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XIII ENGEMA – Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente
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                  Inovação e Sustentabilidade: as novas fronteiras da gestão empresarial
                                 São Paulo, 5,6,7 de dezembro de 2011




                         CULTURA, ÁGUA E MEIO AMBIENTE


                                                                                        Fernanda Matos1



RESUMO:


Este artigo apresenta uma reflexão sobre a interação entre o ambiente e a cultura, e o uso da
água como fator cultural. A partir de uma revisão bibliográfica, observa-se a cultura
determina seu meio ambiente, e, também é determinada pelo ambiente, nesse sentido, o
ambiente geográfico pode influenciar a cultura. Considerando que a água é um recurso do
qual o homem não pode prescindir, e seu uso possui dimensões conflitivas e políticas.
Abordando ainda, a necessidade de uma abordagem integrada da água, gerenciamento de
recursos e desenvolvimento, visando proporcionar maior capacidade de subsistência aos
habitantes.


Palavras-chave: antropologia; natureza; simbolismo; recursos hídricos


ABSTRACT:


This article presents a reflection on the interaction between environment and culture, and the
use of water as a cultural factor. From a literature review, there is culture determines its
environment, and is also dictated by the environment, in this sense, the geographical
environment can influence the culture. Considering that water is a resource which man can
not do without, and its use has dimensions and conflicting policies. It also addresses the need
foran integrated approach to water resource management and development, aiming to
provide greater capacity for subsistence to the inhabitants.

Key words: anthropology; nature; symbolism; water resources


INTRODUÇÃO


A interferência cada vez maior do homem na natureza na busca de recursos para sua
sobrevivência e bem estar vem provocando degradação no meio ambiente, especialmente nas
últimas décadas. A relação entre cultura e meio ambiente tem sido abordada de diferentes

1
    Administradora, pós graduada em Gestão Estratégica de Marketing e Mestre em Turismo e Meio Ambiente.
maneiras através de debates relevantes da Antropologia e da História, ampliando-se, com o
passar do tempo, a outras áreas de estudo. A discussão sobre cultura pode nos ajudar a pensar
sobre a realidade social e, sobretudo, sobre as questões relacionadas ao meio ambiente, bem
como o uso da água.

A Declaração de Paris (Conferência Internacional sobre Água e Desenvolvimento
Sustentável, 1998) afirma que água doce é essencial ao desenvolvimento sustentável, bem
como é essencial a vida. E que a água ainda possui valores sociais, econômicos e ambientais
que estão interligados e são dependentes entre si.

Diegues (2009) ressalta que a água é necessidade básica de todos os seres humanos, mas a
forma com que essa necessidade é entendida depende da cultura, bem como o atendimento
dessa necessidade (água para beber, irrigar, lavar, etc). A água é um recurso do qual o homem
não pode prescindir. Desempenhando um leque de funções, a água é utilizada para cultivo e
produção de alimentos, como símbolo político e cultural, bem como um local para
entretimento, dentre outras possibilidades. Considerando seu valor, as tentativas de gerenciar
a água, ou seja, cuidar para que os usuários a tenham na quantidade certa, com boa qualidade
e disponibilidade no momento apropriado, têm atraído a atenção das sociedades há muito
(HUITEMA; MEIJERINK, 2007).

Este artigo apresenta uma reflexão sobre a interação entre o ambiente e a cultura, e o uso da
água como fator cultural. A partir de uma revisão bibliográfica, observa-se a cultura
determina seu meio ambiente, e, também é determinada pelo ambiente, nesse sentido, o
ambiente geográfico pode influenciar a cultura. Considerando que a água é um recurso do
qual o homem não pode prescindir, e seu uso possui dimensões conflitivas e políticas.
Abordando ainda, a necessidade de uma abordagem integrada da água, gerenciamento de
recursos e desenvolvimento, visando proporcionar maior capacidade de subsistência aos
habitantes.


CULTURA


No final do século XVIII e no princípio do seguinte, conforme Laraia (2001) o termo
germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma
comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization referia-se principalmente às realizações
materiais de um povo. Os termos foram posteriormente sintetizados por Tylor, definindo que
a cultura contempla conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra
capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.

Segundo o dicionário Aurélio o termo Cultura pode ser definido como sendo um conjunto de
características humanas que não são inatas, e que se criam e se preservam ou aprimoram
através da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade, associada a uma
capacidade de simbolização considerada própria da vida coletiva. A parte ou o aspecto da vida
coletiva, relacionados à produção e transmissão de conhecimentos, à criação intelectual e
artística. O processo ou estado de desenvolvimento social de um grupo, um povo, uma nação,
que resulta do aprimoramento de seus valores, instituições, criações, etc.; O conjunto
complexo dos códigos e padrões que regulam a ação humana individual e coletiva, tal como
se desenvolvem em uma sociedade ou grupo específico, e que se manifestam em praticamente

                                                                                            2
todos os aspectos da vida: modos de sobrevivência, normas de comportamento, crenças,
instituições, valores espirituais, criações materiais, etc.

Para Santos (1994), a Cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a
cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. Onde cada cultura é o resultado de
evolução histórica e suas relações com outras culturas.

De acordo com Sachs (2000), cultura é uma “palavra polissêmica”, e possui pelo menos três
significados distintos. No primeiro, cultura é todo o entendimento do meio em que se vive,
sendo também mediadora entre a sociedade e a natureza. O autor destaca que os recursos são
a parcela do meio que é utilizada para uma finalidade, considerada útil. E, sua utilidade esta
ligada aos fatores culturais e históricos, sendo passível de modificação. Ou seja, algo que
esteja em uso na atualidade, pode não ter sido utilizado à algumas décadas atrás.

Cultura também é o conjunto dos valores, dos usos e das instituições, aquilo que, segundo
Sachs (2000), os antropólogos conhecem e evidentemente está profundamente ligado com
problemas dos postulados éticos. E, também esta ligada ao jogo de harmonização do social,
do ecológico e do econômico, que é o estilo de vida. As diferenças culturais, os valores, a
historia, o peso do passado, tudo isso influi para que haja estilos de vida diferentes. “Agora a
variável estilo de vida é uma variável crucial. Porque é ela que determina, em ultima instância
a demanda, o padrão da demanda.” O terceiro sentido de cultura, apresentado por Sachs, é
tudo que diz respeito à atividade estética, no sentido amplo da palavra.

No entendimento de Santos (1994), cultura apresenta duas concepções básicas. A primeira diz
respeito a tudo que caracteriza a existência social e identificação de um povo ou nação. A
segunda refere-se mais especificamente ao conhecimento, às idéias e crenças. Segundo Laraia
(2001) foi a cultura que permitiu à humanidade o distanciamento do mundo animal, passando
a ser considerado um ser que está acima de suas limitações orgânicas. Para Lévi-Strauss, a
cultura surgiu no momento em que o homem convencionou a primeira regra, a primeira
norma, e que o homem é ao mesmo tempo um ser biológico e um individuo social.

A diversidade cultural, no entendimento de Santos (1994), reflete a variedade da história
humana, expressando as possibilidades de vida social estabelecida e registrando os graus e
formas distintos de “domínio humano sobre a natureza”.

A cultura é o meio de adaptação do homem aos diferentes ambientes. Existem dois tipos de
mudança cultural: interna, resulta da dinâmica do próprio sistema cultural. Esta mudança é
lenta; porém, o ritmo pode ser alterado por eventos históricos, como catástrofe ou uma grande
inovação tecnológica. A mudança externa é resultado do contato de um sistema cultural com
outro. Esta mudança é mais rápida e brusca. (LARAIA, 2001)

Segundo Santos (1994) é importante considerar a diversidade cultural interna da sociedade;
para compreender melhor o país em que se vive. A diversidade não é constituída apenas de
idéias, ela esta relacionada também as maneiras de atuar na vida social, sendo um elemento
que faz parte das relações sociais. Segundo o autor, a diversidade evidencia-se pelas maneiras
distintas de viver, e sua compreensão auxilia a eliminação de “preconceitos e perseguições”
de que são alvo alguns grupos sociais.

Para Geertz (2002), o conceito de cultura é essencialmente semiótico, que vai de encontro
com o pensamento de Max Weber "que o homem é um animal amarrado a teias de
                                                                                        3
significados que ele mesmo teceu". Geertz concebe a cultura como uma "teia de significados"
que o homem tece ao seu redor e que o amarra. Busca-se apreender os seus significados (sua
densidade simbólica).

Um dos métodos utilizados para entender a cultura é etnografia. A interpretação do
antropólogo, segundo Geertz (2002), consiste em enfrentar uma multiplicidade de estruturas
conceituais complexas, estranhas e irregulares, a fim de compreendê-las para depois
transcrevê-las. Fazer etnografia seria, para o autor, como tentar ler um manuscrito estranho,
desbotado, cheio de incoerências, emendas suspeitas e comentários tendenciosos.

A antropologia cultural, ramo da antropologia que estuda a cultura, apóia-se na etnografia
(descrição), na etnologia (comparação), na etnolinguística (formas de linguagem, de evolução
da língua, influências lingüísticas...) e na pré-história (vestígios do passado).

Geertz (2002) declara que a etnografia é, antes de tudo, um esforço intelectual voltado para
uma descrição densa; fazer etnografia é descrever densamente. E, praticá-la não é apenas
estabelecer relações, selecionar informantes transcrever textos, levantar genealogias, mapear
campos, manter um diário, o que define é o tipo de esforço intelectual que ele representa: um
risco elaborado para uma "descrição densa" dos significados da sociedade estudada.

Segundo Dias (2010), a cultura se manifesta por meio de tudo aquilo que produz o ser
humano para satisfazer às suas necessidades e viver sociedade. A fim de satisfazer as
necessidades de alimentação, criam-se animais domésticos, plantam-se sementes, produzem-
se utensílios (garfo, faca, prato); a necessidade de abrigo traduz-se a produção de vestimentas,
casas, etc.

Cada realidade cultural, segundo Santos (1994), possui uma lógica interna, e é preciso
conhecê-la para que suas práticas, costumes, hábitos e concepções façam sentido, bem como
as transformações pelas quais passaram. Nesse sentido, compreender a relação


CULTURA, ÁGUA E MEIO AMBIENTE


As relações entre a natureza e a cultura, desde a antiguidade clássica, vêm sendo conferidas
por intermédio de uma série de diferenciações que, em última instância, buscam celebrar as
singularidades do prodígio humano frente aos desígnios da natureza. Apesar de permeadas por
interpretações que, de certa forma, tendem a tratar essas duas acepções como categorias
antagônicas, as concepções de natureza adquiriram um sentido particular no engendramento
da sociedade humana.

De acordo com Keesing (1972), até “os sábios da Grécia Clássica” especularam sobre a
influência do habitat e a cultura, mais precisamente, a influencia do clima e da alimentação no
físico e nos costumes da população. A cultura age seletivamente sobre o seu meio ambiente,
explorando determinadas possibilidades e ignorando outras. E, que o meio ambiente é passivo
as possibilidades e limites ao desenvolvimento (SAHLINS, 1966).

As sociedades humanas foram ampliando seu controle sobre o meio ambiente natural, por
meio da criação e da consolidação de um meio ambiente cultural, que se manteve transmitido
de geração para geração. Sendo a cultura, tudo o que foi idealizado e construído pelo homem
                                                                                          4
ao longo de sua existência, tanto pelo aspecto material quanto pelo não material, responsável
pela sobrevivência dos seres humanos e sua permanência como espécie dominante (DIAS,
2010).

Mello (1987) afirma que toda a cultura é fortemente influenciada por seu ambiente, e que
alguns elementos culturais não se desenvolveriam em determinados ambientes, enquanto
outros prosperariam plenamente. Afirma ainda, que as condições geográficas influenciam
toda a cultura de seus habitantes. E, que um ambiente rico permite um leque mais amplo de
alternativas no encaminhamento da cultura. Em contrapartida um ambiente pobre limitam de
tal forma a vida de seus habitantes, que é possível prever alguns comportamentos sociais.

Neste sentido, no entendimento de Shalins (1966), há um intercâmbio entre a cultura e o meio
ambiente. Onde a cultura determina seu meio ambiente, e, também é determinada pelo
ambiente, adaptando às condições externas importantes a fim de elevar a qualidade de vida. E,
que as sociedades estão colocadas, tipicamente, em campos de influencia cultural, bem como
de influencia natural, sofrendo modificações provindas tanto de uns como de outros.

Mais diretamente relacionada a influência da água, Fracalanza (2009) acrescenta que a
necessidade de uso da água vai além do sentido de utilização para fins econômicos, ou seja,
de apropriação da água. Pode ser também utilizada em decorrência de aspectos culturais ou
espirituais. Como exemplos, a autora destaca a importância de contemplação de um lago, de
um rio ou de exercício físico em um ambiente aquático, sendo estes frutos de necessidades
que os homens têm em relação à água.

Huitema e Meijerink (2007) corroboram, afirmando a importância água como sendo um
recurso do qual o homem não pode prescindir. Desempenhando um leque de funções, a água é
utilizada para cultivo e produção de alimentos, como símbolo político e cultural, bem como
um local para entretimento (FIG1), dentre outras possibilidades (FIG2). Para os povos
indígenas e comunidades tradicionais, segundo Diegues (2010) a água é um dos elementos
centrais da reprodução não somente material, mas também simbólica, estando presente em
inúmeros mitos.




Figura 1: Prática de Rapel                        Figura 2: Lavadeira
Fonte: Bendita – Conteúdo & imagem                Fonte: Bendita – Conteúdo & imagem



De acordo com Maçaneiros (2009), desde que Empédocles propôs a água, o fogo, a terra e o
ar como princípios da realidade natural, o Ocidente se habituou à chamada “cultura dos quatro

                                                                                           5
elementos, sendo na água que todas as coisas encontram sua origem e a chance de serem
renovadas.

Conforme Keesing (1972), o habitat, ou seja, as condições externas do homem, desempenham
importante papel no desenvolvimento e distribuição da cultura. Condições estas que
influenciam o comportamento cultural e são por eles influenciadas. Para o autor cada grupo
tem necessidade de criar um estilo de vida que se adapte ao mundo externo imediato para
garantir a sobrevivência física.

Segundo Franca (2009) a água foi, através dos séculos, fonte de inspiração e fator primordial
nas civilizações, estando presente nas tradições afro-brasileiras (Iemanjá - a rainha do mar;
Oxum – Orixá que reina sobre a água doce dos rios), nas artes, na arquitetura, estando
presente no paisagismo, valorizando a paisagem nos lagos urbanos, tendo como exemplo a
Lagoa da Pampulha em Belo Horizonte e o Lago no Parque Municipal (FIG3).

A cultura compreende a totalidade das criações humanas, o que inclui, valores, manifestações
artísticas, crenças, instrumentos de trabalho, tipos de vestuários, alimentação, construções,
animais domésticos, plantas desenvolvidas e cultivadas pelo homem (DIAS, 2010). Neste
sentido, ao percorrer as cidades, pode-se perceber a incorporação do elemento natural ao
ambiente natural, que pode ser compreendido como sendo o ambiente construído pelo
homem. Como por exemplo, as obras publicas de infra-estrutura e no patrimônio construído,
como fontes (FIG4), pontes, aquedutos, barragens, dentre outros que são partes do patrimônio
cultural.




Figura 3: Parque Municipal Américo Renné Gianntti   Figura 4: Praça da Liberdade
Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte                 Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte

O simbolismo da água como fonte de vida é mencionado em quase todas as cosmogonias,
desde o Gênesis, na Bíblia, até o Alcorão, ou mesmo em escritos pagãos, como os do filósofo
grego Aristóteles, que cita Thales de Mileto (624-546 a.C) ao afirmar que a água seria o
elemento original ou o princípio de todas as coisas (FORTES, 2007)

Segundo Dias (2010), a religião influencia na percepção que uma cultura possui sobre a vida,
seu significado e seu conceito. As tradições religiosas podem inibir o desenvolvimento de
determinadas estruturas organizacionais. A religião também influencia o desempenho dos
papeis sociais, o desenvolvimento de instituições e o rituais que cercam os mais importantes
momentos da vida.

                                                                                           6
Nas religiões, o uso ritual da água segue um ritmo de envolvimento crescente que vai desde a
simples aspersão, até a total imersão. Para se livrarem do ciclo de reencarnações, os hindus
mergulham no Ganges, Yamuna e Godavàri, considerados rios sagrados. Os judeus se
purificam pelo banho ritual. Os muçulmanos lavam os pés, os braços e o rosto antes da
oração. Neste sentido, o cristianismo incorporou, no sacramento do batismo, o simbolismo de
regeneração que a água irradia (MAÇANEIROS, 2009).

Na mitologia, segundo Fortes (2007) os personagens mais conhecidos relacionados à água são
Poseidon (ou Neturno) tido como o senhor da ilha de Atlântida e responsável pelos
maremotos, terremotos e tempestades; Narciso e a personagem Ophelia, de Shakespeare. E,
ainda a deusa Sarasvàti dos hindus, a Serpente Alada dos mexicas, as Sereias e a Yara dos
tupi-guaranis (MAÇANEIROS, 2009).

As representações culturais das águas variam segundo as culturas, as religiões, o habitat em
que se desenvolveram, sua maior ou menor disponibilidade e sazonalidade. As comunidades
ribeirinhas amazônicas e pantaneiras vivem ao sabor das cheias e vazantes, expandindo sua
vida social durante o período de estiagem e restringindo a durante a subida das águas.
(DIEGUES, 2009)

Mello (1987) esclarece que ambiente não determina o tipo e/ou o grau de cultura dos povos,
mas limita ou favorece o desenvolvimento de uma cultura. E quanto mais uso e
aproveitamento uma cultura faz do meio geográfico, tanto mais dependente ela fica. Ou seja,
o domínio do homem sobre a natureza o torna cada vez mais dependente desses recursos.

Em reconhecimento da importância da água, o Capítulo 18 da Agenda 21, adotada na
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro,
em 1992, enfatizou a necessidade de uma abordagem integrada da água, gerenciamento de
recursos e desenvolvimento, que reconhecesse as múltiplas demandas conflitantes sobre
recursos de água doce.

O uso da água tem dimensões conflitivas e políticas, afetando de forma distinta as sociedades
urbano-industriais e as tradicionais. A construção de barragens e sistemas de irrigação,
segundo Diegues (2009) são exemplos de atividades geradoras de conflitos, alterando os
hábitos migratórios de peixes, afetando as comunidades ribeirinhas que dependem da pesca.

O Relatório de Desenvolvimento da ONU de 2006, cujo tema principal foi a crise da água,
segundo Jacobi e Sinisgalli (2009) mostrou a importância deste recurso escasso; frente às
necessidades de conservação dos ecossistemas e suporte às várias formas de vida. As
mudanças ocorridas no ultimo século como o aumento da população, urbanização, produção
de alimentos, atividades industriais, dentre outras, levaram também ao aumento da
necessidade de uso da água, gerando competição e conflitos por esse recurso limitado.

De acordo com Franca e Ribeiro (2010), em muitos casos, essas tensões possuem um forte
componente cultural, resultante de percepções diferentes sobre o valor da água, que variam de
acordo com os contextos socioculturais. Para poder resolver esses conflitos, é necessário uma
melhor compreensão das implicações culturais e sociais da água em cada sociedade e
civilização. As antigas causas dos conflitos, os erros do passado e do presente bem como os
casos de sucesso referentes à gestão das águas devem ser conhecidos e estudados de forma a
que possamos extrair lições para o futuro. Assim, a consideração da dimensão cultural deve
                                                                                            7
estar associada às dimensões políticas, econômicas e científicas para a prevenção e/ou a
resolução dos problemas relacionados ao uso e gestão das águas.

A disponibilidade de recursos hídricos se tornou nas últimas décadas objeto de preocupação
por parte da sociedade com um todo. Essa apreensão resultou no desenvolvimento de uma
grande quantidade de estudos (Relatório de Mudanças Climáticas) e conferências (Rio 92).
Estudos e encontros que tiveram como objetivo a identificação e busca de alternativas para o
uso racional dos recursos naturais e, dentre eles a água, seja na captação ou como depósito de
efluentes (GARCIA et al., 2009).

Para Franca e Ribeiro (2010) conhecer e, principalmente, respeitar os aspectos culturais
relacionados ao uso e gestão das águas em cada região e em cada sociedade, é fundamental.
Com o objetivo de não impor projetos ou políticas que possam gerar conflitos, facilmente
evitados ou contornados pelo simples conhecimento e respeito a esses aspectos culturais,
sociais e econômicos.

De acordo com estudos, as mudanças climáticas, de acordo com Jabobi e Sinisgalli (2009),
indicam alterações no comportamento histórico das chuvas, além da redução da quantidade e
qualidade. Considerando essas alterações e o aumento da demanda por água, pode gerar
situações de tensão entre os atores sociais e econômicos, expressos muitas vezes através dos
usos e ocupação dos solos, aumentando a necessidade de buscarem formas cooperativas.

Neste sentido, a gestão dos recursos naturais e, consequentemente, dos recursos hídricos
ganha espaço nas decisões de políticas públicas. O mesmo se percebe no setor privado, com
implantação de estratégias como estabelecimento de barreiras comerciais associadas à
produção sustentável em termos sócio-ambiental dos processos industriais (GARCIA et al.,
2009).

O Brasil possui 12% de água doce do mundo, no entanto, essa disponibilidade varia
consideravelmente, tanto em termos geográficos, quanto de sazonalidade, havendo vários os
registros de problemas de abastecimento para usos diversos. Neste contexto, um dos maiores
desafios da gestão dos recursos hídricos, como aponta Cardoso (2008) está relacionado à
ampliação do abastecimento em regiões com baixa disponibilidade de bacias hidrográficas e
melhoria da qualidade através da redução da poluição domestica e industrial.

Entre os usos múltiplos da água, o turismo depende de forma direta da existência de
patrimônio hídrico com potencial cênico e paisagístico. No Brasil, parte significativa das
localidades com atividades turísticas ou com potencial turístico relaciona-se à água, como
atrativo. Nesse contexto, é relevante a articulação da gestão de recursos hídricos com a gestão
do patrimônio cultural. (FRANCA; RIBEIRO, 2003).

Segundo Bernauer, 1997 (apud Souza, 2003 p.), mesmo antes do século XVIII, o
compartilhamento de águas entre países já freqüentava a pauta de negociações. Tendo em
vista o uso compartilhado e a necessidade de cooperação entre os países, tanto à montante,
quanto à jusante, gerando acordos para disciplinar seu uso e conservação.

A estrutura institucional para a gestão da água na Holanda tem uma história longa. Já nos
séculos 11 e 12, comunidades locais começaram organizar-se para gerir os sistemas de água,
especialmente para defender se contra as inundações do mar e dos rios. Nos 13 século, a
primeira água juntas distritais democrática foi estabelecida. Van Leussen et al. (2007)
                                                                                        8
Segundo Souza (2003), no Séc. XIX registrou-se a regulamentação do despejo de dejetos
produzidos pela indústria na fabricação de sabão, vidro e têxteis. A desertificação ocasionada
em várias áreas foi motivo de luta parlamentar na Inglaterra, resultando em 1863, na
aprovação da Lei dos Álcalis.

No Brasil, a adoção, em 1934, do Código das Águas, do Código da Mineração e do Código
Florestal, e também a criação, em 1937, do Parque Nacional de Itatiaia marcam o inicio das
ações governamentais no campo das políticas ambientais. O Código das Águas, define os
direitos de propriedade de uso dos recursos hídricos para o abastecimento, a irrigação, a
navegação, os usos industriais e a produção de energia, e as normas para a proteção da
qualidade das águas territoriais (decreto nº 24.643, de 10/07/34, Lei nº 4.904, de 17/12/1965,
decreto nº 58.076, de 24/03/66, Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000 – Dispõe sobre a criação
da Agência Nacional de Água – ANA). (Almeida et al., 2004)

Conforme Ribeiro (2009) analisar uma bacia hidrográfica remete necessariamente ao uso do
solo de sua área, incluindo subsolo, relevo fauna, flora, que tem nos leitos fluviais seu
elemento integrador. E, que deve ser avaliado à luz da capacidade de reposição hídrica. Como
o uso do solo é socialmente definido não há como fugir à dimensão política (FRACALANZA,
2009).

Portanto, gestão da bacia hidrográfica exige a cooperação dentro de sua abrangência de todas
as partes interessadas. Quanto maior sua extensão, maior se torna a complexidade deste
processo de cooperação, tendo em vista divergências culturais, políticas, diferenças
institucionais, além de diferenças de pontos de vista sobre o uso da água (VAN LEUSSEN et
al., 2007)


CONSIDERAÇÕES FINAIS


O uso da água possui dimensões conflitivas e políticas, afetando de forma distinta as
sociedades urbano-industriais e as tradicionais. No entanto, a origem dos conflitos e a forma
de solucioná-los são distintas em ambas as sociedades. Nas sociedades tradicionais, as águas
são classificadas segundo diversos critérios, ganhando atribuições virtuosas e defeitos ligados
a um simbolismo polissêmico. Nestas sociedades simbologias e ciência se misturam, de forma
distinta, as sociedades modernas também possuem símbolos e mitos relacionados com as
águas, bem como formas de classificação das águas e rios.

Pode se constatar que o ambiente é uma condição indispensável para que haja cultura. E, que
o ambiente geográfico pode influenciar a cultura, pois é dele que os habitantes retiram sua
subsistência. Assim como, as condições climáticas exigirão mais ou menos proteção contra as
variações do tempo.

Segundo Mello (1987), a união de uma cultura eficiente (tecnologia avançada) com um
ambiente geográfico rico proporcionará uma capacidade maior de subsistência aos habitantes,
poder econômico, político e orgulho. Portanto, conhecer e, principalmente, respeitar os
aspectos culturais relacionados ao uso do meio ambiente, sobretudo a gestão das águas em
cada região e em cada sociedade, é fundamental. Com o objetivo de não impor projetos ou

                                                                                             9
políticas que possam gerar conflitos, facilmente evitados ou contornados pelo simples
conhecimento e respeito a esses aspectos culturais, sociais e econômicos.



REFERÊNCIAS


ALMEIDA, Josimar Ribeiro; CAVALVANTI, Yara; MELLO, Claudia dos Santos. Gestão
ambiental: planejamento, avaliação, implantação, operação e verificação. 2. ed., ver. e
atualizada. Rio Janeiro: Thex Ed., 2004.

BEGOSSI, Alpina. Ecologia Humana: um enfoque das relações homem-ambiente.
Interciencia 18(1): 121-132, 1993. URL: http://www.interciencia.org.ve

CARDOSO, Manfredo Pires. La Gobernanza y la Garantía del Derecho al Agua – La
experiencia en Brasil y los retos a superar. Exposición Internacional "Agua y Desarrollo
Sostenible". Disponível em: www.expozaragoza2008.es. Acesso em agosto de 2010.

DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. 2ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

DIEGUES, A. C. Água e Cultura nas populações tradicionais brasileiras. IN: RIBEIRO,
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Cultura, água e desenvolvimento sustentável

  • 1. XIII ENGEMA – Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente ENGEMA + 20 Inovação e Sustentabilidade: as novas fronteiras da gestão empresarial São Paulo, 5,6,7 de dezembro de 2011 CULTURA, ÁGUA E MEIO AMBIENTE Fernanda Matos1 RESUMO: Este artigo apresenta uma reflexão sobre a interação entre o ambiente e a cultura, e o uso da água como fator cultural. A partir de uma revisão bibliográfica, observa-se a cultura determina seu meio ambiente, e, também é determinada pelo ambiente, nesse sentido, o ambiente geográfico pode influenciar a cultura. Considerando que a água é um recurso do qual o homem não pode prescindir, e seu uso possui dimensões conflitivas e políticas. Abordando ainda, a necessidade de uma abordagem integrada da água, gerenciamento de recursos e desenvolvimento, visando proporcionar maior capacidade de subsistência aos habitantes. Palavras-chave: antropologia; natureza; simbolismo; recursos hídricos ABSTRACT: This article presents a reflection on the interaction between environment and culture, and the use of water as a cultural factor. From a literature review, there is culture determines its environment, and is also dictated by the environment, in this sense, the geographical environment can influence the culture. Considering that water is a resource which man can not do without, and its use has dimensions and conflicting policies. It also addresses the need foran integrated approach to water resource management and development, aiming to provide greater capacity for subsistence to the inhabitants. Key words: anthropology; nature; symbolism; water resources INTRODUÇÃO A interferência cada vez maior do homem na natureza na busca de recursos para sua sobrevivência e bem estar vem provocando degradação no meio ambiente, especialmente nas últimas décadas. A relação entre cultura e meio ambiente tem sido abordada de diferentes 1 Administradora, pós graduada em Gestão Estratégica de Marketing e Mestre em Turismo e Meio Ambiente.
  • 2. maneiras através de debates relevantes da Antropologia e da História, ampliando-se, com o passar do tempo, a outras áreas de estudo. A discussão sobre cultura pode nos ajudar a pensar sobre a realidade social e, sobretudo, sobre as questões relacionadas ao meio ambiente, bem como o uso da água. A Declaração de Paris (Conferência Internacional sobre Água e Desenvolvimento Sustentável, 1998) afirma que água doce é essencial ao desenvolvimento sustentável, bem como é essencial a vida. E que a água ainda possui valores sociais, econômicos e ambientais que estão interligados e são dependentes entre si. Diegues (2009) ressalta que a água é necessidade básica de todos os seres humanos, mas a forma com que essa necessidade é entendida depende da cultura, bem como o atendimento dessa necessidade (água para beber, irrigar, lavar, etc). A água é um recurso do qual o homem não pode prescindir. Desempenhando um leque de funções, a água é utilizada para cultivo e produção de alimentos, como símbolo político e cultural, bem como um local para entretimento, dentre outras possibilidades. Considerando seu valor, as tentativas de gerenciar a água, ou seja, cuidar para que os usuários a tenham na quantidade certa, com boa qualidade e disponibilidade no momento apropriado, têm atraído a atenção das sociedades há muito (HUITEMA; MEIJERINK, 2007). Este artigo apresenta uma reflexão sobre a interação entre o ambiente e a cultura, e o uso da água como fator cultural. A partir de uma revisão bibliográfica, observa-se a cultura determina seu meio ambiente, e, também é determinada pelo ambiente, nesse sentido, o ambiente geográfico pode influenciar a cultura. Considerando que a água é um recurso do qual o homem não pode prescindir, e seu uso possui dimensões conflitivas e políticas. Abordando ainda, a necessidade de uma abordagem integrada da água, gerenciamento de recursos e desenvolvimento, visando proporcionar maior capacidade de subsistência aos habitantes. CULTURA No final do século XVIII e no princípio do seguinte, conforme Laraia (2001) o termo germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo. Os termos foram posteriormente sintetizados por Tylor, definindo que a cultura contempla conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. Segundo o dicionário Aurélio o termo Cultura pode ser definido como sendo um conjunto de características humanas que não são inatas, e que se criam e se preservam ou aprimoram através da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade, associada a uma capacidade de simbolização considerada própria da vida coletiva. A parte ou o aspecto da vida coletiva, relacionados à produção e transmissão de conhecimentos, à criação intelectual e artística. O processo ou estado de desenvolvimento social de um grupo, um povo, uma nação, que resulta do aprimoramento de seus valores, instituições, criações, etc.; O conjunto complexo dos códigos e padrões que regulam a ação humana individual e coletiva, tal como se desenvolvem em uma sociedade ou grupo específico, e que se manifestam em praticamente 2
  • 3. todos os aspectos da vida: modos de sobrevivência, normas de comportamento, crenças, instituições, valores espirituais, criações materiais, etc. Para Santos (1994), a Cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. Onde cada cultura é o resultado de evolução histórica e suas relações com outras culturas. De acordo com Sachs (2000), cultura é uma “palavra polissêmica”, e possui pelo menos três significados distintos. No primeiro, cultura é todo o entendimento do meio em que se vive, sendo também mediadora entre a sociedade e a natureza. O autor destaca que os recursos são a parcela do meio que é utilizada para uma finalidade, considerada útil. E, sua utilidade esta ligada aos fatores culturais e históricos, sendo passível de modificação. Ou seja, algo que esteja em uso na atualidade, pode não ter sido utilizado à algumas décadas atrás. Cultura também é o conjunto dos valores, dos usos e das instituições, aquilo que, segundo Sachs (2000), os antropólogos conhecem e evidentemente está profundamente ligado com problemas dos postulados éticos. E, também esta ligada ao jogo de harmonização do social, do ecológico e do econômico, que é o estilo de vida. As diferenças culturais, os valores, a historia, o peso do passado, tudo isso influi para que haja estilos de vida diferentes. “Agora a variável estilo de vida é uma variável crucial. Porque é ela que determina, em ultima instância a demanda, o padrão da demanda.” O terceiro sentido de cultura, apresentado por Sachs, é tudo que diz respeito à atividade estética, no sentido amplo da palavra. No entendimento de Santos (1994), cultura apresenta duas concepções básicas. A primeira diz respeito a tudo que caracteriza a existência social e identificação de um povo ou nação. A segunda refere-se mais especificamente ao conhecimento, às idéias e crenças. Segundo Laraia (2001) foi a cultura que permitiu à humanidade o distanciamento do mundo animal, passando a ser considerado um ser que está acima de suas limitações orgânicas. Para Lévi-Strauss, a cultura surgiu no momento em que o homem convencionou a primeira regra, a primeira norma, e que o homem é ao mesmo tempo um ser biológico e um individuo social. A diversidade cultural, no entendimento de Santos (1994), reflete a variedade da história humana, expressando as possibilidades de vida social estabelecida e registrando os graus e formas distintos de “domínio humano sobre a natureza”. A cultura é o meio de adaptação do homem aos diferentes ambientes. Existem dois tipos de mudança cultural: interna, resulta da dinâmica do próprio sistema cultural. Esta mudança é lenta; porém, o ritmo pode ser alterado por eventos históricos, como catástrofe ou uma grande inovação tecnológica. A mudança externa é resultado do contato de um sistema cultural com outro. Esta mudança é mais rápida e brusca. (LARAIA, 2001) Segundo Santos (1994) é importante considerar a diversidade cultural interna da sociedade; para compreender melhor o país em que se vive. A diversidade não é constituída apenas de idéias, ela esta relacionada também as maneiras de atuar na vida social, sendo um elemento que faz parte das relações sociais. Segundo o autor, a diversidade evidencia-se pelas maneiras distintas de viver, e sua compreensão auxilia a eliminação de “preconceitos e perseguições” de que são alvo alguns grupos sociais. Para Geertz (2002), o conceito de cultura é essencialmente semiótico, que vai de encontro com o pensamento de Max Weber "que o homem é um animal amarrado a teias de 3
  • 4. significados que ele mesmo teceu". Geertz concebe a cultura como uma "teia de significados" que o homem tece ao seu redor e que o amarra. Busca-se apreender os seus significados (sua densidade simbólica). Um dos métodos utilizados para entender a cultura é etnografia. A interpretação do antropólogo, segundo Geertz (2002), consiste em enfrentar uma multiplicidade de estruturas conceituais complexas, estranhas e irregulares, a fim de compreendê-las para depois transcrevê-las. Fazer etnografia seria, para o autor, como tentar ler um manuscrito estranho, desbotado, cheio de incoerências, emendas suspeitas e comentários tendenciosos. A antropologia cultural, ramo da antropologia que estuda a cultura, apóia-se na etnografia (descrição), na etnologia (comparação), na etnolinguística (formas de linguagem, de evolução da língua, influências lingüísticas...) e na pré-história (vestígios do passado). Geertz (2002) declara que a etnografia é, antes de tudo, um esforço intelectual voltado para uma descrição densa; fazer etnografia é descrever densamente. E, praticá-la não é apenas estabelecer relações, selecionar informantes transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um diário, o que define é o tipo de esforço intelectual que ele representa: um risco elaborado para uma "descrição densa" dos significados da sociedade estudada. Segundo Dias (2010), a cultura se manifesta por meio de tudo aquilo que produz o ser humano para satisfazer às suas necessidades e viver sociedade. A fim de satisfazer as necessidades de alimentação, criam-se animais domésticos, plantam-se sementes, produzem- se utensílios (garfo, faca, prato); a necessidade de abrigo traduz-se a produção de vestimentas, casas, etc. Cada realidade cultural, segundo Santos (1994), possui uma lógica interna, e é preciso conhecê-la para que suas práticas, costumes, hábitos e concepções façam sentido, bem como as transformações pelas quais passaram. Nesse sentido, compreender a relação CULTURA, ÁGUA E MEIO AMBIENTE As relações entre a natureza e a cultura, desde a antiguidade clássica, vêm sendo conferidas por intermédio de uma série de diferenciações que, em última instância, buscam celebrar as singularidades do prodígio humano frente aos desígnios da natureza. Apesar de permeadas por interpretações que, de certa forma, tendem a tratar essas duas acepções como categorias antagônicas, as concepções de natureza adquiriram um sentido particular no engendramento da sociedade humana. De acordo com Keesing (1972), até “os sábios da Grécia Clássica” especularam sobre a influência do habitat e a cultura, mais precisamente, a influencia do clima e da alimentação no físico e nos costumes da população. A cultura age seletivamente sobre o seu meio ambiente, explorando determinadas possibilidades e ignorando outras. E, que o meio ambiente é passivo as possibilidades e limites ao desenvolvimento (SAHLINS, 1966). As sociedades humanas foram ampliando seu controle sobre o meio ambiente natural, por meio da criação e da consolidação de um meio ambiente cultural, que se manteve transmitido de geração para geração. Sendo a cultura, tudo o que foi idealizado e construído pelo homem 4
  • 5. ao longo de sua existência, tanto pelo aspecto material quanto pelo não material, responsável pela sobrevivência dos seres humanos e sua permanência como espécie dominante (DIAS, 2010). Mello (1987) afirma que toda a cultura é fortemente influenciada por seu ambiente, e que alguns elementos culturais não se desenvolveriam em determinados ambientes, enquanto outros prosperariam plenamente. Afirma ainda, que as condições geográficas influenciam toda a cultura de seus habitantes. E, que um ambiente rico permite um leque mais amplo de alternativas no encaminhamento da cultura. Em contrapartida um ambiente pobre limitam de tal forma a vida de seus habitantes, que é possível prever alguns comportamentos sociais. Neste sentido, no entendimento de Shalins (1966), há um intercâmbio entre a cultura e o meio ambiente. Onde a cultura determina seu meio ambiente, e, também é determinada pelo ambiente, adaptando às condições externas importantes a fim de elevar a qualidade de vida. E, que as sociedades estão colocadas, tipicamente, em campos de influencia cultural, bem como de influencia natural, sofrendo modificações provindas tanto de uns como de outros. Mais diretamente relacionada a influência da água, Fracalanza (2009) acrescenta que a necessidade de uso da água vai além do sentido de utilização para fins econômicos, ou seja, de apropriação da água. Pode ser também utilizada em decorrência de aspectos culturais ou espirituais. Como exemplos, a autora destaca a importância de contemplação de um lago, de um rio ou de exercício físico em um ambiente aquático, sendo estes frutos de necessidades que os homens têm em relação à água. Huitema e Meijerink (2007) corroboram, afirmando a importância água como sendo um recurso do qual o homem não pode prescindir. Desempenhando um leque de funções, a água é utilizada para cultivo e produção de alimentos, como símbolo político e cultural, bem como um local para entretimento (FIG1), dentre outras possibilidades (FIG2). Para os povos indígenas e comunidades tradicionais, segundo Diegues (2010) a água é um dos elementos centrais da reprodução não somente material, mas também simbólica, estando presente em inúmeros mitos. Figura 1: Prática de Rapel Figura 2: Lavadeira Fonte: Bendita – Conteúdo & imagem Fonte: Bendita – Conteúdo & imagem De acordo com Maçaneiros (2009), desde que Empédocles propôs a água, o fogo, a terra e o ar como princípios da realidade natural, o Ocidente se habituou à chamada “cultura dos quatro 5
  • 6. elementos, sendo na água que todas as coisas encontram sua origem e a chance de serem renovadas. Conforme Keesing (1972), o habitat, ou seja, as condições externas do homem, desempenham importante papel no desenvolvimento e distribuição da cultura. Condições estas que influenciam o comportamento cultural e são por eles influenciadas. Para o autor cada grupo tem necessidade de criar um estilo de vida que se adapte ao mundo externo imediato para garantir a sobrevivência física. Segundo Franca (2009) a água foi, através dos séculos, fonte de inspiração e fator primordial nas civilizações, estando presente nas tradições afro-brasileiras (Iemanjá - a rainha do mar; Oxum – Orixá que reina sobre a água doce dos rios), nas artes, na arquitetura, estando presente no paisagismo, valorizando a paisagem nos lagos urbanos, tendo como exemplo a Lagoa da Pampulha em Belo Horizonte e o Lago no Parque Municipal (FIG3). A cultura compreende a totalidade das criações humanas, o que inclui, valores, manifestações artísticas, crenças, instrumentos de trabalho, tipos de vestuários, alimentação, construções, animais domésticos, plantas desenvolvidas e cultivadas pelo homem (DIAS, 2010). Neste sentido, ao percorrer as cidades, pode-se perceber a incorporação do elemento natural ao ambiente natural, que pode ser compreendido como sendo o ambiente construído pelo homem. Como por exemplo, as obras publicas de infra-estrutura e no patrimônio construído, como fontes (FIG4), pontes, aquedutos, barragens, dentre outros que são partes do patrimônio cultural. Figura 3: Parque Municipal Américo Renné Gianntti Figura 4: Praça da Liberdade Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte O simbolismo da água como fonte de vida é mencionado em quase todas as cosmogonias, desde o Gênesis, na Bíblia, até o Alcorão, ou mesmo em escritos pagãos, como os do filósofo grego Aristóteles, que cita Thales de Mileto (624-546 a.C) ao afirmar que a água seria o elemento original ou o princípio de todas as coisas (FORTES, 2007) Segundo Dias (2010), a religião influencia na percepção que uma cultura possui sobre a vida, seu significado e seu conceito. As tradições religiosas podem inibir o desenvolvimento de determinadas estruturas organizacionais. A religião também influencia o desempenho dos papeis sociais, o desenvolvimento de instituições e o rituais que cercam os mais importantes momentos da vida. 6
  • 7. Nas religiões, o uso ritual da água segue um ritmo de envolvimento crescente que vai desde a simples aspersão, até a total imersão. Para se livrarem do ciclo de reencarnações, os hindus mergulham no Ganges, Yamuna e Godavàri, considerados rios sagrados. Os judeus se purificam pelo banho ritual. Os muçulmanos lavam os pés, os braços e o rosto antes da oração. Neste sentido, o cristianismo incorporou, no sacramento do batismo, o simbolismo de regeneração que a água irradia (MAÇANEIROS, 2009). Na mitologia, segundo Fortes (2007) os personagens mais conhecidos relacionados à água são Poseidon (ou Neturno) tido como o senhor da ilha de Atlântida e responsável pelos maremotos, terremotos e tempestades; Narciso e a personagem Ophelia, de Shakespeare. E, ainda a deusa Sarasvàti dos hindus, a Serpente Alada dos mexicas, as Sereias e a Yara dos tupi-guaranis (MAÇANEIROS, 2009). As representações culturais das águas variam segundo as culturas, as religiões, o habitat em que se desenvolveram, sua maior ou menor disponibilidade e sazonalidade. As comunidades ribeirinhas amazônicas e pantaneiras vivem ao sabor das cheias e vazantes, expandindo sua vida social durante o período de estiagem e restringindo a durante a subida das águas. (DIEGUES, 2009) Mello (1987) esclarece que ambiente não determina o tipo e/ou o grau de cultura dos povos, mas limita ou favorece o desenvolvimento de uma cultura. E quanto mais uso e aproveitamento uma cultura faz do meio geográfico, tanto mais dependente ela fica. Ou seja, o domínio do homem sobre a natureza o torna cada vez mais dependente desses recursos. Em reconhecimento da importância da água, o Capítulo 18 da Agenda 21, adotada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992, enfatizou a necessidade de uma abordagem integrada da água, gerenciamento de recursos e desenvolvimento, que reconhecesse as múltiplas demandas conflitantes sobre recursos de água doce. O uso da água tem dimensões conflitivas e políticas, afetando de forma distinta as sociedades urbano-industriais e as tradicionais. A construção de barragens e sistemas de irrigação, segundo Diegues (2009) são exemplos de atividades geradoras de conflitos, alterando os hábitos migratórios de peixes, afetando as comunidades ribeirinhas que dependem da pesca. O Relatório de Desenvolvimento da ONU de 2006, cujo tema principal foi a crise da água, segundo Jacobi e Sinisgalli (2009) mostrou a importância deste recurso escasso; frente às necessidades de conservação dos ecossistemas e suporte às várias formas de vida. As mudanças ocorridas no ultimo século como o aumento da população, urbanização, produção de alimentos, atividades industriais, dentre outras, levaram também ao aumento da necessidade de uso da água, gerando competição e conflitos por esse recurso limitado. De acordo com Franca e Ribeiro (2010), em muitos casos, essas tensões possuem um forte componente cultural, resultante de percepções diferentes sobre o valor da água, que variam de acordo com os contextos socioculturais. Para poder resolver esses conflitos, é necessário uma melhor compreensão das implicações culturais e sociais da água em cada sociedade e civilização. As antigas causas dos conflitos, os erros do passado e do presente bem como os casos de sucesso referentes à gestão das águas devem ser conhecidos e estudados de forma a que possamos extrair lições para o futuro. Assim, a consideração da dimensão cultural deve 7
  • 8. estar associada às dimensões políticas, econômicas e científicas para a prevenção e/ou a resolução dos problemas relacionados ao uso e gestão das águas. A disponibilidade de recursos hídricos se tornou nas últimas décadas objeto de preocupação por parte da sociedade com um todo. Essa apreensão resultou no desenvolvimento de uma grande quantidade de estudos (Relatório de Mudanças Climáticas) e conferências (Rio 92). Estudos e encontros que tiveram como objetivo a identificação e busca de alternativas para o uso racional dos recursos naturais e, dentre eles a água, seja na captação ou como depósito de efluentes (GARCIA et al., 2009). Para Franca e Ribeiro (2010) conhecer e, principalmente, respeitar os aspectos culturais relacionados ao uso e gestão das águas em cada região e em cada sociedade, é fundamental. Com o objetivo de não impor projetos ou políticas que possam gerar conflitos, facilmente evitados ou contornados pelo simples conhecimento e respeito a esses aspectos culturais, sociais e econômicos. De acordo com estudos, as mudanças climáticas, de acordo com Jabobi e Sinisgalli (2009), indicam alterações no comportamento histórico das chuvas, além da redução da quantidade e qualidade. Considerando essas alterações e o aumento da demanda por água, pode gerar situações de tensão entre os atores sociais e econômicos, expressos muitas vezes através dos usos e ocupação dos solos, aumentando a necessidade de buscarem formas cooperativas. Neste sentido, a gestão dos recursos naturais e, consequentemente, dos recursos hídricos ganha espaço nas decisões de políticas públicas. O mesmo se percebe no setor privado, com implantação de estratégias como estabelecimento de barreiras comerciais associadas à produção sustentável em termos sócio-ambiental dos processos industriais (GARCIA et al., 2009). O Brasil possui 12% de água doce do mundo, no entanto, essa disponibilidade varia consideravelmente, tanto em termos geográficos, quanto de sazonalidade, havendo vários os registros de problemas de abastecimento para usos diversos. Neste contexto, um dos maiores desafios da gestão dos recursos hídricos, como aponta Cardoso (2008) está relacionado à ampliação do abastecimento em regiões com baixa disponibilidade de bacias hidrográficas e melhoria da qualidade através da redução da poluição domestica e industrial. Entre os usos múltiplos da água, o turismo depende de forma direta da existência de patrimônio hídrico com potencial cênico e paisagístico. No Brasil, parte significativa das localidades com atividades turísticas ou com potencial turístico relaciona-se à água, como atrativo. Nesse contexto, é relevante a articulação da gestão de recursos hídricos com a gestão do patrimônio cultural. (FRANCA; RIBEIRO, 2003). Segundo Bernauer, 1997 (apud Souza, 2003 p.), mesmo antes do século XVIII, o compartilhamento de águas entre países já freqüentava a pauta de negociações. Tendo em vista o uso compartilhado e a necessidade de cooperação entre os países, tanto à montante, quanto à jusante, gerando acordos para disciplinar seu uso e conservação. A estrutura institucional para a gestão da água na Holanda tem uma história longa. Já nos séculos 11 e 12, comunidades locais começaram organizar-se para gerir os sistemas de água, especialmente para defender se contra as inundações do mar e dos rios. Nos 13 século, a primeira água juntas distritais democrática foi estabelecida. Van Leussen et al. (2007) 8
  • 9. Segundo Souza (2003), no Séc. XIX registrou-se a regulamentação do despejo de dejetos produzidos pela indústria na fabricação de sabão, vidro e têxteis. A desertificação ocasionada em várias áreas foi motivo de luta parlamentar na Inglaterra, resultando em 1863, na aprovação da Lei dos Álcalis. No Brasil, a adoção, em 1934, do Código das Águas, do Código da Mineração e do Código Florestal, e também a criação, em 1937, do Parque Nacional de Itatiaia marcam o inicio das ações governamentais no campo das políticas ambientais. O Código das Águas, define os direitos de propriedade de uso dos recursos hídricos para o abastecimento, a irrigação, a navegação, os usos industriais e a produção de energia, e as normas para a proteção da qualidade das águas territoriais (decreto nº 24.643, de 10/07/34, Lei nº 4.904, de 17/12/1965, decreto nº 58.076, de 24/03/66, Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000 – Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Água – ANA). (Almeida et al., 2004) Conforme Ribeiro (2009) analisar uma bacia hidrográfica remete necessariamente ao uso do solo de sua área, incluindo subsolo, relevo fauna, flora, que tem nos leitos fluviais seu elemento integrador. E, que deve ser avaliado à luz da capacidade de reposição hídrica. Como o uso do solo é socialmente definido não há como fugir à dimensão política (FRACALANZA, 2009). Portanto, gestão da bacia hidrográfica exige a cooperação dentro de sua abrangência de todas as partes interessadas. Quanto maior sua extensão, maior se torna a complexidade deste processo de cooperação, tendo em vista divergências culturais, políticas, diferenças institucionais, além de diferenças de pontos de vista sobre o uso da água (VAN LEUSSEN et al., 2007) CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso da água possui dimensões conflitivas e políticas, afetando de forma distinta as sociedades urbano-industriais e as tradicionais. No entanto, a origem dos conflitos e a forma de solucioná-los são distintas em ambas as sociedades. Nas sociedades tradicionais, as águas são classificadas segundo diversos critérios, ganhando atribuições virtuosas e defeitos ligados a um simbolismo polissêmico. Nestas sociedades simbologias e ciência se misturam, de forma distinta, as sociedades modernas também possuem símbolos e mitos relacionados com as águas, bem como formas de classificação das águas e rios. Pode se constatar que o ambiente é uma condição indispensável para que haja cultura. E, que o ambiente geográfico pode influenciar a cultura, pois é dele que os habitantes retiram sua subsistência. Assim como, as condições climáticas exigirão mais ou menos proteção contra as variações do tempo. Segundo Mello (1987), a união de uma cultura eficiente (tecnologia avançada) com um ambiente geográfico rico proporcionará uma capacidade maior de subsistência aos habitantes, poder econômico, político e orgulho. Portanto, conhecer e, principalmente, respeitar os aspectos culturais relacionados ao uso do meio ambiente, sobretudo a gestão das águas em cada região e em cada sociedade, é fundamental. Com o objetivo de não impor projetos ou 9
  • 10. políticas que possam gerar conflitos, facilmente evitados ou contornados pelo simples conhecimento e respeito a esses aspectos culturais, sociais e econômicos. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Josimar Ribeiro; CAVALVANTI, Yara; MELLO, Claudia dos Santos. Gestão ambiental: planejamento, avaliação, implantação, operação e verificação. 2. ed., ver. e atualizada. Rio Janeiro: Thex Ed., 2004. BEGOSSI, Alpina. Ecologia Humana: um enfoque das relações homem-ambiente. Interciencia 18(1): 121-132, 1993. URL: http://www.interciencia.org.ve CARDOSO, Manfredo Pires. La Gobernanza y la Garantía del Derecho al Agua – La experiencia en Brasil y los retos a superar. Exposición Internacional "Agua y Desarrollo Sostenible". Disponível em: www.expozaragoza2008.es. Acesso em agosto de 2010. DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. 2ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. DIEGUES, A. C. Água e Cultura nas populações tradicionais brasileiras. IN: RIBEIRO, Wagner Costa, Org. Governança da água no Brasil: uma visão interdisciplinar. São Paulo: Annablume; Fapesp; CNPq, 2009. EVANS-PRITCHARD, E.E. Os Nuer 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 1993. FORTES, Hugo. Água: significados e simbologias na arte contemporânea. II Colóquio de Psicologia da Arte. realizado nos dias 7 e 8 de junho de 2007. Instituto de Psicologia da USP FRACALANZA, Ana Paula. Gestão das águas no Brasil: rumo à governança da água? IN: RIBEIRO, Wagner Costa, Org. Governança da água no Brasil: uma visão interdisciplinar. São Paulo: Annablume; Fapesp; CNPq, 2009. FRANCA, D. T. Água e Cultura – Revista Conviver, DNOCS, Edição Especial, outubro de 2009. FRANCA, D. T. ; RIBEIRO, M. A. Patrimônio Cultural e Proteção dos Recursos Hídricos. 1º Colóquio Ibero-Americano Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto– Desafios e Perspectivas, em Belo Horizonte (MG). Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais, de 09 a 12 de agosto de 2010. GARCIA, Junior; ROMEIRO, Ademar; QUILONDRÁN, Oscar. Meio Ambiente e produção de celulose Kraft na bacia hidrográfica do BíoBío, Chile. In: JACOBI, Pedro Roberto (Org); SINISGALLI, Paulo de Almeida (Org). Governança da água na América Latina e Europa: atores sociais, conflitos e territorialidade. São Paulo: Annablume, 2009 (Coleção Cidadania e Meio Ambiente) GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. LTB, São Paulo, 2002 10
  • 11. HUITEMA, Dave; MEIJERINK, Sander. Understanding and managing water transitions: a policy science perspective. International Conference on Adaptive e Integrated Water Management (CAIWA 2007). Disponível em: http/www.newater.uos.de/caiwa/papers.htm. Acesso em: 06 de setembro de 2010 KEESING, Felix. Antropologia cultural: a ciência dos costumes. 2ª Ed. Editora Fundo de Cultura. Rio de Janeiro, 1972. JACOBI, P. R. ; SINISGALLI, P. A.Apresentação. In: JACOBI, Pedro Roberto (Org); SINISGALLI, Paulo de Almeida (Org). Governança da água na América Latina e Europa: atores sociais, conflitos e territorialidade. São Paulo: Annablume, 2009 (Coleção Cidadania e Meio Ambiente) p.p. 7-9. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001 LÉVI-STRAUSS, Claude. As estruturas elementares do parentesco. Petrópolis/RJ: Vozes, 2000. MAÇANEIRO, Marcial. A água nas Religiões. 2009. Disponível em: www.gper.com.br. Acesso em 08 de fevereiro de 2011. MELLO, Luis Gonzaga de. Antropologia cultural: iniciação, teoria e temas. Petrópolis, Vozes, 1987. RIBEIRO, Wagner Costa. Impasses da governança da água no Brasil. IN: RIBEIRO, Wagner Costa, Org. Governança da água no Brasil: uma visão interdisciplinar. São Paulo: Annablume; Fapesp; CNPq, 2009. SACHS, Ignacy. Palestra: Sociedade, Cultura e Meio Ambiente. Revista Mundo & Vida. Niterói, v. 2 (1). p. 7-13. SAHLINS, Marshall. “A cultura e o meio-ambiente” em Panorama da Antropologia. Ed. Fundo de Cultura, 1966. SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 14 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994 – (Coleção primeiros passos) Van Leussen, Wim van; Slobbe, Erik van; Meiners, Georg. Transboundary Governance and the Problem of Scale for the Implementation of the European Water Framework Directive at the Dutch-German Border. International Conference on Adaptive e Integrated Water Management (CAIWA 2007). Disponível em: http/www.newater.uos.de/caiwa/papers.htm. Acesso em: 06 de setembro de 2010 11