O documento descreve o Consórcio de Pesquisa e Inovação em Aeroespacial do Quebec (CRIAQ) como um modelo de sucesso de colaboração entre universidades e indústria no setor aeroespacial canadense. Analisa a aplicabilidade deste modelo para a indústria brasileira, destacando a forte pesquisa acadêmica no Brasil versus pouca pesquisa nas empresas, e concluindo que o principal empecilho é a falta de investimento em P&D pelas empresas brasileiras do setor.
Fomento científico e tecnológico à Inovação e ao desenvolvimento de Santa Cat...
Consortium for research and innovation in aerospace in Quebec, Canada – a reference model for the Brazilian aerospace industry
1. Consórcio de Pesquisa e Inovação
Aeroespacial do Quebec – um
modelo de referência para a
indústria aeroespacial brasileira
Fabiano Armellini e Paulo Carlos Kaminski
Departamento de Engenharia Mecânica
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
2. Contexto do artigo
Parte de pesquisa colaborativa entre Escola
Politécnica da USP e École Polytechnique de
Montréal para análise do impacto da inovação
no desenvolvimento de produtos no setor
aeroespacial no Brasil e no Canadá
Realização de entrevistas no Quebec durante
intercâmbio acadêmico no segundo semestre
de 2010
2
3. Esquema da apresentação
Análise da aplicabilidade do modelo do
CRIAQ para a realidade da indústria brasileira
Apresentação do CRIAQ: modelo de sucesso
de consórcio para parceria ICT-empresa no
setor aeroespacial no Quebec (Canada)
Revisão conceitual sobre SNIs, inovação
aberta e a relação entre os conceitos
3
5. Elementos e histórico da teoria de sistemas de inovação
5
Sistema nacional de política econômica
Friedrich List (1789-1846)
(Freeman, 1995)
Tríplice Hélice
(Sábato et Botana, 1968)
Estudos iniciais de sistemas de inovação
(Lundvall, 1985; Freeman,1987; Nelson, 1988)
Estudos descritivos e explanatórios
consolidam teoria
(Lundvall, 1992; Nelson, 1993; OECD,1997)
6. Inovação aberta
6
Fonte: Gassmann et Enkel, 2004
Fonte: De Jong (2007) apud De Backer, 2008.
Fonte: OECD, 2008.
“Open Innovation is a paradigm that assumes
that firms can and should use external ideas as
well as internal ideas, and internal and external
paths to market.” (CHESBROUGH, 2003)
7. Comparação: inovação aberta e sistemas de inovação
Literatura sobre inovação aberta Literatura sobre sistemas de inovação
Empresas obtêm melhores resultados se estas abrirem seus
processos de inovação, isto é, envolver o mundo externo.
Inovação é o resultado de interações complexas e
intensas entre diversos atores.
A inovação não está mais no domínio do departamento
interno de P&D; os modelos tradicionais em stage-gate
ilustram de forma incompleta como as inovações devem ser
organizadas.
O modelo linear no qual atividades relacionadas com
conhecimento são divididas por oferta e demanda
não é mais sustentável.
As empresas podem se beneficiar de fluxos intencionais de
entrada e saída de conhecimento. Os spillovers de
conhecimento podem ser fonte de oportunidades e não
devem ser vistos apenas como uma ameaça.
Os spillovers de conhecimento são essenciais para o
funcionamento de um sistema de inovação, e são
muito desejáveis.
As empresas precisam tanto de competências de inovação
internas (não só P&D) quanto de competências para
conectar atores externos para obterem sucesso.
O funcionamento de sistemas de inovação pode ser
dificultado por falhas de capacidade e de
relacionamento.
Como as empresas estão cada vez mais dependentes de
fontes externas, arranjos de infra-estrutura e outras
condições estruturais se tornam mais importantes.
O funcionamento de sistemas de inovação pode ser
dificultado por falhas institucionais ou estruturais.
A maior mobilidade de mão de obra e a maior
disponibilidade de força de trabalho treinada são fatores
importantes que contribuíram para a erosão do modelo
fechado de inovação.
O capital social e humano constituem o elemento
“lubrificante” dos sistemas de inovação.
Se as empresas inovadoras não puderem se beneficiar de
inovações geradas internamente, outras empresas talvez
possam.
Os benefícios sociais da inovação excedem aos dos
atores individuais.
7Fonte: De Jong et al., 2008.
9. Histórico do consórcio (1)
9
2000
• Idealização do consórcio por três professores da Université de Sherbrooke
- Tecnologias pré competitivas
- Colaboração ICT-empresa
- Financiamento público
Fonte: Bazergui, 2007.
10. Histórico do consórcio (2)
10
2001
• Nascimento do consórcio, com adesão de agentes importantes nos três vértices da
tríplice hélice
Bell Helicopter Textron
Bombardier Aéronautique
CAE
Pratt&Whitney Canada
CMC Életronique
EMS Technologies
Todas as universidades (exceto UdQ)
École de Technologie Supérieure (ETS)
Centre des Technologies de
Fabrication en Aérospatiale (CTFA)
MDEIE, FQRNT e MELS
(Governo do Québec)
Fonte: Adaptado de Fortin, 2010.
11. Histórico do consórcio (3)
11
2001
• Primeira rodada de projetos (2001-2006)
• Subvenção de CAN$ 6,5 milhões por parte do governo;
• 25% de contrapartida por parte das empresas participantes;
• 13 projetos, em sete (07) áreas de conhecimento distintas;
• Definição da estrutura organizacional dos projetos:
Fonte: Bazergui, 2007.
12. Histórico do consórcio (4)
12
2004
• Segunda rodada de projetos (12 projetos, 8 áreas de conhecimento)
2006
• Governo investe mais CAN$ 8,6 milhões em pesquisas até o ano de 2010
2006
• Campanha de divulgação para adesão de PMEs ao consórcio
2006
• Terceira rodada de projetos (11 projetos, 6 áreas de conhecimento)
2006
• CRIAQ passa a ser citado como eixo estratégico do governo do Quebec para promover
a inovação na indústria aeroespacial local (MDEIE, 2006)
13. Histórico do consórcio (5)
13
2007
• Primeiro acordo de cooperação internacional (com a Índia)
Fonte: Bazergui, 2007.
14. Histórico do consórcio (6)
14
2008
• Quarta rodada de projetos (34 novos projetos)
2010
• Quinta rodada de projetos (48 projetos potenciais)
• 42 membros na indústria (27 PMEs);
• 15 ICTs;
• Apoio institucional do governo e de associações de indústria;
• 58 projetos ativos, 21 projetos finalizados.
Atualmente (dez/2010)
15. Fóruns de inovação
• Mecanismo para levantamento de propostas de projetos;
• Não é necessário ser membro do consórcio para participar do fórum;
• Projetos só são efetivados se houver pelo menos duas empresas interessadas e
duas universidade envolvidas;
• Objetivo: levantar ideias de projetos que sejam solução de problemas da indústria
como um todo, e não problemas particulares de uma empresa.
Fórum 3º Forum
(2006)
4º Forum
(2008)
5º Forum
(2010)
Participantes da indústria
(empresas representadas)
225 (90) 290 (100) 395 (142)
Projetos 14 novos
projetos
34 novos
projetos
48 projetos
potenciais
15
Fonte: Adaptado de CRIAQ, 2010.
16. Estudo de caso: CRIAQ
Sigla Tema
ACOU Vibro acústica e controle de ruído
AVIO Aviônicos e controle
COMP Materiais compósitos
DPHM Diagnóstico, prognóstico, monitoração do estado de componentes e ensaios
não destrutivos
ENV Meio-ambiente, segurança e adequação climática
INTD Projeto de interiores de cabine
LEAN Otimização, produção enxuta
MANU Fabricação
MDO Modelamento, simulação, otimização e integração de sistemas
PLM Gestão do ciclo de vida
SPLY Cadeia de fornecimento
Áreas de pesquisa
16
Fonte: Adaptado de Fortin, 2010.
17. Estudo de caso: CRIAQ
• Boa receptividade por parte da academia;
• Adesão das grandes empresas do setor;
• Oportunidade de pesquisa e de relacionamento para PMEs;
• Apoio governamental e financeiro não se restringe apenas aos interesses das
empresas de capital canadense, mas a todas as empresas residentes que realizem
P&D no Quebec;
• Forte estrutura de PI;
• Conselho administrativo rotativo (cargos de um ano) e eleito por Assembleia;
• Foco em tecnologias pré competitivas;
• Fóruns de inovação como ferramenta de discussão e levantamento de propostas de
projetos de interesse comum;
• Alta adesão empresarial nos fóruns, incluindo não membros.
Pontos positivos
• Histórico de rivalidade Quebec com o resto do Canadá dificulda difusão do modelo
para outras províncias do país;
• Necessária estrutura de P&D prévia para participação no consórcio;
• Falta de modelo de negócio sustentável para projetos de pesquisa em tecnologias
mais maduras;
• Falta de modelo de negócio sustentável para viabilização de projetos de colaboração
indústria-indústria.
Pontos negativos
17
21. Aplicabilidade do modelo no contexto da indústria brasileira
21
• Marco regulatório para a inovação no Brasil: Lei de inovação 10.973/04;
• Diversas iniciativas e programas de subvenção e financiamento têm sido criados
para fomentar a inovação no país desde então;
• Setor aeroespacial é visto pelo governo como um setor de desenvolvimento
estratégico para o país;
Da parte do governo:
• Alta produtividade da academia brasileira;
• Crescentes números de produção científica universitária;
• Ampla estrutura de pesquisa aeroespacial: CTA, ITA, INPE etc;
• Cerca de 70% dos pesquisadores brasileiros encontram-se na academia;
Em relação às universidades:
• Poucos pesquisadores na indústria;
• Polo industrial altamente dependente de tecnologia estrangeira;
• Pouca estrutura de P&D, especialmente nas PMEs.
Nas empresas:
22. Conclusões
22
• CRIAQ – modelo de sucesso de colaboração universidade-empresa com suporte
governamental;
• Dinâmica que ao mesmo atrai o interesse das empresas e não fere a missão
universitária de formadora de pessoas e geradora de conhecimento:
– Tecnologias pré competitivas;
– Parceria com empresas (no mínimo duas) e universidades (no mínimo duas),
sob a coordenação do CRIAQ;
• Membros adotam uma postura correta com relação ao conhecimento que pode
ser gerado por uma universidade: o conhecimento universitário não é algo
passível de “capitalização” ou “privatização”; pesquisador universitário não é visto
como uma alternativa ao P&D interno da empresa, mas como outra fonte que
fornece um outro tipo de conhecimento, menos maduro em termos de sua
aplicação a produtos ou processos, mas que serve de base para a inovação em
médio e longo prazo.
• Principal empecilho para a implantação de um modelo semelhante no Brasil é a
falta de P&D interno nas empresas brasileiras do setor.
23. Agradecimentos
23
Prof. Dr. Catherine Beaudry
Departamento de Matemática e Engenharia Industrial
Prof. Dr. Clément Fortin
Presidente do CRIAQ – gestão 2010-11
Bolsas de estudo:
24. Referências citadas na apresentação (1)
BAZERGUI, A. (2007) CRIAQ, a Winning Model for Industry-led Collaborative Research in Aerospace,
and its Role within Aéro Montréal. Apresentação feita para o Forum Innovation Aérospatiale
2007. Disponível em: http://www.aeromontreal.ca. Acesso em: 24/Nov/2011.
BRITO CRUZ, C.H. (2004) A Universidade, a empresa e a pesquisa, Universidade de Campinas. Versão
atualizada e ampliada de artigo com mesmo título publicado na Revista Humanidades, Vol. 45
pp.15-29, 1999.
CHESBROUGH, H.W. (2003) Open innovation: the new imperative for creating and profiting from
technology, Harvard Business School Press.
CRIAQ (2010) Dépliant du CRIAQ, Consortium de Recherche et d'Innovation en Aérospatiale au
Québec, mai/2010. Disponível em: http://www.criaq.aero/Presentation/100527_depliant_fr.pdf.
Acesso em 10/Mai/2011.
DE BACKER, K. (2008) Open innovation in a global scale: main findings, OECD, Business Simposium,
Copenhagen, February 25th.
DE JONG, J.P.J; VANHAVERBEKE, W.; KALVET, T.; CHESBROUGH, H.W. (2008) Policies for open
innovation: theory, framework and cases, Research project funded by VISION Era-Net.
FORTIN, C. (2010) Presentation du consortium de recherche et d'innovation en aérospatiale au
Québec, Forum des Étudiants en Aérospatiale FEA 2010, École Polytechnique de Montréal, 14/Out.
FREEMAN, C. (1987) Technology and economic performance: Lessons from Japan, Pinter, London.
FREEMAN, C. (1995) The 'National System of Innovation' in historical perspective, Cambridge Journal
of Economics, Vol. 19, pp.5-24.
24
25. Referências citadas na apresentação (2)
GASSMANN, O.; ENKEL, E. (2004) Towards a theory of open innovation: three core process
archetypes, Proceedings of the R&D Management Conference, Lisbon, Portugal, July 6–9, 2004.
LUNDVALL, B.Å. (ed.) (1985) Product innovation and user-producer interaction, Industrial
Development Research Series No. 31, Aalborg University Press.
LUNDVALL, B.Å. (ed.) (1992) National innovation systems: towards a theory of innovation and
interactive learning, Pinter Publishers.
MDEIE (2006) Stratégie de développement de l'industrie aéronautique québécoise, Ministère du
Développement économique, de l’Innovation et de l’Exportation du Québec. Disponível em:
http://www.criaq.aero/Donnees/2006_MDEIE_Strategie.pdf. Acesso em 14/Out/2010.
NELSON, R.R. (1988) Institutions supporting technical change in the United States. In: Dosi, G.,
Freeman, C., Nelson, R., Silverberg, G.; Soete, L. (eds.) (1988) Technical Change and Economic
Theory, Pinter Publishers, pp.312-29.
NELSON, R.R. (ed.) (1993) National Innovation Systems: A Comparative Analysis, Oxford University
Press.
OECD (1997) National innovation systems, Organization for Economic Co-operation and
Development.
OECD (2008) Open innovation in global networks, Organization for Economic Co-operation and
Development.
SÁBATO J.A.; BOTANA N. (1968) La ciencia y la tecnología en el desarrollo futuro de América Latina,
Revista de la Integración, INTAL, Vol.1, No.3, pp. 15-36.
25
26. Fabiano Armellini
farmellini@usp.br
Paulo Carlos Kaminski
pckamins@usp.br
Escola Politécnica da USP
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