2. INTRODUÇÃO
A Doença Celíaca (DC) é uma enteropatia auto-
imune caracterizada pela agressão permanente da
fração gliadina do glúten, proteína presente em alguns
cereais: trigo, centeio, cevada ou aveia, que ocasiona
uma lesão grave no intestino delgado, em indivíduos
geneticamente susceptíveis, resultando em má
absorção com repercussões sobre o estado nutricional
dos pacientes. Pode se apresentar de formas distintas,
tais como: típica e atípica.
3. INTRODUÇÃO
Em diferentes países a prevalência de DC
encontra-se em torno de 1:100 ou 1:300, nos EUA
1:250 e no Brasil 1:681. A porcentagem das formas
típica/atípica em crianças é de 1:5/1:7 casos nos
EUA. As manifestações gastrintestinais ocorre
principalmente nos primeiros 2 anos de vida, em
especial dos 6 a 24 meses de idade, após a
introdução de glúten na dieta.
4. Esquema 1 - Diagnóstico da Doença Celíaca
SINAIS E SINTOMAS
Dor e distensão abdominal, Diarréia, Vômito, Constipação.
SIM NÃO
TESTE SOROLÓGICO GRUPO DE RISCO*
(Fazer o teste sorológico para IgA-EMA ou anticorpos (Anticorpos anti-Endomisiais para IgA-EMA ou
para HLA/DQ2) anticorpos para HLA/DQ2)
POSITIVO NEGATIVO
BIÓPSIA Investigar outras patologias se
(Confirmação através da atrofia das vilosidades) houver outros sintomas monitorá-los
*Caucasianos, histórico familiar de DC, desordens genéticas (Síndrome de Down e Turner),
portadores de doenças auto-imunes, portadores de epilepsia.
5. Esquema 2 – Fatores etiológico
da Doença Celíaca
Genéticos Imunológicos
Ambientais
(Ingestão
glúten)*
*Ocorrendo principalmente após o desmame, enfatizando a importância do Aleitamento Materno para
retardar o surgimento da DC.
Aleitamento Materno: estudos sugerem que crianças amamentadas exclusivamente e parcialmente por
um período maior teriam um efeito protetor aumentado durante a amamentação, sendo este efeito da
amamentação foi mais importante que a introdução tardia do glúten na dieta.
Mecanismo do efeito protetor: ainda não está esclarecido, havendo várias hipóteses na literatura.
6. Comparação da Mucosa do
Intestino Delgado
Veja a mucosa do intestino delgado com as
vilosidades atrofiadas:
Compare com a mucosa do intestino delgado com as
vilosidades normais:
7. Terapia Nutricional
Objetivo:
Recuperar o estado nutricional, normalizar a função
intestinal, repor os nutrientes perdidos e melhorar a
qualidade de vida.
Benefícios:
Remissão dos sintomas e restauração da morfologia
normal da mucosa intestinal;
Melhora nos percentis de crescimento e na densidade
mineral óssea;
Redução do risco de doenças futuras: osteopenia e
carcinomas.
9. Alguns Alimento Indicados
Frutas e verduras no geral são indicadas para pacientes com DC.
Porém hoje em dia já se tem muitas opções de alimentos sem
Glúten.
10. Alternativas para DIG
AMARANTO QUINOA
- Alto valor calórico, Proteína de Alto Alto valor calórico, PAVB, possui
Valor Biológico (PAVB), 70% dos
lípideos são ácido oléico e ácidos graxos polinsaturados, boa
linoléico e Fonte de fibras fonte de fibras.
insolúveis (lignina e celulose). Fonte de riboflavina e Fonte de ferro
satisfaz a maioria das necessidades > Ca, P, Na, Mg e K.(comparada à
das vitaminas.
atende às recomendações de farinha de arroz).
minerais, > Ca, Fe (comparado Melhor resposta glicêmica
ao trigo e centeio). (comparada ao pão sem glúten).
Alto potencial para elaboração de
produtos farináceos isentos de
glúten.
11. Alternativas para DIG
• Aveia: alguns estudos não recomendam o
seu consumo. Porém outros nem a citam
como agente agressor. Isto possivelmente
porque a aveia possui menor quantidade de
glúten, e seu uso moderado pode não ser
prejudicial, e ainda fornece fibra, ferro e
tiamina. No entanto muitos países não a
recomendam com receio da contaminação
dos produtos de aveia pelo trigo. Somado
ao fato de muitas indústrias não
obedecerem a Lei 8543 que determina a
indicação da frase “CONTÉM GLÚTEN” nos
rótulos.
12. CONCLUSÃO
A educação das crianças com DC e de suas famílias é
essencial para correta adesão à dieta, visto que esta é o
único tratamento disponível. No entanto, estudos vem
demonstrando inúmeras inadequações nutricionais nestes
indivíduos em tratamento, o que mostra a necessidade de
se fornecer alternativas como a Quinoa e o Amaranto para
sanar estas deficiências e aumentar a opção de alimentos e
produtos para esta população. Além disso, é de extrema
importância a promoção do aleitamento materno para
retardar o surgimento da doença nos primeiros meses de
vida e garantir o seu efeito protetor. Desta forma, estes
cuidados são essenciais para a promoção da saúde das
crianças celíacas.
13. SUGESTÕES:
São necessários mais estudos para
uma melhor compreensão do efeito
da aveia em paciente celíacos, uma
maior divulgação destes novos
alimentos como alternativa para DIG
e para a indústria alimentícia, e uma
melhor fiscalização dos alimentos
comercializados.
14. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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16. Contatos:
Associação dos Celíacos do Brasil - ACELBRA
Rua Pedro de Toledo, 441 - CEP: 04039-041
Vila Clementino - São Paulo - SP
Site: www.acelbra.org.br
E-mail: leandria_oliveira@yahoo.com.br
Tel. 8097-9006
17. Reflexão
“Só uma coisa torna um sonho impossível: o
medo de fracassar”.
Paulo Coelho (1997)