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É mais feliz quem
respira pelo nariz!
Alergia Nasal
Um guia para ajudar você a tratar a alergia e
a controlar sua rinite alérgica
É mais feliz quem
respira pelo nariz!
Fátima Emerson
Nelson Guilherme Cordeiro
Editores
Alergia Nasal
Copyright © 2006 Editora Manole Ltda., por meio de contrato de co-edição com a Farmalab
Indústrias Químicas e Farmacêuticas – Chiesi e de contrato com os autores.
Projeto gráfico e editoração eletrônica: Departamento Editorial da Editora Manole
Capa: Departamento de Arte da Editora Manole
Ilustrações: Sírio José Braz Cançado
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Alergia nasal : é mais feliz quem respira pelo nariz! / editores Fátima Emerson, Nelson
Guilherme Cordeiro. – Barueri, SP : Minha Editora ; São Paulo : Chiesi, 2006.
“Um guia para ajudar você a tratar a alergia e a controlar sua rinite alérgica”
ISBN 85-98416-30-4
1. Alergia nasal – Diagnóstico 2. Alergia nasal – Tratamento 3. Alergia
respiratória 4. Asma 5. Rinite alérgica – Diagnóstico 6. Rinite – Tratamento I. Emerson,
Fátima. II. Cordeiro, Nelson Guilherme.
06-3434 CDD-616.202
NLM-WV 335
Índices para catálogo sistemático:
1. Alergia nasal : Diagnóstico e tratamento :
Medicina 616.202
2. Rinite alérgica : Diagnóstico e tratamento :
Medicina 616.202
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida,
por qualquer processo, sem a permissão expressa dos editores.
É proibida a reprodução por xerox.
1a
edição – 2006
Editora Manole Ltda.
Avenida Ceci, 672 – Tamboré
06460-120 – Barueri – SP – Brasil
Tel.: (11) 4196-6000 – Fax: (11) 4196-6021
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Impresso no Brasil
Printed in Brazil
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Dr. Nelson Guilherme Cordeiro
Editores
Realização
ABRA – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ASMÁTICOS
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CLÍNICA DE ALERGIA DA POLICLÍNICA GERAL
DO RIO DE JANEIRO
E-MAIL: alergiapgrj@yahoo.com.br
Colaboradores
Dr. Emmanuel Reis Martins
Dr. José Luiz de Magalhães Rios
Dr. Lian Pontes de Carvalho
Dr. Luiz Carlos Arcanjo
Dra. Neide Macedo F. Pereira
Dra. Tânia Lúcia Nen da Silva (fisioterapeuta)
Assessoria Científica: Prof. João Bosco Magalhães Rios
1. Pobre nariz... 11
2. A origem dos sintomas nasais 33
3. Classificação atual da rinite alérgica 77
4. Repercussões da rinite alérgica 99
5. Outros tipos de rinite 1166
6. Tratamento passo-a-passo 2200
7. Medicamentos para a rinite alérgica 2211
8. Combatendo a poeira e os ácaros 2255
9. Vacinas para a alergia: a imunoterapia 2277
10. A participação do paciente 2299
11. Quem responde é o especialista 3300
12. Dicas 3322
Sumário
O nariz perante os poetas
“Cantem outros os olhos, os cabelos
E mil cousas gentis
Das belas suas: eu de minha amada
Cantar quero o nariz
Não sei que fado mísero e mesquinho
É este do nariz
Que poeta nenhum em prosa ou verso
Cantá-lo jamais quis.
Os dentes são pérolas,
Os lábios rubis,
As tranças lustrosas
São laços sutis
Que prendem, que enleiam
Amante feliz;
É colo de garça
A nívea cerviz;
Porém ninguém diz
O que é o nariz
Beijam-se os cabelos,
E os olhos belos,
E a boca mimosa,
E a face de rosa
De fresco matiz;
E nem um só beijo
Fica de sobejo
Pro pobre nariz;
Ai! pobre nariz,
És bem infeliz!”
[...]
Trechos deste poema (de 1858) de Bernardo Guimarães (1825-1884) são citados várias vezes
no livro. Quando não for de sua autoria, estará especificado entre parênteses.
Bernardo Guimarães, em versos escritos em 1858, espelha
como o nariz é pouco valorizado, até pelos poetas...
1
E afinal, para que serve o nariz? Para cumprir funções
importantes como estética, olfação, ressonância da voz e
respiração.
Respirar é nobre! Ao nascer, o primeiro sinal de vida
é o choro, no momento em que o ar penetra nos pulmões.
Ao morrer, ocorre “o último suspiro".
A respiração é um processo inconsciente: respira-se
falando, cantando, correndo, dormindo, ou seja, em todos
os momentos da vida. Os movimentos respiratórios devem
ser profundos, completos, utilizando a musculatura do
tórax de forma harmoniosa, desde a entrada do ar através
das narinas até os alvéolos pulmonares, incluindo o dia-
fragma – músculo que separa o tórax do abdome.
O ar respirado que ingressa no organismo através das
narinas é, em geral, frio e seco, contendo impurezas e ger-
mes. É na cavidade nasal que começa o processo da res-
piração, onde o ar será aquecido, umedecido e limpo, pro-
porcionando melhores condições para que a respiração
pulmonar se realize adequadamente. O nariz é a primeira
barreira que protege o organismo contra o ingresso de
Pobre nariz...
microrganismos presentes no ar que respiramos, retendo
as impurezas, regulando a temperatura e a umidade do ar
que passa em direção aos pulmões.
O nariz atua também em outros processos, como a ol-
fação, sentido que, nos primórdios do desenvolvimento
humano, estava relacionado com o instinto de sobrevivên-
cia. O nariz humano é capaz de perceber milhares de
odores diferentes. Além disso, a olfação participa intima-
mente no paladar, proporcionando as condições necessá-
rias para que possamos distinguir o sabor dos alimentos.
Mas não é tudo: o nariz se localiza na área mediana da
face, assumindo uma posição privilegiada, em comuni-
cação direta com os seios paranasais (seios da face),
faringe, ouvidos e olhos. Assim, a emissão da voz, a au-
dição e a visão também se fazem graças a uma relação
harmoniosa com o nariz funcionando direitinho!
“... E tu, pobre nariz, sofres o injusto
Silêncio dos poetas?
Sofres calado? não tocaste ainda
Da paciência as metas?...”
Alergia nasal2
2
A origem dos
sintomas nasais
Os principais sintomas nasais, como obstrução, es-
pirros e coriza, representam formas de proteção do or-
ganismo na tentativa de impedir que impurezas al-
cancem as vias pulmonares. Em condições normais,
qualquer pessoa, mesmo que não seja alérgica, poderá
apresentar congestão nasal para impedir a penetração
de elementos nocivos, coriza para lavar e expelir subs-
tâncias estranhas ou espirros, para remoção mecânica
desses elementos. Trata-se de um mecanismo fisio-
lógico e, por isso, estes sintomas podem ocorrer em
determinados momentos, como por exemplo num res-
friado ou gripe.
Nas pessoas alérgicas, ocorre um exagero dessas
reações fisiológicas, surgindo uma sensibilidade especí-
fica para alguns estímulos que não provocam doença
nas pessoas não-alérgicas. O exemplo clássico é o ácaro
da poeira de casa, que pode provocar sintomas para al-
guns, sem causar dano para outros.
Rinite alérgica
A rinite alérgica é a forma mais
comum entre as rinites e sua prin-
cipal causa é a alergia, que inclui:
poeira de casa, ácaros, mofo, pêlos
de animais, baratas, polens e até al-
guns tipos de alimentos. No Brasil, a alergia à poeira e
aos ácaros constitui a causa mais comum de rinite. De to-
dos componentes da poeira de casa, os ácaros são os prin-
cipais causadores da rinite alérgica, provocando a doença
por meio de uma substância encontrada em suas fezes, as
chamadas bolotas fecais, que se depositam em carpetes,
estantes de livros, cortinas e principalmente em traves-
seiros e camas. Um só ácaro pode produzir 30 bolotas fe-
cais por dia e em uma só cama podem ser encontradas
milhares dessas bolotas. Por isso, é tão importante cuidar
do quarto da pessoa alérgica.
Alergia nasal4
SINTOMAS CLÁSSICOS DA RINITE ALÉRGICA
Espirros repetidos em seqüência.
Coriza líquida, em geral, abundante.
Coceira no nariz, nos olhos, nos ouvidos, no céu da boca e na
garganta.
Mucosa nasal congestionada e narinas obstruídas.
Olhos avermelhados, irritados, lacrimejando e coçando.
Escorrimento de secreção pela parte de trás do nariz, provocando
pigarro ou tosse.
Alteração do olfato e do paladar.
Os sintomas da rinite alérgica podem surgir minutos
após a inalação da substância que provoca alergia (como
poeira, mofo, etc.). Isso se deve a uma reação imunoló-
gica entre a substância causadora da alergia (chamada
antígeno) e a defesa do organismo (chamada anticorpo),
provocando a liberação de substâncias químicas por de-
terminadas células. Nas reações alérgicas, o sistema
imunológico da pessoa produz, em grande quantidade,
um tipo especial de anticorpo conhecido como imuno-
globulina E ou simplesmente IgE. Quanto maior for a
produção de IgE, maiores são as chances de o indivíduo
A origem dos sintomas nasais 5
SINTOMAS PRINCIPAIS DA RINITE ALÉRGICA
Espirros
Coriza
Congestão nasal
Coceira nasal
SINTOMAS SECUNDÁRIOS
Alterações
bucais
oculares
nos ouvidos
na garganta
no olfato e no paladar
Dor de cabeça
Tosse
Falta de ar
HISTÓRIA FAMILIAR DE ALERGIA
Parentes próximos
Alergia nasal6
manifestar doenças alérgicas. A repetição do processo
alérgico leva a uma inflamação crônica que permanece
mesmo quando a pessoa não está em crise.
Os sintomas da rinite assemelham-se aos de um res-
friado comum, podendo passar desapercebidos ou con-
fundidos pelo paciente, pela família ou mesmo pelos
médicos. Infelizmente, quando isso acontece, a repetição
das crises sem tratamento ade-
quado pode acarretar compli-
cações e afetar a qualidade de
vida da pessoa, seja no trabalho,
na escola, durante o sono ou
mesmo no convívio social. Pode-
se afirmar que a rinite não mata,
mas maltrata!
“Não há, praticamente, possibilidade de se diferenciar um
nariz alérgico fora da crise de rinite. Anatomicamente e
fisiologicamente, o alérgico é igual ao não-alérgico"
(Brum Negreiros)
Classificação
atual da rinite
alérgica
3
INTERMITENTE
A rinite é esporádica, isto é, os sintomas surgem com intervalos
longos e desaparecem espontaneamente.
PERSISTENTE
Os sintomas da rinite se repetem com mais freqüência, mais de 4
dias numa semana e em mais de 4 semanas no ano, podendo ser
reconhecida como:
Leve: apesar da rinite, o sono é normal, as atividades diárias es-
tão preservadas e os sintomas são discretos.
Moderada: os sintomas da rinite começam a perturbar o sono e a
interferir nas atividades diárias.
Grave: os sintomas são incômodos, perturbam o sono, provocam
faltas às aulas e ao trabalho e interferem de forma significativa
nas atividades diárias, esportivas e recreacionais.
Fonte: ARIA – Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma
“... Nariz, nariz, já é tempo
De ecoar o teu queixume;
Pois, se não há poesia
Que não tenha o seu perfume,
Em que o poeta a mãos cheias
Os aromas não arrume,
Por que razão os poetas,
Por que do nariz não falam,
Do nariz, pra quem somente
Esses perfumes se exalam?
Onde, pois, ingratos vates,
Acharíeis as fragrâncias,
Os balsâmicos odores,
De que encheis vossas estâncias,
Os eflúvios, os aromas
Que nos versos espargis;
Onde acharíeis perfume,
Se não houvesse nariz?
Ó vós, que ao nariz negais
Os foros de fidalguia,
Sabei, que se por um erro
Não há nariz na poesia,
É por seu fado infeliz,
Mas não é porque não haja
Poesia no nariz...”
Alergia nasal8
Repercussões
da rinite alérgica
4
Rinite alérgica
Asma
Infecções
respiratórias
Otite
Alterações
do comporta-
mento
Sinusite
Apnéia
do sono
Polipose
Respiração
bucal
A inflamação alérgica não se limita à mucosa nasal,
mas atinge todas as estruturas próximas. O nariz é o ór-
gão-alvo da alergia respiratória, sendo o responsável não
só pelos sintomas da rinite, mas também pelos reflexos
causados pela doença. A partir da rinite, há comprometi-
mento de olhos (conjuntivite), ouvidos (otites), seios da
face (sinusite), traquéia (traqueíte) e pulmões (bronquite
ou asma).
Sinusite
É a complicação mais comum da rinite alérgica.
Consiste na inflamação dos seios da face, sendo também
chamada de rinossinusite. Os sintomas principais de si-
nusite são: dor de cabeça, obstrução nasal persistente,
secreção catarral, febre ou mal-estar. No entanto, em
muitos casos, pode se manifestar apenas como uma tosse
persistente, com piora noturna e ao acordar.
Tosse crônica
A secreção nasal acumulada tende a escorrer pela
região posterior do nariz em direção à faringe, provo-
cando um gotejamento e levando à tosse persistente,
com ou sem sinusite associada.
Respiração bucal
Ocorre quando a pessoa respira com a boca aberta (ou
semi-aberta) para compensar a congestão do nariz.
Quando ocorre por curto tempo e não deixa seqüelas, mas
se o hábito persiste, provoca pigarro, amidalite ou farin-
Alergia nasal10
gite, diminuição do apetite, sono agitado e respiração
barulhenta noturna. Em alguns casos, evolui com apare-
cimento de alterações dentárias, como dentição protusa
(“dentuço"), ou ainda com prejuízo da dinâmica respi-
ratória de maneira profunda que pode causar deformi-
dades do tórax e da coluna (cifoscoliose), mesmo quando
a criança não tem asma.
Respirar com a boca aberta pode prejudicar o re-
pouso noturno e interferir no rendimento no trabalho e
na escola. Em crianças, a respiração bucal prolongada
provoca diminuição de apetite, dificuldades na masti-
gação, problemas fonoaudiológicos, sono agitado, ron-
cos e faz com que elas babem no travesseiro. As noites
mal dormidas podem resultar em crianças desatentas e
sonolentas na escola, prejudicando a concentração e,
conseqüentemente, o aprendizado.
Pais e responsáveis devem ser orientados a combater
hábitos perniciosos na infância como: uso de ma-
madeiras e chupetas e sucção digital nas crianças acima
de 2 anos. Tais hábitos podem agravar sobremaneira a
respiração bucal. Ressalta-se a im-
portância de que as crianças nunca
devem mamar deitadas e só deitar
pelo menos uma hora após cada
mamada.
Aumento das adenóides
Adenóides são tonsilas palatinas
situadas na região posterior do nariz
(chamada de cavum – entre o nariz e a faringe), perto da
Repercussões da rinite alérgica 11
COMO RECONHECER A CRIANÇA RESPIRADORA BUCAL
comunicação com o ouvido, sendo conhecidas popular-
mente como “carnes do nariz". As adenóides aumentam
muito em algumas crianças alérgicas, podendo ser vi-
sualizadas nas radiografias da face feitas de perfil. O
aumento das adenóides pode provocar piora da rinite,
infecções repetidas, ronco, respiração ruidosa noturna e
respiração bucal.
Alergia nasal12
SONO
Agitação
Roncos
Baba
Apnéia do sono
ALTERAÇÕES POSTURAIS
Cabeça para frente
Ombros rodados
Escápula saliente
Tórax alterado
Abdome protuso
Coluna alterada
OUTRAS ALTERAÇÕES
Alteração da fala: troca de
fonemas
Deglutição e mastigação alte-
radas
Respiração torácica com pouco
uso do diafragma
Maior índice de infecções res-
piratórias
ASPECTO FACIAL
Fisionomia distraída
Olheiras
Lábios entreabertos
ALTERAÇÕES BUCAIS
Dentição protusa
"Céu da boca" aprofundado
Mordida alterada
Dentes desalinhados
Lábios ressecados e
hipertrofiados
Maior índice de cáries
COMPORTAMENTO
Come mal, recusa alimentos
sólidos
Baixo rendimento na escola
Cansaço fácil
Baixa capacidade de concen-
tração
Asma
Um paciente pode ter rinite e nunca apresentar asma.
Entretanto, é comum a associação das duas doenças.
Cerca de 80% das pessoas que têm asma, também apre-
sentam rinite. Embora o nariz e os brônquios tenham
funções diferentes, eles compõem a mesma via respi-
ratória, ou seja, um caminho único e revestido por um
mesmo tipo de mucosa. Sabe-se que a rinite alérgica é um
fator de risco para a asma. Por isso, é necessário tratar da
rinite para se conseguir sucesso no controle da asma.
Não adianta tratar só a asma sem tratar a rinite e
vice-versa.
As vias respiratórias são unidas: do nariz até os pulmões!
Infecções repetidas e crianças catarrais
A inflamação repetida da mucosa nasal na rinite
alérgica pode resultar em acometimento dos olhos (con-
juntivite), dos ouvidos (otites), dos seios da face (si-
nusite), da faringe (faringite) e dos pulmões (pneumo-
nia). Muitas vezes, uma criança com alergia respiratória
apresenta infecções repetidas, ficando constantemente
com catarro, necessitando de uso repetitivo de antibióti-
cos, por causa da rinite alérgica.
Alterações de voz, olfato, apetite, paladar e audição
A repetição dos quadros de rinite alérgica pode
provocar alterações da voz, resultando em rouquidão ou
voz anasalada. Algumas pessoas perdem ou têm dimi-
nuída a capacidade do olfato, bem como do apetite, do
paladar ou, ainda, podem apresentar audição alterada.
Repercussões da rinite alérgica 13
Otites
As crises repetidas de ri-
nite podem ocasionar o surgi-
mento de infecções do ouvido
médio (otites), especialmente
nas crianças. Além disso, a
ventilação da tuba auditiva
(canal que liga a orelha à
região posterior do nariz) pode
ser prejudicada por adenóides aumentadas, gerando
diminuição da audição e favorecendo otites repetidas.
Conjuntivites alérgicas
A rinite alérgica pode ser acompanhada de conjun-
tivite alérgica. O paciente fica com os olhos avermelha-
dos, irritados, coçando e com lacrimejamento constante.
Laringite estridulosa
Consiste no aparecimento de tosse ruidosa em aces-
so de início súbito, denominada popularmente “tosse de
cachorro", ocasionada pela inflamação e pelo espasmo
na laringe.
Polipose nasossinusal
A polipose nasossinusal pode ocorrer, a longo prazo,
em algumas pessoas portadoras de rinite, sendo rara em
crianças e adolescentes. Quando ocorre nesta faixa
etária, pode se associar à fibrose cística.
Alergia nasal14
O pólipo, que pode ser único ou múltiplo, é uma de-
generação da mucosa agredida pela inflamação repeti-
da da rinite crônica, que resulta em extensão e
hipertrofia da mucosa. Isso impede a ventilação e a dre-
nagem das secreções, ocasionando forte obstrução nasal
e diminuição freqüente a odores. A presença da polipose
pode estar associada a outras doenças, em especial a in-
tolerância ao ácido acetilsalicílico, a asma e a sinusite
fúngica, entre outras.
“... Atenção, pois aos sons de minha lira,
Vós todos, que me ouvis,
De minha bem-amada em versos d'ouro
Cantar quero o nariz...”
Repercussões da rinite alérgica 15
Outros tipos
de rinite
5
Rinite a agentes irritantes do aparelho respiratório
Pode ser provocada pela inalação de produtos quími-
cos, gases, óleo diesel e por fatores físicos irritantes para
as vias aéreas, como cheiros fortes, perfumes, pó de giz,
fumaça de cigarro, mudanças de tempo, ar frio e
poluição. As substâncias irritantes atuam diretamente so-
bre as terminações nervosas do nariz, desencadeando es-
pirros, congestão e outros sintomas nasais, sem partici-
pação alérgica. A fumaça do cigarro é um grande
irritante da mucosa respiratória, resultando na piora da
asma e da rinite.
Rinite infecciosa
É causada por germes, bactérias ou vírus. Um exem-
plo é a gripe ou o resfriado.
Rinite vasomotora ou idiopática
Aparece devido à reação dos vasos da mucosa a fa-
tores que não são alérgicos nem infecciosos. Assemelha-
se à rinite alérgica, mas a queixa predominante é o en-
Outros tipos de rinite 17
tupimento nasal, em geral intenso e que pode ser o úni-
co sintoma.
Rinite por corpo estranho
É mais comum nas crianças pequenas, sendo causa
freqüente de atendimento em pronto-socorro. Citam-se
casos de crianças que colocaram dentro do nariz grãos
de feijão, arroz, contas de colares, pedaços de borracha
etc. Neste caso, o que diferencia é a coriza purulenta e
unilateral (ou seja, apenas do lado que corresponde à
presença do corpo estranho).
Rinite por medicamentos
Algumas pessoas costumam usar “gotas nasais" para
alívio da obstrução nasal repetida e crônica provocada
pela rinite. No entanto, estes remédios não resolvem o
problema e, pelo contrário, pioram o entupimento do na-
riz, o que leva ao vício. Além disso, prejudicam o olfato
e podem provocar aumento da pressão arterial.
A rinite medicamentosa também pode surgir como
efeito colateral de remédios, como, por exemplo, alguns
anti-hipertensivos, como betabloqueadores, pílulas anti-
concepcionais, aspirinas etc.
Rinite por alimentos (ou gustatória)
Surge devido à ingestão de alimentos quentes, muito
temperados ou apimentados.
Rinite por fatores hormonais
Gravidez, uso de hormônios, doenças tireoideanas etc.
Rinite na gravidez
A gravidez é um momento especial na vida da mu-
lher e é acompanhada por profundas alterações hor-
monais: a presença do estrogênio e da progesterona ati-
va as glândulas e aumenta o volume sanguíneo local.
Por isso, toda grávida, mesmo que não seja alérgica,
apresenta tendência para obstrução das narinas que cos-
tuma desaparecer após o parto. Seria de se esperar que,
se a mulher fosse portadora de uma rinite alérgica antes
de engravidar, teria mais propensão à piora na gestação.
Entretanto, estudos científicos mostram que, enquanto
algumas pioram, outras até melhoram ou não modificam
o padrão da rinite durante a gestação.
Embora a rinite muitas vezes não seja valorizada,
sendo considerada uma doença sem importância, deve
ser tratada adequadamente durante a gravidez, pois a
manutenção dos sintomas e, principalmente, da obstru-
ção nasal persistente pode prejudicar a oxigenação do
feto e provocar complicações como sinusite, tosse crôni-
ca, respiração bucal e piora ou surgimento de asma du-
rante a gravidez. Por isso, é importante que a gestante
alérgica seja acompanhada por médico especialista, em
conjunto com o obstetra. Existem medicações adequadas
e seguras para uso na gestação e na amamentação.
Rinite ocupacional
É causada por fatores encontrados no ambiente de
trabalho, como por exemplo, em fábricas.
Alergia nasal18
Rinite emocional
Surge em situações de sobrecarga emocional.
“... O nariz de meu bem é como...óh! céus!...
É como o quê? por mais que lide e sue,
Nem uma só asneira!...
Que esta musa está hoje uma toupeira.
Nem uma idéia
Me sai do casco!...
Ó miserando,
Triste fiasco!!
[...]
E ai de mim! desgraçado,
Se o meu doce bem-amado
Vê seu nariz comparado
A uma erguida montanha:
Com razão e sem tardança,
Com rigores e esquivança,
Tomará cruel vingança,
Por essa injúria tamanha...”
Outros tipos de rinite 19
Tratamento
passo-a-passo
6
Tratar a rinite não significa apenas dar alívio ime-
diato aos sintomas, mas trabalhar para que a pessoa
volte a seu estado normal, corrigindo as conseqüências
da doença. É como uma torneira pingando: não basta
enxugar o chão molhado, é preciso consertar o defeito
da torneira! O primeiro passo é procurar a causa da rinite
e, se possível, afastá-la por meio de medidas de controle.
Este é o tratamento ideal e, muitas vezes, suficiente.
No entanto, como nem sempre é possível o afastamen-
to ideal, como no caso da poeira domiciliar, procede-se o
segundo passo, que consiste na escolha dos medicamentos a
serem utilizados para reduzir a inflamação e controlar os
sintomas. Finalmente, estabelece-se o terceiro passo, que é
o uso de vacinas, também chamado de imunoterapia.
A rinite alérgica pode acarretar inúmeras modificações
em cada indivíduo e, por isso, alguns casos necessitam de
um tratamento integrado de vários especialistas: alergista,
pediatra, otorrino, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólo-
go etc. – para que o paciente seja visto como um todo e
tenha recuperação e reabilitação plena.
Medicamentos
para a rinite
alérgica
7
Os remédios usados para tratar a rinite são de dois
tipos: remédios de alívio (antialérgicos) e remédios pre-
ventivos (antiinflamatórios).
Medicamentos de alívio
Antialérgicos ou anti-histamínicos: impedem a ação da
histamina, que é uma das importantes substâncias cau-
sadoras de rinite e, por isso, aliviam os sintomas da aler-
gia. Esses medicamentos estão divididos em dois grupos:
os “clássicos", que são mais antigos e costumam provo-
car sonolência e aumento de apetite; e os de “nova gera-
ção ou não clássicos", mais modernos e com menores
efeitos colaterais.
Descongestionantes: são usados nos casos de rinite, nos
quais a obstrução nasal é muito incômoda; atuam provo-
cando a contração dos vasos sanguíneos das narinas e
melhorando a sensação de entupimento. Existem descon-
gestionantes para uso por via oral, sob forma de com-
primidos, xaropes ou gotas e os descongestionantes nasais
em gotas, que devem ser usados com cautela e por pouco
tempo (máximo 7 dias). O uso por tempo prolongado pode
provocar dependência, piorando o entupimento do nariz,
gerando um círculo vicioso que leva ao agravamento do
problema. Além disso, prejudicam o olfato e podem
provocar taquicardia e aumento da pressão arterial.
Corticosteróides orais ou sistêmicos: são medicamentos
que possuem potente ação antiinflamatória, podendo ser
usados nos períodos de crises, como medicação de res-
gate, bem como, em alguns casos, por tempo mais pro-
longado – mas sempre sob estrita orientação médica!
Medicamentos preventivos
Corticosteróides intranasais: são os principais medicamen-
tos preventivos para a rinite alérgi-
ca; atuam combatendo a inflamação
na mucosa nasal e conseguem debe-
lar os sintomas. Apesar de serem de-
rivados de corticosteróides, utilizam
doses em microgramas, ou seja, mil
vezes menores que as usadas por via oral e, por isso, po-
dem ser usados com bastante segurança, com um mínimo
de efeitos colaterais. Devem ser mantidos por tempo pro-
longado, mesmo o paciente estando bem.
Cromoglicato dissódico: é encontrado sob a forma de
gotas ou sprays para uso no nariz. Essas medicações
apresentam uma segurança comprovada com mínimos
efeitos colaterais. Por isso, são indicadas para tratamen-
to de crianças pequenas, embora sejam menos potentes
do que os corticosteróides inalados.
Antileucotrienos: são medicamentos modernos que agem
bloqueando os leucotrienos, substâncias produzidas du-
Alergia nasal22
Medicamentos para a rinite alérgica 23
rante o processo inflamatório e que são responsáveis pela
manutenção do broncoespasmo e da inflamação. Os an-
tileucotrienos têm mostrado bons resultados no tratamen-
to da asma, com poucos efeitos colaterais e com a van-
tagem de seu uso ser por via oral em dose única diária, sob
a forma de comprimidos para adultos e comprimidos
mastigáveis para crianças. Entretanto, ainda apresentam
custo alto, o que limita o uso. Estão indicados para trata-
mento da asma e da rinite alérgica. Na observação pelos
autores, têm bons resultados na “rinite secretora” de idoso
com gotejamento pós-nasal, pigarro e tosse.
O importante é que os remédios só devem ser uti-
lizados quando receitados pelo médico!
“... E o corpo de esbelta virgem
Tem feitio de coqueiro,
E só com um beijo se quebra
De tão franzino e ligeiro;
E como os olhos são flechas,
Que os corações vão varando;
E outras vezes são flautas
Que de noite vão cantando;
Pra rematar tanta peta
O nariz será trombeta...
Trombeta o meu nariz?!! (ouço-a bradando)
Pois meu nariz é trombeta?...
Oh! não mais, Sr. poeta,
Com meu nariz s'intrometa...”
Alergia nasal24
DIAGRAMA DO TRATAMENTO DA RINITE ALÉRGICA, SEGUNDO O ARIA
Fonte: ARIA – Allergic Rhinitis and its Impact on Ashtma.
higiene ambiental
imunoterapia
leve
intermitente
moderada
grave
persistente
leve
persistente
moderada
grave
persistente
cromoglicato intranasal
corticosteróide intranasal
descongestionantes
antialérgicos não-sedantes
Combatendo
a poeira e
os ácaros
8
Controle ambiental
Quanto mais se consegue melhorar o ambiente
doméstico onde vive o alérgico, melhores os resultados,
menos remédios, menos vacinas! Algumas medidas de-
vem ser tomadas para se evitar o contato abusivo com os
alérgenos, principalmente em relação à limpeza da casa e,
em especial, do dormitório. Estudos científicos mostram
que a quantidade de ácaros numa casa pode variar, mas
em todos os casos, os colchões são os locais preferidos
para sua localização.
COMO MELHORAR SUA RINITE
Abra as janelas: ventilação e sol só fazem bem e combatem
ácaros!
A limpeza da casa deve ser diária, com pano úmido, sem espanadores
e sem produtos com cheiro ativo (prefira álcool)
Limpe a casa na ausência do alérgico.
Combata o mofo ou os focos de infiltração e umidade.
Dormitório: evite móveis ou objetos desnecessários que acumulem
pó.
(continua)
Alergia nasal26
(CONT.) COMO MELHORAR SUA RINITE
Encape colchões e travesseiros com plástico, napa ou capas
antialérgicas.
Evite almofadas, bichos de pelúcia ou estantes com livros dentro
dos quartos.
Retire tapetes e carpetes e substitua-os por pisos lisos, sem
frestas.
Cortinas podem ser usadas, mas devem ser leves, curtas e
lavadas freqüentemente.
Roupas de cama devem ser lavadas com água quente para elimi-
nar os ácaros.
Camas devem ser colocadas afastadas da parede do quarto.
Evite roupas e cobertores de lã ou com pêlos. Prefira edredons e
lave-os com freqüência. Agasalhos recomendados: de malha, mo-
leton, náilon ou couro.
Roupas que sejam pouco usadas devem ser lavadas antes do uso.
Se possível, não tenha animais em casa, mas se já os tiver, proíba
sua entrada nos quartos e não deixe que subam em camas ou es-
tofados. O animal deve ser lavado semanalmente e os cuidados
com a limpeza da casa precisam ser intensificados.
Não fume e não permita que fumem em sua casa.
Testes alérgicos
Sobre a pele do antebraço são colocadas várias gotas
de substâncias contendo inalantes (poeira, ácaros, fungos,
pêlos de animais, etc.) e com uma agulha é feita puntura.
As reações positivas surgem minutos após e caracterizam-
se por avermelhamento e coceira no local da aplicação,
sugerindo a presença de alergia para aquela determinada
substância.
9
Vacinas
para a alergia:
a imunoterapia
A imunoterapia específica, popularmente conhecida
como vacinas para alergia, é muito eficaz no tratamento
da rinite alérgica, pois induz a diminuição da sensibili-
dade aos agentes inalantes provocadores das crises.
Devem ser preparadas pelo alergista de acordo com os re-
sultados do teste, usando material (extrato) padronizado
e de maneira individual para cada paciente. O uso das
vacinas é demorado (3 a 5 anos), porém permite um con-
trole mais adequado da rinite alérgica.
A imunoterapia é a única medida terapêutica capaz
de alterar a evolução e a história natural das alergias res-
piratórias, interferindo de maneira decisiva na história e
no prognóstico futuro do paciente.
Alergia nasal28
“... Perdão por esta vez, perdão, senhora!
Eis nova inspiração me assalta agora,
E em honra ao teu nariz
Dos lábios me arrebenta em chafariz:
O teu nariz, doce amada,
É um castelo de amor,
Pelas mãos das próprias graças
Fabricado com primor.
As suas ventas estreitas
São como duas seteiras,
Donde ele oculto dispara
Agudas flechas certeiras.
Em que sítios te pus, amor, coitado!
Meu Deus, em que perigo?
Se a ninga espirra, pelos ares saltas,
E em terra dás contigo.”
10
A participação
do paciente
Muitas pessoas que sofrem de rinite não cumprem as
medidas recomendadas e abandonam o tratamento após
curto período. Por que isso ocorre? Alguns pacientes
consideram a rinite uma doença leve, que não causa
dano e, por isso, não se tratam ou buscam terapias ina-
propriadas. Outros têm medo dos remédios, temem as
injeções das vacinas ou não têm esperança no bom re-
sultado do tratamento.
Para reverter este quadro, é fundamental que cada
paciente (ou seu responsável, no caso de crianças) par-
ticipe ativamente do tratamento, opine na escolha dos
medicamentos, saiba como colocar em prática as medi-
das de higiene ambiental em sua casa. Tratar rinite não
pode se limitar ao uso de medicações, mas implica edu-
cação do paciente para modificar hábitos e conquistar a
melhora de sua qualidade de vida, trabalhando sempre
em parceria com o médico.
11
1. Como posso diferenciar um resfriado de uma rinite alérgica?
O resfriado comum (gripe) é causado por vírus, na
maior parte dos casos. É contagioso e acompanha-se de
mal-estar, febre, dores no corpo, falta de apetite. A ri-
nite alérgica não é contagiosa, é causada por fatores
variados, como poeira e ácaros, piorando no inverno e
nas mudanças de tempo.
2. Por que a rinite é mais freqüente no inverno?
No inverno, algumas situações favorecem as
crises da rinite: a temperatura é amena, a umidade
ambiental aumenta, em geral há maior desenvolvi-
mento de ácaros. Nesses períodos, é comum que as
pessoas fiquem mais tempo dentro de suas casas, o
que aumenta o contato com os ácaros. Além disso,
ocorrem mudanças bruscas de temperatura, que po-
dem provocar a congestão nasal. Gripes e viroses são
mais comuns, contribuindo para piorar a rinite.
Quem responde
é o especialista
Quem responde é o especialista 31
3. Eu não consigo ficar sem meu "remédio de nariz"!
O uso de “gotas nasais” para alívio da obstrução
nasal por tempo prolongado pode provocar entupimen-
to cada vez mais intenso e desenvolver “dependência”.
Além disso, pode provocar diminuição do olfato e au-
mento da pressão arterial. Converse com o médico para
que ele o ajude a abandonar o uso das “gotas nasais”.
4. Existe chance de uma pessoa que tem rinite desenvolver
asma?
Sim. Os estudos mostram que crianças portadoras de
rinite têm maiores chances de desenvolver asma. Sabe-
se também que a rinite pode piorar uma asma preexis-
tente. Por isso, é muito importante tratar os sintomas
nasais para que se possa melhorar a asma. Em alguns
casos, a rinite provoca sinusite que, por sua vez, com-
plica a asma.
5. Rinite pode provocar roncos?
Sim. Pacientes portadores de rinite podem roncar ou
ter outros distúrbios do sono em conseqüência da obstru-
ção das vias respiratórias superiores.
12
• A alergia é uma doença crônica e deve ser
tratada não apenas nos momentos de piora, mas
de forma preventiva – mesmo quando o doente
está se sentindo bem.
• A pessoa alérgica deve saber o que ela pode
fazer em caso de crise. No entanto, o fato de
aprender a manejar a própria doença não sig-
nifica que deva automedicar-se!
• É preciso aprender as medidas de controle
do ambiente, limpeza da casa, etc., mas, na
maior parte dos casos, não há necessidade de se
estabelecer proibições descabidas. O alérgico
bem orientado pode ter uma vida normal, sem
grandes restrições, desde que orientado pelo
médico especialista.
Dicas
Dicas 33
“... Estou já cansado, desisto da empresa,
Em versos mimosos cantar-te bem quis;
Mas não o consente destino perverso,
Que fez-te infeliz;
Está decidido - não cabes em verso,
Rebelde nariz.
E hoje tu deves
Te dar por feliz
Se estes versinhos
Brincando te fiz...”
Alergia nasal34
Atenção
Criança com rinite não está gripada!
Pode pisar no chão, tomar sorvete,
correr e brincar livremente!
REALIZAÇÃO:
ABRA - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ASMÁTICOS
E-MAIL: asmaticos@asmaticos.org.br
HOME PAGE: www.asmaticos.org.br
CLÍNICA DE ALERGIA DA POLICLÍNICA GERAL DO RIO DE JANEIRO
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é Mais feliz quem respira pelo nariz

  • 1. É mais feliz quem respira pelo nariz! Alergia Nasal
  • 2.
  • 3. Um guia para ajudar você a tratar a alergia e a controlar sua rinite alérgica É mais feliz quem respira pelo nariz! Fátima Emerson Nelson Guilherme Cordeiro Editores Alergia Nasal
  • 4. Copyright © 2006 Editora Manole Ltda., por meio de contrato de co-edição com a Farmalab Indústrias Químicas e Farmacêuticas – Chiesi e de contrato com os autores. Projeto gráfico e editoração eletrônica: Departamento Editorial da Editora Manole Capa: Departamento de Arte da Editora Manole Ilustrações: Sírio José Braz Cançado Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Alergia nasal : é mais feliz quem respira pelo nariz! / editores Fátima Emerson, Nelson Guilherme Cordeiro. – Barueri, SP : Minha Editora ; São Paulo : Chiesi, 2006. “Um guia para ajudar você a tratar a alergia e a controlar sua rinite alérgica” ISBN 85-98416-30-4 1. Alergia nasal – Diagnóstico 2. Alergia nasal – Tratamento 3. Alergia respiratória 4. Asma 5. Rinite alérgica – Diagnóstico 6. Rinite – Tratamento I. Emerson, Fátima. II. Cordeiro, Nelson Guilherme. 06-3434 CDD-616.202 NLM-WV 335 Índices para catálogo sistemático: 1. Alergia nasal : Diagnóstico e tratamento : Medicina 616.202 2. Rinite alérgica : Diagnóstico e tratamento : Medicina 616.202 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, por qualquer processo, sem a permissão expressa dos editores. É proibida a reprodução por xerox. 1a edição – 2006 Editora Manole Ltda. Avenida Ceci, 672 – Tamboré 06460-120 – Barueri – SP – Brasil Tel.: (11) 4196-6000 – Fax: (11) 4196-6021 www.manole.com.br info@manole.com.br Impresso no Brasil Printed in Brazil
  • 5. Dra. Fátima Emerson Dr. Nelson Guilherme Cordeiro Editores Realização ABRA – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ASMÁTICOS E-MAIL: asmaticos@asmaticos.org.br HOME PAGE: www.asmaticos.org.br CLÍNICA DE ALERGIA DA POLICLÍNICA GERAL DO RIO DE JANEIRO E-MAIL: alergiapgrj@yahoo.com.br Colaboradores Dr. Emmanuel Reis Martins Dr. José Luiz de Magalhães Rios Dr. Lian Pontes de Carvalho Dr. Luiz Carlos Arcanjo Dra. Neide Macedo F. Pereira Dra. Tânia Lúcia Nen da Silva (fisioterapeuta) Assessoria Científica: Prof. João Bosco Magalhães Rios
  • 6.
  • 7. 1. Pobre nariz... 11 2. A origem dos sintomas nasais 33 3. Classificação atual da rinite alérgica 77 4. Repercussões da rinite alérgica 99 5. Outros tipos de rinite 1166 6. Tratamento passo-a-passo 2200 7. Medicamentos para a rinite alérgica 2211 8. Combatendo a poeira e os ácaros 2255 9. Vacinas para a alergia: a imunoterapia 2277 10. A participação do paciente 2299 11. Quem responde é o especialista 3300 12. Dicas 3322 Sumário
  • 8. O nariz perante os poetas “Cantem outros os olhos, os cabelos E mil cousas gentis Das belas suas: eu de minha amada Cantar quero o nariz Não sei que fado mísero e mesquinho É este do nariz Que poeta nenhum em prosa ou verso Cantá-lo jamais quis. Os dentes são pérolas, Os lábios rubis, As tranças lustrosas São laços sutis Que prendem, que enleiam Amante feliz; É colo de garça A nívea cerviz; Porém ninguém diz O que é o nariz Beijam-se os cabelos, E os olhos belos, E a boca mimosa, E a face de rosa De fresco matiz; E nem um só beijo Fica de sobejo Pro pobre nariz; Ai! pobre nariz, És bem infeliz!” [...] Trechos deste poema (de 1858) de Bernardo Guimarães (1825-1884) são citados várias vezes no livro. Quando não for de sua autoria, estará especificado entre parênteses. Bernardo Guimarães, em versos escritos em 1858, espelha como o nariz é pouco valorizado, até pelos poetas...
  • 9. 1 E afinal, para que serve o nariz? Para cumprir funções importantes como estética, olfação, ressonância da voz e respiração. Respirar é nobre! Ao nascer, o primeiro sinal de vida é o choro, no momento em que o ar penetra nos pulmões. Ao morrer, ocorre “o último suspiro". A respiração é um processo inconsciente: respira-se falando, cantando, correndo, dormindo, ou seja, em todos os momentos da vida. Os movimentos respiratórios devem ser profundos, completos, utilizando a musculatura do tórax de forma harmoniosa, desde a entrada do ar através das narinas até os alvéolos pulmonares, incluindo o dia- fragma – músculo que separa o tórax do abdome. O ar respirado que ingressa no organismo através das narinas é, em geral, frio e seco, contendo impurezas e ger- mes. É na cavidade nasal que começa o processo da res- piração, onde o ar será aquecido, umedecido e limpo, pro- porcionando melhores condições para que a respiração pulmonar se realize adequadamente. O nariz é a primeira barreira que protege o organismo contra o ingresso de Pobre nariz...
  • 10. microrganismos presentes no ar que respiramos, retendo as impurezas, regulando a temperatura e a umidade do ar que passa em direção aos pulmões. O nariz atua também em outros processos, como a ol- fação, sentido que, nos primórdios do desenvolvimento humano, estava relacionado com o instinto de sobrevivên- cia. O nariz humano é capaz de perceber milhares de odores diferentes. Além disso, a olfação participa intima- mente no paladar, proporcionando as condições necessá- rias para que possamos distinguir o sabor dos alimentos. Mas não é tudo: o nariz se localiza na área mediana da face, assumindo uma posição privilegiada, em comuni- cação direta com os seios paranasais (seios da face), faringe, ouvidos e olhos. Assim, a emissão da voz, a au- dição e a visão também se fazem graças a uma relação harmoniosa com o nariz funcionando direitinho! “... E tu, pobre nariz, sofres o injusto Silêncio dos poetas? Sofres calado? não tocaste ainda Da paciência as metas?...” Alergia nasal2
  • 11. 2 A origem dos sintomas nasais Os principais sintomas nasais, como obstrução, es- pirros e coriza, representam formas de proteção do or- ganismo na tentativa de impedir que impurezas al- cancem as vias pulmonares. Em condições normais, qualquer pessoa, mesmo que não seja alérgica, poderá apresentar congestão nasal para impedir a penetração de elementos nocivos, coriza para lavar e expelir subs- tâncias estranhas ou espirros, para remoção mecânica desses elementos. Trata-se de um mecanismo fisio- lógico e, por isso, estes sintomas podem ocorrer em determinados momentos, como por exemplo num res- friado ou gripe. Nas pessoas alérgicas, ocorre um exagero dessas reações fisiológicas, surgindo uma sensibilidade especí- fica para alguns estímulos que não provocam doença nas pessoas não-alérgicas. O exemplo clássico é o ácaro da poeira de casa, que pode provocar sintomas para al- guns, sem causar dano para outros.
  • 12. Rinite alérgica A rinite alérgica é a forma mais comum entre as rinites e sua prin- cipal causa é a alergia, que inclui: poeira de casa, ácaros, mofo, pêlos de animais, baratas, polens e até al- guns tipos de alimentos. No Brasil, a alergia à poeira e aos ácaros constitui a causa mais comum de rinite. De to- dos componentes da poeira de casa, os ácaros são os prin- cipais causadores da rinite alérgica, provocando a doença por meio de uma substância encontrada em suas fezes, as chamadas bolotas fecais, que se depositam em carpetes, estantes de livros, cortinas e principalmente em traves- seiros e camas. Um só ácaro pode produzir 30 bolotas fe- cais por dia e em uma só cama podem ser encontradas milhares dessas bolotas. Por isso, é tão importante cuidar do quarto da pessoa alérgica. Alergia nasal4 SINTOMAS CLÁSSICOS DA RINITE ALÉRGICA Espirros repetidos em seqüência. Coriza líquida, em geral, abundante. Coceira no nariz, nos olhos, nos ouvidos, no céu da boca e na garganta. Mucosa nasal congestionada e narinas obstruídas. Olhos avermelhados, irritados, lacrimejando e coçando. Escorrimento de secreção pela parte de trás do nariz, provocando pigarro ou tosse. Alteração do olfato e do paladar.
  • 13. Os sintomas da rinite alérgica podem surgir minutos após a inalação da substância que provoca alergia (como poeira, mofo, etc.). Isso se deve a uma reação imunoló- gica entre a substância causadora da alergia (chamada antígeno) e a defesa do organismo (chamada anticorpo), provocando a liberação de substâncias químicas por de- terminadas células. Nas reações alérgicas, o sistema imunológico da pessoa produz, em grande quantidade, um tipo especial de anticorpo conhecido como imuno- globulina E ou simplesmente IgE. Quanto maior for a produção de IgE, maiores são as chances de o indivíduo A origem dos sintomas nasais 5 SINTOMAS PRINCIPAIS DA RINITE ALÉRGICA Espirros Coriza Congestão nasal Coceira nasal SINTOMAS SECUNDÁRIOS Alterações bucais oculares nos ouvidos na garganta no olfato e no paladar Dor de cabeça Tosse Falta de ar HISTÓRIA FAMILIAR DE ALERGIA Parentes próximos
  • 14. Alergia nasal6 manifestar doenças alérgicas. A repetição do processo alérgico leva a uma inflamação crônica que permanece mesmo quando a pessoa não está em crise. Os sintomas da rinite assemelham-se aos de um res- friado comum, podendo passar desapercebidos ou con- fundidos pelo paciente, pela família ou mesmo pelos médicos. Infelizmente, quando isso acontece, a repetição das crises sem tratamento ade- quado pode acarretar compli- cações e afetar a qualidade de vida da pessoa, seja no trabalho, na escola, durante o sono ou mesmo no convívio social. Pode- se afirmar que a rinite não mata, mas maltrata! “Não há, praticamente, possibilidade de se diferenciar um nariz alérgico fora da crise de rinite. Anatomicamente e fisiologicamente, o alérgico é igual ao não-alérgico" (Brum Negreiros)
  • 15. Classificação atual da rinite alérgica 3 INTERMITENTE A rinite é esporádica, isto é, os sintomas surgem com intervalos longos e desaparecem espontaneamente. PERSISTENTE Os sintomas da rinite se repetem com mais freqüência, mais de 4 dias numa semana e em mais de 4 semanas no ano, podendo ser reconhecida como: Leve: apesar da rinite, o sono é normal, as atividades diárias es- tão preservadas e os sintomas são discretos. Moderada: os sintomas da rinite começam a perturbar o sono e a interferir nas atividades diárias. Grave: os sintomas são incômodos, perturbam o sono, provocam faltas às aulas e ao trabalho e interferem de forma significativa nas atividades diárias, esportivas e recreacionais. Fonte: ARIA – Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma
  • 16. “... Nariz, nariz, já é tempo De ecoar o teu queixume; Pois, se não há poesia Que não tenha o seu perfume, Em que o poeta a mãos cheias Os aromas não arrume, Por que razão os poetas, Por que do nariz não falam, Do nariz, pra quem somente Esses perfumes se exalam? Onde, pois, ingratos vates, Acharíeis as fragrâncias, Os balsâmicos odores, De que encheis vossas estâncias, Os eflúvios, os aromas Que nos versos espargis; Onde acharíeis perfume, Se não houvesse nariz? Ó vós, que ao nariz negais Os foros de fidalguia, Sabei, que se por um erro Não há nariz na poesia, É por seu fado infeliz, Mas não é porque não haja Poesia no nariz...” Alergia nasal8
  • 17. Repercussões da rinite alérgica 4 Rinite alérgica Asma Infecções respiratórias Otite Alterações do comporta- mento Sinusite Apnéia do sono Polipose Respiração bucal
  • 18. A inflamação alérgica não se limita à mucosa nasal, mas atinge todas as estruturas próximas. O nariz é o ór- gão-alvo da alergia respiratória, sendo o responsável não só pelos sintomas da rinite, mas também pelos reflexos causados pela doença. A partir da rinite, há comprometi- mento de olhos (conjuntivite), ouvidos (otites), seios da face (sinusite), traquéia (traqueíte) e pulmões (bronquite ou asma). Sinusite É a complicação mais comum da rinite alérgica. Consiste na inflamação dos seios da face, sendo também chamada de rinossinusite. Os sintomas principais de si- nusite são: dor de cabeça, obstrução nasal persistente, secreção catarral, febre ou mal-estar. No entanto, em muitos casos, pode se manifestar apenas como uma tosse persistente, com piora noturna e ao acordar. Tosse crônica A secreção nasal acumulada tende a escorrer pela região posterior do nariz em direção à faringe, provo- cando um gotejamento e levando à tosse persistente, com ou sem sinusite associada. Respiração bucal Ocorre quando a pessoa respira com a boca aberta (ou semi-aberta) para compensar a congestão do nariz. Quando ocorre por curto tempo e não deixa seqüelas, mas se o hábito persiste, provoca pigarro, amidalite ou farin- Alergia nasal10
  • 19. gite, diminuição do apetite, sono agitado e respiração barulhenta noturna. Em alguns casos, evolui com apare- cimento de alterações dentárias, como dentição protusa (“dentuço"), ou ainda com prejuízo da dinâmica respi- ratória de maneira profunda que pode causar deformi- dades do tórax e da coluna (cifoscoliose), mesmo quando a criança não tem asma. Respirar com a boca aberta pode prejudicar o re- pouso noturno e interferir no rendimento no trabalho e na escola. Em crianças, a respiração bucal prolongada provoca diminuição de apetite, dificuldades na masti- gação, problemas fonoaudiológicos, sono agitado, ron- cos e faz com que elas babem no travesseiro. As noites mal dormidas podem resultar em crianças desatentas e sonolentas na escola, prejudicando a concentração e, conseqüentemente, o aprendizado. Pais e responsáveis devem ser orientados a combater hábitos perniciosos na infância como: uso de ma- madeiras e chupetas e sucção digital nas crianças acima de 2 anos. Tais hábitos podem agravar sobremaneira a respiração bucal. Ressalta-se a im- portância de que as crianças nunca devem mamar deitadas e só deitar pelo menos uma hora após cada mamada. Aumento das adenóides Adenóides são tonsilas palatinas situadas na região posterior do nariz (chamada de cavum – entre o nariz e a faringe), perto da Repercussões da rinite alérgica 11
  • 20. COMO RECONHECER A CRIANÇA RESPIRADORA BUCAL comunicação com o ouvido, sendo conhecidas popular- mente como “carnes do nariz". As adenóides aumentam muito em algumas crianças alérgicas, podendo ser vi- sualizadas nas radiografias da face feitas de perfil. O aumento das adenóides pode provocar piora da rinite, infecções repetidas, ronco, respiração ruidosa noturna e respiração bucal. Alergia nasal12 SONO Agitação Roncos Baba Apnéia do sono ALTERAÇÕES POSTURAIS Cabeça para frente Ombros rodados Escápula saliente Tórax alterado Abdome protuso Coluna alterada OUTRAS ALTERAÇÕES Alteração da fala: troca de fonemas Deglutição e mastigação alte- radas Respiração torácica com pouco uso do diafragma Maior índice de infecções res- piratórias ASPECTO FACIAL Fisionomia distraída Olheiras Lábios entreabertos ALTERAÇÕES BUCAIS Dentição protusa "Céu da boca" aprofundado Mordida alterada Dentes desalinhados Lábios ressecados e hipertrofiados Maior índice de cáries COMPORTAMENTO Come mal, recusa alimentos sólidos Baixo rendimento na escola Cansaço fácil Baixa capacidade de concen- tração
  • 21. Asma Um paciente pode ter rinite e nunca apresentar asma. Entretanto, é comum a associação das duas doenças. Cerca de 80% das pessoas que têm asma, também apre- sentam rinite. Embora o nariz e os brônquios tenham funções diferentes, eles compõem a mesma via respi- ratória, ou seja, um caminho único e revestido por um mesmo tipo de mucosa. Sabe-se que a rinite alérgica é um fator de risco para a asma. Por isso, é necessário tratar da rinite para se conseguir sucesso no controle da asma. Não adianta tratar só a asma sem tratar a rinite e vice-versa. As vias respiratórias são unidas: do nariz até os pulmões! Infecções repetidas e crianças catarrais A inflamação repetida da mucosa nasal na rinite alérgica pode resultar em acometimento dos olhos (con- juntivite), dos ouvidos (otites), dos seios da face (si- nusite), da faringe (faringite) e dos pulmões (pneumo- nia). Muitas vezes, uma criança com alergia respiratória apresenta infecções repetidas, ficando constantemente com catarro, necessitando de uso repetitivo de antibióti- cos, por causa da rinite alérgica. Alterações de voz, olfato, apetite, paladar e audição A repetição dos quadros de rinite alérgica pode provocar alterações da voz, resultando em rouquidão ou voz anasalada. Algumas pessoas perdem ou têm dimi- nuída a capacidade do olfato, bem como do apetite, do paladar ou, ainda, podem apresentar audição alterada. Repercussões da rinite alérgica 13
  • 22. Otites As crises repetidas de ri- nite podem ocasionar o surgi- mento de infecções do ouvido médio (otites), especialmente nas crianças. Além disso, a ventilação da tuba auditiva (canal que liga a orelha à região posterior do nariz) pode ser prejudicada por adenóides aumentadas, gerando diminuição da audição e favorecendo otites repetidas. Conjuntivites alérgicas A rinite alérgica pode ser acompanhada de conjun- tivite alérgica. O paciente fica com os olhos avermelha- dos, irritados, coçando e com lacrimejamento constante. Laringite estridulosa Consiste no aparecimento de tosse ruidosa em aces- so de início súbito, denominada popularmente “tosse de cachorro", ocasionada pela inflamação e pelo espasmo na laringe. Polipose nasossinusal A polipose nasossinusal pode ocorrer, a longo prazo, em algumas pessoas portadoras de rinite, sendo rara em crianças e adolescentes. Quando ocorre nesta faixa etária, pode se associar à fibrose cística. Alergia nasal14
  • 23. O pólipo, que pode ser único ou múltiplo, é uma de- generação da mucosa agredida pela inflamação repeti- da da rinite crônica, que resulta em extensão e hipertrofia da mucosa. Isso impede a ventilação e a dre- nagem das secreções, ocasionando forte obstrução nasal e diminuição freqüente a odores. A presença da polipose pode estar associada a outras doenças, em especial a in- tolerância ao ácido acetilsalicílico, a asma e a sinusite fúngica, entre outras. “... Atenção, pois aos sons de minha lira, Vós todos, que me ouvis, De minha bem-amada em versos d'ouro Cantar quero o nariz...” Repercussões da rinite alérgica 15
  • 24. Outros tipos de rinite 5 Rinite a agentes irritantes do aparelho respiratório Pode ser provocada pela inalação de produtos quími- cos, gases, óleo diesel e por fatores físicos irritantes para as vias aéreas, como cheiros fortes, perfumes, pó de giz, fumaça de cigarro, mudanças de tempo, ar frio e poluição. As substâncias irritantes atuam diretamente so- bre as terminações nervosas do nariz, desencadeando es- pirros, congestão e outros sintomas nasais, sem partici- pação alérgica. A fumaça do cigarro é um grande irritante da mucosa respiratória, resultando na piora da asma e da rinite. Rinite infecciosa É causada por germes, bactérias ou vírus. Um exem- plo é a gripe ou o resfriado. Rinite vasomotora ou idiopática Aparece devido à reação dos vasos da mucosa a fa- tores que não são alérgicos nem infecciosos. Assemelha- se à rinite alérgica, mas a queixa predominante é o en-
  • 25. Outros tipos de rinite 17 tupimento nasal, em geral intenso e que pode ser o úni- co sintoma. Rinite por corpo estranho É mais comum nas crianças pequenas, sendo causa freqüente de atendimento em pronto-socorro. Citam-se casos de crianças que colocaram dentro do nariz grãos de feijão, arroz, contas de colares, pedaços de borracha etc. Neste caso, o que diferencia é a coriza purulenta e unilateral (ou seja, apenas do lado que corresponde à presença do corpo estranho). Rinite por medicamentos Algumas pessoas costumam usar “gotas nasais" para alívio da obstrução nasal repetida e crônica provocada pela rinite. No entanto, estes remédios não resolvem o problema e, pelo contrário, pioram o entupimento do na- riz, o que leva ao vício. Além disso, prejudicam o olfato e podem provocar aumento da pressão arterial. A rinite medicamentosa também pode surgir como efeito colateral de remédios, como, por exemplo, alguns anti-hipertensivos, como betabloqueadores, pílulas anti- concepcionais, aspirinas etc. Rinite por alimentos (ou gustatória) Surge devido à ingestão de alimentos quentes, muito temperados ou apimentados. Rinite por fatores hormonais Gravidez, uso de hormônios, doenças tireoideanas etc.
  • 26. Rinite na gravidez A gravidez é um momento especial na vida da mu- lher e é acompanhada por profundas alterações hor- monais: a presença do estrogênio e da progesterona ati- va as glândulas e aumenta o volume sanguíneo local. Por isso, toda grávida, mesmo que não seja alérgica, apresenta tendência para obstrução das narinas que cos- tuma desaparecer após o parto. Seria de se esperar que, se a mulher fosse portadora de uma rinite alérgica antes de engravidar, teria mais propensão à piora na gestação. Entretanto, estudos científicos mostram que, enquanto algumas pioram, outras até melhoram ou não modificam o padrão da rinite durante a gestação. Embora a rinite muitas vezes não seja valorizada, sendo considerada uma doença sem importância, deve ser tratada adequadamente durante a gravidez, pois a manutenção dos sintomas e, principalmente, da obstru- ção nasal persistente pode prejudicar a oxigenação do feto e provocar complicações como sinusite, tosse crôni- ca, respiração bucal e piora ou surgimento de asma du- rante a gravidez. Por isso, é importante que a gestante alérgica seja acompanhada por médico especialista, em conjunto com o obstetra. Existem medicações adequadas e seguras para uso na gestação e na amamentação. Rinite ocupacional É causada por fatores encontrados no ambiente de trabalho, como por exemplo, em fábricas. Alergia nasal18
  • 27. Rinite emocional Surge em situações de sobrecarga emocional. “... O nariz de meu bem é como...óh! céus!... É como o quê? por mais que lide e sue, Nem uma só asneira!... Que esta musa está hoje uma toupeira. Nem uma idéia Me sai do casco!... Ó miserando, Triste fiasco!! [...] E ai de mim! desgraçado, Se o meu doce bem-amado Vê seu nariz comparado A uma erguida montanha: Com razão e sem tardança, Com rigores e esquivança, Tomará cruel vingança, Por essa injúria tamanha...” Outros tipos de rinite 19
  • 28. Tratamento passo-a-passo 6 Tratar a rinite não significa apenas dar alívio ime- diato aos sintomas, mas trabalhar para que a pessoa volte a seu estado normal, corrigindo as conseqüências da doença. É como uma torneira pingando: não basta enxugar o chão molhado, é preciso consertar o defeito da torneira! O primeiro passo é procurar a causa da rinite e, se possível, afastá-la por meio de medidas de controle. Este é o tratamento ideal e, muitas vezes, suficiente. No entanto, como nem sempre é possível o afastamen- to ideal, como no caso da poeira domiciliar, procede-se o segundo passo, que consiste na escolha dos medicamentos a serem utilizados para reduzir a inflamação e controlar os sintomas. Finalmente, estabelece-se o terceiro passo, que é o uso de vacinas, também chamado de imunoterapia. A rinite alérgica pode acarretar inúmeras modificações em cada indivíduo e, por isso, alguns casos necessitam de um tratamento integrado de vários especialistas: alergista, pediatra, otorrino, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólo- go etc. – para que o paciente seja visto como um todo e tenha recuperação e reabilitação plena.
  • 29. Medicamentos para a rinite alérgica 7 Os remédios usados para tratar a rinite são de dois tipos: remédios de alívio (antialérgicos) e remédios pre- ventivos (antiinflamatórios). Medicamentos de alívio Antialérgicos ou anti-histamínicos: impedem a ação da histamina, que é uma das importantes substâncias cau- sadoras de rinite e, por isso, aliviam os sintomas da aler- gia. Esses medicamentos estão divididos em dois grupos: os “clássicos", que são mais antigos e costumam provo- car sonolência e aumento de apetite; e os de “nova gera- ção ou não clássicos", mais modernos e com menores efeitos colaterais. Descongestionantes: são usados nos casos de rinite, nos quais a obstrução nasal é muito incômoda; atuam provo- cando a contração dos vasos sanguíneos das narinas e melhorando a sensação de entupimento. Existem descon- gestionantes para uso por via oral, sob forma de com- primidos, xaropes ou gotas e os descongestionantes nasais em gotas, que devem ser usados com cautela e por pouco tempo (máximo 7 dias). O uso por tempo prolongado pode
  • 30. provocar dependência, piorando o entupimento do nariz, gerando um círculo vicioso que leva ao agravamento do problema. Além disso, prejudicam o olfato e podem provocar taquicardia e aumento da pressão arterial. Corticosteróides orais ou sistêmicos: são medicamentos que possuem potente ação antiinflamatória, podendo ser usados nos períodos de crises, como medicação de res- gate, bem como, em alguns casos, por tempo mais pro- longado – mas sempre sob estrita orientação médica! Medicamentos preventivos Corticosteróides intranasais: são os principais medicamen- tos preventivos para a rinite alérgi- ca; atuam combatendo a inflamação na mucosa nasal e conseguem debe- lar os sintomas. Apesar de serem de- rivados de corticosteróides, utilizam doses em microgramas, ou seja, mil vezes menores que as usadas por via oral e, por isso, po- dem ser usados com bastante segurança, com um mínimo de efeitos colaterais. Devem ser mantidos por tempo pro- longado, mesmo o paciente estando bem. Cromoglicato dissódico: é encontrado sob a forma de gotas ou sprays para uso no nariz. Essas medicações apresentam uma segurança comprovada com mínimos efeitos colaterais. Por isso, são indicadas para tratamen- to de crianças pequenas, embora sejam menos potentes do que os corticosteróides inalados. Antileucotrienos: são medicamentos modernos que agem bloqueando os leucotrienos, substâncias produzidas du- Alergia nasal22
  • 31. Medicamentos para a rinite alérgica 23 rante o processo inflamatório e que são responsáveis pela manutenção do broncoespasmo e da inflamação. Os an- tileucotrienos têm mostrado bons resultados no tratamen- to da asma, com poucos efeitos colaterais e com a van- tagem de seu uso ser por via oral em dose única diária, sob a forma de comprimidos para adultos e comprimidos mastigáveis para crianças. Entretanto, ainda apresentam custo alto, o que limita o uso. Estão indicados para trata- mento da asma e da rinite alérgica. Na observação pelos autores, têm bons resultados na “rinite secretora” de idoso com gotejamento pós-nasal, pigarro e tosse. O importante é que os remédios só devem ser uti- lizados quando receitados pelo médico! “... E o corpo de esbelta virgem Tem feitio de coqueiro, E só com um beijo se quebra De tão franzino e ligeiro; E como os olhos são flechas, Que os corações vão varando; E outras vezes são flautas Que de noite vão cantando; Pra rematar tanta peta O nariz será trombeta... Trombeta o meu nariz?!! (ouço-a bradando) Pois meu nariz é trombeta?... Oh! não mais, Sr. poeta, Com meu nariz s'intrometa...”
  • 32. Alergia nasal24 DIAGRAMA DO TRATAMENTO DA RINITE ALÉRGICA, SEGUNDO O ARIA Fonte: ARIA – Allergic Rhinitis and its Impact on Ashtma. higiene ambiental imunoterapia leve intermitente moderada grave persistente leve persistente moderada grave persistente cromoglicato intranasal corticosteróide intranasal descongestionantes antialérgicos não-sedantes
  • 33. Combatendo a poeira e os ácaros 8 Controle ambiental Quanto mais se consegue melhorar o ambiente doméstico onde vive o alérgico, melhores os resultados, menos remédios, menos vacinas! Algumas medidas de- vem ser tomadas para se evitar o contato abusivo com os alérgenos, principalmente em relação à limpeza da casa e, em especial, do dormitório. Estudos científicos mostram que a quantidade de ácaros numa casa pode variar, mas em todos os casos, os colchões são os locais preferidos para sua localização. COMO MELHORAR SUA RINITE Abra as janelas: ventilação e sol só fazem bem e combatem ácaros! A limpeza da casa deve ser diária, com pano úmido, sem espanadores e sem produtos com cheiro ativo (prefira álcool) Limpe a casa na ausência do alérgico. Combata o mofo ou os focos de infiltração e umidade. Dormitório: evite móveis ou objetos desnecessários que acumulem pó. (continua)
  • 34. Alergia nasal26 (CONT.) COMO MELHORAR SUA RINITE Encape colchões e travesseiros com plástico, napa ou capas antialérgicas. Evite almofadas, bichos de pelúcia ou estantes com livros dentro dos quartos. Retire tapetes e carpetes e substitua-os por pisos lisos, sem frestas. Cortinas podem ser usadas, mas devem ser leves, curtas e lavadas freqüentemente. Roupas de cama devem ser lavadas com água quente para elimi- nar os ácaros. Camas devem ser colocadas afastadas da parede do quarto. Evite roupas e cobertores de lã ou com pêlos. Prefira edredons e lave-os com freqüência. Agasalhos recomendados: de malha, mo- leton, náilon ou couro. Roupas que sejam pouco usadas devem ser lavadas antes do uso. Se possível, não tenha animais em casa, mas se já os tiver, proíba sua entrada nos quartos e não deixe que subam em camas ou es- tofados. O animal deve ser lavado semanalmente e os cuidados com a limpeza da casa precisam ser intensificados. Não fume e não permita que fumem em sua casa. Testes alérgicos Sobre a pele do antebraço são colocadas várias gotas de substâncias contendo inalantes (poeira, ácaros, fungos, pêlos de animais, etc.) e com uma agulha é feita puntura. As reações positivas surgem minutos após e caracterizam- se por avermelhamento e coceira no local da aplicação, sugerindo a presença de alergia para aquela determinada substância.
  • 35. 9 Vacinas para a alergia: a imunoterapia A imunoterapia específica, popularmente conhecida como vacinas para alergia, é muito eficaz no tratamento da rinite alérgica, pois induz a diminuição da sensibili- dade aos agentes inalantes provocadores das crises. Devem ser preparadas pelo alergista de acordo com os re- sultados do teste, usando material (extrato) padronizado e de maneira individual para cada paciente. O uso das vacinas é demorado (3 a 5 anos), porém permite um con- trole mais adequado da rinite alérgica. A imunoterapia é a única medida terapêutica capaz de alterar a evolução e a história natural das alergias res- piratórias, interferindo de maneira decisiva na história e no prognóstico futuro do paciente.
  • 36. Alergia nasal28 “... Perdão por esta vez, perdão, senhora! Eis nova inspiração me assalta agora, E em honra ao teu nariz Dos lábios me arrebenta em chafariz: O teu nariz, doce amada, É um castelo de amor, Pelas mãos das próprias graças Fabricado com primor. As suas ventas estreitas São como duas seteiras, Donde ele oculto dispara Agudas flechas certeiras. Em que sítios te pus, amor, coitado! Meu Deus, em que perigo? Se a ninga espirra, pelos ares saltas, E em terra dás contigo.”
  • 37. 10 A participação do paciente Muitas pessoas que sofrem de rinite não cumprem as medidas recomendadas e abandonam o tratamento após curto período. Por que isso ocorre? Alguns pacientes consideram a rinite uma doença leve, que não causa dano e, por isso, não se tratam ou buscam terapias ina- propriadas. Outros têm medo dos remédios, temem as injeções das vacinas ou não têm esperança no bom re- sultado do tratamento. Para reverter este quadro, é fundamental que cada paciente (ou seu responsável, no caso de crianças) par- ticipe ativamente do tratamento, opine na escolha dos medicamentos, saiba como colocar em prática as medi- das de higiene ambiental em sua casa. Tratar rinite não pode se limitar ao uso de medicações, mas implica edu- cação do paciente para modificar hábitos e conquistar a melhora de sua qualidade de vida, trabalhando sempre em parceria com o médico.
  • 38. 11 1. Como posso diferenciar um resfriado de uma rinite alérgica? O resfriado comum (gripe) é causado por vírus, na maior parte dos casos. É contagioso e acompanha-se de mal-estar, febre, dores no corpo, falta de apetite. A ri- nite alérgica não é contagiosa, é causada por fatores variados, como poeira e ácaros, piorando no inverno e nas mudanças de tempo. 2. Por que a rinite é mais freqüente no inverno? No inverno, algumas situações favorecem as crises da rinite: a temperatura é amena, a umidade ambiental aumenta, em geral há maior desenvolvi- mento de ácaros. Nesses períodos, é comum que as pessoas fiquem mais tempo dentro de suas casas, o que aumenta o contato com os ácaros. Além disso, ocorrem mudanças bruscas de temperatura, que po- dem provocar a congestão nasal. Gripes e viroses são mais comuns, contribuindo para piorar a rinite. Quem responde é o especialista
  • 39. Quem responde é o especialista 31 3. Eu não consigo ficar sem meu "remédio de nariz"! O uso de “gotas nasais” para alívio da obstrução nasal por tempo prolongado pode provocar entupimen- to cada vez mais intenso e desenvolver “dependência”. Além disso, pode provocar diminuição do olfato e au- mento da pressão arterial. Converse com o médico para que ele o ajude a abandonar o uso das “gotas nasais”. 4. Existe chance de uma pessoa que tem rinite desenvolver asma? Sim. Os estudos mostram que crianças portadoras de rinite têm maiores chances de desenvolver asma. Sabe- se também que a rinite pode piorar uma asma preexis- tente. Por isso, é muito importante tratar os sintomas nasais para que se possa melhorar a asma. Em alguns casos, a rinite provoca sinusite que, por sua vez, com- plica a asma. 5. Rinite pode provocar roncos? Sim. Pacientes portadores de rinite podem roncar ou ter outros distúrbios do sono em conseqüência da obstru- ção das vias respiratórias superiores.
  • 40. 12 • A alergia é uma doença crônica e deve ser tratada não apenas nos momentos de piora, mas de forma preventiva – mesmo quando o doente está se sentindo bem. • A pessoa alérgica deve saber o que ela pode fazer em caso de crise. No entanto, o fato de aprender a manejar a própria doença não sig- nifica que deva automedicar-se! • É preciso aprender as medidas de controle do ambiente, limpeza da casa, etc., mas, na maior parte dos casos, não há necessidade de se estabelecer proibições descabidas. O alérgico bem orientado pode ter uma vida normal, sem grandes restrições, desde que orientado pelo médico especialista. Dicas
  • 41. Dicas 33 “... Estou já cansado, desisto da empresa, Em versos mimosos cantar-te bem quis; Mas não o consente destino perverso, Que fez-te infeliz; Está decidido - não cabes em verso, Rebelde nariz. E hoje tu deves Te dar por feliz Se estes versinhos Brincando te fiz...”
  • 42. Alergia nasal34 Atenção Criança com rinite não está gripada! Pode pisar no chão, tomar sorvete, correr e brincar livremente! REALIZAÇÃO: ABRA - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ASMÁTICOS E-MAIL: asmaticos@asmaticos.org.br HOME PAGE: www.asmaticos.org.br CLÍNICA DE ALERGIA DA POLICLÍNICA GERAL DO RIO DE JANEIRO E-MAIL: alergiapgrj@yahoo.com.br