SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 8
A organização como uma questão estratégica: passado e
presente
Alvaro Bianchi
Professor do Departamento de Ciência Política da Unicamp, secretário de redação da revista Outubro e
coordenador do Grupo de Estudos sobre o Marxismo de Leon Trotsky, sediado no Centro de Estudos
Marxistas da Unicamp

         Há polêmicas às quais só o tempo é capaz de atribuir um sentido. Em 1903, o
debate sobre os estatutos do Partido Operário Social-Democrático Russo (POSDR) era
incompreensível para a maioria dos socialistas da época. Concentrado na definição
dos membros do partido pelo primeiro parágrafo dos estatutos, essa discussão
produziu algumas das páginas mais densas e difíceis de ler da história política do
socialismo. As posições dos antagonistas não pareciam, entretanto, muito diferentes
à primeira vista. Para Martov, líder da fração que ficou conhecida como menchevique,
deveria ser membro do partido “todo aquele que, reconhecendo seu programa,
trabalha ativamente para executar as tarefas partidárias, sob o controle da direção
dos órgãos do Partido” (MARTOV, 2006, p. 39). Lenin, por sua vez, insistia que era
aquele que “conhecendo o programa do Partido, o apoia, seja com meios materiais,
seja com a participação em uma das organizações do partido” (LENIN, 2006, p. 35).
         Ao destacar a importância da participação dos militantes nas organizações do
partido, Lenin procurava impedir que o oportunismo organizativo se transformasse
num oportunismo político. Duas eram as implicações dessa participação. Primeiro, o
partido reconheceria apenas suas próprias organizações, colocando à sua margem
organismos independentes, ou seja, que não eram formalmente integrantes da
estrutura partidária. Em segundo lugar, a participação direta nos organismos do
partido colocaria todos os militantes, sem exceção, sob o controle direto dos demais
membros e não apenas de sua direção.
          Tanta sutileza não tornava os propósitos da discussão evidentes para todos.
Mas Lenin insistiu que esse debate sobre uma pequena questão era, na verdade, o
ponto de virada que dava lugar para “sutilezas oportunistas e para a fraseologia
anarquista” da fração menchevique (2006a, p. 62). Leon Trotsky, como se sabe,
estava entre aqueles que não compreenderam a discussão em seu momento e que
avaliaram, de modo errôneo, aquilo que estava em jogo. Em seu famoso relatório da
delegação siberiana, de 1903, o futuro chefe do Exército Vermelho reclamou que “o
Congresso não justificou as esperanças depositadas nele” (TROTSKY, s.d., p. 11).
O desenvolvimento político da fração menchevique esclareceu em grande medida
essa   polêmica.   De   fato,   as   sutilezas   organizativas   de   Martov   deram   lugar
rapidamente ao oportunismo político de sua fração. Em 1905, o debate não era mais
sobre a organização do partido e sim sobre o caráter da Revolução Russa. Em 1917,
esse debate teórico traduziu-se vivamente na participação de socialistas no governo
de Alexander Kerenski, bem como na oposição dos mencheviques à insurreição de
Outubro e ao novo poder soviético.


Tendências e programa
         O tempo também tem ajudado a esclarecer uma polêmica abstrata e,
aparentemente, desnecessária da esquerda brasileira. Quando, no final de 2003, o
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) iniciou a discussão com outras
organizações de esquerda para a criação de um novo partido socialista, insistiu que
seu programa e sua forma organizativa deveriam ser decididos pela base da nova
organização após um intenso e extenso debate. Mas, no dia 19 de janeiro de 2004,
uma reunião da qual participaram alguns poucos intelectuais e parlamentares que
haviam rompido com o Partido dos Trabalhadores (PT) – dentre eles, a então
senadora Heloísa Helena e os deputados Luciana Genro e Babá – decidiu, a portas
fechadas, que um novo partido seria criado e que ele funcionaria “com pleno direito
de tendência e profundo respeito às minorias e ao direito de opinião” (HELENA et al.,
2004).
          Essa fórmula era ambígua e imprecisa, mas a senadora Heloísa Helena
esclareceu o conteúdo dessa definição referente ao funcionamento do novo partido
para uma delegação do PSTU. As tendências do novo partido deveriam ser
permanentes, assim como eram no PT. O PSTU não era contrário à existência de
tendências internas, mas considerava que elas deveriam se organizar apenas durante
as discussões que antecederiam os congressos do novo partido e com base na pauta
desses congressos. E, principalmente, propunha por intermédio de seu porta-voz,
José Maria de Almeida, que a resolução a respeito de programa, concepção e
estatutos fosse decidida pela base do novo partido após um processo de aberta
discussão (ALMEIDA, 2003).


       Para Heloísa Helena e outros, a existência permanente de tendências era uma
cláusula pétrea. Era uma condição e não algo que poderia ser discutido e submetido à
decisão coletiva. A cláusula excluía o PSTU de todo debate, a menos que aceitasse o
que lhe era imposto. As consequências dessa cláusula pétrea não eram claras. Muitos
interpretaram que o funcionamento com base em tendências permanentes era mais
democrático. Desenvolveu-se, assim, um debate extremamente abstrato que parecia
afirmar-se apenas sobre o terreno organizativo e que resultou no afastamento do
PSTU desse projeto político.
      Passados seis anos dessa discussão, torna-se cada vez mais claro que ela tinha
reflexos políticos importantes. O projeto de um novo partido unitário da esquerda
socialista fracassou e no lugar dele foi anunciado o nascimento do Partido Socialismo
e Liberdade (PSOL), reunindo apenas uma parte das forças políticas que participaram
daquelas discussões. Rapidamente o oportunismo organizativo revelou-se como
oportunismo político. As tendências permanentes do PSOL ocultaram a fragilidade
programática e organizativa do partido. O programa e a organização das tendências
substituíram o próprio partido, que não tem senão resoluções conjunturais e uma
participação   ocasional       de   seus   membros    na    vida    interna    deste.
          Sem programa e organização de base comuns as grandes tendências
permanentes do PSOL ocuparam todos os espaços de discussão e deliberação desse
partido, loteando-o de acordo com suas forças. As reuniões da direção nacional não
expressam, senão, o momento no qual o acordo político conjuntural entre as
diferentes tendências é reproposto. Os núcleos não passam de uma ficção jurídica ou
de biombos para a organização de base das tendências. A participação dos membros
na vida do partido se encontra restrita ao momento dos congressos e conferências,
mas esta não é efetiva e a única forma de ocorrer consiste no alinhamento com as
posições já existentes. A participação não é, desse modo, ativa. É passiva.
      Ao invés de um partido o PSOL transformou-se, sob o comando de sua direção,
em uma sigla na qual coexistem diversos pequenos partidos, cada qual com seu
próprio projeto político. Seus congressos e conferências têm revelado que esses
projetos não são apenas diferentes; são antagônicos. As tendências permanentes
foram a forma organizativa que impediu essa sigla de ser um partido de militantes e
que o reduziu à condição de partido de filiados que são convocados pela direção
apenas para resolver os antagonismos internos. As eleições e mandatos são o
cimento que garante a unidade dos diversos partidos que compõem a sigla.
       Instituídas nos moldes de frações parlamentares as tendências permanentes
têm a sua frente deputados, senadores, assessores e candidatos a candidato. A base
do PSOL encontra-se alijada de todo controle cotidiano sobre os organismos
dirigentes. Sem o controle da base, parlamentares da legenda e seus associados
fazem política interna diretamente através dos mass media, antecipando-se a
decisões dos organismos dirigentes ou mesmo desrespeitando-as e desconhecendo a
vontade das bases que dizem representar.
        O jornal do PSOL – Página 50 – e a revista da Fundação Lauro Campos –
Socialismo e Liberdade – não foram ao que tudo indica senão produtos efêmeros. O
site do partido, quando está no ar, reduz-se a divulgar as ações de seus
parlamentares e os textos que eles e seus assessores assinam. A política de
comunicação, fundamental para todo partido que almeje a hegemonia política, não
está pior do que a política de formação. Seis anos após sua fundação nenhuma
tentativa nacional ou regional de elevação consistente da qualidade intelectual e
política de seus membros foi levada a cabo. Ao invés de políticas de formação ou de
comunicação que possam apoiar-se na força coletiva de uma militância existem
apenas aqueles substitutos que prescindem de uma participação ativa: alguns
seminários nos quais os membros do partido podem ouvir e admirar seus intelectuais
e dirigentes e um site que qualquer um pode acessar no conforto e proteção de seu
lar.


Democracia e centralização política
       O recente debate entre as pré-candidaturas à presidência da República de
Martiniano Cavalcanti, Plínio de Arruda Sampaio e Babá mostra em que medida as
cláusulas pétreas e os problemas organizativos se converteram em problemas
políticos. Sem encontrar sólidos fundamentos programáticos e organizativos a
conferência eleitoral do PSOL se transformou em palco para uma luta fratricida. Seja
qual for o resultado dessa discussão uma coisa já é clara: a esquerda perderá a
oportunidade de mostrar que é capaz de criar uma nova cultura política e
organizativa, militantes se desmoralizarão, novas rupturas ocorrerão. Ninguém na
esquerda                  ganhará;                  todos                  perderão.
       Apenas seis anos depois de sua fundação já há quem fale no PSOL de retomar
o projeto fundacional (PEREIRA et al., 2010) ou de “resgatar o sentido mais autêntico
da fundação do PSOL” (SOUZA et al., 2010). A evolução da direção desse partido é
surpreendente e nem mesmo os mais céticos poderiam prever sua rapidez.
Certamente, não é uma evolução positiva. A retomada do discurso da esquerda
petista que defendia o partido das origens não é ocasional. A comparação com a
trajetória o PT não é mera analogia. Mas essa tragédia pode assumir rapidamente a
feição de farsa. A história não se repete do mesmo modo.
           Por trás do PSOL legal, que serve de palco para a luta fratricida entre
dirigentes, um PSOL real se debate. Ele é formado por militantes dos movimentos
sociais e da juventude que ainda apostam num projeto de emancipação social e
política, mas que começam a temer pelo futuro do projeto organizativo no qual se
engajaram. Para aqueles que pretendem ir além das alternativas eleitorais, das
utopias possíveis, do poder local e da gestão do presente, este pode ser um momento
para avaliar criticamente a trajetória da esquerda brasileira e retomar o debate
estratégico,     contemplando      sua     fundamental        dimensão    organizativa.
      O stalinismo jogou sobre o centralismo democrático um pesado fardo, aquele do
centralismo burocrático. A identificação de toda centralização política com o poder
absoluto do aparelho levada a cabo pela burocracia soviética encontrou como reação
a ideologia individualista preconizada pelo discurso neoliberal, do mesmo modo que
formas utópicas do socialismo foram a reação contra o estadocentrismo dessa
burocracia.
       O momento exige uma retomada do debate sobre a organização em termos
políticos e metodológicos. O nexo estratégia/organização precisa ser reconstruído.
Assim como a fórmula política da revolução socialista precisa recobrar seu conteúdo
realista, expurgando todo gradualismo e possibilismo, a fórmula organizativa do
centralismo democrático precisa resgatar seu conteúdo emancipador, expulsando de
seu   interior   todo   burocratismo   e   oportunismo.   A    reconstrução   do   nexo
estratégia/organização implica na reconstrução dos nexos revolução/socialismo e
centralização/democracia.


      O centralismo democrático não é um princípio ou uma estratégia, mas um meio
para a realização da estratégia com base nos princípios. Também não é uma fórmula
fossilizada, inerte ou imutável. Ela é viva, dinâmica e adaptável de modo flexível às
conjunturas e situações políticas. Como fórmula organizativa de combate o
centralismo democrático deve garantir ao mesmo tempo, a centralização do partido e
de sua democracia interna. A condição parece pleonástica, e por isso deve ser
discutida com mais atenção. No âmbito de uma estratégia socialista, a centralização e
a democracia só podem ser diferenciadas metodologicamente e não organicamente.
O nexo que estes termos mantêm entre si é de unidade-distinção. Só têm seu pleno
significado na medida em que esse nexo for preservado na vida cotidiana do partido.
Assumir o nexo de unidade-distinção entre a centralização e a democracia
partidária implica reconhecer que a democracia é a condição da centralização, ao
mesmo tempo em que esta é a condição da democracia. A relação entre ambos os
termos não é aquela característica de um jogo de soma zero, no qual o incremento
de uma das variáveis implica na necessária diminuição da outra, ganhando uma o
que a outra perde. O que garante que a vontade da base partidária seja respeitada é
a unidade do partido em torno da vontade de sua maioria. O que permite a unidade
do partido, por outro lado, é a participação ativa da base partidária no processo de
discussão e deliberação a respeito da estratégia e tática do partido. Desse modo, o
incremento da democracia torna possível uma maior centralização, enquanto uma
maior centralização implica em uma maior democracia.
       A forma na qual esse nexo se torna possível exige modalidades horizontais e
verticais de organização e fluxos políticos ascendentes e descendentes. No eixo
horizontal uma ampla rede de núcleos ou células de base garante a participação
cotidiana dos militantes no partido, aproxima estes da classe trabalhadora e da
juventude, discute e delibera sobre as formas de tradução da política e das ideias do
partido em iniciativas concretas, controla os organismos dirigentes. No eixo vertical,
organizações de segunda, terceira e quarta ordem estruturam a direção do partido
nos níveis local, regional e nacional, permitem a representação da base, discutem e
deliberam sobre os respectivos níveis da política partidária, controlam os organismos
dirigidos.


     Os fluxos políticos que conectam essas modalidades horizontais e verticais são
ascendentes e descentes. Vão da base para a direção e da direção para a base
seguindo o caminho dos organismos verticais. São esses fluxos os que tornam a
fórmula organizativa do centralismo democrático uma fórmula concreta, tornando
possível não apenas a unidade política necessária para a ação política, como,
também, o engajamento, a criatividade e a iniciativa individuais e coletivas
imprescindíveis para tal ação.
      A instituição de tendências permanentes duplica as modalidades horizontais e
verticais de organização, desviando os fluxos políticos ascendentes e descendentes
entre elas. A duplicação dispersa energias ao invés de concentrá-las, cria duplas
lealdades, impede a centralização efetiva, esvazia organismos de base e dirigentes,
cria poderes paralelos afastados do controle da base. Ela impede a centralização
efetiva e, ao mesmo tempo, a democracia real. Não é a única causa para tal, mas
certamente contribui de modo decisivo para tais disposições.
        Em um partido de massas dirigido por uma fração burocrática como o PT o
mecanismo de tendências permanentes era um instrumento de defesa das minorias
que permitia à oposição de esquerda travar sua luta política. Em um partido pequeno
como o PSOL esse é o mecanismo que viabiliza organizativamente a autonomia aos
parlamentares, bloqueia a participação efetiva da base nos processos decisórios,
alimenta as lutas fratricidas, transforma militantes em filiados e estimula o caráter
meramente eleitoral do partido. É um mecanismo de opressão das minorias que
impede à oposição de esquerda travar efetivamente sua luta política.
        A questão organizativa voltou a ser uma questão estratégica. Enfrentar os
problemas organizativos significa, assim como em 1903, discutir qual a estratégia da
esquerda. Essa discussão pode parecer sutil e excessivamente abstrata. Mas ainda
assim é incontornável. É nela que se decidirá o futuro da esquerda brasileira.


REFERÊNCIAS
ALMEIDA, José Maria. É preciso um movimento unitário por um novo partido. Opinião
Socialista, n. 159, 18 set. 2003.


HELENA, Heloísa et al.. Lançamento do Movimento por um Novo Partido. 19 jan.
2004.


PEREIRA, Adolfo et al. Uma proposta de esquerda coerente com o PSOL que
fundamos. 24 fev. 2010.


SOUZA, Abdon da Costa et al.. Unificar a esquerda socialista e preparar as lutas. Abr.
2010.


LENIN, V. I. Projeto de Estatuto do partido Operário Social-Democrático Russo
(POSDR). FELIPPE, William (org.). Teoria e organização do partido. São Paulo:
Sundermann, 2006, p. 35-37.


LENIN, V. I. Projeto de Estatuto do partido Operário Social-Democrático Russo
(POSDR). FELIPPE, William (org.). Teoria e organização do partido. São Paulo:
Sundermann, 2006a, p. 61-80.
MARTOV, Y. O. Projeto de Estatuto do partido Operário Social-Democrático Russo
(POSDR). FELIPPE, William (org.). Teoria e organização do partido. São Paulo:
Sundermann, 2006, p. 39-44.


TROTSKY, Leon. Report of the Siberian delegation (1903). Londres: New Park, s.d.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

PT- Partido dos Trabalhadores - Prof.Altair Aguilar
PT- Partido dos Trabalhadores - Prof.Altair AguilarPT- Partido dos Trabalhadores - Prof.Altair Aguilar
PT- Partido dos Trabalhadores - Prof.Altair AguilarAltair Moisés Aguilar
 
Partido dos Trabalhadores
Partido dos TrabalhadoresPartido dos Trabalhadores
Partido dos Trabalhadoresdeloreanss
 
Filiação partidária os casos do psd e do cds-pp versao net
Filiação partidária   os casos do psd e do cds-pp versao netFiliação partidária   os casos do psd e do cds-pp versao net
Filiação partidária os casos do psd e do cds-pp versao netJoão Santana Lopes
 
PT - 30 Anos de História e Compromisso com o Brasil
PT - 30 Anos de História e Compromisso com o BrasilPT - 30 Anos de História e Compromisso com o Brasil
PT - 30 Anos de História e Compromisso com o BrasilGleisi Hoffmann
 
O debate sobre a representação política araujo
O debate sobre a representação política araujoO debate sobre a representação política araujo
O debate sobre a representação política araujoAstrid Sarmento Cosac
 
Relações federativas nas políticas sociais
Relações federativas nas políticas sociaisRelações federativas nas políticas sociais
Relações federativas nas políticas sociaisPetianos
 
Interesse Nacional e Sistema de Partidos - Legitimidade Eleitoral, Legitimida...
Interesse Nacional e Sistema de Partidos - Legitimidade Eleitoral, Legitimida...Interesse Nacional e Sistema de Partidos - Legitimidade Eleitoral, Legitimida...
Interesse Nacional e Sistema de Partidos - Legitimidade Eleitoral, Legitimida...A. Rui Teixeira Santos
 
Gramsci e o_moderno_principe-web_v2
Gramsci e o_moderno_principe-web_v2Gramsci e o_moderno_principe-web_v2
Gramsci e o_moderno_principe-web_v2Webert Melo
 
Projecto/Proposta - Perguntas&Respostas
Projecto/Proposta - Perguntas&RespostasProjecto/Proposta - Perguntas&Respostas
Projecto/Proposta - Perguntas&RespostasQuarta Laranja
 
Estratégia das Tesouras - 1989
Estratégia das Tesouras - 1989Estratégia das Tesouras - 1989
Estratégia das Tesouras - 1989Professor Belinaso
 

Was ist angesagt? (14)

PT- Partido dos Trabalhadores - Prof.Altair Aguilar
PT- Partido dos Trabalhadores - Prof.Altair AguilarPT- Partido dos Trabalhadores - Prof.Altair Aguilar
PT- Partido dos Trabalhadores - Prof.Altair Aguilar
 
Partido dos Trabalhadores
Partido dos TrabalhadoresPartido dos Trabalhadores
Partido dos Trabalhadores
 
Filiação partidária os casos do psd e do cds-pp versao net
Filiação partidária   os casos do psd e do cds-pp versao netFiliação partidária   os casos do psd e do cds-pp versao net
Filiação partidária os casos do psd e do cds-pp versao net
 
PT - 30 Anos de História e Compromisso com o Brasil
PT - 30 Anos de História e Compromisso com o BrasilPT - 30 Anos de História e Compromisso com o Brasil
PT - 30 Anos de História e Compromisso com o Brasil
 
O debate sobre a representação política araujo
O debate sobre a representação política araujoO debate sobre a representação política araujo
O debate sobre a representação política araujo
 
Romão bib 70 - eclipse
Romão   bib 70 - eclipseRomão   bib 70 - eclipse
Romão bib 70 - eclipse
 
Federalismo arebaba
Federalismo arebabaFederalismo arebaba
Federalismo arebaba
 
Relações federativas nas políticas sociais
Relações federativas nas políticas sociaisRelações federativas nas políticas sociais
Relações federativas nas políticas sociais
 
Interesse Nacional e Sistema de Partidos - Legitimidade Eleitoral, Legitimida...
Interesse Nacional e Sistema de Partidos - Legitimidade Eleitoral, Legitimida...Interesse Nacional e Sistema de Partidos - Legitimidade Eleitoral, Legitimida...
Interesse Nacional e Sistema de Partidos - Legitimidade Eleitoral, Legitimida...
 
Gramsci e o_moderno_principe-web_v2
Gramsci e o_moderno_principe-web_v2Gramsci e o_moderno_principe-web_v2
Gramsci e o_moderno_principe-web_v2
 
11 historia democracia
11 historia democracia11 historia democracia
11 historia democracia
 
Projecto/Proposta - Perguntas&Respostas
Projecto/Proposta - Perguntas&RespostasProjecto/Proposta - Perguntas&Respostas
Projecto/Proposta - Perguntas&Respostas
 
Estratégia das Tesouras - 1989
Estratégia das Tesouras - 1989Estratégia das Tesouras - 1989
Estratégia das Tesouras - 1989
 
03 aula olin wright
03 aula olin wright03 aula olin wright
03 aula olin wright
 

Andere mochten auch (20)

obstacle detection
obstacle detectionobstacle detection
obstacle detection
 
ALIMENTACIÓN SALUDABLE
ALIMENTACIÓN SALUDABLE ALIMENTACIÓN SALUDABLE
ALIMENTACIÓN SALUDABLE
 
Los repositorios
Los repositoriosLos repositorios
Los repositorios
 
O Q U E E F I D E L I D A D E
O  Q U E  E  F I D E L I D A D EO  Q U E  E  F I D E L I D A D E
O Q U E E F I D E L I D A D E
 
Soot-Blower-Lance-Tube-Corrosion
Soot-Blower-Lance-Tube-CorrosionSoot-Blower-Lance-Tube-Corrosion
Soot-Blower-Lance-Tube-Corrosion
 
rajesh c.v
rajesh c.vrajesh c.v
rajesh c.v
 
fodselstavle_twinpanda_celine
fodselstavle_twinpanda_celinefodselstavle_twinpanda_celine
fodselstavle_twinpanda_celine
 
Vertical Living slides
Vertical Living slidesVertical Living slides
Vertical Living slides
 
Producto 1 periodico mural digital
Producto 1 periodico mural digitalProducto 1 periodico mural digital
Producto 1 periodico mural digital
 
ALZHEIMER
ALZHEIMERALZHEIMER
ALZHEIMER
 
CV_2015 David J_Crea
CV_2015 David J_CreaCV_2015 David J_Crea
CV_2015 David J_Crea
 
BST-LOGO kpl.pdf
BST-LOGO kpl.pdfBST-LOGO kpl.pdf
BST-LOGO kpl.pdf
 
Led driver
Led driverLed driver
Led driver
 
752 3812-1-pb
752 3812-1-pb752 3812-1-pb
752 3812-1-pb
 
Nestor y nicole
Nestor y nicoleNestor y nicole
Nestor y nicole
 
SMC Permissive Pet Policy
SMC Permissive Pet PolicySMC Permissive Pet Policy
SMC Permissive Pet Policy
 
Diploma Tirak and accessories
Diploma Tirak and accessoriesDiploma Tirak and accessories
Diploma Tirak and accessories
 
Carnet de tablista
Carnet de tablistaCarnet de tablista
Carnet de tablista
 
Title pankaj
Title pankajTitle pankaj
Title pankaj
 
La paz
La pazLa paz
La paz
 

Ähnlich wie A organização como uma questão estratégica

20160419 O fator Roberto Jefferson
20160419 O fator Roberto Jefferson20160419 O fator Roberto Jefferson
20160419 O fator Roberto JeffersonFrancisco Pinheiro
 
Resoluções da 2ª Conferência da Articulação Unidade na Luta
Resoluções da 2ª Conferência da Articulação Unidade na LutaResoluções da 2ª Conferência da Articulação Unidade na Luta
Resoluções da 2ª Conferência da Articulação Unidade na Lutaauldf13
 
PARTIDOS POLÍTICOS DO BRASIL.pptx
PARTIDOS POLÍTICOS DO BRASIL.pptxPARTIDOS POLÍTICOS DO BRASIL.pptx
PARTIDOS POLÍTICOS DO BRASIL.pptxMarsellus Cardousous
 
VI ENAPS - Tribuna de Debates - APS para os novos tempos
VI ENAPS - Tribuna de Debates - APS para os novos temposVI ENAPS - Tribuna de Debates - APS para os novos tempos
VI ENAPS - Tribuna de Debates - APS para os novos temposRafael Digal
 
POLÍTICA É PARA TODOS (GABRIELA PRIOLI).docx
POLÍTICA É PARA TODOS (GABRIELA PRIOLI).docxPOLÍTICA É PARA TODOS (GABRIELA PRIOLI).docx
POLÍTICA É PARA TODOS (GABRIELA PRIOLI).docxfelipe berte freitas
 
GLOSSÁRIO DA 'ERA LULA' 2006
GLOSSÁRIO DA 'ERA LULA' 2006GLOSSÁRIO DA 'ERA LULA' 2006
GLOSSÁRIO DA 'ERA LULA' 2006Dagobah
 
Em busca de uma nova esquerda
Em busca de uma nova esquerdaEm busca de uma nova esquerda
Em busca de uma nova esquerdaRoque Ronald Jr.
 
Análise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiro
Análise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiroAnálise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiro
Análise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiroJean Michel Gallo Soldatelli
 
Apresntação de slide,tema "Filosofia politica,poder e Estado"
Apresntação de slide,tema "Filosofia politica,poder e Estado"Apresntação de slide,tema "Filosofia politica,poder e Estado"
Apresntação de slide,tema "Filosofia politica,poder e Estado"Rosineide Santos
 
Análise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiro
Análise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiroAnálise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiro
Análise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiroJean Michel Gallo Soldatelli
 
VI ENAPS - Caderno de debates - 1ª versão
VI ENAPS - Caderno de debates - 1ª versãoVI ENAPS - Caderno de debates - 1ª versão
VI ENAPS - Caderno de debates - 1ª versãoRafael Digal
 
Ps, pc e a esquerda desavinda publico 01.10-2014
Ps, pc e a esquerda desavinda publico 01.10-2014Ps, pc e a esquerda desavinda publico 01.10-2014
Ps, pc e a esquerda desavinda publico 01.10-2014Elisio Estanque
 
Cap.13 a democracia no brasil
Cap.13   a democracia no brasilCap.13   a democracia no brasil
Cap.13 a democracia no brasilIzaah Almeida
 
Olavo de carvalho midia sem mascara - parte 1
Olavo de carvalho   midia sem mascara - parte 1Olavo de carvalho   midia sem mascara - parte 1
Olavo de carvalho midia sem mascara - parte 1OLAVO_DE_CARVALHO
 
Partido Politico Ensino Medio
Partido Politico   Ensino MedioPartido Politico   Ensino Medio
Partido Politico Ensino Mediowagnersouzabji
 

Ähnlich wie A organização como uma questão estratégica (20)

20160419 O fator Roberto Jefferson
20160419 O fator Roberto Jefferson20160419 O fator Roberto Jefferson
20160419 O fator Roberto Jefferson
 
Articulação unidade na luta
Articulação unidade na lutaArticulação unidade na luta
Articulação unidade na luta
 
Resoluções da 2ª Conferência da Articulação Unidade na Luta
Resoluções da 2ª Conferência da Articulação Unidade na LutaResoluções da 2ª Conferência da Articulação Unidade na Luta
Resoluções da 2ª Conferência da Articulação Unidade na Luta
 
PARTIDOS POLÍTICOS DO BRASIL.pptx
PARTIDOS POLÍTICOS DO BRASIL.pptxPARTIDOS POLÍTICOS DO BRASIL.pptx
PARTIDOS POLÍTICOS DO BRASIL.pptx
 
trabalhadores partidos
trabalhadores partidostrabalhadores partidos
trabalhadores partidos
 
Texto do 5._congresso_pt
Texto do 5._congresso_ptTexto do 5._congresso_pt
Texto do 5._congresso_pt
 
VI ENAPS - Tribuna de Debates - APS para os novos tempos
VI ENAPS - Tribuna de Debates - APS para os novos temposVI ENAPS - Tribuna de Debates - APS para os novos tempos
VI ENAPS - Tribuna de Debates - APS para os novos tempos
 
POLÍTICA É PARA TODOS (GABRIELA PRIOLI).docx
POLÍTICA É PARA TODOS (GABRIELA PRIOLI).docxPOLÍTICA É PARA TODOS (GABRIELA PRIOLI).docx
POLÍTICA É PARA TODOS (GABRIELA PRIOLI).docx
 
1 felipe basile
1 felipe basile1 felipe basile
1 felipe basile
 
GLOSSÁRIO DA 'ERA LULA' 2006
GLOSSÁRIO DA 'ERA LULA' 2006GLOSSÁRIO DA 'ERA LULA' 2006
GLOSSÁRIO DA 'ERA LULA' 2006
 
Em busca de uma nova esquerda
Em busca de uma nova esquerdaEm busca de uma nova esquerda
Em busca de uma nova esquerda
 
Textos livres
Textos livresTextos livres
Textos livres
 
Análise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiro
Análise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiroAnálise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiro
Análise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiro
 
Apresntação de slide,tema "Filosofia politica,poder e Estado"
Apresntação de slide,tema "Filosofia politica,poder e Estado"Apresntação de slide,tema "Filosofia politica,poder e Estado"
Apresntação de slide,tema "Filosofia politica,poder e Estado"
 
Análise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiro
Análise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiroAnálise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiro
Análise do comportamento eleitoral e identidade ideológica do povo brasileiro
 
VI ENAPS - Caderno de debates - 1ª versão
VI ENAPS - Caderno de debates - 1ª versãoVI ENAPS - Caderno de debates - 1ª versão
VI ENAPS - Caderno de debates - 1ª versão
 
Ps, pc e a esquerda desavinda publico 01.10-2014
Ps, pc e a esquerda desavinda publico 01.10-2014Ps, pc e a esquerda desavinda publico 01.10-2014
Ps, pc e a esquerda desavinda publico 01.10-2014
 
Cap.13 a democracia no brasil
Cap.13   a democracia no brasilCap.13   a democracia no brasil
Cap.13 a democracia no brasil
 
Olavo de carvalho midia sem mascara - parte 1
Olavo de carvalho   midia sem mascara - parte 1Olavo de carvalho   midia sem mascara - parte 1
Olavo de carvalho midia sem mascara - parte 1
 
Partido Politico Ensino Medio
Partido Politico   Ensino MedioPartido Politico   Ensino Medio
Partido Politico Ensino Medio
 

Mehr von Fabricio Rocha

Um ajuste justo: Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil ...
Um ajuste justo: Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil ...Um ajuste justo: Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil ...
Um ajuste justo: Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil ...Fabricio Rocha
 
Vereadores eleitos de Belém 2016 - Resultado final completo
Vereadores eleitos de Belém 2016 - Resultado final completoVereadores eleitos de Belém 2016 - Resultado final completo
Vereadores eleitos de Belém 2016 - Resultado final completoFabricio Rocha
 
Comparecimento dos deputados na sessão do dia 16 12-2015
Comparecimento dos deputados na sessão do dia 16 12-2015Comparecimento dos deputados na sessão do dia 16 12-2015
Comparecimento dos deputados na sessão do dia 16 12-2015Fabricio Rocha
 
ATA DA 69ª REUNIÃO - PLENÁRIO ALEPA - 16-12-15
ATA DA 69ª REUNIÃO - PLENÁRIO ALEPA - 16-12-15ATA DA 69ª REUNIÃO - PLENÁRIO ALEPA - 16-12-15
ATA DA 69ª REUNIÃO - PLENÁRIO ALEPA - 16-12-15Fabricio Rocha
 
A Formação do Capitalismo Global e a Economia Política do Império Americano
A Formação do Capitalismo Global e a Economia Política do Império AmericanoA Formação do Capitalismo Global e a Economia Política do Império Americano
A Formação do Capitalismo Global e a Economia Política do Império AmericanoFabricio Rocha
 
Relatório Final da CPI das milícias - Belém-Pará - 2014-2015
Relatório Final da CPI das milícias - Belém-Pará - 2014-2015Relatório Final da CPI das milícias - Belém-Pará - 2014-2015
Relatório Final da CPI das milícias - Belém-Pará - 2014-2015Fabricio Rocha
 
A situação Social da População Negra por Estado - Brasil
A situação Social da População Negra por Estado - BrasilA situação Social da População Negra por Estado - Brasil
A situação Social da População Negra por Estado - BrasilFabricio Rocha
 
Eleitos para Deputado Estadual - Pará - 2014
Eleitos para Deputado Estadual - Pará -  2014Eleitos para Deputado Estadual - Pará -  2014
Eleitos para Deputado Estadual - Pará - 2014Fabricio Rocha
 
Eleitos para Deputado Federal - Pará - 2014
Eleitos para Deputado Federal - Pará - 2014Eleitos para Deputado Federal - Pará - 2014
Eleitos para Deputado Federal - Pará - 2014Fabricio Rocha
 
Entre a Guerra e o Muro - Coletânea Bilingue Comentada Sobre Alguns Poetas da...
Entre a Guerra e o Muro - Coletânea Bilingue Comentada Sobre Alguns Poetas da...Entre a Guerra e o Muro - Coletânea Bilingue Comentada Sobre Alguns Poetas da...
Entre a Guerra e o Muro - Coletânea Bilingue Comentada Sobre Alguns Poetas da...Fabricio Rocha
 
Vivemos um dejà vu - Guilherme Cavarlho
Vivemos um dejà vu - Guilherme CavarlhoVivemos um dejà vu - Guilherme Cavarlho
Vivemos um dejà vu - Guilherme CavarlhoFabricio Rocha
 
Teorias do uso da língua - Pragmática e polidez
Teorias do uso da língua - Pragmática e polidezTeorias do uso da língua - Pragmática e polidez
Teorias do uso da língua - Pragmática e polidezFabricio Rocha
 
Teorias do uso da língua - Pragmática
Teorias do uso da língua - PragmáticaTeorias do uso da língua - Pragmática
Teorias do uso da língua - PragmáticaFabricio Rocha
 
Dossiê Mulheres Negras retrato das condições de vida das mulheres negras no B...
Dossiê Mulheres Negras retrato das condições de vida das mulheres negras no B...Dossiê Mulheres Negras retrato das condições de vida das mulheres negras no B...
Dossiê Mulheres Negras retrato das condições de vida das mulheres negras no B...Fabricio Rocha
 
Essen und trinken. gewichte und masseinheinten
Essen und trinken. gewichte und masseinheintenEssen und trinken. gewichte und masseinheinten
Essen und trinken. gewichte und masseinheintenFabricio Rocha
 
Ministério da defesa - Garantia da lei e da ordem
Ministério da defesa - Garantia da lei e da ordemMinistério da defesa - Garantia da lei e da ordem
Ministério da defesa - Garantia da lei e da ordemFabricio Rocha
 
Brasil: «No es por 0,20. Es por los derechos» Las demandas en las calles y la...
Brasil: «No es por 0,20. Es por los derechos» Las demandas en las calles y la...Brasil: «No es por 0,20. Es por los derechos» Las demandas en las calles y la...
Brasil: «No es por 0,20. Es por los derechos» Las demandas en las calles y la...Fabricio Rocha
 
Boletim de Análise Politico-Institucional - 04 - 2013 IPEA
Boletim de Análise Politico-Institucional - 04 - 2013  IPEABoletim de Análise Politico-Institucional - 04 - 2013  IPEA
Boletim de Análise Politico-Institucional - 04 - 2013 IPEAFabricio Rocha
 
Boletim de Análise Político-Institucional: Participação, Democracia e Racismo?
Boletim de Análise Político-Institucional: Participação, Democracia e Racismo? Boletim de Análise Político-Institucional: Participação, Democracia e Racismo?
Boletim de Análise Político-Institucional: Participação, Democracia e Racismo? Fabricio Rocha
 
Boletim de economia e política internacional 12
Boletim de economia e política internacional   12Boletim de economia e política internacional   12
Boletim de economia e política internacional 12Fabricio Rocha
 

Mehr von Fabricio Rocha (20)

Um ajuste justo: Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil ...
Um ajuste justo: Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil ...Um ajuste justo: Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil ...
Um ajuste justo: Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil ...
 
Vereadores eleitos de Belém 2016 - Resultado final completo
Vereadores eleitos de Belém 2016 - Resultado final completoVereadores eleitos de Belém 2016 - Resultado final completo
Vereadores eleitos de Belém 2016 - Resultado final completo
 
Comparecimento dos deputados na sessão do dia 16 12-2015
Comparecimento dos deputados na sessão do dia 16 12-2015Comparecimento dos deputados na sessão do dia 16 12-2015
Comparecimento dos deputados na sessão do dia 16 12-2015
 
ATA DA 69ª REUNIÃO - PLENÁRIO ALEPA - 16-12-15
ATA DA 69ª REUNIÃO - PLENÁRIO ALEPA - 16-12-15ATA DA 69ª REUNIÃO - PLENÁRIO ALEPA - 16-12-15
ATA DA 69ª REUNIÃO - PLENÁRIO ALEPA - 16-12-15
 
A Formação do Capitalismo Global e a Economia Política do Império Americano
A Formação do Capitalismo Global e a Economia Política do Império AmericanoA Formação do Capitalismo Global e a Economia Política do Império Americano
A Formação do Capitalismo Global e a Economia Política do Império Americano
 
Relatório Final da CPI das milícias - Belém-Pará - 2014-2015
Relatório Final da CPI das milícias - Belém-Pará - 2014-2015Relatório Final da CPI das milícias - Belém-Pará - 2014-2015
Relatório Final da CPI das milícias - Belém-Pará - 2014-2015
 
A situação Social da População Negra por Estado - Brasil
A situação Social da População Negra por Estado - BrasilA situação Social da População Negra por Estado - Brasil
A situação Social da População Negra por Estado - Brasil
 
Eleitos para Deputado Estadual - Pará - 2014
Eleitos para Deputado Estadual - Pará -  2014Eleitos para Deputado Estadual - Pará -  2014
Eleitos para Deputado Estadual - Pará - 2014
 
Eleitos para Deputado Federal - Pará - 2014
Eleitos para Deputado Federal - Pará - 2014Eleitos para Deputado Federal - Pará - 2014
Eleitos para Deputado Federal - Pará - 2014
 
Entre a Guerra e o Muro - Coletânea Bilingue Comentada Sobre Alguns Poetas da...
Entre a Guerra e o Muro - Coletânea Bilingue Comentada Sobre Alguns Poetas da...Entre a Guerra e o Muro - Coletânea Bilingue Comentada Sobre Alguns Poetas da...
Entre a Guerra e o Muro - Coletânea Bilingue Comentada Sobre Alguns Poetas da...
 
Vivemos um dejà vu - Guilherme Cavarlho
Vivemos um dejà vu - Guilherme CavarlhoVivemos um dejà vu - Guilherme Cavarlho
Vivemos um dejà vu - Guilherme Cavarlho
 
Teorias do uso da língua - Pragmática e polidez
Teorias do uso da língua - Pragmática e polidezTeorias do uso da língua - Pragmática e polidez
Teorias do uso da língua - Pragmática e polidez
 
Teorias do uso da língua - Pragmática
Teorias do uso da língua - PragmáticaTeorias do uso da língua - Pragmática
Teorias do uso da língua - Pragmática
 
Dossiê Mulheres Negras retrato das condições de vida das mulheres negras no B...
Dossiê Mulheres Negras retrato das condições de vida das mulheres negras no B...Dossiê Mulheres Negras retrato das condições de vida das mulheres negras no B...
Dossiê Mulheres Negras retrato das condições de vida das mulheres negras no B...
 
Essen und trinken. gewichte und masseinheinten
Essen und trinken. gewichte und masseinheintenEssen und trinken. gewichte und masseinheinten
Essen und trinken. gewichte und masseinheinten
 
Ministério da defesa - Garantia da lei e da ordem
Ministério da defesa - Garantia da lei e da ordemMinistério da defesa - Garantia da lei e da ordem
Ministério da defesa - Garantia da lei e da ordem
 
Brasil: «No es por 0,20. Es por los derechos» Las demandas en las calles y la...
Brasil: «No es por 0,20. Es por los derechos» Las demandas en las calles y la...Brasil: «No es por 0,20. Es por los derechos» Las demandas en las calles y la...
Brasil: «No es por 0,20. Es por los derechos» Las demandas en las calles y la...
 
Boletim de Análise Politico-Institucional - 04 - 2013 IPEA
Boletim de Análise Politico-Institucional - 04 - 2013  IPEABoletim de Análise Politico-Institucional - 04 - 2013  IPEA
Boletim de Análise Politico-Institucional - 04 - 2013 IPEA
 
Boletim de Análise Político-Institucional: Participação, Democracia e Racismo?
Boletim de Análise Político-Institucional: Participação, Democracia e Racismo? Boletim de Análise Político-Institucional: Participação, Democracia e Racismo?
Boletim de Análise Político-Institucional: Participação, Democracia e Racismo?
 
Boletim de economia e política internacional 12
Boletim de economia e política internacional   12Boletim de economia e política internacional   12
Boletim de economia e política internacional 12
 

A organização como uma questão estratégica

  • 1. A organização como uma questão estratégica: passado e presente Alvaro Bianchi Professor do Departamento de Ciência Política da Unicamp, secretário de redação da revista Outubro e coordenador do Grupo de Estudos sobre o Marxismo de Leon Trotsky, sediado no Centro de Estudos Marxistas da Unicamp Há polêmicas às quais só o tempo é capaz de atribuir um sentido. Em 1903, o debate sobre os estatutos do Partido Operário Social-Democrático Russo (POSDR) era incompreensível para a maioria dos socialistas da época. Concentrado na definição dos membros do partido pelo primeiro parágrafo dos estatutos, essa discussão produziu algumas das páginas mais densas e difíceis de ler da história política do socialismo. As posições dos antagonistas não pareciam, entretanto, muito diferentes à primeira vista. Para Martov, líder da fração que ficou conhecida como menchevique, deveria ser membro do partido “todo aquele que, reconhecendo seu programa, trabalha ativamente para executar as tarefas partidárias, sob o controle da direção dos órgãos do Partido” (MARTOV, 2006, p. 39). Lenin, por sua vez, insistia que era aquele que “conhecendo o programa do Partido, o apoia, seja com meios materiais, seja com a participação em uma das organizações do partido” (LENIN, 2006, p. 35). Ao destacar a importância da participação dos militantes nas organizações do partido, Lenin procurava impedir que o oportunismo organizativo se transformasse num oportunismo político. Duas eram as implicações dessa participação. Primeiro, o partido reconheceria apenas suas próprias organizações, colocando à sua margem organismos independentes, ou seja, que não eram formalmente integrantes da estrutura partidária. Em segundo lugar, a participação direta nos organismos do partido colocaria todos os militantes, sem exceção, sob o controle direto dos demais membros e não apenas de sua direção. Tanta sutileza não tornava os propósitos da discussão evidentes para todos. Mas Lenin insistiu que esse debate sobre uma pequena questão era, na verdade, o ponto de virada que dava lugar para “sutilezas oportunistas e para a fraseologia anarquista” da fração menchevique (2006a, p. 62). Leon Trotsky, como se sabe, estava entre aqueles que não compreenderam a discussão em seu momento e que avaliaram, de modo errôneo, aquilo que estava em jogo. Em seu famoso relatório da delegação siberiana, de 1903, o futuro chefe do Exército Vermelho reclamou que “o Congresso não justificou as esperanças depositadas nele” (TROTSKY, s.d., p. 11).
  • 2. O desenvolvimento político da fração menchevique esclareceu em grande medida essa polêmica. De fato, as sutilezas organizativas de Martov deram lugar rapidamente ao oportunismo político de sua fração. Em 1905, o debate não era mais sobre a organização do partido e sim sobre o caráter da Revolução Russa. Em 1917, esse debate teórico traduziu-se vivamente na participação de socialistas no governo de Alexander Kerenski, bem como na oposição dos mencheviques à insurreição de Outubro e ao novo poder soviético. Tendências e programa O tempo também tem ajudado a esclarecer uma polêmica abstrata e, aparentemente, desnecessária da esquerda brasileira. Quando, no final de 2003, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) iniciou a discussão com outras organizações de esquerda para a criação de um novo partido socialista, insistiu que seu programa e sua forma organizativa deveriam ser decididos pela base da nova organização após um intenso e extenso debate. Mas, no dia 19 de janeiro de 2004, uma reunião da qual participaram alguns poucos intelectuais e parlamentares que haviam rompido com o Partido dos Trabalhadores (PT) – dentre eles, a então senadora Heloísa Helena e os deputados Luciana Genro e Babá – decidiu, a portas fechadas, que um novo partido seria criado e que ele funcionaria “com pleno direito de tendência e profundo respeito às minorias e ao direito de opinião” (HELENA et al., 2004). Essa fórmula era ambígua e imprecisa, mas a senadora Heloísa Helena esclareceu o conteúdo dessa definição referente ao funcionamento do novo partido para uma delegação do PSTU. As tendências do novo partido deveriam ser permanentes, assim como eram no PT. O PSTU não era contrário à existência de tendências internas, mas considerava que elas deveriam se organizar apenas durante as discussões que antecederiam os congressos do novo partido e com base na pauta desses congressos. E, principalmente, propunha por intermédio de seu porta-voz, José Maria de Almeida, que a resolução a respeito de programa, concepção e estatutos fosse decidida pela base do novo partido após um processo de aberta discussão (ALMEIDA, 2003). Para Heloísa Helena e outros, a existência permanente de tendências era uma cláusula pétrea. Era uma condição e não algo que poderia ser discutido e submetido à
  • 3. decisão coletiva. A cláusula excluía o PSTU de todo debate, a menos que aceitasse o que lhe era imposto. As consequências dessa cláusula pétrea não eram claras. Muitos interpretaram que o funcionamento com base em tendências permanentes era mais democrático. Desenvolveu-se, assim, um debate extremamente abstrato que parecia afirmar-se apenas sobre o terreno organizativo e que resultou no afastamento do PSTU desse projeto político. Passados seis anos dessa discussão, torna-se cada vez mais claro que ela tinha reflexos políticos importantes. O projeto de um novo partido unitário da esquerda socialista fracassou e no lugar dele foi anunciado o nascimento do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), reunindo apenas uma parte das forças políticas que participaram daquelas discussões. Rapidamente o oportunismo organizativo revelou-se como oportunismo político. As tendências permanentes do PSOL ocultaram a fragilidade programática e organizativa do partido. O programa e a organização das tendências substituíram o próprio partido, que não tem senão resoluções conjunturais e uma participação ocasional de seus membros na vida interna deste. Sem programa e organização de base comuns as grandes tendências permanentes do PSOL ocuparam todos os espaços de discussão e deliberação desse partido, loteando-o de acordo com suas forças. As reuniões da direção nacional não expressam, senão, o momento no qual o acordo político conjuntural entre as diferentes tendências é reproposto. Os núcleos não passam de uma ficção jurídica ou de biombos para a organização de base das tendências. A participação dos membros na vida do partido se encontra restrita ao momento dos congressos e conferências, mas esta não é efetiva e a única forma de ocorrer consiste no alinhamento com as posições já existentes. A participação não é, desse modo, ativa. É passiva. Ao invés de um partido o PSOL transformou-se, sob o comando de sua direção, em uma sigla na qual coexistem diversos pequenos partidos, cada qual com seu próprio projeto político. Seus congressos e conferências têm revelado que esses projetos não são apenas diferentes; são antagônicos. As tendências permanentes foram a forma organizativa que impediu essa sigla de ser um partido de militantes e que o reduziu à condição de partido de filiados que são convocados pela direção apenas para resolver os antagonismos internos. As eleições e mandatos são o cimento que garante a unidade dos diversos partidos que compõem a sigla. Instituídas nos moldes de frações parlamentares as tendências permanentes têm a sua frente deputados, senadores, assessores e candidatos a candidato. A base do PSOL encontra-se alijada de todo controle cotidiano sobre os organismos
  • 4. dirigentes. Sem o controle da base, parlamentares da legenda e seus associados fazem política interna diretamente através dos mass media, antecipando-se a decisões dos organismos dirigentes ou mesmo desrespeitando-as e desconhecendo a vontade das bases que dizem representar. O jornal do PSOL – Página 50 – e a revista da Fundação Lauro Campos – Socialismo e Liberdade – não foram ao que tudo indica senão produtos efêmeros. O site do partido, quando está no ar, reduz-se a divulgar as ações de seus parlamentares e os textos que eles e seus assessores assinam. A política de comunicação, fundamental para todo partido que almeje a hegemonia política, não está pior do que a política de formação. Seis anos após sua fundação nenhuma tentativa nacional ou regional de elevação consistente da qualidade intelectual e política de seus membros foi levada a cabo. Ao invés de políticas de formação ou de comunicação que possam apoiar-se na força coletiva de uma militância existem apenas aqueles substitutos que prescindem de uma participação ativa: alguns seminários nos quais os membros do partido podem ouvir e admirar seus intelectuais e dirigentes e um site que qualquer um pode acessar no conforto e proteção de seu lar. Democracia e centralização política O recente debate entre as pré-candidaturas à presidência da República de Martiniano Cavalcanti, Plínio de Arruda Sampaio e Babá mostra em que medida as cláusulas pétreas e os problemas organizativos se converteram em problemas políticos. Sem encontrar sólidos fundamentos programáticos e organizativos a conferência eleitoral do PSOL se transformou em palco para uma luta fratricida. Seja qual for o resultado dessa discussão uma coisa já é clara: a esquerda perderá a oportunidade de mostrar que é capaz de criar uma nova cultura política e organizativa, militantes se desmoralizarão, novas rupturas ocorrerão. Ninguém na esquerda ganhará; todos perderão. Apenas seis anos depois de sua fundação já há quem fale no PSOL de retomar o projeto fundacional (PEREIRA et al., 2010) ou de “resgatar o sentido mais autêntico da fundação do PSOL” (SOUZA et al., 2010). A evolução da direção desse partido é surpreendente e nem mesmo os mais céticos poderiam prever sua rapidez. Certamente, não é uma evolução positiva. A retomada do discurso da esquerda petista que defendia o partido das origens não é ocasional. A comparação com a
  • 5. trajetória o PT não é mera analogia. Mas essa tragédia pode assumir rapidamente a feição de farsa. A história não se repete do mesmo modo. Por trás do PSOL legal, que serve de palco para a luta fratricida entre dirigentes, um PSOL real se debate. Ele é formado por militantes dos movimentos sociais e da juventude que ainda apostam num projeto de emancipação social e política, mas que começam a temer pelo futuro do projeto organizativo no qual se engajaram. Para aqueles que pretendem ir além das alternativas eleitorais, das utopias possíveis, do poder local e da gestão do presente, este pode ser um momento para avaliar criticamente a trajetória da esquerda brasileira e retomar o debate estratégico, contemplando sua fundamental dimensão organizativa. O stalinismo jogou sobre o centralismo democrático um pesado fardo, aquele do centralismo burocrático. A identificação de toda centralização política com o poder absoluto do aparelho levada a cabo pela burocracia soviética encontrou como reação a ideologia individualista preconizada pelo discurso neoliberal, do mesmo modo que formas utópicas do socialismo foram a reação contra o estadocentrismo dessa burocracia. O momento exige uma retomada do debate sobre a organização em termos políticos e metodológicos. O nexo estratégia/organização precisa ser reconstruído. Assim como a fórmula política da revolução socialista precisa recobrar seu conteúdo realista, expurgando todo gradualismo e possibilismo, a fórmula organizativa do centralismo democrático precisa resgatar seu conteúdo emancipador, expulsando de seu interior todo burocratismo e oportunismo. A reconstrução do nexo estratégia/organização implica na reconstrução dos nexos revolução/socialismo e centralização/democracia. O centralismo democrático não é um princípio ou uma estratégia, mas um meio para a realização da estratégia com base nos princípios. Também não é uma fórmula fossilizada, inerte ou imutável. Ela é viva, dinâmica e adaptável de modo flexível às conjunturas e situações políticas. Como fórmula organizativa de combate o centralismo democrático deve garantir ao mesmo tempo, a centralização do partido e de sua democracia interna. A condição parece pleonástica, e por isso deve ser discutida com mais atenção. No âmbito de uma estratégia socialista, a centralização e a democracia só podem ser diferenciadas metodologicamente e não organicamente. O nexo que estes termos mantêm entre si é de unidade-distinção. Só têm seu pleno significado na medida em que esse nexo for preservado na vida cotidiana do partido.
  • 6. Assumir o nexo de unidade-distinção entre a centralização e a democracia partidária implica reconhecer que a democracia é a condição da centralização, ao mesmo tempo em que esta é a condição da democracia. A relação entre ambos os termos não é aquela característica de um jogo de soma zero, no qual o incremento de uma das variáveis implica na necessária diminuição da outra, ganhando uma o que a outra perde. O que garante que a vontade da base partidária seja respeitada é a unidade do partido em torno da vontade de sua maioria. O que permite a unidade do partido, por outro lado, é a participação ativa da base partidária no processo de discussão e deliberação a respeito da estratégia e tática do partido. Desse modo, o incremento da democracia torna possível uma maior centralização, enquanto uma maior centralização implica em uma maior democracia. A forma na qual esse nexo se torna possível exige modalidades horizontais e verticais de organização e fluxos políticos ascendentes e descendentes. No eixo horizontal uma ampla rede de núcleos ou células de base garante a participação cotidiana dos militantes no partido, aproxima estes da classe trabalhadora e da juventude, discute e delibera sobre as formas de tradução da política e das ideias do partido em iniciativas concretas, controla os organismos dirigentes. No eixo vertical, organizações de segunda, terceira e quarta ordem estruturam a direção do partido nos níveis local, regional e nacional, permitem a representação da base, discutem e deliberam sobre os respectivos níveis da política partidária, controlam os organismos dirigidos. Os fluxos políticos que conectam essas modalidades horizontais e verticais são ascendentes e descentes. Vão da base para a direção e da direção para a base seguindo o caminho dos organismos verticais. São esses fluxos os que tornam a fórmula organizativa do centralismo democrático uma fórmula concreta, tornando possível não apenas a unidade política necessária para a ação política, como, também, o engajamento, a criatividade e a iniciativa individuais e coletivas imprescindíveis para tal ação. A instituição de tendências permanentes duplica as modalidades horizontais e verticais de organização, desviando os fluxos políticos ascendentes e descendentes entre elas. A duplicação dispersa energias ao invés de concentrá-las, cria duplas lealdades, impede a centralização efetiva, esvazia organismos de base e dirigentes, cria poderes paralelos afastados do controle da base. Ela impede a centralização
  • 7. efetiva e, ao mesmo tempo, a democracia real. Não é a única causa para tal, mas certamente contribui de modo decisivo para tais disposições. Em um partido de massas dirigido por uma fração burocrática como o PT o mecanismo de tendências permanentes era um instrumento de defesa das minorias que permitia à oposição de esquerda travar sua luta política. Em um partido pequeno como o PSOL esse é o mecanismo que viabiliza organizativamente a autonomia aos parlamentares, bloqueia a participação efetiva da base nos processos decisórios, alimenta as lutas fratricidas, transforma militantes em filiados e estimula o caráter meramente eleitoral do partido. É um mecanismo de opressão das minorias que impede à oposição de esquerda travar efetivamente sua luta política. A questão organizativa voltou a ser uma questão estratégica. Enfrentar os problemas organizativos significa, assim como em 1903, discutir qual a estratégia da esquerda. Essa discussão pode parecer sutil e excessivamente abstrata. Mas ainda assim é incontornável. É nela que se decidirá o futuro da esquerda brasileira. REFERÊNCIAS ALMEIDA, José Maria. É preciso um movimento unitário por um novo partido. Opinião Socialista, n. 159, 18 set. 2003. HELENA, Heloísa et al.. Lançamento do Movimento por um Novo Partido. 19 jan. 2004. PEREIRA, Adolfo et al. Uma proposta de esquerda coerente com o PSOL que fundamos. 24 fev. 2010. SOUZA, Abdon da Costa et al.. Unificar a esquerda socialista e preparar as lutas. Abr. 2010. LENIN, V. I. Projeto de Estatuto do partido Operário Social-Democrático Russo (POSDR). FELIPPE, William (org.). Teoria e organização do partido. São Paulo: Sundermann, 2006, p. 35-37. LENIN, V. I. Projeto de Estatuto do partido Operário Social-Democrático Russo (POSDR). FELIPPE, William (org.). Teoria e organização do partido. São Paulo: Sundermann, 2006a, p. 61-80.
  • 8. MARTOV, Y. O. Projeto de Estatuto do partido Operário Social-Democrático Russo (POSDR). FELIPPE, William (org.). Teoria e organização do partido. São Paulo: Sundermann, 2006, p. 39-44. TROTSKY, Leon. Report of the Siberian delegation (1903). Londres: New Park, s.d.