O pai trabalhava no campo e esqueceu-se de almoçar. A mãe mandou o filho Joaquim levar o almoço ao pai, mas no caminho Joaquim comeu a carne toda, deixando apenas o caldo. Quando o pai viu só o caldo, Joaquim mentiu dizendo que tinha deixado cair a panela, mas o pai não acreditou e deu-lhe um raspanete.
1. O almoço do pai
Há muitos anos, cá na Cuba, o compadre Manuel era muito trabalhador e passava os dias no
campo na sua labuta: gradava a terra, semeava trigo e girassol, ceifava, podava, tratava das
árvores… enfim, fazia todos os trabalhos que havia para fazer no campo. De tão entretido que
andava, muitas vezes se esquecia do almoço.
Na sua modesta casa na vila, a sua mulher cuidava dos filhos e tratava da casa. Como já era
hábito chegou a hora do almoço e o marido não aparecia. Os os filhos já estavam cheios de fome e,
já fartos de esperar, a mãe disse para um deles:
- Joaquim, vai ao campo levar o almoço ao teu pai!
- Tenho fome! Já vou depois de almoçar – respondeu o filho.
- Vai já que depois almoças descansado! – insistiu a mãe.
Contrariado, o Joaquim lá foi até ao campo onde o pai andava a limpar a cortiça dos
chaparros, perto da vila.
Como ia cheio de fome, o rapaz, no caminho, não se aguentou e …sentando-se numa pedra,
destapou a panela e comeu a carne que lá havia, deixando apenas o caldo.
Já de barriga cheia, continuou o seu caminho até que avistou o pai.
- Pai, pai! Venho-lhe trazer o almoço.
- Ainda bem, Joaquim, estou esfomeado. Dá cá já a panela.
Quando o compadre Manel destapou a panela ficou embasbacado pois viu que só lá estava o
caldo e, muito zangado disse:
- Mas o que é isto Joaquim? O que é feito da carne?
O filho, muito atrapalhado, tentou explicar, mentindo:
- No caminho encalhei numa pedra, deixei cair a panela e caiu a carne toda ficando só o
caldo – desculpou-se o guloso do filho.
O pai, duvidando da conversa, deu-lho logo um raspanete:
- Ai só ficou o caldo? Duvido, seu garganeiro! Pensas que me enganas?
E o filho raspou-se direito à vila com medo do que o pai pudesse fazer.
Rui Carvalho
António Galinha