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NUTRIENTES E SOLO

Apostila Tecnica




                   www.adaptasertao.net
INTRODUÇÃO


      A
            agricultura traz ensinamentos milenares de cultivo respeitando o meio ambiente e produzindo
            alimento através dos tempos. Com o advento da Revolução Verde, na década de 1950, o
            melhoramento genético, os adubos químicos altamente solúveis e os agrotóxicos mudaram o
aspecto da agricultura, implantando as monoculturas, ignorando o conhecimento adquirido e criando
dependência dos agricultores de produtos químicos.

         Nos países mais industrializados há uma diminuição significativa no uso de agrotóxicos, sem que haja
redução da produção de alimentos, enquanto que em paises como o Brasil, cuja economia está se
expandindo rapidamente, o consumo de agrotóxicos, de sementes transgênicas e melhoradas e de
fertilizantes químicos estão em processo de aumento contínuo. Vários estudos mostram que isso causa
sérios impactos ambientais como poluição das águas superficiais e subterrâneas e desequilíbrios no
ecossistema, aumenta o numero das fontes de toxicidade aguda e carcinogenicidade para os seres
humanos, cria maior dependência de insumos externos e pode aumentar o risco de endividamento dos
agricultores. No 2008, o Brasil chegou ser o primeiro pais do mundo em termos de volume de compra de
agrotóxicos. Hoje, cerca de 400 mil agricultores brasileiros tem contaminação aguda ou semi-aguda por
agrotóxicos, sem contar a população que compra os alimentos contaminados.

       Em movimento contrário a esse circulo vicioso, vem a agricultura orgânica, que dá importância a
relação entre o ser humano e o meio ambiente, para obter uma produção agrícola com o menor impacto
possível. O primeiro ponto da agricultura orgânica é o agricultor e seu núcleo familiar, pois sem a
conscientização do agente principal, nada acontecerá. Em seguida ela busca o conhecimento e a produção
de insumos de forma local, para tornar o produtor independente de insumos externos e principalmente de
origem química. O terceiro ponto é a relação do agricultor e do cultivo com o meio ambiente, representado
pelo convívio com a diversidade da flora e da fauna e para manter um ecossistema saudável e equilibrado.

       Quando nos propomos a trabalhar com uma agricultura que visa a harmonia do ecossistema
precisamos olhar a propriedade como um único ambiente e interligar todos os recursos disponíveis de forma
equilibrada: mão-de-obra, água, energia, criação de animais, restos vegetais e resíduos de animais que
podem ser transformado em insumo para o cultivo, comercialização. Desta forma, devem ser preconizadas
boas práticas de cultivo: utilização de fertilizantes orgânicos, utilização de caldas orgânicas e controle
biológico, manutenção na propriedade de outras espécies vegetais e animais diferentes daquelas de
interesse econômico, manutenção de vegetação nas fontes de água e beira de rios, revolvimento mínimo do
solo no preparo, plantio em nível para evitar erosão, quebra vento, cordão de contorno, área de refúgio,
rotação de culturas, consorciação de culturas.

       Os nutrientes no solo e a nutrição da planta são dois aspectos fundamentais para garantir
uma produção orgânica de qualidade porque grupam e ligam todas as outras funções que foram
mencionadas acima. Todo processo vital dos organismos vivos, sejam eles vegetais ou animais, está na
dependência da satisfação das necessidades primarias. Porém, a planta será atacado somente quando seu
estado bioquímico, determinado pela natureza e pelo teor de substâncias nutritivas conteúdas no solo e que
podem ser absorvidas pela planta, corresponder às exigências tróficas (de alimentação) da praga ou do
patógeno em questão. Os fertilizantes sintéticos e os agrotóxicos proporcionam este desequilíbrio. Os
princípios da agricultura orgânica ajudam manter o solo vivo, nutrindo a planta com equilíbrio e em um
ecossistema funcional que propicia a criação de plantas mais resistentes e saudáveis. Este manual é para os
técnicos e agricultores que querem aprofundar o próprio conhecimento sobre os nutrientes no solo.




                       Adapta Sertão visa disseminar um modelo de expansão da
                         agricultura familiar que se baseia no uso eficiente dos
                       recursos hídricos e naturais locais para uma produção de
                        pequena escala orgânica e sustentável do ponto de vista
                         social, econômico e ambiental e resiliente a mudança
                                    climática e suas conseqüências.

                                                                                                                1
DEFINIÇÃO


       A
               agricultura orgânica vê o solo como o centro de todo o processo produtivo, valorizando-o como
              recurso-chave. Desta forma, o manejo orgânico prioriza práticas que proporcionem a
              manutenção e a melhoria da qualidade do solo com o decorrer do tempo, recomendando
práticas de conservação, que priorizam as fontes orgânicas de nutrientes. Assim, o solo ideal seria um solo
naturalmente fértil, rico principalmente em cálcio, magnésio, fósforo e potássio disponíveis, com matéria-
orgânica e com intensa atividade de microorganismos - em equilíbrio, um SOLO VIVO.

       O solo é a “pele” do planeta e é também chamado de “terra”. Ele é o resultado da ação do clima, do
relevo e dos organismos sobre as rochas expostas na superfície do planeta. Esse conjunto de reações
químicas e ações físicas sob ação do clima se chama intemperismo. Essas rochas vão sofrendo
transformações com o tempo e o solo vai sendo formado aos poucos.




IMPORTÂNCIA DO SOLO

      O solo é importante para planta porque através de varias ações químicas, físicas e biológicas, cria um
ambiente apto a transformar as rochas e sais minerais em nutrientes e com uma concentração e velocidade
para disponibilizar-los adequada a absorção pelas plantas. O solo é também um reservatório para
armazenar água e a base para fixação do sistema radicular da planta.




PROCESSO DE FORMAÇÃO DO SOLO

          São necessários cerca de 400 anos para que 1 cm de solo seja formado!



                 CLIMA - ORGANISMOS                          RELEVO




                                                             PROCESSOS
                                                                                            SOLO
                                                             TEMPO
                          ROCHA
Figura 1 Fatores de formação do solo




       O processo de formação do solo ocorre de baixo para cima. À medida que o material de origem (a
rocha) vai sendo desintegrado e transformado pela ação do intemperismo, vão sendo depositadas camadas,
que também vão se transformando com o tempo e dando origem a novas camadas. Já os solos localizados
nos vales, nas margens dos rios e lagos, por estarem em locais baixos podem ser formados pela deposição
de materiais, muitas vezes já transformados, e que vêm das partes de declives ou topografias mais altas.

                                                                                                               2
O FUNCIONAMENTO DO METABOLISMO DE NUTRIENTES NA PLANTA




                                                                    Figura 2 Camadas dos solos

       Na figuras 3, observa-se um processo generalizado de formação do solo. A camada ou horizonte A é o
solo agricultável, fértil e rico em matéria-orgânica, etapa final do processo de transformação de rocha em
solo. Essa camada tem uma profundidade máxima geralmente de 30 centímetros. No horizonte B, que possui
cor e textura (ou seja tamanho e forma das partículas do solo) diferentes do A, pode ainda haver rocha em
processo de transformação. A profundidade media do horizonte B varia entre 30 centímetros e alguns metros.
Mais abaixo está o horizonte C de profundidade de até 30 metros ou mais que não faz parte do solo
propriamente dito. Este horizonte é formado por rochas que começaram a se alterar, mas ainda não foram
completamente transformadas. A altura, a cor e a composição de cada horizonte depende da presença de
vários elementos como ferro hidratado, dos teores de cálcio, óxido de silício e de matéria orgânica. A cada
horizonte corresponde uma concentração de elementos diferentes (mais rica no A e mais pobre no C).




                         Figura 3 Esquema do processo de transformação de rocha em solo                       3
COMPOSIÇÃO DO SOLO



      O
               solo dos três horizontes (A, B e C) é composto por varios compostos e nutrientes. Um
              nutriente é um elemento químico que é necessário ou desejável para um bom ciclo
              metabólico da planta. Alguns nutrientes são sais, outros não. Um sal é um tipo específico de
molécula inorgânica, geralmente solúvel e que segura moléculas de água em volta de si.
      Um solo ideal é bem equilibrato em sais minerais dissolvidos na água, seres vivos, rochas em
decomposição e ar.


SOLO IDEAL




                                                                                Água
                                                                                Minerais
                                                                                Matéria Orgânica
                                                                                Ar



                                                      Figura 4 Composição do solo



A parte mineral do solo é composta de:

      Areia
       Partícula oriunda da ação de processos físicos na rocha que tem baixa capacidade de reter água e
nutrientes. É a maior dentre as três partículas.

      Silte
       Partícula oriunda da ação de processos físicos na rocha (o esmigalhamento). Tamanho intermediário
entre areia e argila. Baixa capacidade de retenção de água.

      Argila
        Partícula oriunda da ação de processos químicos e fisicos na rocha do intemperismo. Dependendo do
tipo de argila, pode ter de altíssima a baixa capacidade de retenção de água.


                   A relação prática de proporções entre as partículas é:
                                   Areia: tamanho de um carro médio
                                  Silte: tamanho de uma maçã grande
                                  Argila: tamanho de um grão de feijão


                                                                                                             4
A INFLUÊNCIA DO CLIMA E DOS ORGANISMOS NA FORMAÇÃO DO SOLO



      A
             influencia do clima e dos organismos na formação do solo é causada por três fatores principais:
            intemperismo térmico, físico e químico causado pelo clima e organismos.



FATOR 1: CLIMA E O INTEMPERISMO TÉRMICO E FíSICO
       Os fatores climáticos que mais influenciam na formação dos solos são chuva, calor e vento
(intemperismo físico e térmico). Cada fator é benéfico para os horizontes B e C porque ajudam a
decomposição da rocha pela formação do horizonte A. Ao mesmo tempo o intemperismo físico da chuva pode
ser ruim para o horizonte A porque causa lavagem de nutrientes e perda de camadas do solo, como
explicados nas figuras aqui em baixo.




                           Causa lava-        Ocorre            O que              O que é
          Chuva            gem dos nu-
                           trientes do
                                              alteração
                                              na vida do
                                                                provoca a
                                                                acidificação
                                                                                   ruim para a
                                                                                   agricultura
                           solo               solo              do solo




                                             As reações
                                             de decompo-       O que diminui       O que é
                           Calor             sição no          a vida no           ruim para a
                                             solo são          solo                agricultura
                                             mais rápidas




                                                                                                               5
Com alta           Aumenta a         O que              O que é
          Vento             temperatura        perda de
                                               água no
                                                                 diminúi a
                                                                 vida no solo
                                                                                    ruim para a
                                                                                    agricultura
                                               solo




FATOR 2: ORGANISMOS E O INTEMPERISMO QUIMICO


      N
               o estágio inicial do processo de formação do solo, este já possui vida porque existem milhares
               de colônias de microrganismos que se estabelecem à procura de alimento para seu
               desenvolvimento. À medida que a rocha vai se alterando e as colônias vão se expandindo, o
solo fica mais rico e equilibrado em nutrientes. Organismos maiores e mais complexos começam ter
condições de se instalar e se desenvolver, como fungos, algas, liquens, musgos, gramíneas, arbustos e
árvores. Mesmo depois do solo formado e coberto por vegetação, a ação dos organismos continua, formando
um ambiente em equilíbrio “solo-planta-microorganismos”. Um solo em equilíbrio tem quantidades
adequadas de cada nutriente, pouco ácido, com matéria orgânica e sem componentes químicos tóxicos para
a planta.
       Para que este equilíbrio seja mantido, o solo deve ter cobertura vegetal que proteja a superfície das
agressões do clima. A cobertura vegetal é também fonte de matéria orgânica para a alimentação dos
microorganismos.
       A matéria orgânica desempenha papel importante na decomposição das rochas. Em contato com a
água no solo, a matéria orgânica libera ácidos que aceleram a velocidade das reações químicas
(intemperismo químico). Nas regiões tropicais onde o intemperismo da chuva e do sol é intenso, ocorre a
lavagem de alguns nutrientes bons como o cálcio (Ca), potássio (K), e magnésio (Mg), e a permanência de
componentes ruins como os óxidos de ferro e alumínio. A permanência de componentes ruins não permite
mais a presença de nutrientes bons porque não se ligam quimicamente, o que impede boas produções
agrícolas. Isso explica, por exemplo, a forte presença de alumínio nos solos do cerrado brasileiro, havendo a
necessidade de calcário, um agente para corrigir a acidez.




                                                                                                                6
Raízes e microorganismos benéficos produzem ácidos orgânicos e outras substâncias que atuam nos
minerais e na agregação das partes do solo, dando vida ao solo. A cobertura vegetal auxilia na manutenção
desta vida do solo, pois mantém umidade e temperatura adequadas aos seres vivos nele presente. Quando
no preparo do solo para o plantio este é muito revirado, os seres vivos ali presentes são colocados para cima e
sofrem ação direta do sol, do vento e da chuva, morrendo. Os fertilizantes minerais são sais que muitas vezes
também matam a vida do solo porque são muito ácidos e/ou salinos, criando um ambiente hostil a vida dos
microorganismos. Desta forma, devemos sempre realizar práticas agrícolas que priorizem a manutenção de
todos os seres vivos benéficos presentes no solo.




                                                                       Figura 5 - Os seres vivos do solo




                                                                                    Figura 5 - Os seres vivos do solo




                                                                                                                        7
TIPOS DE SOLO

        Essa secção lista e descreve as funções e a origem dos elementos essenciais.

Existem diferentes tipos de solo. Estes são formados devido a vários materiais de origem e a processos de
formação diferentes. O tipo de solo influencia desde a velocidade de infiltração de água até o modo de como
trabalhamos o solo. As informações básicas para identificação são:

a) cor - depende dos minerais que dão origem ao solo e seu grau de intemperização. Solos mais escuros
indicam maior possibilidade de haver alto teor de matéria orgânica.

b) estrutura - é a forma como as partículas de areia, silte e argila se organizam no solo. Esta influencia
diretamente no movimento e retenção da água no solo. Onde tem mais argila, tem melhor estrutura.




                          Figura 6 influência da compactação

c) consistência - diz respeito à “dureza” do solo. A dureza do solo varia de acordo com a quantidade de água.

d) porosidade e densidade dos solos - dependem da estrutura. Assim, solos bem estruturados são
porosos e a água infiltra-se facilmente em seu perfil, evitando o escoamento superficial causador de erosão.




                          Figura 7 Estrutura do solo
                                                                                                                8
ANÁLISE DE SOLO

A análise do solo tem o objetivo de fornecer informações sobre os nutrientes presentes no solo para entender
quatros coisas fundamentais:

1.     Se estes nutrientes estão disponíveis para serem absorvidos pelas raízes das plantas. Um solo fértil
precisa de cálcio, magnésio, potássio, fósforo, matéria orgânica, acidez leve, alta capacidade de reter
nutrientes e sem a presença de alumínio e sódio. Verificar as faixas de valores na tabela 1.

2.    A relação entre os nutrientes. A relação entre os nutrientes cálcio : magnésio : potássio é de 65% : 20%
: 5% do fator chamado CTC (capacidade de troca catiônica). Esse fator é calculado através uma analise
química do solo. Caso a relação esteja desequilibrada, deve-se corrigir com uso de calcários com diferentes
concentrações de magnésio e também com o uso de sulfato de potássio

3.    Se há toxidez de alguns elementos. Tem vários elementos que são nocivos para as plantas como o
alumínio. O alumínio causa morte das raízes. Não pode haver alumínio livre no solo e isso acontece com o pH
acima de 5,0. Verificar as faixas de valores na tabela 1.

4.     Excesso de sais e outros componentes. Nenhum nutriente ou sal deve estar em excesso. O sódio, por
exemplo, é um elemento salino muito presente em solos muito velhos, em regiões com pouca chuva e com
alta temperatura. O sódio impede a absorção de nutrientes bons como o cálcio, o magnésio e o potássio. O
sódio deve ser corrigido com o uso intensivo de matéria orgânica, para que a raiz não perceba a sua
presença.

Para que os objetivos da análise de solo sejam atingidos, é necessário que essa prática esteja interligada
com outras etapas como mostrado na figura aqui em baixo:




        Amostragem
          de solo


                                    Anáise de
                                   laboratório



                                                           Interpretação
                                                            de resultado




                                                                              Recomendação de correção
                                                                                     de acidez




Figura 8 Etapas pela caraterização e correção do solo
Os nutrientes são mais disponíveis quando tiver valores de pH do solo de 6 a 7.
                                                                                                                 9
PRAGAS, INSETOS INVASORES E DOENÇAS DERIVADAS
PELA AGRICULTURA CONVENCIONAL
Os parâmetros interpretativos em análise de solo são:

a)     pH em água.
A sigla “pH” indica potencial de Hidrogênio e define acidez ou alcalinidade do solo. Como observa-se na figura
9, há uma faixa de pH entre 6 e 7 onde os nutrientes essenciais e os micronutrientes são mais facilmente
absorvidos pelas raízes.Nesta faixa eles estão disponíveis para serem absorvidos. Quando o resultado da
análise de solo indica pH=5 (solo ácido), como se observa na figura 9, os elementos essenciais às plantas
(nitrogênio, fósforo e potássio) estão indisponíveis, quer dizer, a planta não consegue se alimentar deles por
causa do pH. Em outras palavras, é como se solos ácidos formassem uma barreira a absorção dos nutrientes
essenciais pela planta.

b)     Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg).
São alguns dos nutrientes mais importantes para a planta. Além da quantidade exigida de cada um deles,
também é muito importante a proporção que eles se encontram no solo para que a planta consiga absorvê-
los. Em geral a proporção “Ca-Mg-K” tem que ser 12-4-1, ou seja, a cada 12 partes de cálcio é preciso ter 4
partes de magnésio e 1 parte de potássio.

c)     Alumínio (Al).
O alumínio livre é tóxico para as raízes e não pode ter no solo. Ele aparecerá quando o solo estiver muito
ácido, com pH menor que 5,0

d)     Hidrogênio (H).
A quantidade do íon H é responsável pelo valor de pH da solução do solo e com isso altera a disponibilidade
de nutrientes. Como já foi explicado, uma alta concentração do íon hidrogênio significa ter um solo ácido e
uma baixa concentração de íons hidrogênio significa ter um solo alcalino ou básico. As duas condições
constroem barreiras pela absorção de nutrientes nas plantas.

e)     Soma de bases (SB).
É a quantidade total das bases e é composta de cálcio, magnésio, potássio, que são elementos chamados
“bases”. Serve para indicar se o solo tem nutrientes disponíveis para a planta. Ver faixas de valores
adequados na Tabela 1.

f)     Capacidade de Troca de Cátions (CTC).

É a capacidade do solo em segurar alguns nutrientes, como cálcio, magnésio, potássio no seu nível de acidez
atual. Não mostra toda a capacidade em reter nutrientes. Ver faixas de valores adequados na tabela 1.

g)     Saturação por bases (V%).
É a porcentagem de íons benéficos aderidos quimicamente a parte mineral do solo.Quanto maior esse valor,
mais nutrientes a planta tem para absorver. Ver faixas de valores adequados na tabela 1.

h)     Saturação de alumínio (m%).
É a porcentagem de íons de alumínio aderidos quimicamente a parte mineral do solo. Qualquer valor maior
que zero é danoso para a planta e haverá redução de produção. O valor deve ser zero (0).



                                                                                                              10
i)    Matéria Orgânica.
      É a concentração de matéria orgânica estável presente no solo. Quanto mais matéria orgânica, maior
a probabilidade de haver nitrogênio, enxofre e micronutrientes no solo. Também haverá maior capacidade de
retenção de nutrientes, melhor porosidade e maior capacidade de suportar solos salinos.

Ver faixas de valores adequados na tabela 1.




        O resultado da análise de solo é interpretado utilizando-se os padrões da tabela acima. Os padrões
classificam o teor dos elementos como muito baixo, baixo, médio ou alto.




                Figura 9 - solo rico em matéria orgânica
                                                                                                             11
Para interpretação dos valores obtidos, é necessário co-relacionar todas as informações, como
mostra o gráfico “Grau de disponibilidade dos nutrientes versus pH”:


                                                         Ferro, Cobre,
                                                         Manganes e Zinco.
                                                                                         Molibdenio
                                                                                         e Cloro.
                         Grau de disponibilidade



                                                                                   Fósforo

                                                                                             Nitrogênio,
                                                                                             Enxofre e
                                                                                             Boro


                                                                                   Potássio,
                                                                                   Cácio e
                                                              Alumínio             Magnésio
                                                   4,5    5   5,5   6    6,5   7   7,5   8    8,5 9
        Figura 10 disponibilidade de nutrientes versus pH                                        pH

       Este gráfico mostra a importância de se conhecer o pH, pois é este valor que determina se o elemento
está ou não disponível para ser absorvido pelas raízes. Daí vem a informação que a maioria dos elementos
estão disponíveis na faixa de pH entre 6 e 7, como se observa.
       Também é necessário compreender que elementos químicos são partículas com cargas (íons). Estas
cargas podem ser positivas e negativas.


                                                                               CÁTIONS (+)
                                                                               Mg, K, H, Ca, N



                                                    ANIONS (-)
                                                    CI, N, S
       Os cátions tem carga elétrica positiva (+) e estão retidos nos colóides do solo, que são as argilas e a
matéria-orgânica, que possuem carga elétrica predominantemente negativa(-). Estes cátions que estão
retidos nos colóides são o tempo todo sendo trocados com a solução do solo. Quanto maior essa capacidade
de troca, maior a fertilidade do solo pois o solo consegue armazenar mais nutrientes e disponibilizá-los
quando a planta precisar.


                                          A capacidade de troca do solo
                        Podemos fazer uma correlação didática com nossa comida, onde
                        não temos acesso direto a panela. A panela é a argila ou matéria
                        orgânica, que tem muita comida para a planta. O prato é de onde
                         nos comemos e equivale a solução aquosa do solo, de onde a
                           planta absorve os nutrientes. A capacidade de troca do solo
                                representa a disponibilidade de comida na panela.
REFERÊNCIAS PARA CONSULTA

1)     Título: Formação e Conservação dos Solos
Autor: Igo F. Lepsch
Editora: Oficina de Textos

2)     Título: Natureza e propriedade dos solos
Autor: Buckman Brady
Editora: Freitas Bastos

3)     Título: Manejo ecológico do solo
Autor: Ana Primavesi
Editora: Nobel

4)     Título: Manual para interpretação de análise de solo
Autor: J. B. Tomé Jr.
Editora: Livraria Agropecuária




                                                              14
Coordenação Geral
  Emilio Lèbre La Rovere, Centro Clima/Universidade Federal do Rio de Janeiro
            Thais Corral, REDEH Rede de Desenvolvimento Humano

                          Coordenação Técnica
         Daniele Cesano, REDEH Rede de Desenvolvimento Humano

                                 Execução
                  Nereide Segala Coelho, Coopsertão Pintadas
              Florisvaldo Mercês Guimarães, Coopsertão Pintadas
                  Fabio Santana da Silva, Coopsertão Pintadas
                   Agnaldo de Souza Ribeiro, Coopaf Brumado
                         Pablo Rocha, Coopaf Brumado
                  Gilson Rocha de Magalhães, STR Quixabeira
                   Everaldo Alves Oliveira, STR Baixa Grande

                           Pesquisa Cientifica
    Martin Obermaier, Centro Clima/Universidade Federal do Rio de Janeiro
Debora Cynamon Kligerman, Centro Clima/Universidade Federal do Rio de Janeiro
  Maria Regina Maroun, Centro Clima/Universidade Federal do Rio de Janeiro

             Capacitação e Material Técnico de Suporte
                          Daniela Benatti, consultor
                         Marcelo Bastos, consultor
         Daniele Cesano, REDEH Rede de Desenvolvimento Humano

                               Comunicação
            Fabio ACM, REDEH Rede de Desenvolvimento Humano


                              Financiamento
       UBA/Federal Environment Agency of Germany (Umweltbundesamt)
                                www.uba.de




                      Rio de Janeiro, Novembro do 2009




                                                                                15
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002 solos - apostila técnica corrigida

  • 1. NUTRIENTES E SOLO Apostila Tecnica www.adaptasertao.net
  • 2. INTRODUÇÃO A agricultura traz ensinamentos milenares de cultivo respeitando o meio ambiente e produzindo alimento através dos tempos. Com o advento da Revolução Verde, na década de 1950, o melhoramento genético, os adubos químicos altamente solúveis e os agrotóxicos mudaram o aspecto da agricultura, implantando as monoculturas, ignorando o conhecimento adquirido e criando dependência dos agricultores de produtos químicos. Nos países mais industrializados há uma diminuição significativa no uso de agrotóxicos, sem que haja redução da produção de alimentos, enquanto que em paises como o Brasil, cuja economia está se expandindo rapidamente, o consumo de agrotóxicos, de sementes transgênicas e melhoradas e de fertilizantes químicos estão em processo de aumento contínuo. Vários estudos mostram que isso causa sérios impactos ambientais como poluição das águas superficiais e subterrâneas e desequilíbrios no ecossistema, aumenta o numero das fontes de toxicidade aguda e carcinogenicidade para os seres humanos, cria maior dependência de insumos externos e pode aumentar o risco de endividamento dos agricultores. No 2008, o Brasil chegou ser o primeiro pais do mundo em termos de volume de compra de agrotóxicos. Hoje, cerca de 400 mil agricultores brasileiros tem contaminação aguda ou semi-aguda por agrotóxicos, sem contar a população que compra os alimentos contaminados. Em movimento contrário a esse circulo vicioso, vem a agricultura orgânica, que dá importância a relação entre o ser humano e o meio ambiente, para obter uma produção agrícola com o menor impacto possível. O primeiro ponto da agricultura orgânica é o agricultor e seu núcleo familiar, pois sem a conscientização do agente principal, nada acontecerá. Em seguida ela busca o conhecimento e a produção de insumos de forma local, para tornar o produtor independente de insumos externos e principalmente de origem química. O terceiro ponto é a relação do agricultor e do cultivo com o meio ambiente, representado pelo convívio com a diversidade da flora e da fauna e para manter um ecossistema saudável e equilibrado. Quando nos propomos a trabalhar com uma agricultura que visa a harmonia do ecossistema precisamos olhar a propriedade como um único ambiente e interligar todos os recursos disponíveis de forma equilibrada: mão-de-obra, água, energia, criação de animais, restos vegetais e resíduos de animais que podem ser transformado em insumo para o cultivo, comercialização. Desta forma, devem ser preconizadas boas práticas de cultivo: utilização de fertilizantes orgânicos, utilização de caldas orgânicas e controle biológico, manutenção na propriedade de outras espécies vegetais e animais diferentes daquelas de interesse econômico, manutenção de vegetação nas fontes de água e beira de rios, revolvimento mínimo do solo no preparo, plantio em nível para evitar erosão, quebra vento, cordão de contorno, área de refúgio, rotação de culturas, consorciação de culturas. Os nutrientes no solo e a nutrição da planta são dois aspectos fundamentais para garantir uma produção orgânica de qualidade porque grupam e ligam todas as outras funções que foram mencionadas acima. Todo processo vital dos organismos vivos, sejam eles vegetais ou animais, está na dependência da satisfação das necessidades primarias. Porém, a planta será atacado somente quando seu estado bioquímico, determinado pela natureza e pelo teor de substâncias nutritivas conteúdas no solo e que podem ser absorvidas pela planta, corresponder às exigências tróficas (de alimentação) da praga ou do patógeno em questão. Os fertilizantes sintéticos e os agrotóxicos proporcionam este desequilíbrio. Os princípios da agricultura orgânica ajudam manter o solo vivo, nutrindo a planta com equilíbrio e em um ecossistema funcional que propicia a criação de plantas mais resistentes e saudáveis. Este manual é para os técnicos e agricultores que querem aprofundar o próprio conhecimento sobre os nutrientes no solo. Adapta Sertão visa disseminar um modelo de expansão da agricultura familiar que se baseia no uso eficiente dos recursos hídricos e naturais locais para uma produção de pequena escala orgânica e sustentável do ponto de vista social, econômico e ambiental e resiliente a mudança climática e suas conseqüências. 1
  • 3. DEFINIÇÃO A agricultura orgânica vê o solo como o centro de todo o processo produtivo, valorizando-o como recurso-chave. Desta forma, o manejo orgânico prioriza práticas que proporcionem a manutenção e a melhoria da qualidade do solo com o decorrer do tempo, recomendando práticas de conservação, que priorizam as fontes orgânicas de nutrientes. Assim, o solo ideal seria um solo naturalmente fértil, rico principalmente em cálcio, magnésio, fósforo e potássio disponíveis, com matéria- orgânica e com intensa atividade de microorganismos - em equilíbrio, um SOLO VIVO. O solo é a “pele” do planeta e é também chamado de “terra”. Ele é o resultado da ação do clima, do relevo e dos organismos sobre as rochas expostas na superfície do planeta. Esse conjunto de reações químicas e ações físicas sob ação do clima se chama intemperismo. Essas rochas vão sofrendo transformações com o tempo e o solo vai sendo formado aos poucos. IMPORTÂNCIA DO SOLO O solo é importante para planta porque através de varias ações químicas, físicas e biológicas, cria um ambiente apto a transformar as rochas e sais minerais em nutrientes e com uma concentração e velocidade para disponibilizar-los adequada a absorção pelas plantas. O solo é também um reservatório para armazenar água e a base para fixação do sistema radicular da planta. PROCESSO DE FORMAÇÃO DO SOLO São necessários cerca de 400 anos para que 1 cm de solo seja formado! CLIMA - ORGANISMOS RELEVO PROCESSOS SOLO TEMPO ROCHA Figura 1 Fatores de formação do solo O processo de formação do solo ocorre de baixo para cima. À medida que o material de origem (a rocha) vai sendo desintegrado e transformado pela ação do intemperismo, vão sendo depositadas camadas, que também vão se transformando com o tempo e dando origem a novas camadas. Já os solos localizados nos vales, nas margens dos rios e lagos, por estarem em locais baixos podem ser formados pela deposição de materiais, muitas vezes já transformados, e que vêm das partes de declives ou topografias mais altas. 2
  • 4. O FUNCIONAMENTO DO METABOLISMO DE NUTRIENTES NA PLANTA Figura 2 Camadas dos solos Na figuras 3, observa-se um processo generalizado de formação do solo. A camada ou horizonte A é o solo agricultável, fértil e rico em matéria-orgânica, etapa final do processo de transformação de rocha em solo. Essa camada tem uma profundidade máxima geralmente de 30 centímetros. No horizonte B, que possui cor e textura (ou seja tamanho e forma das partículas do solo) diferentes do A, pode ainda haver rocha em processo de transformação. A profundidade media do horizonte B varia entre 30 centímetros e alguns metros. Mais abaixo está o horizonte C de profundidade de até 30 metros ou mais que não faz parte do solo propriamente dito. Este horizonte é formado por rochas que começaram a se alterar, mas ainda não foram completamente transformadas. A altura, a cor e a composição de cada horizonte depende da presença de vários elementos como ferro hidratado, dos teores de cálcio, óxido de silício e de matéria orgânica. A cada horizonte corresponde uma concentração de elementos diferentes (mais rica no A e mais pobre no C). Figura 3 Esquema do processo de transformação de rocha em solo 3
  • 5. COMPOSIÇÃO DO SOLO O solo dos três horizontes (A, B e C) é composto por varios compostos e nutrientes. Um nutriente é um elemento químico que é necessário ou desejável para um bom ciclo metabólico da planta. Alguns nutrientes são sais, outros não. Um sal é um tipo específico de molécula inorgânica, geralmente solúvel e que segura moléculas de água em volta de si. Um solo ideal é bem equilibrato em sais minerais dissolvidos na água, seres vivos, rochas em decomposição e ar. SOLO IDEAL Água Minerais Matéria Orgânica Ar Figura 4 Composição do solo A parte mineral do solo é composta de: Areia Partícula oriunda da ação de processos físicos na rocha que tem baixa capacidade de reter água e nutrientes. É a maior dentre as três partículas. Silte Partícula oriunda da ação de processos físicos na rocha (o esmigalhamento). Tamanho intermediário entre areia e argila. Baixa capacidade de retenção de água. Argila Partícula oriunda da ação de processos químicos e fisicos na rocha do intemperismo. Dependendo do tipo de argila, pode ter de altíssima a baixa capacidade de retenção de água. A relação prática de proporções entre as partículas é: Areia: tamanho de um carro médio Silte: tamanho de uma maçã grande Argila: tamanho de um grão de feijão 4
  • 6. A INFLUÊNCIA DO CLIMA E DOS ORGANISMOS NA FORMAÇÃO DO SOLO A influencia do clima e dos organismos na formação do solo é causada por três fatores principais: intemperismo térmico, físico e químico causado pelo clima e organismos. FATOR 1: CLIMA E O INTEMPERISMO TÉRMICO E FíSICO Os fatores climáticos que mais influenciam na formação dos solos são chuva, calor e vento (intemperismo físico e térmico). Cada fator é benéfico para os horizontes B e C porque ajudam a decomposição da rocha pela formação do horizonte A. Ao mesmo tempo o intemperismo físico da chuva pode ser ruim para o horizonte A porque causa lavagem de nutrientes e perda de camadas do solo, como explicados nas figuras aqui em baixo. Causa lava- Ocorre O que O que é Chuva gem dos nu- trientes do alteração na vida do provoca a acidificação ruim para a agricultura solo solo do solo As reações de decompo- O que diminui O que é Calor sição no a vida no ruim para a solo são solo agricultura mais rápidas 5
  • 7. Com alta Aumenta a O que O que é Vento temperatura perda de água no diminúi a vida no solo ruim para a agricultura solo FATOR 2: ORGANISMOS E O INTEMPERISMO QUIMICO N o estágio inicial do processo de formação do solo, este já possui vida porque existem milhares de colônias de microrganismos que se estabelecem à procura de alimento para seu desenvolvimento. À medida que a rocha vai se alterando e as colônias vão se expandindo, o solo fica mais rico e equilibrado em nutrientes. Organismos maiores e mais complexos começam ter condições de se instalar e se desenvolver, como fungos, algas, liquens, musgos, gramíneas, arbustos e árvores. Mesmo depois do solo formado e coberto por vegetação, a ação dos organismos continua, formando um ambiente em equilíbrio “solo-planta-microorganismos”. Um solo em equilíbrio tem quantidades adequadas de cada nutriente, pouco ácido, com matéria orgânica e sem componentes químicos tóxicos para a planta. Para que este equilíbrio seja mantido, o solo deve ter cobertura vegetal que proteja a superfície das agressões do clima. A cobertura vegetal é também fonte de matéria orgânica para a alimentação dos microorganismos. A matéria orgânica desempenha papel importante na decomposição das rochas. Em contato com a água no solo, a matéria orgânica libera ácidos que aceleram a velocidade das reações químicas (intemperismo químico). Nas regiões tropicais onde o intemperismo da chuva e do sol é intenso, ocorre a lavagem de alguns nutrientes bons como o cálcio (Ca), potássio (K), e magnésio (Mg), e a permanência de componentes ruins como os óxidos de ferro e alumínio. A permanência de componentes ruins não permite mais a presença de nutrientes bons porque não se ligam quimicamente, o que impede boas produções agrícolas. Isso explica, por exemplo, a forte presença de alumínio nos solos do cerrado brasileiro, havendo a necessidade de calcário, um agente para corrigir a acidez. 6
  • 8. Raízes e microorganismos benéficos produzem ácidos orgânicos e outras substâncias que atuam nos minerais e na agregação das partes do solo, dando vida ao solo. A cobertura vegetal auxilia na manutenção desta vida do solo, pois mantém umidade e temperatura adequadas aos seres vivos nele presente. Quando no preparo do solo para o plantio este é muito revirado, os seres vivos ali presentes são colocados para cima e sofrem ação direta do sol, do vento e da chuva, morrendo. Os fertilizantes minerais são sais que muitas vezes também matam a vida do solo porque são muito ácidos e/ou salinos, criando um ambiente hostil a vida dos microorganismos. Desta forma, devemos sempre realizar práticas agrícolas que priorizem a manutenção de todos os seres vivos benéficos presentes no solo. Figura 5 - Os seres vivos do solo Figura 5 - Os seres vivos do solo 7
  • 9. TIPOS DE SOLO Essa secção lista e descreve as funções e a origem dos elementos essenciais. Existem diferentes tipos de solo. Estes são formados devido a vários materiais de origem e a processos de formação diferentes. O tipo de solo influencia desde a velocidade de infiltração de água até o modo de como trabalhamos o solo. As informações básicas para identificação são: a) cor - depende dos minerais que dão origem ao solo e seu grau de intemperização. Solos mais escuros indicam maior possibilidade de haver alto teor de matéria orgânica. b) estrutura - é a forma como as partículas de areia, silte e argila se organizam no solo. Esta influencia diretamente no movimento e retenção da água no solo. Onde tem mais argila, tem melhor estrutura. Figura 6 influência da compactação c) consistência - diz respeito à “dureza” do solo. A dureza do solo varia de acordo com a quantidade de água. d) porosidade e densidade dos solos - dependem da estrutura. Assim, solos bem estruturados são porosos e a água infiltra-se facilmente em seu perfil, evitando o escoamento superficial causador de erosão. Figura 7 Estrutura do solo 8
  • 10. ANÁLISE DE SOLO A análise do solo tem o objetivo de fornecer informações sobre os nutrientes presentes no solo para entender quatros coisas fundamentais: 1. Se estes nutrientes estão disponíveis para serem absorvidos pelas raízes das plantas. Um solo fértil precisa de cálcio, magnésio, potássio, fósforo, matéria orgânica, acidez leve, alta capacidade de reter nutrientes e sem a presença de alumínio e sódio. Verificar as faixas de valores na tabela 1. 2. A relação entre os nutrientes. A relação entre os nutrientes cálcio : magnésio : potássio é de 65% : 20% : 5% do fator chamado CTC (capacidade de troca catiônica). Esse fator é calculado através uma analise química do solo. Caso a relação esteja desequilibrada, deve-se corrigir com uso de calcários com diferentes concentrações de magnésio e também com o uso de sulfato de potássio 3. Se há toxidez de alguns elementos. Tem vários elementos que são nocivos para as plantas como o alumínio. O alumínio causa morte das raízes. Não pode haver alumínio livre no solo e isso acontece com o pH acima de 5,0. Verificar as faixas de valores na tabela 1. 4. Excesso de sais e outros componentes. Nenhum nutriente ou sal deve estar em excesso. O sódio, por exemplo, é um elemento salino muito presente em solos muito velhos, em regiões com pouca chuva e com alta temperatura. O sódio impede a absorção de nutrientes bons como o cálcio, o magnésio e o potássio. O sódio deve ser corrigido com o uso intensivo de matéria orgânica, para que a raiz não perceba a sua presença. Para que os objetivos da análise de solo sejam atingidos, é necessário que essa prática esteja interligada com outras etapas como mostrado na figura aqui em baixo: Amostragem de solo Anáise de laboratório Interpretação de resultado Recomendação de correção de acidez Figura 8 Etapas pela caraterização e correção do solo Os nutrientes são mais disponíveis quando tiver valores de pH do solo de 6 a 7. 9
  • 11. PRAGAS, INSETOS INVASORES E DOENÇAS DERIVADAS PELA AGRICULTURA CONVENCIONAL Os parâmetros interpretativos em análise de solo são: a) pH em água. A sigla “pH” indica potencial de Hidrogênio e define acidez ou alcalinidade do solo. Como observa-se na figura 9, há uma faixa de pH entre 6 e 7 onde os nutrientes essenciais e os micronutrientes são mais facilmente absorvidos pelas raízes.Nesta faixa eles estão disponíveis para serem absorvidos. Quando o resultado da análise de solo indica pH=5 (solo ácido), como se observa na figura 9, os elementos essenciais às plantas (nitrogênio, fósforo e potássio) estão indisponíveis, quer dizer, a planta não consegue se alimentar deles por causa do pH. Em outras palavras, é como se solos ácidos formassem uma barreira a absorção dos nutrientes essenciais pela planta. b) Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg). São alguns dos nutrientes mais importantes para a planta. Além da quantidade exigida de cada um deles, também é muito importante a proporção que eles se encontram no solo para que a planta consiga absorvê- los. Em geral a proporção “Ca-Mg-K” tem que ser 12-4-1, ou seja, a cada 12 partes de cálcio é preciso ter 4 partes de magnésio e 1 parte de potássio. c) Alumínio (Al). O alumínio livre é tóxico para as raízes e não pode ter no solo. Ele aparecerá quando o solo estiver muito ácido, com pH menor que 5,0 d) Hidrogênio (H). A quantidade do íon H é responsável pelo valor de pH da solução do solo e com isso altera a disponibilidade de nutrientes. Como já foi explicado, uma alta concentração do íon hidrogênio significa ter um solo ácido e uma baixa concentração de íons hidrogênio significa ter um solo alcalino ou básico. As duas condições constroem barreiras pela absorção de nutrientes nas plantas. e) Soma de bases (SB). É a quantidade total das bases e é composta de cálcio, magnésio, potássio, que são elementos chamados “bases”. Serve para indicar se o solo tem nutrientes disponíveis para a planta. Ver faixas de valores adequados na Tabela 1. f) Capacidade de Troca de Cátions (CTC). É a capacidade do solo em segurar alguns nutrientes, como cálcio, magnésio, potássio no seu nível de acidez atual. Não mostra toda a capacidade em reter nutrientes. Ver faixas de valores adequados na tabela 1. g) Saturação por bases (V%). É a porcentagem de íons benéficos aderidos quimicamente a parte mineral do solo.Quanto maior esse valor, mais nutrientes a planta tem para absorver. Ver faixas de valores adequados na tabela 1. h) Saturação de alumínio (m%). É a porcentagem de íons de alumínio aderidos quimicamente a parte mineral do solo. Qualquer valor maior que zero é danoso para a planta e haverá redução de produção. O valor deve ser zero (0). 10
  • 12. i) Matéria Orgânica. É a concentração de matéria orgânica estável presente no solo. Quanto mais matéria orgânica, maior a probabilidade de haver nitrogênio, enxofre e micronutrientes no solo. Também haverá maior capacidade de retenção de nutrientes, melhor porosidade e maior capacidade de suportar solos salinos. Ver faixas de valores adequados na tabela 1. O resultado da análise de solo é interpretado utilizando-se os padrões da tabela acima. Os padrões classificam o teor dos elementos como muito baixo, baixo, médio ou alto. Figura 9 - solo rico em matéria orgânica 11
  • 13. Para interpretação dos valores obtidos, é necessário co-relacionar todas as informações, como mostra o gráfico “Grau de disponibilidade dos nutrientes versus pH”: Ferro, Cobre, Manganes e Zinco. Molibdenio e Cloro. Grau de disponibilidade Fósforo Nitrogênio, Enxofre e Boro Potássio, Cácio e Alumínio Magnésio 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 Figura 10 disponibilidade de nutrientes versus pH pH Este gráfico mostra a importância de se conhecer o pH, pois é este valor que determina se o elemento está ou não disponível para ser absorvido pelas raízes. Daí vem a informação que a maioria dos elementos estão disponíveis na faixa de pH entre 6 e 7, como se observa. Também é necessário compreender que elementos químicos são partículas com cargas (íons). Estas cargas podem ser positivas e negativas. CÁTIONS (+) Mg, K, H, Ca, N ANIONS (-) CI, N, S Os cátions tem carga elétrica positiva (+) e estão retidos nos colóides do solo, que são as argilas e a matéria-orgânica, que possuem carga elétrica predominantemente negativa(-). Estes cátions que estão retidos nos colóides são o tempo todo sendo trocados com a solução do solo. Quanto maior essa capacidade de troca, maior a fertilidade do solo pois o solo consegue armazenar mais nutrientes e disponibilizá-los quando a planta precisar. A capacidade de troca do solo Podemos fazer uma correlação didática com nossa comida, onde não temos acesso direto a panela. A panela é a argila ou matéria orgânica, que tem muita comida para a planta. O prato é de onde nos comemos e equivale a solução aquosa do solo, de onde a planta absorve os nutrientes. A capacidade de troca do solo representa a disponibilidade de comida na panela.
  • 14. REFERÊNCIAS PARA CONSULTA 1) Título: Formação e Conservação dos Solos Autor: Igo F. Lepsch Editora: Oficina de Textos 2) Título: Natureza e propriedade dos solos Autor: Buckman Brady Editora: Freitas Bastos 3) Título: Manejo ecológico do solo Autor: Ana Primavesi Editora: Nobel 4) Título: Manual para interpretação de análise de solo Autor: J. B. Tomé Jr. Editora: Livraria Agropecuária 14
  • 15. Coordenação Geral Emilio Lèbre La Rovere, Centro Clima/Universidade Federal do Rio de Janeiro Thais Corral, REDEH Rede de Desenvolvimento Humano Coordenação Técnica Daniele Cesano, REDEH Rede de Desenvolvimento Humano Execução Nereide Segala Coelho, Coopsertão Pintadas Florisvaldo Mercês Guimarães, Coopsertão Pintadas Fabio Santana da Silva, Coopsertão Pintadas Agnaldo de Souza Ribeiro, Coopaf Brumado Pablo Rocha, Coopaf Brumado Gilson Rocha de Magalhães, STR Quixabeira Everaldo Alves Oliveira, STR Baixa Grande Pesquisa Cientifica Martin Obermaier, Centro Clima/Universidade Federal do Rio de Janeiro Debora Cynamon Kligerman, Centro Clima/Universidade Federal do Rio de Janeiro Maria Regina Maroun, Centro Clima/Universidade Federal do Rio de Janeiro Capacitação e Material Técnico de Suporte Daniela Benatti, consultor Marcelo Bastos, consultor Daniele Cesano, REDEH Rede de Desenvolvimento Humano Comunicação Fabio ACM, REDEH Rede de Desenvolvimento Humano Financiamento UBA/Federal Environment Agency of Germany (Umweltbundesamt) www.uba.de Rio de Janeiro, Novembro do 2009 15