Este documento descreve uma proposta de desenho urbano para a frente ribeirinha de Belém em Portugal. O plano inclui a criação de dois grandes espaços públicos, um junto à marina e outro marcado por uma estação fluvial, ligados por instalações de clubes, restaurantes e espaços comerciais. O plano também pretende revitalizar espaços esquecidos como a Praça das Preces e um plano inclinado através de redimensionamento e novas atividades.
1. 2009
ULHT . PROJECTO II
FRENTE RIBEIRINHA
DE BELÉM
A Frente Ribeirinha em estudo possui uma carga
simbólica muito elevada devido a uma
concentração de monumentos históricos, bem
co m o d e u m a a g lo m e ra ç ã o ú n i ca d e
equipamentos de interesse cultural. Para além
do turismo verifica-se também uma grande
afluência de população que usufrui dos espaços
de estada e das zonas verdes aqui existentes.
A proposta de desenho urbano apresenta dois
grandes espaços de recepção, um junto à
marina que será coroado pelo centro náutico, e
outro marcado pelo elemento vertical da
estação fluvial, o farol. Estes dois espaços
articulam um percurso marcado pelas
instalações dos clubes, áreas de restauração
associadas, espaços comerciais e pelos
diversos espaços de estada criados que
dinamizam a área mais nobre da cidade,
quebrando a monotonia deste percurso
ribeirinho.
Estes espaços de estada pretendem recuperar
alguns dos espaços esquecidos e
subaproveitados desta parte da cidade e fazê-
los renascer com uma utilização mais frequente
e lúdica: A Praça das Preces e o plano inclinado
de transição terra/rio.
Na Praça das Preces, embora condicionada pelo
sistema de vistas do palácio de Belém, propõe-
se o seu redimensionamento, dando-lhe uma
escala mais humana, criando um espelho de
água, local de eventos e actividades ligadas ao
modelismo naval. Pretende-se ainda recuperar
a memória do local, desconhecida de muitos por
falta de referências, através da inclusão no
pavimento de um excerto de uma “bênção aos
bacalhoeiros”:
“Marinheiros de Portugal! Vós sois os
continuadores dos nautas de antanho que, com a
sua admirável audácia e o seu espírito cristão,
conquistaram para Deus a terra inteira…”
2. 2009
ULHT . PROJECTO II
FRENTE RIBEIRINHA
DE BELÉM
Em toda a frente de rio é feito o reperfilamento
do passeio para incluir áreas de estada com uma
relação estreita com o rio. Propõem-se dois
perfis tipo: um com a criação de degraus
executados até à superfície da água, e outro com
um passeio rebaixado que proporciona ao
mesmo tempo áreas de repouso e
contemplação, transformando o que é
actualmente área de circulação em espaço de
estada.
Pretendia-se não confrontar a envolvente
monumental, criando uma proposta serena, em
que os protagonistas fossem o rio, o mar e os
barcos, propondo o horizonte, o farol e os
mastros como motivo visual.
Esta implantação procura articular um percurso
ribeirinho fragmentado, marcado aqui por um
volume que se projecta sobre o rio.
3. 2009
ULHT . PROJECTO II
CENTRO NÁUTICO
DE BELÉM
“Todo o vapor ao longe é um barco de vela perto.
Todo o navio distante visto agora é um navio no
passado visto próximo. Todos os marinheiros
invisíveis a bordo dos navios no horizonte São
os marinheiros visíveis do tempo dos velhos
navios, Da época lenta e veleira das navegações
perigosas, Da época de madeira e lona das
viagens que duravam meses.
Toma-me pouco a pouco o delírio das coisas
marítimas, Penetram-me fisicamente o cais e a
sua atmosfera, O marulho do Tejo galga-me por
c ima dos sentidos, E começo a sonhar, começo
a envolver-me do sonho das águas… Álvaro de
Campos, in "Poemas”.
Tal como uma embarcação que descansa numa
doca seca, o objecto arquitectónico compõem-
se de dois volumes: um casco balançado sobre o
rio.