Este documento discute a paráfrase discursiva baseada na obra de Catherine Fuchs e Michel Pêcheux. A paráfrase pode ser vista como equivalência formal, sinonímia ou reformulação retórica. Na Análise do Discurso Francesa, a paráfrase depende da formação discursiva e do confronto com outras formações discursivas. Há três tipos de transformações entre pares de sequências na paráfrase.
1. Prof. Ewerton Rezer Gindri
Apresentação baseada na obra “Outras mesmas palavras:
paráfrase discursiva em redações de concurso”
2. Esse estudo toma por base epistemológica a Análise de
Discurso Francesa, especialmente a obra de Michel
Pêcheux, bem como as reflexões desenvolvidas sobre o
assunto por Catherine Fuchs.
3. Segundo C. Fuchs, há três fontes para as
reflexões linguísticas sobre paráfrase:
1. Lógica (equivalência formal)
2. Gramatical (sinonímia)
3. Retórica (reformulação)
4. “A própria escolha feita pelo enunciador dentre
diferentes paráfrases possíveis – que seriam
equivalentes do ponto de vista da referência e da
significação denotativa – é por si só, pertinente:
manifesta o domínio que o sujeito tem das sutilezas da
língua, ao utilizar uma formulação ou outra, conforme
a situação. E, neste sentido, cada enunciado de uma
família parafrástica é sempre um entre outros, e único.”
(Athayde Junior, 2001, p. 39)
5. “O principal problema levantado por Fuchs tanto na
abordagem em termos de equivalência formal quanto
de sinonímia semântica está no fato de tratarem a
paráfrase como uma propriedade intrínseca de grupos
de enunciados, relação virtual na língua e não como
uma relação atualizada no discurso...” (Athayde Junior,
2001, p.40)
6. As perspectivas enunciativas, discursivas e
pragmáticas consideram explicitamente os
parâmetros ligados:
Ao locutor;
À situação particular do discurso.
7. Nas perspectivas enunciativa, discursiva e
pragmática, Fuchs identifica três tipos de
questões:
I. A reformulação parafrástica repousa sobre uma
interpretação prévia do texto-fonte;
II. A reformulação parafrástica consiste em identificar a
significação do texto-fonte àquela do novo texto;
III. A reformulação parafrástica se traduz por formas
características de emprego metalinguístico de
linguagem.
8. Na AAD 69 a paráfrase passa a ter seu funcionamento
explicado a partir das relações de sentido que se dão no
interior de determinada Formação Discursiva.
9. “Assim, ao mesmo tempo em que as mesmas palavras,
expressões e proposições mudam de sentido ao passar
de uma formação discursiva a uma outra, palavras,
expressões e proposições literalmente diferentes
podem, no interior de uma formação discursiva dada
“ter o mesmo sentido””. (Athayde Junior, 2001, p. 42)
10. A possibilidade de substituição entre elementos
de uma Formação Discursiva dada pode tomar
duas formas fundamentais:
A da equivalência
Em que A e B possuem o mesmo sentido na FD.
A da implicação
A substituição A a B não possui a mesma relação da
substituição B a A.
11. Pêcheux & Fuchs distinguem três tipos de
transformação/relação entre pares de
sequências:
1. As transformações de unidades lexicais constantes;
Trata-se do que se poderia chamar transformações
sintáticas puras.
2. As transformações-substituições que “mudam o sentido”,
na medida em que é impossível considerar como
equivalentes os substituíveis;
Substituição orientada, isto é, com mudança lexical, e
utilizando uma relação de sintagmatização entre os
comutáveis.
3. As substituições não-orientadas, com mudanças lexicais.
Oriundas da Formação Discursiva e não marcada no léxico
ou na sintaxe.
12. “Para a AD, a parafrasagem está ligada às coerções de
uma formação discursiva e ao confronto que esta
estabelece com as demais formações discursivas de seu
campo discursivo (o interdiscurso)” (Athayde Junior,
2001, p. 44)
13. Referências Bibliográficas
ATHAYDE JÚNIOR, Mário Cândido de. Outras mesmas palavras:
paráfrase discursiva em redações de concurso. Cascavel:
EDUNIOESTE, 2001.
FUCHS, Catherine. Paraphrase et Énonciation. Paris: OPHRYS,
1994.
PÊCHEUX, M. (1969) “Análise automática do discurso (AAD-
69)” In: GADET, F & HAK, T. (orgs) Por uma análise automática
do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux.
Campinas, Pontes/Editora da UNICAMP, pp. 61-161.