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Modelo animal de doença: critérios de escolha e espécies de animais de uso corrente

                                                                                                        10 - ANIMAIS DE LABORATÓRIO



                      Modelo animal de doença: critérios de escolha e espécies
                                   de animais de uso corrente1

                                                                                           Djalma José Fagundes2, Murched Omar Taha3



       Fagundes DJ, Taha MO. Modelo animal de doença: critérios de escolha e espécies de animais de uso corrente Acta
       Cir Bras [serial online] 2004 Jan-Fev;19(1). Disponível em URL: http://www.scielo.br/acb.
       Resumo - Objetivo: Delinear os parâmetros que norteiam a escolha de um modelo animal de doença e verificar na
       literatura biomédica recente quais as espécies animais de uso mais freqüente. Métodos: Considerando a revisão da
       literatura são discutidos, os conceitos e as características de um modelo animal de doença. Destaca-se o consenso
       atual sobre quando usar um modelo animal, quais os critérios de sua escolha e os requisitos para um modelo
       adequado. Descreve quais os tipos de modelos animal de doença e discute as controvérsias da similaridade filogenética
       e os riscos inerentes a extrapolação dos modelos para os seres humanos. Baseado em uma pesquisa documental na
       base de dados da BIREME (Medline, Lilacs, Scielo e Biblioteca Cochrane) investiga quais os animais de experimentação
       mais citados nos artigos destas bases de dados. Resultados: Verificou-se que o rato e o camundongo são os animais
       mais freqüentemente utilizados. O coelho, cão e o suíno seguem a lista nas referências de língua inglesa. Nas bases
       de dados da literatura Latino-americana o cão supera o número de citações de coelhos e suínos. Os primatas são
       minoria nas citações em todas as bases de dados. As revisões sistemáticas também têm no rato o maior número de
       citações, as demais espécies são citadas em igualdade de condições. Conclusões: O animal de experimentação é
       usado virtualmente em todos os campos da pesquisa biológica nos dias de hoje. A relação entre os humanos e os
       animais de outras espécies ganhou, através dos tempos, contornos mais definidos, a exploração de outras espécies
       tem regras e uma ética estabelecida, a indução dos resultados do animal para a espécie humana tem critérios claros
       e objetivos a serem preenchidos. O uso dos modelos experimentais, ou dos modelos animal de doença, ou dos
       animais de laboratório na pesquisa biomédica permite e deverão permitir nos próximos anos discussões
       epistemológicas, políticas, sociais, econômicas e religiosas.
       DESCRITORES - Modelos animais de doenças. Ratos. Camundongo. Cães. Suínos. Primatas. Cirurgia.


Introdução                                      inequívoca, pela primeira vez na história,        bilidade da experimentação animal aos
                                                a relação causal entre um agente microbio-        humanos4.
A relação dos seres humanos com as de-          lógico e uma doença, estudando o carbún-
mais espécies animais é longa através da                                                          O modelo animal é usado virtualmente em
                                                culo que afetava o gado1,2,3.                     todos os campos da pesquisa biológica
história e envolve uma relação predatória
e de simbiose1.                                 Contudo foi Claude Bernard, por volta de          nos dias de hoje5. A relação entre os hu-
                                                1865, que em seus estudos de fisiologia           manos e os animais de outras espécies
Os humanos exploram as outras espécies
                                                lançou os princípios do uso de animais            ganhou contornos mais definidos, a explo-
como fonte de alimento e como força de
tração para o trabalho desde os primórdios      como modelo de estudo e transposição              ração de outras espécies tem regras e uma
de sua evolução. Também se valeram de           para a fisiologia humana. Seu trabalho            ética estabelecida6,7, a indução dos resul-
outras espécies para proteção de sua saú-       “Introdução ao Estudo da Medicina Expe-           tados do animal para a espécie humana
de. Jenner testou a sua hipótese da vacina-     rimental” procurou estabelecer as regras          tem critérios claros e objetivos a serem
ção a partir de seus conhecimentos da           e os princípios para o estudo experimental        preenchidos 7 e os humanos tomaram
doença no gado leiteiro, Pasteur testou a       da medicina. Ele provocou situações físi-         consciência de que fazem parte de um con-
sua teoria da imunização da raiva a partir      cas e químicas que resultavam em altera-          junto interligado, em que os elos se entre-
de macerado do cérebro de um cão raivo-         ções nos animais semelhantes à de doen-           laçam e sua sobrevivência depende da
so. Kock estabeleceu de forma cabal e           ças em humanos. Enfatizava a aplica-              sobrevivência de todos5,6,7.


1. Trabalho realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Universidade Federal de São Paulo, Escola
   Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM).
2. Prof. Adjunto do Departamento de Cirurgia da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.
3. Prof. Afiliado do Departamento de Cirurgia da Disciplina em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM.


                                                                                           Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004 - 59
Fagundes DJ, Taha MO

Os objetivos deste trabalho são delinear       a- que permita o estudo dos fenômenos        pode limitar a atividade social ou laborativa
os parâmetros que norteiam a escolha de           biológicos ou de comportamento do         dos investigados11,12.
um modelo animal de doença e verificar            animal;                                   Devido as limitações de coleta de material
na literatura biomédica recente quais as       b- que um processo patológico espon-         a investigação pode ficar restrita a um ou
espécies animais de uso mais freqüente.           tâneo ou induzido possa ser in-           dois aspectos de manifestação da doença,
                                                  vestigado;                                sendo necessário vários grupos de estudo
Conceito de modelo animal                      c- que o fenômeno, em um ou mais             para abordar a multiplicidade de apre-
                                                  aspectos, seja semelhante ao fenômeno     sentação dos fenômenos patológicos11,12.
Na visão antropocêntrica de organização
de uma escala zoológica, o Homo sapiens           em seres humanos.                         Estas são algumas das limitações que
reservou para si o topo da evolução das                                                     podem dificultar ou inviabilizar uma inves-
espécies e criou um erro lingüístico e cien-   Quando usar um modelo animal                 tigação em seres humanos. O uso de mo-
tífico com a distinção entre animais e                                                      delos de doença animal pode superar estas
                                               As limitações para se investigar uma         limitações e proporcionar a investigação
humanos, como se ele não fosse também          doença humana podem envolver aspectos
um animal. Surge assim a expressão “mo-                                                     de uma relação causal de modo mais rápi-
                                               éticos ou inerentes à própria doença e no    do, menos trabalhoso e menos one-
delo animal de doença” com a intenção de       modo de investigação5,6,9,10,11.             roso11,12.
designar “modelos em animais de doenças
                                               A maior limitação é certamente de ordem
da espécie humana”. O termo modelo ani-
                                               ética. A experimentação em seres huma-       Tipos de modelo animal de
mal carrega, portanto uma improprie-
                                               nos exige uma série de requisitos para       doença
dade8,9,10. Deveria denominar-se “modelo
                                               resguardar a integridade física e psico-
humano”. Os termos “animal de laborató-                                                     Há cerca de cento e cinqüenta anos mode-
                                               emocional dos investigados. Tem que se
rio” ou “animal de experimentação” estão       possibilitar ao investigado, para a adesão   los de animais têm sido desenvolvidos
correlatos muito mais aos humanos do que       à pesquisa, todo o esclarecimento e infor-   para estudo das causas, mecanismos e
a qualquer outra espécie de animal 8,9,10 .    mação a respeito dos eventuais benefícios    terapêutica das doenças humanas. Habi-
Assim o conceito de doença animal é            ou malefícios da conduta proposta11,12. O    tualmente são referidos na literatura médi-
aquela cujos mecanismos patológicos são        cumprimento destes princípios fica a         ca quatro tipos básicos: induzido, espon-
suficientemente similares àqueles de uma       cargo de uma Comissão de Ética insti-        tâneo, negativo e modelo órfão. Os dois
doença humana, servindo a doença animal        tucional, multidisciplinar, isenta e         primeiros são de longe os mais impor-
como modelo. A doença animal pode ser          autônoma13.                                  tantes9,10.
tanto induzida, como de ocorrência             Obter uma amostra com número suficiente      Como o nome subentende, modelos indu-
natural8.                                      de investigados para representatividade      zidos são situações nas quais a condição
                                               estatística e acompanhá-la por todo o        a ser investigada é induzida experimen-
Características de um modelo9                  período da investigação, normalmente é       talmente, como por exemplo, a indução do
                                               tarefa trabalhosa, onerosa e demanda         diabetes mellitus com aloxano ou hepatec-
O significado mais adequado de modelo,         longo tempo11,12.                            tomia parcial para se estudar a regene-
para o nosso objetivo, pode ser entendido                                                   ração hepática. O modelo induzido é a
                                               Um trabalho experimental, por definição,
como: um modelo é um objeto de imitação,                                                    única categoria que teoricamente permite
                                               necessita de um grupo controle. A escolha
algo que represente alguma coisa ou                                                         a escolha livre de espécies9.
                                               do tratamento padrão (golden standard)
alguém, algo que seja semelhante ou                                                         A síndrome do intestino curto pode ser
                                               ou o uso de eventual placebo é um pro-
imagem de outro.                                                                            simulada em animal de experimentação
                                               cesso de difícil encaminhamento11,12.
Em ciências biológicas um modelo poderia                                                    fazendo-se a ressecção de oitenta por cen-
                                               Em outras ocasiões a doença investigada
ser comparado ao conceito estatístico de                                                    to do jejuno-íleo do animal e anastomose
                                               tem uma incidência baixa ou baixa preva-
amostragem. Como existem limitações, às                                                     dos cotos remanescentes de intestino
                                               lência na população o que dificulta encon-   delgado. A linha de pesquisa mostrou que
vezes intransponíveis, para se trabalhar       trar número expressivo de casos para o
com toda uma população busca-se uma                                                         o rato foi o animal mais viável para esta
                                               estudo11,12.                                 simulação. O cão, testado inicialmente,
amostra representativa desta população.
                                               A agressividade da doença ou a virulência    suportava muito mal as condições de má-
Os resultados obtidos com a amostra, em
                                               do agente etiológico pode não dar espaço     absorção com alto índice de mortalidade
que o trabalho foi exeqüível, transpõe-se
                                               para investigação de tratamentos alterna-    pós-operatória, o que inviabilizava a
para toda a população11,12.
                                               tivos sem grandes riscos para os inves-      pesquisa14.
Um modelo deve ter características sufi-       tigados.                                     Em cirurgia é freqüente a proposta de
cientes para ser semelhante ao objeto imi-     A coleta do material de avaliação do pro-    novos procedimentos operatórios passí-
tado e ter a suficiente capacidade de ser      cesso patológico pode exigir procedi-        veis de serem simulados em animais. Os
manipulado sem as limitações do objeto         mentos invasivos (coleta de amostras de      estudos podem avaliar não só a viabilidade
imitado.                                       fluidos corporais, biópsias, endoscopias),   do procedimento em si, como de suas
Um modelo animal deverá atender aos            dolorosos ou demorados. Coleta de            conseqüências fisiopatológicas e de sua
pressupostos de:                               material seriado, em intervalos curtos,      eficácia terapêutica.

60 - Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004
Modelo animal de doença: critérios de escolha e espécies de animais de uso corrente

Modelos animais espontâneos de doenças      quanto mais esta espécie se assemelhe aos         literatura pode abreviar alguns passos da
humanas utilizam variantes genéticas que    humanos, a proximidade filogenética               pesquisa e talvez até mostrar sua inade-
ocorrem naturalmente. Muitas centenas de    (como alcançada por modelos primatas)             quação, pois talvez o problema já tenha
raças/linhagens com tais doenças herda-     não é garantia de validação da extrapo-           sido resolvido alhures.
das, modelando condições similares em       lação, como demonstrou o mal sucedido             3 - Poderia ser desenvolvido um modelo
humanos, foram caracterizadas e conser-     modelo de chipanzé em pesquisa da                 humano? Quais as limitações de ordem
vadas. Um famoso exemplo de um modelo       AIDS8, 9, 10.                                     ética e de operacionalização envolvidas?
mutante natural é o camundongo “nude”,      Da mesma forma, é decisivo que os fenô-           São limitações relevantes?
o qual significou um ponto decisivo no      menos patológicos e o resultado de uma            4 – Não podendo ser desenvolvido um
estudo de tumores hetero-transplantados     doença ou afecção induzida na espécie             modelo em humanos, um animal é um
e, por exemplo, permitiram a primeira       testada se pareça com os respectivos              modelo apropriado? A similaridade dos
descrição de células assassinas naturais
                                            fenômenos patológicos na espécie alvo.            processos patológicos e de comporta-
(natural killer). As vantagens/opções do
                                            A infecção por FIV (vírus da imuno-               mento do modelo animal são teoricamente
camundongo “nude” como um modelo
                                            deficiência felina) em gatos pode, portan-        aceitáveis? Há algum embasamento
animal atímico foram rapidamente
                                            to, ser um melhor modelo para a AIDS              empírico de suporte ao modelo animal?
constatados pela comunidade, conside-
                                            humana do que a infecção por HIV (vírus           5 - A espécie a ser usada é a espécie apro-
rando que o camundongo “nude” (atími-
                                            da imunodeficiência humana) em símios8,           priada para o problema? Alguma pesquisa
co) era conhecido há quase 20 anos antes    9, 10
                                                  .                                           prévia mal sucedida indicou que uma
que tivesse o uso disseminado nos labora-
tórios de imunologia9.                      Um tipo especial de doença induzida que           espécie específica pode ser inadequada?
                                            recentemente tem ganhando popularidade            Que conclusões úteis podem ser tiradas
O cão desenvolve a doença da hiperplasia
                                            é o modelo animal transgênico. Animais            da pesquisa que falhou?
benigna da próstata e é um modelo usado
com freqüência para o estudo do trata-      transgênicos carregam DNA estranho,               6 - Variações genéticas e ambientais
mento operatório da próstata pela sua       artificialmente inserido, em seu genoma.          podem ser avaliadas/controladas?
semelhança morfológica com a próstata       Por razões práticas, a espécie preferida
                                                                                              7 - O estado de saúde do animal pode ser
humana.                                     para modelos transgênicos é o camun-
                                                                                              controlado durante toda a duração do
                                            dongo, mas outras espécies estão receben-
Quase o oposto das situações espon-                                                           projeto?
                                            do interesse crescente agora. O bem estar
tâneas e induzidas são os modelos negati-                                                     8 - A decisão a favor de um modelo espe-
                                            dos animais trangênicos tem que ser
vos, nos quais uma doença específica não                                                      cífico pode ser totalmente baseada em ar-
                                            monitorado com cuidado extra, uma vez
se desenvolve, por exemplo, infecção                                                          gumentos científicos, ou será grande-
                                            que eles podem desenvolver desordens
gonocócica em coelhos ou a quase total                                                        mente anulada por fatores tais como con-
                                            desconhecidas até o presente momento,
ausência de neoplasias no nosso prosaico                                                      veniência pessoal, inadequação de facili-
                                            ou serem incapazes de expressar sinais de
urubu.                                                                                        dades locais, financeiras, restrições éticas
                                            sofrimento, condições que poderiam
Modelos negativos também incluem ani-       tornar seu uso mais adiante antiético e           ou legais, falta de disponibilidade de
mais demonstrando falta de reatividade a                                                      espécies (em contraste, o fato de que uma
                                            interferir com a extrapolação8, 9, 10.
um estímulo específico. Sua principal                                                         espécie está prontamente disponível não
aplicação é em estudos sobre o mecanismo                                          8,9,        pode ser considerado como um critério
                                            A escolha do modelo animal                        sério para a escolha da mesma), falta de
de resistência para ganhar compreensão      10,11,12
clara de suas bases fisiológicas.                                                             cooperação inter ou intradepartamental e
O quarto termo para caracterizar modelos    É virtualmente impossível fornecer regras         a tradição e conveniência do laboratório
animais é o modelo órfão. Um modelo         específicas para a escolha do melhor mo-          (por exemplo, facilidade de manipulação
órfão de doença simplesmente descreve a     delo animal porque as muitas consi-               por técnicos ou experimentadores, tama-
condição que ocorre naturalmente em         derações que devem ser feitas antes que           nho da ninhada, sucesso na procriação)?
espécies não-humanas, mas não foi des-      um experimento possa ser realizado,               A escolha do modelo deve ser criteriosa e
crita ainda em humanos e a qual é “ado-     diferem com cada projeto de pesquisa e            é ponto fundamental do planejamento da
tada” quando uma doença semelhante          seus objetivos.                                   pesquisa. A escolha de um modelo inade-
humana é identificada mais tarde. Exem-     Não obstante, algumas regras gerais               quado implicará em restrições comprome-
plos são a doença de Marek, Papilomatose    podem ser sugeridas:                              tedoras na análise e interpretação dos
e encefalopatia espongiforme bovina                                                           resultados e no processo de indução des-
                                            1 - O problema vale a pena ser investigado/
(BSE), também chamada de “doença da                                                           tes resultados para os seres humanos.
                                            solucionado? Quais os benefícios que
vaca louca” 9.
                                            trará? Quem ou que segmentos da
                                            população serão beneficiados? Existe
                                                                                              A indução
O modelo e similaridade
                                            uma relação plausível de custo/benefício?         A limitação do processo indutivo, em que
filogenética
                                            2 - Em caso afirmativo, o problema já foi         se partindo de um particular procura-se
Embora se possa ficar tentado a supor que   solucionado ou estudado por alguém                generalizar, é que ele traz em seu bojo um
a extrapolação de uma espécie é melhor      anteriormente? A revisão exaustiva da             risco de incorrer em erro. Já chamou a

                                                                                         Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004 - 61
Fagundes DJ, Taha MO

atenção o filósofo Karl Popper que: em          nar apenas algumas diferenças. Ratos são,    critério de modelos de uma espécie pode
pese a observação de que todos os cisnes        conseqüentemente, considerados como          significar que, retrospectivamente, os
sejam brancos, não se pode afirmar que          modelos preditivos inadequados, por          dados experimentais tornem-se inválidos
só existam cisnes brancos; a ocorrência,        exemplo, para a pesquisa da asma ou          para a extrapolação, representando perda
rara, mas real de um cisne negro, pode levar    bronquite humana, mas apesar disso, têm      real e completa de animais. É claro também,
ao erro 5,15.                                   sido usados extensivamente para o estudo     que o uso de mais de uma espécie não é
O fator preditivo de um evento experi-          experimental da bronquite.                   garantia para uma extrapolação bem
mental não é uma questão puramente              A validade da extrapolação é ainda mais      sucedida.
científica, mas um fato filosófico que          complicada pela pergunta: quais              A literatura mostra que em cirurgia, tipica-
envolve a teoria do pensamento científico.      humanos? Por mais que se deseje, como        mente para os procedimentos de técnica
Epistemologicamente a predição de               freqüentemente ocorre, obter resultados      operatória, o uso de mais de uma espécie
resposta humana não é apenas um dos             de um modelo animal geneticamente            é um fato raro. Às vezes procedimentos
acontecimentos mais difíceis da nossa           “definido” e “uniforme”, os humanos para     semelhantes são testados por pesquisa-
vida diária, mas também é o ponto crucial       os quais os resultados são extrapolados      dores diferentes em espécies diferentes.
que decide o sucesso ou fracasso do             são altamente variáveis com notáveis         O uso tradicional de algumas espécies
experimento animal e é a força motriz em        diferenças culturais, dietéticas e ambien-   acaba por consagrar alguns modelos
numerosos debates científicos e políticos       tais. Isto pode ser menos importante para    experimentais que se tornam de uso fre-
sobre a significância geral dos experi-         muitos modelos de doenças, mas pode          qüente. No entanto os procedimentos de
mentos animais para a saúde do Homo             tornar-se significante para modelos          cirurgia experimental em que estão
sapiens5,15,16. A extrapolação de resulta-      farmacológicos e toxicológicos8,9.           envolvidos aspectos fisiopatológicos das
dos de experimentos sobre espécies não-         A visão do público dos animais experi-       doenças de tratamento cirúrgico é um
humanas para humanos carrega contro-            mentais é particularmente sensível à má      cuidado que se deva ser tomado e esti-
vérsia suficiente para décadas de pesquisa      qualidade das pesquisas incluindo inves-     mulado o uso de múltiplas espécies.
que ainda virão.                                tigações que, sabidamente ou sem conhe-
O que é nocivo ou ineficaz para espécies        cimento, pouco se preocupam com a sele-      2 - Padrões e velocidade
não - humanas pode ser inócuo ou efi-           ção de modelos pela sua utilidade prediti-   metabólica.
ciente em humanos. Por exemplo, a penici-       va para as condições humanas. Especial-
lina é fatal para porcos da índia, mas geral-   mente avaliações quantitativas de risco      Drogas e toxinas exercem seu efeito sobre
mente bem tolerada por seres humanos; a         de saúde baseadas em dados animais de        o organismo não “per se”, mas devido às
aspirina é teratogênica em gatos, cães,         pesquisas toxicológicas são, com dema-       vias metabólicas usadas, ao mecanismo
porcos da índia, ratos, camundongos e           siada freqüência, realizados com ajuda de    de metabolização, à maneira como seus
macacos, mas obviamente não para mulhe-         modelos bioestatísticos que são construí-    metabólitos são distribuídos e ligados aos
res grávidas, apesar do consumo freqüen-        dos sobre a ridícula suposição de que o      fluidos e tecidos corporais, como e
te. A talidomida, que aleijou 10.000 crian-     modelo animal oferece uma imagem idênti-     quando são finalmente excretadas.
ças, não causa defeitos de nascimento em        ca da respectiva resposta humana. Basear     O metabolismo de pequenos roedores é
ratos ou muitas outras espécies, mas o faz      as extrapolações de resultados para outras   muitas vezes mais rápido do que o de
em primatas9.                                   espécies somente em homologias não           humanos. Os órgãos viscerais que contro-
                                                pode ser considerado apropriado.             lam e exercem o metabolismo crescem mais
O passado tem mostrado repetidamente
que uma relação filogenética próxima ou         Como os erros do passado podem ser           devagar do que o tamanho corporal como
conformidade anatômica não são caracte-         evitados e as dificuldades mencionadas       um todo. Descobriu-se que o metabolismo
rísticas realmente confiáveis de comporta-      resolvidas no futuro, se é que podem ser     se relaciona a aproximadamente 2/3 da
mento fisiológico paralelo, embora este         resolvidas?                                  potência do peso corporal total (o chama-
seja e pode ser o caso de muitas situações;                                                  do peso corporal metabólico, como em
contudo, é muito difícil predizer tal           Requisitos para um modelo                    peso corporaI2/3). Doses experimentais
conformidade8,9,10.                             adequado 7,8,9,10,11                         deveriam, conseqüentemente, ser geral-
                                                                                             mente calculadas de acordo com o peso
Uma das espécies mais comumente usa-            1 - Usar uma abordagem de                    corporal metabólico.
das em pesquisa toxicológica, o rato, difere    espécies múltiplas.
substancialmente de humanos; falta-lhe a                                                     Pesquisa russa demonstrou que mais de
vesícula biliar, é um excretor biliar muito     Os órgãos governamentais, organizações       100 parâmetros biológicos altamente di-
efetivo, demonstra ligação plasmática com       não-governamentais e demais sociedades       versos (por exemplo, clearance de creatini-
drogas menos eficiente, é obrigato-             reguladoras da pesquisa biológica reco-      na, ingestão de água, peso da hemoglo-
riamente um respirador nasal, tem hábitos       mendam o uso de duas espécies em tria-       bina) estão linearmente relacionados ao
noturnos e tem uma localização diferente        gens toxicológicas, uma das quais tem que    peso corporal, independente da espécie
da flora intestinal, características de pele    ser de um não-roedor. Isto não implica,      mamífera8.
diferentes, hipersensibilidade diferente e      necessariamente, que um número excessi-      Em cirurgia as pesquisas envolvendo a
diferente teratogenicidade, para mencio-        vo de animais será usado. O uso sem          cicatrização de tecidos e órgãos ou os

62 - Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004
Modelo animal de doença: critérios de escolha e espécies de animais de uso corrente

processos de regeneração tecidual são          Saúde), SciELO18 ( Scientific Eletronic          quase o dobro das citações de cães (4.6%)
freqüentes. Nestas e outras pesquisas,         Library Online) e Biblioteca Cochrane19          ou coelhos (3,7%) e muito acima dos ratos
assim como são freqüentemente ignoradas        (The Cochrane Database of Systematic             (1,5%) e camundongos (0,4%).
as diferenças metabólicas, são também          Reviews) sobre as seis espécies animais          A análise de números absolutos mostra
pouco ou quase nada consideradas as            mais comumente citadas, num período de           que o número de trabalhos que usam ratos
diferenças relativas à idade, sexo e dieta.    quatro anos, delineou o perfil mostrado          para trabalhos em cirurgia está muito acima
A evolução do conhecimento tem tornado         nas tabelas 1 e 2.                               (1710) dos cães (705), coelhos (638), suínos
a pesquisa em cirurgia cada vez mais           O rato mostrou-se, nas quatro bases de           (478) e camundongos (463).
voltada para a intimidade da célula e dos      dados, como o animal mais usado em               Os primatas, em todas as bases de dados,
componentes moleculares e do genoma.           pesquisa, seguido pelo camundongo,               são os que apresentaram menores núme-
Há que se atentar para estas particulari-      coelho, cão, suíno e primatas. Cerca de          ros relativos ou absolutos de citações.
dades que podem inviabilizar projetos          85% dos artigos da Medline e 70,5% dos           Chama a atenção que 94,4% dos trabalhos
tidos como adequados.                          artigos da Lilacs são referentes a ratos e       citados na Lilacs estão associados com
                                               camundongos.                                     os descritores [primatas+cirurgia] sendo
3 – Controle das variáveis                     A associação do descritor [modelo] à             que para os autores de língua inglesa a
intervenientes.                                [espécie animal] mostrou uma redução             porcentagem cai para 1,2%.
Deve-se ser muito cuidadoso ao se atri-        drástica de número de artigos publicados         A base de dados do Scielo mantém um
                                               sendo que o camundongo está mais                 paralelismo com a Lilacs mostrando que
buir a espécies ou raças diferenças que
                                               associado que o rato a modelos de doença.        os cães são mais citados que os coelhos.
podem ser decorrentes, por exemplo, da
                                               As demais espécies investigadas foram,
idade, dieta, sexo, sofrimento, via ou tempo                                                    Os ratos e camundongos lideram o número
                                               em ordem decrescente, coelhos, cães,
de administração e amostragem, tamanho                                                          de citações. O número de citações de
                                               porcos e primatas.
da dose, variação diurna, estação do ano                                                        primatas, surpreendentemente, é quase o
ou temperatura diária. A escolha e defini-     A associação de descritores de [modelos          dobro do número de citações de suínos.
ção dos parâmetros são de responsabili-        de doença + espécie animal + cirurgia]
                                                                                                A base de dados da Biblioteca Cochrane
dade do pesquisador e depende de seu           mostrou número reduzido de artigos,
                                                                                                foi avaliada no número de citações gerais
referencial teórico e empírico.                comparando-se com o total de [modelos +
                                                                                                e entre parênteses foram colocados os
                                               espécie animal] ou [espécie animal +
A existência de um biotério adequado e                                                          números referentes a revisões sistemá-
                                               cirurgia]. Era de se esperar um número mais
tratadores treinados facilita os controle                                                       ticas (Base de Dados Cochrane de Revi-
                                               significativo de artigos que referissem o
destas variáveis, mas o pesquisador deve                                                        sões Sistemáticas). Os artigos envolvendo
                                               uso de modelos de doença e cirurgia. É
ser um administrador enérgico e presente       provável que haja um viés na escolha dos         ratos e camundongos completam 57,4%
durante todo o período da pesquisa para        descritores por parte dos autores.               de todas as revisões sistemáticas das es-
surpreender eventuais desvios que pos-                                                          pécies pesquisadas. Coelhos cães e suí-
                                               Na base de dados da Lilacs (17,2 %) e do         nos vêm na seqüência de citações. As
sam alterar a homogeneidade da amostra
                                               Scielo (16,3 %) o cão foi mais utilizado do
ou das condições da pesquisa.                                                                   revisões sistemáticas envolvendo prima-
                                               que os coelhos (8,5 e 8,3%), suínos (2,3 e
                                                                                                tas são clara minoria em números absolu-
                                               1,9%) e primatas (1,2 e 3,1%). O fato mostra
4 - Desenho experimental                                                                        tos ou relativos.
                                               que na América Latina o cão ainda é um
adequado.                                      animal muito usado, talvez pela facilidade       A investigação mostrou que em 262.253
                                               de obtenção. A revisão mais acurada mos-         artigos em língua inglesa (Medline) os
É necessário haver uma correspondência                                                          ratos (113.589) e camundongos (106.775)
                                               tra que os cães usados são referidos, na
entre o modelo proposto e a situação de                                                         são as espécies mais comumente utilizadas
                                               maioria das vezes, como sem raça definida,
vida da espécie alvo. Um modelo não pode                                                        em pesquisa envolvendo animais. Os
                                               o que certamente limita a qualidade da
ser separado do próprio desenho experi-                                                         coelhos (17.185), os cães (15.059) e suínos
                                               pesquisa.
mental. Se o desenho representa as condi-                                                       (6.672) vêm a seguir, ficando os primatas
ções de vida “normais” da espécie alvo         A associação dos descritores [espécie
                                               animal + cirurgia] mostrou que os suínos,        (3.073) em último lugar.
de forma inadequada, podem ser tiradas
conclusões inadequadas, independente           em números relativos, são mais freqüente-        A literatura latino-americana (12 249)
do valor do modelo.                            mente citados, seguidos na ordem pelos           segue a mesma tendência de maior citação
                                               cães, coelhos, ratos e camundongos. O            de ratos (5.982) e camundongos (2.663),
                                               suíno é muito citado em trabalhos latino-        contudo os cães são mais citados (2.117)
Animais usados como modelo
                                               americanos em cirurgia (46%). Ressalte-          que os coelhos (1.051).
animal
                                               se que o suíno é citado em grande número         As revisões sistemáticas mostram um
Um levantamento nas bases de dados da          de trabalhos que envolvem vídeo-                 número superior de revisões envolvendo
Biblioteca Regional de Medicina incluindo      cirurgias, onde é tido como animal ideal         ratos (46), porém mostra números próximos
a Medline17 (National Library of Medicine-     para treinamento e pesquisa em cirurgia          quando analisa camundongos (16),
USA), Lilacs 17 (Literatura Latino-            por mini-acesso. Nos paises de língua            coelhos (14), cães (12) e suínos (13). Os
Americana e do Caribe em Ciências da           inglesa a citação gira em torna de 7,1%,         primatas (5) são pouco referidos.

                                                                                         Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004 - 63
Fagundes DJ, Taha MO

TABELA 1 – Número de artigos publicados envolvendo os diferentes tipos de animais de experimentação, segundo os descritores e bases de dados da
BIREME.

        Animal                      Descritores                Artigos                          Artigos                    Artigos         Artigos
                                    pesquisados               MEDLINE                           LILACS                     SciELO          Cochrane

 Rato                 Rats                                      113 589             100%         5982         100%         621             1 087(46)
 Rato                 Models / rats                              14 541             12,8%         280         4,6%          –                115(13)
 Rato                 Models / rats / surgery                       360             0,3%           27         0,4%          –                 15(06)
 Rato                 Rats / surgery                              1 710             1,5%          423         7,0%          –                 72(13)

 Camundongo           Mice                                      106 775             100%         2663         100%         321               633(16)
 Camundongo           Models / mice                              17 039             15,9%         153         5,7%          –                 53(03)
 Camundongo           Models / mice / surgery                       108             0,1%            3         0,1%          –                  5(01)
 Camundongo           Mice /surgery                                 463             0,4%           36         1.3%          –                 33(05)

 Coelhos              Rabbits                                    17 185             100%         1051         100%         106                84(14)
 Coelhos              Models / rabbits                            2 730             15,8%          52          4,9%         –                 44(10)
 Coelhos              Models /rabbits /surgery                      157             0,9%           13          1,2%         –                 12(04)
 Coelhos              Rabbits / surgery                             638             3,7%          135         12,8%         –                 34(06)

 Cães                 Dogs                                       15 059             100%         2117         100%         209               395(12)
 Cães                 Models / dogs                               2 155             14,3%          69          3,2%         –                 39(04)
 Cães                 Models / dogs / surgery                       108             0,7%           16          0,7%         –                 11(01)
 Cães                 Dogs / surgery                                705             4,6%          398         18,8%         –                 36(04)

 Porcos               Porcine                                        6 672          100%          293         100%         24                346(13)
 Porcos               Models/porcine                                   897          13,4%           4         1,3%         –                  17(04)
 Porcos               Models/porcine/surgery                            89          1,3%            1         0,3%         –                   5(02)
 Porcos               Porcine / surgery                                478          7,1%          135          46%         –                   34(6)

 Primatas             Primates                                       3 073          100%          143          100%        40                15(05)
 Primatas             Models/primates                                  601          19,5%          21         14.6%        –                  6(01)
 Primatas             Models/primates/surgery                            8          0,2%            0              -       –                      0
 Primatas             Primates / surgery                               36           1,2%          135         94,4%        –                  3(01)

                                Base MedLIne – período de 1999/2002.                  Base Scielo – Período de 1998/2002

                                Base Biblioteca Cochrane 1999/2002                    Base LILACS – período de 1998/2002


TABELA 2 – Artigos produzidos nas bases de dados pesquisadas segundo o critério de espécie animal usada como animal de experimentação.


         Animal         Descritores          Artigos                     Artigos                   Artigos                       Artigos
                                           MEDLINE                      LILACS                     SciELO                     Cochrane
  Rato                Rats                   113 589        43,3%            5982      48,8%         621         48,4%            1 087       36,3%
  Camundongo          Mice                   106 775        41,7%            2663      21,7%         321         25,1%             633        21,1%
  Coelhos             Rabbits                   17 185       6,7%            1051        8,5%        106          8,3%             384        12,8%
  Cães                Dogs                      15 059       5,9%            2117      17,2%         209         16,3%             395        13,1%
  Porcos              Porcine                   6 672        2,5%            293         2,3%           24        1.9%             346         1,5%
  Primatas            Primates                    3073       1,7%            143         1,2%           40        3,1%             151         5,1%
  TOTAL                                      262 253        100%         12 249        100%          1 281        100%            2 996        100%




Conclusão                                            A busca do entendimento dos fatores                  tos sobre as inter-relações dos modelos é
                                                     etiológicos, mecanismos e tratamento das             mister para proporcionar um avanço mais
O modelo animal de doença, que na ver-
                                                     doenças, usando outras espécies animais              confiável do conhecimento.
dade deveria ser denominado “modelo
                                                     como modelos trouxe também a difícil                 É necessário um entendimento holístico
humano de doença”, foi criado e depurado
através dos tempos para contornar obstá-             tarefa de extrapolação dos resultados                da relação dos seres humanos com as ou-
culos de ordem ética e de operacionali-              destes modelos para os seres humanos.                tras espécies animais, às custas da amplia-
zação na pesquisa dos motivos causais                A padronização de procedimentos, a siste-            ção da visão criacionista e antropo-
de doenças em seres humanos.                         matização e organização dos conhecimen-              cêntrica.

64 - Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004
Modelo animal de doença: critérios de escolha e espécies de animais de uso corrente

O uso dos modelos experimentais, ou dos        Referências                                              experimental animal in biomedical research:
                                                                                                        care, husbandry and well-being: an overview
modelos animal de doença, ou dos animais
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de laboratório na pesquisa biomédica                illustrated history. New York: Ed. Harry N.    10. Lynette AH. Responsible conduct with
permite e deverão permitir nos próximos             Abrams Inc.; 1987.                                 animals in research. England: Oxford Univ.
anos discussões epistemológicas, políti-       2.   Rutkow I. Surgery: an illustrated history.         Press; 1998.
cas, sociais, econômicas e religiosas.              Missouri: Ed. Mosby Inc. St Louis; 1993.       11. Fletcher HR, Fletcher SW, Wagner EH.
É impossível dar regras gerais confiáveis      3.   Nunn JF. Ancient egyptian medicine.                Epidemiologia clínica: elementos essenciais.
                                                    London: Ed. British Museum Press; 1996.            Porto Alegre: Ed Artes Médicas; 1996.
para a validade da extrapolação de uma
                                               4.   Bernard C. An introduction to the study of     12. Levin J. Estatística aplicada a ciências
espécie para a outra. Isto deve ser avaliado        experimental medicine (1865). In: Images           humanas. São Paulo: Ed Harbra; 1987.
individualmente para cada experimento e             from the history of medicine division.         13   h t t p : / / w w w. d a t a s u s . g o v. b r / c o n s e l h o /
pode, freqüentemente, ser verificado ape-           National Library of Medicine. Disponível
                                                                                                        comissoes/etica/conep.htm
                                                    em http://www.ihm.nlm.nih.gov.
nas após os primeiros estudos na espécie                                                           14. Fagundes DJ, Plapler, H. Small bowel and
alvo.                                          5.   Russell B. História do pensamento ocidental.
                                                                                                       colon glucose absorption study in rats by an
                                                    São Paulo: Ed. Publicações S/A; 2001.
                                                                                                       adaptation of Sols and Ponz method. Rev
A extrapolação de modelos animais, assim       6.   Bioethics resources on the WEB. National           Esp Fisiol 1991;47:129-32.
como a própria arte médica continuará               Institutes of Health. Disponível em http://
                                                                                                   15. Hessen J. Teoria do conhecimento. São
sempre como uma matéria de percepção                www.nih.gov/sigs/bioethics/
                                                                                                       Paulo: Ed.Martins Fontes; 1999.
tardia, destituída de garantias absolutas,     7.   Vieira S, Hossne WS. A ética e a
                                                                                                   16. Köche JC. Fundamentos de metodologia
embora nós humanos normalmente deman-               metodologia. São Paulo: Ed Pioneira; 1998.
                                                                                                       científica: teoria da ciência e prática da
demos absolutismo da profissão médica e        8.   Calabrese EJ. Principles of animal                 pesquisa. Petrópolis: Ed Vozes; 1997.
                                                    extrapolation. Michigan: Ed. Lewis
da comunidade de pesquisa. Ciência é                Publishers; 1991.                              17. http://www.bireme.br/bvs/P/pbd.htm
conhecimento em fluxo contínuo e               9.   Salén JCW. Animal models: principles and       18. http://www.scielo.org/index_p.html
inovador.                                           problems. In: Rollin BE, Kesel ML. The         19. http://www.bireme.br/cochrane/



       Fagundes DJ, Taha MO. Animal disease model: choice´s criteria and current animals specimens. Acta Cir Bras [serial
       online] 2004 Jan-Feb;19(1). Availablr from URL: http://www.scielo.br/acb.
       ABSTRACT - Purpose: Delineate the parameters that directed the choice of an animal model of disease and to verify
       in the recent biomedical literature which the models of lives frequent uses. Methods: The authors plows discussed,
       the concepts and the characteristics of an animal model of disease. Stands out the current consensus on when it use
       an animal model, which the criteria of choice and the requirements goes an appropriate model. Describes which
       plows the animal models available and it discusses the controversies of the phylogenetic similarity and the inherent
       risks the extrapolation of the models goes the human beings. Based on the document retrieval in the database of
       BIREME (Medline, Lilacs, Scielo and Cochrane Library) it investigates which the types of animal models mentioned
       in the articles of these databases lives. Results: It is verified that the rats and the mice plows the animals frequently
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       Latin-American literature the dog overcomes the number of citations of rabbits and swine. The primates plows
       minority in the citations in all of the databases. The systematic revisions also have in the mice the largest number of
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       used in virtually every fields of the biological research. The relationship between the humans and the animals of
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       established ethics, the induction of the results of animal the goes the human species have clear and objective criteria.
       The uses of the experimental models, or of the models animal of disease, or of the laboratory animals in the biomedical
       research allows and they should allow next years discussions in philosophical, politics, social, economical and
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                                                                                                                Conflito de interesse: nenhum
Correspondência:                                                                                            Fonte de financiamento: CEDITEC
Djalma José Fagundes
Rua Camé, 242/244, 3o andar, conj. 33
03121-020 São Paulo – SP
djfagundes.dcir@epm.br
                                                                                                               Data do recebimento: 25/11/2003
                                                                                                                    Data da revisão: 19/12/2003
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                                                                                            Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004 - 65

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Modelos Animais de Doença

  • 1. Modelo animal de doença: critérios de escolha e espécies de animais de uso corrente 10 - ANIMAIS DE LABORATÓRIO Modelo animal de doença: critérios de escolha e espécies de animais de uso corrente1 Djalma José Fagundes2, Murched Omar Taha3 Fagundes DJ, Taha MO. Modelo animal de doença: critérios de escolha e espécies de animais de uso corrente Acta Cir Bras [serial online] 2004 Jan-Fev;19(1). Disponível em URL: http://www.scielo.br/acb. Resumo - Objetivo: Delinear os parâmetros que norteiam a escolha de um modelo animal de doença e verificar na literatura biomédica recente quais as espécies animais de uso mais freqüente. Métodos: Considerando a revisão da literatura são discutidos, os conceitos e as características de um modelo animal de doença. Destaca-se o consenso atual sobre quando usar um modelo animal, quais os critérios de sua escolha e os requisitos para um modelo adequado. Descreve quais os tipos de modelos animal de doença e discute as controvérsias da similaridade filogenética e os riscos inerentes a extrapolação dos modelos para os seres humanos. Baseado em uma pesquisa documental na base de dados da BIREME (Medline, Lilacs, Scielo e Biblioteca Cochrane) investiga quais os animais de experimentação mais citados nos artigos destas bases de dados. Resultados: Verificou-se que o rato e o camundongo são os animais mais freqüentemente utilizados. O coelho, cão e o suíno seguem a lista nas referências de língua inglesa. Nas bases de dados da literatura Latino-americana o cão supera o número de citações de coelhos e suínos. Os primatas são minoria nas citações em todas as bases de dados. As revisões sistemáticas também têm no rato o maior número de citações, as demais espécies são citadas em igualdade de condições. Conclusões: O animal de experimentação é usado virtualmente em todos os campos da pesquisa biológica nos dias de hoje. A relação entre os humanos e os animais de outras espécies ganhou, através dos tempos, contornos mais definidos, a exploração de outras espécies tem regras e uma ética estabelecida, a indução dos resultados do animal para a espécie humana tem critérios claros e objetivos a serem preenchidos. O uso dos modelos experimentais, ou dos modelos animal de doença, ou dos animais de laboratório na pesquisa biomédica permite e deverão permitir nos próximos anos discussões epistemológicas, políticas, sociais, econômicas e religiosas. DESCRITORES - Modelos animais de doenças. Ratos. Camundongo. Cães. Suínos. Primatas. Cirurgia. Introdução inequívoca, pela primeira vez na história, bilidade da experimentação animal aos a relação causal entre um agente microbio- humanos4. A relação dos seres humanos com as de- lógico e uma doença, estudando o carbún- mais espécies animais é longa através da O modelo animal é usado virtualmente em culo que afetava o gado1,2,3. todos os campos da pesquisa biológica história e envolve uma relação predatória e de simbiose1. Contudo foi Claude Bernard, por volta de nos dias de hoje5. A relação entre os hu- 1865, que em seus estudos de fisiologia manos e os animais de outras espécies Os humanos exploram as outras espécies lançou os princípios do uso de animais ganhou contornos mais definidos, a explo- como fonte de alimento e como força de tração para o trabalho desde os primórdios como modelo de estudo e transposição ração de outras espécies tem regras e uma de sua evolução. Também se valeram de para a fisiologia humana. Seu trabalho ética estabelecida6,7, a indução dos resul- outras espécies para proteção de sua saú- “Introdução ao Estudo da Medicina Expe- tados do animal para a espécie humana de. Jenner testou a sua hipótese da vacina- rimental” procurou estabelecer as regras tem critérios claros e objetivos a serem ção a partir de seus conhecimentos da e os princípios para o estudo experimental preenchidos 7 e os humanos tomaram doença no gado leiteiro, Pasteur testou a da medicina. Ele provocou situações físi- consciência de que fazem parte de um con- sua teoria da imunização da raiva a partir cas e químicas que resultavam em altera- junto interligado, em que os elos se entre- de macerado do cérebro de um cão raivo- ções nos animais semelhantes à de doen- laçam e sua sobrevivência depende da so. Kock estabeleceu de forma cabal e ças em humanos. Enfatizava a aplica- sobrevivência de todos5,6,7. 1. Trabalho realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM). 2. Prof. Adjunto do Departamento de Cirurgia da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM. 3. Prof. Afiliado do Departamento de Cirurgia da Disciplina em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da UNIFESP-EPM. Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004 - 59
  • 2. Fagundes DJ, Taha MO Os objetivos deste trabalho são delinear a- que permita o estudo dos fenômenos pode limitar a atividade social ou laborativa os parâmetros que norteiam a escolha de biológicos ou de comportamento do dos investigados11,12. um modelo animal de doença e verificar animal; Devido as limitações de coleta de material na literatura biomédica recente quais as b- que um processo patológico espon- a investigação pode ficar restrita a um ou espécies animais de uso mais freqüente. tâneo ou induzido possa ser in- dois aspectos de manifestação da doença, vestigado; sendo necessário vários grupos de estudo Conceito de modelo animal c- que o fenômeno, em um ou mais para abordar a multiplicidade de apre- aspectos, seja semelhante ao fenômeno sentação dos fenômenos patológicos11,12. Na visão antropocêntrica de organização de uma escala zoológica, o Homo sapiens em seres humanos. Estas são algumas das limitações que reservou para si o topo da evolução das podem dificultar ou inviabilizar uma inves- espécies e criou um erro lingüístico e cien- Quando usar um modelo animal tigação em seres humanos. O uso de mo- tífico com a distinção entre animais e delos de doença animal pode superar estas As limitações para se investigar uma limitações e proporcionar a investigação humanos, como se ele não fosse também doença humana podem envolver aspectos um animal. Surge assim a expressão “mo- de uma relação causal de modo mais rápi- éticos ou inerentes à própria doença e no do, menos trabalhoso e menos one- delo animal de doença” com a intenção de modo de investigação5,6,9,10,11. roso11,12. designar “modelos em animais de doenças A maior limitação é certamente de ordem da espécie humana”. O termo modelo ani- ética. A experimentação em seres huma- Tipos de modelo animal de mal carrega, portanto uma improprie- nos exige uma série de requisitos para doença dade8,9,10. Deveria denominar-se “modelo resguardar a integridade física e psico- humano”. Os termos “animal de laborató- Há cerca de cento e cinqüenta anos mode- emocional dos investigados. Tem que se rio” ou “animal de experimentação” estão possibilitar ao investigado, para a adesão los de animais têm sido desenvolvidos correlatos muito mais aos humanos do que à pesquisa, todo o esclarecimento e infor- para estudo das causas, mecanismos e a qualquer outra espécie de animal 8,9,10 . mação a respeito dos eventuais benefícios terapêutica das doenças humanas. Habi- Assim o conceito de doença animal é ou malefícios da conduta proposta11,12. O tualmente são referidos na literatura médi- aquela cujos mecanismos patológicos são cumprimento destes princípios fica a ca quatro tipos básicos: induzido, espon- suficientemente similares àqueles de uma cargo de uma Comissão de Ética insti- tâneo, negativo e modelo órfão. Os dois doença humana, servindo a doença animal tucional, multidisciplinar, isenta e primeiros são de longe os mais impor- como modelo. A doença animal pode ser autônoma13. tantes9,10. tanto induzida, como de ocorrência Obter uma amostra com número suficiente Como o nome subentende, modelos indu- natural8. de investigados para representatividade zidos são situações nas quais a condição estatística e acompanhá-la por todo o a ser investigada é induzida experimen- Características de um modelo9 período da investigação, normalmente é talmente, como por exemplo, a indução do tarefa trabalhosa, onerosa e demanda diabetes mellitus com aloxano ou hepatec- O significado mais adequado de modelo, longo tempo11,12. tomia parcial para se estudar a regene- para o nosso objetivo, pode ser entendido ração hepática. O modelo induzido é a Um trabalho experimental, por definição, como: um modelo é um objeto de imitação, única categoria que teoricamente permite necessita de um grupo controle. A escolha algo que represente alguma coisa ou a escolha livre de espécies9. do tratamento padrão (golden standard) alguém, algo que seja semelhante ou A síndrome do intestino curto pode ser ou o uso de eventual placebo é um pro- imagem de outro. simulada em animal de experimentação cesso de difícil encaminhamento11,12. Em ciências biológicas um modelo poderia fazendo-se a ressecção de oitenta por cen- Em outras ocasiões a doença investigada ser comparado ao conceito estatístico de to do jejuno-íleo do animal e anastomose tem uma incidência baixa ou baixa preva- amostragem. Como existem limitações, às dos cotos remanescentes de intestino lência na população o que dificulta encon- delgado. A linha de pesquisa mostrou que vezes intransponíveis, para se trabalhar trar número expressivo de casos para o com toda uma população busca-se uma o rato foi o animal mais viável para esta estudo11,12. simulação. O cão, testado inicialmente, amostra representativa desta população. A agressividade da doença ou a virulência suportava muito mal as condições de má- Os resultados obtidos com a amostra, em do agente etiológico pode não dar espaço absorção com alto índice de mortalidade que o trabalho foi exeqüível, transpõe-se para investigação de tratamentos alterna- pós-operatória, o que inviabilizava a para toda a população11,12. tivos sem grandes riscos para os inves- pesquisa14. Um modelo deve ter características sufi- tigados. Em cirurgia é freqüente a proposta de cientes para ser semelhante ao objeto imi- A coleta do material de avaliação do pro- novos procedimentos operatórios passí- tado e ter a suficiente capacidade de ser cesso patológico pode exigir procedi- veis de serem simulados em animais. Os manipulado sem as limitações do objeto mentos invasivos (coleta de amostras de estudos podem avaliar não só a viabilidade imitado. fluidos corporais, biópsias, endoscopias), do procedimento em si, como de suas Um modelo animal deverá atender aos dolorosos ou demorados. Coleta de conseqüências fisiopatológicas e de sua pressupostos de: material seriado, em intervalos curtos, eficácia terapêutica. 60 - Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004
  • 3. Modelo animal de doença: critérios de escolha e espécies de animais de uso corrente Modelos animais espontâneos de doenças quanto mais esta espécie se assemelhe aos literatura pode abreviar alguns passos da humanas utilizam variantes genéticas que humanos, a proximidade filogenética pesquisa e talvez até mostrar sua inade- ocorrem naturalmente. Muitas centenas de (como alcançada por modelos primatas) quação, pois talvez o problema já tenha raças/linhagens com tais doenças herda- não é garantia de validação da extrapo- sido resolvido alhures. das, modelando condições similares em lação, como demonstrou o mal sucedido 3 - Poderia ser desenvolvido um modelo humanos, foram caracterizadas e conser- modelo de chipanzé em pesquisa da humano? Quais as limitações de ordem vadas. Um famoso exemplo de um modelo AIDS8, 9, 10. ética e de operacionalização envolvidas? mutante natural é o camundongo “nude”, Da mesma forma, é decisivo que os fenô- São limitações relevantes? o qual significou um ponto decisivo no menos patológicos e o resultado de uma 4 – Não podendo ser desenvolvido um estudo de tumores hetero-transplantados doença ou afecção induzida na espécie modelo em humanos, um animal é um e, por exemplo, permitiram a primeira testada se pareça com os respectivos modelo apropriado? A similaridade dos descrição de células assassinas naturais fenômenos patológicos na espécie alvo. processos patológicos e de comporta- (natural killer). As vantagens/opções do A infecção por FIV (vírus da imuno- mento do modelo animal são teoricamente camundongo “nude” como um modelo deficiência felina) em gatos pode, portan- aceitáveis? Há algum embasamento animal atímico foram rapidamente to, ser um melhor modelo para a AIDS empírico de suporte ao modelo animal? constatados pela comunidade, conside- humana do que a infecção por HIV (vírus 5 - A espécie a ser usada é a espécie apro- rando que o camundongo “nude” (atími- da imunodeficiência humana) em símios8, priada para o problema? Alguma pesquisa co) era conhecido há quase 20 anos antes 9, 10 . prévia mal sucedida indicou que uma que tivesse o uso disseminado nos labora- tórios de imunologia9. Um tipo especial de doença induzida que espécie específica pode ser inadequada? recentemente tem ganhando popularidade Que conclusões úteis podem ser tiradas O cão desenvolve a doença da hiperplasia é o modelo animal transgênico. Animais da pesquisa que falhou? benigna da próstata e é um modelo usado com freqüência para o estudo do trata- transgênicos carregam DNA estranho, 6 - Variações genéticas e ambientais mento operatório da próstata pela sua artificialmente inserido, em seu genoma. podem ser avaliadas/controladas? semelhança morfológica com a próstata Por razões práticas, a espécie preferida 7 - O estado de saúde do animal pode ser humana. para modelos transgênicos é o camun- controlado durante toda a duração do dongo, mas outras espécies estão receben- Quase o oposto das situações espon- projeto? do interesse crescente agora. O bem estar tâneas e induzidas são os modelos negati- 8 - A decisão a favor de um modelo espe- dos animais trangênicos tem que ser vos, nos quais uma doença específica não cífico pode ser totalmente baseada em ar- monitorado com cuidado extra, uma vez se desenvolve, por exemplo, infecção gumentos científicos, ou será grande- que eles podem desenvolver desordens gonocócica em coelhos ou a quase total mente anulada por fatores tais como con- desconhecidas até o presente momento, ausência de neoplasias no nosso prosaico veniência pessoal, inadequação de facili- ou serem incapazes de expressar sinais de urubu. dades locais, financeiras, restrições éticas sofrimento, condições que poderiam Modelos negativos também incluem ani- tornar seu uso mais adiante antiético e ou legais, falta de disponibilidade de mais demonstrando falta de reatividade a espécies (em contraste, o fato de que uma interferir com a extrapolação8, 9, 10. um estímulo específico. Sua principal espécie está prontamente disponível não aplicação é em estudos sobre o mecanismo 8,9, pode ser considerado como um critério A escolha do modelo animal sério para a escolha da mesma), falta de de resistência para ganhar compreensão 10,11,12 clara de suas bases fisiológicas. cooperação inter ou intradepartamental e O quarto termo para caracterizar modelos É virtualmente impossível fornecer regras a tradição e conveniência do laboratório animais é o modelo órfão. Um modelo específicas para a escolha do melhor mo- (por exemplo, facilidade de manipulação órfão de doença simplesmente descreve a delo animal porque as muitas consi- por técnicos ou experimentadores, tama- condição que ocorre naturalmente em derações que devem ser feitas antes que nho da ninhada, sucesso na procriação)? espécies não-humanas, mas não foi des- um experimento possa ser realizado, A escolha do modelo deve ser criteriosa e crita ainda em humanos e a qual é “ado- diferem com cada projeto de pesquisa e é ponto fundamental do planejamento da tada” quando uma doença semelhante seus objetivos. pesquisa. A escolha de um modelo inade- humana é identificada mais tarde. Exem- Não obstante, algumas regras gerais quado implicará em restrições comprome- plos são a doença de Marek, Papilomatose podem ser sugeridas: tedoras na análise e interpretação dos e encefalopatia espongiforme bovina resultados e no processo de indução des- 1 - O problema vale a pena ser investigado/ (BSE), também chamada de “doença da tes resultados para os seres humanos. solucionado? Quais os benefícios que vaca louca” 9. trará? Quem ou que segmentos da população serão beneficiados? Existe A indução O modelo e similaridade uma relação plausível de custo/benefício? A limitação do processo indutivo, em que filogenética 2 - Em caso afirmativo, o problema já foi se partindo de um particular procura-se Embora se possa ficar tentado a supor que solucionado ou estudado por alguém generalizar, é que ele traz em seu bojo um a extrapolação de uma espécie é melhor anteriormente? A revisão exaustiva da risco de incorrer em erro. Já chamou a Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004 - 61
  • 4. Fagundes DJ, Taha MO atenção o filósofo Karl Popper que: em nar apenas algumas diferenças. Ratos são, critério de modelos de uma espécie pode pese a observação de que todos os cisnes conseqüentemente, considerados como significar que, retrospectivamente, os sejam brancos, não se pode afirmar que modelos preditivos inadequados, por dados experimentais tornem-se inválidos só existam cisnes brancos; a ocorrência, exemplo, para a pesquisa da asma ou para a extrapolação, representando perda rara, mas real de um cisne negro, pode levar bronquite humana, mas apesar disso, têm real e completa de animais. É claro também, ao erro 5,15. sido usados extensivamente para o estudo que o uso de mais de uma espécie não é O fator preditivo de um evento experi- experimental da bronquite. garantia para uma extrapolação bem mental não é uma questão puramente A validade da extrapolação é ainda mais sucedida. científica, mas um fato filosófico que complicada pela pergunta: quais A literatura mostra que em cirurgia, tipica- envolve a teoria do pensamento científico. humanos? Por mais que se deseje, como mente para os procedimentos de técnica Epistemologicamente a predição de freqüentemente ocorre, obter resultados operatória, o uso de mais de uma espécie resposta humana não é apenas um dos de um modelo animal geneticamente é um fato raro. Às vezes procedimentos acontecimentos mais difíceis da nossa “definido” e “uniforme”, os humanos para semelhantes são testados por pesquisa- vida diária, mas também é o ponto crucial os quais os resultados são extrapolados dores diferentes em espécies diferentes. que decide o sucesso ou fracasso do são altamente variáveis com notáveis O uso tradicional de algumas espécies experimento animal e é a força motriz em diferenças culturais, dietéticas e ambien- acaba por consagrar alguns modelos numerosos debates científicos e políticos tais. Isto pode ser menos importante para experimentais que se tornam de uso fre- sobre a significância geral dos experi- muitos modelos de doenças, mas pode qüente. No entanto os procedimentos de mentos animais para a saúde do Homo tornar-se significante para modelos cirurgia experimental em que estão sapiens5,15,16. A extrapolação de resulta- farmacológicos e toxicológicos8,9. envolvidos aspectos fisiopatológicos das dos de experimentos sobre espécies não- A visão do público dos animais experi- doenças de tratamento cirúrgico é um humanas para humanos carrega contro- mentais é particularmente sensível à má cuidado que se deva ser tomado e esti- vérsia suficiente para décadas de pesquisa qualidade das pesquisas incluindo inves- mulado o uso de múltiplas espécies. que ainda virão. tigações que, sabidamente ou sem conhe- O que é nocivo ou ineficaz para espécies cimento, pouco se preocupam com a sele- 2 - Padrões e velocidade não - humanas pode ser inócuo ou efi- ção de modelos pela sua utilidade prediti- metabólica. ciente em humanos. Por exemplo, a penici- va para as condições humanas. Especial- lina é fatal para porcos da índia, mas geral- mente avaliações quantitativas de risco Drogas e toxinas exercem seu efeito sobre mente bem tolerada por seres humanos; a de saúde baseadas em dados animais de o organismo não “per se”, mas devido às aspirina é teratogênica em gatos, cães, pesquisas toxicológicas são, com dema- vias metabólicas usadas, ao mecanismo porcos da índia, ratos, camundongos e siada freqüência, realizados com ajuda de de metabolização, à maneira como seus macacos, mas obviamente não para mulhe- modelos bioestatísticos que são construí- metabólitos são distribuídos e ligados aos res grávidas, apesar do consumo freqüen- dos sobre a ridícula suposição de que o fluidos e tecidos corporais, como e te. A talidomida, que aleijou 10.000 crian- modelo animal oferece uma imagem idênti- quando são finalmente excretadas. ças, não causa defeitos de nascimento em ca da respectiva resposta humana. Basear O metabolismo de pequenos roedores é ratos ou muitas outras espécies, mas o faz as extrapolações de resultados para outras muitas vezes mais rápido do que o de em primatas9. espécies somente em homologias não humanos. Os órgãos viscerais que contro- pode ser considerado apropriado. lam e exercem o metabolismo crescem mais O passado tem mostrado repetidamente que uma relação filogenética próxima ou Como os erros do passado podem ser devagar do que o tamanho corporal como conformidade anatômica não são caracte- evitados e as dificuldades mencionadas um todo. Descobriu-se que o metabolismo rísticas realmente confiáveis de comporta- resolvidas no futuro, se é que podem ser se relaciona a aproximadamente 2/3 da mento fisiológico paralelo, embora este resolvidas? potência do peso corporal total (o chama- seja e pode ser o caso de muitas situações; do peso corporal metabólico, como em contudo, é muito difícil predizer tal Requisitos para um modelo peso corporaI2/3). Doses experimentais conformidade8,9,10. adequado 7,8,9,10,11 deveriam, conseqüentemente, ser geral- mente calculadas de acordo com o peso Uma das espécies mais comumente usa- 1 - Usar uma abordagem de corporal metabólico. das em pesquisa toxicológica, o rato, difere espécies múltiplas. substancialmente de humanos; falta-lhe a Pesquisa russa demonstrou que mais de vesícula biliar, é um excretor biliar muito Os órgãos governamentais, organizações 100 parâmetros biológicos altamente di- efetivo, demonstra ligação plasmática com não-governamentais e demais sociedades versos (por exemplo, clearance de creatini- drogas menos eficiente, é obrigato- reguladoras da pesquisa biológica reco- na, ingestão de água, peso da hemoglo- riamente um respirador nasal, tem hábitos mendam o uso de duas espécies em tria- bina) estão linearmente relacionados ao noturnos e tem uma localização diferente gens toxicológicas, uma das quais tem que peso corporal, independente da espécie da flora intestinal, características de pele ser de um não-roedor. Isto não implica, mamífera8. diferentes, hipersensibilidade diferente e necessariamente, que um número excessi- Em cirurgia as pesquisas envolvendo a diferente teratogenicidade, para mencio- vo de animais será usado. O uso sem cicatrização de tecidos e órgãos ou os 62 - Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004
  • 5. Modelo animal de doença: critérios de escolha e espécies de animais de uso corrente processos de regeneração tecidual são Saúde), SciELO18 ( Scientific Eletronic quase o dobro das citações de cães (4.6%) freqüentes. Nestas e outras pesquisas, Library Online) e Biblioteca Cochrane19 ou coelhos (3,7%) e muito acima dos ratos assim como são freqüentemente ignoradas (The Cochrane Database of Systematic (1,5%) e camundongos (0,4%). as diferenças metabólicas, são também Reviews) sobre as seis espécies animais A análise de números absolutos mostra pouco ou quase nada consideradas as mais comumente citadas, num período de que o número de trabalhos que usam ratos diferenças relativas à idade, sexo e dieta. quatro anos, delineou o perfil mostrado para trabalhos em cirurgia está muito acima A evolução do conhecimento tem tornado nas tabelas 1 e 2. (1710) dos cães (705), coelhos (638), suínos a pesquisa em cirurgia cada vez mais O rato mostrou-se, nas quatro bases de (478) e camundongos (463). voltada para a intimidade da célula e dos dados, como o animal mais usado em Os primatas, em todas as bases de dados, componentes moleculares e do genoma. pesquisa, seguido pelo camundongo, são os que apresentaram menores núme- Há que se atentar para estas particulari- coelho, cão, suíno e primatas. Cerca de ros relativos ou absolutos de citações. dades que podem inviabilizar projetos 85% dos artigos da Medline e 70,5% dos Chama a atenção que 94,4% dos trabalhos tidos como adequados. artigos da Lilacs são referentes a ratos e citados na Lilacs estão associados com camundongos. os descritores [primatas+cirurgia] sendo 3 – Controle das variáveis A associação do descritor [modelo] à que para os autores de língua inglesa a intervenientes. [espécie animal] mostrou uma redução porcentagem cai para 1,2%. Deve-se ser muito cuidadoso ao se atri- drástica de número de artigos publicados A base de dados do Scielo mantém um sendo que o camundongo está mais paralelismo com a Lilacs mostrando que buir a espécies ou raças diferenças que associado que o rato a modelos de doença. os cães são mais citados que os coelhos. podem ser decorrentes, por exemplo, da As demais espécies investigadas foram, idade, dieta, sexo, sofrimento, via ou tempo Os ratos e camundongos lideram o número em ordem decrescente, coelhos, cães, de administração e amostragem, tamanho de citações. O número de citações de porcos e primatas. da dose, variação diurna, estação do ano primatas, surpreendentemente, é quase o ou temperatura diária. A escolha e defini- A associação de descritores de [modelos dobro do número de citações de suínos. ção dos parâmetros são de responsabili- de doença + espécie animal + cirurgia] A base de dados da Biblioteca Cochrane dade do pesquisador e depende de seu mostrou número reduzido de artigos, foi avaliada no número de citações gerais referencial teórico e empírico. comparando-se com o total de [modelos + e entre parênteses foram colocados os espécie animal] ou [espécie animal + A existência de um biotério adequado e números referentes a revisões sistemá- cirurgia]. Era de se esperar um número mais tratadores treinados facilita os controle ticas (Base de Dados Cochrane de Revi- significativo de artigos que referissem o destas variáveis, mas o pesquisador deve sões Sistemáticas). Os artigos envolvendo uso de modelos de doença e cirurgia. É ser um administrador enérgico e presente provável que haja um viés na escolha dos ratos e camundongos completam 57,4% durante todo o período da pesquisa para descritores por parte dos autores. de todas as revisões sistemáticas das es- surpreender eventuais desvios que pos- pécies pesquisadas. Coelhos cães e suí- Na base de dados da Lilacs (17,2 %) e do nos vêm na seqüência de citações. As sam alterar a homogeneidade da amostra Scielo (16,3 %) o cão foi mais utilizado do ou das condições da pesquisa. revisões sistemáticas envolvendo prima- que os coelhos (8,5 e 8,3%), suínos (2,3 e tas são clara minoria em números absolu- 1,9%) e primatas (1,2 e 3,1%). O fato mostra 4 - Desenho experimental tos ou relativos. que na América Latina o cão ainda é um adequado. animal muito usado, talvez pela facilidade A investigação mostrou que em 262.253 de obtenção. A revisão mais acurada mos- artigos em língua inglesa (Medline) os É necessário haver uma correspondência ratos (113.589) e camundongos (106.775) tra que os cães usados são referidos, na entre o modelo proposto e a situação de são as espécies mais comumente utilizadas maioria das vezes, como sem raça definida, vida da espécie alvo. Um modelo não pode em pesquisa envolvendo animais. Os o que certamente limita a qualidade da ser separado do próprio desenho experi- coelhos (17.185), os cães (15.059) e suínos pesquisa. mental. Se o desenho representa as condi- (6.672) vêm a seguir, ficando os primatas ções de vida “normais” da espécie alvo A associação dos descritores [espécie animal + cirurgia] mostrou que os suínos, (3.073) em último lugar. de forma inadequada, podem ser tiradas conclusões inadequadas, independente em números relativos, são mais freqüente- A literatura latino-americana (12 249) do valor do modelo. mente citados, seguidos na ordem pelos segue a mesma tendência de maior citação cães, coelhos, ratos e camundongos. O de ratos (5.982) e camundongos (2.663), suíno é muito citado em trabalhos latino- contudo os cães são mais citados (2.117) Animais usados como modelo americanos em cirurgia (46%). Ressalte- que os coelhos (1.051). animal se que o suíno é citado em grande número As revisões sistemáticas mostram um Um levantamento nas bases de dados da de trabalhos que envolvem vídeo- número superior de revisões envolvendo Biblioteca Regional de Medicina incluindo cirurgias, onde é tido como animal ideal ratos (46), porém mostra números próximos a Medline17 (National Library of Medicine- para treinamento e pesquisa em cirurgia quando analisa camundongos (16), USA), Lilacs 17 (Literatura Latino- por mini-acesso. Nos paises de língua coelhos (14), cães (12) e suínos (13). Os Americana e do Caribe em Ciências da inglesa a citação gira em torna de 7,1%, primatas (5) são pouco referidos. Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004 - 63
  • 6. Fagundes DJ, Taha MO TABELA 1 – Número de artigos publicados envolvendo os diferentes tipos de animais de experimentação, segundo os descritores e bases de dados da BIREME. Animal Descritores Artigos Artigos Artigos Artigos pesquisados MEDLINE LILACS SciELO Cochrane Rato Rats 113 589 100% 5982 100% 621 1 087(46) Rato Models / rats 14 541 12,8% 280 4,6% – 115(13) Rato Models / rats / surgery 360 0,3% 27 0,4% – 15(06) Rato Rats / surgery 1 710 1,5% 423 7,0% – 72(13) Camundongo Mice 106 775 100% 2663 100% 321 633(16) Camundongo Models / mice 17 039 15,9% 153 5,7% – 53(03) Camundongo Models / mice / surgery 108 0,1% 3 0,1% – 5(01) Camundongo Mice /surgery 463 0,4% 36 1.3% – 33(05) Coelhos Rabbits 17 185 100% 1051 100% 106 84(14) Coelhos Models / rabbits 2 730 15,8% 52 4,9% – 44(10) Coelhos Models /rabbits /surgery 157 0,9% 13 1,2% – 12(04) Coelhos Rabbits / surgery 638 3,7% 135 12,8% – 34(06) Cães Dogs 15 059 100% 2117 100% 209 395(12) Cães Models / dogs 2 155 14,3% 69 3,2% – 39(04) Cães Models / dogs / surgery 108 0,7% 16 0,7% – 11(01) Cães Dogs / surgery 705 4,6% 398 18,8% – 36(04) Porcos Porcine 6 672 100% 293 100% 24 346(13) Porcos Models/porcine 897 13,4% 4 1,3% – 17(04) Porcos Models/porcine/surgery 89 1,3% 1 0,3% – 5(02) Porcos Porcine / surgery 478 7,1% 135 46% – 34(6) Primatas Primates 3 073 100% 143 100% 40 15(05) Primatas Models/primates 601 19,5% 21 14.6% – 6(01) Primatas Models/primates/surgery 8 0,2% 0 - – 0 Primatas Primates / surgery 36 1,2% 135 94,4% – 3(01) Base MedLIne – período de 1999/2002. Base Scielo – Período de 1998/2002 Base Biblioteca Cochrane 1999/2002 Base LILACS – período de 1998/2002 TABELA 2 – Artigos produzidos nas bases de dados pesquisadas segundo o critério de espécie animal usada como animal de experimentação. Animal Descritores Artigos Artigos Artigos Artigos MEDLINE LILACS SciELO Cochrane Rato Rats 113 589 43,3% 5982 48,8% 621 48,4% 1 087 36,3% Camundongo Mice 106 775 41,7% 2663 21,7% 321 25,1% 633 21,1% Coelhos Rabbits 17 185 6,7% 1051 8,5% 106 8,3% 384 12,8% Cães Dogs 15 059 5,9% 2117 17,2% 209 16,3% 395 13,1% Porcos Porcine 6 672 2,5% 293 2,3% 24 1.9% 346 1,5% Primatas Primates 3073 1,7% 143 1,2% 40 3,1% 151 5,1% TOTAL 262 253 100% 12 249 100% 1 281 100% 2 996 100% Conclusão A busca do entendimento dos fatores tos sobre as inter-relações dos modelos é etiológicos, mecanismos e tratamento das mister para proporcionar um avanço mais O modelo animal de doença, que na ver- doenças, usando outras espécies animais confiável do conhecimento. dade deveria ser denominado “modelo como modelos trouxe também a difícil É necessário um entendimento holístico humano de doença”, foi criado e depurado através dos tempos para contornar obstá- tarefa de extrapolação dos resultados da relação dos seres humanos com as ou- culos de ordem ética e de operacionali- destes modelos para os seres humanos. tras espécies animais, às custas da amplia- zação na pesquisa dos motivos causais A padronização de procedimentos, a siste- ção da visão criacionista e antropo- de doenças em seres humanos. matização e organização dos conhecimen- cêntrica. 64 - Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004
  • 7. Modelo animal de doença: critérios de escolha e espécies de animais de uso corrente O uso dos modelos experimentais, ou dos Referências experimental animal in biomedical research: care, husbandry and well-being: an overview modelos animal de doença, ou dos animais 1. Lyons AS, Petrucelli RJ. Medicine: an by species. 3ed. Boston: CRC Press; 1995. de laboratório na pesquisa biomédica illustrated history. New York: Ed. Harry N. 10. Lynette AH. Responsible conduct with permite e deverão permitir nos próximos Abrams Inc.; 1987. animals in research. England: Oxford Univ. anos discussões epistemológicas, políti- 2. Rutkow I. Surgery: an illustrated history. Press; 1998. cas, sociais, econômicas e religiosas. Missouri: Ed. Mosby Inc. St Louis; 1993. 11. Fletcher HR, Fletcher SW, Wagner EH. É impossível dar regras gerais confiáveis 3. Nunn JF. Ancient egyptian medicine. Epidemiologia clínica: elementos essenciais. London: Ed. British Museum Press; 1996. Porto Alegre: Ed Artes Médicas; 1996. para a validade da extrapolação de uma 4. Bernard C. An introduction to the study of 12. Levin J. Estatística aplicada a ciências espécie para a outra. Isto deve ser avaliado experimental medicine (1865). In: Images humanas. São Paulo: Ed Harbra; 1987. individualmente para cada experimento e from the history of medicine division. 13 h t t p : / / w w w. d a t a s u s . g o v. b r / c o n s e l h o / pode, freqüentemente, ser verificado ape- National Library of Medicine. Disponível comissoes/etica/conep.htm em http://www.ihm.nlm.nih.gov. nas após os primeiros estudos na espécie 14. Fagundes DJ, Plapler, H. Small bowel and alvo. 5. Russell B. História do pensamento ocidental. colon glucose absorption study in rats by an São Paulo: Ed. Publicações S/A; 2001. adaptation of Sols and Ponz method. Rev A extrapolação de modelos animais, assim 6. Bioethics resources on the WEB. National Esp Fisiol 1991;47:129-32. como a própria arte médica continuará Institutes of Health. Disponível em http:// 15. Hessen J. Teoria do conhecimento. São sempre como uma matéria de percepção www.nih.gov/sigs/bioethics/ Paulo: Ed.Martins Fontes; 1999. tardia, destituída de garantias absolutas, 7. Vieira S, Hossne WS. A ética e a 16. Köche JC. Fundamentos de metodologia embora nós humanos normalmente deman- metodologia. São Paulo: Ed Pioneira; 1998. científica: teoria da ciência e prática da demos absolutismo da profissão médica e 8. Calabrese EJ. Principles of animal pesquisa. Petrópolis: Ed Vozes; 1997. extrapolation. Michigan: Ed. Lewis da comunidade de pesquisa. Ciência é Publishers; 1991. 17. http://www.bireme.br/bvs/P/pbd.htm conhecimento em fluxo contínuo e 9. Salén JCW. Animal models: principles and 18. http://www.scielo.org/index_p.html inovador. problems. In: Rollin BE, Kesel ML. The 19. http://www.bireme.br/cochrane/ Fagundes DJ, Taha MO. Animal disease model: choice´s criteria and current animals specimens. Acta Cir Bras [serial online] 2004 Jan-Feb;19(1). Availablr from URL: http://www.scielo.br/acb. ABSTRACT - Purpose: Delineate the parameters that directed the choice of an animal model of disease and to verify in the recent biomedical literature which the models of lives frequent uses. Methods: The authors plows discussed, the concepts and the characteristics of an animal model of disease. Stands out the current consensus on when it use an animal model, which the criteria of choice and the requirements goes an appropriate model. Describes which plows the animal models available and it discusses the controversies of the phylogenetic similarity and the inherent risks the extrapolation of the models goes the human beings. Based on the document retrieval in the database of BIREME (Medline, Lilacs, Scielo and Cochrane Library) it investigates which the types of animal models mentioned in the articles of these databases lives. Results: It is verified that the rats and the mice plows the animals frequently used lives. The rabbit, dog and the swine follow the list in the references of English language. In the databases of the Latin-American literature the dog overcomes the number of citations of rabbits and swine. The primates plows minority in the citations in all of the databases. The systematic revisions also have in the mice the largest number of citations, the other species plows mentioned in equality of conditions. Conclusions: Today, “animal model” plows used in virtually every fields of the biological research. The relationship between the humans and the animals of other species led, through the teams, live defined outlines, the exploration of other species have roll-neck and an established ethics, the induction of the results of animal the goes the human species have clear and objective criteria. The uses of the experimental models, or of the models animal of disease, or of the laboratory animals in the biomedical research allows and they should allow next years discussions in philosophical, politics, social, economical and religious fields. KEY WORDS - Disease animal models. Rats. Mice. Dogs. Porcine. Primates. Surgery. Conflito de interesse: nenhum Correspondência: Fonte de financiamento: CEDITEC Djalma José Fagundes Rua Camé, 242/244, 3o andar, conj. 33 03121-020 São Paulo – SP djfagundes.dcir@epm.br Data do recebimento: 25/11/2003 Data da revisão: 19/12/2003 Data da aprovação: 08/01/2004 Acta Cirúrgica Brasileira - Vol 19 (1) 2004 - 65