2. Template: História do Nelore
ÍNDICE Introdução
D. Pedro I, Henrique Hermeto C. Leão
Elias Antônio de Morais
Os Clemente Pinto
Manoel Ubelhart Lemgruber
Octacílio Lemgruber
Geraldo Soares de Paula
Joaquim Carlos Travassos
Manoel de Souza Machado
Octávio Ariani Machado
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
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3. Template: História do Nelore
ÍNDICE Pedro Marques Nunes
Vicente Rodrigues da Cunha e Olinda Arantes Cunha
José da Silva
Theodoro Eduardo Duvivier
Pylades Prata Tibery
Encerramento do Ciclo das Importações
Pecuária da Índia nos dias de hoje
Referências
11
13
16
18
21
23
25
32
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4. Template: História do Nelore
INTRODUÇÃO
Neste eBook serão
abordados os principais
pioneiros do Zebu no
Brasil. Contaremos a
histórias desses
personagens importantes
e suas contribuições para
a Pecuária Brasileira
atual.
Tema
abordado
Objetivos
Transmitir informação,
conhecimento e cultura
para todos os
internautas, de forma
clara e concisa.
Divulgar o passado e a
evolução das raças
Zebuínas e os principais
responsáveis pela
introdução e
desenvolvimento desses
animais no Brasil.
Boa leitura!
1
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5. Template: História do Nelore 2
Os principais pioneiros do
Zebu no Brasil: Parte 1
D. Pedro I – Faz. Imperial de
Santa Cruz (RJ):
Estabeleceu por volta de 1826 o
primeiro plantel Zebuíno no
Brasil. Os animais foram
importados da região do Nilo, na
África, possuíam uma pelagem
negra e porte pequeno. Os
produtos que saíam dessa
fazenda e levados para outras
criações, cruzavam com os
crioulos, originando o gado
“China”.
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Henrique Hermeto C. Leão “Barão do Paraná”
– Faz. Lordelo (Porto Novo do Cunha – Vale do
Paraíba): Era muito reconhecido por todos e
recebeu prêmios devido suas descobertas. Por
muitos anos se dedicou a regeneração do gado
brasileiro. Ele selecionava o gado indiano,
cruzava-o com diversas raças, e pode concluir
que: “(…) tenho razão em considerar o Zebu
como o fortificador ou mesmo o regenerador
de qualquer raça de gado nacional ou
estrangeiro.”. Ele transformou o Porto Novo do
Cunha em uma das melhores fontes de onde
sairiam reprodutores para os mais diversos
pontos do Brasil.
6. Template: História do Nelore
Os principais pioneiros
do Zebu no Brasil: Parte 1
Elias Antônio de Morais “2º
Barão de Duas Barras” – Faz. Ribeirão
(Cantagalo):
Em 1870 promoveu a vinda de um dos
primeiros touros da raça Guzerá para o
Brasil. A fazenda Ribeirão foi um dos
núcleos mais antigos de criação de que
se tem notícia. Participou de todas as
iniciativas a favor do Zebu, divulgando
sempre suas vantagens e participando
das antigas exposições. Vendeu um lote
de novilhas, com o reprodutor Gladiador,
constituindo um dos fundamentos do
rebanho da fazenda Itaóca, em Boa
Sorte, do selecionador João de Abreu
Junior.
3
Foto: Baluarte, um dos maiores genearcas do passado. Tem seu sangue em
numerosos rebanhos localizados em diferentes regiões do território
nacional, no Paraguai e na Argentina. Nascido na Fazenda Indiana,
pertenceu ao Ministério da Agricultura e serviu por muito tempo no
rebanho Santa Aminta.
Fonte: Livro o Nelore.
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7. Template: História do Nelore
Os principais pioneiros do Zebu no
Brasil: Parte 2
Os Clemente Pinto – Faz.Areias, Boa Sorte e
Aldeia:
Antônio Clemente Pinto e seu irmão Bernardo
Clemente Pinto, filhos do primeiro barão de
Nova Friburgo, Antônio Clemente Pinto, eram
agricultores na região de Cantagalo e
formadores da firma Friburgo & Filhos no Rio
de Janeiro. Realizaram importantes feitos na
história do Brasil, como estradas de ferros,
palácios e libertação de seus escravos. Os
Clemente Pinto promoveram algumas das mais
antigas importações de Zebus para introduzi-los
em suas fazendas e em 1887 a firma Friburgo &
e Filhos tornou-se importadora de gado da
Índia. Seus rebanhos deram origem a novos
núcleos de criação.
Foto: O Cel. Manoel Ubelhart Lemgruber,
um dos grandes pioneiros do Zebu no
Brasil, com o touro de nome Piron,
premiado em 1906 e pai do reprodutor
Louro, campeão de 1922.
Fonte: Livro O Nelore.
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8. Template: História do Nelore
Os principais
pioneiros do
Zebu no
Brasil: Parte 2
Manoel Ubelhart Lemgruber – Faz. Santo
Antônio (Sapucaia – RJ):Em 1878 em uma
viagem para a Europa, conheceu o
zoológico de Hamburgo, um dos poucos
lugares em que, no passado, eram
encontrados reprodutores de algumas
raças de gado indiano.
5
Como sua propriedade ficava entre
Cantagalo e Porto Novo do Cunha, onde
haviam chegado os primeiros Zebus
importados, ele procurou estudar bem os
representantes do Bos indicus, e gostara
muito do Nelore. Em 1878 chegou ao Brasil
um pequeno grupo dessa raça que ele
encomendou da Índia, chefiado pelo touro
Hanomet. Com a finalidade de possuir
linhagens diferentes, encomendou de uma
região distinta do grupo anterior, outro
grupo de Nelore, que chegou ao Brasil em
1880, com o reprodutor Nero. E em 1883
desembarcou no Rio de Janeiro o terceiro
lote comprado por ele, com o reprodutor
Castor. Sua fazenda foi o mais antigo e
famoso centro de criação de gado Nelore no
Brasil, e o Francisco Machado Marcondes e
Augusto Lopes de Carvalho iniciaram as suas
criações da raça a partir do rebanho de
Manoel.
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9. Template: História do Nelore 6
Os principais pioneiros do
Zebu no Brasil: Parte 3
Octacílio Lemgruber – Faz.São José
(Carmo – RJ)
A linhagem iniciada por Manoel
Lemgruber foi continuada pelo seu filho
Flávio Lemgruber e seu primo Lorenço
Lemgruber (proprietário da Faz. Boa
Esperança). Quando este último
faleceu, o rebanho passou para seus
filhos, e Octacílio, que era selecionador,
se destacou entre os irmãos. Ele
participou da acidentada exportação de
Pedro Marques Nunes, de 1923, para o
México.
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Levou cerca de 6 meses para comercializar o
gado, e ainda ficou detido por uma semana ao
tentar passa a fronteira de Laredo, para os
EUA. Em 1962 Octacílio faleceu e deixou para
seu filho, Paulo Lutterbach Lemgruber, a Faz.
São José, a qual possuía 430 cabeças da antiga
linhagem Lemgruber e famílias portadoras de
sangue de animais importados na década de
60. Esse plantel contribuiu para a formação e
ampliação de muitos rebanhos, em diversos
Estados.
10. Template: História do Nelore 7
Os principais pioneiros
do Zebu no Brasil: Parte
3
Geraldo Soares de Paula – Faz. Papagaio
(Curvelo-MG)
O criador Geraldo selecionou e comprou, em
1942, 30 fêmeas e os touros Retaco e Carinho
da Faz. Santo Antônio, de Flávio Lemgruber
(filho de Manoel Lemgruber). Geraldo
adquiriu outros animais da família Lemgruber
com o tempo, e chegou a possuir 1.200 vacas
e 30 touros, sendo que a maior parte do
rebanho era descendente de Castor e
Mistério Velho (pai de Caique, que originou o
touro Mistério). No começo Geraldo
enfrentou dificuldades ao utilizar a linhagem
Lemgruber, porque tinha pouca aceitação
dessa linhagem no mercado. Porém, a partir
de 1970, a situação começou a mudar,
havendo crescente procura desse gado,
formado por touros altamente fecundos e
fêmeas precoces e férteis e de extraordinária
habilidade maternal.
Foto: Reprodutor Piá, filho de
importado, crioulo de Flávio
Lemgruber, de Sapucaia, tradicional
centro de seleção de gado de Ongole.
Fonte: O Nelore.
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11. Os principais
pioneiros do
Zebu no Brasil:
Parte 4
Foto:
Reprodutor
Monte Alto,
campeão
nacional em
1939,
fundador do
rebanho do
Instituto de
Pecuária da
Bahia, era
produto da
Faz. Bom
Gosto, de
Octávio
Machado.
Fonte: Livro
o Nelore
Template: História do Nelore 8
Joaquim Carlos Travassos
Era um estudioso e no final do século
dezenove produzia trabalhos no campo da
agricultura e divulgava na imprensa em
algumas revistas rurais. No começo ele não
apoiava muito o Zebu, mas como estava
sempre frequentando e estudando
propriedades, acabou se rendendo e
virando um verdadeiro defensor do Zebu.
Em 1903 lançou um livro “Monografias
Agrícolas”, em três volumes, para ajudar os
agricultores fluminenses. Para escrevê-lo,
ele estudou, pesquisou e conversou muito,
conseguindo fazer uma obra muito
inteligente e importante.
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No primeiro volume ele analisa detalhadamente as raças
indianas: “(…) da existência, na Índia, de inúmeras raças
de gado (…) que, conquanto não possam rivalizar com as
européias (…) em beleza estética, tem para nós a imensa
vantagem da rusticidade e de, pelas condições de clima
mais ou menos idêntico, se acharem quase naturalmente
aclimadas no País, podendo (…) resistir a parasitas
perseguidores, como os carrapatos, os bernes, as moscas
(…), o que não sucede com as raças européias (…).”.
Além de escrever, Travassos foi intermediário em muitas
importações, aconselhando criadores e mostrando as
vantagens do Zebu.
12. Template: História do Nelore 9
Os principais pioneiros do Zebu no Brasil: Parte 5
Manoel de Souza Machado – Usina
Capimirim
Era proprietário da Usina Capimirim, no
Recôncavo Baiano. Ele teve contato
com Joaquim Carlos Tavassos, e junto
com Antônio de Medeiros (editor do
“Jornal dos Agricultores”) desenvolvia
intensa campanha a favor da entrada
do gado indiano para o Brasil. Ele
encomendou um casal de Nelore, que
veio de Madras (na Índia) com
certificado oficial de técnico do Colégio
de Veterinária desta cidade, que
comprovava que os animais possuíam
todas as características da raça.
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A vaca recebeu o nome de Araci e o touro de
Cacique, e o cruzamento do casal deu
origem a Itabira, a primeira bezerra Nelore
pura a nascer naquele Estado. Ele manteve
por um tempo o cruzamento apenas entre
os nelores, conservando puro o núcleo
inicial, e depois, para aproveitar melhor o
touro importado, cruzou-o com algumas
vacas crioulas.
Foto:
Garrotes e
Novilhas
são postos
a venda,
após ligeiro
prepare,
sempre
enfeitados
com
colares e
pulseiras
que
refletem a
estima dos
modestos
criadores.
13. Template: História do Nelore 10
Os principais pioneiros do Zebu no Brasil: Parte 5
Octávio Ariani Machado – Faz. Bom Gosto
Com a morte de Manoel de Souza Machado,
em 1918, Octávio, um de seus filhos,
continuou a criação de gado, recuperando os
melhores animais que tinham sido vendido da
fazenda de seu pai. Ele manteve os touros
Capimirim e Arari, que eram filhos diretos do
casal vindo da Índia, em sua fazenda Bom
Gosto.
Dois anos depois, ele comprou alguns animais
da raça Gir e Guzerá do Manoel de Oliveira
Prata e Adroaldo Cunha Campos, que foram
importados da Índia. Em 1930 Octávio
importou os touros da raça Gir, Gandi e Califa
e uma reprodutora Nelore, a Índia.
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Ele sempre foi muito cuidadoso com para
seleção dos reprodutores e lotes de vacas,
cruzou Gir com Nelore (mas verificou que
os resultados não foram satisfatórios),
identificou e selecionou por anos a
variedade do Nelore de pelagem vermelha.
Seu rebanho foi fonte de animais para
formação de diversos outros núcleos, como
Instituto de Pecuária da Bahia. Observou-se
uma disseminação de seu gado pelo Brasil,
como em São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro.
Após sua morte, seu filho Jayme Manoel
Vilas-Boas Machado continuou seu
trabalho.
14. Template: História do Nelore 11
Os principais pioneiros do Zebu no Brasil: Parte 6
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Pedro procurou os melhores núcleos de
gado indiano, e optou pelo Nelore. Comprou
na fazenda Santo Antônio, de Manoel
Ubelhart Lemgruber, dois garrotes (Louro e
Satan) e três fêmeas (Rainha, Flor e Fidalga).
Um ano depois, em Uberaba, comprou mais
30 reprodutoras dos rebanhos de Manoel
Andrade, Geraldino R. da Cunha,
Segismundo M. dos Santos, Vicentino R. da
Cunha, Armel e Alceu de Miranda.
Em 1922, o touro Louro foi classificado em
primeiro lugar na raça Nelore e campeão das
raças indianas, na grande Exposição
Internacional do Centenário.
Pedro Marques Nunes – Taubaté – SP
Foi um grande selecionador e grande
produtor de café. Em 1918 houve uma
grande geada que queimou muitas lavouras
e pastos, fazendo com que o gado sofresse
muito, e logo em seguida ocorreu um surto
de aftosa, causando assim a morte de
muitos animais. Na fazenda de Pedro havia
animais das raças europeias e animais
mestiços (pelo cruzamento das vacas
europeias com o touro anelorado de nome
Príncipe), ele então percebeu que boa parte
dos seus animais europeus morreram com a
falta de alimento e com a doença, e os
animais mestiços sobreviveram. Vendo isso,
ele decidiu entregar-se a criação de Zebu.
15. Template: História do Nelore 12
Os principais
pioneiros do Zebu
no Brasil: Parte 6
Em 1930 aproveitou a viagem à Índia
de Manoel O. Prata e Francisco R.
Lemos, Pedro encomendou os
melhores reprodutores da Índia e
assim vieram os touros Marajá, Rajá
e Sheik. Em 1923, juntamente com
alguns parentes, Pedro realizou a
exportação de gado Nelore e Guzerá
para o México.
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Mas no caminho, o navio recebeu a ordem de
parar em Nova Orleans primeiro, para
entregar uma partida de café, o que atrasou
muito a viagem, consequentemente a comida
não foi suficiente para os animais, e eles
passaram fome. Quando chegaram no
México, os animais estavam debilitados,
fazendo com que o preço deles caísse muito,
resultando em prejuízo.
Em 1936 vendeu para a Faz. Experimental de
Criação do Estado de São Paulo a cabeceira de
seu gado.
Pedro possuía o maior rebanho de Nelore
brasileiro, e o vendeu em 1939 para a
Sociedade Indiana Ltda.
Foi um selecionador unanimemente
reconhecido por criadores e entidades.
16. Template: História do Nelore 13
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Esses touros serviram as
novilhas que Vicente
selecionou do rebanho de
Geraldino Rodrigues da
Cunha e de outros. Iniciou
sua criação em em
Corumbaiba, em Goiás, e
adotou a marca VR. Depois
de 8 anos transferiu o
rebanho para Pontal de
Minas, para intensificar a
seleção.
Após a morte precoce de
Vicente, sua mulher, Olinda,
e seu filho único, Torres
Homem Rodrigues da
Cunha, assumiram a
responsabilidade.
Os principais pioneiros do
Zebu no Brasil: Parte 7
Vicente Rodrigues da Cunha e Olinda Arantes Cunha –
VR
Vicente começou a selecionar gado Nelore em 1932, e
comprou 3 touros (Bacurau, Manchadinho e Índio) indianos
importados por “Nequina” Prata e Ravísio Lemos.
17. Template: História do Nelore 14
Em 1943, Torres foi para Bahia e comprou de Octávio
Ariani Machado dois excelentes reprodutores, Cacique
e Yong. A produção foi muito boa, e satisfeitos com o
resultado, adquiriram mais tarde o touro Fab e 10
matrizes. Em 1945, na Exposição Nacional da Água
Branca, Torres comprou o touro Ídolo (neto de
Marajá).
Em 1953, eles fizeram outra grande aquisição, os
touros Vigia e Provedor de Octávio Machado.
O rebanho VR desenvolveu-se muito, e Torres e Olinda
decidiram mandar à Índia o auxiliar José da Silva
(“Dico”) e o veterinário José Deutsh, e depois seus
filhos Joaquim Vicente Prata Cunha (Tenente) e
Vicente Rodrigues da Cunha (Vicentino), para
realizaram a compra de reprodutores e matrizes.
Foram trazidos 168 animais, incluindo alguns Gir e
Búfalos. Os touros importados foram: Kavardi, Bima,
Golias, Rastan, Brahmini, Akazamu, Godar. Esses
animais iniciaram as mais importantes linhagens de
Nelore no Brasil.
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Os principais
pioneiros do Zebu
no Brasil: Parte 7
Foto: Olinda Cunha e Veríssimo Costa Júnior,
na festa da despedida do touro Bima,
campeão no esporte indiano de arrastar
pedra de grande peso. O animal era famoso e
estimado em toda a região de Tenali, em
Madras, 1962.
Fonte: Livro o Nelore.
18. Template: História do Nelore 15
Os principais pioneiros do Zebu no Brasil: Parte 7
Após a morte de Olinda, os trabalhos continuaram pela ação de Torres e de seus filhos e
genros nas diversas fazendas em São Paulo, Minas e Mato Grosso. Foi aberta uma
central VR na cidade de Araçatuba, que possibilitou um melhor aproveitamento dos
animais raçadores importados.
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Foto:Aspecto da fazenda de
Vicente Rodrigues da Cunha,
com parte de seu numeroso
rebanho de Nelore, em
Uberaba.
Fonte: Livro o Nelore
19. Template: História do Nelore 16
Os principais pioneiros do Zebu no Brasil: Parte 8
José da Silva – “Dico”
Com apenas 12 anos de idade, em 1939, Dico
começou a trabalhar com o gado de Vicente
Rodrigues Cunha (abordado no capítulo
anterior, 14, desta série), da marca VR.
Em 1961 foi enviado à Índia por Torres
Homem Rodrigues da Cunha para comprar
reprodutores e matrizes de qualidade. Ficou
por quase dois anos na Índia vasculhando
fazendas, sítios e quintais a procura de
animais puros e de boa conformação.
Conseguiu trazer para o Brasil, junto com
outros membros da família Rodrigues da
Cunha, 168 bovinos, caprinos indianos e até
galos de briga.
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Foto: Em companhia do técnico hindu
Khrisna Rao, Dico examina reprodutora
indiana, em sua última viagem à Índia.
Fonte: Livro o Nelore.
20. Template: História do Nelore 17
Os principais pioneiros do Zebu no Brasil: Parte 8
Em 1978 ele retornou à Índia para participar de um grupo de criadores interessados em
Bubalinos e Zebuínos, e em 1979 realizou a terceira viagem, para conferir o que ainda existia
de bom gado.
Confira no vídeo abaixo, o relato da experiência que o próprio Dico conta, acompanhado de
raras imagens e vídeos da época da importação:
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http://www.youtube.com/watch?v=FAoOXH6vLnA
&list=PLYRSfqGnk4Gq5ePnCJBQ7cs7C5YMLY5Ef
Clique Aqui Para Ver o Vídeo
Primeiro ministro Nehru examinando o famoso
touro Kavardi, após receber o título de campeão
da Índia, em 1959.
Fonte: Livro o Nelore.
21. Template: História do Nelore 18
Os principais pioneiros do Zebu no Brasil: Parte 9
Theodoro Eduardo
Duvivier – Santa Aminta
Iniciou sua criação em
1931, e durante 40 anos
dirigiu pessoalmente sua
fazenda e cuidou de seu
rebanho da famosa marca
Santa Aminta.
Para valorizar seu gado,
Theodoro divulgava suas
ideias por meio de
divulgação de estudos,
que apresentavam seus
pontos de vista e revelava
as metas de seu longo e
paciente trabalho.
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A história deste
selecionador pode ser
dividida em três partes:
1931 – compra dos
primeiros reprodutores
para formar o rebanho
em Petrópolis.
1948 – expansão, com a
compra de novos
reprodutores e o uso de
um genearca, Baluarte.
1952 – seleção
propriamente dita e
aperfeiçoamento,
tranalhando dentro de
um rebanho fechado.
Foto: Olinda Cunha e Veríssimo Costa Júnior, na festa da
despedida do touro Bima, campeão no esporte indiano de
arrastar pedra de grande peso. O animal era famoso e
estimado em toda a região de Tenali, em Madras, 1962.
Fonte: Livro o Nelore.
Os folhetos começaram a circular
nos anos de 1939, 1947, 1956 e
1960 e foram muito importantes
para melhorar o conhecimento
sobre o Nelore.
22. Template: História do Nelore 19
Os principais pioneiros
do Zebu no Brasil: Parte
9
Foto: Mística, reprodutora da Fazenda Monte Alegre, que
pertenceu a Theodoro Duvivier. Bela representante da raça,
notando-se a extraordinária semelhança com sua tri-avó
Assembléia, de Lourenço Lemgruber.
Fonte: O Nelore.
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Ele sempre se preocupou com as
características raciais e funcionais do
rebanho, apoiando o Registro
Genealógico, utilizando
constantemente a balança para
pesagens periódicas, além do
estabelecimento de completa escrita
zootécnica. A fazenda se chamava
Monte Alegre e se localizava em Três
Rios (RJ).
Era um constante frequentador das
exposições da Água Branca,
conquistou diversos campeonatos e
prêmios, e por muitos anos os Santa
Aminta monopolizaram as primeiras
colocações.
23. Template: História do Nelore 20
Os principais pioneiros do Zebu no Brasil: Parte 9
Foto: Baluarte, um dos maiores genearcas do
passado. Tem seu sangue em numerosos
rebanhos localizados em diferentes regiões do
território nacional, no Paraguai e na Argentina.
Nascido na Fazenda Indiana, pertenceu ao
Ministério da Agricultura e serviu por muito
tempo no rebanho Santa Aminta.
Fonte: Livro o Nelore.
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Em 1949, quando o Instituto Agrônomo do
Norte decidiu levar animais Nelore para a
Amazônia, Theodoro ajudou o técnico
Felisberto de Camargo na compra de
reprodutores. Ele foi sócio-fundador da
Associação do Nelore, e sempre colaborou
com as suas Diretorias.
Em 1971, ele parou sua atividade de criador, e
vendeu seu rebanho para criadores de
Londrina, para que eles continuassem a
seleção do gado Santa Aminta. Em 7 de junho
de 1972, a Associação do Nelore e o Instituto
de Zootecnia prestaram uma homenagem a
Theodoro, pela sua ação em favor do Bos
indicus do Brasil.
24. Template: História do Nelore 21
Os principais pioneiros do Zebu no Brasil: Parte 10
Pylades Prata Tibery
Filho de Orestes Moacir Tibery,
fazendeiro do município de
Veríssimo – MG, e nascido em 1909,
Pylades foi um dos poucos criadores
que se destacou no triângulo
mineiro.
Quando era jovem, aproveitava as
férias escolares para acompanhar o
pai em suas andanças pelo Norte e
Sul do Brasil, levando animais para
venda, em regiões onde o Zebu era
totalmente desconhecido.
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Nessas viagens, feitas sobre as estradas
boiaderas e em navios cargueiros, ele
pode conhecer profundamente o Zebu,
o País e os homens. Seus tios Manoel
O. Prata e Nelson P. Tibery o contavam
histórias sobre a importação do Zebu,
as quais o entusiasmava.
Em 1934, ajudou na organização da
exposição realizada pela Prefeitura
Municipal de sua cidade, e a partir de
1939 passou a integrar as comissões de
julgamento ao lado de Rômulo Joviano
e José Rodrigues Calheiros,
funcionários do Ministério da
Agricultura.
25. Template: História do Nelore
Os principais
pioneiros do Zebu
no Brasil: Parte 10
Pylades orientou muitos novos criadores
que começavam a criar Zebu nas décadas
de 40 e 50, ajudando na escolha de
reprodutores e matrizes para a formação
de rebanhos. Foi juiz em importantes
exposições das raças Zebuínas em Uberaba
e em outros importantes centros e se
tornou um juiz muito respeitado. Muitos
de seus reprodutores foram premiados ou
campeões em exposições, como Radar,
filho de Maxixe com a famosa Rainha, na
exposição de Uberaba de 1950.
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A ABCZ sempre teve
a colaboração de
Pylades, que por
vezes participou de
sua Diretoria e foi
membro efetivo de
seu Conselho
Técnico. Em 1980, a
entidade conferiu a
ele o “Mérito
Pecuário” em
reconhecimento de
seus trabalhos.
Foto: Pylades Prata Tibery
realizando o julgamento
de gado Nelore, em
exposição organizada no
Paraguai.
Fonte: O Nelore.
22
26. Template: História do Nelore 23
Encerramento do Ciclo das Importações
Em 1920 o cargueiro Gasconier que
vinha da Índia para o Brasil, trazendo
uma partida de Zebus escalou no porto
de Antuérpia. Durante essa parada,
alguns animais morreram, mas não se
deu muita importância para isto. Pouco
tempo depois, bovinos importados dos
EUA passaram pelo mesmo porto antes
de serem enviados para outros pontos
do país, e esses animais manifestaram a
peste bovina, registrando 130 focos
desta doença. Diagnosticada, a doença
foi imediatamente combatida e
erradicada, com o sacrifício de todos os
animais doentes ou suspeitos.
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O cargueiro Gasconier deixou o lote de
Zebuínos no porto de Santos e, em
1921, surgiram ao redor da capital
paulista (Osasco e Cotia
principalmente) alguns animais
doentes que morriam rapidamente. A
enfermidade foi diagnosticada como
peste bovina. Medidas severas foram
estabelecidas pelas autoridades
paulistas, e após a morte de 855
cabeças que não resistiram a doença
e mais 2.500 suspeitos ou já doentes
sacrificados a bala, a doença foi
controlada.
27. Template: História do Nelore 24
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Foto: Grande genearca Nelore, trazido da Índia
em 1930 por encomenda de Pedro Nunes.
Fonte: O Nelore
O aparecimento desta enfermidade
alarmou o Governo Federal que, em
1921, determinou a proibição das
importações e tornou obrigatório a
quarentena para os animais que já
estavam a caminho do Brasil. Daí em
diante, a peste bovina se tornou a grande
preocupação das autoridades sanitárias,
e impediu todas as tentativas de novas
importações indianas que zebueiros e
criadores manifestavam desejo.
Somente em 1930 Manoel de Oliveira
Prata e Ravísio Lemos conseguiram uma
licença para uma nova importação.
Em 1952, Felisberto de Camargo trouxe
um lote de gado Sindi, mas o fez como
funcionário do Ministério da Agricultura,
tratando-se, assim, de importação oficial
e não iniciativa de criadores.
Encerramento do Ciclo
das Importações
28. Template: História do Nelore
25
Pecuária da Índia nos dias de hoje
Marcos Vinicius G. Barbosa da Silva e
Luiz Sérgio de Almeida Camargo
Pesquisadores da Embrapa Gado de Leite
De acordo com reportagem do site
Beefpoint, a Índia tem a maior população
de bovinos e búfalos do mundo: possui
57% da população mundial de búfalos (105
milhões) e 15% da população de bovinos
do mundo (199 milhões). De acordo com o
último censo (2007), o rebanho de búfalos
cresceu 1,8% ao ano durante os últimos
cinco anos.
Na comercialização de carne, segundo o
Beefpoint, a participação da Índia
aumentou bastante rápido na última
década e dobrou nos últimos três anos.
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A indústria de carne de búfalo indiana
começou como um subproduto do setor
leiteiro, atendendo aos consumidores
de carne bovina, sendo o quarto maior
exportador de carne do mundo.
Certamente, o preço competitivo da
carne de búfalo no mercado global é a
mola propulsora do processo.
Quanto à produção leiteira, estima-se
que a Índia produza cerca de 132
milhões de toneladas de leite, sendo o
país de maior produção de leite
atualmente.
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Pecuária da Índia nos dias de hoje
Na tentativa de aumentar a produção de
leite, foi delineado um plano chamado de
National Dairy Plan (NDP), de modo a
aumentar a crescente demanda por esse
produto e melhorar o acesso dos
produtores ao mercado.
Um dos objetivos do NDP é organizar a
coleta de dados fenotípicos e implementar
programas de melhoramento para algumas
raças de bovinos e de bubalinos com base
no teste de progênie e na seleção por
pedigree. Além disso, há ações voltadas
para a ampliação da inseminação artificial
e melhoria da nutrição dos animais.
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Existe uma grande preocupação com a
sanidade também, sendo uma exigência dos
programas o levantamento do status
sanitário de todos os animais do rebanho
para várias doenças infecciosas como
brucelose, tuberculose, aftosa etc.
Pudemos visitar vários rebanhos,
principalmente de búfalos da raça Jafarabadi
e de bovinos das raças Gir e Kankrej
(Guzerá).
O índice de produção de leite nos rebanhos
Gir é interessante, com média em torno de
3.000 kg de leite por lactação, mas com vacas
atingindo até 5.000 kg. Normalmente, os
animais ficam presos ao cocho ou em estacas
cravadas no solo.
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Pecuária da Índia nos dias de hoje
Normalmente, os animais
ficam presos ao cocho ou
em estacas cravadas no
solo. Normalmente, os
animais não são
permanecem em pastos,
sendo a alimentação
fornecida em bacias
individuais, com uma
mistura de caroço de
algodão, farelo de trigo,
água e fubá de milho.
Como volumoso, recebem
sorgo e/ou alfafa verde ou
alguma palha restante da
colheita de alguma lavoura.
Pudemos visitar a central de
inseminação Sabarmati Ashram
Gaushala, nos arredores de
Ahmedabad, Essa instituição
foi fundada em 1915 por
Mahatma Gandhi para
conduzir estudos com criação
animal, e intenciona produzir,
até 2018, mais de 20 milhões
de doses de sêmen por ano
(Figuras 7a, 7b, 7c, 8, 9 e 10).
Um laboratório de fecundação
in vitro também está sendo
implementado para atender a
demanda de touros
selecionados para produção de
sêmen.
A Embrapa está
oficializando um
cooperação com a Índia,
para que as pesquisas em
melhoramento animal,
genômica e reprodução
possam ser realizadas em
conjunto e que, de
alguma forma, resultem
em benefícios para a
pecuária de ambos os
países.
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Figura 1. Vacas da raça Gir na cidade
de Ahmedabad, Gujarat.
Figura 2. Rebanho bubalino na cidade
de Bhavnagar, Gujarat.
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Figura 4. Alimentação individual
fornecida aos animais em produção.
Figura 3. Rebanho Guzerá na cidade
de Bhavnagar, Gujarat.
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Figura 5. Central de inseminação Sabarmati
Ashram Gaushala, em Ahmedabad, Gujarat.
Figura 7. Reprodutor da raça Kankrej, na
Central de inseminação Sabarmati Ashram
Gaushala.
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Figura 8. Reprodutor da raça Khillar, usada para montaria em
corridas, na Central de
inseminação Sabarmati Ashram Gaushala.
35. Referências
Textos e informações
retirados de:
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1. Livro O Nelore:
Autor: Alberto Alves Santiago
Editora dos Criadores, São Paulo, 1983
2. Autores: Marcos Vinicius G. Barbosa da Silva e
Luiz Sérgio de Almeida Camargo
Pesquisadores Embrapa Gado de Leite
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