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Álvares de Azevedo
 Nomes: Fernando, Gabriel, Leonardo,
          Jader e Vinicius
            Turma: 202
POEMAS
MEU SONHO                     Onde vais pelas trevas
                             impuras,
EU                           Cavaleiro das armas
Cavaleiro das armas          escuras,
escuras,                     Macilento qual morto na
                             tumba?...
Onde vais pelas trevas       Tu escutas... Na longa
impuras                      montanha
Com a espada sanguenta       Um tropel teu galope
na mão?                      acompanha?
Por que brilham teus olhos   E um clamor de vingança
ardentes                     retumba?
E gemidos nos lábios
frementes                    Cavaleiro, quem és? que
Vertem fogo do teu           mistério...
coração?                     Quem te força da morte
                             no império
Cavaleiro, quem és? — O      Pela noite assombrada a
remorso?                     vagar?
Do corcel te debruças no
dorso...                     O FANTASMA
E galopas do vale            Sou o sonho de tua
através...                   esperança,
Oh! da estrada acordando     Tua febre que nunca
POR QUE MENTIAS?             Sabe Deus se te amei!
                            sabem as noites
Por que mentias, leviana    Essa dor que alentei, que
e bela,                     tu nutrias!
Se minha face pálida        Sabe este pobre coração
sentias                     que treme
Queimada pela febre?... e   Que a esperança perdeu
minha vida                  porque mentias!
Tu vias desmaiar... por
que mentias?                Vê minha palidez: a febre
                            lenta...
Acordei da ilusão! a sós    Este fogo das pálpebras
morrendo                    sombrias...
Sinto na mocidade as        Pousa a mão no meu
agonias.                    peito... Eu morro! eu
Por tua causa desespero     morro!
e morro...                  Leviana sem dó, por que
Leviana sem dó, por que     mentias?
mentias?
É ELA! É ELA!                         Oh! De certo ... (pensei) é doce
                                      página
É ela! é ela! — murmurei tremendo,    Onde a alma derramou gentis
E o eco ao longe murmurou — é         amores!...
ela!...                               São versos dela... que amanhã
Eu a vi... minha fada aérea e pura,   decerto
A minha lavadeira na janela!          Ela me enviará cheios de flores...
Dessas águas-furtadas onde eu         Trem de febre! Venturosa folha!
moro                                  Quem pousasse contigo neste seio!
Eu a vejo estendendo no telhado       Como Otelo beijando a sua esposa,
Os vestidos de chita, as saias        Eu beijei-a a tremer de devaneio...
brancas...
Eu a vejo e suspiro enamorado!      É ela! é ela! — repeti tremendo,
                                    Mas cantou nesse instante uma
Esta noite eu ousei mais atrevido   coruja...
Nas telhas que estalavam nos meus Abri cioso a página secreta...
passos                              Oh! meu Deus! era um rol de roupa
Ir espiar seu venturoso sono,       suja!
Vê-la mais bela de Morfeu nos
braços!                             Mas se Werther morreu por ver
                                    Carlota
Como dormia! que profundo sono!... Dando pão com manteiga às
Tinha na mão o ferro do engomado... criancinhas,
Como roncava maviosa e pura!        Se achou-a assim mais bela... eu mais
Quase caí na rua desmaiado!         te adoro
                                    Sonhando-te a lavar as camisinhas!
Afastei a janela, entrei medroso:
Palpitava-lhe o seio adormecido...
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e
morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!

Misérrimo! votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto...
E minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em
luto.

Que me resta, meu Deus?!... morra
comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
MINHA DESGRAÇA

Minha desgraça não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco...
E, meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco...

Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
cujo sol (quem mo dera) é o dinheiro...

Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que meu peito assim blasfema,
É ter por escrever todo um poema
E não ter um vintém para uma vela.
Apresentção literatura trab

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Apresentção literatura trab

  • 1. Álvares de Azevedo Nomes: Fernando, Gabriel, Leonardo, Jader e Vinicius Turma: 202
  • 2.
  • 3.
  • 5. MEU SONHO Onde vais pelas trevas impuras, EU Cavaleiro das armas Cavaleiro das armas escuras, escuras, Macilento qual morto na tumba?... Onde vais pelas trevas Tu escutas... Na longa impuras montanha Com a espada sanguenta Um tropel teu galope na mão? acompanha? Por que brilham teus olhos E um clamor de vingança ardentes retumba? E gemidos nos lábios frementes Cavaleiro, quem és? que Vertem fogo do teu mistério... coração? Quem te força da morte no império Cavaleiro, quem és? — O Pela noite assombrada a remorso? vagar? Do corcel te debruças no dorso... O FANTASMA E galopas do vale Sou o sonho de tua através... esperança, Oh! da estrada acordando Tua febre que nunca
  • 6.
  • 7. POR QUE MENTIAS? Sabe Deus se te amei! sabem as noites Por que mentias, leviana Essa dor que alentei, que e bela, tu nutrias! Se minha face pálida Sabe este pobre coração sentias que treme Queimada pela febre?... e Que a esperança perdeu minha vida porque mentias! Tu vias desmaiar... por que mentias? Vê minha palidez: a febre lenta... Acordei da ilusão! a sós Este fogo das pálpebras morrendo sombrias... Sinto na mocidade as Pousa a mão no meu agonias. peito... Eu morro! eu Por tua causa desespero morro! e morro... Leviana sem dó, por que Leviana sem dó, por que mentias? mentias?
  • 8.
  • 9. É ELA! É ELA! Oh! De certo ... (pensei) é doce página É ela! é ela! — murmurei tremendo, Onde a alma derramou gentis E o eco ao longe murmurou — é amores!... ela!... São versos dela... que amanhã Eu a vi... minha fada aérea e pura, decerto A minha lavadeira na janela! Ela me enviará cheios de flores... Dessas águas-furtadas onde eu Trem de febre! Venturosa folha! moro Quem pousasse contigo neste seio! Eu a vejo estendendo no telhado Como Otelo beijando a sua esposa, Os vestidos de chita, as saias Eu beijei-a a tremer de devaneio... brancas... Eu a vejo e suspiro enamorado! É ela! é ela! — repeti tremendo, Mas cantou nesse instante uma Esta noite eu ousei mais atrevido coruja... Nas telhas que estalavam nos meus Abri cioso a página secreta... passos Oh! meu Deus! era um rol de roupa Ir espiar seu venturoso sono, suja! Vê-la mais bela de Morfeu nos braços! Mas se Werther morreu por ver Carlota Como dormia! que profundo sono!... Dando pão com manteiga às Tinha na mão o ferro do engomado... criancinhas, Como roncava maviosa e pura! Se achou-a assim mais bela... eu mais Quase caí na rua desmaiado! te adoro Sonhando-te a lavar as camisinhas! Afastei a janela, entrei medroso: Palpitava-lhe o seio adormecido...
  • 10.
  • 11. Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro! Não levo da existência uma saudade! E tanta vida que meu peito enchia Morreu na minha triste mocidade! Misérrimo! votei meus pobres dias À sina doida de um amor sem fruto... E minh’alma na treva agora dorme Como um olhar que a morte envolve em luto. Que me resta, meu Deus?!... morra comigo A estrela de meus cândidos amores, Já que não levo no meu peito morto Um punhado sequer de murchas flores!
  • 12.
  • 13. MINHA DESGRAÇA Minha desgraça não é ser poeta, Nem na terra de amor não ter um eco... E, meu anjo de Deus, o meu planeta Tratar-me como trata-se um boneco... Não é andar de cotovelos rotos, Ter duro como pedra o travesseiro... Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido cujo sol (quem mo dera) é o dinheiro... Minha desgraça, ó cândida donzela, O que faz que meu peito assim blasfema, É ter por escrever todo um poema E não ter um vintém para uma vela.