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Universidade de Aveiro
Mestrado Comunicação e Educação em Ciência
 Temas da Actualidade I – Geologia Marinha




            MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS
                   A PALAVRA da HIDROSFERA
                            E A COMUNICAÇÃO




                                   Filipa M. Ribeiro
                                        Rita Portela
                                   Dezembro de 2006
ÍNDICE




PARTE I
INTRODUÇÃO ………………………………………………...……………..………..3
REGISTOS SEDIMENTARES ……………………………………………….………..5
Sedimentação nas margens continentais ……………………………………..……...….5
Sedimentação em águas profundas……………………………………………..……….6
A ALTERAÇÃO DO NÍVEL DO MAR COMO MEDIDA DO
AQUECIMENTO GLOBAL …………………………………………………………....6
SISTEMA CLIMÁTICO ………………………………………………………………..8
Componentes…………………………………………………………………………….8
O papel da criosfera ……………………………………………………………………..8
O REGISTO DAS GLACIAÇÕES ANTIGAS ………………………………...……..10
A MARCA DO HOMEM NO AQUECIMENTO GLOBAL DO SÉCULO XX ……..11


PARTE II
COMUNICAÇÃO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS ………………………….....14
Qual o grau de conhecimento, preocupação, percepção do risco e
disposição de alterar comportamento? ………………………………………………...14
Porque é tão difícil a comunicação das alterações climáticas e
consequente alteração de comportamentos? …………………………………………...15
Então qual o caminho a seguir para uma comunicação eficaz? ………………………..17
BIBLIOGRAFIA……………………………………………………………………….18




                                                                      2
PARTE I


                                                                     INTRODUÇÃO




Foi a Teoria da Tectónica de Placas que nos facultou um entendimento básico das
diferenças entre a geologia continental e a geologia marinha. No mar não existem os
mesmos tipos de montanhas que existe em terra. Além disso, os fenómenos climáticos e
de erosão são muito menos importantes nos oceanos do que em terra, pois naqueles não
existem processos de fragmentação eficientes, tais como o congelamento ou o degelo,
nem existem os grandes agentes erosivos, tais como os rios. As correntes em águas
profundas podem erodir e transportar sedimentos, mas não mais que isso.


Assim, porque a deformação das placas tectónicas, os efeitos do clima e a erosão são
mínimos nos fundos marinhos, são processos como o vulcanismo e a sedimentação que
dominam o grosso da geologia marinha.


As chamadas cristas oceânicas são formadas por vulcanismo e o resto do fundo marinho
é formado por sedimentação. Esta, a grande profundidade, acontece de forma mais
contínua do que nos continentes e, por isso, preserva em melhores condições registos de
eventos geológicos, tais como, por exemplo, uma história mais detalhada das mudanças
climáticas na Terra.


Todavia, estes registos são limitados no tempo, pois a subducção está continuamente a
“engolir” as placas oceânicas, destruindo os sedimentos oceânicos por metamorfismo e
degelo. Em média, são precisas apenas algumas dezenas de milhões de anos para que
uma crosta criada numa crista oceânica se espalhar ao longo do oceano até entrar numa
zona de subducção.


É extremamente difícil mapear os fundos oceânicos devido à ausência total de luz.
Aliás, curiosamente é possível obter com maior precisão imagens do nebuloso planeta
Vénus do que dos fundos marinhos.




                                                                                     3
É possível ver o fundo do mar directamente a partir de um submarino, pioneiramente
usado pelo conhecido francês Jacques- Yves Cousteau. Essas máquinas eram
multifunções: conseguiam fotografar a grandes profundidades e, com os seus braços
mecânicos, partir bocados de rocha, colher amostras de sedimentos ou de espécies
exóticas. Agora, os submersíveis robóticos são comandados por cientistas a partir de um
barco-mãe à superfície. Um dos maiores problemas com estes equipamentos é que
cobrem pequenas áreas comparando com o custo elevado que acarretam.




                                                                                     4
REGISTOS SEDIMENTARES


Em quase todos os sítios onde os oceanógrafos pesquisam no mar, eles encontram um
manto de sedimentos. As lamas e as areias formam essa espécie de manta que cobre
uma topografia originalmente formada nas cristas do meio dos oceanos. É esse
incessante processo de sedimentação nos oceanos que modifica as estruturas formadas
pelas placas tectónicas e cria uma topografia muito própria em locais de rápida
sedimentação.


Os sedimentos têm essencialmente duas origens: lamas e areias provenientes da erosão
que acontece nos continentes e da precipitação bioquímica das cascas de organismos
que vivem no mar. Nas zonas próximas das áreas de subducção, os sedimentos provêm
de cinzas vulcânicas e de restos de lava. Nas zonas mais tropicais onde acontece
evaporação, originam-se ainda sedimentos provenientes da deposição desses evaporitos.


   •   Sedimentação nas margens continentais


A sedimentação na crosta continental acontece devido às ondas e correntes. As ondas
originadas com as grandes tempestades e furacões transportam sedimentos das camadas
mais superficiais e as correntes das marés avançam pelas placas continentais. As ondas
e correntes distribuem os sedimentos trazidos pelos rios até se formarem grandes
amontoados de areia e camadas de silício e lama.


A sedimentação bioquímica resulta da formação de camadas de carbonato de cálcio
provenientes das cascas dos crustáceos e de outros organismos que vivem no mar. A
maioria destes organismos não tolera águas com elevados teor de lamas, sendo
encontrados apenas em locais com menores teores de materiais térreos, tais como
acontece na costa da Florida ou na costa de Yucatán, no México. Nestes locais,
abundam os recifes de coral e os organismos constroem espessas camadas de
sedimentos carbonatados.




                                                                                    5
•   Sedimentação em águas profundas


Longe das margens continentais, grãos finos de partículas resultantes de precipitação
bioquímica e que se encontram em suspensão à superfície vão afundando até atingirem
o fundo do mar. Chama-se os sedimentos pelágicos e caracterizam-se pela distância a
que se encontram da costa, pelo seu tamanho pequeno, por serem muito finos e por se
depositarem no fundo de uma modo muito lento (alguns milímetros por cada mil anos).
Destes uma pequena percentagem pode ser soprado para mar aberto.


  A ALTERAÇÃO DO NÍVEL DO MAR COMO MEDIDA DO AQUECIMENTO
                                                                             GLOBAL


Para entendermos a mudança do nível do mar como uma medida para aferir o
aquecimento global, é necessário entendermos primeiros como se formam as praias e as
linhas costeiras, sobretudo ao nível da erosão e deposição dos sedimentos.


A topografia das linhas costeiras é um resultado das forças tectónicas que elevam ou
deprimem a crosta terrestre, através dos processos de erosão e de deposição de
sedimentos. Os factores mais directamente ligados a esses processos são: a natureza das
rochas e dos sedimentos das linhas costeiras, a média e altura das ondas provocadas por
uma tempestade, as alterações do nível do mar, o alcance das marés que afecta quer a
erosão, quer a sedimentação e o levantamento da região costeira que conduz à formas de
erosão nas costas.


As linhas costeiras são sensíveis a mudanças do nível do mar, pois isso pode alterar o
alcance das marés, o nível de aproximação das ondas e afectar as correntes ao longo da
costa. O aumento ou diminuição do nível do mar pode ser local – como resultado dos
movimentos tectónicos – ou globais, como resultado, por exemplo, do degelo de
glaciares. É por isso que, actualmente, uma das maiores preocupações por causa do
aquecimento global induzido pelo homem reside no facto de isso poder causar um
aumento do nível do mar e, consequentemente, provocar cheias nas linhas costeiras.


Em períodos de abaixamento do nível do mar, as áreas que não pertenciam à costa
passam a pertencer e a estar sujeitos aos agentes de erosão. Os rios aumentam os seus


                                                                                     6
cursos e formam vales em planos costeiros que passaram a estar expostos. Quando o
nível do mar aumenta, as cheias nas zonas costeiras são inevitáveis, os vales dos rios
são inundados, os sedimentos marinhos aglomeram-se em terra em vez de ser no mar e a
erosão é substituída pela deposição.


As variações do nível do mar em escalas de tempo geológicas podem ser medidas, mas
detectar mudanças globais nas escalas de tempo humanas pode ser difícil. Essas
mudanças podem ser medidas localmente, recorrendo ao uso de uma aparelho que mede
o nível do mar em relação a um determinado marco posto em terra. O problema maior é
que a própria terra se move verticalmente como resultado da deformação tectónica.
Além disso, também a sedimentação e outras mudanças geológicas são incorporadas
nessas medidas. Ainda assim, com mil precauções, os oceanógrafos verificaram que o
nível do mar subiu entre 10 a 25 cm no século XX.


Este aumento tem sido correlacionado com um aumento, à escala mundial, das
temperaturas, o qual, segundo muitos cientistas, acreditam ter sido causado, pelo menos
em parte, pela poluição atmosférica causada pelo Homem. O aquecimento global, por
sua vez, conduz ao aumento do nível do mar de duas maneiras. Primeiro, pelo degelo de
glaciares que aumenta a quantidade de água nas bases marinhas. Segundo, temperaturas
altas causam a expansão da água através de pequenas fracções, aumentando o seu
volume. Estes efeitos parecem ter magnitudes semelhantes, ou seja, cada um deles pode
explicar cerca de metade do aumento observado do nível do mar.


Altímetros de satélite fornecem uma técnica mais sensível para determinar a altitude da
superfície do mar relativamente à órbita do satélite. Até agora, os dados têm indicado
que o nível do mar está a subir cerca de 4mm por ano. Algum desse aumento pode
resultar de variações de curto prazo, mas a magnitude do aumento condiz com modelos
climáticos que têm em conta o efeito de estufa. De acordo com esses modelos, se não
houverem esforços significativos para reduzir as emissões dos gases de estufa, o nível
do mar continuará a aumentar até cerca de 30-60 cm neste século. Os efeitos também se
vêem nas nossas praias.




                                                                                     7
SISTEMA CLIMÁTICO




   •   Componentes


A maioria dos autores identifica a seguintes componentes incluídas no sistema
climático: atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera. Há quem chame ao conjunto da
litosfera e biosfera de geosfera. Para o propósito deste trabalho, vamos deter-nos na
hidrosfera.


Ainda que a água se mova mais lentamente nos oceanos do que na atmosfera, a água
pode armazenar uma quantidade muito maior de calor. É por esta razão, que as correntes
oceânicas transportam energia de uma forma muito eficiente. O vento ao soprar na
superfície dos oceanos, gera correntes e padrões de circulação em grande escala nas
bases oceânicas. Tal como acontece na atmosfera, as correntes mais importantes para a
regulação do clima são aquelas que transportam o calor desde as regiões equatoriais
para as regiões polares. Estas correntes envolvem um movimento de convecção vertical,
bem como movimentos horizontais. Um exemplo muito conhecido é o canal do Golfo,
que flui ao longo da margem ocidental do Atlântico, trazendo águas desde o mar das
Caraíbas aquecendo o clima do Atlântico Norte e Europa.


A água arrefecida por esta troca de energia no Atlântico Norte move-se depois em
direcção ao Sul por intermédio de um sistema de convecção conhecido como a
thermohaline circulation. Esta envolve os efeitos da temperatura e da salinidade. É
importante porque é responsável por grande parte do calor transportado desde os
trópicos até a latitudes mais altas no clima actual. Alguns cientistas pensam que as
alterações no volume de água que circula do equador para os pólos pelo tipo de circuito
atrás descrito pode influenciar fortemente o clima global.


   •   O papel da criosfera


O papel da criosfera difere do papel do papel da hidrosfera, pois o gelo é relativamente
branco e imóvel reflectindo quase toda a energia solar que incide sobre ele. Grandes
massas de água são trocadas entre a criosfera e a hidrosfera líquida durante os ciclos


                                                                                      8
glaciares. No último ciclo glaciar, há cerca de 18000 anos, o nível do mar era 130 mais
baixo do que é hoje e o volume da criosfera era três vezes maior.


Sabe-se hoje que um rápido aquecimento ocorreu há cerca de 14500 anos, após a última
idade glaciar. Aproximadamente 1000 depois, o clima começou a arrefecer novamente,
dando-se início a mais um período de glaciar há 12500 anos que durou cerca de 1000
anos. Mais tarde, há 11700 anos, a temperatura voltou a subir cerca de 6ºC e o degelo
prosseguiu até ao estado actual de diminuição do tamanho de icebergs e glaciares.


Acontece que a transição da temperatura fria para o período de aquecimento até ao
actual período interglacial decorreu de forma abrupta: começou com um rápido aumento
de temperatura de 5ºC para 10ºC e continuou com um aumento de cerca de 15ºC. Julga-
se que o salto inicial teve lugar em apenas 10 anos. Esta velocidade foi um choque para
muitos geólogos, pois estes julgavam que este tipo de alterações levaria milhares de
anos. O que ficou demonstrado é que o tempo geológico se altera também um pouco
quando se fala de aquecimento global e dos efeitos dos fluxos de temperatura. Além
disso, ficou sugerido que o sistema climático global opera segundo uma espécie de
modelo por turnos, ou seja, muda-se de uma estado para outro num período de apenas
alguns anos.


Algumas das mudanças climáticas dos últimos 10 000 anos parece estar relacionada
com as alterações cíclicas do volume das águas derivadas de degelos. Seis alterações
estão correlacionadas com avanços e recuos de glaciares continentais. Calcula-se que
grandes extensões de icebergues se encontrem nos fundos marinhos, por exemplo, na
França. Sendo que esses “restos” de icebergues terão sido trazidos desde o Canadá. A
água desse degelo acompanhou, à superfície, esses pedaços de icebergues, o que alterou
a circulação do Atlântico Norte e, consequentemente, afectou o clima do Norte da
América e Europa. Durante tempos normais, ou seja, fora das idades glaciais, a
circulação porta-se como um cinto condutor que torna o clima europeu moderado.


Os eventos climáticos do passado foram deduzidos de placas de gelo e confirmadas pela
história humana. De 1450 a 1650, a Terra viveu na Pequena Idade do Gelo, durante a
qual o mar Báltico congelou e o gelo no rio Tamisa, em Inglaterra, atingiu uma
espessura de vários metros. Não existe acordo entre geólogos e cientistas que estudam a


                                                                                     9
atmosfera sobre as causas exactas desses eventos. No entanto, parece certo que vamos
poder aprender mais sobre a relação entre mudanças climáticas e a glaciação à medida
que as nações se tornam cada vez mais preocupadas com os efeitos das mudanças
climáticas futuras.




                                         O REGISTO DAS GLACIAÇÕES ANTIGAS




A glaciação do Pleitocénico não foi a única na História da Terra. O gelo glaciar tem a
capacidade de transportar grandes quantidades de sedimentos de todos os tamanhos.
Esses sedimentos são transportados quando o degelo acontece e podem ser depositados
directamente ou ser recolhidos por pequenos cursos de água derivada do degelo dos
gelos


A deriva glaciar da era do Pleistocénico está difundida em regiões de alta altitude que
agora gozam de um clima temperado. Esta deriva é uma evidência de que houve um
tempo em que os glaciares continentais se expandiram muito para além das regiões
polares. Estudos sobre eras geológicas, mostraram que os sedimentos depositados em
terra ou nos fundos marinhos revelam que a época do Pleistocénico consistiu em
múltiplos avanços e recuos de placas de gelo continentais.


Apesar das causas da glaciação permanecerem incertas, o arrefecimento global que
conduz a esse fenómeno parece resultar de uma deriva continental que se move
gradualmente para posições onde bloqueiam o transporte de calor desde o equador até
aos pólos. Uma outra explicação para a alternância entre intervalos glaciares e
interglaciares é que esta resulte de efeitos de ciclos astronómicos. Algumas alterações
periódicas muito pequenas na excentricidade da órbita da Terra e na precedência do seu
eixo de rotação altera a quantidade de luz solar recebida pela superfície terrestre.


Actualmente, vivemos numa fase quente da história do nosso clima, o qual deveria
começar a arrefecer sem demora. Mas este arrefecimento dá-se à velocidade de um 1ºC
por cada 1000 anos, enquanto a taxa de aquecimento contemporânea é muito superior.



                                                                                       10
Existe ainda evidências de que a diminuição dos níveis de carbono na atmosfera
terrestre diminui os efeitos de estufa, assim como, pelo contrário, a actual subida dos
níveis de carbono resultante da queima de combustíveis fósseis pode levar a um
aquecimento global.




      A MARCA DO HOMEM NO AQUECIMENTO GLOBAL DO SÉCULO XX




Só no início do século XIX se começou a medir de forma sistemática a temperatura do
planeta. Em meados desse século a temperatura media-se quer por estações
meteorológicas espalhadas pelo mundo, quer em navios de forma a se obter uma
estimativa tão exacta quanto possível temperatura média anual à superfície da Terra.
Entre o final do século XIX e o início do século XXI, a temperatura média aumentou
0,6ºC. As causas para este aquecimento já foram suficientemente divulgadas. Mas que
níveis de certeza existem realmente quanto ao facto do aquecimento global no século
XX ser uma consequência directa do aumento de CO2 na atmosfera e não apenas uma
mudança fortuita relacionada com a variabilidade climática natural? É esta a questão
que está hoje no centro da controvérsia.


A maioria dos cientistas especialistas no clima da Terra estão convencidos de que o
aquecimento do século XX foi, em parte induzido pelo Homem, pelo que o fenómenos
aumentará as suas proporções ao longo do século XXI se os níveis de gases de estufa na
atmosfera continuarem a aumentar. Eles baseiam-se em duas justificações principais: os
registos das alterações climáticas e a sua compreensão do modo de funcionamento do
sistema climático.


O aquecimento no século XX baseia-se nas variações de temperatura inferidas do
Holocénio. Com efeito, a média de temperaturas em muitas regiões do mundo foram,
provavelmente mais elevadas há 10 000 ou 8000 anos do que o são agora. Porém, os
registos do século XX são claramente anómalos quando comparados com o padrão de
variações climáticas do último milénio. Com base na análise de dados recolhidos dos
anéis das árvores, de corais e das placas de gelo, bem como de outros indicadores
climáticos, os cientistas chegaram a duas grandes conclusões sobre o clima durante os


                                                                                    11
1000 anos que antecederam o século XX: 1) houve um arrefecimento irregular, mas
constante, de cerca de 0,2ºC naquele intervalo de tempo; 2) a flutuação máxima das
temperaturas médias durante qualquer um dos nove séculos anteriores ao século XX foi
provavelmente inferior a 0,3ºC. Logo, o aquecimento registado no século XX parece ser
anormal.


Será, pois, lícito concluir que um défice de compreensão de aspectos relacionados com
o sistema climático pode introduzir erros significativos nos modelos de previsão
climática. No entanto, a consistência das marcas medidas com a evidência física dos
aumentos dos efeitos de estufa confere um apoio substancial à hipótese de o ser
humano ser o agente responsável pelo recente aquecimento global.


Quanto à previsão do futuro a partir de modelos numéricos da atmosfera em
computador, existe um grande número de investigadores, em particular os do
International Panel on Climate Change, que estão a trabalhar nesse sentido. As
respostas não são muito precisas devido às dificuldades inerentes à climatologia - tal
como se verifica com as previsões meteorológicas.


As estimativas, de acordo com os cenários de comportamento humano, vão de 1,5ºC a
5ºC ou mais, para o final do século XXI. Segundo numerosos climatologistas, a situação
está já tão fortemente degradada que, mesmo no caso de se conseguir travar rápida e
suficientemente as emissões de CO2, seria preciso mais de um século para parar o
aquecimento. A diferença de apenas alguns graus não é uma mudança desprezível.
Aquando da última glaciação, com 5ºC a menos, o nível do mar baixou cerca de 120
metros (podia ir-se de França para Inglaterra sem molhar sempre por terra). O Canadá e
a Europa do Norte estavam cobertos por uma camada de gelo de alguns quilómetros de
espessura, como acontece com a Gronelândia e a Antárctida hoje.


Em resumo: O acréscimo da temperatura tem por resultado o aumento da evaporação
da água dos oceanos. O vapor de água produzido contribui, ele também, para o aumento
da temperatura. Este, por sua vez, acelera a evaporação, aquilo a que se chama de «bola
de neve». O fenómeno pode, pois, continuar por muito tempo. E é aqui que, na opinião
de alguns autores, se apresenta uma ameaça terrível escondida nos gelos polares: o
metano. O permafrost (camadas de gelo permanente que cobrem algumas regiões do


                                                                                    12
globo) cobre imensas regiões de altas altitudes desde a Sibéria ao Canadá, cujo subsolo
está sempre gelado, pois o Verão não dura o suficiente para derreter os gelos. Acontece
que existem enormes quantidades de metano presas nas malhas cristalinas desse gelo. E
nós sabemos que o metano é um gás de efeito de estufa 100 vezes mais nocivo que o
CO2. O metano contribui já em mais de 5% para o efeito de estufa, sendo que esta taxa
aumenta rapidamente. Libertado pela fusão acelerada do permafrost provocada pelo
aquecimento da atmosfera, os seus efeitos serão de grande impacto. A esse impacto
junta-se o do CO2 e o do vapor de água, o que acelerará o processo de aumento das
temperaturas.
Hoje não é possível, tanto pelo fraco conhecimento dos fenómenos meteorológicos
como pelos nossos meios de cálculo, predizer qual a temperatura que a superfície do
globo atingirá devido àqueles fenómenos.
Actualmente, sabemos que vivemos numa fase quente da história do nosso clima, que
deveria começar a arrefecer rapidamente. Pelo contrário, sabemos hoje também que os
dez anos mais quentes desde 1867 aconteceram depois de 1980. Ou seja, nem a
evolução da órbita terrestre nos ajudará muito a contrabalançar o aquecimento
provocado pelas actividades humanas.
A preocupação com a questão do aquecimento global fica muito bem resumida pela
frase de Hubert Reeves: a nossa “fabulosa odisseia cósmica pode muito bem acaber por
nossa culpa”.




                                                                                    13
PARTE II


                            COMUNICAÇÃO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS


Um assunto que surgiu ao escrevermos este trabalho foi a relação da ciência e do
conhecimento relacionado com as alterações climáticas/aquecimento global e a
percepção/envolvimento do público perante estas questões. Achamos que seria
interessante explorar um pouco esta temática, pois achamos ser relevante num mestrado
de Comunicação de Educação e Comunicação de Ciência.


Qual o grau de conhecimento, preocupação, percepção do risco e disposição de
alterar comportamento?


Segundo o estudo As Alterações Climáticas no Quotidiano - Estudo Comportamental de
Curta Duração “ os níveis de apreensão do fenómeno de mudança climática, e até
mesmo o conhecimento do termo ‘alterações climáticas’, são elevados. Já no que
respeita às particularidades do fenómeno (causas, consequências e soluções) surgem
inúmeras confusões (…). Quando confrontados com medidas e instrumentos de política
concretos (aumentos dos preços, redução de utilização do automóvel, etc.), os inquiridos
afirmam muito menos vontade de mudar comportamentos do que quando questionados
de forma genérica acerca da importância de mudar comportamentos”. Os portugueses
estão dispostos a mudar comportamentos, mas não estão dispostos a pagar mais.


Este é exactamente o posicionamento dos cidadãos quer de outros países da Europa,
quer dos Estados Unidos, como refere Bord. R. et al. em que não há dúvida que a
população está alertada e preocupada com questões ambientais, especificamente com o
aquecimento global (embora este não seja completamente compreendido). Contudo esta
preocupação não se reflecte nem numa aceitação de políticas “ambientais”, nem em
mudança de comportamentos.


Curiosamente, no estudo acima referido há alguma predisposição para a mudança de
comportamentos, mas quando inquiridos sobre as políticas e medidas definidas, os
portugueses concordam mais com aquelas que, de forma genérica, não os comprometem
na sua vida quotidiana, e discordam daquelas que os comprometem. Naturalmente, não


                                                                                     14
é só em Portugal que as questões económicas têm peso nas opções do dia-a-dia e, sendo
assim, a predisposição de aceitar medidas políticas que afectem directamente cada
indivíduo (aumento da gasolina, taxas ecológicas) não são bem recebidas (Leiserowtitz,
2005).
         Há ainda outra contradição no panorama português que, por um lado, afirma que
o principal responsável do aquecimento global é o cidadão e o seu comportamento
individual, que este necessita de ser alterado e por outro, acha que as medidas para
combater as alterações climáticas estão mais associadas a factores colectivos do que
individuais. Esta segunda posição é partilhada por outros países segundo defende
(Cohn, 1991) em que a responsabilidade da resolução de problemas ambientais não é
percepcionada como um dever cívico.


E parece ser muito difícil alterar esta situação: em 1997, a administração Clinton lançou
uma campanha nos media para aumentar o apoio da população ao protocolo de Quioto.
Nesta eram apresentadas as evidências científicas e as consequências do aquecimento
global. Um inquérito antes e depois da campanha mostrou apenas ligeiras alterações na
opinião pública.


Porque é tão difícil a comunicação das alterações climáticas e consequente
alteração de comportamentos?


Existem vários factores que dificultam a compreensão e a alteração de comportamentos
deste tema, como sejam:
   •     o grau de incerteza inerente a esta ciência. Ainda existem muito
         desconhecimento na compreensão deste fenómeno;
   •     o tempo de resposta longo das consequências (quer do aquecimento, quer da
         mudança de comportamento)
   •     a percepção que não se vai sentir no “nosso jardim” mas algures numa terra
         distante
   •     não existir um sentido de urgência


A ciência que estuda as alterações climáticas é afectada por dois tipos de incerteza
   •     Desconhecimento de alguns aspectos quanto ao funcionamento do clima



                                                                                       15
•   Desconhecimento de qual o impacto que as acções humanas futuras terão neste
       problema


O facto de haver incertezas é muitas vezes utilizado e manipulado consoante os
interesses. Muitas vezes serve de justificação aos decisores políticos para não se agir.


Aliado a esta limitação, o tratamento que a comunicação social foi dando a este assunto
não melhorou o entendimento, muito pelo contrário, contribuiu para a desinformação.
Para a maioria dos cidadãos o conhecimento sobre ciência é adquirido principalmente
através da comunicação social (e não na escola ou por experiência própria) (Nelkin,
1987), mesmo que uma pessoa tenha sofrido as consequências de uma cheia, ou outro
fenómeno relacionado com o aquecimento global é a comunicação social que faz a
ponte entre os dois eventos e os relaciona.


Num artigo de Corbertt, sobre a representação dos media no aquecimento global, Mazur
e Lee referem que os media em assuntos ambientais, escolhem preferencialmente o
prisma da tragédia humana, de eventos bizarros e não sobre as descobertas científicas
relacionadas. O risco inerente é refutado para segundo plano (se não aconteceu ainda,
não é notícia).
Para além disto é também referido que o próprio conhecimento dos jornalistas sobre
este assunto era (em 200) confuso e desconheciam as certezas que a ciência tinha sobre
o assunto.


Se a todas estas dificuldades acrescentarmos a regra jornalística de analisar sempre os
dois lados da questão teremos um cientista a expor um determinado facto e outra pessoa
(político, comentador) a dizer que não é bem assim, o que leva a uma comunicação
completamente falhada. Se é verdade que há muitas incertezas nesta matéria, também o
é que a grande maioria dos cientistas está de acordo com a maioria das evidências não
havendo muita discussão à volta do que já foi descoberto.




                                                                                           16
Então qual o caminho a seguir para uma comunicação eficaz?


É necessário tornar este problema pessoal, que diga respeito a cada um. Todos nós
quando folheamos um jornal paramos para ler as notícias que de uma forma geral nos
afectam ou dizem respeito.


Segundo Leirerowitz (2005), existem cinco estratégias a seguir na comunicação das
alterações climáticas para que esta seja eficaz:
   1. Evidenciar o impacto (potencial) a nível regional e local. As ameaças locais são
       percebidas com maior premência e necessidade de intervenção que as questões
       globais.
   2. Explicar que o aquecimento global já está a acontecer. Os problemas presentes
       são encarados com mais urgência e maior empenho na sua resolução
   3. Sublinhar que estas alterações no clima têm efeitos na saúde humana. Quando se
       trata temas relacionados com a saúde, as pessoas estão mais receptivas e alerta.
   4. Falar abertamente sobre o que ainda não se sabe, mas focar as certezas. Quando
       um determinado assunto fica sem resposta (porque não se sabe, ou não se quer
       dizer) leva a confabulações e interpretações erradas. É mais eficaz para a
       compreensão de uma matéria assumir a ignorância de determinado aspecto do
       que não responder.
   5. A informação tem de ser adaptada consoante o público-alvo. A mesma
       informação é interpretada de maneira diferente pelas pessoas.


Para resolver esta questão Leiserowitz afirma que (e embora se reporte aos americanos)
a predisposição para ver as mudanças climáticas como um risco significante já existe, o
que falta é o sentido de urgência, uma forte liderança e vontade politica.




                                                                                      17
BIBLIOGRAFIA



Bord. R. 1998. Public perceptions of global warming: United States and international
perspectives. Acedido em 19 de Dezembro de 2006 em: http://www.int-
res.com/articles/cr/11/c011p075.pdf

Briscoe. M. 2004. Communicating Uncertainty in the Science of climate Change.
Acedido em 20 de Dezembro de 2006 em:
http://www.icta.org/doc/Uncertainty%20in%20science-9-04.pdf

Corbett. J. Testing Public (Un)Certainty of Science: Media Representations of Global
Warming. Acedido em 20 de Dezembro de 2006 em:
http://aicse.com/Testing%20Public%20%28Un%29certainty.cfm?pt=2&rpt=1&kt=2

Pato.J. 2003. As Alterações Climáticas no Quotidiano - Estudo Comportamental de
Curta Duração. Lisboa. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.
Acedido em 19 de Dezembro d 2006 em:
http://observa.iscte.pt/docs/Relatorio%20Final%20Alteracoes%20Climaticas.pdf

Hoffman, P.; D. Schrag. 2000. Snowball Earth. Scientific American (January):68.

Leiserowitz. A. 2005. Communicating the Risks of Global warming: American risk
perceptions, affective images and interpretive communities. Acedido em 20 de
Dezembro de 2006 em:
http://darkwing.uoregon.edu/~ecotone/pubs_assets/ClimateCommunication.pdf

Menzies, J. (ED.).1995. Modern Glacial Environments: Processes, Dynamics and
Sediments. Oxford: Butterworth-Heinemann.

Oppenheimer, Michael; Wang, James. (2005). The latest myths and facts on Global
Warming. Environmental Defense.

Oppenheimer. M. et al. 2006. Global Warming: The Psychology of Long Term Risk.
Climate Change. Acedido em 20 de Dezembro de 2006 em:
http://www.princeton.edu/~step/people/Climatic%20Change.%20Global%20%20Warm
ing.pdf




                                                                                       18

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  • 1. Universidade de Aveiro Mestrado Comunicação e Educação em Ciência Temas da Actualidade I – Geologia Marinha MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS A PALAVRA da HIDROSFERA E A COMUNICAÇÃO Filipa M. Ribeiro Rita Portela Dezembro de 2006
  • 2. ÍNDICE PARTE I INTRODUÇÃO ………………………………………………...……………..………..3 REGISTOS SEDIMENTARES ……………………………………………….………..5 Sedimentação nas margens continentais ……………………………………..……...….5 Sedimentação em águas profundas……………………………………………..……….6 A ALTERAÇÃO DO NÍVEL DO MAR COMO MEDIDA DO AQUECIMENTO GLOBAL …………………………………………………………....6 SISTEMA CLIMÁTICO ………………………………………………………………..8 Componentes…………………………………………………………………………….8 O papel da criosfera ……………………………………………………………………..8 O REGISTO DAS GLACIAÇÕES ANTIGAS ………………………………...……..10 A MARCA DO HOMEM NO AQUECIMENTO GLOBAL DO SÉCULO XX ……..11 PARTE II COMUNICAÇÃO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS ………………………….....14 Qual o grau de conhecimento, preocupação, percepção do risco e disposição de alterar comportamento? ………………………………………………...14 Porque é tão difícil a comunicação das alterações climáticas e consequente alteração de comportamentos? …………………………………………...15 Então qual o caminho a seguir para uma comunicação eficaz? ………………………..17 BIBLIOGRAFIA……………………………………………………………………….18 2
  • 3. PARTE I INTRODUÇÃO Foi a Teoria da Tectónica de Placas que nos facultou um entendimento básico das diferenças entre a geologia continental e a geologia marinha. No mar não existem os mesmos tipos de montanhas que existe em terra. Além disso, os fenómenos climáticos e de erosão são muito menos importantes nos oceanos do que em terra, pois naqueles não existem processos de fragmentação eficientes, tais como o congelamento ou o degelo, nem existem os grandes agentes erosivos, tais como os rios. As correntes em águas profundas podem erodir e transportar sedimentos, mas não mais que isso. Assim, porque a deformação das placas tectónicas, os efeitos do clima e a erosão são mínimos nos fundos marinhos, são processos como o vulcanismo e a sedimentação que dominam o grosso da geologia marinha. As chamadas cristas oceânicas são formadas por vulcanismo e o resto do fundo marinho é formado por sedimentação. Esta, a grande profundidade, acontece de forma mais contínua do que nos continentes e, por isso, preserva em melhores condições registos de eventos geológicos, tais como, por exemplo, uma história mais detalhada das mudanças climáticas na Terra. Todavia, estes registos são limitados no tempo, pois a subducção está continuamente a “engolir” as placas oceânicas, destruindo os sedimentos oceânicos por metamorfismo e degelo. Em média, são precisas apenas algumas dezenas de milhões de anos para que uma crosta criada numa crista oceânica se espalhar ao longo do oceano até entrar numa zona de subducção. É extremamente difícil mapear os fundos oceânicos devido à ausência total de luz. Aliás, curiosamente é possível obter com maior precisão imagens do nebuloso planeta Vénus do que dos fundos marinhos. 3
  • 4. É possível ver o fundo do mar directamente a partir de um submarino, pioneiramente usado pelo conhecido francês Jacques- Yves Cousteau. Essas máquinas eram multifunções: conseguiam fotografar a grandes profundidades e, com os seus braços mecânicos, partir bocados de rocha, colher amostras de sedimentos ou de espécies exóticas. Agora, os submersíveis robóticos são comandados por cientistas a partir de um barco-mãe à superfície. Um dos maiores problemas com estes equipamentos é que cobrem pequenas áreas comparando com o custo elevado que acarretam. 4
  • 5. REGISTOS SEDIMENTARES Em quase todos os sítios onde os oceanógrafos pesquisam no mar, eles encontram um manto de sedimentos. As lamas e as areias formam essa espécie de manta que cobre uma topografia originalmente formada nas cristas do meio dos oceanos. É esse incessante processo de sedimentação nos oceanos que modifica as estruturas formadas pelas placas tectónicas e cria uma topografia muito própria em locais de rápida sedimentação. Os sedimentos têm essencialmente duas origens: lamas e areias provenientes da erosão que acontece nos continentes e da precipitação bioquímica das cascas de organismos que vivem no mar. Nas zonas próximas das áreas de subducção, os sedimentos provêm de cinzas vulcânicas e de restos de lava. Nas zonas mais tropicais onde acontece evaporação, originam-se ainda sedimentos provenientes da deposição desses evaporitos. • Sedimentação nas margens continentais A sedimentação na crosta continental acontece devido às ondas e correntes. As ondas originadas com as grandes tempestades e furacões transportam sedimentos das camadas mais superficiais e as correntes das marés avançam pelas placas continentais. As ondas e correntes distribuem os sedimentos trazidos pelos rios até se formarem grandes amontoados de areia e camadas de silício e lama. A sedimentação bioquímica resulta da formação de camadas de carbonato de cálcio provenientes das cascas dos crustáceos e de outros organismos que vivem no mar. A maioria destes organismos não tolera águas com elevados teor de lamas, sendo encontrados apenas em locais com menores teores de materiais térreos, tais como acontece na costa da Florida ou na costa de Yucatán, no México. Nestes locais, abundam os recifes de coral e os organismos constroem espessas camadas de sedimentos carbonatados. 5
  • 6. Sedimentação em águas profundas Longe das margens continentais, grãos finos de partículas resultantes de precipitação bioquímica e que se encontram em suspensão à superfície vão afundando até atingirem o fundo do mar. Chama-se os sedimentos pelágicos e caracterizam-se pela distância a que se encontram da costa, pelo seu tamanho pequeno, por serem muito finos e por se depositarem no fundo de uma modo muito lento (alguns milímetros por cada mil anos). Destes uma pequena percentagem pode ser soprado para mar aberto. A ALTERAÇÃO DO NÍVEL DO MAR COMO MEDIDA DO AQUECIMENTO GLOBAL Para entendermos a mudança do nível do mar como uma medida para aferir o aquecimento global, é necessário entendermos primeiros como se formam as praias e as linhas costeiras, sobretudo ao nível da erosão e deposição dos sedimentos. A topografia das linhas costeiras é um resultado das forças tectónicas que elevam ou deprimem a crosta terrestre, através dos processos de erosão e de deposição de sedimentos. Os factores mais directamente ligados a esses processos são: a natureza das rochas e dos sedimentos das linhas costeiras, a média e altura das ondas provocadas por uma tempestade, as alterações do nível do mar, o alcance das marés que afecta quer a erosão, quer a sedimentação e o levantamento da região costeira que conduz à formas de erosão nas costas. As linhas costeiras são sensíveis a mudanças do nível do mar, pois isso pode alterar o alcance das marés, o nível de aproximação das ondas e afectar as correntes ao longo da costa. O aumento ou diminuição do nível do mar pode ser local – como resultado dos movimentos tectónicos – ou globais, como resultado, por exemplo, do degelo de glaciares. É por isso que, actualmente, uma das maiores preocupações por causa do aquecimento global induzido pelo homem reside no facto de isso poder causar um aumento do nível do mar e, consequentemente, provocar cheias nas linhas costeiras. Em períodos de abaixamento do nível do mar, as áreas que não pertenciam à costa passam a pertencer e a estar sujeitos aos agentes de erosão. Os rios aumentam os seus 6
  • 7. cursos e formam vales em planos costeiros que passaram a estar expostos. Quando o nível do mar aumenta, as cheias nas zonas costeiras são inevitáveis, os vales dos rios são inundados, os sedimentos marinhos aglomeram-se em terra em vez de ser no mar e a erosão é substituída pela deposição. As variações do nível do mar em escalas de tempo geológicas podem ser medidas, mas detectar mudanças globais nas escalas de tempo humanas pode ser difícil. Essas mudanças podem ser medidas localmente, recorrendo ao uso de uma aparelho que mede o nível do mar em relação a um determinado marco posto em terra. O problema maior é que a própria terra se move verticalmente como resultado da deformação tectónica. Além disso, também a sedimentação e outras mudanças geológicas são incorporadas nessas medidas. Ainda assim, com mil precauções, os oceanógrafos verificaram que o nível do mar subiu entre 10 a 25 cm no século XX. Este aumento tem sido correlacionado com um aumento, à escala mundial, das temperaturas, o qual, segundo muitos cientistas, acreditam ter sido causado, pelo menos em parte, pela poluição atmosférica causada pelo Homem. O aquecimento global, por sua vez, conduz ao aumento do nível do mar de duas maneiras. Primeiro, pelo degelo de glaciares que aumenta a quantidade de água nas bases marinhas. Segundo, temperaturas altas causam a expansão da água através de pequenas fracções, aumentando o seu volume. Estes efeitos parecem ter magnitudes semelhantes, ou seja, cada um deles pode explicar cerca de metade do aumento observado do nível do mar. Altímetros de satélite fornecem uma técnica mais sensível para determinar a altitude da superfície do mar relativamente à órbita do satélite. Até agora, os dados têm indicado que o nível do mar está a subir cerca de 4mm por ano. Algum desse aumento pode resultar de variações de curto prazo, mas a magnitude do aumento condiz com modelos climáticos que têm em conta o efeito de estufa. De acordo com esses modelos, se não houverem esforços significativos para reduzir as emissões dos gases de estufa, o nível do mar continuará a aumentar até cerca de 30-60 cm neste século. Os efeitos também se vêem nas nossas praias. 7
  • 8. SISTEMA CLIMÁTICO • Componentes A maioria dos autores identifica a seguintes componentes incluídas no sistema climático: atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera. Há quem chame ao conjunto da litosfera e biosfera de geosfera. Para o propósito deste trabalho, vamos deter-nos na hidrosfera. Ainda que a água se mova mais lentamente nos oceanos do que na atmosfera, a água pode armazenar uma quantidade muito maior de calor. É por esta razão, que as correntes oceânicas transportam energia de uma forma muito eficiente. O vento ao soprar na superfície dos oceanos, gera correntes e padrões de circulação em grande escala nas bases oceânicas. Tal como acontece na atmosfera, as correntes mais importantes para a regulação do clima são aquelas que transportam o calor desde as regiões equatoriais para as regiões polares. Estas correntes envolvem um movimento de convecção vertical, bem como movimentos horizontais. Um exemplo muito conhecido é o canal do Golfo, que flui ao longo da margem ocidental do Atlântico, trazendo águas desde o mar das Caraíbas aquecendo o clima do Atlântico Norte e Europa. A água arrefecida por esta troca de energia no Atlântico Norte move-se depois em direcção ao Sul por intermédio de um sistema de convecção conhecido como a thermohaline circulation. Esta envolve os efeitos da temperatura e da salinidade. É importante porque é responsável por grande parte do calor transportado desde os trópicos até a latitudes mais altas no clima actual. Alguns cientistas pensam que as alterações no volume de água que circula do equador para os pólos pelo tipo de circuito atrás descrito pode influenciar fortemente o clima global. • O papel da criosfera O papel da criosfera difere do papel do papel da hidrosfera, pois o gelo é relativamente branco e imóvel reflectindo quase toda a energia solar que incide sobre ele. Grandes massas de água são trocadas entre a criosfera e a hidrosfera líquida durante os ciclos 8
  • 9. glaciares. No último ciclo glaciar, há cerca de 18000 anos, o nível do mar era 130 mais baixo do que é hoje e o volume da criosfera era três vezes maior. Sabe-se hoje que um rápido aquecimento ocorreu há cerca de 14500 anos, após a última idade glaciar. Aproximadamente 1000 depois, o clima começou a arrefecer novamente, dando-se início a mais um período de glaciar há 12500 anos que durou cerca de 1000 anos. Mais tarde, há 11700 anos, a temperatura voltou a subir cerca de 6ºC e o degelo prosseguiu até ao estado actual de diminuição do tamanho de icebergs e glaciares. Acontece que a transição da temperatura fria para o período de aquecimento até ao actual período interglacial decorreu de forma abrupta: começou com um rápido aumento de temperatura de 5ºC para 10ºC e continuou com um aumento de cerca de 15ºC. Julga- se que o salto inicial teve lugar em apenas 10 anos. Esta velocidade foi um choque para muitos geólogos, pois estes julgavam que este tipo de alterações levaria milhares de anos. O que ficou demonstrado é que o tempo geológico se altera também um pouco quando se fala de aquecimento global e dos efeitos dos fluxos de temperatura. Além disso, ficou sugerido que o sistema climático global opera segundo uma espécie de modelo por turnos, ou seja, muda-se de uma estado para outro num período de apenas alguns anos. Algumas das mudanças climáticas dos últimos 10 000 anos parece estar relacionada com as alterações cíclicas do volume das águas derivadas de degelos. Seis alterações estão correlacionadas com avanços e recuos de glaciares continentais. Calcula-se que grandes extensões de icebergues se encontrem nos fundos marinhos, por exemplo, na França. Sendo que esses “restos” de icebergues terão sido trazidos desde o Canadá. A água desse degelo acompanhou, à superfície, esses pedaços de icebergues, o que alterou a circulação do Atlântico Norte e, consequentemente, afectou o clima do Norte da América e Europa. Durante tempos normais, ou seja, fora das idades glaciais, a circulação porta-se como um cinto condutor que torna o clima europeu moderado. Os eventos climáticos do passado foram deduzidos de placas de gelo e confirmadas pela história humana. De 1450 a 1650, a Terra viveu na Pequena Idade do Gelo, durante a qual o mar Báltico congelou e o gelo no rio Tamisa, em Inglaterra, atingiu uma espessura de vários metros. Não existe acordo entre geólogos e cientistas que estudam a 9
  • 10. atmosfera sobre as causas exactas desses eventos. No entanto, parece certo que vamos poder aprender mais sobre a relação entre mudanças climáticas e a glaciação à medida que as nações se tornam cada vez mais preocupadas com os efeitos das mudanças climáticas futuras. O REGISTO DAS GLACIAÇÕES ANTIGAS A glaciação do Pleitocénico não foi a única na História da Terra. O gelo glaciar tem a capacidade de transportar grandes quantidades de sedimentos de todos os tamanhos. Esses sedimentos são transportados quando o degelo acontece e podem ser depositados directamente ou ser recolhidos por pequenos cursos de água derivada do degelo dos gelos A deriva glaciar da era do Pleistocénico está difundida em regiões de alta altitude que agora gozam de um clima temperado. Esta deriva é uma evidência de que houve um tempo em que os glaciares continentais se expandiram muito para além das regiões polares. Estudos sobre eras geológicas, mostraram que os sedimentos depositados em terra ou nos fundos marinhos revelam que a época do Pleistocénico consistiu em múltiplos avanços e recuos de placas de gelo continentais. Apesar das causas da glaciação permanecerem incertas, o arrefecimento global que conduz a esse fenómeno parece resultar de uma deriva continental que se move gradualmente para posições onde bloqueiam o transporte de calor desde o equador até aos pólos. Uma outra explicação para a alternância entre intervalos glaciares e interglaciares é que esta resulte de efeitos de ciclos astronómicos. Algumas alterações periódicas muito pequenas na excentricidade da órbita da Terra e na precedência do seu eixo de rotação altera a quantidade de luz solar recebida pela superfície terrestre. Actualmente, vivemos numa fase quente da história do nosso clima, o qual deveria começar a arrefecer sem demora. Mas este arrefecimento dá-se à velocidade de um 1ºC por cada 1000 anos, enquanto a taxa de aquecimento contemporânea é muito superior. 10
  • 11. Existe ainda evidências de que a diminuição dos níveis de carbono na atmosfera terrestre diminui os efeitos de estufa, assim como, pelo contrário, a actual subida dos níveis de carbono resultante da queima de combustíveis fósseis pode levar a um aquecimento global. A MARCA DO HOMEM NO AQUECIMENTO GLOBAL DO SÉCULO XX Só no início do século XIX se começou a medir de forma sistemática a temperatura do planeta. Em meados desse século a temperatura media-se quer por estações meteorológicas espalhadas pelo mundo, quer em navios de forma a se obter uma estimativa tão exacta quanto possível temperatura média anual à superfície da Terra. Entre o final do século XIX e o início do século XXI, a temperatura média aumentou 0,6ºC. As causas para este aquecimento já foram suficientemente divulgadas. Mas que níveis de certeza existem realmente quanto ao facto do aquecimento global no século XX ser uma consequência directa do aumento de CO2 na atmosfera e não apenas uma mudança fortuita relacionada com a variabilidade climática natural? É esta a questão que está hoje no centro da controvérsia. A maioria dos cientistas especialistas no clima da Terra estão convencidos de que o aquecimento do século XX foi, em parte induzido pelo Homem, pelo que o fenómenos aumentará as suas proporções ao longo do século XXI se os níveis de gases de estufa na atmosfera continuarem a aumentar. Eles baseiam-se em duas justificações principais: os registos das alterações climáticas e a sua compreensão do modo de funcionamento do sistema climático. O aquecimento no século XX baseia-se nas variações de temperatura inferidas do Holocénio. Com efeito, a média de temperaturas em muitas regiões do mundo foram, provavelmente mais elevadas há 10 000 ou 8000 anos do que o são agora. Porém, os registos do século XX são claramente anómalos quando comparados com o padrão de variações climáticas do último milénio. Com base na análise de dados recolhidos dos anéis das árvores, de corais e das placas de gelo, bem como de outros indicadores climáticos, os cientistas chegaram a duas grandes conclusões sobre o clima durante os 11
  • 12. 1000 anos que antecederam o século XX: 1) houve um arrefecimento irregular, mas constante, de cerca de 0,2ºC naquele intervalo de tempo; 2) a flutuação máxima das temperaturas médias durante qualquer um dos nove séculos anteriores ao século XX foi provavelmente inferior a 0,3ºC. Logo, o aquecimento registado no século XX parece ser anormal. Será, pois, lícito concluir que um défice de compreensão de aspectos relacionados com o sistema climático pode introduzir erros significativos nos modelos de previsão climática. No entanto, a consistência das marcas medidas com a evidência física dos aumentos dos efeitos de estufa confere um apoio substancial à hipótese de o ser humano ser o agente responsável pelo recente aquecimento global. Quanto à previsão do futuro a partir de modelos numéricos da atmosfera em computador, existe um grande número de investigadores, em particular os do International Panel on Climate Change, que estão a trabalhar nesse sentido. As respostas não são muito precisas devido às dificuldades inerentes à climatologia - tal como se verifica com as previsões meteorológicas. As estimativas, de acordo com os cenários de comportamento humano, vão de 1,5ºC a 5ºC ou mais, para o final do século XXI. Segundo numerosos climatologistas, a situação está já tão fortemente degradada que, mesmo no caso de se conseguir travar rápida e suficientemente as emissões de CO2, seria preciso mais de um século para parar o aquecimento. A diferença de apenas alguns graus não é uma mudança desprezível. Aquando da última glaciação, com 5ºC a menos, o nível do mar baixou cerca de 120 metros (podia ir-se de França para Inglaterra sem molhar sempre por terra). O Canadá e a Europa do Norte estavam cobertos por uma camada de gelo de alguns quilómetros de espessura, como acontece com a Gronelândia e a Antárctida hoje. Em resumo: O acréscimo da temperatura tem por resultado o aumento da evaporação da água dos oceanos. O vapor de água produzido contribui, ele também, para o aumento da temperatura. Este, por sua vez, acelera a evaporação, aquilo a que se chama de «bola de neve». O fenómeno pode, pois, continuar por muito tempo. E é aqui que, na opinião de alguns autores, se apresenta uma ameaça terrível escondida nos gelos polares: o metano. O permafrost (camadas de gelo permanente que cobrem algumas regiões do 12
  • 13. globo) cobre imensas regiões de altas altitudes desde a Sibéria ao Canadá, cujo subsolo está sempre gelado, pois o Verão não dura o suficiente para derreter os gelos. Acontece que existem enormes quantidades de metano presas nas malhas cristalinas desse gelo. E nós sabemos que o metano é um gás de efeito de estufa 100 vezes mais nocivo que o CO2. O metano contribui já em mais de 5% para o efeito de estufa, sendo que esta taxa aumenta rapidamente. Libertado pela fusão acelerada do permafrost provocada pelo aquecimento da atmosfera, os seus efeitos serão de grande impacto. A esse impacto junta-se o do CO2 e o do vapor de água, o que acelerará o processo de aumento das temperaturas. Hoje não é possível, tanto pelo fraco conhecimento dos fenómenos meteorológicos como pelos nossos meios de cálculo, predizer qual a temperatura que a superfície do globo atingirá devido àqueles fenómenos. Actualmente, sabemos que vivemos numa fase quente da história do nosso clima, que deveria começar a arrefecer rapidamente. Pelo contrário, sabemos hoje também que os dez anos mais quentes desde 1867 aconteceram depois de 1980. Ou seja, nem a evolução da órbita terrestre nos ajudará muito a contrabalançar o aquecimento provocado pelas actividades humanas. A preocupação com a questão do aquecimento global fica muito bem resumida pela frase de Hubert Reeves: a nossa “fabulosa odisseia cósmica pode muito bem acaber por nossa culpa”. 13
  • 14. PARTE II COMUNICAÇÃO DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS Um assunto que surgiu ao escrevermos este trabalho foi a relação da ciência e do conhecimento relacionado com as alterações climáticas/aquecimento global e a percepção/envolvimento do público perante estas questões. Achamos que seria interessante explorar um pouco esta temática, pois achamos ser relevante num mestrado de Comunicação de Educação e Comunicação de Ciência. Qual o grau de conhecimento, preocupação, percepção do risco e disposição de alterar comportamento? Segundo o estudo As Alterações Climáticas no Quotidiano - Estudo Comportamental de Curta Duração “ os níveis de apreensão do fenómeno de mudança climática, e até mesmo o conhecimento do termo ‘alterações climáticas’, são elevados. Já no que respeita às particularidades do fenómeno (causas, consequências e soluções) surgem inúmeras confusões (…). Quando confrontados com medidas e instrumentos de política concretos (aumentos dos preços, redução de utilização do automóvel, etc.), os inquiridos afirmam muito menos vontade de mudar comportamentos do que quando questionados de forma genérica acerca da importância de mudar comportamentos”. Os portugueses estão dispostos a mudar comportamentos, mas não estão dispostos a pagar mais. Este é exactamente o posicionamento dos cidadãos quer de outros países da Europa, quer dos Estados Unidos, como refere Bord. R. et al. em que não há dúvida que a população está alertada e preocupada com questões ambientais, especificamente com o aquecimento global (embora este não seja completamente compreendido). Contudo esta preocupação não se reflecte nem numa aceitação de políticas “ambientais”, nem em mudança de comportamentos. Curiosamente, no estudo acima referido há alguma predisposição para a mudança de comportamentos, mas quando inquiridos sobre as políticas e medidas definidas, os portugueses concordam mais com aquelas que, de forma genérica, não os comprometem na sua vida quotidiana, e discordam daquelas que os comprometem. Naturalmente, não 14
  • 15. é só em Portugal que as questões económicas têm peso nas opções do dia-a-dia e, sendo assim, a predisposição de aceitar medidas políticas que afectem directamente cada indivíduo (aumento da gasolina, taxas ecológicas) não são bem recebidas (Leiserowtitz, 2005). Há ainda outra contradição no panorama português que, por um lado, afirma que o principal responsável do aquecimento global é o cidadão e o seu comportamento individual, que este necessita de ser alterado e por outro, acha que as medidas para combater as alterações climáticas estão mais associadas a factores colectivos do que individuais. Esta segunda posição é partilhada por outros países segundo defende (Cohn, 1991) em que a responsabilidade da resolução de problemas ambientais não é percepcionada como um dever cívico. E parece ser muito difícil alterar esta situação: em 1997, a administração Clinton lançou uma campanha nos media para aumentar o apoio da população ao protocolo de Quioto. Nesta eram apresentadas as evidências científicas e as consequências do aquecimento global. Um inquérito antes e depois da campanha mostrou apenas ligeiras alterações na opinião pública. Porque é tão difícil a comunicação das alterações climáticas e consequente alteração de comportamentos? Existem vários factores que dificultam a compreensão e a alteração de comportamentos deste tema, como sejam: • o grau de incerteza inerente a esta ciência. Ainda existem muito desconhecimento na compreensão deste fenómeno; • o tempo de resposta longo das consequências (quer do aquecimento, quer da mudança de comportamento) • a percepção que não se vai sentir no “nosso jardim” mas algures numa terra distante • não existir um sentido de urgência A ciência que estuda as alterações climáticas é afectada por dois tipos de incerteza • Desconhecimento de alguns aspectos quanto ao funcionamento do clima 15
  • 16. Desconhecimento de qual o impacto que as acções humanas futuras terão neste problema O facto de haver incertezas é muitas vezes utilizado e manipulado consoante os interesses. Muitas vezes serve de justificação aos decisores políticos para não se agir. Aliado a esta limitação, o tratamento que a comunicação social foi dando a este assunto não melhorou o entendimento, muito pelo contrário, contribuiu para a desinformação. Para a maioria dos cidadãos o conhecimento sobre ciência é adquirido principalmente através da comunicação social (e não na escola ou por experiência própria) (Nelkin, 1987), mesmo que uma pessoa tenha sofrido as consequências de uma cheia, ou outro fenómeno relacionado com o aquecimento global é a comunicação social que faz a ponte entre os dois eventos e os relaciona. Num artigo de Corbertt, sobre a representação dos media no aquecimento global, Mazur e Lee referem que os media em assuntos ambientais, escolhem preferencialmente o prisma da tragédia humana, de eventos bizarros e não sobre as descobertas científicas relacionadas. O risco inerente é refutado para segundo plano (se não aconteceu ainda, não é notícia). Para além disto é também referido que o próprio conhecimento dos jornalistas sobre este assunto era (em 200) confuso e desconheciam as certezas que a ciência tinha sobre o assunto. Se a todas estas dificuldades acrescentarmos a regra jornalística de analisar sempre os dois lados da questão teremos um cientista a expor um determinado facto e outra pessoa (político, comentador) a dizer que não é bem assim, o que leva a uma comunicação completamente falhada. Se é verdade que há muitas incertezas nesta matéria, também o é que a grande maioria dos cientistas está de acordo com a maioria das evidências não havendo muita discussão à volta do que já foi descoberto. 16
  • 17. Então qual o caminho a seguir para uma comunicação eficaz? É necessário tornar este problema pessoal, que diga respeito a cada um. Todos nós quando folheamos um jornal paramos para ler as notícias que de uma forma geral nos afectam ou dizem respeito. Segundo Leirerowitz (2005), existem cinco estratégias a seguir na comunicação das alterações climáticas para que esta seja eficaz: 1. Evidenciar o impacto (potencial) a nível regional e local. As ameaças locais são percebidas com maior premência e necessidade de intervenção que as questões globais. 2. Explicar que o aquecimento global já está a acontecer. Os problemas presentes são encarados com mais urgência e maior empenho na sua resolução 3. Sublinhar que estas alterações no clima têm efeitos na saúde humana. Quando se trata temas relacionados com a saúde, as pessoas estão mais receptivas e alerta. 4. Falar abertamente sobre o que ainda não se sabe, mas focar as certezas. Quando um determinado assunto fica sem resposta (porque não se sabe, ou não se quer dizer) leva a confabulações e interpretações erradas. É mais eficaz para a compreensão de uma matéria assumir a ignorância de determinado aspecto do que não responder. 5. A informação tem de ser adaptada consoante o público-alvo. A mesma informação é interpretada de maneira diferente pelas pessoas. Para resolver esta questão Leiserowitz afirma que (e embora se reporte aos americanos) a predisposição para ver as mudanças climáticas como um risco significante já existe, o que falta é o sentido de urgência, uma forte liderança e vontade politica. 17
  • 18. BIBLIOGRAFIA Bord. R. 1998. Public perceptions of global warming: United States and international perspectives. Acedido em 19 de Dezembro de 2006 em: http://www.int- res.com/articles/cr/11/c011p075.pdf Briscoe. M. 2004. Communicating Uncertainty in the Science of climate Change. Acedido em 20 de Dezembro de 2006 em: http://www.icta.org/doc/Uncertainty%20in%20science-9-04.pdf Corbett. J. Testing Public (Un)Certainty of Science: Media Representations of Global Warming. Acedido em 20 de Dezembro de 2006 em: http://aicse.com/Testing%20Public%20%28Un%29certainty.cfm?pt=2&rpt=1&kt=2 Pato.J. 2003. As Alterações Climáticas no Quotidiano - Estudo Comportamental de Curta Duração. Lisboa. Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa. Acedido em 19 de Dezembro d 2006 em: http://observa.iscte.pt/docs/Relatorio%20Final%20Alteracoes%20Climaticas.pdf Hoffman, P.; D. Schrag. 2000. Snowball Earth. Scientific American (January):68. Leiserowitz. A. 2005. Communicating the Risks of Global warming: American risk perceptions, affective images and interpretive communities. Acedido em 20 de Dezembro de 2006 em: http://darkwing.uoregon.edu/~ecotone/pubs_assets/ClimateCommunication.pdf Menzies, J. (ED.).1995. Modern Glacial Environments: Processes, Dynamics and Sediments. Oxford: Butterworth-Heinemann. Oppenheimer, Michael; Wang, James. (2005). The latest myths and facts on Global Warming. Environmental Defense. Oppenheimer. M. et al. 2006. Global Warming: The Psychology of Long Term Risk. Climate Change. Acedido em 20 de Dezembro de 2006 em: http://www.princeton.edu/~step/people/Climatic%20Change.%20Global%20%20Warm ing.pdf 18