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Isquemia Crônica Crítica                                       José Baptista




                          Isquemia Crônica Crítica de Membro:
                                            Diagnóstico Clínico

                                                                        José Carlos Costa Baptista-Silva




INTRODUÇÃO
Isquemia é definida como sendo o fluxo                        por embolia para artéria distante da fonte
arterial insuficiente para manter as funções                  emboligena, ou oclusão de artéria nativa por
normais teciduais, isto é a diminuição de                     trombose devida à doença pré-existente ou
nutrientes (glicose, oxigênio,       proteínas,               pósrevascularização.2,3
vitaminas, enzimas, etc) para os tecidos e o                  A isquemia crônica de membro é aquela que
retardo na retirada dos metabôlitos. A                        apresenta dor ao exercício e alivio em repouso,
isquemia pode ser total quando o fluxo arterial               devida à doença arterial, exemplo claudicação
for insuficiente para manter a vida celular ou                intermitente.2
tecidual, ou parcial que mantém a viabilidade                 Claudicação    intermitente     consiste    em
celular, porém com risco de evoluir para a                    fraqueza, desconforto, câimbra muscular, dor
morte celular, dependendo da nobreza do                       só ao exercício (ao caminhar) dos membros
tecido e do tempo em isquemia. Já a hipôxia é                 inferiores e melhora em repouso, conseqüente
somente a diminuição de oferta de oxigênio                    à doença arterial. Os sintomas ocorrem
aos tecidos, mas, também é lesiva aos tecidos.1               tipicamente nos grupos músculos distais à(s)
A isquemia de membro aguda é qualquer                         estenose(s) ou à oclusão arterial e podem
decréscimo agudo ou piora da perfusão do                      acometer as nádegas, coxas e panturrilhas. A
membro causando potencial ameaça à                            dor é causada pela insuficiência fluxo arterial
viabilidade da extremidade.2                                  para manter a demanda metabólica durante o
A síndrome do dedo azul (blue toe) é um                       exercício muscular, entretanto os receptores
exemplo de isquemia aguda, caracterizada dor                  da dor ainda são desconhecidos. O termo
súbita, cianose dos pododáctilos e antepé                     claudicaçâo só pode ser usado para os
devido à embolia (ateroembolismo) de fonte                    membros inferiores, pois, origina do latim
arterial e que mantém todos pulsos presentes,                 claudicare que significa: coxear, manquejar,
com oclusão das artérias digitais. Quadro                     não ter firmeza nos pés.2-4
semelhante também pode acontecer para os                      lsquemia crônica crítica de membro deve ser
membros superiores.2,3                                        usada para todos doentes portadores de
lsquemia aguda difusa do membro é                             isquemia crônica com dor em repouso de forte
caracterizada por dor súbita e progressiva,                   intensidade e persistente (por mais de quatro
entorpecimento, enfraquecimento, paralisia da                 semanas), úlceras ou gangrena, requerendo
extremidade, acompanhada de palidez, as                       analgésicos especiais como opiáceos e
vezes cianose, esfnamento, e ausência de                      atribuida objetivamente à doença arterial. A
pulsos. lsquemia aguda étipicamente causada                   não cicatrização das úlceras

                                                     11/8/2004                                            Página 1 de 1
             Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
            Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                       José Baptista


deve ser decorrente da isquemia (excluir                      com duração de 7 anos procurando a incidência
neuropatia, infecção e outros fatores). A                     de ICCMI em 200 doentes com claudicação
gangrena deve ser conseqüente da isquemia do                  intermitente     e   190    controles,   tendo
antepé (excluir os casos de ateroembolismo).                  encontrado uma aproximação de 450 casos de
Esta definição coincide com os estágios III e                 ICCMI e 112 de amputação por milhão de
IV da classificação de Fontaine e também com                  habitante por ano e; segundo, um estudo
as categorias 4, 5 e 6 de Rutherford das novas                prospectivo de 3 meses de hospitalizações de
recomendações das “Society for Vascular                       doentes com ICCMI em uma amostra de
Surgery e lhe lntemational Society for                        hospitais em Lombardy; tendo encontrado uma
Cardiovascular Surgery.2,4                                    aproximação de 652 casos de ICCMI e 160 de
Dor em repouso é definida como: a dor em                      amputação por milhão de habitante por ano e
repouso ou isquemia podálica difusa e                         terceiro, codificando as amputações maiores
principalmente localizada no antepé ou                        realizadas em hospitais em duas regiões
pododáctilos, pode se manifestar mais                         (sendo       encontrada       respectivamente
proximal também, mas não poupa as partes                      encontrada uma aproximação de 577 e 530
distais, devida a isquemia crônica, e não é                   casos de ICCMI; e de 172 e 154 amputações
aliviada com analgésicos comuns. Piora com                    por milhão de habitante por ano em Lombardy
elevação do membro, é diminuída com o                         e Emilia Romagna). Os resultados dos três
membro pendente e é piorada à noite. A dor é                  grupos foram substancialmente equivalentes
causada pelo fluxo arterial insuficiente para                 em ordem de magnitude. 2
manter a demanda metabólica dos tecidos em                    A Sociedade Cirurgia Vascular de Inglaterra e
repouso.1,2,3,4                                               Irlanda em 1995 encontrou que havia 20,000
Cianose fixa é definida como sendo a coloração                doentes com isquemia crônica critica do
cianôtica das extremidades que não se altera                  membro inferior na população, tendo uma
com a mudança de posição ou elevação, devida                  incidência anual de 400 doentes por milhões de
a isquemia, normalmente não reversível,                       habitante por ano. (2) A prevalência global de
caracterizando a pré-gangrena.                                doentes com claudicação intermitente é 3%; e
                                                              que 5% destes doentes desenvolverão isquemia
Gangrena é necrose (morte celular, de tecido                  crônica critica do membro inferior nos
ou de órgão) devido à obstrução, ou diminuição                próximos 5 anos, isto dá uma incidência de
do fluxo sangüineo; pode ser localizada numa                  isquemia crônica critica do membro inferior de
pequena ares ou comprometer o membro                          300 casos por milhões de habitante por ano.
inteiro ou ôrgão, e pode ser seca                             Assumindo que são realizadas 90% de
(mumificação) ou úmida. Caracterizada por                     amputações maiores devida à isquemia e que só
cianose fixa, anestesia dos tecidos envolvidos,               25% de doentes com de isquemia crônica
progredindo para a necrose (morte tecidual)                   critica do membro inferior requerem
como resultado da redução do fluxo arterial e                 amputação maior, pode ser calculado que a
sendo insuficiente para o mínimo metabolismo                  incidência de isquemia crônica crítica do
requerido para manter a vida celular.1,2,3,4                  membro inferior é aproximadamente 500 a
                                                              1000 por milhão de habitante por ano. E que
Úlcera isquêmica é devida à insuficiência de                  provavelmente um novo doente em 100 doentes
fluxo arterial, ou mínimo trauma de um tecido                 com claudicação intermitente irá ter isquemia
isquêmico, e que a cicatrização é possível com                crônica critica do membro inferior por ano na
aumento do fluxo arterial na maioria das vezes                população, sendo maior a incidência após os 70
requerendo fluxo pulsátil. Essa úlcera                        anos de idade.
normalmente é muito dolorida e está presente
mais tipicamente nas extremidades.                            A proporção de sexo masculino em relação ao
                                                              feminino é de 1,5: 1, porém após os 80 anos é
Há pouca informação direta sobre a incidência                 praticamente igual.2
de isquemia crônica critica do membro inferior
(ICCMI). Catalano avaliou a incidência da                     Os doentes portadores de doenças arteriais
ICCMI no norte da Itália em três grupos                       oclusivas estão expostos a quadros de isquemia
diferentes. Primeiro, um estudo prospectivo                   aguda e crônica. Muitos desses doentes têm a

                                                     11/8/2004                                            Página 2 de 2
             Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
            Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                       José Baptista


evolução da doença obstrutiva após vários                      semelhante a algumas formas malignas de
episódios de isquemia aguda, ou melhor,                        câncer.2
agudização do quadro preexistente. Porém,
outros evoluem de forma crônica com piora do                   FISIOPATOLOGIA DA MICROCIRCULAÇÃO
quadro até isquemia crítica.1-12                               NA ISQUEMIA CRÔNICA CRITICA DE
                                                               MEMBRO
O diagnóstico da isquemia crônica crítica dos                  O entendimento da fisiopatologia geral da
membros é extremamente importante que seja                     isquemia crônica crítica de membro éessencial
feito o mais breve possível, pois esta sindrome                para o tratamento dos doentes, embora ainda
é uma ameaça de perda de membro se o                           não esteja bem estabelecida em humanos.
tratamento não for eficiente e rápido. Outro                   Conhecimento atual é em grande parte
detalhe importante é não confundi-la com as                    baseado em epidemiologia em relação a fatores
isquemias aguda e crônica. A isquemia crônica                  de risco, e extrapolação de resultados de
crítica representa as fases III e IV da                        estudos em animais. O macro defeito
classificação de Fontaine, e também com as                     circulatório é a aterosclerose. Deterioração da
4,5 e 6 categorias de Rutherford das novas                     macrocirculação e da pressão de perfusão do
recomendações de “Society for Vascular                         membro resulta do aumento gradual da
Surgery e lhe lnternational Society for                        aterosclerose, com episódios súbitos de
Cardiovascular Surgery.2,3,7-1,7 (Figuras 1,2 e 3).            deterioração      causados      por     trombose
                                                               sobreposta. lrombose local pode ser o
PROGNÓSTICO                                                    resultado da ativação de plaquetas e
A epidemiologia detalha os vários indicadores                  leucócitos, pois os mesmos entram em contato
de prognóstico para perda de membro ou                         com ulcerações ou placas ateroscleróticas
morte dos doentes com isquemia crônica                         rotas, possivelmente devido ao funcionamento
critica de membro. Em geral, o prognóstico é                   do mecanismo local de defesa anti-trombótica.
desfavorável e muito pior que para os doentes                  A isquemia crônica critica de membro acontece
com claudicação intermitente. É impossível                     quando      estenose    ou    oclusão     arterial
descrever a história natural destes doentes,                   prejudicam o fluxo sangüíneo a tal extensão
porque quase todos os doentes diagnosticados                   que apesar de mecanismos compensatórios
com isquemia crônica crítica de membro vão                     como formação colateral, não podem suprir as
para revascularização de membro. A minoria                     exigências nutritivas da microcirculação
dos doentes com isquemia crônica critica de                    periférica. Isto normalmente é causado devido
membro tratada de modo conservador não é de                    à doença de múltiplos níveis. Em alguns casos,
nenhuma maneira representativa do grupo                        as conseqüências hemodinâmicas de lesões
inteiro. Eles tenderão representar a pior parte                arteriais podem ser pioradas por insuficiência
da amostra, pois não têm condições para                        venosa crônica ou por insuficiência cardíaca.
revascularização     dos   membros,     ou    a                Várias novas técnicas têm ajudado a
revascularização foi tentada e não teve                        compreensão do microcirculação de pele que é
sucesso, e evoluirão com dor em repouso.                       o tecido patológico alvo na maioria dos
Porém, há informação recente sobre o que                       doentes.      Estes   incluem     capilaroscopia,
acontece a um grupo de doentes com isquemia                    vídeomicroscopia         de        fluorescência,
crônica critica de membro não selecionados                     fluxometria de laser Doppler e medidas de
recebendo o terapia disponível, que após um                    pressão parcial transcutânea de oxigênio. Em
ano do diagnóstico, só metade dos doentes                      contraste com início da doença oclusiva
estarão vivos sem uma amputação maior,                         arterial periférica em o baixo fluxo sangüíneo
embora alguns destes ainda podem ter dor em                    para     os    músculos    esqueléticos     causa
repouso ou gangrena. Aproximadamente 25%                       claudicação intermitente; enquanto na isquemia
terão morrido, e 25% terão amputação maior.                    crônica crítica de membro a dor em repouso e
Conseqüentemente       tem   se   tentado     o                as     lesões     tróficas     são     atribuidas
desenvolvimento       de    novas      técnicas                predominantemente a uma redução critica da
operatórias, endovascular, drogas para estes                   microcirculação da pele- A microcirculação da
doentes. O prognóstico dos doentes com                         pele é muita variável, o fluxo sangüíneo capilar
isquemia crônica critica de membro é                           nutricional só representa aproximadamente

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              Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
             Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                       José Baptista


15% do fluxo sangüíneo total no pé normal, já                 provável que os mecanismos anteriores sejam
outros 85% têm a função termorreguladora.                     aumentados e influenciados na liberação de
A função normal do microcirculação da pele                    toxinas pelas bactérias e da resposta
pode ser considerada como um sistema                          imunológica celular. Embora hipotético porque
regulador complexo do fluxo microvascular e                   eles são principalmente extrapolados de
vários mecanismos de defesa. O sistema                        estudos em animal e in vitro, dois mediadores,
regulador do fluxo microvascular inclui                       óxido nítrico e a prostaciclina, podem ser
mecanismos de neurogenicos extrínsecos,                       particularmente importantes desativando as
mediadores locais intrínsecos, e modulação                    células    ativadas    inapropriadamente    e
pelos fatores circulatórios humorais e dos                    restabelecendo fluxo sangüíneo. Além suas
liberados pelas células sangüineas. O endotélio               propriedades vasodilatoradoras, o óxido
também participa na regulação do fluxo pela                   nítrico inibe sinergicamente a ativação de
liberação de mediadores vasodiladores como                    plaqueta com a prostaciclina.2
prostaciclina e fator relaxante óxido nítrico e
vários fatores contráteis como a endotelina. A                QUADRO CLÍNICO
ativação imprópria da hemostasia e da                         Os doentes com isquemia crítica de membro
inflamação     também        têm    desempenho                apresentam dor devida à ulceração, gangrena
fundamental na fisiopatologia da isquemia                     ou à lesão pré-trófica em tecidos isquêmicos.
crônica crítica de membro. Na isquemia                        A dor da isquemia crítica émuita intensa, e
crônica crítica de membro há uma má                           normalmente referida como lancinante, em
distribuição da microcirculação da pele além                  pontada,           formigamento.      queimação,
de uma redução no fluxo sangüíneo total.                      acometendo principalmente a parte distal da
Estudos de microscopia capilar confirmaram                    extremidade. lsquemia com dor em repouso ou
uma distribuição não homogênea de fluxo da                    isquemia podálica difusa e principalmente
microcirculação cutânea. Isto é acompanhado                   localizada no antepé e só nos pododáctilos,
por uma redução na pressão parcial                            pode se manifestar mais proximal também,
transcutânea de oxigênio ou medida de                         mas não poupa as partes distais. Pode ser
oxigênio transcutânea. A fase final dos                       piorada com a elevação do membro e com o
eventos que conduzem a diminuição de                          frio, e aliviada através de membro pendente.
perfusão capilar na isquemia crônica crítica de               lsquemia podálica difusa é comumente
membro não é estabelecida. Possíveis causas                   associada à pressão de tornozelo menor do que
que contribuem: são colapso de arteríolas pré-                40 mmHg e de halux menor do que 30 mmHg.
capilares devido à baixa pressão transmural,                  Diferente da dor da isquemia crônica não
vasoespasmo      arteriolar,    microtromboses,               crítica     (claudicaçao     intermitente)    que
colapso dos capilares pelo edema intersticial,                normalmente se localiza na panturrilha durante
oclusão capilar pelo edema endotelial,                        a marcha. O doente refere pé frio e pálido, ou
agregação plaquetária, adesão leucocitária, ou                mesclado de pálido e cianose com o membro na
agregação das células sangüíneas e plaquetas.                 mesma altura do coração ou elevado, sendo que
A ativação das plaquetas e leucócitos e mais                  após       colocá-lo       pendente      torna-se
lesão do endotélio vascular podem resultar em                 pletórico.9,10,11,18
vícios entre a ativação inapropriada de células               Em casos extremos, o sono torna-se impossível
através de vários mediadores.                                 com o aumento da intensidade da dor. Muitas
Foi descoberta uma variedade de marcadores                    vezes, o doente é obrigado a esfregar o pé, ou
de coagulação sangüinea junto com a doença                    caminhar no quarto na tentativa de alívio da
arterial oclusiva periférica. Estes podem                     dor. O doente durante o dia fica sempre
favorecer formação de fibrina como também                     esperando a aproximação da noite com muita
alterações no potencial fibrinolitico do sangue               ansiedade, pois toda noite sempre é a mesma
que pode inibir a dissolução de fibrina por                   rotina, não dorme com facilidade; durante
exemplo, e niveis altos de inibidores da                      semanas o doente dorme com as pernas
ativação do plasminogênio. Também há                          penduradas na lateral da cama, ou sentado na
evidência crescente que leucócitos têm uma                    cadeira. Esta posição de membros pendentes
funçao importante na oclusão microvasculação.                 leva à formação de edema, o que piora o
Finalmente, na presença de infecções locais, é                quadro clínico, e ainda devida àpressão

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             Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
            Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                       José Baptista


constante na mesma área isquêmica pode                        entre outras.2,3,5,9,11,16,19,20,28
evoluir com lesão trófica traumática nos                      Os dados da identificação, hábitos e
pontos de apoio. Nos casos mais graves pode                   antecedentes não fornecem subsídios para o
ocorrer contratura do joelho e da articulação                 diagnóstico sindrômico, entretanto podem ser
do tornozelo devida à posição antálgica que o                 importantes para caracterizar a etiologia do
doente adquiriu por vários dias. O doente                     processo isquêmico.5,8-11,19,20,30 Na história
tabagista fuma intensamente na tentativa fútil                sobressai, por sua importância, a claudicaçâo
de aliviar a dor, porém, o fumo só agrava o                   intermitente (só utilizar esta terminologia
quadro clínico, principalmente em decorrência                 para os membros inferiores) é o sintoma mais
da vasoconstrição e porque também diminui o                   característico da presença de uma síndrome
sono. A dor é constante e tão intensa que o                   isquêmica crônica; traduz aporte de sangue
doente     pára       de comer,    não    dorme,              insuficiente a um grupo muscular em atividade,
normalmente perde peso, torna-se anêmico e                    demonstrando doença preexistente.2,3,7,10,11,19,31-
                                                              33
debilitado. Muitas vezes o alivio só é obtido se
medicado com opiáceos. Na ausência de
ulceração ou gangrena reconhecível, a dor                     EXAME FISICO
intensa échamada de pré-trõfica e atribuída à                 O exame deve ser geral e especifico
isquemia       crônica    critica    (dor    em               compreendendo: tronco pescoço e membros
repouso).2,3,11,18-20                                         devendo incluir inspeção, palpação, ausculta e
                                                              obter a pressão arterial nos quatro membros.
DIAGNÓSTICO
A anamnese (palavra grega: informação acerca                  INSPEÇÃO
do principio e evolução duma doença até a                     Na inspeção é fundamental que se observe com
primeira observação do médico. catamnese:
                                                              muito cuidado todo o corpo do doente e faça
acompanhamento da evolução de um doente
                                                              anotação das alterações da coloração da pele
desde que recebe alta, hospitalar ou não, e que
pode ter duração extremamente variável) e o                   palidez, cianose e fâneros. Alterações
exame físico são fundamentais para o                          tróficas: tipo de pele (lisa, rugosa,
diagnóstico correto das lesões causadas pela                  descamativa, seca, brilhante). Investigar o
isquemia critica.2,3,9,11,19-24                               estado do tecido subcutâneo: edema, flebite
O diagnóstico depende de: anamnese,                           migratória, processo inflamatório. Observar se
antecedentes individuais e hábitos, exame                     existem sufusões hemorrágicas, micose,
fisico, provas funcionais e imagens.9,11,19,25                bolhas, ulcerações, gangrena seca ou úmida
                                                              (infecção). É fundamental observar a palidez
Os fatores de risco principais são: idade                     desencadeada após elevação do membro
avançada, hipertensão arterial sistêmica,                     isquêmico e normalmente intensifica o quadro
deslipidemias, cardiopatias, acidente vascular                doloroso. Ulceras distais das extremidades
cerebral, diabete           melito, coagulopatias,            podem ser causadas e persistirem, por vários
obesidade, tabagismo, medicamentos, drogas,                   fatores distintos: pressão, insuficiência venosa
imobilidade, doenças vasculares preexistentes,                concomitante, trauma, neuropatia diabética,
doença familiar, trauma (térmico, químico ou                  entre outras, e, além da insuficiência arterial
mecânico), etc.2,3,9,11,19,26,27                              crônica. O termo úlcera isquêmica não-
Na anamnese é de fundamental importância                      cicatrizada (ou persistente) implica que
interpretar corretamente as queixas do                        embora conheça a etiologia, também não há
doente. O tempo decorrido entre o evento e a                  perfusão arterial suficiente para provocar uma
consulta. Saber se o evento foi agudo e se                    resposta inflamatória requerida para a
evoluiu de forma insidiosa. Caracterizar o tipo               cicatrização8-11,19,34 e 41 (Figuras 1,2,3, e 4).
de dor e como se manifestou e como está no                    A atrofia muscular é evidente principalmente
momento. As alterações da cor da pele e                       se comparada com o membro contralateral (se
temperatura, e lesões tróficas e suas                         este for normal e presente), porém às vezes
características, trofismo muscular. Relação                   devido ao edema posicional fica difícil de
dos sintomas com postura e temperatura                        diagnosticar a atrofia. E extremamente
ambiente.      Antecedentes           operatórios:            importante examinar os fâneros, pois, pois é
operações gerais, operações cardiovasculares,                 muito comum queda dos pêlos e unhas

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             Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
            Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                       José Baptista


quebradiças devidas a isquemia (excluir se isto                repouso típica.5,9-11,19
aconteceu devido ao uso de botas ou outro tipo
de trauma).                                                    PALPAÇÃO
Algumas provas propedêuticas simples, porém                    A palpação do doente é muita valiosa e
muito importantes, devem fazer parte do                        devemos avaliar na extremidade a temperatura
exame físico: prova de hiperemia reativa,                      em vários segmentos, a umidade, a espessura
tempo de enchimento venoso e palidez à                         da pele, empastamento muscular. Os pulsos e
elevação.                                                      suas intensidades são também analisados e
Na prova de hiperemia reativa o doente é                       podemos qualificá-los em níveis ausentes,
posicionado em decúbito dorsal, observa-se a                   diminuídos e normais.2
coloração das regiões plantares e em seguida                   Nos doentes com isquemia critica os pulsos do
eleva-se o membro inferior até um ângulo                       membro isquêmico estão muito diminuídos ou
entre 45 a 60 graus em relação ao plano do                     ausentes.
leito, mantendo-os assim durante um minuto,                    Os pulsos das seguintes artérias devem ser
quando se observa novamente a coloração. Nos                   palpados: radial, ulnar, braquial, axilar,
indivíduos normais, ocorre discreta palidez                    subclávia, carótida, temporal, occipital, aorta
(prova negativa) por diminuição do fluxo                       abdominal, iliaco (no indivíduo magro), femoral,
sangUíneo na microcirculação. No doente com                    poplíteo, tibiais anterior e posterior. Durante
isquemia, a coloração toma-se pálida ou pálido-                a palpação deve-se ter o cuidado de estimar o
cianótica (prova positiva). É de extrema                       diâmetro laterolateral arterial para afastar
importância a comparação entre as duas                         aneurisma e também de detectar frêmitos.
extremidades. Logo em seguida pede-se ao                       Muito importante é avaliar a textura, a
doente para se sentar com os membros                           elasticidade e edema no subcutâneo e pele.9-
pendentes e se observa o tempo de                              11,19,33,45)

enchimento venoso das veias do dorso do pé e                   Deve-se avaliar textura, nódulos ou processo
coloração do mesmo. O tempo de enchimento                      inflamatório arterial que podem estar
venoso no individuo normal é de 12 segundos e                  presentes em áreas de trombose ou embolia.
temperatura ambiental ao redor de 3Q0
Celsius. (Se o doente for portador de varizes,                 AUSCULTA
a prova de enchimento venoso não poderá ser
                                                               Deve ser praticada habitualmente sobre o
Svaliada). Quanto mais grave for à isquemia
                                                               trajeto das artérias grandes e médias em todo
mais longo será o tempo de enchimento venoso,
                                                               corpo. Certamente como uma prática rotineira
às vezes chegando há minutos. Com o membro
                                                               pode-se ouvir sopros sobre as artérias com
ainda pendente observar novamente o pé mais
                                                               estenose tais com: axilar, subclávia, carótida,
isquêmico      normalmente    torna-se        mais
                                                               aorta toràcica e abdominal, artérias viscerais,
hiperêmico, devido ao aumento da vasoplegia
                                                               iliaca, femoral e segmento femoropoplíteo. Os
em conseqüência do agravamento da isquemia
                                                               sinais e sintomas normalmente são suficientes
durante a elevação do membro 2,5,10,11,19,34,35,42 e
46                                                             para o diagnóstico preciso da isquemia crônica
   (Figura 4).
                                                               crítica do membro inferior e também nos dá
                                                               orientação topográfica da obstrução proximal.
Figura 4 — A- Pés isquêmicos em repouso, B-
                                                               Porém, podemos complementar o diagnóstico
Paiidez do pé direito à elevação, C - Retardo                  clínico com métodos não-invasivos (Doppler
do enchimento venoso do pé direito, tempo                      segmentar e mapeamento dúplex por ultra-
maior que 30 segundos, membros pendentes,                      som,         Siescape),          angiotomografia,
pós-elevação dos dois membros inferiores. D -                  angiorressonância magnética e invasivos com a
Hiperemia reativa com membros pendentes.                       angiografia,    exames     estes       que     serão
                                                               explicados em outros capítulos deste livro.
Pode-se observar gangrena focal como nos                       Estes exames poderão nos ajudar no
casos    de     trombose     localizada    ou                  diagnóstico     topográfico,        etiológico     e
microembolismo aterosclerótica focais, porém                   planejamento operatório.6,10,11,19,33-36,44-52
apresenta adequada perfusão adjacente. Tal                     A isquemia crônica dos membros pode ser
gangrena focal também não pode ser associada                   classificada     nas    seguintes         categorias
com isquemia podàlica difusa ou com dor em                     (importantes na tomada decisão de tratamento

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             Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                       José Baptista


e no prognóstico) conforme Rutherford (1999)
tabela 1.3:

Avaliação clínica dos doentes com isquemia
crônica critica de membro
Embora a história e o exame físico,
freqüentemente façam a diagnose de isquemia
crônica crítica de membro com certeza,
porém, estudos adicionais ajudam a
entender melhorar o quadro do doente e o
planejamento do tratamento. Estas
investigações tém os seguintes propósitos:
1. confirmar o diagnóstico objetivamente.
2. localizar as lesões arteriais responsáveis e
    classificá-las em função da gravidade.
3. avaliar a necessidade de intervenção
    (predizendo o resultado da terapêutica
    conservadora) e ajudar na escolha de
    procedimento.      Se    uma     intervenção
    operatória      for    indicada,     estudos
    diagnóstico adicionais são necessários.
4. avaliar o risco, o benefício, o custo e a
    estratégia da operação.
5. Investigações básicas são necessárias
    principalmente para avaliar os fatores de
    risco da aterosclerose.
6. pesquisar outros locais de risco de
    aterosclerose como: artérias carótidas,
    coronárias, aorta, renais etc.
Exames hematológicos e bioquímicos básicos
Os seguintes exames são necessários:
                                                              Medidas de pressão de tornozelo e halux
hemograma completo, plaquetas, glicemia,
uréia, creatinina, perfil lipídico, velocidade de             A pressão de tornozelo deve ser mensurada
                                                              em todos os doentes. Cuidados especiais
hemossedimentaçào.
                                                              devem ser tomados para diminuir os valores
Exames adicionais para doentes atípicos                       falsos em doentes diabéticos, com artérias
Doentes jovens, mulheres, e doentes sem                       calcificadas, com dor intensa etc. Em tais
sinais de aterosclerose são necessários os                    casos, a pressão de halux deve ser mensurada
seguintes exames: homocisteina, e perfil de                   pois ajuda na interpretação da pressão de
coagulação, trombofilia.                                      tornozelo. É uma boa prática mensurar a
                                                              pressão de halux em todos os doentes com
                                                              suspeita de isquemia crônica critica de
                                                              membro, isto ajuda na avaliação da perfusão
                                                              distal. Outro sintoma importante é a dor que o
                                                              doente diabético sente no inicio da neuropatia,
                                                              isto pode ser interpretado erroneamente como
                                                              sendo isquemia crônica crítica do membro.
                                                              Também aqui as pressões de tornozelo e halux
                                                              são úteis. Geralmente a dor isquêmica em
                                                              repouso acontece com pressão de tornozelo
                                                              abaixo de 40 mm Hg e uma pressão de hálux
                                                              menor de 30 mmHg. Assim, em doente não
                                                              diabético com pressão de tomozelo acima de
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             Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
            Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                       José Baptista


50 mmHg ou diabético com pressão de halux                    contagem das áreas hiperêmicas ao redor da
acima 40 mm Hg, devem ser consideradas                       lesão pé e com áreas não ísquêmicas pode se
outras causas de dor em repouso. Algumas                     conseguir uma relação simples para predizer a
úlceras são isquêmicas de início, porém outras               possível cicatrização.2
têm causas distintas inicialmente (como:
traumática, venosa, ou neurotrófica), mas não                Fluxometria com laser Doppler
cicatrizará por causa da gravidade da isquemia               A fluxometria de laser Doppler (FLD) estima o
crônica crítica de membro subjacente.                        fluxo da pele local, mas a interpretação dos
                                                             resultados é freqüentemente difícil porque a
Investigação da microcirculação                              investigação   exige     aumentar    antes   a
                                                             temperatura da pele. Os dados obtidos de
Medida de tensão de oxigênio transcutàneo                    fluxo não mostram SÓ os vasos capilares e
Eletrodos polarográficos de Clark modificados                também não permitem distinção entre fluxo
são usados para medir tensão de oxigênio na                  nutritivo e não nutritivo. Entretanto, a FLD e
vasos capilares cutâneos. Os valores obtidos                 junto com radioisótopos podem ajudar na
representam uma função complexa de fluxo                     determinação da perfusão de pele local.2
sangUíneo cutâneo, atividade metabólica,
dissociação de oxihemoglobia, e perfusão de                  Capilaroscopia por microscopia
oxigênio pelos tecidos. Em contraste com
                                                             A capilaroscopia é útil para calcular isquemia
microscopia capilar, seu valor no cálculo de
                                                             tecidual; se os capilares são visibilizados, a
perfusão nutritiva está limitado porque é uma
                                                             morfologia dos capilares pode ajudar no
medida indireta de perfusão de pele e não
                                                             diagnóstico de doenças subjacentes como
necessariamente derivado só de vasos
                                                             doença sistêmica do colágeno. A capilaroscopia
capilares. Uma gama extensiva de valores é
                                                             e tensão de oxigênio transcutânea dão
vista em pessoas normais. Em doentes mais
                                                             informações aditivas sobre a gravidade da
velhos,    ou      daqueles    com      doença
                                                             isquemia; a curva de velocidade do sangue
cardiopulmonar, um valor comparativo, tomado
                                                             durante hiperemia reativa e o tensão de
na região supraclavicular ou infraclavicular
soma perspectiva (como ao comparar a pressão                 oxigênio transcutànea a 440C parecem prover
braquial com a pressão de tornozelo). Em geral               um valioso parâmetro para o diagnóstico de
uma tensão de oxigênio de 30 mmHg sugere                     isquemia crônica crítica de membro. Em
isquemia e não cicatrização, com variação de ±               repouso o membro com isquemia cronica crítica
lO mmHg. Isto pode predizer que a                            pode ter o fluxo de sangue de pele
cicatrização não irá ocorrer com uma tensão                  surpreendentemente alto por causa da
de oxigênio transcutânea menor que 20 mmHg                   dilatação permanente das arteriolas da pele
e só acontecerá com uma tensão de oxigênio                   isquêmica: porém, quando a hiperemia reativa é
transcutânea maior que de 40 mmHg. A tensão                  aplicada os valores de fluxo são extremamente
de oxigênio transcutãnea éútil para calcular o               baixos.2
grau de isquemia; tem um valor preditivo
positivo de 77 a 87% na classificação dos                    Combinação de exames
doentes com isquemia grave. Entretanto, a                    Como     nenhum    exame     sozinho    é  um
tensão de oxigênio transcutânea já é baixa em                complemento seguro, outros exames podem ser
doentes     com      isquemia    relativamente               necessários para avaliar o doente com isquemia
moderada, ilustrando a difusão pobre de                      crônica critica do membro inferior. Esses
oxigênio pela pele.2                                         exames são caros, assim devemos ter uma
                                                             seqüência para avaliação começando com os
Mapeamento de perfusão com radioisótopo                      menos caros e no menor intervalo de tempo
O mapeamento de perf’usão do pé usando uma                   possível. Por exemplo, começar Doppler
variedade de níveis de                                       segmentar arterial. Se a pressão de tornozelo
radionuclídeos pode ser útil, porque mostra se               for maior que 70 mmHg e a pressão de halux
existe uma resposta inflamatória                             for maior que 40 mm Hg, provavelmente
suficiente para a cicatrização. Usando uma                   acontecerá cicatrização espontânea. Na
gamacâmara fotográfica e comparando a
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            Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
           Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                       José Baptista


minoria     de    doentes      necessitará    de              isquemia crônica crítica e a arteriografia fica
pletismografia, medida de tensão transcutânea                 restrita para casos selecionados. Entretanto,
de oxigênio ou mapeamento com radioisõtopos.                  na maioria dos doentes a medida de pressão
Em doente diabético pode ser usada a mesma                    segmentar e a pletismografia são suficientes
seqüência, mas se tiver a pressão de halux                    para avaliar a gravidade da isquemia. A
acima de 50 mmHg provavelmente ocorrerá a                     arteriografia vai depender da avaliação do
cicatrizaçao. Radiografias simples em duas ou                 cirurgião vascular se doente necessita de
mais incidências podem ser útil para excluir                  procedimento intervencionista. Na decisão de
osteomielite.                                                 procedimento intervencionista tem que avaliar
Em geral, a avaliação de cicatrização de lesão                o risco, o benefício e o custo
tróftca em doente com isquemia crônica
critica de membro será feita pelo exame                       Avaliação do risco da opção intervencionista
clínico realizado pelo cirurgião responsável. Os              Doentes portadores de isquemia crônica
resultados de pressão segmentar e de                          crítica de membro inferior normalmente têm
pletismografia podem ajudar, mas nenhum                       doença aterosclerótica em múltiplos locais
exame é preditivo para cicatrização. Não                      como: coronariopatia, estenose de carótida, de
obstante, esses exames indicam os níveis de                   artérias renais e também de artérias
severidade da doença oclusiva subjacente.                     viscerais. Sendo que esses doentes são mais
Medidas      de    perfusão     da   pele   com               graves e com mais risco que os doentes que só
radioisõtopos são precisas, porém, caras e nem                têm claudicação intermitente.
sempre disponíveis. Esses exames podem                        Tratamento intervencionista tem chance maior
ajudar na decisão de amputação de                             de sucesso nos doentes que estão no início ou
pododáctilos     ou    transmetatársica     sem               com isquemia em repouso controlada ou ainda
revascularização. Pressão de tornozelo maior                  com úlcera superficial. Isto é, o sucesso do
que 70 mmHg em doente não diabético tem                       tratamento depende diretamente do grau de
maior chance de cicatrização, e em doentes                    perfusão tecidual. Assim, uma pressão de
com diabete será necessário à pressão de                      tornozelo acima 40 mmHg e uma pressão de
                                                              halux ou pressão parcial transcutânea de
halux maior que 50 mmHg, se este halux não
                                                              oxigênio acima de 30 mmHg sugerem
for necrótico. Pletismografia de volume
                                                              probabilidade de sucesso do tratamento
pulsátil     transmetatársica      ou     tensão
                                                              intervencionista. Reciprocamente, tais medidas
transcutânea de oxigênio maior 40 mmHg ou a
                                                              serão infrutíferas nos doentes com pressões
perf’usão mapeada com tálio com relação de
                                                              menores que 20 mmHg.
1,75:1 são indicadores de possível cicatrização
                                                              A     avaliação   de    risco    operatório   é
sem revascularização.
                                                              extensamente genérico e tem que ser avaliado
                                                              doente por doente. Normalmente a avaliação
Imagens
                                                              se concentra nos órgãos vitais e na coagulação.
                                                              Atenção especial tem que ser dada ao cérebro
Avaliação      do        risco       das         opções
                                                              e ao coração, sendo necessário na rotina um
intervencionistas
                                                              eletrocardiograma em repouso, e mapeamento
Como os doentes com isquemia crônica critica                  dúplex de carótidas principalmente quando
do     membro    inferior  geralmente    têm                  estas últimas têm sopro. O ecocardiograma
envolvimento de múltiplos níveis arteriais, a                 transesofágico deve ser solicitado quando
angiografia deverá ser completa na maioria do                 houver suspeita de embolia.
doentes desde as artérias renais até o arco                   A alta prevalência de coronariopatia em
podálico para o correto planejamento                          doentes com        doença     arterial oclusiva
operatório. Mas a arteriografia só é                          periférica obriga o médico a procurar lesões
justificada se houver a indicação clínica de                  coronarianas antes de um procedimento
procedimentos invasivos seja cirúrgico aberto                 invasivo, principalmente operações abertas.
ou endovascular.                                              Uma pergunta importante e controversa,
O mapeamento dúplex e a angiorressonância                     quando submeter os doentes a exames
magnética estão cada vez mais sendo                           especiais como:
utilizados na avaliação dos doentes com                       eletrocardiograma de esforço na esteira,

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             Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
            Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                         José Baptista


mapeamento         perfusional        cardíaco,               aberta.
ecocardiograma e coronariografia; além da                     Terceiro, os testes de avaliação do coração
história clínica e eletrocardiograma em                       são melhores aplicados nos doentes com
repouso. Nos doentes que têm só claudicação                   evidência clinica e eletrocardiográfica de
intermitente dependendo do procedimento a                     doença da coronária (angina, história de
ser realizado esses exames especiais são                      infarto do miocárdio, infarto do miocárdio
importantes, pois como estes doentes não                      oculto pelo eletrocardiograma, episódios de
conseguem caminhar o suficiente para                          insuficiência cardíaca congestiva) ou fatores
desencadear a angina, fica difícil a avaliação                associaram com risco alto (diabete, idade
de isquemia assintomática do miocárdio.                       acima de 70 anos) e doentes com
Porém, os doentes com isquemia crônica crítica                aterosclerose multissegmentar e multiarterial
de membro inferior são freqüentemente                         (carótida, visceral e artérias de perna).
frágeis ou são incapazes de caminhar na                       Finalmente, o risco de complicações da doença
esteira de esforço devido às lesões tróficas                  coronária aumenta com a necessidade de
do pé. O valor principal da classificação                     intervenção aberta, de forma que a aplicação
adicional destes doentes relaciona-se à                       principal destes testes está justificada nos
necessidade de provável intervenção e                         doentes com indicação de revascularização por
particularmente os riscos cardíacos em                        cirurgia aberta.
operação de grande porte.
                                                              O que é necessário para permitir avaliação de
Pontuação clínica sistemática para avaliar o
                                                              risco     pré-operatório      de     diferentes
risco de eventos cardíacos adversos associado
                                                              procedimentos      vasculares para      doentes
com operação geralmente não tem sucesso
                                                              individuais, é um protocolo que usa parâmetros
para predizer com precisão o risco real em
                                                              pré-operatôrios e que seja especifico para
doentes    com    doença    arterial oclusiva
                                                              cirurgia vascular e usa uma escala gradativa
periférica. Porém, testes adicionais como:
                                                              para cada tipo de operação vascular. Este
mapeamento pertusional do coração (por
                                                              protocolo está sendo preparado por um comitê
exemplo: mapeamento tálio dipiridamol),
                                                              ad hoc de Society for Vascular Surgry e
ecocardiografia de estresse com dobutamida,
                                                              lntemational Society for Cardiovascular
Holter ambulatorial, ou ventriculografia
                                                              Surgery.2
radioisotópica não têm demonstrado custo
efetivo quando aplicados rotineiramente, mas
                                                              DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
critérios de seleção aceitos universalmente
ainda não foram desenvolvidos.
                                                               - Dor de oclusão arterial súbita. Em alguns
Não obstante, um protocolo deve ser seguido.
                                                              casos, a oclusão arterial súbita écaracterizada
Primeiro, esses exames não devem ser
                                                              por inicio abrupto de dor excruciante.
realizados a não ser que vão modificar a                      2,3,9,11,19,33,49,52
evolução da doença arterial oclusiva periférica.
                                                              Em aproximadamente 50% dos doentes
Por exemplo, uma derivação infra-inguinal
                                                              estudados, os sintomas aparecem subitamente
poderia ser evitada em um doente com
                                                              que     alcançam   a    intensidade   máxima
claudicação intermitente se fosse descoberta
                                                              rapidamente; nos outros 50% dos doentes, os
uma      doença     coronariana       avançada.
                                                              sintomas desenvolvem gradualmente de uma a
Semelhantemente, se a doença coronariana                      várias horas. A dor pode ser associada em
avançada fosse achada em um doente com
                                                              várias combinações: entorpecimento, frieza,
úlceras isquêmicas em ambos os pés, poderia
                                                              formigamento, ou, em ocasiões raras, paresia
fazer a opção por uma derivação extra-
                                                              total. A dor de oclusão arterial aguda pode
anatômica axilobifemoral ou procedimento
                                                              evoluir, depois de horas ou dias, para dor de
endovascular evitando uma operação de maior
                                                              neuropatia isquêmica ou tipo dor em repouso.6-
risco como um derivação aortobifemoral.                       11,19,33,37,49,52
Segundo, os testes não devem ser realizados a
                                                              É recomendado que casos de trombose arterial
menos esteja diante de um doente que
                                                              e     embolia    não     sejam   agrupados
clinicamente poderia ser necessário uma
                                                              indiscriminadamente. Caso de microembolia
intervenção como angioplastia coronariana
                                                              aterosclerótica (“síndrome do dedo azul”),
percutânea ou revascularização do miocárdio
                                                              normalmente apresenta com isquemia focal

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             Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
            Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                         José Baptista


temporária com perda de tecido secundária                     Compressão de raiz nervosa. A compressão
ocasional, mas sem isquemia difusa do antepé e                de raiz nervosa apresenta-se com dor
então deveria ser excluído completamente, ou                  continua; é típica com dor lombar irradiando
incluido em outra categoria. A prática de                     para    os    dermátomos    correspondentes.
incluir tais casos de isquemia focal temporária               Normalmente o exame vascular é normal.2
na categoria de membros ameaçados ou de
salvamento é condenada.2,3,11,19,33,44,48,50,52               Neuropatia     sensorial   periférica     não
                                                              diabética. Qualquer outra condição de lesão
- Dor da neuropatia isquêmica. A dor é                        de nervo sensorial para membros inferiores
intensa, difusa, e espasmódica, ordinariamente                pode desencadear dor no pé, o que pode ser
não corresponde a qualquer distribuição                       confundido com a dor isquêmica em repouso.
definida de nervos. A dor éreferida pelo                      Mas o exame dos pulsos se normal afasta lesão
doente como: um puxão, rasgando, queimação,                   arterial com exceção da microembolização
entorpecimento ou parestesia do membro                        (síndrome do dedo azul).2
acometido. As vezes, a dor é de difícil
definição e pode mudar de uma região para                     Cãibra noturna. Normalmente são contrações
outra. Durante os paroxismos, ocasionalmente                  espasmódicas noturnas nas panturrilhas,
a extremidade pode tornar-se empalidecida ou                  raramente acometem o pé. A causa precisa é
mosqueada, escura, e pletórica (hiperêmica).                  desconhecida. O exame vascular também é
Com cessação da dor intensa, a cor da pele                    normal.2
pode retornar quase que ao normal. Paroxismos
de dor excruciante são mais freqüentes á                      Dor de arterites, trombose venosa superficial
noite e podem durar de minutos a várias horas,                e linfangite. Arterite aguda énormalmente só
mas a isquemia não é tão grave que possa ser                  ligeiramente dolorosa, embora a enxaqueca de
responsável por quadro doloroso.2,3,4-11,19,33,52             granulomatosa aguda ou arterite craniana pode
                                                              ser descrita como intensa. Uma oportunidade
Neuropatia sensorial diabética. Embora a                      boa para estudar esta condição acontece
neuropatia diabética usualmente resulta em                    ocasionalmente quando artérias superficiais,
perda da função e anestesia, na minoria dos                   como a artéria radial, são intensamente
doentes diabéticos a neuropatia sensorial pode                inflamadas. Arterite crônica quase sempre
ser intensa com dor incapacitante do pé.                      éindolor. Na tromboangeite obliterante, por
Freqüentemente é descrita como sensação de                    exemplo, o doente não está ordinariamente
queimação, piorando a noite, dificultando                     atento ao processo inflamatório até trombose
diferenciar da dor isquêmica em repouso                       arterial extensa que causa deterioração da
atípica. O diagnóstico pode ser ajudado se o                  circulação arterial e claudicação intermitente
quadro acima for de distribuição simétrica em                 ou outros sintomas atribuidos à isquemia.1,2,3,6-
ambas às pernas, associado a hiperatividade                   11,33,52

cutânea e não alívio dos sintomas com os pés                  Na trombose venosa superficial e linfangite o
pendentes. O doente pode ter os sinais de                     processo inflamatório é superficial. Na
neuropatia diabética tais como a diminuição                   trombose      venosa       profunda    existe
dos reflexos.2                                                empastamento muscular e edema, o diagnóstico
                                                              diferencial é fácil, pois o doente tem pulsos
Distrofla simpática Reflexa ou causalgia.                     presentes, o que afasta oclusão arterial.
Doentes com distrofia simpática reflexa                       Flebite normalmente causa pouca dor, pode
apresenta       dor       (em      queimação),                aumentar devido à palpação da veia inflamada.
hipersensibilidade e distúrbio autonômico com                 Dor moderada atribuivel à estase venosa
fenômeno vasomotor. Na fase aguda o membro                    também pode acontecer.1,2,3,6-11,33,52
                                                              Aterosclerose é normalmente sem dor, só
pode apresentar-se quente e seco, mas
                                                              apresentando sintomas da mesma quando a
tardiamente com hiperidrose e mesclado
                                                              artéria tem estenose importante ou oclusão,
cianótico. Normalmente o edema não diminui
                                                              quando aneurisma rompe ou expande.1,2,3,4-
com elevação do membro. Os sintomas                           12,19,33,38,45,52
melhoram com bloqueio simpático.2

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             Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
            Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                         José Baptista


Outras doenças. Várias doenças podem evoluir                 da doença, como insuficiência renal terminal
com dor no pé: neuroma digital, compressão de                etc. O doente pode ter febre não elevada
nervo do túnel do tarso, fasceíte plantar,                   intermitente, e exames de sangue mostram
processos inflamatórios como — gota, artrite                 freqüentemente elevação de velocidade de
reumatóide etc.                                              hemossedimentaçãO (taxa de sedimentação de
                                                             eritrócitos) e de concentração de proteína C
Diagnóstico diferencial da úlceras.                          reativa. Se houver suspeitada de doença do
                                                             colágeno    serão   necessárias as provas
Úlcera venosa. A úlcera venosa é conseqüente                 imunológicas apropriadas.2
do aumento da pressão venosa devido à
insuficiência venosa crônica. A pressão venosa               Úlcera devida a doença de Buerger
é aumentada normalmente em conseqüência da                   (Tromboangeite obliterante). A doença de
oclusão do sistema venoso profundo, também                   Buerger é muito rara na Europa Ocidental e na
pode ser devida à insuficiência venosa                       América do Norte, mas é mais comum em
superficial sem lesão do sistema venoso                      outras partes do mundo. Essa doença causa
profundo. A ulceração é precedida por um                     estenose progressiva das artérias distais
período longo de alterações tróficas na pele                 caracterizada     histologicamente    por   um
tipicamente     acima   do    maléolo medial.                processo inflamatório agudo ativo. Há várias
lnicialmente tem edema, hiperpigmentação,                    teorias sobre sua etiologia, mas nenhuma causa
dermatofibrose e após anos aparece a úlcera.                 definitiva tem sido estabelecida, sendo que o
Após a cicatrização o local da úlcera torna-se               principal fator de risco é o tabagismo. As
esbranquiçado devido à falta de pigmentação,                 características da doença de Buerger são:
porém a pele junto à úlcera permanece com a                  • freqüentemente apresenta com úlceras no
pigmentação aumentada.                                          pé, claudicação é raro.
A dificuldade de diagnóstico aumenta quando                  • começo de sintomas normalmente antes dos
existe doença mista venosa e arterial, vários                   40 anos.
estudos têm mostrado que 10 a 15% das                        • sempre associado com o tabagismo e
úlceras venosas também têm componente                            normalmente       em     homens     jovens.
arterial.2                                                       Normalmente melhora com a parada do
                                                                 tabagismo.
Úlcera neuropática diabética. A úlcera                       • envolve o sistema venoso como também as
neuropática diabética pura normalmente éde                       artérias. A manifestação venosa comum é a
diagnóstico fácil, pois os pulsos estão                          tromboflebite        (trombose      venosa
presentes, e é mais freqüente nos individuos                     superficial) migratória.
insulinodependentes. A incidência de ulcera em               • pode afetar os membros superiores, mas
doentes diabéticos com isquemia pura,                            comumente afeta os membros inferiores.
neuropatia pura e mista (neuro-isquêmica) é                  • afeta artérias periféricas distais e
praticamente a mesma..52Porém, a distinção do                    normalmente      preserva     as   artérias
tipo de úlcera é importante tanto no                             proximais.
tratamento quanto no prognóstico, no Reino                   • o achado arteriográfico típico é a
Unido 4% das internações hospitalares são                        circulação colateral espiralada distal e
devidas a doentes diabéticos, sendo que                          ausência de lesões ateroscleróticas nas
destes 30% são em conseqüência de problemas                      artérias proximais.
nos pés.54                                                   • ausência de fatores de risco típicos para
                                                                 aterosclerose como hiperlididemias.
                                                             • fenômeno de Raynaud.

Úlcera devida a vasculite e doença do                        A     doença    tromboangeíte   obliterante
colágeno. O lúpus eritematoso sistêmico é a                  normalmente apresenta com ulceração ou
doença freqüente desse grupo e cursa com                     necrose distalmente nos pododáctilos e às
múltiplas   úlceras    pequenas    dolorosas                 vezes nos dedos das mãos. Por causa da
normalmente distais. A diagnose pode ser                     ausência de doença na artérias proximais, a
sugerida por outras manifestações sistêmicas                 claudicação intermitente é rara. Não há

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            Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
           Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                         José Baptista


nenhum exame de sangue específico para
confirmar o diagnose, nem tratamento                             CONSIDERAÇÕES FINAIS
específico, mas o achado histológico das
                                                                 lsquemia crônica crítica representa uma
artérias pequenas e veias que surge nas partes
afetadas é típico.2,56,57                                        redução aônica do fluxo de sangue distal e que
                                                                 a viabilidade dos membros está ameaçada.
                                                                 Manifestações dessa diminuição da perfusâo
Úlceras       associadas      com      doenças
                                                                 incluem: dor em repouso, úlceras de difícil
hematológicas. Anemia falciforme (sickle cell
                                                                 cicatrização ou gangrena. Tal uma redução do
disease) é uma doença hematológica que
                                                                 fluxo sangüíneo periférico é associada com
comumente causa ulceração nos membros
inferiores. O local das úlceras é semelhante ao                  progressão      da     aterosclerose    difusa,
                                                                 aumentando a possibilidade de morte.
das úlceras venosas. A incidência de úlceras
                                                                 Apesar de correção agressiva da isquemia
pode ser tão alta quanto 25% a 75% em
                                                                 distal, esses doentes têm uma probabilidade
doentes com anemia falciforme. Esse
                                                                 de vida limitada, com menos de 60% de
diagnóstico deve ser pensado nos doentes da
                                                                 sobrevida nos próximos 3 anos após
raça negra, solicitar exame de sangue
específico (pesquisar hemácia em forma de                        tratamento 57-59
                                                                 As metas terapêuticas para a isquemia crônica
foice) para excluí-lo.
                                                                 critica de membro têm que refletir o estado
58. Outras causas de ulceração de origem
                                                                 clínico do doente. Um tratamento ideal seria
hematológica são: leucemia aguda e crônica,
                                                                 aquele que melhorasse tanto o estado
policitemia, e trombocitemia. 57
                                                                 funcional da perna, como a probabilidade de
                                                                 vida    e   estado     funcional do    doente.
Outras doenças. Pioderma gangrenoso é
                                                                 Infelizmente, tais intervenções não têm
normalmente        associado   com     doença
                                                                 contudo sido desenvolvidas. O tratamento
inflamatória intestinal. Começa como pápulas
                                                                 deve priorizar o controle da doença sistêmica,
que rapidamente se transfomiam em úlceras.
                                                                 dos fatores de risco, e a melhoria da perfusão
Úlceras malignas. Vários tumores malignos
                                                                 distal; e nunca esquecer da triade: beneficio,
primários de pele ou metastáticos podem
                                                                 risco e custo.
aparecer nos pés. Além disso, úlceras venosas
                                                                 Cuidados     especiais    com    os   membros
existentes há muito tempo podem sofrer
malignização, sendo suas margens irregulares e                   isquêmicos: nunca aquecê-los, nunca esfriá-los,
                                                                 nunca comprimi-los e não usar produtos
elevadas. As lesões cutãneas de sarcoma de
                                                                 quimicos proteolitícos ou irntantes e nem
Kaposi começam freqüentemente ao redor dos
                                                                 antibióticos locais. Mantê-los protegidos com
pés e tornozelos como nódulos avermelhado-
marrom que pode evoluir para ulceração. Os                       meia de lã ou algodão, algodão ortopédico, sem
                                                                 compressão, etc. Não retirar as cuticulas
dois tipos principais de Iinfoma que causam
                                                                 (película que se destaca da pele em torno das
ulceração de perna são de micose fungóide e
                                                                 unhas). Ao aparar as unhas, deixá-las além do
linfossarcoma.
                                                                 hiponíquio (zona córnea da ponta do dedo que
Necrobiose      lipoídica    é  achada     em
                                                                 se     espessa)   para     prevenir  infecções
aproximadamente 0.3% de doentes diabéticos.
2                                                                subungueais.


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                                                                                                   Versão prévia publicada:
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                                                                                                      Conflito de interesse:
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                                                                                                        Fontes de fomento:
                                                                                                        Nenhuma declarada.
                                                                                               Data da última modificação:
                                                                                                     25 de agosto de 2002.
                                                                                                 Como citar este capítulo:
                                  Baptista-Silva JCC. Isquemia crônica crítica de membro: diagnóstico clínico. In: Pitta GBB,
                                                             Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular:
                                                                   guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003.
                                                                            Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
                                                                                                              Sobre o autor:




                                                       11/8/2004                                            Página 15 de 15
               Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
              Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Isquemia Crônica Crítica                                         José Baptista




                                                                             José Carlos Costa Baptista-Silva
                                          Professor Associado (livre docente) do Departamento de Cirurgia da
                                             Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina,
                                                                                           São Paulo, Brasil.
                                                                            Endereço para correspondência:
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                                         11/8/2004                                            Página 16 de 16
 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro

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Isquemia Crônica Crítica: Diagnóstico Clínico

  • 1. Isquemia Crônica Crítica José Baptista Isquemia Crônica Crítica de Membro: Diagnóstico Clínico José Carlos Costa Baptista-Silva INTRODUÇÃO Isquemia é definida como sendo o fluxo por embolia para artéria distante da fonte arterial insuficiente para manter as funções emboligena, ou oclusão de artéria nativa por normais teciduais, isto é a diminuição de trombose devida à doença pré-existente ou nutrientes (glicose, oxigênio, proteínas, pósrevascularização.2,3 vitaminas, enzimas, etc) para os tecidos e o A isquemia crônica de membro é aquela que retardo na retirada dos metabôlitos. A apresenta dor ao exercício e alivio em repouso, isquemia pode ser total quando o fluxo arterial devida à doença arterial, exemplo claudicação for insuficiente para manter a vida celular ou intermitente.2 tecidual, ou parcial que mantém a viabilidade Claudicação intermitente consiste em celular, porém com risco de evoluir para a fraqueza, desconforto, câimbra muscular, dor morte celular, dependendo da nobreza do só ao exercício (ao caminhar) dos membros tecido e do tempo em isquemia. Já a hipôxia é inferiores e melhora em repouso, conseqüente somente a diminuição de oferta de oxigênio à doença arterial. Os sintomas ocorrem aos tecidos, mas, também é lesiva aos tecidos.1 tipicamente nos grupos músculos distais à(s) A isquemia de membro aguda é qualquer estenose(s) ou à oclusão arterial e podem decréscimo agudo ou piora da perfusão do acometer as nádegas, coxas e panturrilhas. A membro causando potencial ameaça à dor é causada pela insuficiência fluxo arterial viabilidade da extremidade.2 para manter a demanda metabólica durante o A síndrome do dedo azul (blue toe) é um exercício muscular, entretanto os receptores exemplo de isquemia aguda, caracterizada dor da dor ainda são desconhecidos. O termo súbita, cianose dos pododáctilos e antepé claudicaçâo só pode ser usado para os devido à embolia (ateroembolismo) de fonte membros inferiores, pois, origina do latim arterial e que mantém todos pulsos presentes, claudicare que significa: coxear, manquejar, com oclusão das artérias digitais. Quadro não ter firmeza nos pés.2-4 semelhante também pode acontecer para os lsquemia crônica crítica de membro deve ser membros superiores.2,3 usada para todos doentes portadores de lsquemia aguda difusa do membro é isquemia crônica com dor em repouso de forte caracterizada por dor súbita e progressiva, intensidade e persistente (por mais de quatro entorpecimento, enfraquecimento, paralisia da semanas), úlceras ou gangrena, requerendo extremidade, acompanhada de palidez, as analgésicos especiais como opiáceos e vezes cianose, esfnamento, e ausência de atribuida objetivamente à doença arterial. A pulsos. lsquemia aguda étipicamente causada não cicatrização das úlceras 11/8/2004 Página 1 de 1 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 2. Isquemia Crônica Crítica José Baptista deve ser decorrente da isquemia (excluir com duração de 7 anos procurando a incidência neuropatia, infecção e outros fatores). A de ICCMI em 200 doentes com claudicação gangrena deve ser conseqüente da isquemia do intermitente e 190 controles, tendo antepé (excluir os casos de ateroembolismo). encontrado uma aproximação de 450 casos de Esta definição coincide com os estágios III e ICCMI e 112 de amputação por milhão de IV da classificação de Fontaine e também com habitante por ano e; segundo, um estudo as categorias 4, 5 e 6 de Rutherford das novas prospectivo de 3 meses de hospitalizações de recomendações das “Society for Vascular doentes com ICCMI em uma amostra de Surgery e lhe lntemational Society for hospitais em Lombardy; tendo encontrado uma Cardiovascular Surgery.2,4 aproximação de 652 casos de ICCMI e 160 de Dor em repouso é definida como: a dor em amputação por milhão de habitante por ano e repouso ou isquemia podálica difusa e terceiro, codificando as amputações maiores principalmente localizada no antepé ou realizadas em hospitais em duas regiões pododáctilos, pode se manifestar mais (sendo encontrada respectivamente proximal também, mas não poupa as partes encontrada uma aproximação de 577 e 530 distais, devida a isquemia crônica, e não é casos de ICCMI; e de 172 e 154 amputações aliviada com analgésicos comuns. Piora com por milhão de habitante por ano em Lombardy elevação do membro, é diminuída com o e Emilia Romagna). Os resultados dos três membro pendente e é piorada à noite. A dor é grupos foram substancialmente equivalentes causada pelo fluxo arterial insuficiente para em ordem de magnitude. 2 manter a demanda metabólica dos tecidos em A Sociedade Cirurgia Vascular de Inglaterra e repouso.1,2,3,4 Irlanda em 1995 encontrou que havia 20,000 Cianose fixa é definida como sendo a coloração doentes com isquemia crônica critica do cianôtica das extremidades que não se altera membro inferior na população, tendo uma com a mudança de posição ou elevação, devida incidência anual de 400 doentes por milhões de a isquemia, normalmente não reversível, habitante por ano. (2) A prevalência global de caracterizando a pré-gangrena. doentes com claudicação intermitente é 3%; e que 5% destes doentes desenvolverão isquemia Gangrena é necrose (morte celular, de tecido crônica critica do membro inferior nos ou de órgão) devido à obstrução, ou diminuição próximos 5 anos, isto dá uma incidência de do fluxo sangüineo; pode ser localizada numa isquemia crônica critica do membro inferior de pequena ares ou comprometer o membro 300 casos por milhões de habitante por ano. inteiro ou ôrgão, e pode ser seca Assumindo que são realizadas 90% de (mumificação) ou úmida. Caracterizada por amputações maiores devida à isquemia e que só cianose fixa, anestesia dos tecidos envolvidos, 25% de doentes com de isquemia crônica progredindo para a necrose (morte tecidual) critica do membro inferior requerem como resultado da redução do fluxo arterial e amputação maior, pode ser calculado que a sendo insuficiente para o mínimo metabolismo incidência de isquemia crônica crítica do requerido para manter a vida celular.1,2,3,4 membro inferior é aproximadamente 500 a 1000 por milhão de habitante por ano. E que Úlcera isquêmica é devida à insuficiência de provavelmente um novo doente em 100 doentes fluxo arterial, ou mínimo trauma de um tecido com claudicação intermitente irá ter isquemia isquêmico, e que a cicatrização é possível com crônica critica do membro inferior por ano na aumento do fluxo arterial na maioria das vezes população, sendo maior a incidência após os 70 requerendo fluxo pulsátil. Essa úlcera anos de idade. normalmente é muito dolorida e está presente mais tipicamente nas extremidades. A proporção de sexo masculino em relação ao feminino é de 1,5: 1, porém após os 80 anos é Há pouca informação direta sobre a incidência praticamente igual.2 de isquemia crônica critica do membro inferior (ICCMI). Catalano avaliou a incidência da Os doentes portadores de doenças arteriais ICCMI no norte da Itália em três grupos oclusivas estão expostos a quadros de isquemia diferentes. Primeiro, um estudo prospectivo aguda e crônica. Muitos desses doentes têm a 11/8/2004 Página 2 de 2 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 3. Isquemia Crônica Crítica José Baptista evolução da doença obstrutiva após vários semelhante a algumas formas malignas de episódios de isquemia aguda, ou melhor, câncer.2 agudização do quadro preexistente. Porém, outros evoluem de forma crônica com piora do FISIOPATOLOGIA DA MICROCIRCULAÇÃO quadro até isquemia crítica.1-12 NA ISQUEMIA CRÔNICA CRITICA DE MEMBRO O diagnóstico da isquemia crônica crítica dos O entendimento da fisiopatologia geral da membros é extremamente importante que seja isquemia crônica crítica de membro éessencial feito o mais breve possível, pois esta sindrome para o tratamento dos doentes, embora ainda é uma ameaça de perda de membro se o não esteja bem estabelecida em humanos. tratamento não for eficiente e rápido. Outro Conhecimento atual é em grande parte detalhe importante é não confundi-la com as baseado em epidemiologia em relação a fatores isquemias aguda e crônica. A isquemia crônica de risco, e extrapolação de resultados de crítica representa as fases III e IV da estudos em animais. O macro defeito classificação de Fontaine, e também com as circulatório é a aterosclerose. Deterioração da 4,5 e 6 categorias de Rutherford das novas macrocirculação e da pressão de perfusão do recomendações de “Society for Vascular membro resulta do aumento gradual da Surgery e lhe lnternational Society for aterosclerose, com episódios súbitos de Cardiovascular Surgery.2,3,7-1,7 (Figuras 1,2 e 3). deterioração causados por trombose sobreposta. lrombose local pode ser o PROGNÓSTICO resultado da ativação de plaquetas e A epidemiologia detalha os vários indicadores leucócitos, pois os mesmos entram em contato de prognóstico para perda de membro ou com ulcerações ou placas ateroscleróticas morte dos doentes com isquemia crônica rotas, possivelmente devido ao funcionamento critica de membro. Em geral, o prognóstico é do mecanismo local de defesa anti-trombótica. desfavorável e muito pior que para os doentes A isquemia crônica critica de membro acontece com claudicação intermitente. É impossível quando estenose ou oclusão arterial descrever a história natural destes doentes, prejudicam o fluxo sangüíneo a tal extensão porque quase todos os doentes diagnosticados que apesar de mecanismos compensatórios com isquemia crônica crítica de membro vão como formação colateral, não podem suprir as para revascularização de membro. A minoria exigências nutritivas da microcirculação dos doentes com isquemia crônica critica de periférica. Isto normalmente é causado devido membro tratada de modo conservador não é de à doença de múltiplos níveis. Em alguns casos, nenhuma maneira representativa do grupo as conseqüências hemodinâmicas de lesões inteiro. Eles tenderão representar a pior parte arteriais podem ser pioradas por insuficiência da amostra, pois não têm condições para venosa crônica ou por insuficiência cardíaca. revascularização dos membros, ou a Várias novas técnicas têm ajudado a revascularização foi tentada e não teve compreensão do microcirculação de pele que é sucesso, e evoluirão com dor em repouso. o tecido patológico alvo na maioria dos Porém, há informação recente sobre o que doentes. Estes incluem capilaroscopia, acontece a um grupo de doentes com isquemia vídeomicroscopia de fluorescência, crônica critica de membro não selecionados fluxometria de laser Doppler e medidas de recebendo o terapia disponível, que após um pressão parcial transcutânea de oxigênio. Em ano do diagnóstico, só metade dos doentes contraste com início da doença oclusiva estarão vivos sem uma amputação maior, arterial periférica em o baixo fluxo sangüíneo embora alguns destes ainda podem ter dor em para os músculos esqueléticos causa repouso ou gangrena. Aproximadamente 25% claudicação intermitente; enquanto na isquemia terão morrido, e 25% terão amputação maior. crônica crítica de membro a dor em repouso e Conseqüentemente tem se tentado o as lesões tróficas são atribuidas desenvolvimento de novas técnicas predominantemente a uma redução critica da operatórias, endovascular, drogas para estes microcirculação da pele- A microcirculação da doentes. O prognóstico dos doentes com pele é muita variável, o fluxo sangüíneo capilar isquemia crônica critica de membro é nutricional só representa aproximadamente 11/8/2004 Página 3 de 3 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 4. Isquemia Crônica Crítica José Baptista 15% do fluxo sangüíneo total no pé normal, já provável que os mecanismos anteriores sejam outros 85% têm a função termorreguladora. aumentados e influenciados na liberação de A função normal do microcirculação da pele toxinas pelas bactérias e da resposta pode ser considerada como um sistema imunológica celular. Embora hipotético porque regulador complexo do fluxo microvascular e eles são principalmente extrapolados de vários mecanismos de defesa. O sistema estudos em animal e in vitro, dois mediadores, regulador do fluxo microvascular inclui óxido nítrico e a prostaciclina, podem ser mecanismos de neurogenicos extrínsecos, particularmente importantes desativando as mediadores locais intrínsecos, e modulação células ativadas inapropriadamente e pelos fatores circulatórios humorais e dos restabelecendo fluxo sangüíneo. Além suas liberados pelas células sangüineas. O endotélio propriedades vasodilatoradoras, o óxido também participa na regulação do fluxo pela nítrico inibe sinergicamente a ativação de liberação de mediadores vasodiladores como plaqueta com a prostaciclina.2 prostaciclina e fator relaxante óxido nítrico e vários fatores contráteis como a endotelina. A QUADRO CLÍNICO ativação imprópria da hemostasia e da Os doentes com isquemia crítica de membro inflamação também têm desempenho apresentam dor devida à ulceração, gangrena fundamental na fisiopatologia da isquemia ou à lesão pré-trófica em tecidos isquêmicos. crônica crítica de membro. Na isquemia A dor da isquemia crítica émuita intensa, e crônica crítica de membro há uma má normalmente referida como lancinante, em distribuição da microcirculação da pele além pontada, formigamento. queimação, de uma redução no fluxo sangüíneo total. acometendo principalmente a parte distal da Estudos de microscopia capilar confirmaram extremidade. lsquemia com dor em repouso ou uma distribuição não homogênea de fluxo da isquemia podálica difusa e principalmente microcirculação cutânea. Isto é acompanhado localizada no antepé e só nos pododáctilos, por uma redução na pressão parcial pode se manifestar mais proximal também, transcutânea de oxigênio ou medida de mas não poupa as partes distais. Pode ser oxigênio transcutânea. A fase final dos piorada com a elevação do membro e com o eventos que conduzem a diminuição de frio, e aliviada através de membro pendente. perfusão capilar na isquemia crônica crítica de lsquemia podálica difusa é comumente membro não é estabelecida. Possíveis causas associada à pressão de tornozelo menor do que que contribuem: são colapso de arteríolas pré- 40 mmHg e de halux menor do que 30 mmHg. capilares devido à baixa pressão transmural, Diferente da dor da isquemia crônica não vasoespasmo arteriolar, microtromboses, crítica (claudicaçao intermitente) que colapso dos capilares pelo edema intersticial, normalmente se localiza na panturrilha durante oclusão capilar pelo edema endotelial, a marcha. O doente refere pé frio e pálido, ou agregação plaquetária, adesão leucocitária, ou mesclado de pálido e cianose com o membro na agregação das células sangüíneas e plaquetas. mesma altura do coração ou elevado, sendo que A ativação das plaquetas e leucócitos e mais após colocá-lo pendente torna-se lesão do endotélio vascular podem resultar em pletórico.9,10,11,18 vícios entre a ativação inapropriada de células Em casos extremos, o sono torna-se impossível através de vários mediadores. com o aumento da intensidade da dor. Muitas Foi descoberta uma variedade de marcadores vezes, o doente é obrigado a esfregar o pé, ou de coagulação sangüinea junto com a doença caminhar no quarto na tentativa de alívio da arterial oclusiva periférica. Estes podem dor. O doente durante o dia fica sempre favorecer formação de fibrina como também esperando a aproximação da noite com muita alterações no potencial fibrinolitico do sangue ansiedade, pois toda noite sempre é a mesma que pode inibir a dissolução de fibrina por rotina, não dorme com facilidade; durante exemplo, e niveis altos de inibidores da semanas o doente dorme com as pernas ativação do plasminogênio. Também há penduradas na lateral da cama, ou sentado na evidência crescente que leucócitos têm uma cadeira. Esta posição de membros pendentes funçao importante na oclusão microvasculação. leva à formação de edema, o que piora o Finalmente, na presença de infecções locais, é quadro clínico, e ainda devida àpressão 11/8/2004 Página 4 de 4 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 5. Isquemia Crônica Crítica José Baptista constante na mesma área isquêmica pode entre outras.2,3,5,9,11,16,19,20,28 evoluir com lesão trófica traumática nos Os dados da identificação, hábitos e pontos de apoio. Nos casos mais graves pode antecedentes não fornecem subsídios para o ocorrer contratura do joelho e da articulação diagnóstico sindrômico, entretanto podem ser do tornozelo devida à posição antálgica que o importantes para caracterizar a etiologia do doente adquiriu por vários dias. O doente processo isquêmico.5,8-11,19,20,30 Na história tabagista fuma intensamente na tentativa fútil sobressai, por sua importância, a claudicaçâo de aliviar a dor, porém, o fumo só agrava o intermitente (só utilizar esta terminologia quadro clínico, principalmente em decorrência para os membros inferiores) é o sintoma mais da vasoconstrição e porque também diminui o característico da presença de uma síndrome sono. A dor é constante e tão intensa que o isquêmica crônica; traduz aporte de sangue doente pára de comer, não dorme, insuficiente a um grupo muscular em atividade, normalmente perde peso, torna-se anêmico e demonstrando doença preexistente.2,3,7,10,11,19,31- 33 debilitado. Muitas vezes o alivio só é obtido se medicado com opiáceos. Na ausência de ulceração ou gangrena reconhecível, a dor EXAME FISICO intensa échamada de pré-trõfica e atribuída à O exame deve ser geral e especifico isquemia crônica critica (dor em compreendendo: tronco pescoço e membros repouso).2,3,11,18-20 devendo incluir inspeção, palpação, ausculta e obter a pressão arterial nos quatro membros. DIAGNÓSTICO A anamnese (palavra grega: informação acerca INSPEÇÃO do principio e evolução duma doença até a Na inspeção é fundamental que se observe com primeira observação do médico. catamnese: muito cuidado todo o corpo do doente e faça acompanhamento da evolução de um doente anotação das alterações da coloração da pele desde que recebe alta, hospitalar ou não, e que pode ter duração extremamente variável) e o palidez, cianose e fâneros. Alterações exame físico são fundamentais para o tróficas: tipo de pele (lisa, rugosa, diagnóstico correto das lesões causadas pela descamativa, seca, brilhante). Investigar o isquemia critica.2,3,9,11,19-24 estado do tecido subcutâneo: edema, flebite O diagnóstico depende de: anamnese, migratória, processo inflamatório. Observar se antecedentes individuais e hábitos, exame existem sufusões hemorrágicas, micose, fisico, provas funcionais e imagens.9,11,19,25 bolhas, ulcerações, gangrena seca ou úmida (infecção). É fundamental observar a palidez Os fatores de risco principais são: idade desencadeada após elevação do membro avançada, hipertensão arterial sistêmica, isquêmico e normalmente intensifica o quadro deslipidemias, cardiopatias, acidente vascular doloroso. Ulceras distais das extremidades cerebral, diabete melito, coagulopatias, podem ser causadas e persistirem, por vários obesidade, tabagismo, medicamentos, drogas, fatores distintos: pressão, insuficiência venosa imobilidade, doenças vasculares preexistentes, concomitante, trauma, neuropatia diabética, doença familiar, trauma (térmico, químico ou entre outras, e, além da insuficiência arterial mecânico), etc.2,3,9,11,19,26,27 crônica. O termo úlcera isquêmica não- Na anamnese é de fundamental importância cicatrizada (ou persistente) implica que interpretar corretamente as queixas do embora conheça a etiologia, também não há doente. O tempo decorrido entre o evento e a perfusão arterial suficiente para provocar uma consulta. Saber se o evento foi agudo e se resposta inflamatória requerida para a evoluiu de forma insidiosa. Caracterizar o tipo cicatrização8-11,19,34 e 41 (Figuras 1,2,3, e 4). de dor e como se manifestou e como está no A atrofia muscular é evidente principalmente momento. As alterações da cor da pele e se comparada com o membro contralateral (se temperatura, e lesões tróficas e suas este for normal e presente), porém às vezes características, trofismo muscular. Relação devido ao edema posicional fica difícil de dos sintomas com postura e temperatura diagnosticar a atrofia. E extremamente ambiente. Antecedentes operatórios: importante examinar os fâneros, pois, pois é operações gerais, operações cardiovasculares, muito comum queda dos pêlos e unhas 11/8/2004 Página 5 de 5 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 6. Isquemia Crônica Crítica José Baptista quebradiças devidas a isquemia (excluir se isto repouso típica.5,9-11,19 aconteceu devido ao uso de botas ou outro tipo de trauma). PALPAÇÃO Algumas provas propedêuticas simples, porém A palpação do doente é muita valiosa e muito importantes, devem fazer parte do devemos avaliar na extremidade a temperatura exame físico: prova de hiperemia reativa, em vários segmentos, a umidade, a espessura tempo de enchimento venoso e palidez à da pele, empastamento muscular. Os pulsos e elevação. suas intensidades são também analisados e Na prova de hiperemia reativa o doente é podemos qualificá-los em níveis ausentes, posicionado em decúbito dorsal, observa-se a diminuídos e normais.2 coloração das regiões plantares e em seguida Nos doentes com isquemia critica os pulsos do eleva-se o membro inferior até um ângulo membro isquêmico estão muito diminuídos ou entre 45 a 60 graus em relação ao plano do ausentes. leito, mantendo-os assim durante um minuto, Os pulsos das seguintes artérias devem ser quando se observa novamente a coloração. Nos palpados: radial, ulnar, braquial, axilar, indivíduos normais, ocorre discreta palidez subclávia, carótida, temporal, occipital, aorta (prova negativa) por diminuição do fluxo abdominal, iliaco (no indivíduo magro), femoral, sangUíneo na microcirculação. No doente com poplíteo, tibiais anterior e posterior. Durante isquemia, a coloração toma-se pálida ou pálido- a palpação deve-se ter o cuidado de estimar o cianótica (prova positiva). É de extrema diâmetro laterolateral arterial para afastar importância a comparação entre as duas aneurisma e também de detectar frêmitos. extremidades. Logo em seguida pede-se ao Muito importante é avaliar a textura, a doente para se sentar com os membros elasticidade e edema no subcutâneo e pele.9- pendentes e se observa o tempo de 11,19,33,45) enchimento venoso das veias do dorso do pé e Deve-se avaliar textura, nódulos ou processo coloração do mesmo. O tempo de enchimento inflamatório arterial que podem estar venoso no individuo normal é de 12 segundos e presentes em áreas de trombose ou embolia. temperatura ambiental ao redor de 3Q0 Celsius. (Se o doente for portador de varizes, AUSCULTA a prova de enchimento venoso não poderá ser Deve ser praticada habitualmente sobre o Svaliada). Quanto mais grave for à isquemia trajeto das artérias grandes e médias em todo mais longo será o tempo de enchimento venoso, corpo. Certamente como uma prática rotineira às vezes chegando há minutos. Com o membro pode-se ouvir sopros sobre as artérias com ainda pendente observar novamente o pé mais estenose tais com: axilar, subclávia, carótida, isquêmico normalmente torna-se mais aorta toràcica e abdominal, artérias viscerais, hiperêmico, devido ao aumento da vasoplegia iliaca, femoral e segmento femoropoplíteo. Os em conseqüência do agravamento da isquemia sinais e sintomas normalmente são suficientes durante a elevação do membro 2,5,10,11,19,34,35,42 e 46 para o diagnóstico preciso da isquemia crônica (Figura 4). crítica do membro inferior e também nos dá orientação topográfica da obstrução proximal. Figura 4 — A- Pés isquêmicos em repouso, B- Porém, podemos complementar o diagnóstico Paiidez do pé direito à elevação, C - Retardo clínico com métodos não-invasivos (Doppler do enchimento venoso do pé direito, tempo segmentar e mapeamento dúplex por ultra- maior que 30 segundos, membros pendentes, som, Siescape), angiotomografia, pós-elevação dos dois membros inferiores. D - angiorressonância magnética e invasivos com a Hiperemia reativa com membros pendentes. angiografia, exames estes que serão explicados em outros capítulos deste livro. Pode-se observar gangrena focal como nos Estes exames poderão nos ajudar no casos de trombose localizada ou diagnóstico topográfico, etiológico e microembolismo aterosclerótica focais, porém planejamento operatório.6,10,11,19,33-36,44-52 apresenta adequada perfusão adjacente. Tal A isquemia crônica dos membros pode ser gangrena focal também não pode ser associada classificada nas seguintes categorias com isquemia podàlica difusa ou com dor em (importantes na tomada decisão de tratamento 11/8/2004 Página 6 de 6 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 7. Isquemia Crônica Crítica José Baptista e no prognóstico) conforme Rutherford (1999) tabela 1.3: Avaliação clínica dos doentes com isquemia crônica critica de membro Embora a história e o exame físico, freqüentemente façam a diagnose de isquemia crônica crítica de membro com certeza, porém, estudos adicionais ajudam a entender melhorar o quadro do doente e o planejamento do tratamento. Estas investigações tém os seguintes propósitos: 1. confirmar o diagnóstico objetivamente. 2. localizar as lesões arteriais responsáveis e classificá-las em função da gravidade. 3. avaliar a necessidade de intervenção (predizendo o resultado da terapêutica conservadora) e ajudar na escolha de procedimento. Se uma intervenção operatória for indicada, estudos diagnóstico adicionais são necessários. 4. avaliar o risco, o benefício, o custo e a estratégia da operação. 5. Investigações básicas são necessárias principalmente para avaliar os fatores de risco da aterosclerose. 6. pesquisar outros locais de risco de aterosclerose como: artérias carótidas, coronárias, aorta, renais etc. Exames hematológicos e bioquímicos básicos Os seguintes exames são necessários: Medidas de pressão de tornozelo e halux hemograma completo, plaquetas, glicemia, uréia, creatinina, perfil lipídico, velocidade de A pressão de tornozelo deve ser mensurada em todos os doentes. Cuidados especiais hemossedimentaçào. devem ser tomados para diminuir os valores Exames adicionais para doentes atípicos falsos em doentes diabéticos, com artérias Doentes jovens, mulheres, e doentes sem calcificadas, com dor intensa etc. Em tais sinais de aterosclerose são necessários os casos, a pressão de halux deve ser mensurada seguintes exames: homocisteina, e perfil de pois ajuda na interpretação da pressão de coagulação, trombofilia. tornozelo. É uma boa prática mensurar a pressão de halux em todos os doentes com suspeita de isquemia crônica critica de membro, isto ajuda na avaliação da perfusão distal. Outro sintoma importante é a dor que o doente diabético sente no inicio da neuropatia, isto pode ser interpretado erroneamente como sendo isquemia crônica crítica do membro. Também aqui as pressões de tornozelo e halux são úteis. Geralmente a dor isquêmica em repouso acontece com pressão de tornozelo abaixo de 40 mm Hg e uma pressão de hálux menor de 30 mmHg. Assim, em doente não diabético com pressão de tomozelo acima de 11/8/2004 Página 7 de 7 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 8. Isquemia Crônica Crítica José Baptista 50 mmHg ou diabético com pressão de halux contagem das áreas hiperêmicas ao redor da acima 40 mm Hg, devem ser consideradas lesão pé e com áreas não ísquêmicas pode se outras causas de dor em repouso. Algumas conseguir uma relação simples para predizer a úlceras são isquêmicas de início, porém outras possível cicatrização.2 têm causas distintas inicialmente (como: traumática, venosa, ou neurotrófica), mas não Fluxometria com laser Doppler cicatrizará por causa da gravidade da isquemia A fluxometria de laser Doppler (FLD) estima o crônica crítica de membro subjacente. fluxo da pele local, mas a interpretação dos resultados é freqüentemente difícil porque a Investigação da microcirculação investigação exige aumentar antes a temperatura da pele. Os dados obtidos de Medida de tensão de oxigênio transcutàneo fluxo não mostram SÓ os vasos capilares e Eletrodos polarográficos de Clark modificados também não permitem distinção entre fluxo são usados para medir tensão de oxigênio na nutritivo e não nutritivo. Entretanto, a FLD e vasos capilares cutâneos. Os valores obtidos junto com radioisótopos podem ajudar na representam uma função complexa de fluxo determinação da perfusão de pele local.2 sangUíneo cutâneo, atividade metabólica, dissociação de oxihemoglobia, e perfusão de Capilaroscopia por microscopia oxigênio pelos tecidos. Em contraste com A capilaroscopia é útil para calcular isquemia microscopia capilar, seu valor no cálculo de tecidual; se os capilares são visibilizados, a perfusão nutritiva está limitado porque é uma morfologia dos capilares pode ajudar no medida indireta de perfusão de pele e não diagnóstico de doenças subjacentes como necessariamente derivado só de vasos doença sistêmica do colágeno. A capilaroscopia capilares. Uma gama extensiva de valores é e tensão de oxigênio transcutânea dão vista em pessoas normais. Em doentes mais informações aditivas sobre a gravidade da velhos, ou daqueles com doença isquemia; a curva de velocidade do sangue cardiopulmonar, um valor comparativo, tomado durante hiperemia reativa e o tensão de na região supraclavicular ou infraclavicular soma perspectiva (como ao comparar a pressão oxigênio transcutànea a 440C parecem prover braquial com a pressão de tornozelo). Em geral um valioso parâmetro para o diagnóstico de uma tensão de oxigênio de 30 mmHg sugere isquemia crônica crítica de membro. Em isquemia e não cicatrização, com variação de ± repouso o membro com isquemia cronica crítica lO mmHg. Isto pode predizer que a pode ter o fluxo de sangue de pele cicatrização não irá ocorrer com uma tensão surpreendentemente alto por causa da de oxigênio transcutânea menor que 20 mmHg dilatação permanente das arteriolas da pele e só acontecerá com uma tensão de oxigênio isquêmica: porém, quando a hiperemia reativa é transcutânea maior que de 40 mmHg. A tensão aplicada os valores de fluxo são extremamente de oxigênio transcutãnea éútil para calcular o baixos.2 grau de isquemia; tem um valor preditivo positivo de 77 a 87% na classificação dos Combinação de exames doentes com isquemia grave. Entretanto, a Como nenhum exame sozinho é um tensão de oxigênio transcutânea já é baixa em complemento seguro, outros exames podem ser doentes com isquemia relativamente necessários para avaliar o doente com isquemia moderada, ilustrando a difusão pobre de crônica critica do membro inferior. Esses oxigênio pela pele.2 exames são caros, assim devemos ter uma seqüência para avaliação começando com os Mapeamento de perfusão com radioisótopo menos caros e no menor intervalo de tempo O mapeamento de perf’usão do pé usando uma possível. Por exemplo, começar Doppler variedade de níveis de segmentar arterial. Se a pressão de tornozelo radionuclídeos pode ser útil, porque mostra se for maior que 70 mmHg e a pressão de halux existe uma resposta inflamatória for maior que 40 mm Hg, provavelmente suficiente para a cicatrização. Usando uma acontecerá cicatrização espontânea. Na gamacâmara fotográfica e comparando a 11/8/2004 Página 8 de 8 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 9. Isquemia Crônica Crítica José Baptista minoria de doentes necessitará de isquemia crônica crítica e a arteriografia fica pletismografia, medida de tensão transcutânea restrita para casos selecionados. Entretanto, de oxigênio ou mapeamento com radioisõtopos. na maioria dos doentes a medida de pressão Em doente diabético pode ser usada a mesma segmentar e a pletismografia são suficientes seqüência, mas se tiver a pressão de halux para avaliar a gravidade da isquemia. A acima de 50 mmHg provavelmente ocorrerá a arteriografia vai depender da avaliação do cicatrizaçao. Radiografias simples em duas ou cirurgião vascular se doente necessita de mais incidências podem ser útil para excluir procedimento intervencionista. Na decisão de osteomielite. procedimento intervencionista tem que avaliar Em geral, a avaliação de cicatrização de lesão o risco, o benefício e o custo tróftca em doente com isquemia crônica critica de membro será feita pelo exame Avaliação do risco da opção intervencionista clínico realizado pelo cirurgião responsável. Os Doentes portadores de isquemia crônica resultados de pressão segmentar e de crítica de membro inferior normalmente têm pletismografia podem ajudar, mas nenhum doença aterosclerótica em múltiplos locais exame é preditivo para cicatrização. Não como: coronariopatia, estenose de carótida, de obstante, esses exames indicam os níveis de artérias renais e também de artérias severidade da doença oclusiva subjacente. viscerais. Sendo que esses doentes são mais Medidas de perfusão da pele com graves e com mais risco que os doentes que só radioisõtopos são precisas, porém, caras e nem têm claudicação intermitente. sempre disponíveis. Esses exames podem Tratamento intervencionista tem chance maior ajudar na decisão de amputação de de sucesso nos doentes que estão no início ou pododáctilos ou transmetatársica sem com isquemia em repouso controlada ou ainda revascularização. Pressão de tornozelo maior com úlcera superficial. Isto é, o sucesso do que 70 mmHg em doente não diabético tem tratamento depende diretamente do grau de maior chance de cicatrização, e em doentes perfusão tecidual. Assim, uma pressão de com diabete será necessário à pressão de tornozelo acima 40 mmHg e uma pressão de halux ou pressão parcial transcutânea de halux maior que 50 mmHg, se este halux não oxigênio acima de 30 mmHg sugerem for necrótico. Pletismografia de volume probabilidade de sucesso do tratamento pulsátil transmetatársica ou tensão intervencionista. Reciprocamente, tais medidas transcutânea de oxigênio maior 40 mmHg ou a serão infrutíferas nos doentes com pressões perf’usão mapeada com tálio com relação de menores que 20 mmHg. 1,75:1 são indicadores de possível cicatrização A avaliação de risco operatório é sem revascularização. extensamente genérico e tem que ser avaliado doente por doente. Normalmente a avaliação Imagens se concentra nos órgãos vitais e na coagulação. Atenção especial tem que ser dada ao cérebro Avaliação do risco das opções e ao coração, sendo necessário na rotina um intervencionistas eletrocardiograma em repouso, e mapeamento Como os doentes com isquemia crônica critica dúplex de carótidas principalmente quando do membro inferior geralmente têm estas últimas têm sopro. O ecocardiograma envolvimento de múltiplos níveis arteriais, a transesofágico deve ser solicitado quando angiografia deverá ser completa na maioria do houver suspeita de embolia. doentes desde as artérias renais até o arco A alta prevalência de coronariopatia em podálico para o correto planejamento doentes com doença arterial oclusiva operatório. Mas a arteriografia só é periférica obriga o médico a procurar lesões justificada se houver a indicação clínica de coronarianas antes de um procedimento procedimentos invasivos seja cirúrgico aberto invasivo, principalmente operações abertas. ou endovascular. Uma pergunta importante e controversa, O mapeamento dúplex e a angiorressonância quando submeter os doentes a exames magnética estão cada vez mais sendo especiais como: utilizados na avaliação dos doentes com eletrocardiograma de esforço na esteira, 11/8/2004 Página 9 de 9 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 10. Isquemia Crônica Crítica José Baptista mapeamento perfusional cardíaco, aberta. ecocardiograma e coronariografia; além da Terceiro, os testes de avaliação do coração história clínica e eletrocardiograma em são melhores aplicados nos doentes com repouso. Nos doentes que têm só claudicação evidência clinica e eletrocardiográfica de intermitente dependendo do procedimento a doença da coronária (angina, história de ser realizado esses exames especiais são infarto do miocárdio, infarto do miocárdio importantes, pois como estes doentes não oculto pelo eletrocardiograma, episódios de conseguem caminhar o suficiente para insuficiência cardíaca congestiva) ou fatores desencadear a angina, fica difícil a avaliação associaram com risco alto (diabete, idade de isquemia assintomática do miocárdio. acima de 70 anos) e doentes com Porém, os doentes com isquemia crônica crítica aterosclerose multissegmentar e multiarterial de membro inferior são freqüentemente (carótida, visceral e artérias de perna). frágeis ou são incapazes de caminhar na Finalmente, o risco de complicações da doença esteira de esforço devido às lesões tróficas coronária aumenta com a necessidade de do pé. O valor principal da classificação intervenção aberta, de forma que a aplicação adicional destes doentes relaciona-se à principal destes testes está justificada nos necessidade de provável intervenção e doentes com indicação de revascularização por particularmente os riscos cardíacos em cirurgia aberta. operação de grande porte. O que é necessário para permitir avaliação de Pontuação clínica sistemática para avaliar o risco pré-operatório de diferentes risco de eventos cardíacos adversos associado procedimentos vasculares para doentes com operação geralmente não tem sucesso individuais, é um protocolo que usa parâmetros para predizer com precisão o risco real em pré-operatôrios e que seja especifico para doentes com doença arterial oclusiva cirurgia vascular e usa uma escala gradativa periférica. Porém, testes adicionais como: para cada tipo de operação vascular. Este mapeamento pertusional do coração (por protocolo está sendo preparado por um comitê exemplo: mapeamento tálio dipiridamol), ad hoc de Society for Vascular Surgry e ecocardiografia de estresse com dobutamida, lntemational Society for Cardiovascular Holter ambulatorial, ou ventriculografia Surgery.2 radioisotópica não têm demonstrado custo efetivo quando aplicados rotineiramente, mas DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL critérios de seleção aceitos universalmente ainda não foram desenvolvidos. - Dor de oclusão arterial súbita. Em alguns Não obstante, um protocolo deve ser seguido. casos, a oclusão arterial súbita écaracterizada Primeiro, esses exames não devem ser por inicio abrupto de dor excruciante. realizados a não ser que vão modificar a 2,3,9,11,19,33,49,52 evolução da doença arterial oclusiva periférica. Em aproximadamente 50% dos doentes Por exemplo, uma derivação infra-inguinal estudados, os sintomas aparecem subitamente poderia ser evitada em um doente com que alcançam a intensidade máxima claudicação intermitente se fosse descoberta rapidamente; nos outros 50% dos doentes, os uma doença coronariana avançada. sintomas desenvolvem gradualmente de uma a Semelhantemente, se a doença coronariana várias horas. A dor pode ser associada em avançada fosse achada em um doente com várias combinações: entorpecimento, frieza, úlceras isquêmicas em ambos os pés, poderia formigamento, ou, em ocasiões raras, paresia fazer a opção por uma derivação extra- total. A dor de oclusão arterial aguda pode anatômica axilobifemoral ou procedimento evoluir, depois de horas ou dias, para dor de endovascular evitando uma operação de maior neuropatia isquêmica ou tipo dor em repouso.6- risco como um derivação aortobifemoral. 11,19,33,37,49,52 Segundo, os testes não devem ser realizados a É recomendado que casos de trombose arterial menos esteja diante de um doente que e embolia não sejam agrupados clinicamente poderia ser necessário uma indiscriminadamente. Caso de microembolia intervenção como angioplastia coronariana aterosclerótica (“síndrome do dedo azul”), percutânea ou revascularização do miocárdio normalmente apresenta com isquemia focal 11/8/2004 Página 10 de 10 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 11. Isquemia Crônica Crítica José Baptista temporária com perda de tecido secundária Compressão de raiz nervosa. A compressão ocasional, mas sem isquemia difusa do antepé e de raiz nervosa apresenta-se com dor então deveria ser excluído completamente, ou continua; é típica com dor lombar irradiando incluido em outra categoria. A prática de para os dermátomos correspondentes. incluir tais casos de isquemia focal temporária Normalmente o exame vascular é normal.2 na categoria de membros ameaçados ou de salvamento é condenada.2,3,11,19,33,44,48,50,52 Neuropatia sensorial periférica não diabética. Qualquer outra condição de lesão - Dor da neuropatia isquêmica. A dor é de nervo sensorial para membros inferiores intensa, difusa, e espasmódica, ordinariamente pode desencadear dor no pé, o que pode ser não corresponde a qualquer distribuição confundido com a dor isquêmica em repouso. definida de nervos. A dor éreferida pelo Mas o exame dos pulsos se normal afasta lesão doente como: um puxão, rasgando, queimação, arterial com exceção da microembolização entorpecimento ou parestesia do membro (síndrome do dedo azul).2 acometido. As vezes, a dor é de difícil definição e pode mudar de uma região para Cãibra noturna. Normalmente são contrações outra. Durante os paroxismos, ocasionalmente espasmódicas noturnas nas panturrilhas, a extremidade pode tornar-se empalidecida ou raramente acometem o pé. A causa precisa é mosqueada, escura, e pletórica (hiperêmica). desconhecida. O exame vascular também é Com cessação da dor intensa, a cor da pele normal.2 pode retornar quase que ao normal. Paroxismos de dor excruciante são mais freqüentes á Dor de arterites, trombose venosa superficial noite e podem durar de minutos a várias horas, e linfangite. Arterite aguda énormalmente só mas a isquemia não é tão grave que possa ser ligeiramente dolorosa, embora a enxaqueca de responsável por quadro doloroso.2,3,4-11,19,33,52 granulomatosa aguda ou arterite craniana pode ser descrita como intensa. Uma oportunidade Neuropatia sensorial diabética. Embora a boa para estudar esta condição acontece neuropatia diabética usualmente resulta em ocasionalmente quando artérias superficiais, perda da função e anestesia, na minoria dos como a artéria radial, são intensamente doentes diabéticos a neuropatia sensorial pode inflamadas. Arterite crônica quase sempre ser intensa com dor incapacitante do pé. éindolor. Na tromboangeite obliterante, por Freqüentemente é descrita como sensação de exemplo, o doente não está ordinariamente queimação, piorando a noite, dificultando atento ao processo inflamatório até trombose diferenciar da dor isquêmica em repouso arterial extensa que causa deterioração da atípica. O diagnóstico pode ser ajudado se o circulação arterial e claudicação intermitente quadro acima for de distribuição simétrica em ou outros sintomas atribuidos à isquemia.1,2,3,6- ambas às pernas, associado a hiperatividade 11,33,52 cutânea e não alívio dos sintomas com os pés Na trombose venosa superficial e linfangite o pendentes. O doente pode ter os sinais de processo inflamatório é superficial. Na neuropatia diabética tais como a diminuição trombose venosa profunda existe dos reflexos.2 empastamento muscular e edema, o diagnóstico diferencial é fácil, pois o doente tem pulsos Distrofla simpática Reflexa ou causalgia. presentes, o que afasta oclusão arterial. Doentes com distrofia simpática reflexa Flebite normalmente causa pouca dor, pode apresenta dor (em queimação), aumentar devido à palpação da veia inflamada. hipersensibilidade e distúrbio autonômico com Dor moderada atribuivel à estase venosa fenômeno vasomotor. Na fase aguda o membro também pode acontecer.1,2,3,6-11,33,52 Aterosclerose é normalmente sem dor, só pode apresentar-se quente e seco, mas apresentando sintomas da mesma quando a tardiamente com hiperidrose e mesclado artéria tem estenose importante ou oclusão, cianótico. Normalmente o edema não diminui quando aneurisma rompe ou expande.1,2,3,4- com elevação do membro. Os sintomas 12,19,33,38,45,52 melhoram com bloqueio simpático.2 11/8/2004 Página 11 de 11 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 12. Isquemia Crônica Crítica José Baptista Outras doenças. Várias doenças podem evoluir da doença, como insuficiência renal terminal com dor no pé: neuroma digital, compressão de etc. O doente pode ter febre não elevada nervo do túnel do tarso, fasceíte plantar, intermitente, e exames de sangue mostram processos inflamatórios como — gota, artrite freqüentemente elevação de velocidade de reumatóide etc. hemossedimentaçãO (taxa de sedimentação de eritrócitos) e de concentração de proteína C Diagnóstico diferencial da úlceras. reativa. Se houver suspeitada de doença do colágeno serão necessárias as provas Úlcera venosa. A úlcera venosa é conseqüente imunológicas apropriadas.2 do aumento da pressão venosa devido à insuficiência venosa crônica. A pressão venosa Úlcera devida a doença de Buerger é aumentada normalmente em conseqüência da (Tromboangeite obliterante). A doença de oclusão do sistema venoso profundo, também Buerger é muito rara na Europa Ocidental e na pode ser devida à insuficiência venosa América do Norte, mas é mais comum em superficial sem lesão do sistema venoso outras partes do mundo. Essa doença causa profundo. A ulceração é precedida por um estenose progressiva das artérias distais período longo de alterações tróficas na pele caracterizada histologicamente por um tipicamente acima do maléolo medial. processo inflamatório agudo ativo. Há várias lnicialmente tem edema, hiperpigmentação, teorias sobre sua etiologia, mas nenhuma causa dermatofibrose e após anos aparece a úlcera. definitiva tem sido estabelecida, sendo que o Após a cicatrização o local da úlcera torna-se principal fator de risco é o tabagismo. As esbranquiçado devido à falta de pigmentação, características da doença de Buerger são: porém a pele junto à úlcera permanece com a • freqüentemente apresenta com úlceras no pigmentação aumentada. pé, claudicação é raro. A dificuldade de diagnóstico aumenta quando • começo de sintomas normalmente antes dos existe doença mista venosa e arterial, vários 40 anos. estudos têm mostrado que 10 a 15% das • sempre associado com o tabagismo e úlceras venosas também têm componente normalmente em homens jovens. arterial.2 Normalmente melhora com a parada do tabagismo. Úlcera neuropática diabética. A úlcera • envolve o sistema venoso como também as neuropática diabética pura normalmente éde artérias. A manifestação venosa comum é a diagnóstico fácil, pois os pulsos estão tromboflebite (trombose venosa presentes, e é mais freqüente nos individuos superficial) migratória. insulinodependentes. A incidência de ulcera em • pode afetar os membros superiores, mas doentes diabéticos com isquemia pura, comumente afeta os membros inferiores. neuropatia pura e mista (neuro-isquêmica) é • afeta artérias periféricas distais e praticamente a mesma..52Porém, a distinção do normalmente preserva as artérias tipo de úlcera é importante tanto no proximais. tratamento quanto no prognóstico, no Reino • o achado arteriográfico típico é a Unido 4% das internações hospitalares são circulação colateral espiralada distal e devidas a doentes diabéticos, sendo que ausência de lesões ateroscleróticas nas destes 30% são em conseqüência de problemas artérias proximais. nos pés.54 • ausência de fatores de risco típicos para aterosclerose como hiperlididemias. • fenômeno de Raynaud. Úlcera devida a vasculite e doença do A doença tromboangeíte obliterante colágeno. O lúpus eritematoso sistêmico é a normalmente apresenta com ulceração ou doença freqüente desse grupo e cursa com necrose distalmente nos pododáctilos e às múltiplas úlceras pequenas dolorosas vezes nos dedos das mãos. Por causa da normalmente distais. A diagnose pode ser ausência de doença na artérias proximais, a sugerida por outras manifestações sistêmicas claudicação intermitente é rara. Não há 11/8/2004 Página 12 de 12 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 13. Isquemia Crônica Crítica José Baptista nenhum exame de sangue específico para confirmar o diagnose, nem tratamento CONSIDERAÇÕES FINAIS específico, mas o achado histológico das lsquemia crônica crítica representa uma artérias pequenas e veias que surge nas partes afetadas é típico.2,56,57 redução aônica do fluxo de sangue distal e que a viabilidade dos membros está ameaçada. Manifestações dessa diminuição da perfusâo Úlceras associadas com doenças incluem: dor em repouso, úlceras de difícil hematológicas. Anemia falciforme (sickle cell cicatrização ou gangrena. Tal uma redução do disease) é uma doença hematológica que fluxo sangüíneo periférico é associada com comumente causa ulceração nos membros inferiores. O local das úlceras é semelhante ao progressão da aterosclerose difusa, aumentando a possibilidade de morte. das úlceras venosas. A incidência de úlceras Apesar de correção agressiva da isquemia pode ser tão alta quanto 25% a 75% em distal, esses doentes têm uma probabilidade doentes com anemia falciforme. Esse de vida limitada, com menos de 60% de diagnóstico deve ser pensado nos doentes da sobrevida nos próximos 3 anos após raça negra, solicitar exame de sangue específico (pesquisar hemácia em forma de tratamento 57-59 As metas terapêuticas para a isquemia crônica foice) para excluí-lo. critica de membro têm que refletir o estado 58. Outras causas de ulceração de origem clínico do doente. Um tratamento ideal seria hematológica são: leucemia aguda e crônica, aquele que melhorasse tanto o estado policitemia, e trombocitemia. 57 funcional da perna, como a probabilidade de vida e estado funcional do doente. Outras doenças. Pioderma gangrenoso é Infelizmente, tais intervenções não têm normalmente associado com doença contudo sido desenvolvidas. O tratamento inflamatória intestinal. Começa como pápulas deve priorizar o controle da doença sistêmica, que rapidamente se transfomiam em úlceras. dos fatores de risco, e a melhoria da perfusão Úlceras malignas. Vários tumores malignos distal; e nunca esquecer da triade: beneficio, primários de pele ou metastáticos podem risco e custo. aparecer nos pés. Além disso, úlceras venosas Cuidados especiais com os membros existentes há muito tempo podem sofrer malignização, sendo suas margens irregulares e isquêmicos: nunca aquecê-los, nunca esfriá-los, nunca comprimi-los e não usar produtos elevadas. As lesões cutãneas de sarcoma de quimicos proteolitícos ou irntantes e nem Kaposi começam freqüentemente ao redor dos antibióticos locais. Mantê-los protegidos com pés e tornozelos como nódulos avermelhado- marrom que pode evoluir para ulceração. Os meia de lã ou algodão, algodão ortopédico, sem compressão, etc. Não retirar as cuticulas dois tipos principais de Iinfoma que causam (película que se destaca da pele em torno das ulceração de perna são de micose fungóide e unhas). Ao aparar as unhas, deixá-las além do linfossarcoma. hiponíquio (zona córnea da ponta do dedo que Necrobiose lipoídica é achada em se espessa) para prevenir infecções aproximadamente 0.3% de doentes diabéticos. 2 subungueais. REFERÊNCIAS 1. D’Alecy LG, Zelenock GB: Pathophysiology of ischemia A, Jacobs M: Critical limb ischemia. Armonk (NY): and hypoxia. ln: Zelenock GB, DAlecy LG, Shlafer M, Futura; 1999. p. 1-9. Fantone III JC, Stanley UC. Clinical ischemic 4. DeWeese JA, Leather R, Poder J. Practice syndromes: mechanisms and consequences of tissue guidelines: Iower extremity revascularization. U Vaso injury. St Louis: lhe CV Mosby company; 1990. p. 147- Surg. 1993;18(2):280-94. 158. 5. Kroese AU, stranden E. How critical is chronical 2. Management of the peripheral arterial disease (PAD): criticai leg ischaemia? Ann Chir Gynaecol transatlantic intersociety consensus (TASC). Eur 3 1998;87:141-4 Vasc Endovasc Surg 2000; 19(suppl A):sl-s250. 6. Rosén L. Analytic decision-making in patients with 3. Rutherford RB. lhe definition of critical limb critical 11mb ischaemia. Ann Chir Gynaecol ischemia: advantages and limitations. In: Branchereau 1998;87:145-8. 11/8/2004 Página 13 de 13 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 14. Isquemia Crônica Crítica José Baptista 7. Luther M. A case for an aggressive reconstruction 25. Salenius U-P, Lepantalo M, Ylõnen K, Luther M, the policy for CLI. Ann Chir Gynaecol 1998;87:149-52. Finnvasc Study Group. Treatment of peripheral 8. Second European consensus document on chronic vascular diseases—basic data from the nationwide critical leg ischemia. Eur J Vaso Surg 1992;6:(Suppl vascular registry Finnvasc. Ann Chir Gynaecol A). 1993;82:235-40. 9. Fontaíne R, Kim M, Kieny R: Die Chirurgische 26. Perler BA. Vascular disease in the elderly patient. Behandlung der peripheren DurchBlutungsstorungen. Surg Clin N Am 1994;74:199-216. Heiv Chir Acta 1954;21:499-52. 27. Hands Li, Sharif MH, Payne GS, Morris RI, Radda Gk: 10. The i.c.a.i. Group. Long-term mortality and its Muscle ischaemia in peripheral vascular disease predictors in patients with critical Ieg ischaemia. studied by 31 P-magnetic resonance spectroscopy. EurJ Vaso EndovascSurg 1997;14:91-5. 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  • 15. Isquemia Crônica Crítica José Baptista strategies in lower limb threatening ischaemia. Ann 51. Ouriel K, Fiore WM, Geary dE: Limb-threatening Surg 1990;212(4):402-14. ischaemia in the medically compromised patient: 43. Elfstrom J, Stubberod A,Troeng T. Patients not amputation or revascularization? Surgery included in medical audit have worse ouuome than 1988:104:667-672. those included. lnt 3 Qual Health Care 52. 52.Fairbairn II JF. CIinical manifestations of 1996;8(2):153-7. peripheral vascular disease. ln: Juergens JL, Spittell 44. Bergqvist D, Einarsson E, Elfstrõm 3, Norgen L, Jr JÁ, Fairbairn II JF editores. Pripheral vascular Troeng T. Experience with the Swedish vascular disease. 5~ ed, Philadelphia: Saunders; 1980. p. 3-50. registry. Vasc Med Rew 1994;5:151-60. 53. Standl E, Hillebrand 6, Stiegler H. Microangiopathy 45. Jensen LP, Schroeder TV, Madsen PV, Lorenzen dE. within the context ofdiabetic foot problems: fiction Vascular registers in Denmark based on personal orfact]? Vasa 1992:35(Suppl):25-6. computers. Ann Chir Gynaecol 1992;81:253-6. 54. Williams DR. Hospital admissions of diabetic 46. Lepãntalo M, Mãtzle S. Oukome of unreconstructed patients: information from hospital activity analysis. chronic cridcal Ieg ischaemia. Eur 3 Vasc Endovasc Diabet Med. 1985:2(1):27-32. Surg 1996:11:153-7. 55. Colbum MD, Moore WS. Buergers disease. Heart Dis 47. 47.Bell PRF, Charlesworth D, DePalma RG, et ai.: The stroke 1993;2:424-32. definihon of crictial ischaemia of a limb. “Working 56. Koshy M, Entsuah R, Koranda A, Kraus AP, .Johnson Party” of the lnternational Vascular Symposium. Br 3 R, Bellvue R, Flournoy-Gill Z, Levy P. Leg ulcers in Surg 1982;69 (Suppl): 2 patients with sickle cell disease. Blood 1989; 48. UK Severe limb ischaemia study group. lreatment of 74:1403-8. limb threatening ischaemia with intravenous lloprost: 57. ltin PH, Wmke!mann RK. Cutaneous manifestations in a randomised double-blind placebo controlled study. patients with essential thrombocythemia. 3Am Acad Eur 3 Vasc Surg 1991;5:511-6. Dermatol 1991;24:59-63. 49. laylor LMjr, Porter JM: Natural history and 58. Reifsnyder T, Grossman JP, Leers SA. Limb loss nonoperative treatment of chronic lower extremity after lower extremity bypass. Am,J Surg ischemia. ln: Rutherford RB, editor. Vascular 1997;174(2):149-51. Surgery. Philadelphia: Saunders; 1989. p. 653-658. 59. Troeng T, Bergqvist D, Janson L. lncidence and 50. Sorensen 5, Lorentzen JE, Schroeder TV: Prognosis causes of adverse outcomes of operation for chronic for 11mb loss in patients with chronic critical ischemia of the leg. Eur 3 Surg 1994;160(1):17-25 ischemia considered technically inoperable. Vasc Surg 1992;6:283-9. Versão prévia publicada: Nenhuma Conflito de interesse: Nenhum declarado. Fontes de fomento: Nenhuma declarada. Data da última modificação: 25 de agosto de 2002. Como citar este capítulo: Baptista-Silva JCC. Isquemia crônica crítica de membro: diagnóstico clínico. In: Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro Sobre o autor: 11/8/2004 Página 15 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro
  • 16. Isquemia Crônica Crítica José Baptista José Carlos Costa Baptista-Silva Professor Associado (livre docente) do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina, São Paulo, Brasil. Endereço para correspondência: Rua Borges Lagoa 564, conj 124. 04038-000 São Paulo, SP Fone: +11 55718419 Fax: +11 5574 5253 Correio eletrônico: jocabaptista@uol.com.br URL: http://www.bapbaptista.com 11/8/2004 Página 16 de 16 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro