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APOSTILA CONHECENDO O RIO DE METRÔ 2 – IGREJA DA GLÓRIA DO
            OUTEIRO/CONVENTO FRANCISCANO DE SANTO ANTÔNIO/CENTRO
                                     CULTURAL DA LIGHT
                                MORRO (E BAIRRO) DA GLÓRIA
               Os índios tupi-guaranis denominavam a região como Uruçú-Mirim (tipo
        de abelha pequena, ou segundo outros, ouriço pequeno).
                Bairros diversos da cidade do Rio de Janeiro já foram objetos de livros
        contando suas histórias e os seus encantos, até mesmo ruas, avenidas e
        praças foram desdenhadas na literatura: Rua do Ouvidor, Av. Central, hoje Av.
        Rio Branco e a Praça XI são exemplos significativos, mas os historiadores
        estão devendo um relato de um bairro que pela sua importância não poderia
        nem deveria ficar tanto tempo no esquecimento.
                O bairro da Glória não se desenha pelas suas confrontações, o
        sentimentalismo avança sobre ruas até mesmo que não fazem parte
        geograficamente do seu espaço físico. É um misto de zona sul com o centro da
        cidade, se tal não bastasse a sua proximidade com a Lapa, Santa Teresa,
        Catete e Flamengo enriquece a sua história.
                Não faz muito tempo o bairro da Glória era passagem obrigatória para
        se alcançar a zona sul.
                Será que os historiadores não tiveram tempo de descobrir a riqueza da
        história deste bairro ? Penso que não, acredito que as editoras não quiseram
        dar espaço a inúmeros trabalhos que se encontram nas gavetas dos homens
        que fizeram e fazem a história desta cidade.
                Porém um escritor que viveu e fez questão de morrer no bairro que tanto
        amou foi um cronista excepcional da Glória. O Dr. Pedro Nava, médico
        conceituado, que produziu uma literatura farta e inteligente onde o seu bairro
        estava sempre presente.
                Assunto para discorrer sobre este bairro não falta e posso afirmar que se
        fosse as minúcias mais de um volume teríamos.
                A Glória possui uma igreja que freqüentada pela família imperial teve a
        honra de ser escolhida para o batizado da princesa, Maria da Glória Joana
        Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Michaela
        Gonzaga, filha de D. Pedro I, neta de D. João VI em 1819.
                A devoção era tão especial que foi a irmandade agraciada por D. Pedro
        II, em 1849, com o título de “Imperial “ passando-se a chamar Imperial
        Irmandade de Nossa Senhora do Outeiro.
                A Secretaria de Exterior que eqüivale hoje ao Ministério das Relações
        Exteriores funcionou no bairro, a estátua que homenageia o 4o. Centenário do
        Descobrimento do Brasil, o chafariz mandado construir pelo Vice-Rei Marquês
        de Lavradio, a primeira feira livre que tivemos na cidade instituída pelo mesmo
        Vice-Rei , o grande prédio construído em 1870 para abrigar um mercado e que
        nunca funcionou como tal sendo demolido pelo prefeito Pereira Passos, os
        prédios da Beneficência Portuguesa, do Asilo São Cornélio e do famoso High-
        Life que ficou conhecido pelos seus bailes, a fonte de mármore doada a cidade
        por Adriano Ramos Pinto e a estátua do Visconde do Rio Branco, ambas
        inauguradas na Glória e “roubadas “ para outros logradouros, a primeira
        estação de tratamento de esgoto no Brasil, em o bairro viu nascer , em 1868 a
        primeira concessão de linhas de bondes em direção a zona sul, saindo da rua
        do Ouvidor, esquina da Rua Uruguaiana atravessou a Glória até alcançar o
        Largo do Machado e se foi protagonista do meio de transporte que desbravou


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os principais bairros cariocas foi também pioneiro no transporte urbano de
        massa mais moderno na nossa cidade, pois, 110 (cento e dez ) anos após os
        bondes puxados a burro atravessarem o bairro a primeira estação do metrô foi
        inaugurada na Glória em 1978.
               A Praça Paris, a Praça Luiz de Camões, a Marina da Glória, a tradicional
        feira de brechó realizada pelos mendigos e miseráveis, as pensões e hotéis
        que foram uma tradição do bairro, as prostitutas, travestis e viciados que
        fizeram no passado o seu local preferido e que ainda hoje fazem. Na Glória
        está a emissora de rádio mais popular e de maior audiência no Estado do Rio
        de Janeiro, a Rádio Globo, em contra partida a Rede Manchete de Televisão,
        também localizada no bairro, esta agonizando.
               E finalmente, onde está a estátua de São Sebastião, padroeiro da
        cidade do Rio de Janeiro ?
               Ora, só podia estar na Glória...
               O Local onde se localiza o bairro da Glória está intimamente ligado com
        a história da cidade do Rio de Janeiro.
               Em 1555 invadiram o Rio de Janeiro franceses chefiados por
        Villegaignon. O mapa “Goufre de la Riviére de Guanabara ou Janaire”,
        levantado em 1558 pelo Frade André Thevet ( que fazia parte da expedição )
        mostra-nos a Ville Henry, sede da França Antártica1, localizada na antiga Ilha
        da Carioca — delta formado pelo Rio Carioca e o Rio Catete, braço do                   Comentário:
        primeiro. Os franceses denominaram o Morro da Viúva como Mont’Henri , e o
        Morro da Glória, Mont Corguilleray ( em homenagem à Filipe de Corguilleray ,
        construindo nele um forte. Em carta datada de 131 de março de 1557, enviada
        à Calvino, o Almirante Villegaignon diz ter transferido a Ville Henri de terra firme
        para uma ilhazinha, na verdade, Serigipe(ou ilha dos siris, em tupi), atual Ilha
        de Villegaignon.
                      Em 1560 os franceses foram expulsos de Serigipe, refugiando-se
        até 1567 na Glória e na Ilha do Governador. De 1560 à 1567 foi o morro da
        Glória uma das regiões onde se refugiaram os franceses . Em 1565, Estácio de
        Sá, funda a cidade entre o morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar, porém , em
        1567, isto é, apenas 2 (dois) anos após a fundação ocorre o celebre combate
        contra os franceses que já tinham invadido a baía de Guanabara antes mesmo
        da chegada de Estácio de Sá, e juntamente com seus aliados os índios
        tamoios travaram ferrenha luta contra os portugueses pelo mar, na altura do
        morro do Leripe.
               E que morro é este ?
               O nosso Outeiro da Glória.
               Neste combate Estácio de Sá é ferido, vindo a falecer e Mem de Sá
        determina que a cidade seja transferida para o morro que após diversas
        designações tais como: Descanso, São Januário, ficou conhecido como Morro
        do Castelo até os seus derradeiros dias em 1922, quando foi totalmente
        arrasado.

                 IGREJA DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA DO OUTEIRO
              O Outeiro da Glória foi propriedade de Julião Rangel de Macedo, que
        recebeu as terras em virtude de sesmaria. Com o seu falecimento as terras
        foram adquiridas pela família Rocha Freire que posteriormente as vendeu ao




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Dr. Cláudio Gurgel do Amaral, este por escritura datada de 20 de janeiro de
        1699 fez doação à Irmandade de Nossa Senhora da Glória, constando a
        seguinte condição : “para nele edificar-se uma ermida que fosse permanente e
        não sendo assim ficaria revogada a doação e com a condição de que na
        referida ermida lhe daria sepultura a ele doador e a todos os seus
        descendentes e a quem lhes parecesse“.
               Ainda no remoto ano de 1608 um devoto português de nome "Ayres"
        mantinha uma devoção à Nossa Senhora da Glória numa gruta do antigo morro
        do "Lery", hoje morro da Glória. Muitos anos depois, o português Antônio
        Caminha, natural de Aveiro, ergueu no alto do morro em 1671 uma modesta
        ermida dedicada à Santa. Caminha era até então devoto e Irmão Terceiro de
        São Francisco, não se sabendo o que fez para que mudasse sua crença. Em
        1699, o Dr. Cláudio Gurgel do Amaral, que morava no morro numa casa ainda
        existente atrás do templo, doou grande terreno no morro para construção de
        uma igreja permanente para que pudesse receber seus restos mortais e de sua
        família.
               Cláudio Gurgel do Amaral era homem afeito a caridade, foi ministro da
        Ordem Terceira da Penitência, exerceu diversos cargos na Misericórdia ,
        chegando ser provedor da mesma durante o período de 1703 a 1705, mas nem
        sempre a vida lhe sorriu pois acabou sendo assassinado.
               Já em 1714 Antônio Caminha havia já obtido verbas com doações e
        oferendas de devotos para ereção do novo templo em pedra e cal, já que a
        capela de 1671 era em madeira e argila. Fez o projeto do novo templo o
        Tenente Coronel José Cardoso Ramalho, engenheiro militar e que depois
        igualmente projetou a Igreja de São Pedro dos Clérigos, no Centro, demolida
        quando se abriu a Avenida Presidente Vargas em 1942-44. Ramalho desenhou
        a Igreja da Glória em estilo Barroco Borromínico, com planta octogonal, à
        semelhança da Igreja de São Pedro dos Clérigos do Pôrto, Portugal. Foi o
        primeiro templo nesse novo estilo no Brasil colônia e, por muito tempo, quase o
        único.
               Poucos anos depois de iniciada, em 1719 o templo era entregue ao
        culto, mas pequenos detalhes foram acrescentados por muitos anos. Assim,
        por exemplo, muitos citam que a obra de alvenaria só foi completada em 1739.
        A tôrre ficou pronta em 1741 e as três portadas em mármore de lióz, vindas de
        Portugal, só foram colocadas em 1779. Quando o pintor Leandro Joaquim
        retratou o templo pela primeira vez numa tela, em 1790, o grosso da obra
        estava já pronta.
               Os três altares rococós do interior são belíssimos e, infelizmente,
        anônimos. Alguns os atribuem por comparação às obras de Inácio Ferreira
        Pinto, o entalhador que trabalhou na Capela Mór da Igreja do Mosteiro de São
        Bento. Os magníficos painéis de azulejos da nave foram feitos em c. 1728, em
        Lisboa, e retratam a lenda de Raquel, do Antigo Testamento.
               Em 1808, chegando ao Brasil a família real a igreja passa a ter destaque
        acima da sua beleza arquitetônica. A Igreja foi muito freqüentada no século XIX
        por D. João VI e particularmente por D. Pedro I e pela Imperatriz Leopoldina,
        que era tão devota da virgem que acrescentou "Maria" ao seu próprio nome e
        batizou sua primeira filha como "Maria da Glória". D. Pedro II e a Princesa
        Isabel também foram consagrados nesta igreja.




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Em 1849, a Irmandade da Glória, fundada ainda em fins do século XVII,
        ganhou o título de "Imperial", do Imperador D. Pedro II, colocando-se então o
        brasão oficial do Império sobre o arco cruzeiro.
                 Apesar da preferência da família imperial não significava que a igreja
        afastou-se das classes menos abastadas. Exemplo maior eram as festas
        realizadas no dia de Nossa Senhora da Glória, 15 de agosto , quando o povo
        participava de toda a programação que constava de uma novena, e missa
        cantada pela manhã , Te Deum Laudamus e procissão a tarde, fogos de
        artifícios e bailes eram freqüentes na redondeza , principalmente os
        freqüentados pelas elites da época, como os oferecidos pela Viscondessa de
        Sorocaba e o do Visconde de Meriti, onde hoje se localiza o Palácio Episcopal.
                 Com o advento da República, os festejos simplificaram-se, mas a
        tradição foi preservada.
                 No dia 5 de agosto realiza-se a mudança das vestes de Nossa Senhora
        da Glória. A imagem é retirada do trono e do altar-mór por irmãos graduados e
        numa sala contígua às tribunas, a porta fechada, é feita a troca das vestes num
        silêncio respeitoso. Nessa ocasião, troca-se a roupa da Santa, que, já de longa
        tradição, é sempre confeccionada pelo carnavalesco e museólogo Dr. Clóvis
        Bornay.
                 O templo foi tombado pelo SPHAN em 1938 e cuidadosamente
        restaurado, removendo-se as pinturas modernas dos altares e sendo
        construído atrás o Museu da Imperial Irmandade, em prédio estilo neocolonial
        adaptado. É o museu muito rico e possui jóias, imagens, móveis e pinturas de
        grande valor. Quando da festa da padroeira, a 15 de agosto, ganha iluminação
        especial que a torna "feérica".

           CONVENTO FRANCISCANO DE SANTO ANTÔNIO - LGO. DA CARIOCA
               Em 1592, frades franciscanos provenientes do Espírito Santo chegaram
        ao Rio. Inicialmente, estabeleceram-se numa simples casa. Em 1607
        mudaram-se para o antigo morro do Carmo, assim chamado por ter sido antes
        oferecido aos frades carmelitas, que o recusaram. Já os frades franciscanos
        não ficaram tão melindrados. Apenas solicitaram à Câmara de Vereadores que
        secasse a fétida lagoa que existia onde hoje é o Largo da Carioca. A Câmara
        só cumpriu esse pedido em 1679, abrindo uma vala.
               No dia 04 de junho de 1608 foi lançada a pedra fundamental do
        Convento, sob projeto do arquiteto e frade Frei Francisco dos Santos. A 07 de
        fevereiro de 1617 foi rezada a primeira missa. As obras na capela
        prosseguiram até 1617/20, quando o Superior Frei Bernardino de San Tiago as
        completou. O núcleo da igreja atual ainda é o primitivo, apesar das várias
        reformas e sucessivas ampliações.
               De 1697 a 1701 se ampliou a fachada, quando Frei Francisco da
        Porciúncula acrescentou-lhe uma galilé de três arcadas. De 1716 a 1719, Frei
        Lucas de São Francisco ampliou a capela-mór, adicionando-lhe corredores,
        tribunas, etc. Em 1777, Frei Martinho de Santa Teresa transformou os três
        arcos da entrada em três portas, cujos alizares talhados em mármore de Lióz
        vieram de Portugal. Em 1920/23, fez-se uma desastrosa reforma na fachada,
        substituindo-se o antigo frontispício do início do século XVIII, por outro em
        cimento, de estilo neocolonial. Aumentou-se o teto da nave e arrancaram vários
        painéis de azulejos. Foi autor da reforma Frei Inácio Hinte. Em 1980, uma
        restauração do SPHAN recompôs muito do que havia sido perdido. A igreja não


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PDF Creator - PDF4Free v2.0                                        http://www.pdf4free.com
possui Tôrres, apenas um pequeno campanário-arcada em cima da portaria do
        convento.
               Quanto ao convento, passou por muitas obras em todo o século XVII e
        XVIII, até que se decidiu por sua reconstrução completa, iniciada por Frei
        Manuel de São Roque em 1750. Entre 1774 e 1777, Frei Boaventura de São
        Salvador Cepeda ultimou o conjunto. Em 1779/81 foi construída a portaria e
        colocada uma imagem de Santo Antônio num elegante nicho-oratório de pedra,
        dos últimos que sobreviveram no Rio. A imagem era considerada milagrosa e
        até possuía pôsto militar, recebendo soldo regular do exército até 1910. No
        século XIX, o convento sofreu muitos danos por ter sido transformado em
        quartel no Primeiro Império, perdendo obras de arte.
               A decoração interior da capela é simples. Em 1620/24 já existiam três
        altares, que foram substituídos em 1716/19 pelos atuais, em estilo barroco,
        colocados por Frei Lucas de São Francisco. Nessa ocasião, a capela-mór foi
        inteiramente revestida de talha, com o teto decorado de pinturas ilustrando a
        vida de Santo Antônio. Em 1781/83 os altares receberam alterações, mas em
        1920 quase foram destruídos por uma reforma mal feita. Nesta oportunidade,
        arrancaram muitos painéis de azulejos antigos que existiam nas paredes.
        Aumentaram o teto da nave em três metros, adicionando-se uma talha postiça.
        O púlpito foi refeito. A pintura atual dos altares data de 1822.
               A Sacristia do Convento é a mais bonita do Rio. O magnífico arcaz
        barroco foi talhado por Manuel Alves Setúbal em 1745. Há belíssimos painéis
        de azulejos portugueses barrocos e pinturas no teto que contam a história de
        Santo Antônio. Numa sala lateral, existe um monumental lavabo português de
        mármore de Extremoz, encimado pela estátua da pureza.

             FREI FRANCISCO SOLANO BENJAMIM - DADOS BIOGRÁFICOS
              Pintor e desenhista, nasceu na vila de Santana de Macacu, Rio de
        Janeiro, em c. 1750. Pintor autodidata, frade franciscano do Convento de Santo
        Antônio do Rio de Janeiro. Desenhista, foi designado pelo Vice-Rei Luís de
        Vasconcellos e Souza para acompanhar a expedição de Frei Mariano da
        Conceição Veloso através do Brasil. Principais obras: São Carlos oferecendo
        um poema à Virgem da Assunção; Santa Ismênia; Senhor da Paciência; todas
        no Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca. Para o Convento de
        Santo Antônio de São Paulo, executou pinturas decorativas, a maior parte
        delas perdidas. Ilustrou a Flora Fluminense de Frei Mariano da Conceição
        Veloso.
              Faleceu a 20 de dezembro de 1818, no Rio de Janeiro.

           IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE SÃO FRANCISCO DA PENITÊNCIA
                A Ordem Terceira de São Francisco se instalou no Rio de Janeiro em
        1619. A primeira capela, dedicada à Nossa Senhora da Conceição, foi
        construída perpendicularmente à igreja conventual. Em 1653, o Convento doou
        aos terceiros um terreno ao lado da capela, onde em 1657, os irmãos Terceiros
        iniciaram seu templo. A construção foi em grande parte concluída em 1736, se
        bem que alguns detalhes só foram terminados em 1773.
                Entretanto, é na decoração interna que esta igreja mais se distingue,
        haja vista que nela foi feita a primeira talha rococó do Rio de Janeiro. Manuel
        de Brito, entalhador português fez o retábulo do altar-mór em 1726/32. Em
        1732 esculpiu um púlpito. Francisco Xavier de Brito, escultor, que não se sabe


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se era parente de Manuel, fez a talha do arco cruzeiro até a cimalha em 1735.
        De 1736 a 38, fez os seis altares laterais. Manuel de Brito novamente aparece,
        tendo feito as talhas que recobrem as paredes da nave em 1739/40, bem como
        refez a cimalha, considerada imperfeita pela Ordem.
               Caetano da Costa Coelho, pintor, dourou toda a obra da capela-mór e
        oito quadros em 1732. Quatro anos depois, Caetano pintou as imagens dos
        santos para os altares. De 1736 a 43, Caetano fez a belíssima pintura do teto
        da nave, considerada uma das mais espetaculares perspectivas barrocas do
        Brasil. No século XIX, a pintura sofreu restaurações que não a adulteraram.
               A capela do Noviciado, ou capela de N. Sra. da Conceição, também
        possui um altar-mór de Francisco Xavier de Brito, feito antes de 1741, pois
        nesse ano nosso mestre estava já em Minas Gerais, fazendo a talha da Igreja
        do Pilar de Vila Rica. Esta talha, a primeira experiência rococó entre nós, foi
        recentemente restaurada às suas linhas originais.

                   FRANCISCO XAVIER DE BRITO - DADOS BIOGRÁFICOS
                Francisco Xavier de Brito era português, devendo ter nascido aí por volta
        de 1715. Era renomado entalhador, bastante avançado para sua época, tendo
        introduzido no Brasil uma talha barroca, bastante inspirada no estilo Luís XV,
        francês, bastante leve e depurada, tendo aberto caminho para a penetração do
        estilo rococó entre nós. Deixou-nos obras importantes no Rio de Janeiro e em
        Minas Gerais e, influenciou muitos artistas nacionais, dentre eles, o Aleijadinho.
        Infelizmente pouco sabemos deste artista além do nome e de algumas obras.
                Em 1726, a Ordem Terceira da Penitência do Rio de Janeiro assinou
        contrato com Manuel de Brito para esculpir o altar-mór da capela da Ordem
        Terceira, bem como o arco-cruzeiro. Nove anos depois, a Ordem assina novo
        contrato, desta vez com Francisco Xavier de Brito, para o revestimento de talha
        do arco-cruzeiro e, logo depois, para a execução da cornija. No documento, o
        artista é citado como “escultor”. Até hoje não sabemos se havia alguma relação
        de parentesco de Francisco com Manuel de Brito, seu antecessor na obra. Em
        1736, Francisco é contratado para fazer os retábulos de seis altares laterais,
        trabalho muito adiantado em 1738. Em fins deste ano o trabalho estava
        completo.
                Alguns estudiosos atribuem a Francisco Xavier de Brito a talha do altar-
        mór da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Iguaçu, hoje Duque de Caxias.
        Se o retábulo de Pilar de Iguaçu for obra sua, executou-a em tempo bem curto,
        ou dividiu o trabalho com outros, o que não era raro. Seja como for, isso
        apenas mostra a afinidade que o artista possuía com essa santa, haja vista que
        seus principais trabalhos em Minas estariam relacionados com a nova Matriz
        do Pilar de Ouro Preto.
                Em 1741, Francisco Xavier de Brito entrou como Irmão da Irmandade
        das Almas da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto. No ano
        seguinte, esculpiu uma imagem de São Miguel para a mesma Irmandade. Em
        1744/45, fez o risco e executou a talha da Igreja Matriz de Nossa Senhora da
        Conceição, em Catas Altas.
                À partir de 1746, arrematou a obra de talha do zimbório e capela-mór da
        Matriz do Pilar de Vila Rica, tendo, no ano seguinte, alterado o projeto original,
        de Simão de Barros Barriga, tornando-o mais elegante. De quebra, em 1747/48
        trabalhou na talha da Igreja de Santa Efigênia do Alto da Cruz. Entretanto, uma
        doença abateu-o e o levou à morte. Em dezembro de 1751 ainda estava


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trabalhando na talha do Pilar quando perdeu as forças. Morreu a 24 de
        dezembro de 1751, sendo enterrado na Matriz do Pilar. Sua talha, entretanto,
        serviria de modelo aos primeiros trabalhos de Antônio Francisco Lisboa, o qual,
        segundo se afirma, foi seu discípulo.

                  CAETANO DA COSTA COELHO - DADOS BIOGRÁFICOS
               Pintor barroco, nasceu em Portugal, em c. 1700. Um dos grandes nomes
        da Escola Fluminense de Pintura; sua pintura perspectivista no teto da capela-
        mór e da nave da Igreja de São Francisco da Penitência, do Rio de Janeiro, é a
        mais antiga e perfeita do Brasil. Debret levava seus alunos neste templo para
        lhes mostrar a perfeição de sua perspectiva e composição.
               Segundo documentos, Caetano foi contratado pela Ordem em 1732,
        para dourar a talha da capela-mór, a pintura artística da abóbada e oito
        quadros. Em 1736, foi o artista contratado novamente para proceder a diversas
        dourações na nave-mór e pintura de diversas imagens. Em 1737, o artista foi
        contratado para proceder a pintura da abóbada da nave-mór. Em 1740 foi
        Caetano contratado para dourar a capela dos Exercícios. Já em 1743 era
        Caetano pago por ter completado todo o serviço de pintura da igreja. Seu nome
        desaparece dos documentos à partir desta data.
               Nada mais se sabe.

        CENTRO CULTURAL DA LIGHT – AVENIDA MARECHAL FLORIANO, 168 –
                                            CENTRO
               Antiga sede da empresa canadense distribuidora de energia elétrica do
        Rio de Janeiro, fundada em 1904, este bom exemplar de arquitetura industrial,
        projetado em 1911 por F. S. Pearson, foi todo construído em estrutura metálica.
               Conforme o procedimento usual, sua estrutura interna funcional
        característica da “arquitetura dos engenheiros” é oculta por uma fachada, cuja
        composição especialmente cuidada inspira-se no maneirismo italiano em que
        merecem destaque as grandes marquises em ferro atirantadas sobre as
        entradas. O prédio é um exemplar excepcional da arquitetura do início do
        século XX. Atualmente abriga o Centro Cultural da Light que, além das
        exposições temporárias, possui um acervo relativo aos antigos serviços
        prestados pela empresa.
               O prédio é tombado pela Municipalidade.




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História do bairro da Glória e sua igreja

  • 1. APOSTILA CONHECENDO O RIO DE METRÔ 2 – IGREJA DA GLÓRIA DO OUTEIRO/CONVENTO FRANCISCANO DE SANTO ANTÔNIO/CENTRO CULTURAL DA LIGHT MORRO (E BAIRRO) DA GLÓRIA Os índios tupi-guaranis denominavam a região como Uruçú-Mirim (tipo de abelha pequena, ou segundo outros, ouriço pequeno). Bairros diversos da cidade do Rio de Janeiro já foram objetos de livros contando suas histórias e os seus encantos, até mesmo ruas, avenidas e praças foram desdenhadas na literatura: Rua do Ouvidor, Av. Central, hoje Av. Rio Branco e a Praça XI são exemplos significativos, mas os historiadores estão devendo um relato de um bairro que pela sua importância não poderia nem deveria ficar tanto tempo no esquecimento. O bairro da Glória não se desenha pelas suas confrontações, o sentimentalismo avança sobre ruas até mesmo que não fazem parte geograficamente do seu espaço físico. É um misto de zona sul com o centro da cidade, se tal não bastasse a sua proximidade com a Lapa, Santa Teresa, Catete e Flamengo enriquece a sua história. Não faz muito tempo o bairro da Glória era passagem obrigatória para se alcançar a zona sul. Será que os historiadores não tiveram tempo de descobrir a riqueza da história deste bairro ? Penso que não, acredito que as editoras não quiseram dar espaço a inúmeros trabalhos que se encontram nas gavetas dos homens que fizeram e fazem a história desta cidade. Porém um escritor que viveu e fez questão de morrer no bairro que tanto amou foi um cronista excepcional da Glória. O Dr. Pedro Nava, médico conceituado, que produziu uma literatura farta e inteligente onde o seu bairro estava sempre presente. Assunto para discorrer sobre este bairro não falta e posso afirmar que se fosse as minúcias mais de um volume teríamos. A Glória possui uma igreja que freqüentada pela família imperial teve a honra de ser escolhida para o batizado da princesa, Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Michaela Gonzaga, filha de D. Pedro I, neta de D. João VI em 1819. A devoção era tão especial que foi a irmandade agraciada por D. Pedro II, em 1849, com o título de “Imperial “ passando-se a chamar Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Outeiro. A Secretaria de Exterior que eqüivale hoje ao Ministério das Relações Exteriores funcionou no bairro, a estátua que homenageia o 4o. Centenário do Descobrimento do Brasil, o chafariz mandado construir pelo Vice-Rei Marquês de Lavradio, a primeira feira livre que tivemos na cidade instituída pelo mesmo Vice-Rei , o grande prédio construído em 1870 para abrigar um mercado e que nunca funcionou como tal sendo demolido pelo prefeito Pereira Passos, os prédios da Beneficência Portuguesa, do Asilo São Cornélio e do famoso High- Life que ficou conhecido pelos seus bailes, a fonte de mármore doada a cidade por Adriano Ramos Pinto e a estátua do Visconde do Rio Branco, ambas inauguradas na Glória e “roubadas “ para outros logradouros, a primeira estação de tratamento de esgoto no Brasil, em o bairro viu nascer , em 1868 a primeira concessão de linhas de bondes em direção a zona sul, saindo da rua do Ouvidor, esquina da Rua Uruguaiana atravessou a Glória até alcançar o Largo do Machado e se foi protagonista do meio de transporte que desbravou 1 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 2. os principais bairros cariocas foi também pioneiro no transporte urbano de massa mais moderno na nossa cidade, pois, 110 (cento e dez ) anos após os bondes puxados a burro atravessarem o bairro a primeira estação do metrô foi inaugurada na Glória em 1978. A Praça Paris, a Praça Luiz de Camões, a Marina da Glória, a tradicional feira de brechó realizada pelos mendigos e miseráveis, as pensões e hotéis que foram uma tradição do bairro, as prostitutas, travestis e viciados que fizeram no passado o seu local preferido e que ainda hoje fazem. Na Glória está a emissora de rádio mais popular e de maior audiência no Estado do Rio de Janeiro, a Rádio Globo, em contra partida a Rede Manchete de Televisão, também localizada no bairro, esta agonizando. E finalmente, onde está a estátua de São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro ? Ora, só podia estar na Glória... O Local onde se localiza o bairro da Glória está intimamente ligado com a história da cidade do Rio de Janeiro. Em 1555 invadiram o Rio de Janeiro franceses chefiados por Villegaignon. O mapa “Goufre de la Riviére de Guanabara ou Janaire”, levantado em 1558 pelo Frade André Thevet ( que fazia parte da expedição ) mostra-nos a Ville Henry, sede da França Antártica1, localizada na antiga Ilha da Carioca — delta formado pelo Rio Carioca e o Rio Catete, braço do Comentário: primeiro. Os franceses denominaram o Morro da Viúva como Mont’Henri , e o Morro da Glória, Mont Corguilleray ( em homenagem à Filipe de Corguilleray , construindo nele um forte. Em carta datada de 131 de março de 1557, enviada à Calvino, o Almirante Villegaignon diz ter transferido a Ville Henri de terra firme para uma ilhazinha, na verdade, Serigipe(ou ilha dos siris, em tupi), atual Ilha de Villegaignon. Em 1560 os franceses foram expulsos de Serigipe, refugiando-se até 1567 na Glória e na Ilha do Governador. De 1560 à 1567 foi o morro da Glória uma das regiões onde se refugiaram os franceses . Em 1565, Estácio de Sá, funda a cidade entre o morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar, porém , em 1567, isto é, apenas 2 (dois) anos após a fundação ocorre o celebre combate contra os franceses que já tinham invadido a baía de Guanabara antes mesmo da chegada de Estácio de Sá, e juntamente com seus aliados os índios tamoios travaram ferrenha luta contra os portugueses pelo mar, na altura do morro do Leripe. E que morro é este ? O nosso Outeiro da Glória. Neste combate Estácio de Sá é ferido, vindo a falecer e Mem de Sá determina que a cidade seja transferida para o morro que após diversas designações tais como: Descanso, São Januário, ficou conhecido como Morro do Castelo até os seus derradeiros dias em 1922, quando foi totalmente arrasado. IGREJA DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA DO OUTEIRO O Outeiro da Glória foi propriedade de Julião Rangel de Macedo, que recebeu as terras em virtude de sesmaria. Com o seu falecimento as terras foram adquiridas pela família Rocha Freire que posteriormente as vendeu ao 2 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 3. Dr. Cláudio Gurgel do Amaral, este por escritura datada de 20 de janeiro de 1699 fez doação à Irmandade de Nossa Senhora da Glória, constando a seguinte condição : “para nele edificar-se uma ermida que fosse permanente e não sendo assim ficaria revogada a doação e com a condição de que na referida ermida lhe daria sepultura a ele doador e a todos os seus descendentes e a quem lhes parecesse“. Ainda no remoto ano de 1608 um devoto português de nome "Ayres" mantinha uma devoção à Nossa Senhora da Glória numa gruta do antigo morro do "Lery", hoje morro da Glória. Muitos anos depois, o português Antônio Caminha, natural de Aveiro, ergueu no alto do morro em 1671 uma modesta ermida dedicada à Santa. Caminha era até então devoto e Irmão Terceiro de São Francisco, não se sabendo o que fez para que mudasse sua crença. Em 1699, o Dr. Cláudio Gurgel do Amaral, que morava no morro numa casa ainda existente atrás do templo, doou grande terreno no morro para construção de uma igreja permanente para que pudesse receber seus restos mortais e de sua família. Cláudio Gurgel do Amaral era homem afeito a caridade, foi ministro da Ordem Terceira da Penitência, exerceu diversos cargos na Misericórdia , chegando ser provedor da mesma durante o período de 1703 a 1705, mas nem sempre a vida lhe sorriu pois acabou sendo assassinado. Já em 1714 Antônio Caminha havia já obtido verbas com doações e oferendas de devotos para ereção do novo templo em pedra e cal, já que a capela de 1671 era em madeira e argila. Fez o projeto do novo templo o Tenente Coronel José Cardoso Ramalho, engenheiro militar e que depois igualmente projetou a Igreja de São Pedro dos Clérigos, no Centro, demolida quando se abriu a Avenida Presidente Vargas em 1942-44. Ramalho desenhou a Igreja da Glória em estilo Barroco Borromínico, com planta octogonal, à semelhança da Igreja de São Pedro dos Clérigos do Pôrto, Portugal. Foi o primeiro templo nesse novo estilo no Brasil colônia e, por muito tempo, quase o único. Poucos anos depois de iniciada, em 1719 o templo era entregue ao culto, mas pequenos detalhes foram acrescentados por muitos anos. Assim, por exemplo, muitos citam que a obra de alvenaria só foi completada em 1739. A tôrre ficou pronta em 1741 e as três portadas em mármore de lióz, vindas de Portugal, só foram colocadas em 1779. Quando o pintor Leandro Joaquim retratou o templo pela primeira vez numa tela, em 1790, o grosso da obra estava já pronta. Os três altares rococós do interior são belíssimos e, infelizmente, anônimos. Alguns os atribuem por comparação às obras de Inácio Ferreira Pinto, o entalhador que trabalhou na Capela Mór da Igreja do Mosteiro de São Bento. Os magníficos painéis de azulejos da nave foram feitos em c. 1728, em Lisboa, e retratam a lenda de Raquel, do Antigo Testamento. Em 1808, chegando ao Brasil a família real a igreja passa a ter destaque acima da sua beleza arquitetônica. A Igreja foi muito freqüentada no século XIX por D. João VI e particularmente por D. Pedro I e pela Imperatriz Leopoldina, que era tão devota da virgem que acrescentou "Maria" ao seu próprio nome e batizou sua primeira filha como "Maria da Glória". D. Pedro II e a Princesa Isabel também foram consagrados nesta igreja. 3 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 4. Em 1849, a Irmandade da Glória, fundada ainda em fins do século XVII, ganhou o título de "Imperial", do Imperador D. Pedro II, colocando-se então o brasão oficial do Império sobre o arco cruzeiro. Apesar da preferência da família imperial não significava que a igreja afastou-se das classes menos abastadas. Exemplo maior eram as festas realizadas no dia de Nossa Senhora da Glória, 15 de agosto , quando o povo participava de toda a programação que constava de uma novena, e missa cantada pela manhã , Te Deum Laudamus e procissão a tarde, fogos de artifícios e bailes eram freqüentes na redondeza , principalmente os freqüentados pelas elites da época, como os oferecidos pela Viscondessa de Sorocaba e o do Visconde de Meriti, onde hoje se localiza o Palácio Episcopal. Com o advento da República, os festejos simplificaram-se, mas a tradição foi preservada. No dia 5 de agosto realiza-se a mudança das vestes de Nossa Senhora da Glória. A imagem é retirada do trono e do altar-mór por irmãos graduados e numa sala contígua às tribunas, a porta fechada, é feita a troca das vestes num silêncio respeitoso. Nessa ocasião, troca-se a roupa da Santa, que, já de longa tradição, é sempre confeccionada pelo carnavalesco e museólogo Dr. Clóvis Bornay. O templo foi tombado pelo SPHAN em 1938 e cuidadosamente restaurado, removendo-se as pinturas modernas dos altares e sendo construído atrás o Museu da Imperial Irmandade, em prédio estilo neocolonial adaptado. É o museu muito rico e possui jóias, imagens, móveis e pinturas de grande valor. Quando da festa da padroeira, a 15 de agosto, ganha iluminação especial que a torna "feérica". CONVENTO FRANCISCANO DE SANTO ANTÔNIO - LGO. DA CARIOCA Em 1592, frades franciscanos provenientes do Espírito Santo chegaram ao Rio. Inicialmente, estabeleceram-se numa simples casa. Em 1607 mudaram-se para o antigo morro do Carmo, assim chamado por ter sido antes oferecido aos frades carmelitas, que o recusaram. Já os frades franciscanos não ficaram tão melindrados. Apenas solicitaram à Câmara de Vereadores que secasse a fétida lagoa que existia onde hoje é o Largo da Carioca. A Câmara só cumpriu esse pedido em 1679, abrindo uma vala. No dia 04 de junho de 1608 foi lançada a pedra fundamental do Convento, sob projeto do arquiteto e frade Frei Francisco dos Santos. A 07 de fevereiro de 1617 foi rezada a primeira missa. As obras na capela prosseguiram até 1617/20, quando o Superior Frei Bernardino de San Tiago as completou. O núcleo da igreja atual ainda é o primitivo, apesar das várias reformas e sucessivas ampliações. De 1697 a 1701 se ampliou a fachada, quando Frei Francisco da Porciúncula acrescentou-lhe uma galilé de três arcadas. De 1716 a 1719, Frei Lucas de São Francisco ampliou a capela-mór, adicionando-lhe corredores, tribunas, etc. Em 1777, Frei Martinho de Santa Teresa transformou os três arcos da entrada em três portas, cujos alizares talhados em mármore de Lióz vieram de Portugal. Em 1920/23, fez-se uma desastrosa reforma na fachada, substituindo-se o antigo frontispício do início do século XVIII, por outro em cimento, de estilo neocolonial. Aumentou-se o teto da nave e arrancaram vários painéis de azulejos. Foi autor da reforma Frei Inácio Hinte. Em 1980, uma restauração do SPHAN recompôs muito do que havia sido perdido. A igreja não 4 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 5. possui Tôrres, apenas um pequeno campanário-arcada em cima da portaria do convento. Quanto ao convento, passou por muitas obras em todo o século XVII e XVIII, até que se decidiu por sua reconstrução completa, iniciada por Frei Manuel de São Roque em 1750. Entre 1774 e 1777, Frei Boaventura de São Salvador Cepeda ultimou o conjunto. Em 1779/81 foi construída a portaria e colocada uma imagem de Santo Antônio num elegante nicho-oratório de pedra, dos últimos que sobreviveram no Rio. A imagem era considerada milagrosa e até possuía pôsto militar, recebendo soldo regular do exército até 1910. No século XIX, o convento sofreu muitos danos por ter sido transformado em quartel no Primeiro Império, perdendo obras de arte. A decoração interior da capela é simples. Em 1620/24 já existiam três altares, que foram substituídos em 1716/19 pelos atuais, em estilo barroco, colocados por Frei Lucas de São Francisco. Nessa ocasião, a capela-mór foi inteiramente revestida de talha, com o teto decorado de pinturas ilustrando a vida de Santo Antônio. Em 1781/83 os altares receberam alterações, mas em 1920 quase foram destruídos por uma reforma mal feita. Nesta oportunidade, arrancaram muitos painéis de azulejos antigos que existiam nas paredes. Aumentaram o teto da nave em três metros, adicionando-se uma talha postiça. O púlpito foi refeito. A pintura atual dos altares data de 1822. A Sacristia do Convento é a mais bonita do Rio. O magnífico arcaz barroco foi talhado por Manuel Alves Setúbal em 1745. Há belíssimos painéis de azulejos portugueses barrocos e pinturas no teto que contam a história de Santo Antônio. Numa sala lateral, existe um monumental lavabo português de mármore de Extremoz, encimado pela estátua da pureza. FREI FRANCISCO SOLANO BENJAMIM - DADOS BIOGRÁFICOS Pintor e desenhista, nasceu na vila de Santana de Macacu, Rio de Janeiro, em c. 1750. Pintor autodidata, frade franciscano do Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro. Desenhista, foi designado pelo Vice-Rei Luís de Vasconcellos e Souza para acompanhar a expedição de Frei Mariano da Conceição Veloso através do Brasil. Principais obras: São Carlos oferecendo um poema à Virgem da Assunção; Santa Ismênia; Senhor da Paciência; todas no Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca. Para o Convento de Santo Antônio de São Paulo, executou pinturas decorativas, a maior parte delas perdidas. Ilustrou a Flora Fluminense de Frei Mariano da Conceição Veloso. Faleceu a 20 de dezembro de 1818, no Rio de Janeiro. IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE SÃO FRANCISCO DA PENITÊNCIA A Ordem Terceira de São Francisco se instalou no Rio de Janeiro em 1619. A primeira capela, dedicada à Nossa Senhora da Conceição, foi construída perpendicularmente à igreja conventual. Em 1653, o Convento doou aos terceiros um terreno ao lado da capela, onde em 1657, os irmãos Terceiros iniciaram seu templo. A construção foi em grande parte concluída em 1736, se bem que alguns detalhes só foram terminados em 1773. Entretanto, é na decoração interna que esta igreja mais se distingue, haja vista que nela foi feita a primeira talha rococó do Rio de Janeiro. Manuel de Brito, entalhador português fez o retábulo do altar-mór em 1726/32. Em 1732 esculpiu um púlpito. Francisco Xavier de Brito, escultor, que não se sabe 5 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 6. se era parente de Manuel, fez a talha do arco cruzeiro até a cimalha em 1735. De 1736 a 38, fez os seis altares laterais. Manuel de Brito novamente aparece, tendo feito as talhas que recobrem as paredes da nave em 1739/40, bem como refez a cimalha, considerada imperfeita pela Ordem. Caetano da Costa Coelho, pintor, dourou toda a obra da capela-mór e oito quadros em 1732. Quatro anos depois, Caetano pintou as imagens dos santos para os altares. De 1736 a 43, Caetano fez a belíssima pintura do teto da nave, considerada uma das mais espetaculares perspectivas barrocas do Brasil. No século XIX, a pintura sofreu restaurações que não a adulteraram. A capela do Noviciado, ou capela de N. Sra. da Conceição, também possui um altar-mór de Francisco Xavier de Brito, feito antes de 1741, pois nesse ano nosso mestre estava já em Minas Gerais, fazendo a talha da Igreja do Pilar de Vila Rica. Esta talha, a primeira experiência rococó entre nós, foi recentemente restaurada às suas linhas originais. FRANCISCO XAVIER DE BRITO - DADOS BIOGRÁFICOS Francisco Xavier de Brito era português, devendo ter nascido aí por volta de 1715. Era renomado entalhador, bastante avançado para sua época, tendo introduzido no Brasil uma talha barroca, bastante inspirada no estilo Luís XV, francês, bastante leve e depurada, tendo aberto caminho para a penetração do estilo rococó entre nós. Deixou-nos obras importantes no Rio de Janeiro e em Minas Gerais e, influenciou muitos artistas nacionais, dentre eles, o Aleijadinho. Infelizmente pouco sabemos deste artista além do nome e de algumas obras. Em 1726, a Ordem Terceira da Penitência do Rio de Janeiro assinou contrato com Manuel de Brito para esculpir o altar-mór da capela da Ordem Terceira, bem como o arco-cruzeiro. Nove anos depois, a Ordem assina novo contrato, desta vez com Francisco Xavier de Brito, para o revestimento de talha do arco-cruzeiro e, logo depois, para a execução da cornija. No documento, o artista é citado como “escultor”. Até hoje não sabemos se havia alguma relação de parentesco de Francisco com Manuel de Brito, seu antecessor na obra. Em 1736, Francisco é contratado para fazer os retábulos de seis altares laterais, trabalho muito adiantado em 1738. Em fins deste ano o trabalho estava completo. Alguns estudiosos atribuem a Francisco Xavier de Brito a talha do altar- mór da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Iguaçu, hoje Duque de Caxias. Se o retábulo de Pilar de Iguaçu for obra sua, executou-a em tempo bem curto, ou dividiu o trabalho com outros, o que não era raro. Seja como for, isso apenas mostra a afinidade que o artista possuía com essa santa, haja vista que seus principais trabalhos em Minas estariam relacionados com a nova Matriz do Pilar de Ouro Preto. Em 1741, Francisco Xavier de Brito entrou como Irmão da Irmandade das Almas da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto. No ano seguinte, esculpiu uma imagem de São Miguel para a mesma Irmandade. Em 1744/45, fez o risco e executou a talha da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Catas Altas. À partir de 1746, arrematou a obra de talha do zimbório e capela-mór da Matriz do Pilar de Vila Rica, tendo, no ano seguinte, alterado o projeto original, de Simão de Barros Barriga, tornando-o mais elegante. De quebra, em 1747/48 trabalhou na talha da Igreja de Santa Efigênia do Alto da Cruz. Entretanto, uma doença abateu-o e o levou à morte. Em dezembro de 1751 ainda estava 6 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 7. trabalhando na talha do Pilar quando perdeu as forças. Morreu a 24 de dezembro de 1751, sendo enterrado na Matriz do Pilar. Sua talha, entretanto, serviria de modelo aos primeiros trabalhos de Antônio Francisco Lisboa, o qual, segundo se afirma, foi seu discípulo. CAETANO DA COSTA COELHO - DADOS BIOGRÁFICOS Pintor barroco, nasceu em Portugal, em c. 1700. Um dos grandes nomes da Escola Fluminense de Pintura; sua pintura perspectivista no teto da capela- mór e da nave da Igreja de São Francisco da Penitência, do Rio de Janeiro, é a mais antiga e perfeita do Brasil. Debret levava seus alunos neste templo para lhes mostrar a perfeição de sua perspectiva e composição. Segundo documentos, Caetano foi contratado pela Ordem em 1732, para dourar a talha da capela-mór, a pintura artística da abóbada e oito quadros. Em 1736, foi o artista contratado novamente para proceder a diversas dourações na nave-mór e pintura de diversas imagens. Em 1737, o artista foi contratado para proceder a pintura da abóbada da nave-mór. Em 1740 foi Caetano contratado para dourar a capela dos Exercícios. Já em 1743 era Caetano pago por ter completado todo o serviço de pintura da igreja. Seu nome desaparece dos documentos à partir desta data. Nada mais se sabe. CENTRO CULTURAL DA LIGHT – AVENIDA MARECHAL FLORIANO, 168 – CENTRO Antiga sede da empresa canadense distribuidora de energia elétrica do Rio de Janeiro, fundada em 1904, este bom exemplar de arquitetura industrial, projetado em 1911 por F. S. Pearson, foi todo construído em estrutura metálica. Conforme o procedimento usual, sua estrutura interna funcional característica da “arquitetura dos engenheiros” é oculta por uma fachada, cuja composição especialmente cuidada inspira-se no maneirismo italiano em que merecem destaque as grandes marquises em ferro atirantadas sobre as entradas. O prédio é um exemplar excepcional da arquitetura do início do século XX. Atualmente abriga o Centro Cultural da Light que, além das exposições temporárias, possui um acervo relativo aos antigos serviços prestados pela empresa. O prédio é tombado pela Municipalidade. 7 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com