do início do procedimentodo início do procedimento
Uso por curto períodoUso por curto período cobertura durante o atocobertura durante o ato
cirúrgicocirúrgico