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CAPÍTULO 5




               Grupos e equipes




5.1 I NTRODUÇÃO
          As equipes são formas mais aprimoradas dos grupos de traba-
lho. Possuem todas as vantagens dos grupos, além de criarem um espíri-
to único para o trabalho coletivo. Um grupo formal significa a interação
semiprogramada entre duas ou mais pessoas para atingir objetivos que
normalmente não se alcançariam isoladamente. A designação das tarefas
e as interações programadas são a parte formal do grupo, e as interações
não-programadas são as informais, em que se formam alianças, apatias e
rejeições. Em comparação com a individualização do trabalho, os grupos
possuem as seguintes vantagens:

      segurança — mais apoio e menos ameaça ou falta de proteção;
      sentido de pertencimento, de afiliação — interligação social; reduz o
      sentimento de isolamento e de abandono;
      poder — maior capacidade de enfrentar adversidades e consciência
      sobre união de vontades e interesses;
      possibilidade de concretizar — maior possibilidade de atingir resul-
      tados pela força coletiva.

       No grupo, as pessoas interagem para compartilhar informações
e tomar decisões, desempenhando melhor suas tarefas individuais. É
uma simples soma das partes. A responsabilidade permanece individual,
60                                     Desempenho em Equipes de Saúde



     e as habilidades individuais são variadas e se juntam quase ao acaso. Na
     equipe, as pessoas geram um espírito comum e positivo através de esfor-
     ços coordenados. Procuram um desempenho coletivo, e o resultado é
     maior que a soma das partes individuais. A responsabilidade é tanto in-
     dividual quanto coletiva, e as habilidades são vistas como complementa-
     res. A existência de uma verdadeira equipe se nota pela integração geren-
     cial de habilidades e talentos individuais em uma habilidade coletiva
     para produzir serviços de maneira mais eficiente e efetiva.
               As equipes de trabalho se formam por competências, tendo como
     ponto de união determinado objetivo ou função: são pessoas que, tendo
     em vista razões intrínsecas às tarefas ou motivos de organização do traba-
     lho, devem atuar em conjunto. Estruturalmente, as equipes se justificam
     pela sua flexibilidade: definições rígidas de funções contradizem a auto-
     nomia necessária para respostas imediatas.
               No sentido funcional, facilitam para pessoas de diferentes áreas
     trocar informações, desenvolver novas idéias e resolver problemas. Nor-
     malmente, as equipes são fruto de intenções gerenciais. A própria idéia
     da equipe precede a de seus membros: estes são designados após exame
     de suas competências e habilidades. Da equipe se esperam o desempe-
     nho de funções impossíveis para indivíduos isolados e uma eficiência su-
     perior à obtida na execução individualizada.
               A existência e a ação de uma equipe independem das inten-
     ções particulares de qualquer de seus membros. Mas o fato de perten-
     cer a uma equipe não reduz os desejos e as intenções individuais em
     relação ao trabalho e à carreira ou profissão. Expectativas e conflitos
     existentes em qualquer organização estão presentes também nas equi-
     pes, bem como a espontaneidade individual, os acidentes de percurso
     e, portanto, a imprevisibilidade.
               Por exemplo, equipes de saúde em áreas altamente especiali-
     zadas requerem habilidades superiores na arte de juntar as pessoas. Es-
     pecialistas conscientes de seus talentos tendem ao individualismo e a
     ressaltar suas próprias habilidades, reduzindo as possibilidades de arti-
     culação com os colegas e impedindo construções sistemáticas do coo-
     perativo. Nesses casos, além do reconhecimento individual, é necessá-
     rio motivar esses profissionais para o progresso coletivo e a ação em
     equipe.
               Equipes de saúde são todos os grupos assim formados, seja para
     atividade comunitária — normalmente grupos de ação preventiva —,
Grupos e equipes                                                               61


seja para uma ação mais interna nos serviços de saúde (como em minis-
térios, hospitais, centros e postos), inclusive equipes de apoio logístico e
de direção.
         Usualmente, a designação de tarefas a uma equipe de saúde
precede o conhecimento sobre as características das pessoas. Impõe-se
uma forma de agir de maneira genérica. Quando se tornam membros
da equipe, as pessoas tendem a adaptar o que sabem, e o fazem às suas
características pessoais; isto força a diversidade e a especialização das
ações de trabalho. Quanto mais especializados os membros da equipe,
mais individualidades e acomodação às características pessoais.
         Assim, deve-se evitar codificar e normatizar as relações entre
membros de uma equipe, para manter sua flexibilidade. Normas em
excesso caem imediatamente no esquecimento e no desuso e, normal-
mente, são reativadas apenas quando se deseja sancionar algum mem-
bro do grupo.
         A prática de uma equipe é uma redescoberta cotidiana das
possibilidades do trabalho; reelabora sucessivamente as tarefas e as
inter-relações pessoais. Qualquer tentativa de codificação é menos útil
do que a aprendizagem coletiva e periódica sobre os novos significados
e possibilidades da equipe.
         Assim, deve-se preferir construir relações mais fortes atra-
vés de reflexões periódicas e programadas, em que se compartilhem
expectativas, esperanças e objetivos, obstáculos, interesses, possibili-
dades de êxito e fracasso. A interação fornece informações e perspec-
tivas impossíveis de serem obtidas individualmente, ressaltando as
reinterpretações sobre fatos que os esquemas profissionais dos mem-
bros deixam passar despercebidos ou julgam com outra relevância.
Para fortalecer o espírito de equipe, a reflexão, o debate, o confronto
de experiências e de expectativas, deve-se sempre recorrer a propos-
tas de cooperação e de ajuda mútua.
         Os modelos organizacionais mais flexíveis procuram estrutu-
rar a equipe antes da própria definição de tarefas: a diferenciação e a
especialização do trabalho emergem da atividade grupal, e não de im-
posições burocráticas. A equipe se torna mais fluida e adaptável às
condições mutantes da realidade. Uma equipe possui como principais
características:
62                                     Desempenho em Equipes de Saúde



        sistema social comum — as pessoas não são vistas prioritariamente
        como indivíduos isolados, mas como membros cooperadores de
        uma atividade comum;
        polivalência funcional — há diversidade nos conhecimentos e habi-
        lidades; as pessoas desempenham vários papéis e funções;
        relativa autonomia de auto-organização — é possível estabelecer pa-
        drões internos de gestão nos limites das diretrizes gerais comuns;
        espaço para a criatividade — é possível desenvolver modos próprios
        e variados de execução das tarefas;
        sentido de afiliação — as pessoas desenvolvem o sentimento de
        pertencer a um grupo com identidade própria e compromissos
        comuns;
        idéias claras sobre o desenvolvimento da equipe — há critérios de
        êxito e visão de futuro.

              A estruturação por equipe se fundamenta no reconhecimento
     de potenciais individuais e coletivos e na adesão do grupo, pela possi-
     bilidade real de uso das habilidades individuais. Consideram-se as ha-
     bilidades, os talentos e os interesses individuais na própria distribuição
     do trabalho.
              Valoriza-se a redundância de habilidades quando um maior
     número de pessoas adquire as mesmas técnicas e habilidades para
     manter a idéia de autonomia da equipe. Assim, grande parte de impre-
     vistos teria maior possibilidade de solução. Não se trata de construir
     homogeneidade nem de forçar a conformidade, mas de expandir a di-
     versidade das habilidades individuais no sentido de criar mais alterna-
     tivas ao alcance do objetivo comum.
              A maior autonomia de decisão do grupo decorre não só da
     definição prévia de auto-organização, mas do poder conquistado pelo
     desenvolvimento individual e coletivo. A conquista da visão de objeti-
     vos comuns e o reconhecimento de habilidades mútuas ajudam na so-
     lução de problemas e conflitos no próprio grupo.
              A liderança se torna mais compartilhada, plural e alternante. O
     sentido da autoridade e da responsabilidade compartilhada retira, em
     grande parte, o sentido de unicidade da liderança, a qual passa a ser tam-
     bém emergente e eventual, conforme a natureza do trabalho. Portanto, a
Grupos e equipes                                                             63


liderança pode ser alternada e variável e, em alguns casos, baseada até na
voluntariedade. O fato de ser pluralizada não significa que não se produ-
zam líderes com reconhecimento amplo e permanente.
        Na prática, as principais dificuldades na criação de equipes
encontram-se nos seguintes fatores:


   cultura do individualismo — há práticas administrativas de valorizar
   a diferença e a competição entre as pessoas;

   sentimento de perda dos dirigentes — os gestores sentem-se ameaça-
   dos ao perderem as funções tradicionais de direção e supervisão;

   excessos na definição de interdependências — as inter-relações são ge-
   nericamente definidas, sem discriminar tarefas que não são tão inter-
   dependentes e, portanto, não necessitam de interação constante; e

   sobrevalorização das relações pessoais — as inter-relações humanas
   são consideradas mais importantes que qualquer outra dimensão
   do trabalho, inclusive as próprias tarefas e as pessoas.


5.2 D ESENVOLVENDO O ESPÍRITO DE EQUIPE E A COESÃO
DO GRUPO

          Grupos coesos produzem melhores resultados, entusiasmam-
se na ação e se orgulham da concretização; geram mais informações
sobre o trabalho e sentem-se seguros na auto-avaliação. Grupos menos
coesos têm dificuldade de se fixar e agir segundo metas coletivas. A
participação se torna desequilibrada: alguns poucos contribuem ou se
comprometem com a decisão coletiva, sentindo-se mais à vontade em
criticá-la mais tarde, durante os percalços da implementação.
        Para aumentar a coesão do grupo e o espírito de equipe, é im-
portante observar os pontos apresentados a seguir.


5.2.1 M ANTER O GRUPO PEQUENO

        Há evidências de que grupos menores são mais eficientes,
principalmente porque grupos grandes:
64                                    Desempenho em Equipes de Saúde



        perdem a idéia de equipe e se tornam grandes departamentos orga-
        nizacionais;
        possuem mais quantidade e diversidade de insumos (informações e
        interesses), tornando mais problemática a decisão e a ação coletivas;
        facilitam a crença de que uns trabalham menos do que outros e,
        mesmo, se encostam no grupo e produzem menos; quando alguém
        acha que se está esforçando mais, por vezes tende a buscar eqüida-
        de, reduzindo o próprio esforço.

             Equipes pequenas com visão do todo são mais eficientes que
     pessoas porque:

        utilizam melhor os talentos individuais;
        são mais flexíveis que os departamentos tradicionais;
        podem se juntar, agir e se desfazer rapidamente.

     5.2.2 I NCENTIVAR A REFLEXÃO ESTRATÉGICA EM CONJUNTO
              É o processo coletivo de buscar consenso entre opções que
     prejudicam as tentativas individuais de fazer prevalecer escolhas indi-
     viduais unilaterais. No processo autenticamente coletivo, há uma certa
     pressão coletiva para todos se unirem em torno de uma decisão con-
     junta; o silêncio tende a significar apoio, e não discordância.

     5.2.3 D ESENVOLVER ATIVIDADES COLETIVAS REGULARES
              Consiste em facilitar a interação, para que as pessoas fiquem
     mais tempo juntas. Permitir tempo maior para a decisão (salvo emergên-
     cias) ajuda o aprendizado coletivo, através da diversidade de opiniões e
     das lutas normais e saudáveis para se chegar ao consenso. Ademais, au-
     menta a consciência do grupo sobre sua diversidade, suas habilidades e,
     portanto, sobre suas possibilidades.

     5.2.4 F AZER OS INCENTIVOS DE GRUPO PREVALECEREM
     SOBRE OS INDIVIDUAIS

              Mesmo que haja prêmios e benefícios individuais, deve-se as-
     sociá-los o máximo possível às tarefas coletivas.
Grupos e equipes                                                             65


5.2.5 C ONSIDERAR O BENCHMARKING COM OUTROS GRUPOS
          Deve-se procurar não isolar demasiadamente o grupo, pois
isto o faz perder de vista os objetivos e as referências normais sobre de-
sempenho e êxito.


5.2.6 I NCENTIVAR A HETEROGENEIDADE DE TALENTOS
E HABILIDADES

         Grupos heterogêneos, com diversidade de profissões e de co-
nhecimentos, normalmente têm melhor desempenho do que os gru-
pos homogêneos, em que prevalecem profissões e habilidades simila-
res. Nestes aparecem mais comparações e rivalidades entre pares e, em
decorrência, conflitos de interesses e de vaidades.


5.2.7 I NCENTIVAR O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES
E CONHECIMENTOS

        Novas idéias criam uma base para novas divergências e a ne-
cessidade de reconstruir consensos.

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  • 1. CAPÍTULO 5 Grupos e equipes 5.1 I NTRODUÇÃO As equipes são formas mais aprimoradas dos grupos de traba- lho. Possuem todas as vantagens dos grupos, além de criarem um espíri- to único para o trabalho coletivo. Um grupo formal significa a interação semiprogramada entre duas ou mais pessoas para atingir objetivos que normalmente não se alcançariam isoladamente. A designação das tarefas e as interações programadas são a parte formal do grupo, e as interações não-programadas são as informais, em que se formam alianças, apatias e rejeições. Em comparação com a individualização do trabalho, os grupos possuem as seguintes vantagens: segurança — mais apoio e menos ameaça ou falta de proteção; sentido de pertencimento, de afiliação — interligação social; reduz o sentimento de isolamento e de abandono; poder — maior capacidade de enfrentar adversidades e consciência sobre união de vontades e interesses; possibilidade de concretizar — maior possibilidade de atingir resul- tados pela força coletiva. No grupo, as pessoas interagem para compartilhar informações e tomar decisões, desempenhando melhor suas tarefas individuais. É uma simples soma das partes. A responsabilidade permanece individual,
  • 2. 60 Desempenho em Equipes de Saúde e as habilidades individuais são variadas e se juntam quase ao acaso. Na equipe, as pessoas geram um espírito comum e positivo através de esfor- ços coordenados. Procuram um desempenho coletivo, e o resultado é maior que a soma das partes individuais. A responsabilidade é tanto in- dividual quanto coletiva, e as habilidades são vistas como complementa- res. A existência de uma verdadeira equipe se nota pela integração geren- cial de habilidades e talentos individuais em uma habilidade coletiva para produzir serviços de maneira mais eficiente e efetiva. As equipes de trabalho se formam por competências, tendo como ponto de união determinado objetivo ou função: são pessoas que, tendo em vista razões intrínsecas às tarefas ou motivos de organização do traba- lho, devem atuar em conjunto. Estruturalmente, as equipes se justificam pela sua flexibilidade: definições rígidas de funções contradizem a auto- nomia necessária para respostas imediatas. No sentido funcional, facilitam para pessoas de diferentes áreas trocar informações, desenvolver novas idéias e resolver problemas. Nor- malmente, as equipes são fruto de intenções gerenciais. A própria idéia da equipe precede a de seus membros: estes são designados após exame de suas competências e habilidades. Da equipe se esperam o desempe- nho de funções impossíveis para indivíduos isolados e uma eficiência su- perior à obtida na execução individualizada. A existência e a ação de uma equipe independem das inten- ções particulares de qualquer de seus membros. Mas o fato de perten- cer a uma equipe não reduz os desejos e as intenções individuais em relação ao trabalho e à carreira ou profissão. Expectativas e conflitos existentes em qualquer organização estão presentes também nas equi- pes, bem como a espontaneidade individual, os acidentes de percurso e, portanto, a imprevisibilidade. Por exemplo, equipes de saúde em áreas altamente especiali- zadas requerem habilidades superiores na arte de juntar as pessoas. Es- pecialistas conscientes de seus talentos tendem ao individualismo e a ressaltar suas próprias habilidades, reduzindo as possibilidades de arti- culação com os colegas e impedindo construções sistemáticas do coo- perativo. Nesses casos, além do reconhecimento individual, é necessá- rio motivar esses profissionais para o progresso coletivo e a ação em equipe. Equipes de saúde são todos os grupos assim formados, seja para atividade comunitária — normalmente grupos de ação preventiva —,
  • 3. Grupos e equipes 61 seja para uma ação mais interna nos serviços de saúde (como em minis- térios, hospitais, centros e postos), inclusive equipes de apoio logístico e de direção. Usualmente, a designação de tarefas a uma equipe de saúde precede o conhecimento sobre as características das pessoas. Impõe-se uma forma de agir de maneira genérica. Quando se tornam membros da equipe, as pessoas tendem a adaptar o que sabem, e o fazem às suas características pessoais; isto força a diversidade e a especialização das ações de trabalho. Quanto mais especializados os membros da equipe, mais individualidades e acomodação às características pessoais. Assim, deve-se evitar codificar e normatizar as relações entre membros de uma equipe, para manter sua flexibilidade. Normas em excesso caem imediatamente no esquecimento e no desuso e, normal- mente, são reativadas apenas quando se deseja sancionar algum mem- bro do grupo. A prática de uma equipe é uma redescoberta cotidiana das possibilidades do trabalho; reelabora sucessivamente as tarefas e as inter-relações pessoais. Qualquer tentativa de codificação é menos útil do que a aprendizagem coletiva e periódica sobre os novos significados e possibilidades da equipe. Assim, deve-se preferir construir relações mais fortes atra- vés de reflexões periódicas e programadas, em que se compartilhem expectativas, esperanças e objetivos, obstáculos, interesses, possibili- dades de êxito e fracasso. A interação fornece informações e perspec- tivas impossíveis de serem obtidas individualmente, ressaltando as reinterpretações sobre fatos que os esquemas profissionais dos mem- bros deixam passar despercebidos ou julgam com outra relevância. Para fortalecer o espírito de equipe, a reflexão, o debate, o confronto de experiências e de expectativas, deve-se sempre recorrer a propos- tas de cooperação e de ajuda mútua. Os modelos organizacionais mais flexíveis procuram estrutu- rar a equipe antes da própria definição de tarefas: a diferenciação e a especialização do trabalho emergem da atividade grupal, e não de im- posições burocráticas. A equipe se torna mais fluida e adaptável às condições mutantes da realidade. Uma equipe possui como principais características:
  • 4. 62 Desempenho em Equipes de Saúde sistema social comum — as pessoas não são vistas prioritariamente como indivíduos isolados, mas como membros cooperadores de uma atividade comum; polivalência funcional — há diversidade nos conhecimentos e habi- lidades; as pessoas desempenham vários papéis e funções; relativa autonomia de auto-organização — é possível estabelecer pa- drões internos de gestão nos limites das diretrizes gerais comuns; espaço para a criatividade — é possível desenvolver modos próprios e variados de execução das tarefas; sentido de afiliação — as pessoas desenvolvem o sentimento de pertencer a um grupo com identidade própria e compromissos comuns; idéias claras sobre o desenvolvimento da equipe — há critérios de êxito e visão de futuro. A estruturação por equipe se fundamenta no reconhecimento de potenciais individuais e coletivos e na adesão do grupo, pela possi- bilidade real de uso das habilidades individuais. Consideram-se as ha- bilidades, os talentos e os interesses individuais na própria distribuição do trabalho. Valoriza-se a redundância de habilidades quando um maior número de pessoas adquire as mesmas técnicas e habilidades para manter a idéia de autonomia da equipe. Assim, grande parte de impre- vistos teria maior possibilidade de solução. Não se trata de construir homogeneidade nem de forçar a conformidade, mas de expandir a di- versidade das habilidades individuais no sentido de criar mais alterna- tivas ao alcance do objetivo comum. A maior autonomia de decisão do grupo decorre não só da definição prévia de auto-organização, mas do poder conquistado pelo desenvolvimento individual e coletivo. A conquista da visão de objeti- vos comuns e o reconhecimento de habilidades mútuas ajudam na so- lução de problemas e conflitos no próprio grupo. A liderança se torna mais compartilhada, plural e alternante. O sentido da autoridade e da responsabilidade compartilhada retira, em grande parte, o sentido de unicidade da liderança, a qual passa a ser tam- bém emergente e eventual, conforme a natureza do trabalho. Portanto, a
  • 5. Grupos e equipes 63 liderança pode ser alternada e variável e, em alguns casos, baseada até na voluntariedade. O fato de ser pluralizada não significa que não se produ- zam líderes com reconhecimento amplo e permanente. Na prática, as principais dificuldades na criação de equipes encontram-se nos seguintes fatores: cultura do individualismo — há práticas administrativas de valorizar a diferença e a competição entre as pessoas; sentimento de perda dos dirigentes — os gestores sentem-se ameaça- dos ao perderem as funções tradicionais de direção e supervisão; excessos na definição de interdependências — as inter-relações são ge- nericamente definidas, sem discriminar tarefas que não são tão inter- dependentes e, portanto, não necessitam de interação constante; e sobrevalorização das relações pessoais — as inter-relações humanas são consideradas mais importantes que qualquer outra dimensão do trabalho, inclusive as próprias tarefas e as pessoas. 5.2 D ESENVOLVENDO O ESPÍRITO DE EQUIPE E A COESÃO DO GRUPO Grupos coesos produzem melhores resultados, entusiasmam- se na ação e se orgulham da concretização; geram mais informações sobre o trabalho e sentem-se seguros na auto-avaliação. Grupos menos coesos têm dificuldade de se fixar e agir segundo metas coletivas. A participação se torna desequilibrada: alguns poucos contribuem ou se comprometem com a decisão coletiva, sentindo-se mais à vontade em criticá-la mais tarde, durante os percalços da implementação. Para aumentar a coesão do grupo e o espírito de equipe, é im- portante observar os pontos apresentados a seguir. 5.2.1 M ANTER O GRUPO PEQUENO Há evidências de que grupos menores são mais eficientes, principalmente porque grupos grandes:
  • 6. 64 Desempenho em Equipes de Saúde perdem a idéia de equipe e se tornam grandes departamentos orga- nizacionais; possuem mais quantidade e diversidade de insumos (informações e interesses), tornando mais problemática a decisão e a ação coletivas; facilitam a crença de que uns trabalham menos do que outros e, mesmo, se encostam no grupo e produzem menos; quando alguém acha que se está esforçando mais, por vezes tende a buscar eqüida- de, reduzindo o próprio esforço. Equipes pequenas com visão do todo são mais eficientes que pessoas porque: utilizam melhor os talentos individuais; são mais flexíveis que os departamentos tradicionais; podem se juntar, agir e se desfazer rapidamente. 5.2.2 I NCENTIVAR A REFLEXÃO ESTRATÉGICA EM CONJUNTO É o processo coletivo de buscar consenso entre opções que prejudicam as tentativas individuais de fazer prevalecer escolhas indi- viduais unilaterais. No processo autenticamente coletivo, há uma certa pressão coletiva para todos se unirem em torno de uma decisão con- junta; o silêncio tende a significar apoio, e não discordância. 5.2.3 D ESENVOLVER ATIVIDADES COLETIVAS REGULARES Consiste em facilitar a interação, para que as pessoas fiquem mais tempo juntas. Permitir tempo maior para a decisão (salvo emergên- cias) ajuda o aprendizado coletivo, através da diversidade de opiniões e das lutas normais e saudáveis para se chegar ao consenso. Ademais, au- menta a consciência do grupo sobre sua diversidade, suas habilidades e, portanto, sobre suas possibilidades. 5.2.4 F AZER OS INCENTIVOS DE GRUPO PREVALECEREM SOBRE OS INDIVIDUAIS Mesmo que haja prêmios e benefícios individuais, deve-se as- sociá-los o máximo possível às tarefas coletivas.
  • 7. Grupos e equipes 65 5.2.5 C ONSIDERAR O BENCHMARKING COM OUTROS GRUPOS Deve-se procurar não isolar demasiadamente o grupo, pois isto o faz perder de vista os objetivos e as referências normais sobre de- sempenho e êxito. 5.2.6 I NCENTIVAR A HETEROGENEIDADE DE TALENTOS E HABILIDADES Grupos heterogêneos, com diversidade de profissões e de co- nhecimentos, normalmente têm melhor desempenho do que os gru- pos homogêneos, em que prevalecem profissões e habilidades simila- res. Nestes aparecem mais comparações e rivalidades entre pares e, em decorrência, conflitos de interesses e de vaidades. 5.2.7 I NCENTIVAR O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES E CONHECIMENTOS Novas idéias criam uma base para novas divergências e a ne- cessidade de reconstruir consensos.