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São Paulo, domingo, 01 de maio de 2011
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Sistema que prevê erros na obra e
ajuda a gerir prédio chega ao país
Softwares integram fases da construção e organizam
orçamento e manutenção de prédios
Construtoras começam a usar a tecnologia em projetos-
piloto; Folha foi aos EUA conhecer softwares mais
recentes
Carlos Cecconello/Folhapress
Adolfo Ribeiro, gerente de tecnologia da empresa Matec, trabalha com
arquitetas no BIM
BRUNA BORGES
ENVIADA ESPECIAL A WALTHAM (EUA)
Em alguns anos anos será possível conhecer em 3D, como em
um videogame, a estrutura do imóvel ao comprá-lo na planta.
E, ainda na fase de projeto, prever consumos de energia
elétrica e de água e evitar futuros desperdícios no condomínio
analisando a vida útil de itens usados na construção, como
lâmpadas.
A tecnologia para esses controles existe há cerca de 15 anos,
mas só agora chega ao Brasil. É o BIM (Building Information
Modeling), ou modelagem de informação da construção.
Durante a obra, esse sistema simula, por softwares
integrados, as etapas do processo, prevendo erros e
problemas.
Quando o prédio está pronto, ele permite acompanhar suas
operações com mais precisão. O síndico pode, por exemplo,
calcular o tempo para substituição das lâmpadas das áreas
comuns e programar manutenções.
Mas isso só é possível se a administradora do prédio usar o
banco de dados da construção, que tem informações sobre os
produtos usados -como a vida útil e os custos desses
componentes, facilitando a elaboração de orçamentos mais
exatos.
A princípio, o uso do software não oneraria a mensalidade do
condomínio, pois o custo do BIM já teria sido bancado pela
incorporadora e repassado ao preço das unidades. Esse custo
inclui licenças dos softwares. A Folha foi à sede da
fornecedora Autodesk, nos EUA, conhecer alguns.
Usar o BIM na gestão condominial, porém, levará alguns
anos -até ficarem prontos os primeiros projetos-piloto que
usam o sistema, já adotado por Gafisa, Kahn do Brasil,
Matec, Método Engenharia e Tecnisa.
A repórter viajou a convite da Autodesk
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/imoveis/ci0105201101.htm 01/05/2011
2. Folha de S.Paulo - Integração de softwares é entrave ao uso do BIM - 01/05/2011 Página 1 de 2
São Paulo, domingo, 01 de maio de 2011
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Integração de softwares é entrave ao
uso do BIM
Código universal de linguagem, em progresso, busca
sanar o problema
Especialistas preveem um prazo de cinco anos até que o
novo sistema esteja pronto para ser aplicado por
brasileiros
DA ENVIADA A WALTHAM (EUA)
A implantação do BIM, no Brasil e também
internacionalmente, ainda enfrenta obstáculos, como a
incompatibilidade entre softwares de diferentes
fornecedores.
O sistema funciona quando um arquiteto que utiliza
determinada marca de programa pode enviar um projeto ao
engenheiro hidráulico que utiliza uma diferente, mas que
reconhece as informações dos modelos em 3D.
Quando isso não acontece, é necessário complementar a
tarefa com softwares em 2D, mais usados atualmente.
"[No BIM] é necessário trabalhar com todas as partes que
envolvam o projeto, mas ainda há programas que não
operam entre si", afirma Fernando Correa, engenheiro e
membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade do
SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil
do Estado de São Paulo).
"Neste momento inicial enfrentamos dificuldades", comenta
Miriam Addor, coordenadora do grupo de trabalho BIM da
AsBEA (Associação Brasileira de Escritórios de
Arquitetura).
Com a evolução do sistema nos próximos anos, a tendência é
cada vez mais softwares adotarem códigos de uma
linguagem universal do BIM, a IFC ("Industry Foundation
Classes") -ainda em desenvolvimento-, permitindo que
sistemas diversos leiam o mesmo modelo.
No Brasil, a situação se agrava pela falta de bibliotecas
nacionais. São bancos de dados informatizados dos itens
usados na obra, como ferros, portas, materiais de
revestimento, paleta de cores de tintas, tubos e conexões.
MODELOS ADAPTADOS
Esses modelos digitais são necessários para que arquitetos,
designers e engenheiros construam virtualmente a obra pelo
sistema. "Hoje não há modelos apropriados ao nosso
mercado", diz Sergio Kasazima, vice-presidente da Abrasip
(Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais).
Os profissionais que utilizam o BIM no Brasil em geral usam
dados de bibliotecas americanas e adaptam as informações
ao nosso mercado, ou produzem modelos de acordo com o
cliente.
"Mas é difícil, os itens estrangeiros, bombas, quadros
elétricos, luminárias, têm dimensões diferentes. É papel dos
fornecedores já prover esses modelos de acordo com nosso
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/imoveis/ci0105201102.htm 01/05/2011
3. Folha de S.Paulo - Integração de softwares é entrave ao uso do BIM - 01/05/2011 Página 2 de 2
padrão de consumo", complementa Kasazima.
EVOLUÇÃO
Isso já começa a acontecer e é uma tendência, segundo
especialistas. A Tigre, empresa de tubos e conexões de PVC,
por exemplo, informou à Folha que irá disponibilizar para
"download" gratuito o aplicativo TigreCAD a partir deste
mês em seu portal (www.tigre.com.br).
O software permite visualização em 2D e 3D, confere o
sistema hidráulico predial segundo as normas brasileiras e
informa se o projeto está de acordo com as pressões máxima
e mínima e o diâmetro das linhas prediais de água fria e
quente e esgoto.
Outro entrave é o treinamento de profissionais. "Todos
devem saber usar as tecnologias, desde o arquiteto até o
empreiteiro", diz o engenheiro Fabio Nakayama, da Soeng
Engenharia. (BB)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/imoveis/ci0105201102.htm 01/05/2011