1. 1
Erros e contradições na teologia unicista
No final do segundo século, a heresia conhecida como
Monarquianismo se opôs ferozmente contra a teologia
trinitariana. Eles se dividiam em dois grupos: a)
Monarquianismo Dinâmico: defendia que Cristo era apenas
um homem, adotado por Deus por ocasião de seu batismo;
b) Monarquianismo Modalista: sustentava que o Pai, o
Filho e o Espírito Santo seriam três “modos” sucessivos
segundo os quais Deus se “manifestava” e trazia salvação
aos homens. Alguns dos mais proeminentes defensores do
Modalismo nessa época foram Noetos, Praxeas, Calixto e
Sabélio. Do outro lado, Tertuliano, Hipólito e Orígenes
formaram uma frente única contra o unicismo.
Em virtude dos intensos debates travados no segundo
século e durante os séculos seguintes, o unicismo
desapareceu da História, vindo a se recuperar muito tempo
depois. Hoje, mais de cem anos depois dos primeiros
“avivamentos” que varreram os Estados Unidos, o unicismo
encontra-se em todo o mundo, tendo diversas ramificações
em nosso país.
Origem e história
A origem do unicismo se prende aos primeiros séculos
da Era Cristã. Os mais antigos relatos que se têm noticia é
de Praxeas ensinando na Ásia Menor, enquanto Noetos
aparece pregando em Roma. Noetos foi quem primeiro
formulou uma teologia essencialmente unicista. Ele foi
bispo de Esmirna, quando por volta de 180 d. C começou a
ensinar o que mais tarde seria conhecido como
Monarquianismo. Expulso da Igreja de Esmirna por causa
de sua insubmissão ao ministério, Noetos se refugiou em
Roma, onde mais tarde conheceria Epigonus, primeiro
discípulo e propagador de sua ideias.
2. 2
Outro destacado líder do unicismo por essa época foi
Praxeas. Oriundo da Ásia Menor, Praxeas era conhecido por
seu gênero inquieto, arrogante e perspicaz. Ele chegou a
Roma de maneira sutil, passando despercebido até mesmo
pelo experiente Hipólito. Formado aos pés de Noetos,
Praxeas desenvolveu boa parte de seu ministério em
Cartago, onde encontrou forte oposição por parte de
Tertuliano. Praxeas negava a preexistência do Filho, usando
o termo Filho aplicado apenas à encarnação. Segundo este
bispo, o Filho seria carne; o Pai Espírito (Deus). Era assim
que Praxeas entendia as duas naturezas do Filho, sendo
hoje um dos principais artifícios do unicismo. Essa doutrina
foi combatida por Tertuliano em Contra Praxeas, quando
pela primeira vez o apologista Tertuliano usa o termo
trinitas (“trindade”) para a divindade. [1]
O unicismo, enquanto tentativa de explicar a natureza de
Deus, ganhou corpo a partir do terceiro século. Movido pelo
racha do Monarquianismo em Dinâmico e Modalista, ainda
no fim do segundo século, Sabélio – um bispo de uma igreja
cristã do norte da África -, saiu em defesa do Modalismo.
Sabélio estabeleceu novas diretrizes ao unicismo, do que lhe
valeu o título de “maior defensor do Modalismo (unicismo)
da História”. Muitas das definições que conhecemos hoje,
como “modos do Pai”, “modos do Filho” e “modos do
Espírito Santo”, tiveram origem em Sabélio. Apesar da forte
oposição encontrada por parte de alguns lideres da igreja na
época, entre eles Tertuliano e Orígenes, Sabélio “progrediu”,
encontrando na massa dos fiéis seus principais seguidores.
Sabélio foi excomungado em 220 d.C. pelo Papa Calixto,
que muitos em sua época diziam ter aderido ao unicismo. A
doutrina unicista foi condenada de maneira definitiva pelo
Papa Dionísio de Alexandria, quando em 263 d.C derrotou o
sabelianismo.
O pentecostalismo unicista no vigésimo século
Embora não exista consenso quanto a data exata do
reaparecimento do unicismo no vigésimo século, alguns
3. 3
autores têm proposto o ano de 1913 como o marco de sua
restauração. Foi durante um acampamento em Los Angeles,
em 15 de abril, que um pregador canadense o Rev. R. E.
Masclester passou a ensinar que o “verdadeiro” batismo é
em nome de Jesus. Sua mensagem foi recebida por uns e
rejeitada por outros. Entre eles estava John S. Sheppe,
fundador de um movimento conhecido como “Só Jesus”, e o
evangelista Frank Ewart, outro expoente do movimento.
Homens como Glen A. Cook, G. T. Hoywood, E. N.
Em 1916, por ocasião da Convenção Geral das Assembleias
de Deus, a doutrina bíblica da Trindade foi reafirmada,
resultando na exclusão de 156 pastores e suas respectivas
igrejas. Surgia a Assembleia Geral das Assembleias
Apostólicas (AGAA), que se uniu, em 1918, a um outro
grupo conhecido como Assembleias Pentecostais do Mundo
(APM). Dessa junção surgiriam duas outras organizações:
as Assembleias Pentecostais de Jesus Cristo, liderada por
W.T. Witherpson e a Igreja Incorporada, liderada por
Hoywoord A. Gss. Essas se uniram para fundar, em 1945, a
Igreja Pentecostal Unida Internacional (IPUI). Eles
adotaram a seguinte doutrina fundamental.
“A doutrina básica fundamental desta organização será o
padrão bíblico de salvação completa, o que significa o
arrependimento, o batismo por imersão em águas em nome
do Senhor Jesus Cristo e o batismo com o Espírito Santo
com o sinal inicial de falar em outras línguas de acordo com
a direção do Espírito. Procuremos manter a unidade do
Espírito até que cheguemos à unidade da fé, ao mesmo
tempo advertindo a todos os irmãos que não provoquem
polêmica pelos seus pontos de vista diferentes para a
desunião do corpo”. [2]
Principais ramificações no Brasil
4. 4
Hoje existem várias ramificações do unicismo no
mundo. No Brasil, quatro principais grupos se destacam, a
saber a Igreja de Deus no Brasil, a Igreja Local de Witnees
Lee, o Ministério A Voz da Verdade e os Adeptos do Nome
Yehoshua e suas Variantes. Vejamos cada um desses grupos
distintamente.
A Igreja de Deus no Brasil
A presença do unicismo em nosso país esta
primeiramente ligada ao ministério do chileno Juan
Bautista Álviar. Vamos conhecer um pouco de sua vida e o
que levou ao unicismo. O testemunho a seguir foi publicado
no jornal Voz Apostólica, Edição V – ano II – 2004, pág. 11.
Era 11 de outubro de 1933. Em Santiago do Chile, entre
as 19 e 20 horas, estava em andamento um culto ao ar livre,
comum naqueles dias de “avivamento”. Naquele mesmo
lugar, uma jovem senhorita, Maria Susana Álviar, entrava
em trabalho de parto. Seu marido, Luiz Antonio Álviar, de
igual modo se encontrava em um outro bairro num culto
semelhante, alheio da chegada de seu primogênito. Ao
regressar para casa encontrou um bilhete comunicando que
sua esposa estava na maternidade; sabendo que não poderia
vê-la de imediato, pois já era tarde da noite, orou ao Senhor
e perguntou a Deus qual era o sexo da criança e qual nome
deveria lhe dar. Ao abrir a Bíblia, seus olhos se detiveram na
passagem de Lucas 1.63 “João – Juan em espanhol – será
seu nome”. Na maternidade do Salvador, Susana, com seus
olhos fitos em seu filho, orava a Deus e pedia um nome para
aquele bebê e, naquele mesmo instante, Deus lhe disse em
alto e bom som: “seu nome será Juan Bautista”.
Por várias vezes em sua infância foi “visitado” por anjos
de Deus em sua humilde casa. Na noite em que seus pais
saiam para pregar, como filho mais velho, cuidava de seus
irmãos. Seu “amor” pela obra de Cristo vinha do grande
testemunho de seus pais, como também das experiências
vividas por ele. Assim, ainda jovem, menino até, já
5. 5
anunciava Jesus. Em 15 de julho de 1954 casou-se com
Doroty Jean, filha de missionários americanos e tiveram
seis filhos.
Juan e sua esposa são enviados ao Brasil
Em 17 de março de 1958, já missionário, Juan e sua
esposa, após “ouvirem” a voz do Senhor por várias vezes os
“enviando” ao Brasil, voavam de Deatle para Nova Yorque,
de lá para Caracas, na Venezuela, chegando ao Brasil em 19
de março. Sua vinda ao Brasil coincidiu com os primeiros
anos da Igreja Brasil para Cristo. Inicialmente radicado a
essa igreja, Álviar permaneceu por muitos anos alheio as
suas crenças. Foi somente no começo da década de 60 que
decidiu romper com seu silêncio, dando inicio a uma
“revolução” que o levaria a fundar um movimento que ficou
conhecido como “Marcha para Jesus”. Atualmente esse
movimento é conhecido como “A Igreja de Deus no Brasil”,
que é unicista e batiza apenas em nome de Jesus.
Em 1994 foi convidado para pastorear uma igreja nos
Estados Unidos, a Apostolic Tabernacle Churche.
Atendendo o “chamado” divino, Juan e sua família mudam-
se para Berkerfild, Califórnia, onde passaria os últimos dias
de sua vida. No começo de 2003, mesmo sob severas
recomendações de seus médicos e amigos de ministério,
Aliviar decide empreender sua última viagem ao Brasil,
quando participaria da Convenção Geral da A Igreja de
Deus no Brasil. Já de volta aos Estados Unidos, em 10 de
dezembro de 2003, Juan Bautista Álviar vem a falecer. Com
a presidência da igreja ficaria seu irmão, o Rev. Adan Álviar,
que teria pela frente uma dura tarefa – decidir o que fazer
com os que se opunham a “grande revelação da unicidade”.
Como nada mais poderia ser feito, foi decidido,
unâmimente, que os tais deveriam se afastar da igreja.
Desorientados, fundaram um movimento conhecido como
“Igreja de Deus no Brasil” (sem a vogal “A” antes de “Igreja
6. 6
de Deus no Brasil”), os quais passaram a fazer franca
oposição ao unicismo.
A Igreja Local
Mantenedora do jornal Árvore da Vida, a Igreja Local
não se explica por si mesma. Na verdade, não existe um
termo próprio para essa organização. Eles são conhecidos
como a “Igreja de São Paulo”, a “Igreja de Los Angeles”, a
“Igreja de Taiwan” etc. Essa definição teve origem a partir
dos ensinos de Watchman Nee.
“Este termo, a base da igreja, foi usado pela primeira vez
pelo irmão Watchman Nee em 1937. Antes de 1937, jamais
havíamos ouvido ou visto este termo, e a questão da base da
igreja, tanto quanto fomos capazes de determinar, não era
conhecida (…) A base é o terreno sobre o qual é colocado o
fundamento. Há muitas assim chamadas igrejas em São
Paulo. Uma, a Igreja Católica Romana, proclama estar
edificada em Cristo como o seu fundamento. Outra, a Igreja
Presbiteriana, também proclama que seu fundamento não é
outro senão Cristo. Os batistas, os quakers, os metodistas,
os episcopais, os luteranos, os nazarenos e muitos outros
proclamam a mesma coisa. Na verdade, não há uma assim
chamada Igreja cristã que não faça isto. Todas proclamam
que Cristo é o fundamento delas, mas têm negligenciado
totalmente a questão da base (…)
As Escrituras mostram claramente que em cada localidade a
expressão do corpo de Cristo, isto é, a Igreja Local, deve ser
uma. Não há lugar nas Escrituras que se registre mais de
uma Igreja Local numa determinada cidade. Se você esta
vivendo em São Paulo, deve ser edificado juntamente com
os irmãos de São Paulo, como a igreja naquela localidade.
Se você esta em Tóquio, devera ser edificado com aqueles
que são salvos em Tóquio, como a igreja naquela localidade.
Como cristão vivendo numa localidade, você deve ser
edificado com os outros cristãos naquela localidade, como a
7. 7
única igreja ali, a qual deveria ser chamada a Igreja Naquele
Lugar”. [3]
O que cremos
O jornal Árvore da Vida, ano 13, número 128, página 6, traz
assim o seu artigo de fé:
1) A Bíblia Sagrada é a revelação divina, verbalmente
inspirada pelo Espírito Santo;
2) Deus é único e triúno – o Pai, o Filho e o Espírito Santo –
coexistindo em igualdade de eternidade a eternidade;
3) O Filho de Deus, sendo o próprio Deus, encarnou-se para
ser um homem, de nome Jesus, nascido da virgem Maria,
para ser nosso Redentor e Salvador;
4) Jesus, um homem genuíno, viveu trinta e três anos e
meio para tornar Deus Pai conhecido dos homens;
5) Jesus, o Cristo ungido por Deus com seu Espírito Santo,
morreu na cruz por nossos pecados e derramou seu sangue
para o cumprimento de nossa redenção;
6) Jesus Cristo, depois de sepultado por três dias,
ressuscitou dos mortos, e que, em ressurreição, tornou-se o
Espírito que dá vida para transmitir a si mesmo para dentro
de nós como nossa vida e tudo para nós;
7) Após sua ressurreição, Cristo ascendeu aos céus e Deus o
fez Senhor de todas as coisas;
8) Após sua ascensão, Cristo derramou o Espírito de Deus
para batizar seus membros escolhidos para dentro do único
corpo e que o Espírito de Cristo esta se movendo na terra
para convencer os pecadores, regenerar o povo escolhido de
Deus, habitar nos membros de Cristo para seu crescimento
em vida e para edificar o corpo de Cristo com vistas a sua
plena salvação;
8. 8
9) No fim da presente era, Cristo voltará para arrebatar os
cristãos vencedores, julgar o mundo, tomar a posse da terra
e estabelecer seu reino eterno;
10) Os cristãos vencedores reinarão com Cristo no milênio e
que todos os cristãos participarão das bênçãos divinas na
Nova Jerusalém, no novo céu e na nova terra, pela
eternidade.
Para um espectador comum, essa parece ser uma
“verdadeira” declaração de fé evangélica. Entretanto,
quando examinamos suas crenças, descobrimos uma série
de divergências com a fé cristã universal (1) Conhecida
como “regeneração batismal”, a Igreja Local, juntamente
com outros grupos unicistas, associa a salvação ao batismo
nas águas; (2) São contra o estudo das Escrituras. Eles
ensinam uma pratica que ficou conhecida como “orar-ler as
Escrituras”; (3) “Satanás habita em nós”. Segundo Witnees
Lee, o “próprio Satanás, como a natureza maligna e como a
lei do pecado, habita em nós para corromper o nosso
corpo”.
Unicismo
Herança dos ensinos de Emmanuel Swedemborg (1688-
1772), famoso escritor e filósofo sueco, Witnees Lee
desenvolveu uma espécie de “unicismo oculto”.
Swedemborg costumava usar o termo Trindade, mas
observando que significava apenas “três modos” e não uma
Trindade de pessoas. Em um de seus livros, A Economia
Divina, Lee deixa evidente essa influência.
“O nosso Deus não é apenas o Deus da criação, mas o
próprio Deus que se tornou homem viveu nesta terra por
trinta e três anos e meio, morreu na cruz e foi ressuscitado.
Hoje, Ele é o próprio Deus Triúno – o Pai, o Filho e o
Espírito Santo – em ressurreição”. [4]
9. 9
Contrariando o que diz o Credo Atanasiano, no seu
quarto artigo de fé, Witnees Lee prossegue:
“Alguns teólogos tradicionais nos dizem que as três pessoas
na trindade divina: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, não
devem ser confundidos e devem ser confundidos e devem
ser mantidos claramente separados o tempo todo. Mas a
Bíblia ensina que Jesus, o Filho de Deus, tornou-se o
Espírito. Quando Jesus nasceu, Ele se tornou carne.
Quando ressuscitou, tornou-se o Espírito”. [5]
O movimento A Voz da Verdade
Mais conhecida por causa do conjunto do mesmo nome, a
Igreja Evangélica A Voz da Verdade (IEVV) é um dos
movimentos que mais cresce no Brasil; são exclusivistas e
não medem palavras ao nos chamar de “desviados”. Embora
não possa ser comparada a Igreja Tabernáculo da Fé – que
também professa o unicismo – a IEVV é, sim, uma seita.
Fundação
A IEVV foi fundada por Freud Moisés, após uma
revelação que o tornaria conhecido como o “homem que
encontrou Jesus no cinema”. Filho de libaneses, converteu-
se em 1953. Antes foi um farrista, um jogador viciado,
mulherengo e sem paz. Teve um chamado “especial”, Jesus
apareceu-lhe na tela de um cinema e disse que o faria
pescador de almas. Transformado e arrependido começou a
anunciar que existe somente um Deus e seu nome é Jesus.
Dezenove anos depois, em 1973, Freud Moisés daria inicio
ao conjunto Voz da Verdade, na antiga Igreja Pentecostal
Unida do Brasil, da vila Paraíso, Santo André (SP). Depois
de alguns conflitos surgidos entre o conjunto e a Igreja
local, envolvendo questões de usos e costumes, se desligam,
para fundar, na rua Casa Branca, 168, no bairro do mesmo
nome, a Igreja Evangélica Voz da Verdade. Ali permaneceu,
até se mudar para o seu atual endereço, no antigo cinema
Tangara II, no Studio Center, no centro de Santo André. [6]
10. 10
Como parte de seu programa anual, realizam
periodicamente acampamentos em que são ministrados
estudos e outras atividades da Igreja, sempre regadas ao
som do conjunto A Voz da Verdade.
Declaração doutrinária
O Estatuto da Igreja Evangélica A Voz da Verdade
(IEVV) assim declara:
1. Quando a Bíblia se refere a Deus, esta falando no Espírito
Santo que é o Pai, criador e sustentador de tudo;
2. Jesus tanto é o Pai, como é o Filho;
3. Antes da manifestação de Jesus como homem, não havia
Filho de Deus (somente os anjos eram tidos como filhos de
Deus);
4. Jesus pode ser Pai e também Filho? É muito lógico que
sim, pois Ele é Deus. [7]
Literatura
A única “obra” impressa pela IEVV é o pequeno livrete
“Revelação do Amor”, de Rita de Cássia Moisés. Com um
total de 48 páginas, esboça de maneira superficial a
doutrina unicista. É uma obra que, diferente do livro A
Unicidade de Deus – de David K. Bernard -, não pode ser
considerada uma “jóia” da literatura unicista. Dentre os
principais temas abordados, destacamos:
1. Conheça a Bíblia Sagrada;
2. Cristo, a Palavra Viva;
3. Quem afinal é o Senhor?
4. Quem é Deus senão o Senhor?
5. A natureza de Jesus: divina e humana;
11. 11
6. O que Deus diz de si mesmo?
7. O batismo segundo a Bíblia;
8. O mistério de Deus: Cristo;
9. Deus estava em Cristo reconciliando o mundo com sigo
mesmo;
10. Deus em Jesus.
Os Adeptos do Nome Yehoshua e suas Variantes
Um pouco mais ousados do que a maioria dos unicistas, os
adeptos do Nome Yehoshua (também conhecidos como as
“Testemunhas de Yehoshua”), são os mais exóticos dentro
da unicidade. Fundado em 1987, em Curitiba, Paraná, por
Ivo Santos de Camargo, possue cerca de 200 membros em
todo país. É um movimento sincretista, que reúne em sua
doutrina elementos do Judaísmo, Modalismo e da Igreja
Adventista do Sétimo Dia.
De origem religiosa desconhecida, Ivo Santos de
Camargo arroga para si à façanha de ter “descoberto” a
verdadeira pronúncia do nome sagrado YHVH.
“No velho concerto o nome de Deus foi representado pelo
tetragrama IOD –HE – VAU – HE (YHVH), que no novo
concerto foi vocacionado pelo anjo a Miriam. “E darás à luz
um filho e chamarás o seu nome Yehoshua” (Mt. 1.21).
Portanto, o nome original do salvador é o que foi dado pelo
anjo a Miriam é um nome de origem hebraica, não o nome
colocado pelos bispos romanos”. [8]
Eles rejeitam terminantemente o nome Jesus,
alegando que ele teria sido introduzido nas Escrituras no III
século, por Jerônimo.
12. 12
“Nesta ocasião o nome original Yehoshua foi substituído
pelo nome grego-romano Jesus (IESUS). Esse nome lembra
a divindade grega Zeus”. [9]
Essa é uma declaração perigosa, pois além de
descartar Jesus das páginas sagradas, vai mais além, ao
associar seu nome com o sinal da besta.
“A santíssima Trindade, o dualismo e o ídolo romano Jesus
é o sinal da besta (falsa religião). Liberte-se destes dogmas
romanos e receba em sua testa o sinal eterno, YEHOSHUA”.
[10]
Segundo eles, Jeová, Javé, Yehov ou Yaveh são todas
pronúncias errôneas das letras hebraicas YHVH, cuja
pronúncia correta seria Yehoshua. Como as Testemunhas
de Jeová, eles criaram sua própria versão das Escrituras.
Com efeito, dizem que a salvação esta condicionada ao
conhecimento do nome Yehoshua. Afirmam que muitos
perderão a salvação pelo simples fato de fazerem “vista
grossa” para certas verdades recebidas, ou então por
estarem presas a um sistema religioso apóstata.
“Precisamos nos convencer a nós mesmos que se não
recebermos o nome Yehoshua não seremos salvos, porque
assim dissera os santos profetas. Faça, pois, como os irmãos
de Beréia, não tenha medo da verdade, e receba em sua vida
o nome verdadeiro de nosso Senhor Yehoshua, que é o
nome que veio do céu para nossa salvação”. [11]
Quanto a isso são irredutíveis, estando dispostos a dar
tudo de si pela causa de Yehoshua. Dizem eles:
“Nós, as Testemunhas de Yehoshua, estaremos prontas e
conscientes da responsabilidade que nos foi confiada. Assim
sendo, defenderemos nem que seja com a nossa própria
vida. Os santos na terra são a espada de Yehoshua contra o
paganismo”. [12]
PRINCIPAIS ASPECTOS DOUTRINÁRIOS
13. 13
A principal diferença que separa cristãos trinitaristas e
unicistas é a inconsequente doutrina unicista das
manifestações, e é justamente aí que mora todo o perigo.
Eles creem em um tipo de “ministério divino” segundo o
qual Pai, o Filho e o Espírito Santo seriam “manifestações
temporárias de um mesmo ser”, e não uma distinção de
pessoas.
O monoteísmo radical
“A base da teologia unicista é um conceito de monoteísmo
radical. Simplesmente declara: Deus é absoluta e
indivisilvemente um. Não há distinções ou divisões em sua
natureza divina”. [13]
Embora seja verdade que tanto o Antigo Testamento,
quanto o Novo, sustenta a existência de apenas um Deus, o
conceito trinitarista é igualmente monoteísta. O erro,
porém, é que toma por certo que a doutrina da Trindade
sugere alguma divisão em sua natureza divina. Isso ocorre
porque os opositores da sã doutrina possuem um conceito
errôneo da divindade. A maneira mais correta para se
entender à divindade é a de uma essência divina, ou seja, a
divindade, como a sua própria definição sugere, é a que une
as pessoas do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, fazendo
que seja um único Deus. Essa foi à definição exposta no
credo atanasiano, no seu 4o artigo de fé. A substancia é essa
essência única de Deus que não se pode separar, dividir ou
multiplicar.
Deuteronômio 6.4
Com o intuito de dar a sua doutrina uma roupagem
tipicamente bíblica, os unicistas frequentemente citam
Deuteronômio 6.4 como uma base de sua crença.
“Tanto crentes unicistas como judeus encontram a
expressão clássica de sua fé em Deuteronômio 6.4” “Os
judeus ortodoxos obedecem literalmente essa ordem,
14. 14
amarrando o Tefillin (plylacteries) em seu braço esquerdo e
na testa, quando oram, e colocando o Muzuzzah em suas
portas e portões (Tefillin são pequenas atadas ao corpo com
tiras de couro e Muzuzzah são pequenos recipientes
contendo pequenos rolos das Escrituras)… Durante uma
viagem a Jerusalém, onde colhemos as informações citadas
acima, tentamos comprar o Tefillin, o mercador, judeu
ortodoxo, afirmou não vender Tefillin aos cristãos porque
eles não acreditam nele nem tem a devida reverência a esses
versículos das Escrituras. Quando citamos Deuteronômio
6.4 e explicamos nossa total concordância com o mesmo,
seus olhos se iluminaram, e prometeu vendê-lo a nós sob a
condição de que tratássemos o Tefillin com cuidado e
respeito. Sua preocupação mostra a extrema reverência e fé
profunda que os judeus tem pelo conceito de um único
Deus. Revela, também, que uma das maiores razões porque
os judeus têm rejeitado o Cristianismo, através da história, é
a percepção distorcida da mensagem monoteística.”. [14]
Se para um judeu é difícil compreender a doutrina da
Trindade, essa mesma dificuldade poderia ser sentida se um
unicista tentasse explicar que o Deus Jeová do Antigo
Testamento (Pai) é o mesmo encarnado em Jesus no Novo.
De maneira que seria difícil para o unicismo conciliar sua
doutrina com o monoteísmo tardio.
Eles negam a preexistência do Filho
O unicismo nega qualquer possibilidade da preexistência
do Filho. Por quê? Porque isso colocaria em risco sua
doutrina das Manifestações.
“A filiação – ou papel de Filho – começou com o nascimento
da criança no ventre de Maria.” [15]
15. 15
“Antes da manifestação de Jesus como homem, não Filho de
Deus. Somente os anjos eram tidos como filhos de Deus”.
[16]
Uma coisa é dizer que a natureza humana do Filho não
preexistiu à encarnação, e outra é dizer que Jesus, como
Filho eterno do Pai, não existia desde toda a eternidade
passada. Pressupor, como o faz David K. Bernard, que João
3.16 não significa o “envio do Filho ao mundo”, mas apenas
de uma “natureza enviando outra”, seria um erro grossante,
por exemplo, argumentar que os judeus esperavam a vinda
do próprio Pai em carne.
Além de negar a preexistência do Filho, os unicistas
apontam para o dia quando Deus “deixará de assumir seu
papel de Filho e a filiação será, mais uma vez, absorvida
pela grandeza de Deus, que retornará a seu papel original
como Pai, criador e soberano de tudo”. O que não se
entende com relação ao unicismo, é o porquê de todo este
malabarismo divino. A descrição que eles fazem de Deus é,
sem dúvida alguma, uma verdadeira encenação teatral. É
justamente esse o conceito que se tem do Filho – a de um
personagem usado temporariamente pelo Pai.
Consequentemente, não haveria Filho de Deus como pessoa
espiritual.
As duas naturezas
A doutrina das duas naturezas do Filho – divina e
humana – tem sido mal entendida pelos unicistas. Ela
significa duas naturezas distintas no Filho, mas jamais pode
ser vista como significando Pai e Filho. Não existe qualquer
tipo de relação afetiva, moral ou de qualquer outra natureza
entre elas. A compreensão unicista neste sentido,
entretanto, é a mais devastadora possível. De uma maneira
pouco racional, eles veem as duas naturezas do Filho da
seguinte maneira.
• Natureza humana – Filho
16. 16
• Natureza divina – Pai
Daí atribui as mais mirabolantes interpretações
possíveis. Eles vão de um extremo ao outro das Escrituras
procurando dar um sentido a sua interpretação.
Argumentam que se há alguma distinção em Deus, essa é
apenas no que se refere à distinção de “funções” na
divindade. Essa distinção surgiu como um meio de fuga
para alguns pontos difíceis das Escrituras que,
interpretados de outra maneira, poderia dar a entender uma
“dualidade de pessoas”. Por exemplo, quando questionados
sobre algumas distinções no Antigo Testamento,
simplesmente declaram:
“Qualquer dualidade vista nesses versículos das Escrituras
indica uma distinção entre Deus e a humanidade”. [17]
Essa é a mesma praxe seguida no Novo Testamento.
“Os crentes unicistas enfatizam as duas naturezas de Cristo,
usando este fato para explicar as referências no plural ao
Pai e ao Filho contidas nos evangelhos. Como Pai, Jesus às
vezes agia e falava de sua auto-consciência divina; como
Filho Ele algumas vezes agia e falava de sua auto-
consciência humana”. [18]
A passagem de Mateus 18.10 fere frontalmente a doutrina
unicista das naturezas.
A teologia do nome
A unicidade dá forte ênfase à doutrina do nome de Deus
como revelado tanto no Antigo como no Novo Testamento.
Enquanto os trinitaristas veem o nome de Jesus como o
nome humano de Deus Filho, os crentes unicistas veem este
nome como o nome redentor de Deus no Novo Testamento.
Eles recorrem às passagens de Isaias 52.6; Zacarias 14.9;
Mateus 1.21; João 17.26 e Filipenses 2.10 com o intuito de
17. 17
provar que Jesus é o “único nome da divindade, dado entre
os homens”. Segundo eles, Deus no Antigo Testamento não
possuía um nome especifico (Ex. 6.3). Eram atribuídos
diversos títulos, como Eloah, Elohim, Jeová, mas pelo seu
próprio nome – Jesus – não foi perfeitamente conhecido
por eles. Jesus é a culminância de todos os nomes de Deus,
no Antigo Testamento. Ele é o mais alto, o mais exaltado
jamais revelado à humanidade.
O batismo em nome de Jesus
O movimento unicista ensina que o batismo nas águas
deve ser administrado na fórmula mágica de Mateus 28.19.
“A Teologia do nome e a rejeição do trinitarismo exige uma
fórmula Cristocêntrica. [19]
Eles chegaram a essa conclusão após uma “revelação” do
texto hebraico de Mateus 28.19.
“A gramática do versículo denota um nome singular. Sendo
que Jesus é ao mesmo tempo Pai, Filho e Espírito Santo, e
sendo que Ele veio em nome de seu Pai e enviará seu
Espírito em seu nome, o único nome de Mateus 28.19 tem
que ser Jesus. A igreja primitiva, que incluía Mateus,
cumpriu as instruções de Cristo, batizando em nome de
Jesus”. [20]
Veja Atos 2.38; 8.12,16; 10.48; 19.5; 22.16. Citam Paulo
como tendo seguido essa suposta “instrução” de Cristo.
Referências Bibliográficas
1. SILVA, E.S. Manual de Apologética Cristã, CPAD, pág.
317.
2. Folheto Explicativo, A Verdade sobre a Igreja, CPP,
Alvorada – RS.
3. LEE, W. A Base da Igreja, Árvore da Vida, págs. 6-10.
18. 18
4. LEE, W. A Economia de Divina, São Paulo – SP: Editora
Árvore da Vida, 4ª edição, outubro de 2000, pág. 24.
5. Ibidem, pág. 79
6. MOISES, R.C. Revelação do Amor, A Voz da Verdade,
pág. 6.
Ibidem, pág. 6
7. A Igreja Evangélica a Voz da Verdade e o Unicismo,
Defesa da Fé, ano 3, número 20, março de 2000, pág. 54.
8. Folheto Explicativo, O Nome Sagrado, pág. 1.
9. Ibidem, pág. 2.
10. Folheto Explicativo, O Inefável Nome Sagrado, pág. 2.
11. Ibidem, pág. 2.
12. Id. Ibidem, pág. 3.
13 BERNARD, David K. Essenciais da Teologia Unicista,
pág. 6
14. BERNARD, David K. A Unicidade de Deus, pág. 17
15. Estatuto da Igreja Voz da Verdade, número 2
16. Ibidem
17. BERNARD, David K. A Unicidade de Deus, pág. 152
18. BERNARD, David K. Essenciais da Teologia Unicista,
pág. 18
19. Ibidem, pág. 22
20. Id. Ibidem, pág. 21
Fonte: INPR