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IMPACTOS DA REVOLUÇÃO ENERGÉTICA DOS ESTADOS UNIDOS
SOBRE A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO, A GEOPOLÍTICA, O MEIO
AMBIENTE, O PRÉ-SAL NO BRASIL E AS ENERGIAS RENOVÁVEIS
Fernando Alcoforado*
Nos últimos dez anos, os Estados Unidos se tornaram líderes na produção de gás de
xisto, graças a novas técnicas inovadoras de extração. Cabe observar que o xisto é uma
fonte de combustível que, quando submetido a altas temperaturas, produz óleo com
composição semelhante à do petróleo do qual se extrai nafta, óleo combustível, gás
liquefeito, óleo diesel e gasolina. O gás natural preso em formações de xisto, cuja
obtenção antes era difícil demais e muito cara, hoje é possível ser obtido através do
método de perfuração do subsolo através do fraturamento hidráulico (fracking em
inglês) desenvolvido na década de 1990 com o uso de uma mistura de água, areia e
produtos químicos para perfurar as camadas de xisto e extrair gás natural dos poros das
rochas (Ver o artigo A revolução do gás de xisto nos EUA: passado e futuro publicado
no                                                                                  site
<http://www.wharton.universia.net/index.cfm?fa=viewArticle&id=2256&language=por
tuguese>).

Com o uso do fracking, empresas norte-americanas deflagraram uma revolução
energética no segmento de gás de xisto. A produção americana desse gás passou de
praticamente zero, em 2000, para um nível em que contribui com ¼ do gás natural dos
Estados Unidos e que deverá chegar à metade do total de gás natural no país até 2030,
de acordo com dados do Instituto de Políticas Públicas James A. Baker da Universidade
Rice em Houston, no Texas. Dono da segunda maior reserva do mundo depois da China
de acordo com a EIA- Energy Information Administration, os Estados Unidos, passaram
a deter uma nova e vasta fonte de energia que poderia ajudar o país a diminuir sua
dependência do petróleo importado.
O recente relatório do Belfer Center, baseado em dados de Harvard e intitulado Oil: The
Next Revolution, sugere que a produção de óleo de xisto pode alcançar
aproximadamente 6 milhões de barris por dia nos Estados Unidos até 2020.
Considerando-se o potencial da produção norte-americana de petróleo em plataformas
convencionais ou em águas profundas, isso sugeriria que, em 2020, os EUA poderiam
estar perto de alcançar sua independência energética de petróleo (Ver o site
<http://belfercenter.ksg.harvard.edu/publication/22144/oil.html>). O maior impacto
geopolítico da tecnologia de extração de xisto reside menos no fato de que os Estados
Unidos serão mais autossuficientes em termos energéticos e mais no consequente
deslocamento dos mercados mundiais de petróleo devido à redução acentuada de suas
importações, sobretudo do Oriente Médio.
Este impacto geopolítico será reforçado ainda mais pelo desenvolvimento das reservas
de óleo de xisto na China, Argentina, Brasil, Ucrânia e outros países, que colocará
pressão adicional sobre os preços mundiais do petróleo que tenderá a cair. Os incentivos
para o desenvolvimento do óleo e do gás natural de xisto são muito grandes. A Europa
também se beneficiará da revolução do xisto, à medida que os preços do petróleo
começarem a ser pressionados para baixo. A China, por sua vez, tem incentivos ainda
maiores para desenvolver o gás de xisto porque suas reservas recuperáveis são maiores
do que as dos Estados Unidos, somando 36 trilhões de metros cúbicos, e porque se
protegeria de grande parte do efeito de um bloqueio por parte da Marinha dos Estados


                                                                                      1
Unidos que controla o Oceano Pacífico impedindo que a maior parte do petróleo chinês
chegue por meio de petroleiros.
O preço do petróleo pode cair para até 50 dólares em 2015, ao invés dos quase 100
dólares atualmente, graças à revolução do gás de xisto nos Estados Unidos. Esta
estimativa foi realizada pelo instituto independente Alphavalue que analisa os
benefícios do gás, que pode ser responsável por quase metade do consumo energético
dos Estados Unidos em 2050. Este estudo foi apresentado exatamente um ano depois
que a Agência Internacional de Energia afirmou prever o preço do barril de petróleo
entre 100 e 118 dólares até 2015. Devido à queda nas importações do produto pelos
norte-americanos, poderia baixar o valor do barril do petróleo em todo o mundo. Será
um choque monumental. Esta situação faria com que os Estados Unidos, que consomem
um quinto da energia do mundo, evitassem conflitos na política externa, se fossem
menos dependentes do petróleo de países do Golfo Pérsico, da Rússia e da Nigéria, por
exemplo (Ver o artigo Gás de xisto pode derrubar preço do petróleo pela metade, diz
estudo publicado no site <http://www.portugues.rfi.fr/economia/20120927-preco-do-
petroleo-poderia-cair-pela-metade-gracas-exploracao-do-gas-de-xisto-diz-e>).
Geopoliticamente, a revolução do xisto poderá fortalecer os Estados Unidos e a China
reduzindo ou eliminando sua dependência energética. Ao mesmo tempo, essa revolução
será potencialmente desestabilizadora para a Rússia e para a Arábia Saudita e outros
países que dependem da exportação de petróleo. Esta situação poderá criar
desestabilização econômica, política e social nesses países com a emergência de
conflitos sociais de consequências imprevisíveis. As explorações de gás de xisto
começaram em muitos países do mundo, inclusive na Polônia, Ucrânia, Austrália, Grã-
Bretanha e também na China. O Reino Unido irá suprir até 2032, por conta do gás de
xisto, um quarto de suas necessidades desse tipo de combustível. Surgiram também
tecnologias que possibilitam obter petróleo de xisto. A companhia Japan Petroleum
Exploration, por exemplo, conseguiu obter combustíveis líquidos de xisto, o que,
possivelmente, será a solução do problema de grave escassez de energia nesse país, que
também está relacionado com a recusa, em perspectiva, da energia atômica pelo Japão
(Ver o artigo Revolução de xisto muda economia mundial e a geopolítica publicado no
site <http://portuguese.ruvr.ru/2012_10_07/xisto-novo-combustivel-geopolitica/>).
Cabe observar que o gás natural, constituído, sobretudo de metano, gera metade das
emissões de carbono geradas pelo carvão. No entanto, o fraturamento hidráulico em si
suscita preocupações ambientais como, por exemplo, a contaminação dos lençóis
aquíferos subterrâneos, caso os túneis não estejam alinhados corretamente e os produtos
químicos utilizados para manter abertos os poros da rocha vazem. A utilização do gás
natural a partir do xisto vem encontrando opositores em várias partes do mundo
alegando que o método fracking pode envenenar reservas subterrâneas de água e até
provocar terremotos. Até agora, o fracking foi banido na França e na Bulgária; suspenso
ou voluntariamente paralisado em Reino Unido, África do Sul, Quebec, partes da
Alemanha e Austrália; e condenado do norte da Espanha até Nova York.
A revolução energética dos Estados Unidos com base no xisto tende a se desenvolver
em várias partes do mundo como tentativa de vários países de se libertarem da
dependência ao petróleo importado, sobretudo dos países do Oriente Médio, região
crítica do ponto de vista geopolítico diante da possibilidade da eclosão de conflitos
regionais que podem desencadear um novo conflito mundial ameaçando o
abastecimento deste importante insumo energético. O desenvolvimento da produção de

                                                                                     2
gás de xisto impactará fortemente contra a indústria de petróleo forçando a baixa de
seus preços e de sua lucratividade. No Brasil, poderá haver a inviabilização da produção
de petróleo na camada pré-sal que só seria viável com o preço do barril de petróleo
acima de US$ 70 dólares. A baixa do preço do barril de petróleo impactará
negativamente, também, sobre o desenvolvimento das fontes renováveis de energia que
se tornariam menos competitivas dificultando ou inviabilizando economicamente sua
expansão que vem se registrando em todo o mundo nos últimos anos graças ao aumento
do preço do barril de petróleo. Em síntese, a revolução energética em cursos nos
Estados Unidos impacta negativamente sobre a indústria e os países produtores de
petróleo, o meio ambiente, a exploração do Pré-sal no Brasil e o desenvolvimento das
fontes renováveis de energia.
*Fernando Alcoforado, 73, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional
pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico,
planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos
livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem
Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000),
Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e
combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e
Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre
outros.




                                                                                                        3

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Impactos da revolução energética dos estados unidos sobre a indústria de petróleo, a geopolítica, o meio ambiente, o pré sal no brasil e as energias renováveis

  • 1. IMPACTOS DA REVOLUÇÃO ENERGÉTICA DOS ESTADOS UNIDOS SOBRE A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO, A GEOPOLÍTICA, O MEIO AMBIENTE, O PRÉ-SAL NO BRASIL E AS ENERGIAS RENOVÁVEIS Fernando Alcoforado* Nos últimos dez anos, os Estados Unidos se tornaram líderes na produção de gás de xisto, graças a novas técnicas inovadoras de extração. Cabe observar que o xisto é uma fonte de combustível que, quando submetido a altas temperaturas, produz óleo com composição semelhante à do petróleo do qual se extrai nafta, óleo combustível, gás liquefeito, óleo diesel e gasolina. O gás natural preso em formações de xisto, cuja obtenção antes era difícil demais e muito cara, hoje é possível ser obtido através do método de perfuração do subsolo através do fraturamento hidráulico (fracking em inglês) desenvolvido na década de 1990 com o uso de uma mistura de água, areia e produtos químicos para perfurar as camadas de xisto e extrair gás natural dos poros das rochas (Ver o artigo A revolução do gás de xisto nos EUA: passado e futuro publicado no site <http://www.wharton.universia.net/index.cfm?fa=viewArticle&id=2256&language=por tuguese>). Com o uso do fracking, empresas norte-americanas deflagraram uma revolução energética no segmento de gás de xisto. A produção americana desse gás passou de praticamente zero, em 2000, para um nível em que contribui com ¼ do gás natural dos Estados Unidos e que deverá chegar à metade do total de gás natural no país até 2030, de acordo com dados do Instituto de Políticas Públicas James A. Baker da Universidade Rice em Houston, no Texas. Dono da segunda maior reserva do mundo depois da China de acordo com a EIA- Energy Information Administration, os Estados Unidos, passaram a deter uma nova e vasta fonte de energia que poderia ajudar o país a diminuir sua dependência do petróleo importado. O recente relatório do Belfer Center, baseado em dados de Harvard e intitulado Oil: The Next Revolution, sugere que a produção de óleo de xisto pode alcançar aproximadamente 6 milhões de barris por dia nos Estados Unidos até 2020. Considerando-se o potencial da produção norte-americana de petróleo em plataformas convencionais ou em águas profundas, isso sugeriria que, em 2020, os EUA poderiam estar perto de alcançar sua independência energética de petróleo (Ver o site <http://belfercenter.ksg.harvard.edu/publication/22144/oil.html>). O maior impacto geopolítico da tecnologia de extração de xisto reside menos no fato de que os Estados Unidos serão mais autossuficientes em termos energéticos e mais no consequente deslocamento dos mercados mundiais de petróleo devido à redução acentuada de suas importações, sobretudo do Oriente Médio. Este impacto geopolítico será reforçado ainda mais pelo desenvolvimento das reservas de óleo de xisto na China, Argentina, Brasil, Ucrânia e outros países, que colocará pressão adicional sobre os preços mundiais do petróleo que tenderá a cair. Os incentivos para o desenvolvimento do óleo e do gás natural de xisto são muito grandes. A Europa também se beneficiará da revolução do xisto, à medida que os preços do petróleo começarem a ser pressionados para baixo. A China, por sua vez, tem incentivos ainda maiores para desenvolver o gás de xisto porque suas reservas recuperáveis são maiores do que as dos Estados Unidos, somando 36 trilhões de metros cúbicos, e porque se protegeria de grande parte do efeito de um bloqueio por parte da Marinha dos Estados 1
  • 2. Unidos que controla o Oceano Pacífico impedindo que a maior parte do petróleo chinês chegue por meio de petroleiros. O preço do petróleo pode cair para até 50 dólares em 2015, ao invés dos quase 100 dólares atualmente, graças à revolução do gás de xisto nos Estados Unidos. Esta estimativa foi realizada pelo instituto independente Alphavalue que analisa os benefícios do gás, que pode ser responsável por quase metade do consumo energético dos Estados Unidos em 2050. Este estudo foi apresentado exatamente um ano depois que a Agência Internacional de Energia afirmou prever o preço do barril de petróleo entre 100 e 118 dólares até 2015. Devido à queda nas importações do produto pelos norte-americanos, poderia baixar o valor do barril do petróleo em todo o mundo. Será um choque monumental. Esta situação faria com que os Estados Unidos, que consomem um quinto da energia do mundo, evitassem conflitos na política externa, se fossem menos dependentes do petróleo de países do Golfo Pérsico, da Rússia e da Nigéria, por exemplo (Ver o artigo Gás de xisto pode derrubar preço do petróleo pela metade, diz estudo publicado no site <http://www.portugues.rfi.fr/economia/20120927-preco-do- petroleo-poderia-cair-pela-metade-gracas-exploracao-do-gas-de-xisto-diz-e>). Geopoliticamente, a revolução do xisto poderá fortalecer os Estados Unidos e a China reduzindo ou eliminando sua dependência energética. Ao mesmo tempo, essa revolução será potencialmente desestabilizadora para a Rússia e para a Arábia Saudita e outros países que dependem da exportação de petróleo. Esta situação poderá criar desestabilização econômica, política e social nesses países com a emergência de conflitos sociais de consequências imprevisíveis. As explorações de gás de xisto começaram em muitos países do mundo, inclusive na Polônia, Ucrânia, Austrália, Grã- Bretanha e também na China. O Reino Unido irá suprir até 2032, por conta do gás de xisto, um quarto de suas necessidades desse tipo de combustível. Surgiram também tecnologias que possibilitam obter petróleo de xisto. A companhia Japan Petroleum Exploration, por exemplo, conseguiu obter combustíveis líquidos de xisto, o que, possivelmente, será a solução do problema de grave escassez de energia nesse país, que também está relacionado com a recusa, em perspectiva, da energia atômica pelo Japão (Ver o artigo Revolução de xisto muda economia mundial e a geopolítica publicado no site <http://portuguese.ruvr.ru/2012_10_07/xisto-novo-combustivel-geopolitica/>). Cabe observar que o gás natural, constituído, sobretudo de metano, gera metade das emissões de carbono geradas pelo carvão. No entanto, o fraturamento hidráulico em si suscita preocupações ambientais como, por exemplo, a contaminação dos lençóis aquíferos subterrâneos, caso os túneis não estejam alinhados corretamente e os produtos químicos utilizados para manter abertos os poros da rocha vazem. A utilização do gás natural a partir do xisto vem encontrando opositores em várias partes do mundo alegando que o método fracking pode envenenar reservas subterrâneas de água e até provocar terremotos. Até agora, o fracking foi banido na França e na Bulgária; suspenso ou voluntariamente paralisado em Reino Unido, África do Sul, Quebec, partes da Alemanha e Austrália; e condenado do norte da Espanha até Nova York. A revolução energética dos Estados Unidos com base no xisto tende a se desenvolver em várias partes do mundo como tentativa de vários países de se libertarem da dependência ao petróleo importado, sobretudo dos países do Oriente Médio, região crítica do ponto de vista geopolítico diante da possibilidade da eclosão de conflitos regionais que podem desencadear um novo conflito mundial ameaçando o abastecimento deste importante insumo energético. O desenvolvimento da produção de 2
  • 3. gás de xisto impactará fortemente contra a indústria de petróleo forçando a baixa de seus preços e de sua lucratividade. No Brasil, poderá haver a inviabilização da produção de petróleo na camada pré-sal que só seria viável com o preço do barril de petróleo acima de US$ 70 dólares. A baixa do preço do barril de petróleo impactará negativamente, também, sobre o desenvolvimento das fontes renováveis de energia que se tornariam menos competitivas dificultando ou inviabilizando economicamente sua expansão que vem se registrando em todo o mundo nos últimos anos graças ao aumento do preço do barril de petróleo. Em síntese, a revolução energética em cursos nos Estados Unidos impacta negativamente sobre a indústria e os países produtores de petróleo, o meio ambiente, a exploração do Pré-sal no Brasil e o desenvolvimento das fontes renováveis de energia. *Fernando Alcoforado, 73, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros. 3