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ANA SILVIA JULIATTO BORDINI – Mestranda
PPGB - juliatto.bordini@pucpr.br - GABRIELA
RODRIGUES – Mestranda PPGB -
rodriguesga@hotmail.com - Prof.ª Dr.ª
VALQUIRIA ELITA RENK – Orientadora PPGB
valquiria.renk@pucpr.b - Prof.ª Dr.ª MARTA
LUCIANE FISCHER – Orientadora PPG -
PUCfischer.mrt@gmail.com
A Bioética Ambiental surge como uma necessidade
para discutir e abordar questões éticas emergentes
relacionadas ao Ecoturismo fundamentado por
princípios éticos visando balizar a resolução de
conflitos que envolvem os sujeitos sociais e o meio
ambiente. Dentre as inúmeras possibilidades e
necessidades de aplicação da Bioética Ambiental,
destaca-se o Ecoturismo. Entende-se por ecoturismo
as atividades realizadas em ambiente natural,
atreladas à responsabilidade sobre as áreas naturais,
ao bem-estar da população local, a uma orientação
filosófica, ao desenvolvimento sustentável e à
educação. Porém, a sua prática causa impactos na
natureza, na organização social, econômica e
cultural das comunidades anfitriãs e nos turistas.
Este trabalho teve como objetivo analisar a
utilização da Bioética Ambiental como critério para
diminuir a vulnerabilidade das comunidades que
dependem exclusivamente do ecoturismo para sua
sobrevivência. Para atingir este objetivo foi realizada
uma revisão da literatura sobre a relação entre
ecoturismo e economia, turistas, comunidades
anfitriãs e o meio ambiente, com a intenção de
promoção do diálogo entre esses agentes estreitando
as inter-relações resultando em uma relação
equilibrada. Outro aspecto considerado foi a
vulnerabilidade das comunidades diante da
exposição aos agravos ou riscos à saúde. O
envolvimento entre diferentes culturas decorrentes
do ecoturismo demanda a utilização dos princípios
éticos da solidariedade, cuidado e alteridade.
Também foi possível perceber que diferentes
princípios éticos podem ser utilizados para nortear as
tomadas de decisões em diferentes níveis pelos
atores envolvidos com o Ecoturismo.
Palavras-chave: Bioética Ambiental, Ecoturismo,
Vulnerabilidade e Comunidades Anfitriãs.
A BIOÉTICAAMBIENTAL
FRENTE À
VULNERABILIDADE DAS
COMUNIDADES NA
RELAÇÃO COM O
ECOTURISMO.
VERTENTES
CONTEPORÂNEAS DA ÉTICA
NA PESQUISA COM
ANIMAIS
MOLINARI, Renata Bicudo, SANTOS, Juliana Zacarkin dos, RODRIGUES, Gabriela e FISCHER, Marta Luciane
(Orientador)
RESUMO
Questões éticas envolvidas no uso de animais para finalidade acadêmica têm sido debatidas ao longo do desenvolvimento da
humanidade. Posicionamentos favoráveis e contrários marcaram debates e manifestações, as quais com o auxílio da Bioética conduziram
à elaboração de diretrizes, que culminaram em uma normatização legal baseada no princípio dos três erres e nos paradigmas éticos do
utilitarismo e sencioncentrismo. Desta forma, toda atividade de pesquisa ou aula prática envolvendo animais estão condicionadas à Lei
11.794/08, cuja aplicação institucional é responsabilidade das comissões de ética. Embora, o uso experimental dos animais seja dentre os
papéis exercidos pelos animais nas sociedades humanas, aquele que dispõe de maior rigor legal, resultado de um debate e reflexão
amadurecidos, todavia emergem temas tendem à fragilizar o sistema caso não sejam mitigados, o que demanda novamente a
intervenção da Bioética. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo a contextualização teórica de três vertentes
contemporâneas no debate ético no uso de animais para finalidade científica: a integridade na pesquisa, o impacto dos movimentos
sociais e a inclusão dos invertebrados no rol dos animais sencientes e merecedores de proteção legal.
Palavras-Chave: Bioética ambiental, integridade na pesquisa, invertebrados, movimentos sociais.
INTRODUÇÃO
No início da sua jornada evolutiva o ser humano mantinha uma relação biológica com a natureza, na qual se percebia inserido no
contexto e nos ciclos naturais e vulnerável diante da sua imprevisibilidade. Contudo, o surgimento da agricultura, há cerca de 12.000
anos, e o desenvolvimento de tecnologias permitiram-no controlar a reprodução e sobrevivência de animais e plantas levando-o ao
distanciamento da natureza e rompendo com o contrato natural existente entre as espécies de que todos deveriam ter chances igual de
se reproduzir e colonizar o planeta (MORIS, 1990). Logo após o surgimento das primeiras cidades, os aglomerados humanos demandaram
regras mais rígidas, planejamento e organização conduzindo ao surgimento da filosofia clássica que desde então pensaram o papel do
homem dentro do contexto natural (FISCHER; OLIVEIRA, 2013). O desenvolvimento científico e a percepção do animal como fonte de
saber e promovedora do conhecimento humano foram interrompidos pela era medieval que passou a atribuir à natureza um valor
orgânico, mágico e autônomo. Com o surgimento do iluminismo e da renascença retoma-se o estudo da morfologia e fisiologia animal e a
consolidação, por parte de pensadores mecanicistas como Descartes, de que não era necessário ter piedade e compaixão dos animais
submetidos à vivissecção, pois os mesmos não passavam de máquinas complexas, desprovidos de sentimentos e consciência (FISCHER;
OLIVEIRA, 2013). A ideia foi prontamente aceita pela comunidade científica, que subsidiou-a ideia com resultados das pesquisas
experimentais e o repúdio ao antropomorfismo e a atribuição de características humanas a animais não humanos.
Somente no final do século passado com o surgimento da Bioética (POTTER, 1970) e o posicionamento de filósofos como Peter Singer
(SINGER, 2004) e Tom Regan (REGAN, 1982), é que a relação do homem com os animais passou a ser mais enfaticamente discutida
levando às mudanças nas condutas da sociedade e motivando a elaboração de leis mais rígidas. Há, porém diferentes segmentos sociais
interessados nessa temática, muitas vezes com pensamentos, linguagens e valores distintos levando ao surgimento de diferentes culturas
que não dialogam e contribuem cada vez mais para o retardo da solução desses dilemas. A linha de pensamento deontológica é apoiada
por ativistas em prol dos direitos animais e defensores de que todos os animais têm direito a viverem a sua vida independente dos
interesses do ser humano. Este, conflita com o pensamento utilitarista que atribui diferentes pesos aos animais dependendo da relação
estabelecida e dos interesses envolvidos, contudo considerando que o mesmo não deve sofrer e que devem ser direcionados esforços
para promover uma boa existência e uma morte humanizada (REGAM, 1982, SINGER, 2004).
As primeiras iniciativas de delegar em prol dos animais na Idade Moderna datam de 1822 (FISCHER; TAMIOSO, 2013). Contudo, passaram
a ganhar força a parir da mobilização da sociedade para normatização da pesquisa com seres humanos baseadas no Código de
Nuremberg, Declaração de Helsinque e Relatório Belmont, culminando no nascimento da Bioética e na promoção do diálogo e
intervenções para conter os conflitos de interesses (KIPPER, 2010). Concomitantemente na metade do século XIX Russell e Burch (1959)
publicaram o princípio dos 3 R’s e Harisson (1964) denunciou as crueldades direcionadas para animais de produção no pós-guerra,
culminando na elaboração de diretrizes para o confinamento de animais e subsidiando o surgimento de movimentos animalistas. No final
do século XIX, Singer (2004) balizou a teoria moral consequencialista, considerando a capacidade de sofrer como o critério moral mais
relevante, para tal, sendo necessária a existência da senciência, faculdade mental que possibilita a consciência da dor física e mental e
geradora de interesses em não sofrer (SINGER, 2004). Contudo, a ética utilitarista admite como moralmente aceitável o abate de alguns
animais, desde que a conduta seja justificável e realizada de forma rápida e indolor (MARQUES-SILVA, 2012). Os critérios de quem e como
ser abatido tem gerado posicionamentos conflitantes entre diferentes atores da sociedade (ABOGLIO, 2008).
A preocupação com não sofrimento desencadeou o surgimento da ética bem-estarista, exercida por cientistas e agricultores que visa
propiciar boas condições de vida para os animais que todavia necessitam serem mantidos cativos sob a tutela do homem. Essa é uma
ética socialmente percebida como moderada, razoável, reducionista e interessada em trabalhar dentro e com o sistema de forma racional
e com bom senso, buscando na informação e na ciência os elementos para embasar a sua avaliação moral de sofrimento. Com uma visão
antagônica inspirada em Kant, se consolidou a ética do direito animal ou abolicionista, liderada por Regan (1982) e pregando que os
animais possuem um único direito moral, o de não ser prejudicado devido a necessidades utilitaristas do homem (FELIPE, 2006). Essa
ética é socialmente encarada como radical, extremista, abolicionista, violenta e libertária, atuando emocionalmente, irracionalmente e
desinformada dos dados científicos (MARQUES-SILVA, 2012).
VERTENTES
CONTEPORÂNEAS DA ÉTICA
NA PESQUISA COM
ANIMAIS
MOLINARI, Renata Bicudo, SANTOS, Juliana Zacarkin dos, RODRIGUES, Gabriela e FISCHER, Marta Luciane
(Orientador)
Durante as últimas décadas houve incentivo aos estudos científicos que promovesse uma avaliação mais precisa do sofrimento animal
para apoiar a ética sensiocêntria, visando a comprovação da consciência animal, destacando-se Antônio Damásio como importante
neurocientista categorizando diferentes níveis de consciências (DAMÁSIO, 2011). Segundo Felipe (2003), a senciência pode ser definida
como “capacidade de realizar uma perda”, sendo que os animais apresentam sensibilidade para os eventos que os afetam, consciência do
que se passa consigo, memória, o que os torna capazes de registrar experiências passadas, imaginação e recordação consciente das
mesmas. Posteriormente, por meio da Revolução Darwiniana foi provado que os seres humanos são resultado de milhões de anos de
evolução e compartilham de intuições e emoções com os animais, sendo alguns movimentos expressivos humanos herdados de
antepassados primitivos. Dentro de uma perspectiva biológica, devem ser consideradas as semelhanças anatômicas e fisiológicas entre
humanos e animais, além dos mecanismos neurológicos de percepção, integração e respostas às dores (ROLIN, 1986).
A ética na pesquisa com animais se consolidou como uma importante linha de atuação da bioética e balizou a legislação internacional e
nacional através de estudos de diagnósticos das condições físicas e de bem-estar animal e através da análise da percepção de diferentes
setores sociais a respeito do uso de animais para pesquisa e aulas práticas (FISCHER; OLIVIERA, 2013, FISCHER; TAMIOSO, 2013). Não há
dúvidas que muito se avançou nessa área, que se destaca das demais utilizações dos animais justificadas pela sociedade tais como para
alimentação, vestimenta, serviços, entretenimento e companhia, as quais não possuem normatizações próprias mesmo diante dos
evidentes maus-tratos cometidos (FISCHER; TAMIOSO, 2013). Porém, mesmo diante de todo avanço logrado na normatização da
utilização de animais para finalidade acadêmica, todavia existem demandas éticas, as quais devem ser fundamentadas com princípios
norteadores das decisões de porquê e como utilizar os animais. Dentre os princípios dos 3 erres (RUSSELL; BURCH, 1959) destaca-se o
refinamento, ou seja, um cuidado dispensando aos animais para que os resultados das pesquisas sejam viáveis de publicação e de fato
resultem em aplicações que justifiquem as vidas que foram finalizadas. Assim, os cuidados dispensados aos animais visam, além do bem-
estar do indivíduo, promover dados confiáveis, que diminuam tanto o número de animais, quanto de experimentos. Contudo, parece que
essa não é uma realidade da maioria dos pesquisadores, por isso questiona-se a responsabilidade do pesquisador no momento de
veicular um dado científico sem ter tomado os cuidados necessários. O posicionamento da sociedade contra o uso de animais para
finalidade acadêmica tem sido a base de muitos movimentos sociais, culminando em atitudes radicais, aparentemente intenção mais
política do que com relação ao bem-estar animal (HERZOG; GOLDEN, 2009). Questiona-se os motivos que levam a sociedade a se
posicionar tão veementemente diante das pesquisas e se calar diante das atrocidades que diariamente presenciam. Acredita-se que a
falta de diálogo entre o meio acadêmico e social pode gerar uma atmosfera de desconhecimento do que realmente é feito no ambiente
restrito da universidade. E, por fim, a legislação da maioria dos países se apoia na comprovação científica da sensiência como critério de
atribuição moral incluindo, no rol dos animais merecedores de normatização e cuidados, apenas os vertebrados (SINGER, 2004). No
entanto, estudos recentes têm mostrado que invertebrados também possuem nocioceptores além de poder experimentar processos
mentais como sofrimento e ansiedade. Contudo diante de aspectos culturais a maioria dos invertebrados é vista como prejudicial e pouco
desenvolvida não gerando empatia e preocupação com seu sofrimento. Logo, questiona-se o posicionamento ético que deve ser
direcionado a esse grupo que representam 95% das espécies de animais.
MÉTODOLOGIA
O presente estudo se constitui de uma pesquisa exploratória do conhecimento atual sobre as novas demandas éticas
na área da ética em pesquisa com animais. Para tal, artigos científicos que abordam cada um dos temas foram analisados e as questões
levantadas e fundamentadas com princípios éticos balizadores das tomadas de decisão. Para tal o presente estudo foi divido em três
partes, na primeira foi refletida sobre os aspectos relacionados com a integridade na pesquisa e proposto como trabalhar a questão; na
segunda foi realizado um levantamento dos movimentos sociais e dos princípios éticos defendidos pelos mesmos e refletido sobre a
percepção mútua existente entre academia e sociedade e, por fim, foi realizada uma reflexão a respeito da consideração do status moral
dos invertebrados.
VERTENTES
CONTEPORÂNEAS DA ÉTICA
NA PESQUISA COM
ANIMAIS
MOLINARI, Renata Bicudo, SANTOS, Juliana Zacarkin dos, RODRIGUES, Gabriela e FISCHER, Marta Luciane
(Orientador)
RESULTADOS
Integridade na Pesquisa
As necessidades especiais dos animais evoluíram ao longo do tempo nas políticas para o atendimento adequado e uso
de todos os animais utilizados na pesquisa e educação. Juntamente seguiu-se a necessidade de maior respeito frente aos animais e a
aplicação de procedimentos que estejam de acordo com o bem-estar dos mesmos, considerando as condições ambientais adequadas,
que levará o pesquisador a obter resultados confiáveis e reproduzíveis (BRAGA, 2010). Segundo Broom e Molento (2004), os parâmetros
fisiológicos e comportamentais se alterados podem indicar um baixo grau de bem-estar, sendo que estudos só têm valor se esses
controles forem cuidadosamente mantidos. Além disso, um projeto experimental que resulte em dor ou sofrimento, muitas vezes
diminui, se não elimina, o valor científico do experimento. Essas proteções são necessárias para garantir a integridade física das dezenas
de milhões de animais utilizados para experimentação, e para evitar a fraude científica como resultado dos cuidados deficientes,
negligência ou abuso dos animais (HEYDE, 2002).
As discussões no campo da integridade na pesquisa nas áreas da pesquisa e da educação vêm crescendo devido aos
casos de má conduta descobertos nos últimos anos. Países como EUA, Canadá, Alemanha, Reino unido tem se mostrado ativos na
promoção das discussões no campo da integridade. Nos EUA foi criado em 2004 o Office Research Integrity que faz parte do Escritório de
Ciência e Saúde Pública objetivando supervisionar as pesquisas, promover a educação responsável nas pesquisas e, ainda, prevenir a má
conduta em pesquisas. Durantea Conferência Mundial sobre Integridade em Pesquisa em Cingapura em 2010, foi criada a Declaração de
Cingapura que definiu como princípios a honestidade em todos os aspectos da pesquisa, a responsabilidade na condução da pesquisa,
respeito e a imparcialidade profissional no trabalho com os outros e a boa gestão da pesquisa em benefício de outros e define
integridade na pesquisa como: A confiabilidade da investigação por força da solidez de seus métodos e da honestidade e precisão na sua
apresentação. Falta integridade à pesquisa quando seus métodos ou apresentação distorcem ou deturpam a verdade. Ainda que no Brasil
as discussões caminhem timidamente, e não haja um órgão regulador de condutas, em 2011 foi criado pela Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) o Código De Boas Práticas Científicas que estabelece diretrizes éticas para as atividades
científicas dos pesquisadores beneficiários de auxílios e bolsas. Nesta mesma linha, também em 2011 o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) estabeleceu, diante do recebimento de denúncias de fraude em publicações científicas,
suas diretrizes básicas para a integridade nas atividades científicas. Em 2013, a Academia Brasileira de Ciências publicou o Guia Rigor e
Integridade nas Pesquisas, um guia de recomendações práticas responsáveis, estabelecendo valores, princípios e orientações para a
condução da pesquisa científica e a comunicação de seus resultados.
São notáveis os esforços que vêm motivando os pesquisadores brasileiros a aderirem às boas práticas nas pesquisas. Embora tais
iniciativas sejam de suma importância, percebe-se a preocupação atrelada, sobretudo às falsificações e fabricações de dados e ao plágio.
Contudo, pode-se verificar em alguns documentos internacionais, como o Responsible Conduct in the Global Research Enterprise
(InterAcademy Council, 2012), a preocupação com a má conduta à animais não humanos, conforme verificado em alguns trechos nas
considerações: a) que os pesquisadores têm a responsabilidade de respeitar e cuidar dos assuntos da sua pesquisa, seja humanos ou
animais de laboratório; b) a pesquisa não pode ser justificada se inflige danos inaceitáveis sobre o objeto de pesquisa, cuja aceitação deve
ser um julgamento social que pese potenciais ganhos contra possíveis danos; c) inclui como prática de pesquisas irresponsáveis maus-
tratos a animais não humanos. Pode-se verificar tal preocupação também no E-book desenvolvido pela Teaching the Responsible
Conduct of Research in Human (RCRH, 2006) o qual cita a definição de integridade da National Academy of Sciences (NAS) cujos
indivíduos na integridade da investigação é um aspecto do caráter moral e experiência. Trata-se, acima de tudo um compromisso com a
honestidade intelectual e a responsabilidade pessoal para ações de uns e de uma série de práticas que caracterizam a conduta da
investigação responsável. Essas práticas incluem o cuidado humano com os animais na conduta das pesquisas. Os documentos brasileiros
trazem de forma sucinta a má conduta relacionada a animais referindo-se que todo trabalho de pesquisa deve ser conduzido dentro de
padrões éticos na sua execução, seja com animais ou com seres humanos (Relatório CNPQ), sendo que o guia da Academia Brasileira de
Ciências acrescenta os termos respeito e cuidado.
Os pesquisadores podem assumir as suas responsabilidades por saber quais atividades estão sujeitas aos regulamentos, compreender e
seguir as regras para a aprovação do projeto, obtenção de formação adequada, e aceitar a responsabilidade de continuar para o
cumprimento por todas as fases de um projeto. Uma vez que, o não cumprimento do protocolo aprovado durante a realização do estudo
e a incapacidade de seguir as recomendações institucionais ou nacionais para o cuidado ao uso de animais é um tipo grave de má
conduta (COUNCIL OF SCIENCE EDITORS, 2012). A integridade na pesquisa precisa estar alicerçada nos 3 pilares: Ética, Integridade e
Legislação referidos aqui. A discussão do tema em questão precisa ser ampliada nas instituições de ensino para promoção da integridade
nas pesquisas acadêmicas, bem como a elaboração e implementação de linhas de condutas.
VERTENTES
CONTEPORÂNEAS DA ÉTICA
NA PESQUISA COM
ANIMAIS
MOLINARI, Renata Bicudo, SANTOS, Juliana Zacarkin dos, RODRIGUES, Gabriela e FISCHER, Marta Luciane
(Orientador)
Impacto dos Movimentos Sociais
A discussão sobre a relação entre animais humanos e não-humanos configura no meio acadêmico desde Pitágoras, sendo a intenção de
se adquirir conhecimento desde 500 a.C. com estudiosos como Alcmaeon, Hipócrates e Aristóteles (BEADER, 2012). Em 1789, foi
publicado o livro “Introduction to the principles of morals and legislation” do filósofo inglês Jeremy Benthan, cujo o autor considerou os
animais passíveis de sofrer e mesmo sem a capacidade de raciocinar ou falar (GOLDIM; RAYMUNDO,1997). Este pensamento embasa na
atualidade os movimentos anti-vivisseccionistas. Em 1860, Claude Bernard apresentou a seus alunos uma aula onde usava técnicas de
vivissecção no cachorro de sua filha, tal conduta motivou sua esposa a criar a primeira Associação de proteção a animais de laboratório
(GOLDIM; RAYMUNDO,1997).
A utilização de animais no ensino e na pesquisa tem sido muito questionada, tendo cada vez um número maior de estudantes de
diferentes níveis de ensino que se posicionam contra o uso de animais. Em 1987 foi julgado, na Califórnia, o primeiro caso de Objeção de
Consciência cuja aluna foi ameaçada pela escola por se negar a dissecar um animal em aula (GREIF, 2003). Contudo, os primeiros
movimentos que levaram à proteção dos animais sugiram em 1822 na Inglaterra, com o “British Cruelty to Animal Act”, que estipulou as
primeiras normas contra atos cruéis envolvendo animais (RODRIGUES, 2003).
Movimentos sociais são definidos toda ação coletiva de cunho sócio-político e cultural cujo objetivo é propor, exigir e expor suas
necessidades e desejos, solicitar mudanças, denunciar o que consideram errado ou desafiar os códigos políticos e culturais vigentes
(RODRIGUES, 2011; GOHN, 2011). Segundo Gohn (2011), os movimentos sociais fazem um diagnóstico da realidade social, constroem
propostas, sendo uma das premissas básicas as fontes de inovação e matrizes geradoras de saber. Segundo o autor, a interação entre os
movimentos, grupos sociais e as instituições educacionais causa alegria para alguns dos envolvidos, pela troca de conhecimentos,
aceitação e mudanças positivas, mas também causa desconforto e estranhamento por parte dos membros mais conservadores,
principalmente na área científico-educacional.
No Brasil, os movimentos pró-animais começaram em 1924, o que acabou culminando na criação do Decreto 16.590 em defesa dos
animais e foi fortalecido pelo Decreto 24.645 de 1934, que definia algumas posturas consideradas maus-tratos aos animais. Mas o maior
feito pela causa ocorreu com a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, que inclui diversos países como signatários, inclusive o
Brasil (RODRIGUES, 2003). Dentre os movimentos relacionados à causa animal destaca-se o Movimento Abolicionistas (GREIF, 2000),
apoiados na linha de antivivisseccionismo científico. Configuram também movimentos de profissionais da Saúde contra a vivissecção, que
se dividem entre opiniões abolicionistas, protecionistas e reducionistas. Estes últimos são considerados perigosas conflitando os
argumentos de cientistas que sustentam a importância do uso de animais e os Movimentos de Defesa dos Animais, que geralmente se
baseiam apenas no dever ético da espécie humana, podendo facilmente ser convertidos para o pensamento reducionista. Além destes,
Greif (2003) cita os movimentos estudantis por uma educação mais humana e para garantirem seu direito de objetar em assistir aulas
com uso de animais e os grupos de bem-estar animal, dos quais muitos são subsidiados por governos e nem sempre são contrários à
vivissecção, apesar de pregarem o bem-estar dos animais envolvidos em pesquisa e aulas. Ressalta-se os movimentos pacíficos e
filosóficos que envolvem grupos de pessoas que escolheram reivindicar mudanças na forma como se tratam os animais através de
mudanças pessoais de atitudes, pensamentos e hábitos, como é o caso do veganismo ou do vegetarianismo. Lira (2013) caracteriza o
vegetarianismo estrito ou veganismo como grupo de pessoas que optam por ter um estilo de vida sem o consumo de produtos
provenientes de origem animal e evitam participar de atividades que explorem de alguma forma espécies não humanas. Segundo a
autora, para o vegetarianismo e veganismo, a alimentação se torna um mecanismo de reivindicação com o intuito de diminuir a
diferenciação que a sociedade faz entre a espécie humana e as demais, assumindo uma expressão de moralidade antiespecista.
Diferentemente de outros grupos ativistas que lutam por direitos e proteção de algumas espécies que são mais cativantes para o ser
humano, como cães, gatos e coelhos, mas ignoram outras que consideramos desprezíveis ou aversivas como ratos, camundongos, peixes
e os invertebrados como um todo. Para Amorim e Pelizzoli (2011), a ética ecofeminista defende a Ética do cuidado, expressando regras
de conduta balizada em valores e atitudes marcadas por uma ética de virtudes. Este movimento prega a emoção como a chave da relação
entre humanos e não-humanos, porém embasada pela razão, buscando construir uma ética que valorize e respeite os animais não-
humanos. Para os ecofeministas a contextualização e a relação entre os seres é muito importante, nem sempre os direitos ou interesses
dos animais não-humanos é de fato considerado, dando brechas ao especismo dependendo do contexto onde inserimos a prática do
vegetarianismo adotado por elas.
Muitos ativistas dos movimentos em prol dos animais não acreditam que a pesquisa com animais deva ser o foco principal dos
movimentos pela causa e são contra as invasões a laboratórios, além disso, possuem uma visão restrita a respeito dos pesquisadores,
acreditando que os mesmos veem os animais não-humanos como meros objetos que podem ser usados e descartados (PLOUS, 1991).
Plous (1991) também menciona que muitos membros da comunidade científica e médica dos EUAs, na década de 1990, consideram
aqueles que apoiam os direitos dos animais “fanáticos, militantes e perigosos”, por valorizarem o bem-estar dos animais mais do que o
do ser humano ao lutarem pelo fim das pesquisas com animais não-humanos. Mesmo diante do rigor legal que normatiza o uso de
animais para finalidade experimental, a sociedade se mobiliza notoriamente contra o uso acadêmico como o presenciado no final de
2013 com a invasão do instituto Royal (GHIRALDELLI, 2013). Esse comportamento social leva a crer que esteja havendo uma falha de
comunicação entre a academia e a sociedade gerando muitas fantasias do que ocorre no ambiente restrito dos laboratórios e uma
vulnerabilidade dos cientistas diante das atitudes radicais dos ativistas. Assim, é urgente conhecer o que cada segmento social percebe
do outro e promover um debate intermediado pela intervenção da bioética.
VERTENTES
CONTEPORÂNEAS DA ÉTICA
NA PESQUISA COM
ANIMAIS
MOLINARI, Renata Bicudo, SANTOS, Juliana Zacarkin dos, RODRIGUES, Gabriela e FISCHER, Marta Luciane
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O benefício da dúvida para os Invertebrados
Os invertebrados compõem aproximadamente 95% das espécies de animais (DUTRA; OLIVEIRA, 2010), contudo a sociedade ocidental
ainda os considera como incogniscientes, inconscientes e insencientes (MAGALHÃES-SANT’ANA, 2009). Algumas legislações estrangeiras
incluem os invertebrados em suas avaliações éticas. A Suécia considera todos invertebrados e o Reino Unido e o Canadá incluem os
cefalópodes (polvos, lulas e sépias) (REGIS; CORNELLI, 2012). Renomados cientistas atestaram no “Manifesto de Cambridge” que
invertebrados como os moluscos e insetos também possuem receptores sensoriais para dor, logo questiona-se se os mesmos não seriam
suficientes para inclusão desse grupo no statuts moral (LOW, 2012). No Brasil em 1998 foi promulgada a Lei 9.605 sobre crimes
ambientais, segundo a qual causar experiências dolorosas ou cruéis em animais vivos, quando há métodos alternativos, é considerado
crime, normatizando também a coleta e captura de animais para finalidade científica. Já Lei 11.794 regulamenta os procedimentos para
experimentação animal e restringe o uso como metodologia didática somente no ensino superior, contudo essa lei, em seu artigo 2º
explicita que estes dispositivos de proteção se aplicam somente aos animais vertebrados, apoiadas principalmente na senciência (REGIS;
CORNELLI, 2012).
O Conselho Nacional de Experimentação Animal (Concea) tem a função de monitorar a inserção de técnicas alternativas para substituir o
uso de animais e a submissão de projetos e aulas práticas que preveem a utilização de animais às comissões de ética no uso de animais
(CEUA), sendo obrigatória a presença deste comitê nas instituições que realizam pesquisas com animais. (REGIS; CORNELLI, 2012).
Métodos alternativos são procedimentos adotados que visam diminuir o número e sempre que possível substituir os animais e quando
for necessário a utilização destes refinar, ou seja, minimizar sua dor ou sofrimento. Em diversas situações os animais invertebrados são
utilizados como métodos alternativos em aulas práticas de cursos como Biologia, Biotecnologia e Agronomia. Além disso, a busca de
alternativas substitutivas para experimentos com vertebrados, bem como de alternativas nutricionais para humanos e animais, vem se
voltando para realização dessas práticas em invertebrados, alguns autores consideram os invertebrados como seres inferiores, e são
utilizados como substituição aos vertebrados, levando em consideração o princípio de mau-menor (MORALES, 2008).
A classificação dicotômica dos animais leva em consideração a presença ou ausência da coluna vertebral contrariando a perspectiva
evolutiva de Darwin que mostrou que todos os organismos estão relacionados anatômica, fisiológica e também mentalmente.
Atualmente há pesquisadores que estão utilizando em favor dos invertebrados o princípio ético do “benefício da dúvida”, uma vez que
até o presente momento não há conhecimento científico suficiente para comprovar sua senciência, estes pesquisadores afirmam que a
dúvida deve garantir que os invertebrados sejam tratados de maneira a favorecer seu bem-estar em criação e garantia de utilização de
analgesia e eutanásia (OLIVEIRA; GOLDIM, 2014). Dentre as novas correntes éticas em que os questionamentos referentes aos
invertebrados podem ser incluídos tem-se a ética Biocêntrica, que leva em consideração o valor moral de cada animal, independente da
sua complexidade física, indo contra o especismo (FELIPE, 2009) e considerando o desejo de viver inerente a cada ser vivo como
suficiente para que possua plena significação moral, portanto cada invertebrado que busca garantir sua sobrevivência deve ter seus
interesses preservados (NACONECY, 2010). Desta forma, se faz necessário estudos de caracterização da percepção ética de profissionais
que trabalham com animais e da sociedade no geral a respeito dos invertebrados, bem como um aprofundamento nas pesquisas atuais
que endossam a sensciencia dos invertebrados e ações educativas que visam a inserção dos mesmos no rol de consideração moral.
VERTENTES
CONTEPORÂNEAS DA ÉTICA
NA PESQUISA COM
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Considerações finais
O presente estudo fundamenta a necessidade da interferência da bioética na intermediação de conflitos éticos
complexos, plurais e de interesse global promovendo a ponte entre as ciências ambientais e humanas impulsionando o diálogo entre os
atores envolvidos nas questões sociais, legais e os representantes dos interesses dos animais. Desta forma, se faz necessário o
aprofundamento da fundamentação ética das questões envolvidas na integridade do pesquisador diante de sua pesquisa, da
comunicação efetiva e produtiva entre a academia e a sociedade e do incentivo à reflexão da atribuição de status moral a todos os
animais. Essas vertentes contemporâneas emergem no momento relevante do desenvolvimento científico, cujo acesso a informações é
veloz e eficiente, porém diante de um momento de vazio moral, decorrente do processo de globalização e incentivo à valoração
econômica e individualista das sociedades contemporâneas.
REFERÊNCIAS
ABOGLIO, A. M. Esclarecimentos para aprofundar a compreensão das diferenças substanciais com relação à Teoria dos Direitos Animais. Ánima - Ética para os Direitos Animais
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BIOÉTICAAMBIENTAL:
REFLETINDO A QUESTÃO
ÉTICA ENVOLVIDA NA
MANUTENÇÃO DE ANIMAIS
CATIVOS EM ZOOLÓGICOS
PROHNII, Stephanie da Silva¹; COSTA, Juliana Kazubek¹; ABREU, Tábata Carvalho de¹; FONTANA, João
Carlos¹; SILVÉRIO, Rose A.²; FISCHER, Marta Luciane (Orientadora)³
RESUMO
A manutenção de animais selvagens em zoológicos originalmente exerce um status de força e poder, passa direcionar seus objetos a
partir do início do século XX para uma preocupação com o bem-estar animal estimulando a construção de recintos maiores e mais
correspondentes aos habitats naturais. Atualmente, os zoológicos apresentam como objetivo a conservação de espécies, o
desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional, a pesquisa científica, a educação ambiental e, obviamente, o lazer dos seres humanos.
Porém o fato da população buscar os zoológicos principalmente para recreação e lazer, levanta um problema ético contemporâneo
caracterizado por questões complexas, plurais e de interesse internacional. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo levantar
as questões éticas envolvidas na manutenção de animais cativos em zoológicos e fundamentá-las com princípios éticos a fim de subsidiar
debates mais amplos e balizar a tomada de decisões quanto subsidiar ou não a prática. O presente estudo se constitui de uma pesquisa
teórica e exploratória de publicações científicas a respeito da temática visou congregar ideias e argumentos de diferentes setores da
sociedade interessados na manutenção ou extinção dos zoológicos, fundamentando as questões levantadas com princípios éticos
norteadores de correntes éticas contemporâneas. É imoral, que os animais arquem com a privação da sua liberdade e é preciso praticar o
princípio ético da alteridade, cujas as espécies sejam reconhecidas e respeitada pelas suas diferenças, necessidades e especificidades.
Palavras-chaves: Zoológicos, educação ambiental, bem-estar animal, animais cativos.
INTRODUÇÃO
A cultura de manutenção de animais selvagens em zoológicos começou com os egípcios, os quais capturavam em suas
viagens e batalhas pequenos gatos selvagens, babuínos e leões, e os mantinham em seus templos como símbolo de força e poder
(SANDERS; FEIJÓ, 2007). O primeiro zoológico público “Jardin des Plants” foi fundado no século XVIII em Paris, cujos animais eram
oriundos de apreensões em circos e eventos que utilizavam animais em shows. Em 1826 foi fundado o Zoológico da Sociedade de
Londres, com o objetivo de ser uma instituição científica para o estudo da zoologia (BOSTOCK, 1998). Porém com a finalidade de serem
obtidos recursos financeiros para a manutenção dos animais, o local tornou-se aberto à visitação pública e começou a exibir os animais e
fazer shows. Com o aumento no número de visitantes, foi necessária a aquisição de outros animais, os quais passaram a ser retirados
diretamente da natureza sem nenhum controle, o que certamente ocasionou a morte e início da extinção de muitas espécies. Fato que se
agrava com a imposição de uma cultura onde não era levada em conta a natureza animal (SANDERS; FEIJÓ, 2007). A partir do início do
século XX, alguns países da Europa e os Estados Unidos passaram a demonstrar preocupação com o bem-estar animal efetivando a
construção de recintos maiores que tentavam simular o ambiente natural, não perdendo de vista, entretanto, o interesse econômico
(BOSTOCK, 1998). Segundo Sanders e Feijó (2007), os zoológicos foram criados basicamente com o propósito de expor espécies exóticas à
sociedade, cujo sucesso foi alicerçado pela curiosidade inerente ao ser humano e passaram a receber um número significativo de
visitantes, tornando-se ponto turístico de muitas cidades, mesmo diante de novos entretenimentos e fontes de informação sobre os
animais (THOMAS, et al., 2005).
Atualmente, os zoológicos apresentam objetivam a conservação de espécies, o desenvolvimento e aperfeiçoamento
profissional, a pesquisa científica, a educação ambiental e o lazer (SANDERS; FEIJÓ, 2007). Porém a população busca os zoológicos
principalmente para recreação e lazer, sendo que a maioria dos visitantes são famílias com crianças que pretendem apreciar a vida
selvagem em companhia, sendo educação, fuga e introspecção menos importante. A oficialização dos zoológicos requer o cumprimento
de exigências normatizadas pela legislação de cada país. A aquisição destes animais também precisa obedecer às normas rígidas de
importação ou coleta em habitat natural, sendo que a fauna indígena não pode ser vendida nem trocada com outros estabelecimentos a
não ser que seja fornecida permissão e aval dos órgãos competentes (SANDERS; FEIJÓ, 2007), condicionada à animais excedentes e
devendo ter nascido em cativeiro.
Dentro das prioridades e obrigações morais dos zoológicos encontra-se a demanda de propiciar condições para que os animais exibam
comportamentos naturais e automaticamente otimizem as condições de bem-estar (MCPHEE; CARLSTEAD, 2010). A Lei Federal 7173/83,
de uma forma bastante ampla, impõe as dimensões dos Jardins Zoológicos e das respectivas instalações a fim de que atendam aos
requisitos mínimos de habitabilidade, sanidade e segurança de cada espécie, e, assim, possa suprir a demanda do público que busca
vivência com o animal selvagem. Caso encontre animais com comportamentos anormais, possa direcionar experiências negativas em
formas de rejeição à instituição. Bem, como para programas de conservação que visem tanto a reintrodução, quanto a manutenção da
reprodução de espécies em cativeiro. McPhee e Carlstead (2010) consideram três níveis de respostas comportamentais ao cativeiro: na
primeira há apenas uma mudança individual diante de uma necessidade especifica; a segunda envolve o crescimento no cativeiro que é
um ambiente mais restrito e pode alterar o aprendizado e a resposta dos animais. E no terceiro cujas respostas podem ser individuais,
mas são expressas através da população, pois há uma seleção de comportamentos que promovem a sobrevivência no ambiente artificial
que é passado entre as gerações, como por exemplo a tolerância a barulhos distanciando cada vez as populações cativas das selvagens.
A existência dos zoológicos se configura como um problema ético contemporâneo caracterizado por questões complexas, plurais e de
interesse internacional. A impossibilidade de resolução desses problemas apenas utilizando-se de princípios morais e legais locais de cada
cultura, bem como os argumentos favoráveis e contrários à existência dessa instituição por múltiplos sujeitos/atores demanda a
intervenção da bioética ambiental. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo levantar as questões éticas envolvidas na
manutenção de animais cativos em zoológicos e fundamentá-las com princípios éticos a fim de subsidiar debates mais amplos e balizar a
tomada de decisões quanto subsidiar ou não a prática.
BIOÉTICAAMBIENTAL:
REFLETINDO A QUESTÃO
ÉTICA ENVOLVIDA NA
MANUTENÇÃO DE ANIMAIS
CATIVOS EM ZOOLÓGICOS
PROHNII, Stephanie da Silva¹; COSTA, Juliana Kazubek¹; ABREU, Tábata Carvalho de¹; FONTANA, João
Carlos¹; SILVÉRIO, Rose A.²; FISCHER, Marta Luciane (Orientadora)³
METODOLOGIA
O presente estudo se constitui de uma pesquisa teórica e exploratória de publicações científicas a respeito da
temática visou congregar ideias e argumentos de diferentes setores da sociedade interessados na manutenção ou extinção dos
zoológicos, fundamentando as questões levantadas com princípios éticos norteadores de correntes éticas contemporâneas. Desta
forma, o presente estudo foi dividido em três partes: na primeira foram levantados os argumentos favoráveis, no segundo os
argumentos contrários e no terceiro sugerido intervenções para mitigação do problema.
RESULTADOS
Argumentos favoráveis à existência dos Zoológicos
Os principais argumentos a favor da manutenção dos zoológicos é a demanda da sociedade por um espaço de lazer, recreação,
aprendizagem e oportunidade de conhecer e interagir com animais selvagens. Aspectos relacionados com a conservação de espécies,
principalmente aquelas ameaçadas de extinção ou que são apreendidas pelo tráfico, também configuram nas demandas dos
zoológicos, que justificam sua existência vinculados com a conservação ex-situ e, atualmente, também com a conservação in situ,
através dos resultados de pesquisa científica e reintrodução de espécies (MORGAN; HODGKINSON, 1999). Um dos seus papéis mais
importantes, para Wilson (2002), é o de reproduzir em cativeiro espécies ameaçadas de extinção. Segundo Achutti (2003)
gradativamente atividades de Educação Ambiental estão sendo inseridas na programação dos zoológicos, com o objetivo de mudar a
percepção do público. Estes espaços estão se aproximando dos preceitos de centros de conservação, buscando a interação dos animais
com o público visitante, por meio de vidros, propiciando melhor observação do animal (ACHUTTI 2003). Segundo Gonçalves e
Regalado (2007) os cidadãos de centros urbanos visitam zoológicos como a única forma de ver de perto animais da fauna silvestre, o
que os prioriza como locais para uma educação ambiental.
A população busca os zoológicos principalmente para recreação e lazer, sendo que a maioria dos visitantes são famílias com crianças
que pretendem apreciar a vida selvagem em companhia, sendo educação, fuga e introspecção menos importante. Os visitantes
gastam cerca de 90 segundos em cada atração, sendo a visita orientada pelo interesse da criança quando presente e visando
principalmente ter acesso ao animal, com saúde e de preferência em um recinto que reproduza o habitat natural. O público prefere
estímulos visuais e interativos, com sons, movimento e computador, não exibindo interesse em informação passiva bidimensional
(TOMAS et al., 2003). Segundo Morgan e Hodgkinson (1999), os zoológicos são considerados a forma mais importante de contato
entre pessoas e animais nas sociedades modernas. Levando-se em consideração a necessidade de ampliar a base política e de suporte
financeiros os zoológicos devem aumentar os benéficos para o público.
Algumas espécies despertam um maior interesse dos visitantes do que outras, Marcellini e Jenssen (1988) avaliaram o
comportamento de visitantes com répteis e concluíram que esses animais não parecem despertar interesse, pois passam pouco tempo
diante das atrações. Segundo Morgan e Hodgkinson (1999), deve-se valorizar as experiências multissensoriais como por exemplo as
visitas aos viveiros de aves, as quais podem suprir a estética, a educação, as sensações de estar preso com as aves e as necessidades de
contato físico e visual. Segundo os autores os zoológicos ideais devem conter animais grandes e ativos que exibam comportamentos
naturais, especialmente filhotes e estejam facilmente visíveis. Os habitats naturais dificultam a visualização pelos visitantes. Os zoos
devem prover tanto os animais quanto os humanos, e considerando que as necessidades de ambos são discrepantes, estamos diante
de um dilema ético.
A conservação ex-situ pode ser definida como a preservação da diversidade biológica fora do seu hábitat natural
(ANDRIOLO, 2007), com ênfase nas espécies ameaçadas de extinção e nas espécies com potencial de uso econômico (PRIMACK;
RODRIGUES, 2001). Isso pode envolver a conservação dos recursos genéticos de uma espécie sob a manutenção de populações cativas
em zoológicos, aquários, jardins botânicos, para fins de pesquisa, conservação e educação ambiental (ZACARIOTTI, 2013). O
estabelecimento de populações em cativeiro pode prover uma valiosa rede de segurança contra a extinção quando uma espécie atinge
níveis críticos na natureza ou está sob risco de desaparecimento frente a eventos estocásticos, catástrofes ambientais ou perda de
variabilidade genética (HUDSON; ALBERTS, 2004). A decisão de implantação de um programa de conservação ex-situ para uma espécie
dependerá das necessidades e situação do táxon e não deve ser tomada apenas quando a espécie está em risco iminente de extinção
(IUCN, 2002). No entanto, alguns autores também afirmam que a conservação fora do ambiente natural não dever ser idealizada como
uma solução de longo prazo, uma vez que o objetivo é sempre conservar as populações em condições naturais (SNYDER et al., 1996).
Existem exemplos de sucesso de programas de manejo ex-situ e de reintrodução, os quais foram decisivos na preservação de espécies
ameaçadas ou até extintas na natureza (BOYD; KING, 2011). Dentre esses programas, podem ser citados os programas de conservação
do Condor da Califórnia (Gymnogyps californianus); do picanço de São Clemente (Lanius ludovicianus mearnsi); do Mico-Leão Dourado
(Leontopithecus rosalia) (ZACARIOTTI, 2013).
BIOÉTICAAMBIENTAL:
REFLETINDO A QUESTÃO
ÉTICA ENVOLVIDA NA
MANUTENÇÃO DE ANIMAIS
CATIVOS EM ZOOLÓGICOS
PROHNII, Stephanie da Silva¹; COSTA, Juliana Kazubek¹; ABREU, Tábata Carvalho de¹; FONTANA, João
Carlos¹; SILVÉRIO, Rose A.²; FISCHER, Marta Luciane (Orientadora)³
Argumentos contrários à existência dos Zoológicos
O principal argumento contrário à existência dos Zoológicos é que o ambiente artificial do cativeiro é incapaz que proporcionar
condições mínimas de bem-estar aos animais. Harrison em 1964 despertou o interesse sobre o tema bem-estar e a indignação da
sociedade inglesa quando descreveu em seu livro Animal Machines (HARRISON, 1964) os maus-tratos e a crueldade cometida aos
animais criados confinados, culminando, em 1965, na criação do Comitê Brambell. Segundo a autora a instituição desse comitê levou o
Parlamento Britânico a criar o Conselho de Bem-Estar de Animais de Produção (Farm Animal Welfare Council) com base nas “Cinco
Liberdades” inerentes ao animal: liberdade nutricional, ambiental, comportamental, sanitária e psicológica (HOLANDA, 2006). A
preocupação das instituições que mantém animais em cativeiros, é procurar alternativas para melhoria das condições de vida e das
necessidades comportamentais, sendo a técnica denominada de enriquecimento ambiental a mais praticada (RAMOS, 2006; QUEVEDO,
2008). Segundo Furtado (2006), manter animais em cativeiro implica no dever ético de lhes proporcionar saúde física e psicológica.
Segundo Carniatto e Delariva (2009) animais selvagens quando privados de sua liberdade e do ambiente para o qual evoluiu,
apresentam baixas condições de bem-estar, pois a qualidade de vida diminui induzindo o animal ao estresse, diminuindo a capacidade
imunológica e proporcionando o surgimento de parasitoses intimamente relacionadas aos alimentos e hábitos do animal.
Uma das questões éticas envolvidas com os zoológicos é o estímulo à reprodução e posterior manejo dos animais excedentes através da
eutanásia (LACY, 1991). Enquanto alguns argumentos defendem que a vida do animal deve terminar apenas quando ele morre
naturalmente, outros defendem a eutanásia administrativa com o intuído de manejar os custos e viabilizar a funcionalidade dos
zoológicos. Uma vez que, as vezes manter uma espécie que pode ter uma longa longevidade e altos custos de manejo pode impactar na
qualidade de vida que poderia ser direcionada para outras espécies, inclusive para pesquisa. A questão ética que surge é manter um
animal que vive 20 anos ou dois que vivem 10? Contudo, deve-se questionar, se é moralmente estimular a reprodução de um animal em
cativeiro, para usar os filhotes como atrativo para o público, ou se a reprodução só deveria ser estimulada com motivos
conservacionistas para manter um pool genético de espécies ameaçadas de extinção, por exemplo. O ponto importante defendido por
Lacy (1991) é a responsabilidade dos gestores da vida selvagem em cativeiro e o quanto é desnecessário e inaceitável o sacrifico de uma
vida por benefícios econômicos ou conservacionistas, colocando os interesses do homem acima dos interesses de outras espécies. Se
não é aceitável antecipar a morte em humanos, por que seria aceitável em animais? Lacy (1991) discute também a incongruência
existente na sociedade em que se aceita que animais sejam mantidos de formas condenáveis em sistema de produção, com a
justificativa que é para suprir a alimentação humana, enquanto não a aceita sistemas infinitamente melhores em animais mantidos
cativos em zoológicos, por considerar o motivo supérfluo. Embora, os defensores dos zoológicos sustentem sua função conservacionista
e de educação pública. Além disso questiona também o especismo, em que algumas espécies é aceitável a eutanásia e outras não. Se a
senciência é um critério importante (SINGER, 2004), por que se aceita que roedores sejam mortos para alimentar outros animais, mas
não se aceita a eutanásia de aves para o manejo dos animais nascidos em cativeiro? Mas por que matar? Se existem alternativas
inicialmente que seria evitar o nascimento, e outra que seria o intercâmbio entre os zoológicos. E, ainda, a manutenção de reprodução
das gerações de uma espécie em extinção tem mais valor do que a progênie de uma espécie comum? Talvez a questão mais antiética
seja a abdicação da responsabilidade. Pelo que se vê, o atual julgamento moral, tende a minimizar o desconforto humano (LACY, 1991).
Como mitigar as questões éticas envolvidas na manutenção de animais cativos em zoológicos
A preocupação das instituições que mantém animais em cativeiros vem aumentando (DIEGUES, 2008) e técnicas de
manejo são aplicadas visando a obter comportamentos naturais, sendo para tal imprescindível o enriquecimento ambiental (WEE,
2005). Através deste, biólogos e veterinários buscam um manejo adequado, almejando promover o bem-estar físico, psicológico e social
(GARCIA et al., 2001), com melhorias significativas dos aspetos biológicos (NEWBERRY, 1995). Um zoológico moderno tem como uma das
principais funções cumprir a promoção de educação ambiental para seus visitantes. No mundo todo milhares de pessoas escolhem os
zoológicos como opção de lazer e esses locais podem proporcionar aos seus visitantes a oportunidade de conhecer animais que,
provavelmente, nunca teriam chance de conhecer em seus habitats (MERGULHÃO; VASAKI, 2002). Segundo Mergulhão e Vasaki (2002),
um zoológico cumpre seu papel educativo quando consegue fazer com que seus visitantes voltem para casa refletindo sobre a
importância da conservação dos ecossistemas naturais.
Para conhecer de maneira científica o grau de bem-estar animal é necessário o desenvolvimento de técnicas de
diagnóstico (Bond et al., 2012). Para tal, os indicadores mais utilizados são as respostas fisiológicas, comportamentais e condições
sanitárias (LEEB et al., 2004). Outra abordagem centrada no animal é representada pelo trabalho de DUNCAN (2005), que considera a
avaliação das emoções dos animais como a parte principal do diagnóstico de bem-estar animal. Apesar de tal avaliação ser subjetiva e
de difícil aplicação prática, ela é central do ponto de vista do bem-estar dos animais (Bond, et al., 2012). Alguns protocolos consideram
fatores como instalações, sistemas de ventilação e de sombreamento como pontos importantes para se determinar o potencial de bem-
estar animal (BARTUSSEK et al., 2000; NDFAS, 2004). O Índice de Necessidades dos Animais (BARTUSSEK et al., 2000) baseia-se na análise
da adequação das instalações, sendo analisados aspectos como facilidade de locomoção e de interações sociais, tipo e condição do piso,
ventilação, iluminação e manutenção das instalações. O comportamento é consequência da qualidade do recinto, sendo que bem
estruturados, aliados a uma alimentação balanceada e técnicas como enriquecimento ambiental contribui para o bom desenvolvimento
físico, psicológico e social dos animais em cativeiro (CARNIATTO; et al., 2011).
BIOÉTICAAMBIENTAL:
REFLETINDO A QUESTÃO
ÉTICA ENVOLVIDA NA
MANUTENÇÃO DE ANIMAIS
CATIVOS EM ZOOLÓGICOS
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Carlos¹; SILVÉRIO, Rose A.²; FISCHER, Marta Luciane (Orientadora)³
O termo enriquecimento ambiental, surgido na década de 1920, identificou a importância do ambiente físico e social de animais
cativos bem como seu impacto no bem-estar dos animais, e engloba cinco categorias: sensorial, cognitivo, físico, alimentar e social
(YOUNG, 2003). Para Yerkes (1925), se o animal cativo não puder ter a oportunidade de trabalhar para sobreviver, ele deve ao
menos ter a chance de exercitar diferentes reações diante das invenções e dos aparatos colocados em seu ambiente.
Enriquecimento ambiental é sinônimo de aumento de complexidade, que acarreta no desenvolvimento da flexibilidade
comportamental em resposta a ambientes dinâmicos (SHEPHERDSON, 1994), possibilitando melhoria da funcionalidade biológica
dos animais (NEWBERRY, 1995). Consiste em uma série de medidas que modificam o ambiente físico ou social, melhorando a
qualidade de vida, proporcionando condições para o desempenho de suas necessidades etológicas (BOERE, 2001), bem como
permitirem a mensuração do bem-estar, considerando os efeitos do ambiente no crescimento e desenvolvimento (REDSHAW;
MALLISON, 1991) e atuando diretamente na redução de condição emocional negativa (JONES; WADDINGTON, 1992).
Através do enriquecimento ambiental, os animais podem ser estimulados à expressar comportamentos naturais
e típicos da espécie (RABIN, 2003), prevenindo o aparecimento de comportamentos estereotipados, proporcionando ao animal
maiores possibilidades de exploração do recinto (GUILHERME; VIDAL, 2008). Um dos propósitos do enriquecimento ambiental na
conservação ex-situ é obter um número suficiente de animais sadios para ajudar a restabelecer a espécie em perigo de extinção na
natureza (SERRA et al., 2001; ELLIS; WELLS, 2010). Porém, deve-se levar em consideração que há uma rápida habituação do animal
ao novo estímulo proposto, o que pode se tornar uma rotina caso não seja periodicamente alterado (ALMEIDA; MELO, 2001;
QUEVEDO, 2008). Porém, a aproximação do enriquecimento ambiental com o estado emocional do animal ainda é difícil de ser
medida, pois não é possível obter evidências concretas na substituição do estado emocional negativo pelo positivo (NEWBERRY,
1995). Alguns avanços vêm sendo feitos na criação de estruturas teóricas e práticas para o entendimento e a avaliação de bem-estar
animal (BROOM; JOHNSON, 1993).
As demandas legais, ambientais, éticas e sociais conduziram à ampliação da missão dos zoológicos para além de um museu de
animais vivos para educação e conservação (SMITH et al., 2008). Contudo, estudos conduzidos a respeito do comportamento dos
visitantes não têm subsidiado a meta de alterar comportamentos e aumentar a conscientização ecológica da população (SMITH et
al., 2008). Embora em um primeiro momento haja um aumento de interesse, há uma discrepância entre o desejo e habilidade
perceptiva dos zoológicos, sendo que os níveis de engajamento e atenção às questões ambientais retornam ao estágio inicial em
poucos meses após a experiência, principalmente diante de questões não familiares, demandando que o processo de educação seja
contínuo (SMITH et al., 2008). E ainda em decorrência da motivação pela oportunidade em ver animais selvagens e compartilhar
experiência recreativa com amigos e familiares pode levar a uma resistência na tentativa de ser educado. Considerando o lugar dos
jardins zoológicos nas pautas da gestão do turismo sustentável, eles precisam ser colaborativos e estratégicos na seleção e
transferência de mensagens que desencadeie o comportamento sustentável (SMITH et al., 2008).
Não há discordância na questão de que o público é um fator de estresse para os animais e o motivador da existência dos zoológicos
para entretenimento e lazer. Existem linhas de pesquisa que visam torná-los mais atrativos e prazerosos para os usuários, inclusive
muitos deles explorando para turismo. Anderson et al. (2003), defende esse ponto de vista pontuando que um zoológico moderno
deve envolver conservação, pesquisa, educação e recreação, por isso incentiva os estudos com o público sobre sua percepção e
atitudes para que as mesmas sejam usadas como ferramentas para efetivar aspectos educativos e recreativos. Assim, seu trabalho
avalia e propõe que treinamentos com reforço positivo, realizados nos animais para melhorar seus comportamentos
estereotipados, aumento de níveis de atividade, alcance de condições de bem-estar fisiológico e facilitar o manejo veterinário,
sejam abertos ao público, uma vez que as pessoas se sentem mais motivadas e interessadas em ver o animal ativo, e assim o
zoológico poderia fornecer para as pessoas experiências mais positivas e que demandasse suporte para esforços de conservação das
espécies (ANDERSON et al., 2003).
Os zoológicos modernos têm como missão exibir vida selvagem, educar visitantes e se envolver em pesquisa e conservação no
cuidado e sobrevivência da vida selvagem (TOMAS et al., 2003). Segundo Morgan e Hodgkinson (1999), os zoológicos modernos
enfatizam mais educação do que divertimento e talvez isso tenha levado a crítica aos objetivos tradicionais vinculados à estética e
entretenimento. Porém embora, se pertenta ensinar sobre taxonomia, história natural, o público pode visar qualidade nas
interações sociais ou simplesmente um bom lugar para recreação em grupo, estando o componente educativo intrínseco.
BIOÉTICAAMBIENTAL:
REFLETINDO A QUESTÃO
ÉTICA ENVOLVIDA NA
MANUTENÇÃO DE ANIMAIS
CATIVOS EM ZOOLÓGICOS
PROHNII, Stephanie da Silva¹; COSTA, Juliana Kazubek¹; ABREU, Tábata Carvalho de¹; FONTANA, João
Carlos¹; SILVÉRIO, Rose A.²; FISCHER, Marta Luciane (Orientadora)³
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a justificativa de manter animais selvagens confinados em ambientes artificiais, como forma de promoção de aprendizado e investigação
científica na preservação de espécies em risco, bem como na manutenção de animais apreendidos pelo tráfico, não é possível justificar para o entretenimento
humano, uma vez que a tecnologia já disponibiliza para sociedade meios de conhecer a vida selvagem através de documentários, por exemplo (SANDERS;
FEIJÓ, 2007). Outra questão ética a ser considerada é se fato animais descaracterizados comportamentalmente e confinados de uma forma autoritária,
realmente exerce um papel significativo na educação ambiental (SANDERS; FEIJÓ, 2007). Segundo Rodrigues et al., (2008), a educação ambiental trabalhada nos
zoológicos busca conscientizar as pessoas da importância de conservar a natureza, preservando espécies locais. Mas este ponto é questionável no instante em
que se verifica animais com comportamentos alterados pelo cativeiro. Os zoológicos devem resgatar o conceito de preservação priorizando o bem-estar
animal, sendo um local destinado a um sério aprendizado no que tange ao estudo de espécies em risco de extinção, destinado à investigação científica e
servindo de abrigo para animais selvagens apreendidos por tráfico ilícito ou vítimas de maus-tratos.
A sociedade todavia interage com os animais sob os princípios da ética antropocêntrica, visando em primeiro plano a satisfação das necessidades humanas e
utilitarista bem-estarista (SINGER, 2004), justificando o confinamento de alguns animais, desde que o bem-estar dos mesmos seja preservado. É nítida a
valoração especista em que espécies mais carismáticas ou simbólicas despertam mais interesse. No entanto, novas descobertas científicas sobre a senciência
animal e a melhoria no diagnóstico das condições de bem-estar tem exigido a mudança de paradigmas na relação da humanidade com os animais e o
direcionamento para princípios de uma ética biocêntrica que amplia a consideração de status moral para todos os animais, considerando-os como sujeito de
uma vida e logo, merecedores de respeito e da oportunidade de viverem as vidas para quais se justifica a sua existência. É compreensível que as pessoas
tenham necessidades biológicas de interagirem, conhecerem e vivenciarem experiências com a natureza e que privá-las desse contato com o mundo selvagem,
pode proporcionar um distanciamento cada vez maior com a natureza, eximindo-se da responsabilidade de preservar vidas pelas quais não aprendeu a
desenvolver um senso de empatia e responsabilidade. Contudo, é imoral, que os animais arquem com a privação da sua liberdade, vida social e com o seu
sofrimento para que o homem possa usufruir de alguns momentos agradáveis com seus familiares e amigos. É preciso praticar o princípio ético da alteridade,
cujas as espécies sejam reconhecidas e respeitada pelas suas diferenças, necessidades e especificidades. Se a médio e longo prazo é inviável a extinção dos
zoológicos, o princípio ético do mal menor deve ser aplicado e os mesmos devem ser modernizar de forma que os animais sofram o menor impacto possível e
as pessoas possam conhecer o animal saudável, exibindo seus comportamentos naturais e tendo a oportunidade de resolver os seus desafios diários.
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BIOÉTICAAMBIENTAL:
REFLETINDO A QUESTÃO
ÉTICA ENVOLVIDA NA
MANUTENÇÃO DE ANIMAIS
CATIVOS EM ZOOLÓGICOS
PROHNII, Stephanie da Silva¹; COSTA, Juliana Kazubek¹; ABREU, Tábata Carvalho de¹; FONTANA, João
Carlos¹; SILVÉRIO, Rose A.²; FISCHER, Marta Luciane (Orientadora)³
Célia Silva , Daniella Chiesa , Suelin Silva , Marta Luciane Fischer
Bioética global é a combinação da biologia com os conhecimentos humanísticos diversos, constituindo uma ciência que estabelece um sistema de
prioridades médicas e ambientais para a sobrevivência aceitável Potter (1988). Dentre as questões éticas contemporâneas que necessitam da intervenção
multidisciplinar está a medicina preditiva com o processo de escolha do sexo de bebe conhecido como sexagem de embrião. A sexagem de humanos é
possível, desde que por justificativas médicas, realizando testes genéticos para um possível prognostico quanto a uma doença genética, com objetivo de
prevenção. Para este caso há legislações que norteia e tornam esse processo legal. Com os avanços nas técnicas de fecundação artificial, houve um aumento
na procura dos métodos de reprodução assistida, este evento ressalta a releitura do trabalho de Potter (1967) sobre o conhecimento perigoso, onde o
conhecimento acumula-se mais rápido que sabedoria necessária para gerencia-lo, torna-se altamente perigoso. Nesse artigo vamos discutir segundo os
conceitos de Potter as questões éticas na evolução tecnológica dentro da medicina preditiva, focando no processo de sexagem e as questões que envolvem
esse tema. Deve-se lembrar que a discussão vem da questão de ser uma ação individual que pode repercutir socialmente, e ter consequências futuras
afetando indivíduos que ainda nasceram. Com estes questionamentos devemos pensar se a bioética global pode contribuir para mitigação dos conflitos
gerado pelo tema. Entendendo o momento atual em que vivemos e os avanços tecnológicos cada vez mais rápidos, tornou-se necessário maneiras de
manipular e gerenciar todo esse conhecimento, dessa forma o Biodireito e a Bioética pode proporcionar uma luz, para discutir ou fazer refletir sobre os
limites em que devemos manter.
Palavras Chaves : Medicina Preditiva , Sexagem , Bioética , Biodireito.
MEDICINA PREDITIVA – SEXAGEM UMA
DISCUSSÃO DE BIOÉTCA E BIODIREITO
LEITE, Fabiana Francielle Culau ;
FISCHER, Marta Luciane
LIMA, Vanessa Yuri (orientadora PPGB-PUCPR);
A relação humana com os animais necessitou de um grande período de adaptação. Tanto cães quanto gatos se aproximaram dos humanos por razões
diferenciadas e transcorre diversos entendimentos. O presente estudo objetivou entender o relacionamento entre homens e animais, já que a domesticação
caracteriza-se como um evento significativo configurado ao longo da evolução. Embora não seja possível ainda comprovar com precisão os sentimentos
conscientes dos animais, entende-se que tanto humanos como animais compartilham de emoções e sensações, portanto existe muita responsabilidade ética,
moral e legal com as outras formas de vida que compartilham o ambiente doméstico.
Palavras-chave: animais de companhia; bem-estar animal; bioética.
Introdução
A domesticação animal necessitou muito tempo e levou milênios para alcançar a relação com humanos que vivencia-se atualmente. Os cães selvagens
tornaram-se fiéis e companheiros de caça, cuja relação com os humanos segundo FILHO (2013, pág. 51) iniciou há 15 mil anos, com o homem assumindo o
papel de provedor de carne para garantir o sustento familiar enquanto a mulher cuidava da coleta de frutos e dos filhos, sendo elas as responsáveis pela
promoção da aproximação com os lobos, conforme afirmam pesquisas zooarqueológicas (Instituto Anchieta de Pesquisas , 2012).
Em contrapartida a origem felina é difícil de ser comprovada de forma definitiva considerando-se o fato de que gatos não contribuem significativamente com
ações humanas em termos de trabalho ou caça. Tradicionalmente acreditava-se em uma origem egípcia, entretanto descobertas recentes acreditam que a
domesticação ocorreu no Crescente Fértil, há cerca de 10 mil anos, sugerindo que os gatos começaram a se aproximar dos povoados de agricultores para se
aproveitar dos restos de alimentos e camundongos (DRISCOLL et. al., 2013, pág. 36).
Em um contexto histórico, a relação entre homens e animais transcorre diferentes fases e entendimentos. Os gatos domésticos não tinham boa reputação
quando o Brasil foi colonizado, contudo foram considerados bons companheiros domésticos na Europa desde o Século XVIII.
Já os cães eram vistos como animais impuros pelo fato de se alimentarem de carniça, comportamento este que deu origem às expressões com conotação
negativa e depreciativa como: “vida de cão” e “ele é o cão”. Foi apenas a partir do século XVII que a população europeia passou a perceber os caninos como
sinônimo de fidelidade e coragem (ELIAS, 2010, pág. 26 e 27).
Ao que diz respeito à domesticação canina, várias hipóteses foram formuladas, desde considerar que a princípio foram os próprios caninos que optaram por
viver perto dos homens por conta da facilidade em alimentação, até a versão mais tradicional que considera que há cerca de 40 mil anos, grupos de lobos
(Canis lupus) que viviam no Leste Asiático perceberam que poderiam obter alimento mais facilmente seguindo os humanos.
“Há cerca de 40 mil anos, grupos de lobos (Canis lupus) que viviam no Leste Asiático perceberam que poderiam obter alimento mais facilmente seguindo os
humanos. Isso porque caçadores-coletores viviam se deslocando e deixando para trás um nutritivo lixo, composto de restos de ossos, cartilagens e alguns
resíduos de carne. Mas um estudo do DNA de cães e lobos publicado na revista Nature em março de 2010, indica o Oriente Médio como o lugar mais provável
do surgimento de Canis lúpus familiaris, nosso cão doméstico.” (ELIAS, 2010, pág. 39)
Há de se ressaltar esse contexto na relação entre homens e animais, pois, sabe-se que a domesticação foi um dos eventos mais significativos da história
humana que vem se configurando ao longo da evolução.
Para Delarissa e Matiolli (2013), a proximidade afetiva com os bichos foi herdada de nossos antepassados. Contudo, atualmente essa relação está se tornando
mais complexa, as pessoas sem se dar conta, passaram a estreitar cada vez mais sua relação com os animais de companhia, tornando-os provedores de afeto e
alívio para suas angústias.
EXISTE UMA QUESTÃO ÉTICA NA
RELAÇÃO DO HOMEM COM OS
ANIMAIS DE COMPANHIA QUE
DEVE SER DEBATIDA?
Metodologia
O presente estudo partiu da observação não-estruturada (assistemática) do comportamento humano com seus animais de estimação publicadas nas redes
sociais e blogs da World Wide Web . Foram analisadas publicações aleatórias num período de 4 meses. A partir daí foram selecionadas algumas imagens
para análise ao que diz respeito ao comportamento humano perante seus pets.
Resultados e Discussão
Atualmente – com o advento da vida moderna, da correria das grandes cidades e da necessidade de praticidade – os indivíduos optaram por um modelo
familiar diminuído ou então pela vida solitária e por inúmeras vezes os animais de estimação, em particular os cães ou gatos, tem servido como substitutos
de amigos, de um ente familiar ou de uma criança, já que embora necessitem de alguns cuidados, não exigem muita atenção.
Essa opção por um adquirir um animal de companhia, muitas vezes, decorre do fato de os bichos parecem seguros quanto à própria “identidade” e não se
preocupam com o julgamento de seus pares. Já o homem preocupa-se com seu lugar na sociedade, compreende e precisa “agregar valores” a si mesmo e a
quem representa ou acredita ser. Já, para o cachorro, o grupo humano ao qual pertence se torna sua matilha, e nela ele identifica um líder.
A parceria formada desde muito cedo entre cães e humanos provavelmente tem sido favorecida por essa predisposição comum para viver num “ambiente
tribal” DELARISSA; MATIOLLI (2013, pág. 65-67).
A escolha por um objeto de afeto que não necessite de grande investimento, embora exija alimentação, companhia e um pouco de carinho muitas vezes
está associada ao fato do bicho não fazer cobranças e muito menos exigências.
De acordo com MARCONDES (2013, pág. 74), o Brasil tem 98 milhões de animais de estimação segundo dados da Associação Nacional de Fabricantes de
Produtos para Animais de Estimação (Anfalpet). Os números são impressionantes e é compreensível questionar as razões da existência dessa quantidade
de animais de estimação (pet em inglês, do verbo to pet, afagar, acariciar), bem como investigar os mecanismos sociais e psicológicos que nos levam a nos
identificar com eles.
Existe muita expectativa por parte dos humanos ao adquirir um animal de estimação. É possível observar nas redes sociais, a partir das publicações diárias,
o que os indivíduos esperam ao adquirir um pet.
Uma imagem publicada na rede social Facebook e em um blog ilustram a relação esperada entre o dono e seu animal de companhia:
Além das relações de afeto, muitas vezes os animais de estimação são adquiridos com objetivo de contribuir para melhorar a saúde física ou mental de
seus donos, embora os benefícios que eles trazem para a saúde sejam questionados por alguns pesquisadores, já que estes afirmam, não se tem
comprovação de tais benefícios sejam duradouros.
É notório destacar que a presença dos pets reduz os níveis de estresse, dentre outros benefícios destacados pelo Journal of the American Association of
Human-Animal Bond Veterinarian (AAHABV) através de um estudo feito pelos pesquisadores Johannes Odendaal e Susan Lehmann (LEAL, 2013, pág. 29 e
30), dentre eles a interação entre cães e humanos que deflagra, em ambos, a liberação de substâncias que diminuem a ação do cortisol (hormônio do
estresse) provocando sensação de bem-estar.
Os animais são excelentes companheiros, principalmente para crianças, contudo a maioria das pessoas apenas projeta suas expectativas em relação ao
animal e não consideram o fato de que estes também apresentam de alguma forma, emoção.
Para Damásio (apud WILHELM, 2013), os animais possuem emoções primárias: medo, raiva, tristeza, entre outras e emoções sociais: simpatia, vergonha,
culpa, gratidão embora seja difícil provar que animais possuam esta capacidade de autorreflexão. Diversos estudos que avaliam o metabolismo animal,
fornecem evidências que os sentimentos animais não se diferenciam dos sentimentos humanos, considerando-se os processos neuronais comuns à todos
os mamíferos.
Conclusão
Embora não seja possível uma comprovação mais precisa dos sentimentos conscientes dos animais, importante salientar que tanto os humanos quanto os
não humanos compartilham de emoções e sensações semelhantes e por esta razão ao optar por ter um animal de companhia, vale salientar que este
também precisa de companhia, atenção, além de água e ração. Apesar da relação entre as espécies, muitas vezes ser ambígua, já que mescla dominação e
afeto, a proximidade com o homem nem sempre é benéfica para o animal, já que são inúmeros os casos de abandono e descaso com os animais. Por esta
razão ao optar por incluir um não humano na rotina diária, vale ressaltar que deve ser uma escolha responsável, já que o animal pode não corresponder
com as expectativas do dono e que assim como qualquer outro mamífero está sujeito à depressão, estresse e a um comportamento diferente daquele
imaginado. Rever nossas responsabilidades éticas, morais e legais com outras formas de vida que compartilham o ambiente que vivemos é fundamental
para ambos, já que numa visão antropomorfista, todos os animais apresentam alguma forma de emoção e merecem muito mais um pouco de água e um
prato de ração.
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FILHO, N. A. Fidelidade e Traição entre Cães e Seres Humanos. Scientific American Brasil. Edição Especial Vida Animal. N.º 56. Página 50-53.
LEAL, G. Terapeutas de Quatro Patas: tê-los por perto diminui o estresse, favorece processos cognitivos, concentração, criatividade, além de ajudar pessoas doentes a enfrentar tratamentos desconfortáveis.
Mente e Cérebro. São Paulo. Ed. Especial N.º 39. Página 29-30. Setembro/outubro 2013
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abandone-seu-melhor-amigo.html> Acesso em 22/09/2013
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VIANA, M. A. O Culto aos gatos no Egito Antigo. Mundo Pet Magazine. Disponível em <http://mundopetmagazine.blogspot.com.br/2012/08/o-culto-aos-gatos-no-egito-antigo.html> Acesso em 30/01/2014
WILHELM, K. Um jeito de sentir: Quem gosta de bichos não duvida que seus companheiros de estimação expressam simpatia, indignação e gratidão. Porém os cientistas fazem distinção entre respostas e
estímulos e a interpretação das próprias emoções. Mente e Cérebro. São Paulo. Ed. Especial N.º 39. Página 26,27. Setembro/outubro 2013
EXISTE UMA QUESTÃO ÉTICA NA
RELAÇÃO DO HOMEM COM OS
ANIMAIS DE COMPANHIA QUE
DEVE SER DEBATIDA?
EXISTE UMA QUESTÃO ÉTICA NA
RELAÇÃO DO HOMEM COM OS
ANIMAIS DE COMPANHIA QUE
DEVE SER DEBATIDA?
Karynn Vieira Capilé; Marta Luciane Fischer,
Resumo: Atualmente existem cerca de 400 raças diferentes de cães com diversas características morfológicas e comportamentais
diferentes, mostrando a grande quantidade de variabilidade genética que pode-se gerar por meio de seleção artificial. No passado os
cruzamentos visavam cães com características úteis para o trabalho e atualmente há maior apreciação dos animais para companhia. O
objetivo deste trabalho foi analizar os critérios e motivações da seleção artificial em cães e os impactos da mesma para o bem-estar
animal. As consequências negativas da seleção artificial em cães decorrem principalmente da motivação envolvida no momento da
escolha das características do animal e não da técnica usada e o problema concernente ao bem-estar animal decorre do fato de as
características selecionadas não visarem melhorias e nem considerarem interesses, necessidades e limites dos animais, mas sim
atenderem a uma demanda ligada ao consumo e aos interesses mercadológicos. É possível que a seleção artificial resulte em melhorarias
na qualidade de vida dos animais, o que depende de mais pesquisas genéticas e mudanças nos critérios envolvidos na seleção artificial.
Palavras chave: cruzamento, bem-estar animal, antropocentrismo, coisificação.
INTRODUÇÃO
Há cerca de quinze mil anos, com o surgimento da agricultura, o homem deixou de ser nômade e então apareceram
os primeiros vilarejos dos quais os lobos selvagens se aproximavam em busca de alimento. Os lobos mais dóceis se arriscavam mais e
obtinham mais êxito, consequentemente, gerando mais descendentes do que os menos dóceis. Após sucessivos cruzamentos de animais
dóceis entre si, o lobo selvagem (Canis lupus lupus) deu origem ao cão (Canis lupus familiaris) que, desde então, esteve presente na
história evolutiva da humanidade (BRASILICA; SILVA, 2012). A habilidade para pastoreio de alguns cães se destacou na atividade pecuária,
os cães mais eficientes passaram a ser selecionados e assim se iniciou a manipulação das primeiras raças (KING; MARSTON; BENETT,
2012). Naquele momento os critérios de seleção já visavam o benefício humano, mas estavam relacionados a características funcionais
do cão e, aparentemente, não comprometiam sua saúde e bem-estar. A partir daí os critérios para a seleção de cães foram se
modificando ao longo da história da humanidade, sendo influenciados pelo desenvolvimento industrial, surgimento das cidades,
crescimento populacional e mudanças no estilo de vida. Atualmente existem cerca de 400 raças de cães com diversas características
morfológicas e comportamentais diferentes, mostrando a grande quantidade de variabilidade genética que pode-se gerar por meio de
seleção artificial. Os primeiros cruzamentos realizados pelo homem visavam cães com características úteis para o trabalho. Atualmente
há maior apreciação de características estéticas e de animais para companhia (ARENDONK, 2005). A Partir disso propõe-se uma reflexão
acerca das motivações e consequências envolvidas na seleção artificial de cães da forma como é realizada atualmente.
DISCUSSÃO
De uma forma geral, a relação homem-animal na civilização ocidental industrializada se constitui sob valores antropocêntricos (FELIPE,
2006, p.111), inclusive no caso dos animais de companhia, que, embora ocupem posição privilegiada de estima em nossa sociedade
devido à proximidade afetiva com os seres humanos, passam por um tipo de seleção artificial que busca atingir padrões estéticos e
comportamentais considerados ideais apesar dos possíveis efeitos negativos em sua qualidade de vida. Estes padrões que provavelmente
jamais teriam evoluído naturalmente agradam as pessoas, mas muitos deles prejudicam os animais. Cães com coluna alongada como
Dachshund e Basset Hound sofrem por problemas frequentes na coluna vertebral. Raças gigantes são propensas a desenvolver torção
gástrica e displasia coxofemural Raças miniatura podem apresentar colapso de traqueia por causa da formação incompleta dos anéis
cartilaginosos, bem como desajustes na coluna vertebral devido ao tamanho pequeno dos membros (JOHNSON, 2000, p.1260). Nos cães
braquicefálicos, como Boxer, Lhasa Apso, Shihtzu e Pequinês, a mudança do formato do crânio prejudica a passagem do ar pelo nariz
provocando, dentre outras complicações, dificuldade respiratória. Ocorrem também anomalias como a Displasia do Occipital que afeta as
raças miniatura como Grifon de Bruxelas, Cavalier King Charles spaniel, King Charles spaniel, Pinscher e Chihuahua, devido ao fato de o
crânio ser muito pequeno para o tamanho do cérebro (ROONEY; SARGAN, 2009, p.18-35).
Os critérios e motivações que pautam a seleção artificial atualmente refletem o contexto histórico, social, econômico
e cultural no qual estamos inseridos. Este contexto se caracteriza por uma sociedade ocidental industrializada globalizada cujos valores
alimentam e são alimentados pela cultura do consumo, do fetiche, da supervalorização de aparência e da transformação do outro em
mercadoria. As relações se constroem a partir de uma lógica que mantém a mercadoria como centro das práticas cotidianas e na qual há
uma constante orientação para que o modelo de conduta seja sempre articulado através do ato de consumir (BAUMAN, 2008, p132).
Trata-se do que alguns autores chamam de coisificação do outro, seja o outro um animal humano ou não humano. A relação homem-
animal é influenciada por fatores econômicos, políticos e culturais (DOMINICK, 1995, p.16) que subsidiam a ideia de que os animais são
meios para a satisfação de interesses humanos e não fins em si mesmos (REGAN, 2001, p.78).
UMA REFLEXÃO SOBRE OS
CRITÉRIOS E MOTIVAÇÕES
ENVOLVIDOS NA SELEÇÃO
ARTIFICIAL DE CÃES
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Nossa Produção em Bioética Ambiental 1a JORNEB

  • 1.
  • 2. ANA SILVIA JULIATTO BORDINI – Mestranda PPGB - juliatto.bordini@pucpr.br - GABRIELA RODRIGUES – Mestranda PPGB - rodriguesga@hotmail.com - Prof.ª Dr.ª VALQUIRIA ELITA RENK – Orientadora PPGB valquiria.renk@pucpr.b - Prof.ª Dr.ª MARTA LUCIANE FISCHER – Orientadora PPG - PUCfischer.mrt@gmail.com A Bioética Ambiental surge como uma necessidade para discutir e abordar questões éticas emergentes relacionadas ao Ecoturismo fundamentado por princípios éticos visando balizar a resolução de conflitos que envolvem os sujeitos sociais e o meio ambiente. Dentre as inúmeras possibilidades e necessidades de aplicação da Bioética Ambiental, destaca-se o Ecoturismo. Entende-se por ecoturismo as atividades realizadas em ambiente natural, atreladas à responsabilidade sobre as áreas naturais, ao bem-estar da população local, a uma orientação filosófica, ao desenvolvimento sustentável e à educação. Porém, a sua prática causa impactos na natureza, na organização social, econômica e cultural das comunidades anfitriãs e nos turistas. Este trabalho teve como objetivo analisar a utilização da Bioética Ambiental como critério para diminuir a vulnerabilidade das comunidades que dependem exclusivamente do ecoturismo para sua sobrevivência. Para atingir este objetivo foi realizada uma revisão da literatura sobre a relação entre ecoturismo e economia, turistas, comunidades anfitriãs e o meio ambiente, com a intenção de promoção do diálogo entre esses agentes estreitando as inter-relações resultando em uma relação equilibrada. Outro aspecto considerado foi a vulnerabilidade das comunidades diante da exposição aos agravos ou riscos à saúde. O envolvimento entre diferentes culturas decorrentes do ecoturismo demanda a utilização dos princípios éticos da solidariedade, cuidado e alteridade. Também foi possível perceber que diferentes princípios éticos podem ser utilizados para nortear as tomadas de decisões em diferentes níveis pelos atores envolvidos com o Ecoturismo. Palavras-chave: Bioética Ambiental, Ecoturismo, Vulnerabilidade e Comunidades Anfitriãs. A BIOÉTICAAMBIENTAL FRENTE À VULNERABILIDADE DAS COMUNIDADES NA RELAÇÃO COM O ECOTURISMO.
  • 3. VERTENTES CONTEPORÂNEAS DA ÉTICA NA PESQUISA COM ANIMAIS MOLINARI, Renata Bicudo, SANTOS, Juliana Zacarkin dos, RODRIGUES, Gabriela e FISCHER, Marta Luciane (Orientador) RESUMO Questões éticas envolvidas no uso de animais para finalidade acadêmica têm sido debatidas ao longo do desenvolvimento da humanidade. Posicionamentos favoráveis e contrários marcaram debates e manifestações, as quais com o auxílio da Bioética conduziram à elaboração de diretrizes, que culminaram em uma normatização legal baseada no princípio dos três erres e nos paradigmas éticos do utilitarismo e sencioncentrismo. Desta forma, toda atividade de pesquisa ou aula prática envolvendo animais estão condicionadas à Lei 11.794/08, cuja aplicação institucional é responsabilidade das comissões de ética. Embora, o uso experimental dos animais seja dentre os papéis exercidos pelos animais nas sociedades humanas, aquele que dispõe de maior rigor legal, resultado de um debate e reflexão amadurecidos, todavia emergem temas tendem à fragilizar o sistema caso não sejam mitigados, o que demanda novamente a intervenção da Bioética. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo a contextualização teórica de três vertentes contemporâneas no debate ético no uso de animais para finalidade científica: a integridade na pesquisa, o impacto dos movimentos sociais e a inclusão dos invertebrados no rol dos animais sencientes e merecedores de proteção legal. Palavras-Chave: Bioética ambiental, integridade na pesquisa, invertebrados, movimentos sociais. INTRODUÇÃO No início da sua jornada evolutiva o ser humano mantinha uma relação biológica com a natureza, na qual se percebia inserido no contexto e nos ciclos naturais e vulnerável diante da sua imprevisibilidade. Contudo, o surgimento da agricultura, há cerca de 12.000 anos, e o desenvolvimento de tecnologias permitiram-no controlar a reprodução e sobrevivência de animais e plantas levando-o ao distanciamento da natureza e rompendo com o contrato natural existente entre as espécies de que todos deveriam ter chances igual de se reproduzir e colonizar o planeta (MORIS, 1990). Logo após o surgimento das primeiras cidades, os aglomerados humanos demandaram regras mais rígidas, planejamento e organização conduzindo ao surgimento da filosofia clássica que desde então pensaram o papel do homem dentro do contexto natural (FISCHER; OLIVEIRA, 2013). O desenvolvimento científico e a percepção do animal como fonte de saber e promovedora do conhecimento humano foram interrompidos pela era medieval que passou a atribuir à natureza um valor orgânico, mágico e autônomo. Com o surgimento do iluminismo e da renascença retoma-se o estudo da morfologia e fisiologia animal e a consolidação, por parte de pensadores mecanicistas como Descartes, de que não era necessário ter piedade e compaixão dos animais submetidos à vivissecção, pois os mesmos não passavam de máquinas complexas, desprovidos de sentimentos e consciência (FISCHER; OLIVEIRA, 2013). A ideia foi prontamente aceita pela comunidade científica, que subsidiou-a ideia com resultados das pesquisas experimentais e o repúdio ao antropomorfismo e a atribuição de características humanas a animais não humanos. Somente no final do século passado com o surgimento da Bioética (POTTER, 1970) e o posicionamento de filósofos como Peter Singer (SINGER, 2004) e Tom Regan (REGAN, 1982), é que a relação do homem com os animais passou a ser mais enfaticamente discutida levando às mudanças nas condutas da sociedade e motivando a elaboração de leis mais rígidas. Há, porém diferentes segmentos sociais interessados nessa temática, muitas vezes com pensamentos, linguagens e valores distintos levando ao surgimento de diferentes culturas que não dialogam e contribuem cada vez mais para o retardo da solução desses dilemas. A linha de pensamento deontológica é apoiada por ativistas em prol dos direitos animais e defensores de que todos os animais têm direito a viverem a sua vida independente dos interesses do ser humano. Este, conflita com o pensamento utilitarista que atribui diferentes pesos aos animais dependendo da relação estabelecida e dos interesses envolvidos, contudo considerando que o mesmo não deve sofrer e que devem ser direcionados esforços para promover uma boa existência e uma morte humanizada (REGAM, 1982, SINGER, 2004). As primeiras iniciativas de delegar em prol dos animais na Idade Moderna datam de 1822 (FISCHER; TAMIOSO, 2013). Contudo, passaram a ganhar força a parir da mobilização da sociedade para normatização da pesquisa com seres humanos baseadas no Código de Nuremberg, Declaração de Helsinque e Relatório Belmont, culminando no nascimento da Bioética e na promoção do diálogo e intervenções para conter os conflitos de interesses (KIPPER, 2010). Concomitantemente na metade do século XIX Russell e Burch (1959) publicaram o princípio dos 3 R’s e Harisson (1964) denunciou as crueldades direcionadas para animais de produção no pós-guerra, culminando na elaboração de diretrizes para o confinamento de animais e subsidiando o surgimento de movimentos animalistas. No final do século XIX, Singer (2004) balizou a teoria moral consequencialista, considerando a capacidade de sofrer como o critério moral mais relevante, para tal, sendo necessária a existência da senciência, faculdade mental que possibilita a consciência da dor física e mental e geradora de interesses em não sofrer (SINGER, 2004). Contudo, a ética utilitarista admite como moralmente aceitável o abate de alguns animais, desde que a conduta seja justificável e realizada de forma rápida e indolor (MARQUES-SILVA, 2012). Os critérios de quem e como ser abatido tem gerado posicionamentos conflitantes entre diferentes atores da sociedade (ABOGLIO, 2008). A preocupação com não sofrimento desencadeou o surgimento da ética bem-estarista, exercida por cientistas e agricultores que visa propiciar boas condições de vida para os animais que todavia necessitam serem mantidos cativos sob a tutela do homem. Essa é uma ética socialmente percebida como moderada, razoável, reducionista e interessada em trabalhar dentro e com o sistema de forma racional e com bom senso, buscando na informação e na ciência os elementos para embasar a sua avaliação moral de sofrimento. Com uma visão antagônica inspirada em Kant, se consolidou a ética do direito animal ou abolicionista, liderada por Regan (1982) e pregando que os animais possuem um único direito moral, o de não ser prejudicado devido a necessidades utilitaristas do homem (FELIPE, 2006). Essa ética é socialmente encarada como radical, extremista, abolicionista, violenta e libertária, atuando emocionalmente, irracionalmente e desinformada dos dados científicos (MARQUES-SILVA, 2012).
  • 4. VERTENTES CONTEPORÂNEAS DA ÉTICA NA PESQUISA COM ANIMAIS MOLINARI, Renata Bicudo, SANTOS, Juliana Zacarkin dos, RODRIGUES, Gabriela e FISCHER, Marta Luciane (Orientador) Durante as últimas décadas houve incentivo aos estudos científicos que promovesse uma avaliação mais precisa do sofrimento animal para apoiar a ética sensiocêntria, visando a comprovação da consciência animal, destacando-se Antônio Damásio como importante neurocientista categorizando diferentes níveis de consciências (DAMÁSIO, 2011). Segundo Felipe (2003), a senciência pode ser definida como “capacidade de realizar uma perda”, sendo que os animais apresentam sensibilidade para os eventos que os afetam, consciência do que se passa consigo, memória, o que os torna capazes de registrar experiências passadas, imaginação e recordação consciente das mesmas. Posteriormente, por meio da Revolução Darwiniana foi provado que os seres humanos são resultado de milhões de anos de evolução e compartilham de intuições e emoções com os animais, sendo alguns movimentos expressivos humanos herdados de antepassados primitivos. Dentro de uma perspectiva biológica, devem ser consideradas as semelhanças anatômicas e fisiológicas entre humanos e animais, além dos mecanismos neurológicos de percepção, integração e respostas às dores (ROLIN, 1986). A ética na pesquisa com animais se consolidou como uma importante linha de atuação da bioética e balizou a legislação internacional e nacional através de estudos de diagnósticos das condições físicas e de bem-estar animal e através da análise da percepção de diferentes setores sociais a respeito do uso de animais para pesquisa e aulas práticas (FISCHER; OLIVIERA, 2013, FISCHER; TAMIOSO, 2013). Não há dúvidas que muito se avançou nessa área, que se destaca das demais utilizações dos animais justificadas pela sociedade tais como para alimentação, vestimenta, serviços, entretenimento e companhia, as quais não possuem normatizações próprias mesmo diante dos evidentes maus-tratos cometidos (FISCHER; TAMIOSO, 2013). Porém, mesmo diante de todo avanço logrado na normatização da utilização de animais para finalidade acadêmica, todavia existem demandas éticas, as quais devem ser fundamentadas com princípios norteadores das decisões de porquê e como utilizar os animais. Dentre os princípios dos 3 erres (RUSSELL; BURCH, 1959) destaca-se o refinamento, ou seja, um cuidado dispensando aos animais para que os resultados das pesquisas sejam viáveis de publicação e de fato resultem em aplicações que justifiquem as vidas que foram finalizadas. Assim, os cuidados dispensados aos animais visam, além do bem- estar do indivíduo, promover dados confiáveis, que diminuam tanto o número de animais, quanto de experimentos. Contudo, parece que essa não é uma realidade da maioria dos pesquisadores, por isso questiona-se a responsabilidade do pesquisador no momento de veicular um dado científico sem ter tomado os cuidados necessários. O posicionamento da sociedade contra o uso de animais para finalidade acadêmica tem sido a base de muitos movimentos sociais, culminando em atitudes radicais, aparentemente intenção mais política do que com relação ao bem-estar animal (HERZOG; GOLDEN, 2009). Questiona-se os motivos que levam a sociedade a se posicionar tão veementemente diante das pesquisas e se calar diante das atrocidades que diariamente presenciam. Acredita-se que a falta de diálogo entre o meio acadêmico e social pode gerar uma atmosfera de desconhecimento do que realmente é feito no ambiente restrito da universidade. E, por fim, a legislação da maioria dos países se apoia na comprovação científica da sensiência como critério de atribuição moral incluindo, no rol dos animais merecedores de normatização e cuidados, apenas os vertebrados (SINGER, 2004). No entanto, estudos recentes têm mostrado que invertebrados também possuem nocioceptores além de poder experimentar processos mentais como sofrimento e ansiedade. Contudo diante de aspectos culturais a maioria dos invertebrados é vista como prejudicial e pouco desenvolvida não gerando empatia e preocupação com seu sofrimento. Logo, questiona-se o posicionamento ético que deve ser direcionado a esse grupo que representam 95% das espécies de animais. MÉTODOLOGIA O presente estudo se constitui de uma pesquisa exploratória do conhecimento atual sobre as novas demandas éticas na área da ética em pesquisa com animais. Para tal, artigos científicos que abordam cada um dos temas foram analisados e as questões levantadas e fundamentadas com princípios éticos balizadores das tomadas de decisão. Para tal o presente estudo foi divido em três partes, na primeira foi refletida sobre os aspectos relacionados com a integridade na pesquisa e proposto como trabalhar a questão; na segunda foi realizado um levantamento dos movimentos sociais e dos princípios éticos defendidos pelos mesmos e refletido sobre a percepção mútua existente entre academia e sociedade e, por fim, foi realizada uma reflexão a respeito da consideração do status moral dos invertebrados.
  • 5. VERTENTES CONTEPORÂNEAS DA ÉTICA NA PESQUISA COM ANIMAIS MOLINARI, Renata Bicudo, SANTOS, Juliana Zacarkin dos, RODRIGUES, Gabriela e FISCHER, Marta Luciane (Orientador) RESULTADOS Integridade na Pesquisa As necessidades especiais dos animais evoluíram ao longo do tempo nas políticas para o atendimento adequado e uso de todos os animais utilizados na pesquisa e educação. Juntamente seguiu-se a necessidade de maior respeito frente aos animais e a aplicação de procedimentos que estejam de acordo com o bem-estar dos mesmos, considerando as condições ambientais adequadas, que levará o pesquisador a obter resultados confiáveis e reproduzíveis (BRAGA, 2010). Segundo Broom e Molento (2004), os parâmetros fisiológicos e comportamentais se alterados podem indicar um baixo grau de bem-estar, sendo que estudos só têm valor se esses controles forem cuidadosamente mantidos. Além disso, um projeto experimental que resulte em dor ou sofrimento, muitas vezes diminui, se não elimina, o valor científico do experimento. Essas proteções são necessárias para garantir a integridade física das dezenas de milhões de animais utilizados para experimentação, e para evitar a fraude científica como resultado dos cuidados deficientes, negligência ou abuso dos animais (HEYDE, 2002). As discussões no campo da integridade na pesquisa nas áreas da pesquisa e da educação vêm crescendo devido aos casos de má conduta descobertos nos últimos anos. Países como EUA, Canadá, Alemanha, Reino unido tem se mostrado ativos na promoção das discussões no campo da integridade. Nos EUA foi criado em 2004 o Office Research Integrity que faz parte do Escritório de Ciência e Saúde Pública objetivando supervisionar as pesquisas, promover a educação responsável nas pesquisas e, ainda, prevenir a má conduta em pesquisas. Durantea Conferência Mundial sobre Integridade em Pesquisa em Cingapura em 2010, foi criada a Declaração de Cingapura que definiu como princípios a honestidade em todos os aspectos da pesquisa, a responsabilidade na condução da pesquisa, respeito e a imparcialidade profissional no trabalho com os outros e a boa gestão da pesquisa em benefício de outros e define integridade na pesquisa como: A confiabilidade da investigação por força da solidez de seus métodos e da honestidade e precisão na sua apresentação. Falta integridade à pesquisa quando seus métodos ou apresentação distorcem ou deturpam a verdade. Ainda que no Brasil as discussões caminhem timidamente, e não haja um órgão regulador de condutas, em 2011 foi criado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) o Código De Boas Práticas Científicas que estabelece diretrizes éticas para as atividades científicas dos pesquisadores beneficiários de auxílios e bolsas. Nesta mesma linha, também em 2011 o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) estabeleceu, diante do recebimento de denúncias de fraude em publicações científicas, suas diretrizes básicas para a integridade nas atividades científicas. Em 2013, a Academia Brasileira de Ciências publicou o Guia Rigor e Integridade nas Pesquisas, um guia de recomendações práticas responsáveis, estabelecendo valores, princípios e orientações para a condução da pesquisa científica e a comunicação de seus resultados. São notáveis os esforços que vêm motivando os pesquisadores brasileiros a aderirem às boas práticas nas pesquisas. Embora tais iniciativas sejam de suma importância, percebe-se a preocupação atrelada, sobretudo às falsificações e fabricações de dados e ao plágio. Contudo, pode-se verificar em alguns documentos internacionais, como o Responsible Conduct in the Global Research Enterprise (InterAcademy Council, 2012), a preocupação com a má conduta à animais não humanos, conforme verificado em alguns trechos nas considerações: a) que os pesquisadores têm a responsabilidade de respeitar e cuidar dos assuntos da sua pesquisa, seja humanos ou animais de laboratório; b) a pesquisa não pode ser justificada se inflige danos inaceitáveis sobre o objeto de pesquisa, cuja aceitação deve ser um julgamento social que pese potenciais ganhos contra possíveis danos; c) inclui como prática de pesquisas irresponsáveis maus- tratos a animais não humanos. Pode-se verificar tal preocupação também no E-book desenvolvido pela Teaching the Responsible Conduct of Research in Human (RCRH, 2006) o qual cita a definição de integridade da National Academy of Sciences (NAS) cujos indivíduos na integridade da investigação é um aspecto do caráter moral e experiência. Trata-se, acima de tudo um compromisso com a honestidade intelectual e a responsabilidade pessoal para ações de uns e de uma série de práticas que caracterizam a conduta da investigação responsável. Essas práticas incluem o cuidado humano com os animais na conduta das pesquisas. Os documentos brasileiros trazem de forma sucinta a má conduta relacionada a animais referindo-se que todo trabalho de pesquisa deve ser conduzido dentro de padrões éticos na sua execução, seja com animais ou com seres humanos (Relatório CNPQ), sendo que o guia da Academia Brasileira de Ciências acrescenta os termos respeito e cuidado. Os pesquisadores podem assumir as suas responsabilidades por saber quais atividades estão sujeitas aos regulamentos, compreender e seguir as regras para a aprovação do projeto, obtenção de formação adequada, e aceitar a responsabilidade de continuar para o cumprimento por todas as fases de um projeto. Uma vez que, o não cumprimento do protocolo aprovado durante a realização do estudo e a incapacidade de seguir as recomendações institucionais ou nacionais para o cuidado ao uso de animais é um tipo grave de má conduta (COUNCIL OF SCIENCE EDITORS, 2012). A integridade na pesquisa precisa estar alicerçada nos 3 pilares: Ética, Integridade e Legislação referidos aqui. A discussão do tema em questão precisa ser ampliada nas instituições de ensino para promoção da integridade nas pesquisas acadêmicas, bem como a elaboração e implementação de linhas de condutas.
  • 6. VERTENTES CONTEPORÂNEAS DA ÉTICA NA PESQUISA COM ANIMAIS MOLINARI, Renata Bicudo, SANTOS, Juliana Zacarkin dos, RODRIGUES, Gabriela e FISCHER, Marta Luciane (Orientador) Impacto dos Movimentos Sociais A discussão sobre a relação entre animais humanos e não-humanos configura no meio acadêmico desde Pitágoras, sendo a intenção de se adquirir conhecimento desde 500 a.C. com estudiosos como Alcmaeon, Hipócrates e Aristóteles (BEADER, 2012). Em 1789, foi publicado o livro “Introduction to the principles of morals and legislation” do filósofo inglês Jeremy Benthan, cujo o autor considerou os animais passíveis de sofrer e mesmo sem a capacidade de raciocinar ou falar (GOLDIM; RAYMUNDO,1997). Este pensamento embasa na atualidade os movimentos anti-vivisseccionistas. Em 1860, Claude Bernard apresentou a seus alunos uma aula onde usava técnicas de vivissecção no cachorro de sua filha, tal conduta motivou sua esposa a criar a primeira Associação de proteção a animais de laboratório (GOLDIM; RAYMUNDO,1997). A utilização de animais no ensino e na pesquisa tem sido muito questionada, tendo cada vez um número maior de estudantes de diferentes níveis de ensino que se posicionam contra o uso de animais. Em 1987 foi julgado, na Califórnia, o primeiro caso de Objeção de Consciência cuja aluna foi ameaçada pela escola por se negar a dissecar um animal em aula (GREIF, 2003). Contudo, os primeiros movimentos que levaram à proteção dos animais sugiram em 1822 na Inglaterra, com o “British Cruelty to Animal Act”, que estipulou as primeiras normas contra atos cruéis envolvendo animais (RODRIGUES, 2003). Movimentos sociais são definidos toda ação coletiva de cunho sócio-político e cultural cujo objetivo é propor, exigir e expor suas necessidades e desejos, solicitar mudanças, denunciar o que consideram errado ou desafiar os códigos políticos e culturais vigentes (RODRIGUES, 2011; GOHN, 2011). Segundo Gohn (2011), os movimentos sociais fazem um diagnóstico da realidade social, constroem propostas, sendo uma das premissas básicas as fontes de inovação e matrizes geradoras de saber. Segundo o autor, a interação entre os movimentos, grupos sociais e as instituições educacionais causa alegria para alguns dos envolvidos, pela troca de conhecimentos, aceitação e mudanças positivas, mas também causa desconforto e estranhamento por parte dos membros mais conservadores, principalmente na área científico-educacional. No Brasil, os movimentos pró-animais começaram em 1924, o que acabou culminando na criação do Decreto 16.590 em defesa dos animais e foi fortalecido pelo Decreto 24.645 de 1934, que definia algumas posturas consideradas maus-tratos aos animais. Mas o maior feito pela causa ocorreu com a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, que inclui diversos países como signatários, inclusive o Brasil (RODRIGUES, 2003). Dentre os movimentos relacionados à causa animal destaca-se o Movimento Abolicionistas (GREIF, 2000), apoiados na linha de antivivisseccionismo científico. Configuram também movimentos de profissionais da Saúde contra a vivissecção, que se dividem entre opiniões abolicionistas, protecionistas e reducionistas. Estes últimos são considerados perigosas conflitando os argumentos de cientistas que sustentam a importância do uso de animais e os Movimentos de Defesa dos Animais, que geralmente se baseiam apenas no dever ético da espécie humana, podendo facilmente ser convertidos para o pensamento reducionista. Além destes, Greif (2003) cita os movimentos estudantis por uma educação mais humana e para garantirem seu direito de objetar em assistir aulas com uso de animais e os grupos de bem-estar animal, dos quais muitos são subsidiados por governos e nem sempre são contrários à vivissecção, apesar de pregarem o bem-estar dos animais envolvidos em pesquisa e aulas. Ressalta-se os movimentos pacíficos e filosóficos que envolvem grupos de pessoas que escolheram reivindicar mudanças na forma como se tratam os animais através de mudanças pessoais de atitudes, pensamentos e hábitos, como é o caso do veganismo ou do vegetarianismo. Lira (2013) caracteriza o vegetarianismo estrito ou veganismo como grupo de pessoas que optam por ter um estilo de vida sem o consumo de produtos provenientes de origem animal e evitam participar de atividades que explorem de alguma forma espécies não humanas. Segundo a autora, para o vegetarianismo e veganismo, a alimentação se torna um mecanismo de reivindicação com o intuito de diminuir a diferenciação que a sociedade faz entre a espécie humana e as demais, assumindo uma expressão de moralidade antiespecista. Diferentemente de outros grupos ativistas que lutam por direitos e proteção de algumas espécies que são mais cativantes para o ser humano, como cães, gatos e coelhos, mas ignoram outras que consideramos desprezíveis ou aversivas como ratos, camundongos, peixes e os invertebrados como um todo. Para Amorim e Pelizzoli (2011), a ética ecofeminista defende a Ética do cuidado, expressando regras de conduta balizada em valores e atitudes marcadas por uma ética de virtudes. Este movimento prega a emoção como a chave da relação entre humanos e não-humanos, porém embasada pela razão, buscando construir uma ética que valorize e respeite os animais não- humanos. Para os ecofeministas a contextualização e a relação entre os seres é muito importante, nem sempre os direitos ou interesses dos animais não-humanos é de fato considerado, dando brechas ao especismo dependendo do contexto onde inserimos a prática do vegetarianismo adotado por elas. Muitos ativistas dos movimentos em prol dos animais não acreditam que a pesquisa com animais deva ser o foco principal dos movimentos pela causa e são contra as invasões a laboratórios, além disso, possuem uma visão restrita a respeito dos pesquisadores, acreditando que os mesmos veem os animais não-humanos como meros objetos que podem ser usados e descartados (PLOUS, 1991). Plous (1991) também menciona que muitos membros da comunidade científica e médica dos EUAs, na década de 1990, consideram aqueles que apoiam os direitos dos animais “fanáticos, militantes e perigosos”, por valorizarem o bem-estar dos animais mais do que o do ser humano ao lutarem pelo fim das pesquisas com animais não-humanos. Mesmo diante do rigor legal que normatiza o uso de animais para finalidade experimental, a sociedade se mobiliza notoriamente contra o uso acadêmico como o presenciado no final de 2013 com a invasão do instituto Royal (GHIRALDELLI, 2013). Esse comportamento social leva a crer que esteja havendo uma falha de comunicação entre a academia e a sociedade gerando muitas fantasias do que ocorre no ambiente restrito dos laboratórios e uma vulnerabilidade dos cientistas diante das atitudes radicais dos ativistas. Assim, é urgente conhecer o que cada segmento social percebe do outro e promover um debate intermediado pela intervenção da bioética.
  • 7. VERTENTES CONTEPORÂNEAS DA ÉTICA NA PESQUISA COM ANIMAIS MOLINARI, Renata Bicudo, SANTOS, Juliana Zacarkin dos, RODRIGUES, Gabriela e FISCHER, Marta Luciane (Orientador) O benefício da dúvida para os Invertebrados Os invertebrados compõem aproximadamente 95% das espécies de animais (DUTRA; OLIVEIRA, 2010), contudo a sociedade ocidental ainda os considera como incogniscientes, inconscientes e insencientes (MAGALHÃES-SANT’ANA, 2009). Algumas legislações estrangeiras incluem os invertebrados em suas avaliações éticas. A Suécia considera todos invertebrados e o Reino Unido e o Canadá incluem os cefalópodes (polvos, lulas e sépias) (REGIS; CORNELLI, 2012). Renomados cientistas atestaram no “Manifesto de Cambridge” que invertebrados como os moluscos e insetos também possuem receptores sensoriais para dor, logo questiona-se se os mesmos não seriam suficientes para inclusão desse grupo no statuts moral (LOW, 2012). No Brasil em 1998 foi promulgada a Lei 9.605 sobre crimes ambientais, segundo a qual causar experiências dolorosas ou cruéis em animais vivos, quando há métodos alternativos, é considerado crime, normatizando também a coleta e captura de animais para finalidade científica. Já Lei 11.794 regulamenta os procedimentos para experimentação animal e restringe o uso como metodologia didática somente no ensino superior, contudo essa lei, em seu artigo 2º explicita que estes dispositivos de proteção se aplicam somente aos animais vertebrados, apoiadas principalmente na senciência (REGIS; CORNELLI, 2012). O Conselho Nacional de Experimentação Animal (Concea) tem a função de monitorar a inserção de técnicas alternativas para substituir o uso de animais e a submissão de projetos e aulas práticas que preveem a utilização de animais às comissões de ética no uso de animais (CEUA), sendo obrigatória a presença deste comitê nas instituições que realizam pesquisas com animais. (REGIS; CORNELLI, 2012). Métodos alternativos são procedimentos adotados que visam diminuir o número e sempre que possível substituir os animais e quando for necessário a utilização destes refinar, ou seja, minimizar sua dor ou sofrimento. Em diversas situações os animais invertebrados são utilizados como métodos alternativos em aulas práticas de cursos como Biologia, Biotecnologia e Agronomia. Além disso, a busca de alternativas substitutivas para experimentos com vertebrados, bem como de alternativas nutricionais para humanos e animais, vem se voltando para realização dessas práticas em invertebrados, alguns autores consideram os invertebrados como seres inferiores, e são utilizados como substituição aos vertebrados, levando em consideração o princípio de mau-menor (MORALES, 2008). A classificação dicotômica dos animais leva em consideração a presença ou ausência da coluna vertebral contrariando a perspectiva evolutiva de Darwin que mostrou que todos os organismos estão relacionados anatômica, fisiológica e também mentalmente. Atualmente há pesquisadores que estão utilizando em favor dos invertebrados o princípio ético do “benefício da dúvida”, uma vez que até o presente momento não há conhecimento científico suficiente para comprovar sua senciência, estes pesquisadores afirmam que a dúvida deve garantir que os invertebrados sejam tratados de maneira a favorecer seu bem-estar em criação e garantia de utilização de analgesia e eutanásia (OLIVEIRA; GOLDIM, 2014). Dentre as novas correntes éticas em que os questionamentos referentes aos invertebrados podem ser incluídos tem-se a ética Biocêntrica, que leva em consideração o valor moral de cada animal, independente da sua complexidade física, indo contra o especismo (FELIPE, 2009) e considerando o desejo de viver inerente a cada ser vivo como suficiente para que possua plena significação moral, portanto cada invertebrado que busca garantir sua sobrevivência deve ter seus interesses preservados (NACONECY, 2010). Desta forma, se faz necessário estudos de caracterização da percepção ética de profissionais que trabalham com animais e da sociedade no geral a respeito dos invertebrados, bem como um aprofundamento nas pesquisas atuais que endossam a sensciencia dos invertebrados e ações educativas que visam a inserção dos mesmos no rol de consideração moral.
  • 8. VERTENTES CONTEPORÂNEAS DA ÉTICA NA PESQUISA COM ANIMAIS MOLINARI, Renata Bicudo, SANTOS, Juliana Zacarkin dos, RODRIGUES, Gabriela e FISCHER, Marta Luciane (Orientador) Considerações finais O presente estudo fundamenta a necessidade da interferência da bioética na intermediação de conflitos éticos complexos, plurais e de interesse global promovendo a ponte entre as ciências ambientais e humanas impulsionando o diálogo entre os atores envolvidos nas questões sociais, legais e os representantes dos interesses dos animais. Desta forma, se faz necessário o aprofundamento da fundamentação ética das questões envolvidas na integridade do pesquisador diante de sua pesquisa, da comunicação efetiva e produtiva entre a academia e a sociedade e do incentivo à reflexão da atribuição de status moral a todos os animais. Essas vertentes contemporâneas emergem no momento relevante do desenvolvimento científico, cujo acesso a informações é veloz e eficiente, porém diante de um momento de vazio moral, decorrente do processo de globalização e incentivo à valoração econômica e individualista das sociedades contemporâneas. REFERÊNCIAS ABOGLIO, A. M. Esclarecimentos para aprofundar a compreensão das diferenças substanciais com relação à Teoria dos Direitos Animais. Ánima - Ética para os Direitos Animais ALMEIDA, J. A. M. A ética ambiental de Tom Regan: Critica, conceitos, argumentos e propostas. Etic@, v. 5, n.3, p.147-151, 2006. BEADER, F. M., PADOVANI, M. C. R. L. MORENO, D. C. A. DELFINO, C. S. Percepção histórica da Bioética na Pesquisa com animais: possibilidades. São Camilo/SP: Revista Bioethikos, 2012. BOVENKERK, B.;BROM, FRANS W. A.; VAN DEN BERGH, BABS J. Brave new birds: The use of 'animal integrity' in animal ethics. The Hastings Center Report. v 32. nº 1, 2002. BRAGA, L. M. G. M. 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  • 9. BIOÉTICAAMBIENTAL: REFLETINDO A QUESTÃO ÉTICA ENVOLVIDA NA MANUTENÇÃO DE ANIMAIS CATIVOS EM ZOOLÓGICOS PROHNII, Stephanie da Silva¹; COSTA, Juliana Kazubek¹; ABREU, Tábata Carvalho de¹; FONTANA, João Carlos¹; SILVÉRIO, Rose A.²; FISCHER, Marta Luciane (Orientadora)³ RESUMO A manutenção de animais selvagens em zoológicos originalmente exerce um status de força e poder, passa direcionar seus objetos a partir do início do século XX para uma preocupação com o bem-estar animal estimulando a construção de recintos maiores e mais correspondentes aos habitats naturais. Atualmente, os zoológicos apresentam como objetivo a conservação de espécies, o desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional, a pesquisa científica, a educação ambiental e, obviamente, o lazer dos seres humanos. Porém o fato da população buscar os zoológicos principalmente para recreação e lazer, levanta um problema ético contemporâneo caracterizado por questões complexas, plurais e de interesse internacional. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo levantar as questões éticas envolvidas na manutenção de animais cativos em zoológicos e fundamentá-las com princípios éticos a fim de subsidiar debates mais amplos e balizar a tomada de decisões quanto subsidiar ou não a prática. O presente estudo se constitui de uma pesquisa teórica e exploratória de publicações científicas a respeito da temática visou congregar ideias e argumentos de diferentes setores da sociedade interessados na manutenção ou extinção dos zoológicos, fundamentando as questões levantadas com princípios éticos norteadores de correntes éticas contemporâneas. É imoral, que os animais arquem com a privação da sua liberdade e é preciso praticar o princípio ético da alteridade, cujas as espécies sejam reconhecidas e respeitada pelas suas diferenças, necessidades e especificidades. Palavras-chaves: Zoológicos, educação ambiental, bem-estar animal, animais cativos. INTRODUÇÃO A cultura de manutenção de animais selvagens em zoológicos começou com os egípcios, os quais capturavam em suas viagens e batalhas pequenos gatos selvagens, babuínos e leões, e os mantinham em seus templos como símbolo de força e poder (SANDERS; FEIJÓ, 2007). O primeiro zoológico público “Jardin des Plants” foi fundado no século XVIII em Paris, cujos animais eram oriundos de apreensões em circos e eventos que utilizavam animais em shows. Em 1826 foi fundado o Zoológico da Sociedade de Londres, com o objetivo de ser uma instituição científica para o estudo da zoologia (BOSTOCK, 1998). Porém com a finalidade de serem obtidos recursos financeiros para a manutenção dos animais, o local tornou-se aberto à visitação pública e começou a exibir os animais e fazer shows. Com o aumento no número de visitantes, foi necessária a aquisição de outros animais, os quais passaram a ser retirados diretamente da natureza sem nenhum controle, o que certamente ocasionou a morte e início da extinção de muitas espécies. Fato que se agrava com a imposição de uma cultura onde não era levada em conta a natureza animal (SANDERS; FEIJÓ, 2007). A partir do início do século XX, alguns países da Europa e os Estados Unidos passaram a demonstrar preocupação com o bem-estar animal efetivando a construção de recintos maiores que tentavam simular o ambiente natural, não perdendo de vista, entretanto, o interesse econômico (BOSTOCK, 1998). Segundo Sanders e Feijó (2007), os zoológicos foram criados basicamente com o propósito de expor espécies exóticas à sociedade, cujo sucesso foi alicerçado pela curiosidade inerente ao ser humano e passaram a receber um número significativo de visitantes, tornando-se ponto turístico de muitas cidades, mesmo diante de novos entretenimentos e fontes de informação sobre os animais (THOMAS, et al., 2005). Atualmente, os zoológicos apresentam objetivam a conservação de espécies, o desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional, a pesquisa científica, a educação ambiental e o lazer (SANDERS; FEIJÓ, 2007). Porém a população busca os zoológicos principalmente para recreação e lazer, sendo que a maioria dos visitantes são famílias com crianças que pretendem apreciar a vida selvagem em companhia, sendo educação, fuga e introspecção menos importante. A oficialização dos zoológicos requer o cumprimento de exigências normatizadas pela legislação de cada país. A aquisição destes animais também precisa obedecer às normas rígidas de importação ou coleta em habitat natural, sendo que a fauna indígena não pode ser vendida nem trocada com outros estabelecimentos a não ser que seja fornecida permissão e aval dos órgãos competentes (SANDERS; FEIJÓ, 2007), condicionada à animais excedentes e devendo ter nascido em cativeiro. Dentro das prioridades e obrigações morais dos zoológicos encontra-se a demanda de propiciar condições para que os animais exibam comportamentos naturais e automaticamente otimizem as condições de bem-estar (MCPHEE; CARLSTEAD, 2010). A Lei Federal 7173/83, de uma forma bastante ampla, impõe as dimensões dos Jardins Zoológicos e das respectivas instalações a fim de que atendam aos requisitos mínimos de habitabilidade, sanidade e segurança de cada espécie, e, assim, possa suprir a demanda do público que busca vivência com o animal selvagem. Caso encontre animais com comportamentos anormais, possa direcionar experiências negativas em formas de rejeição à instituição. Bem, como para programas de conservação que visem tanto a reintrodução, quanto a manutenção da reprodução de espécies em cativeiro. McPhee e Carlstead (2010) consideram três níveis de respostas comportamentais ao cativeiro: na primeira há apenas uma mudança individual diante de uma necessidade especifica; a segunda envolve o crescimento no cativeiro que é um ambiente mais restrito e pode alterar o aprendizado e a resposta dos animais. E no terceiro cujas respostas podem ser individuais, mas são expressas através da população, pois há uma seleção de comportamentos que promovem a sobrevivência no ambiente artificial que é passado entre as gerações, como por exemplo a tolerância a barulhos distanciando cada vez as populações cativas das selvagens. A existência dos zoológicos se configura como um problema ético contemporâneo caracterizado por questões complexas, plurais e de interesse internacional. A impossibilidade de resolução desses problemas apenas utilizando-se de princípios morais e legais locais de cada cultura, bem como os argumentos favoráveis e contrários à existência dessa instituição por múltiplos sujeitos/atores demanda a intervenção da bioética ambiental. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo levantar as questões éticas envolvidas na manutenção de animais cativos em zoológicos e fundamentá-las com princípios éticos a fim de subsidiar debates mais amplos e balizar a tomada de decisões quanto subsidiar ou não a prática.
  • 10. BIOÉTICAAMBIENTAL: REFLETINDO A QUESTÃO ÉTICA ENVOLVIDA NA MANUTENÇÃO DE ANIMAIS CATIVOS EM ZOOLÓGICOS PROHNII, Stephanie da Silva¹; COSTA, Juliana Kazubek¹; ABREU, Tábata Carvalho de¹; FONTANA, João Carlos¹; SILVÉRIO, Rose A.²; FISCHER, Marta Luciane (Orientadora)³ METODOLOGIA O presente estudo se constitui de uma pesquisa teórica e exploratória de publicações científicas a respeito da temática visou congregar ideias e argumentos de diferentes setores da sociedade interessados na manutenção ou extinção dos zoológicos, fundamentando as questões levantadas com princípios éticos norteadores de correntes éticas contemporâneas. Desta forma, o presente estudo foi dividido em três partes: na primeira foram levantados os argumentos favoráveis, no segundo os argumentos contrários e no terceiro sugerido intervenções para mitigação do problema. RESULTADOS Argumentos favoráveis à existência dos Zoológicos Os principais argumentos a favor da manutenção dos zoológicos é a demanda da sociedade por um espaço de lazer, recreação, aprendizagem e oportunidade de conhecer e interagir com animais selvagens. Aspectos relacionados com a conservação de espécies, principalmente aquelas ameaçadas de extinção ou que são apreendidas pelo tráfico, também configuram nas demandas dos zoológicos, que justificam sua existência vinculados com a conservação ex-situ e, atualmente, também com a conservação in situ, através dos resultados de pesquisa científica e reintrodução de espécies (MORGAN; HODGKINSON, 1999). Um dos seus papéis mais importantes, para Wilson (2002), é o de reproduzir em cativeiro espécies ameaçadas de extinção. Segundo Achutti (2003) gradativamente atividades de Educação Ambiental estão sendo inseridas na programação dos zoológicos, com o objetivo de mudar a percepção do público. Estes espaços estão se aproximando dos preceitos de centros de conservação, buscando a interação dos animais com o público visitante, por meio de vidros, propiciando melhor observação do animal (ACHUTTI 2003). Segundo Gonçalves e Regalado (2007) os cidadãos de centros urbanos visitam zoológicos como a única forma de ver de perto animais da fauna silvestre, o que os prioriza como locais para uma educação ambiental. A população busca os zoológicos principalmente para recreação e lazer, sendo que a maioria dos visitantes são famílias com crianças que pretendem apreciar a vida selvagem em companhia, sendo educação, fuga e introspecção menos importante. Os visitantes gastam cerca de 90 segundos em cada atração, sendo a visita orientada pelo interesse da criança quando presente e visando principalmente ter acesso ao animal, com saúde e de preferência em um recinto que reproduza o habitat natural. O público prefere estímulos visuais e interativos, com sons, movimento e computador, não exibindo interesse em informação passiva bidimensional (TOMAS et al., 2003). Segundo Morgan e Hodgkinson (1999), os zoológicos são considerados a forma mais importante de contato entre pessoas e animais nas sociedades modernas. Levando-se em consideração a necessidade de ampliar a base política e de suporte financeiros os zoológicos devem aumentar os benéficos para o público. Algumas espécies despertam um maior interesse dos visitantes do que outras, Marcellini e Jenssen (1988) avaliaram o comportamento de visitantes com répteis e concluíram que esses animais não parecem despertar interesse, pois passam pouco tempo diante das atrações. Segundo Morgan e Hodgkinson (1999), deve-se valorizar as experiências multissensoriais como por exemplo as visitas aos viveiros de aves, as quais podem suprir a estética, a educação, as sensações de estar preso com as aves e as necessidades de contato físico e visual. Segundo os autores os zoológicos ideais devem conter animais grandes e ativos que exibam comportamentos naturais, especialmente filhotes e estejam facilmente visíveis. Os habitats naturais dificultam a visualização pelos visitantes. Os zoos devem prover tanto os animais quanto os humanos, e considerando que as necessidades de ambos são discrepantes, estamos diante de um dilema ético. A conservação ex-situ pode ser definida como a preservação da diversidade biológica fora do seu hábitat natural (ANDRIOLO, 2007), com ênfase nas espécies ameaçadas de extinção e nas espécies com potencial de uso econômico (PRIMACK; RODRIGUES, 2001). Isso pode envolver a conservação dos recursos genéticos de uma espécie sob a manutenção de populações cativas em zoológicos, aquários, jardins botânicos, para fins de pesquisa, conservação e educação ambiental (ZACARIOTTI, 2013). O estabelecimento de populações em cativeiro pode prover uma valiosa rede de segurança contra a extinção quando uma espécie atinge níveis críticos na natureza ou está sob risco de desaparecimento frente a eventos estocásticos, catástrofes ambientais ou perda de variabilidade genética (HUDSON; ALBERTS, 2004). A decisão de implantação de um programa de conservação ex-situ para uma espécie dependerá das necessidades e situação do táxon e não deve ser tomada apenas quando a espécie está em risco iminente de extinção (IUCN, 2002). No entanto, alguns autores também afirmam que a conservação fora do ambiente natural não dever ser idealizada como uma solução de longo prazo, uma vez que o objetivo é sempre conservar as populações em condições naturais (SNYDER et al., 1996). Existem exemplos de sucesso de programas de manejo ex-situ e de reintrodução, os quais foram decisivos na preservação de espécies ameaçadas ou até extintas na natureza (BOYD; KING, 2011). Dentre esses programas, podem ser citados os programas de conservação do Condor da Califórnia (Gymnogyps californianus); do picanço de São Clemente (Lanius ludovicianus mearnsi); do Mico-Leão Dourado (Leontopithecus rosalia) (ZACARIOTTI, 2013).
  • 11. BIOÉTICAAMBIENTAL: REFLETINDO A QUESTÃO ÉTICA ENVOLVIDA NA MANUTENÇÃO DE ANIMAIS CATIVOS EM ZOOLÓGICOS PROHNII, Stephanie da Silva¹; COSTA, Juliana Kazubek¹; ABREU, Tábata Carvalho de¹; FONTANA, João Carlos¹; SILVÉRIO, Rose A.²; FISCHER, Marta Luciane (Orientadora)³ Argumentos contrários à existência dos Zoológicos O principal argumento contrário à existência dos Zoológicos é que o ambiente artificial do cativeiro é incapaz que proporcionar condições mínimas de bem-estar aos animais. Harrison em 1964 despertou o interesse sobre o tema bem-estar e a indignação da sociedade inglesa quando descreveu em seu livro Animal Machines (HARRISON, 1964) os maus-tratos e a crueldade cometida aos animais criados confinados, culminando, em 1965, na criação do Comitê Brambell. Segundo a autora a instituição desse comitê levou o Parlamento Britânico a criar o Conselho de Bem-Estar de Animais de Produção (Farm Animal Welfare Council) com base nas “Cinco Liberdades” inerentes ao animal: liberdade nutricional, ambiental, comportamental, sanitária e psicológica (HOLANDA, 2006). A preocupação das instituições que mantém animais em cativeiros, é procurar alternativas para melhoria das condições de vida e das necessidades comportamentais, sendo a técnica denominada de enriquecimento ambiental a mais praticada (RAMOS, 2006; QUEVEDO, 2008). Segundo Furtado (2006), manter animais em cativeiro implica no dever ético de lhes proporcionar saúde física e psicológica. Segundo Carniatto e Delariva (2009) animais selvagens quando privados de sua liberdade e do ambiente para o qual evoluiu, apresentam baixas condições de bem-estar, pois a qualidade de vida diminui induzindo o animal ao estresse, diminuindo a capacidade imunológica e proporcionando o surgimento de parasitoses intimamente relacionadas aos alimentos e hábitos do animal. Uma das questões éticas envolvidas com os zoológicos é o estímulo à reprodução e posterior manejo dos animais excedentes através da eutanásia (LACY, 1991). Enquanto alguns argumentos defendem que a vida do animal deve terminar apenas quando ele morre naturalmente, outros defendem a eutanásia administrativa com o intuído de manejar os custos e viabilizar a funcionalidade dos zoológicos. Uma vez que, as vezes manter uma espécie que pode ter uma longa longevidade e altos custos de manejo pode impactar na qualidade de vida que poderia ser direcionada para outras espécies, inclusive para pesquisa. A questão ética que surge é manter um animal que vive 20 anos ou dois que vivem 10? Contudo, deve-se questionar, se é moralmente estimular a reprodução de um animal em cativeiro, para usar os filhotes como atrativo para o público, ou se a reprodução só deveria ser estimulada com motivos conservacionistas para manter um pool genético de espécies ameaçadas de extinção, por exemplo. O ponto importante defendido por Lacy (1991) é a responsabilidade dos gestores da vida selvagem em cativeiro e o quanto é desnecessário e inaceitável o sacrifico de uma vida por benefícios econômicos ou conservacionistas, colocando os interesses do homem acima dos interesses de outras espécies. Se não é aceitável antecipar a morte em humanos, por que seria aceitável em animais? Lacy (1991) discute também a incongruência existente na sociedade em que se aceita que animais sejam mantidos de formas condenáveis em sistema de produção, com a justificativa que é para suprir a alimentação humana, enquanto não a aceita sistemas infinitamente melhores em animais mantidos cativos em zoológicos, por considerar o motivo supérfluo. Embora, os defensores dos zoológicos sustentem sua função conservacionista e de educação pública. Além disso questiona também o especismo, em que algumas espécies é aceitável a eutanásia e outras não. Se a senciência é um critério importante (SINGER, 2004), por que se aceita que roedores sejam mortos para alimentar outros animais, mas não se aceita a eutanásia de aves para o manejo dos animais nascidos em cativeiro? Mas por que matar? Se existem alternativas inicialmente que seria evitar o nascimento, e outra que seria o intercâmbio entre os zoológicos. E, ainda, a manutenção de reprodução das gerações de uma espécie em extinção tem mais valor do que a progênie de uma espécie comum? Talvez a questão mais antiética seja a abdicação da responsabilidade. Pelo que se vê, o atual julgamento moral, tende a minimizar o desconforto humano (LACY, 1991). Como mitigar as questões éticas envolvidas na manutenção de animais cativos em zoológicos A preocupação das instituições que mantém animais em cativeiros vem aumentando (DIEGUES, 2008) e técnicas de manejo são aplicadas visando a obter comportamentos naturais, sendo para tal imprescindível o enriquecimento ambiental (WEE, 2005). Através deste, biólogos e veterinários buscam um manejo adequado, almejando promover o bem-estar físico, psicológico e social (GARCIA et al., 2001), com melhorias significativas dos aspetos biológicos (NEWBERRY, 1995). Um zoológico moderno tem como uma das principais funções cumprir a promoção de educação ambiental para seus visitantes. No mundo todo milhares de pessoas escolhem os zoológicos como opção de lazer e esses locais podem proporcionar aos seus visitantes a oportunidade de conhecer animais que, provavelmente, nunca teriam chance de conhecer em seus habitats (MERGULHÃO; VASAKI, 2002). Segundo Mergulhão e Vasaki (2002), um zoológico cumpre seu papel educativo quando consegue fazer com que seus visitantes voltem para casa refletindo sobre a importância da conservação dos ecossistemas naturais. Para conhecer de maneira científica o grau de bem-estar animal é necessário o desenvolvimento de técnicas de diagnóstico (Bond et al., 2012). Para tal, os indicadores mais utilizados são as respostas fisiológicas, comportamentais e condições sanitárias (LEEB et al., 2004). Outra abordagem centrada no animal é representada pelo trabalho de DUNCAN (2005), que considera a avaliação das emoções dos animais como a parte principal do diagnóstico de bem-estar animal. Apesar de tal avaliação ser subjetiva e de difícil aplicação prática, ela é central do ponto de vista do bem-estar dos animais (Bond, et al., 2012). Alguns protocolos consideram fatores como instalações, sistemas de ventilação e de sombreamento como pontos importantes para se determinar o potencial de bem- estar animal (BARTUSSEK et al., 2000; NDFAS, 2004). O Índice de Necessidades dos Animais (BARTUSSEK et al., 2000) baseia-se na análise da adequação das instalações, sendo analisados aspectos como facilidade de locomoção e de interações sociais, tipo e condição do piso, ventilação, iluminação e manutenção das instalações. O comportamento é consequência da qualidade do recinto, sendo que bem estruturados, aliados a uma alimentação balanceada e técnicas como enriquecimento ambiental contribui para o bom desenvolvimento físico, psicológico e social dos animais em cativeiro (CARNIATTO; et al., 2011).
  • 12. BIOÉTICAAMBIENTAL: REFLETINDO A QUESTÃO ÉTICA ENVOLVIDA NA MANUTENÇÃO DE ANIMAIS CATIVOS EM ZOOLÓGICOS PROHNII, Stephanie da Silva¹; COSTA, Juliana Kazubek¹; ABREU, Tábata Carvalho de¹; FONTANA, João Carlos¹; SILVÉRIO, Rose A.²; FISCHER, Marta Luciane (Orientadora)³ O termo enriquecimento ambiental, surgido na década de 1920, identificou a importância do ambiente físico e social de animais cativos bem como seu impacto no bem-estar dos animais, e engloba cinco categorias: sensorial, cognitivo, físico, alimentar e social (YOUNG, 2003). Para Yerkes (1925), se o animal cativo não puder ter a oportunidade de trabalhar para sobreviver, ele deve ao menos ter a chance de exercitar diferentes reações diante das invenções e dos aparatos colocados em seu ambiente. Enriquecimento ambiental é sinônimo de aumento de complexidade, que acarreta no desenvolvimento da flexibilidade comportamental em resposta a ambientes dinâmicos (SHEPHERDSON, 1994), possibilitando melhoria da funcionalidade biológica dos animais (NEWBERRY, 1995). Consiste em uma série de medidas que modificam o ambiente físico ou social, melhorando a qualidade de vida, proporcionando condições para o desempenho de suas necessidades etológicas (BOERE, 2001), bem como permitirem a mensuração do bem-estar, considerando os efeitos do ambiente no crescimento e desenvolvimento (REDSHAW; MALLISON, 1991) e atuando diretamente na redução de condição emocional negativa (JONES; WADDINGTON, 1992). Através do enriquecimento ambiental, os animais podem ser estimulados à expressar comportamentos naturais e típicos da espécie (RABIN, 2003), prevenindo o aparecimento de comportamentos estereotipados, proporcionando ao animal maiores possibilidades de exploração do recinto (GUILHERME; VIDAL, 2008). Um dos propósitos do enriquecimento ambiental na conservação ex-situ é obter um número suficiente de animais sadios para ajudar a restabelecer a espécie em perigo de extinção na natureza (SERRA et al., 2001; ELLIS; WELLS, 2010). Porém, deve-se levar em consideração que há uma rápida habituação do animal ao novo estímulo proposto, o que pode se tornar uma rotina caso não seja periodicamente alterado (ALMEIDA; MELO, 2001; QUEVEDO, 2008). Porém, a aproximação do enriquecimento ambiental com o estado emocional do animal ainda é difícil de ser medida, pois não é possível obter evidências concretas na substituição do estado emocional negativo pelo positivo (NEWBERRY, 1995). Alguns avanços vêm sendo feitos na criação de estruturas teóricas e práticas para o entendimento e a avaliação de bem-estar animal (BROOM; JOHNSON, 1993). As demandas legais, ambientais, éticas e sociais conduziram à ampliação da missão dos zoológicos para além de um museu de animais vivos para educação e conservação (SMITH et al., 2008). Contudo, estudos conduzidos a respeito do comportamento dos visitantes não têm subsidiado a meta de alterar comportamentos e aumentar a conscientização ecológica da população (SMITH et al., 2008). Embora em um primeiro momento haja um aumento de interesse, há uma discrepância entre o desejo e habilidade perceptiva dos zoológicos, sendo que os níveis de engajamento e atenção às questões ambientais retornam ao estágio inicial em poucos meses após a experiência, principalmente diante de questões não familiares, demandando que o processo de educação seja contínuo (SMITH et al., 2008). E ainda em decorrência da motivação pela oportunidade em ver animais selvagens e compartilhar experiência recreativa com amigos e familiares pode levar a uma resistência na tentativa de ser educado. Considerando o lugar dos jardins zoológicos nas pautas da gestão do turismo sustentável, eles precisam ser colaborativos e estratégicos na seleção e transferência de mensagens que desencadeie o comportamento sustentável (SMITH et al., 2008). Não há discordância na questão de que o público é um fator de estresse para os animais e o motivador da existência dos zoológicos para entretenimento e lazer. Existem linhas de pesquisa que visam torná-los mais atrativos e prazerosos para os usuários, inclusive muitos deles explorando para turismo. Anderson et al. (2003), defende esse ponto de vista pontuando que um zoológico moderno deve envolver conservação, pesquisa, educação e recreação, por isso incentiva os estudos com o público sobre sua percepção e atitudes para que as mesmas sejam usadas como ferramentas para efetivar aspectos educativos e recreativos. Assim, seu trabalho avalia e propõe que treinamentos com reforço positivo, realizados nos animais para melhorar seus comportamentos estereotipados, aumento de níveis de atividade, alcance de condições de bem-estar fisiológico e facilitar o manejo veterinário, sejam abertos ao público, uma vez que as pessoas se sentem mais motivadas e interessadas em ver o animal ativo, e assim o zoológico poderia fornecer para as pessoas experiências mais positivas e que demandasse suporte para esforços de conservação das espécies (ANDERSON et al., 2003). Os zoológicos modernos têm como missão exibir vida selvagem, educar visitantes e se envolver em pesquisa e conservação no cuidado e sobrevivência da vida selvagem (TOMAS et al., 2003). Segundo Morgan e Hodgkinson (1999), os zoológicos modernos enfatizam mais educação do que divertimento e talvez isso tenha levado a crítica aos objetivos tradicionais vinculados à estética e entretenimento. Porém embora, se pertenta ensinar sobre taxonomia, história natural, o público pode visar qualidade nas interações sociais ou simplesmente um bom lugar para recreação em grupo, estando o componente educativo intrínseco.
  • 13. BIOÉTICAAMBIENTAL: REFLETINDO A QUESTÃO ÉTICA ENVOLVIDA NA MANUTENÇÃO DE ANIMAIS CATIVOS EM ZOOLÓGICOS PROHNII, Stephanie da Silva¹; COSTA, Juliana Kazubek¹; ABREU, Tábata Carvalho de¹; FONTANA, João Carlos¹; SILVÉRIO, Rose A.²; FISCHER, Marta Luciane (Orientadora)³ CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando a justificativa de manter animais selvagens confinados em ambientes artificiais, como forma de promoção de aprendizado e investigação científica na preservação de espécies em risco, bem como na manutenção de animais apreendidos pelo tráfico, não é possível justificar para o entretenimento humano, uma vez que a tecnologia já disponibiliza para sociedade meios de conhecer a vida selvagem através de documentários, por exemplo (SANDERS; FEIJÓ, 2007). Outra questão ética a ser considerada é se fato animais descaracterizados comportamentalmente e confinados de uma forma autoritária, realmente exerce um papel significativo na educação ambiental (SANDERS; FEIJÓ, 2007). Segundo Rodrigues et al., (2008), a educação ambiental trabalhada nos zoológicos busca conscientizar as pessoas da importância de conservar a natureza, preservando espécies locais. Mas este ponto é questionável no instante em que se verifica animais com comportamentos alterados pelo cativeiro. Os zoológicos devem resgatar o conceito de preservação priorizando o bem-estar animal, sendo um local destinado a um sério aprendizado no que tange ao estudo de espécies em risco de extinção, destinado à investigação científica e servindo de abrigo para animais selvagens apreendidos por tráfico ilícito ou vítimas de maus-tratos. A sociedade todavia interage com os animais sob os princípios da ética antropocêntrica, visando em primeiro plano a satisfação das necessidades humanas e utilitarista bem-estarista (SINGER, 2004), justificando o confinamento de alguns animais, desde que o bem-estar dos mesmos seja preservado. É nítida a valoração especista em que espécies mais carismáticas ou simbólicas despertam mais interesse. No entanto, novas descobertas científicas sobre a senciência animal e a melhoria no diagnóstico das condições de bem-estar tem exigido a mudança de paradigmas na relação da humanidade com os animais e o direcionamento para princípios de uma ética biocêntrica que amplia a consideração de status moral para todos os animais, considerando-os como sujeito de uma vida e logo, merecedores de respeito e da oportunidade de viverem as vidas para quais se justifica a sua existência. É compreensível que as pessoas tenham necessidades biológicas de interagirem, conhecerem e vivenciarem experiências com a natureza e que privá-las desse contato com o mundo selvagem, pode proporcionar um distanciamento cada vez maior com a natureza, eximindo-se da responsabilidade de preservar vidas pelas quais não aprendeu a desenvolver um senso de empatia e responsabilidade. Contudo, é imoral, que os animais arquem com a privação da sua liberdade, vida social e com o seu sofrimento para que o homem possa usufruir de alguns momentos agradáveis com seus familiares e amigos. É preciso praticar o princípio ético da alteridade, cujas as espécies sejam reconhecidas e respeitada pelas suas diferenças, necessidades e especificidades. Se a médio e longo prazo é inviável a extinção dos zoológicos, o princípio ético do mal menor deve ser aplicado e os mesmos devem ser modernizar de forma que os animais sofram o menor impacto possível e as pessoas possam conhecer o animal saudável, exibindo seus comportamentos naturais e tendo a oportunidade de resolver os seus desafios diários. REFERÊNCIAS ACHUTTI, M. R. N. G. O zoológico como um ambiente educativo para vivenciar o ensino de ciências. 2003. 68f. Dissertação (Mestrado acadêmico em educação) – Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2003. ALMEIDA, R.; MELO,C. 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  • 14. BIOÉTICAAMBIENTAL: REFLETINDO A QUESTÃO ÉTICA ENVOLVIDA NA MANUTENÇÃO DE ANIMAIS CATIVOS EM ZOOLÓGICOS PROHNII, Stephanie da Silva¹; COSTA, Juliana Kazubek¹; ABREU, Tábata Carvalho de¹; FONTANA, João Carlos¹; SILVÉRIO, Rose A.²; FISCHER, Marta Luciane (Orientadora)³
  • 15. Célia Silva , Daniella Chiesa , Suelin Silva , Marta Luciane Fischer Bioética global é a combinação da biologia com os conhecimentos humanísticos diversos, constituindo uma ciência que estabelece um sistema de prioridades médicas e ambientais para a sobrevivência aceitável Potter (1988). Dentre as questões éticas contemporâneas que necessitam da intervenção multidisciplinar está a medicina preditiva com o processo de escolha do sexo de bebe conhecido como sexagem de embrião. A sexagem de humanos é possível, desde que por justificativas médicas, realizando testes genéticos para um possível prognostico quanto a uma doença genética, com objetivo de prevenção. Para este caso há legislações que norteia e tornam esse processo legal. Com os avanços nas técnicas de fecundação artificial, houve um aumento na procura dos métodos de reprodução assistida, este evento ressalta a releitura do trabalho de Potter (1967) sobre o conhecimento perigoso, onde o conhecimento acumula-se mais rápido que sabedoria necessária para gerencia-lo, torna-se altamente perigoso. Nesse artigo vamos discutir segundo os conceitos de Potter as questões éticas na evolução tecnológica dentro da medicina preditiva, focando no processo de sexagem e as questões que envolvem esse tema. Deve-se lembrar que a discussão vem da questão de ser uma ação individual que pode repercutir socialmente, e ter consequências futuras afetando indivíduos que ainda nasceram. Com estes questionamentos devemos pensar se a bioética global pode contribuir para mitigação dos conflitos gerado pelo tema. Entendendo o momento atual em que vivemos e os avanços tecnológicos cada vez mais rápidos, tornou-se necessário maneiras de manipular e gerenciar todo esse conhecimento, dessa forma o Biodireito e a Bioética pode proporcionar uma luz, para discutir ou fazer refletir sobre os limites em que devemos manter. Palavras Chaves : Medicina Preditiva , Sexagem , Bioética , Biodireito. MEDICINA PREDITIVA – SEXAGEM UMA DISCUSSÃO DE BIOÉTCA E BIODIREITO
  • 16. LEITE, Fabiana Francielle Culau ; FISCHER, Marta Luciane LIMA, Vanessa Yuri (orientadora PPGB-PUCPR); A relação humana com os animais necessitou de um grande período de adaptação. Tanto cães quanto gatos se aproximaram dos humanos por razões diferenciadas e transcorre diversos entendimentos. O presente estudo objetivou entender o relacionamento entre homens e animais, já que a domesticação caracteriza-se como um evento significativo configurado ao longo da evolução. Embora não seja possível ainda comprovar com precisão os sentimentos conscientes dos animais, entende-se que tanto humanos como animais compartilham de emoções e sensações, portanto existe muita responsabilidade ética, moral e legal com as outras formas de vida que compartilham o ambiente doméstico. Palavras-chave: animais de companhia; bem-estar animal; bioética. Introdução A domesticação animal necessitou muito tempo e levou milênios para alcançar a relação com humanos que vivencia-se atualmente. Os cães selvagens tornaram-se fiéis e companheiros de caça, cuja relação com os humanos segundo FILHO (2013, pág. 51) iniciou há 15 mil anos, com o homem assumindo o papel de provedor de carne para garantir o sustento familiar enquanto a mulher cuidava da coleta de frutos e dos filhos, sendo elas as responsáveis pela promoção da aproximação com os lobos, conforme afirmam pesquisas zooarqueológicas (Instituto Anchieta de Pesquisas , 2012). Em contrapartida a origem felina é difícil de ser comprovada de forma definitiva considerando-se o fato de que gatos não contribuem significativamente com ações humanas em termos de trabalho ou caça. Tradicionalmente acreditava-se em uma origem egípcia, entretanto descobertas recentes acreditam que a domesticação ocorreu no Crescente Fértil, há cerca de 10 mil anos, sugerindo que os gatos começaram a se aproximar dos povoados de agricultores para se aproveitar dos restos de alimentos e camundongos (DRISCOLL et. al., 2013, pág. 36). Em um contexto histórico, a relação entre homens e animais transcorre diferentes fases e entendimentos. Os gatos domésticos não tinham boa reputação quando o Brasil foi colonizado, contudo foram considerados bons companheiros domésticos na Europa desde o Século XVIII. Já os cães eram vistos como animais impuros pelo fato de se alimentarem de carniça, comportamento este que deu origem às expressões com conotação negativa e depreciativa como: “vida de cão” e “ele é o cão”. Foi apenas a partir do século XVII que a população europeia passou a perceber os caninos como sinônimo de fidelidade e coragem (ELIAS, 2010, pág. 26 e 27). Ao que diz respeito à domesticação canina, várias hipóteses foram formuladas, desde considerar que a princípio foram os próprios caninos que optaram por viver perto dos homens por conta da facilidade em alimentação, até a versão mais tradicional que considera que há cerca de 40 mil anos, grupos de lobos (Canis lupus) que viviam no Leste Asiático perceberam que poderiam obter alimento mais facilmente seguindo os humanos. “Há cerca de 40 mil anos, grupos de lobos (Canis lupus) que viviam no Leste Asiático perceberam que poderiam obter alimento mais facilmente seguindo os humanos. Isso porque caçadores-coletores viviam se deslocando e deixando para trás um nutritivo lixo, composto de restos de ossos, cartilagens e alguns resíduos de carne. Mas um estudo do DNA de cães e lobos publicado na revista Nature em março de 2010, indica o Oriente Médio como o lugar mais provável do surgimento de Canis lúpus familiaris, nosso cão doméstico.” (ELIAS, 2010, pág. 39) Há de se ressaltar esse contexto na relação entre homens e animais, pois, sabe-se que a domesticação foi um dos eventos mais significativos da história humana que vem se configurando ao longo da evolução. Para Delarissa e Matiolli (2013), a proximidade afetiva com os bichos foi herdada de nossos antepassados. Contudo, atualmente essa relação está se tornando mais complexa, as pessoas sem se dar conta, passaram a estreitar cada vez mais sua relação com os animais de companhia, tornando-os provedores de afeto e alívio para suas angústias. EXISTE UMA QUESTÃO ÉTICA NA RELAÇÃO DO HOMEM COM OS ANIMAIS DE COMPANHIA QUE DEVE SER DEBATIDA?
  • 17. Metodologia O presente estudo partiu da observação não-estruturada (assistemática) do comportamento humano com seus animais de estimação publicadas nas redes sociais e blogs da World Wide Web . Foram analisadas publicações aleatórias num período de 4 meses. A partir daí foram selecionadas algumas imagens para análise ao que diz respeito ao comportamento humano perante seus pets. Resultados e Discussão Atualmente – com o advento da vida moderna, da correria das grandes cidades e da necessidade de praticidade – os indivíduos optaram por um modelo familiar diminuído ou então pela vida solitária e por inúmeras vezes os animais de estimação, em particular os cães ou gatos, tem servido como substitutos de amigos, de um ente familiar ou de uma criança, já que embora necessitem de alguns cuidados, não exigem muita atenção. Essa opção por um adquirir um animal de companhia, muitas vezes, decorre do fato de os bichos parecem seguros quanto à própria “identidade” e não se preocupam com o julgamento de seus pares. Já o homem preocupa-se com seu lugar na sociedade, compreende e precisa “agregar valores” a si mesmo e a quem representa ou acredita ser. Já, para o cachorro, o grupo humano ao qual pertence se torna sua matilha, e nela ele identifica um líder. A parceria formada desde muito cedo entre cães e humanos provavelmente tem sido favorecida por essa predisposição comum para viver num “ambiente tribal” DELARISSA; MATIOLLI (2013, pág. 65-67). A escolha por um objeto de afeto que não necessite de grande investimento, embora exija alimentação, companhia e um pouco de carinho muitas vezes está associada ao fato do bicho não fazer cobranças e muito menos exigências. De acordo com MARCONDES (2013, pág. 74), o Brasil tem 98 milhões de animais de estimação segundo dados da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação (Anfalpet). Os números são impressionantes e é compreensível questionar as razões da existência dessa quantidade de animais de estimação (pet em inglês, do verbo to pet, afagar, acariciar), bem como investigar os mecanismos sociais e psicológicos que nos levam a nos identificar com eles. Existe muita expectativa por parte dos humanos ao adquirir um animal de estimação. É possível observar nas redes sociais, a partir das publicações diárias, o que os indivíduos esperam ao adquirir um pet. Uma imagem publicada na rede social Facebook e em um blog ilustram a relação esperada entre o dono e seu animal de companhia: Além das relações de afeto, muitas vezes os animais de estimação são adquiridos com objetivo de contribuir para melhorar a saúde física ou mental de seus donos, embora os benefícios que eles trazem para a saúde sejam questionados por alguns pesquisadores, já que estes afirmam, não se tem comprovação de tais benefícios sejam duradouros. É notório destacar que a presença dos pets reduz os níveis de estresse, dentre outros benefícios destacados pelo Journal of the American Association of Human-Animal Bond Veterinarian (AAHABV) através de um estudo feito pelos pesquisadores Johannes Odendaal e Susan Lehmann (LEAL, 2013, pág. 29 e 30), dentre eles a interação entre cães e humanos que deflagra, em ambos, a liberação de substâncias que diminuem a ação do cortisol (hormônio do estresse) provocando sensação de bem-estar. Os animais são excelentes companheiros, principalmente para crianças, contudo a maioria das pessoas apenas projeta suas expectativas em relação ao animal e não consideram o fato de que estes também apresentam de alguma forma, emoção. Para Damásio (apud WILHELM, 2013), os animais possuem emoções primárias: medo, raiva, tristeza, entre outras e emoções sociais: simpatia, vergonha, culpa, gratidão embora seja difícil provar que animais possuam esta capacidade de autorreflexão. Diversos estudos que avaliam o metabolismo animal, fornecem evidências que os sentimentos animais não se diferenciam dos sentimentos humanos, considerando-se os processos neuronais comuns à todos os mamíferos. Conclusão Embora não seja possível uma comprovação mais precisa dos sentimentos conscientes dos animais, importante salientar que tanto os humanos quanto os não humanos compartilham de emoções e sensações semelhantes e por esta razão ao optar por ter um animal de companhia, vale salientar que este também precisa de companhia, atenção, além de água e ração. Apesar da relação entre as espécies, muitas vezes ser ambígua, já que mescla dominação e afeto, a proximidade com o homem nem sempre é benéfica para o animal, já que são inúmeros os casos de abandono e descaso com os animais. Por esta razão ao optar por incluir um não humano na rotina diária, vale ressaltar que deve ser uma escolha responsável, já que o animal pode não corresponder com as expectativas do dono e que assim como qualquer outro mamífero está sujeito à depressão, estresse e a um comportamento diferente daquele imaginado. Rever nossas responsabilidades éticas, morais e legais com outras formas de vida que compartilham o ambiente que vivemos é fundamental para ambos, já que numa visão antropomorfista, todos os animais apresentam alguma forma de emoção e merecem muito mais um pouco de água e um prato de ração. Referências DELARISSA, F. A.; MATTIOLI, O. C. A relação subjetiva entre homens e bichos se transformou; hoje o animal faz parte da família. Mente e Cérebro. São Paulo. Ed. Especial N.º 39. Página 60-67. Setembro/outubro. 2013 DRISCOLL, C. A. A Longa e Fascinante Domesticação do Gato. Scientific American Brasil. Edição Especial Vida Animal. N.º 56. Página 36-39. ELIAS, R. Santos animais. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro. Ano 5. N.º 60. Página 25-28 Setembro 2010 FILHO, N. A. Fidelidade e Traição entre Cães e Seres Humanos. Scientific American Brasil. Edição Especial Vida Animal. N.º 56. Página 50-53. LEAL, G. Terapeutas de Quatro Patas: tê-los por perto diminui o estresse, favorece processos cognitivos, concentração, criatividade, além de ajudar pessoas doentes a enfrentar tratamentos desconfortáveis. Mente e Cérebro. São Paulo. Ed. Especial N.º 39. Página 29-30. Setembro/outubro 2013 MARCONDES, A. Mesmo sem perceber, pessoas tendem a buscar companheiros com os quais se identificam. Mente e Cérebro. São Paulo. Ed. Especial N.º 39. Página 74. Setembro/outubro 2013. O AMIGO. The 5th International Cartoon. Exhibition Zagreb/Croácia. Blog: Solidariedade Animal, o Blog da Defesa dos Animais. Disponível em <http://solidariedadeanimal.blogspot.com.br/2008/03/no- abandone-seu-melhor-amigo.html> Acesso em 22/09/2013 O QUE É Zooarqueologia. Instituto Anchieta de Pesquisas. Disponível em <http://institutoanchietanodepesquisas.blogspot.com.br/2012/12/o-que-e-zooarqueologia.html> Acesso em 30/01/2014 SÓ ANIMAIS. Comunidade no Facebook Disponível em <https://www.facebook.com/SoAnimaiss?ref=ts&fref=ts> Acesso em 22/09/2013 VIANA, M. A. O Culto aos gatos no Egito Antigo. Mundo Pet Magazine. Disponível em <http://mundopetmagazine.blogspot.com.br/2012/08/o-culto-aos-gatos-no-egito-antigo.html> Acesso em 30/01/2014 WILHELM, K. Um jeito de sentir: Quem gosta de bichos não duvida que seus companheiros de estimação expressam simpatia, indignação e gratidão. Porém os cientistas fazem distinção entre respostas e estímulos e a interpretação das próprias emoções. Mente e Cérebro. São Paulo. Ed. Especial N.º 39. Página 26,27. Setembro/outubro 2013 EXISTE UMA QUESTÃO ÉTICA NA RELAÇÃO DO HOMEM COM OS ANIMAIS DE COMPANHIA QUE DEVE SER DEBATIDA?
  • 18. EXISTE UMA QUESTÃO ÉTICA NA RELAÇÃO DO HOMEM COM OS ANIMAIS DE COMPANHIA QUE DEVE SER DEBATIDA?
  • 19. Karynn Vieira Capilé; Marta Luciane Fischer, Resumo: Atualmente existem cerca de 400 raças diferentes de cães com diversas características morfológicas e comportamentais diferentes, mostrando a grande quantidade de variabilidade genética que pode-se gerar por meio de seleção artificial. No passado os cruzamentos visavam cães com características úteis para o trabalho e atualmente há maior apreciação dos animais para companhia. O objetivo deste trabalho foi analizar os critérios e motivações da seleção artificial em cães e os impactos da mesma para o bem-estar animal. As consequências negativas da seleção artificial em cães decorrem principalmente da motivação envolvida no momento da escolha das características do animal e não da técnica usada e o problema concernente ao bem-estar animal decorre do fato de as características selecionadas não visarem melhorias e nem considerarem interesses, necessidades e limites dos animais, mas sim atenderem a uma demanda ligada ao consumo e aos interesses mercadológicos. É possível que a seleção artificial resulte em melhorarias na qualidade de vida dos animais, o que depende de mais pesquisas genéticas e mudanças nos critérios envolvidos na seleção artificial. Palavras chave: cruzamento, bem-estar animal, antropocentrismo, coisificação. INTRODUÇÃO Há cerca de quinze mil anos, com o surgimento da agricultura, o homem deixou de ser nômade e então apareceram os primeiros vilarejos dos quais os lobos selvagens se aproximavam em busca de alimento. Os lobos mais dóceis se arriscavam mais e obtinham mais êxito, consequentemente, gerando mais descendentes do que os menos dóceis. Após sucessivos cruzamentos de animais dóceis entre si, o lobo selvagem (Canis lupus lupus) deu origem ao cão (Canis lupus familiaris) que, desde então, esteve presente na história evolutiva da humanidade (BRASILICA; SILVA, 2012). A habilidade para pastoreio de alguns cães se destacou na atividade pecuária, os cães mais eficientes passaram a ser selecionados e assim se iniciou a manipulação das primeiras raças (KING; MARSTON; BENETT, 2012). Naquele momento os critérios de seleção já visavam o benefício humano, mas estavam relacionados a características funcionais do cão e, aparentemente, não comprometiam sua saúde e bem-estar. A partir daí os critérios para a seleção de cães foram se modificando ao longo da história da humanidade, sendo influenciados pelo desenvolvimento industrial, surgimento das cidades, crescimento populacional e mudanças no estilo de vida. Atualmente existem cerca de 400 raças de cães com diversas características morfológicas e comportamentais diferentes, mostrando a grande quantidade de variabilidade genética que pode-se gerar por meio de seleção artificial. Os primeiros cruzamentos realizados pelo homem visavam cães com características úteis para o trabalho. Atualmente há maior apreciação de características estéticas e de animais para companhia (ARENDONK, 2005). A Partir disso propõe-se uma reflexão acerca das motivações e consequências envolvidas na seleção artificial de cães da forma como é realizada atualmente. DISCUSSÃO De uma forma geral, a relação homem-animal na civilização ocidental industrializada se constitui sob valores antropocêntricos (FELIPE, 2006, p.111), inclusive no caso dos animais de companhia, que, embora ocupem posição privilegiada de estima em nossa sociedade devido à proximidade afetiva com os seres humanos, passam por um tipo de seleção artificial que busca atingir padrões estéticos e comportamentais considerados ideais apesar dos possíveis efeitos negativos em sua qualidade de vida. Estes padrões que provavelmente jamais teriam evoluído naturalmente agradam as pessoas, mas muitos deles prejudicam os animais. Cães com coluna alongada como Dachshund e Basset Hound sofrem por problemas frequentes na coluna vertebral. Raças gigantes são propensas a desenvolver torção gástrica e displasia coxofemural Raças miniatura podem apresentar colapso de traqueia por causa da formação incompleta dos anéis cartilaginosos, bem como desajustes na coluna vertebral devido ao tamanho pequeno dos membros (JOHNSON, 2000, p.1260). Nos cães braquicefálicos, como Boxer, Lhasa Apso, Shihtzu e Pequinês, a mudança do formato do crânio prejudica a passagem do ar pelo nariz provocando, dentre outras complicações, dificuldade respiratória. Ocorrem também anomalias como a Displasia do Occipital que afeta as raças miniatura como Grifon de Bruxelas, Cavalier King Charles spaniel, King Charles spaniel, Pinscher e Chihuahua, devido ao fato de o crânio ser muito pequeno para o tamanho do cérebro (ROONEY; SARGAN, 2009, p.18-35). Os critérios e motivações que pautam a seleção artificial atualmente refletem o contexto histórico, social, econômico e cultural no qual estamos inseridos. Este contexto se caracteriza por uma sociedade ocidental industrializada globalizada cujos valores alimentam e são alimentados pela cultura do consumo, do fetiche, da supervalorização de aparência e da transformação do outro em mercadoria. As relações se constroem a partir de uma lógica que mantém a mercadoria como centro das práticas cotidianas e na qual há uma constante orientação para que o modelo de conduta seja sempre articulado através do ato de consumir (BAUMAN, 2008, p132). Trata-se do que alguns autores chamam de coisificação do outro, seja o outro um animal humano ou não humano. A relação homem- animal é influenciada por fatores econômicos, políticos e culturais (DOMINICK, 1995, p.16) que subsidiam a ideia de que os animais são meios para a satisfação de interesses humanos e não fins em si mesmos (REGAN, 2001, p.78). UMA REFLEXÃO SOBRE OS CRITÉRIOS E MOTIVAÇÕES ENVOLVIDOS NA SELEÇÃO ARTIFICIAL DE CÃES