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1
A PARTILHA COMO MEIO DE CONVERSÃO
A PARTILHA COMO MEIO DE CONVERSÃO 1
Pe. Bernard Olivier, op 2
I Mudai os vossos corações!
"Mudai os vossos corações" ou "convertei-vos": pode-se estabelecer uma equação entre estas duas
expressões. Ambas são bíblicas. Podemos explicitá-las com mais precisão para melhor compreendê-
las.
1) Convertei-vos.
A quaresma começa pela imposição das cinzas. Este rito lembra:
→ a fragilidade radical do homem. Para sublinhá-la, há uma fórmula clássica: "Lembra-te que és
pó e ao pó tornarás"
→ sua "qualidade" de pecador, diante daquele que é a própria santidade, como o aviso - a outra
fórmula litúrgica à escolha - "convertei-vos e crede no Evangelho".
Converter-se significa voltar-se, mudar de direção, de orientação. Conforme o caso é preciso dar
um quarto de volta ou meia volta completa. O objetivo é voltar-se para Deus, desviando-se daquilo que
pode constituir obstáculo. Portanto, é um movimento e rotação, um retorno, uma mudança de atitude,
de "desejo", de conduta prática.
Este é o sentido mais simples da palavra - e não quero entrar em toda a riqueza de significado que a
palavra tomou na Bíblia.
2) Mudai os vossos corações
Trata-se, aqui, de uma conversão em profundidade e não mais de uma simples mudança de
direção. Com frequência, a liturgia nos lembra o texto de Ezequiel: "Dar-vos-ei um coração novo,
porei em vós um espírito novo".
Mas por que se diz exatamente: mudai os vossos corações? Poderia se dizer também (e está
implícito):
→ Mudai o vosso olhar. Aliás, "só se vê bem com os olhos do coração". Mude o seu olhar sobre
você mesmo, sobre seu cônjuge, seu casal, seus filhos, etc.
→ Mudai as vossas ideias: trata-se de revê-las, corrigi-las, substituí-las eventualmente por outras,
melhores...
→ Mudai os vossos hábitos: um bom esforço para a Quaresma, que recomendo cada ano à minha
equipe (e ela faz questão!), é desfazer-se de verdade de algum hábito de preguiça, de egoísmo.
Se conseguíssemos eliminar um por ano... "
→ Mudai o vosso passo, vossa marcha, vossos ritmos de vida espiritual..., para caminhar mais
depressa para Deus, mais diretamente, de forma mais decidida.
Quando se diz "mudai vossos corações", é de tudo isso que se trata, porque se ataca a raiz.
1
Palestra proferida na Sessão de Formação Internacional realizada em Fátima (Portugal) em Julho de 1994, e publicada na
Carta Mensal nº 307 de Fevereiro/Março de 1995.
2
Padre Bernard Olivier, op foi Conselheiro Espiritual da Equipe Responsável
Internacioanl - ERI
2
De minha parte, quero usar esta expressão num sentido muito preciso.
Conta-se que Jesus fez, com Catarina de Siena, a troca dos corações. Quando vou a Siena, nunca
deixo de ir rezar no lugar onde o fato aconteceu... para pedir a minha pequena parte! Pois é este o meio
radical: amar como Jesus, "com o coração dele". «Eu vivo, diz São Paulo, mas não sou mais eu que
vivo, é Cristo que vive em mim». Penso que é esta a graça que devemos pedir com insistência: sermos
conduzidos pelo Espírito de Jesus. É a mesma coisa.
No ímpeto da Segunda Inspiração, queremos aprofundar o que já estamos praticando. É preciso dar
um passo a mais na prática da Partilha. É preciso fazer da Partilha um ferramental de conversão.
Vejamos como:
II Ficha técnica da Partilha
1) Distinguir bem Coparticipação e Partilha.
Há muita confusão, mesmo nas equipes experientes. A minha própria equipe usa às vezes uma
expressão pela outra... Em Munique, discutimos longamente a palavra alemã mais adequada: Mitteilen
traduz uma e outra... No fundo, é uma questão de convenção, é um vocabulário convencional, bastante
arbitrário. Mas é preciso distinguir as realidades.
Dizer: "Partilha dos pontos concretos de esforço"
2) O objeto específico da Partilha, sua matéria, são os pontos concretos de esforço.
Ainda pode haver confusão.
Um exemplo que vivi: eram citados, como pontos de esforço:
→ a missa do domingo (pois é ...)
→ a missa durante a semana
→ a contribuição
→ a leitura do Editorial
→ a oração das Equipes.
Esta confusão explica-se: vide texto da Carta original.
Houve uma evolução na nomenclatura dos pontos concretos de esforço ou das "obrigações",
conforme a expressão antiga.
Na Carta original, enunciavam-se assim as "obrigações":
a) Fixarem-se eles mesmos uma regra de vida
b) Rezarem juntos e com os filhos, uma vez por dia, na medida do possível, porque a família como
tal deve culto a Deus e porque a oração comum tem um grande poder.
c) Rezarem diariamente a oração das Equipes de Nossa Senhora, em união com todos os casais
do Movimento.
d) Praticarem mensalmente o "dever de sentar-se". É a ocasião, para cada casal, de fazer um
balanço da própria vida
e) Estudarem conjuntamente, marido e mulher, o tema de estudos mensal e enviarem suas
reflexões, por escrito, antes da reunião. Assistirem à reunião.
f) Lerem cada mês o editorial da Carta Mensal.
3
g) Fazerem cada ano um retiro fechado de 48 horas, no mínimo, marido e mulher juntos na
medida do possível. É obrigatório pelo menos um retiro, antes do compromisso da Equipe.
h) Darem cada ano, a título de contribuição, o produto de um dia de trabalho para assegurar a vida
material e a expansão do Movimento, ao qual devem, de certo modo, o próprio enriquecimento
espiritual.
i) Entrarem em contato e acolherem com o coração fraterno, quando se lhes oferecerem
oportunidades, os casais de outras equipes.
Não preciso lembrar os seis pontos concretos de esforço atuais. Se bem que existem alguns dos
pontos antigos que às vezes seria bom lembrar! Se eles não estão mais na lista atual, é porque se pensa
que já foram incorporados... Será?
III. O sentido da Partilha
1) No começo das ENS.
Conheci as Equipes em seus primeiros anos (1948-49) como jovem sacerdote, observador... Era
a época da "partilha tabulada”3
, que se devia enviar para Paris...
Isto era compreensível, no início: necessidade de assegurar em todo lugar uma prática
fundamental; necessidade de verificar o andamento das equipes. Mas havia um real perigo de
formalismo, além do aspecto de "controle" por parte do Centro Diretor. ..
Sobre este ponto, evoluiu-se bastante! E a Segunda Inspiração propõe aprofundar ainda mais
esta prática fundamental. A tal ponto fundamental que, na minha opinião, uma equipe que não pratique
mais a Partilha (e existem!) não pode mais ser considerada como uma verdadeira Equipe de Nossa
Senhora.
2) Como compreender a partilha?
Vou fazer referência aqui ao documento sobre a Partilha, do casal Gomez-Ferrer4
. É um excelente
documento, estudado pelas Equipes no mundo inteiro. Talvez seja até bom demais; alguns o acham
místico demais. Tenho medo das reações como as dos filhos desses casais "perfeitos" que dizem:
nunca poderemos imitar nossos pais, então nem vale a pena tentar!
Portanto, vou propor aqui, simplesmente, algumas precisões concretas e um pouco terra-a-terra.
Mas que se enquadram perfeitamente na linha dessa mística.
Penso, por exemplo (e isto tem algo de místico), que, concretamente, a primeira função real da
Partilha é alertar os casais antes da reunião, a respeito do que deverão partilhar sobre os pontos
concretos de esforço, lembrar-lhes que eles têm coisas a fazer para poderem falar delas ... É por isso
3
Era praxe, antigamente, preencher uma “folha de partilha”, a qual deveria ser enviada ao Setor, na qual se anotava Sim
ou Não, para os seis Pontos Concretos de Esforço, individualizado para Ele e Ela (Vide, por exemplo, o manual “O Casal
Responsável de Equipe – edição de 1983 – última página). Após o Encontro de Lourdes de 1988, quando do lançamento
da Segunda Inspiração, foi abolida a tal “folha de partilha”.
4
Trata-se do documento “Mística dos Pontos Concretos de Esforço e Partilha”, o qual deveria ser de leitura e assimilação
por parte de todos os casais equipistas e conselheiros espirituais.
4
que muitos casais correm a fazer5
o dever de sentar-se na véspera da reunião. Esta é uma função pouco
mística da Partilha, mas eficaz no atingimento do objetivo. Precisamos deste tipo de lembrete...
Mas o documento sobre a Partilha é centrado sobre três atitudes:
→ a assiduidade para nos abrirmos à vontade e ao amor de Deus;
→ a capacidade de viver na verdade
→ a capacidade de realizar o encontro e a comunhão.
Antes, porém, dois pontos:
a) Distinguir bem Coparticipação e Partilha. É importante: as duas são necessárias!
Coparticipação: trocam-se notícias sobre o mês que passou, alguns fatos importantes, um pouco
exteriores, ou então problemas sérios que se enfrentam.
Partilha: comunicação em profundidade, sobre a vida profunda, centrada sobre os pontos
concretos de esforço. São justamente os pontos concretos que são as vigas mestras da vida profunda do
casal (palavra de Deus, oração, dever de sentar-se).
É preciso, portanto, centrar a Partilha sobre estes pontos (não se fala de qualquer coisa...), sabendo,
porém, ultrapassá-los para comunicar experiências profundas de vida e para poder juntar-se
mutuamente em profundidade. Não se deve, portanto, contentar-se em dizer se se observaram ou não
os pontos mas, partindo daí, fazer uma verdadeira partilha de vida (da mesma forma como se "partilha
o Evangelho", é uma boa referência).
a) Compreender que se trata de um ato de vida em equipe.
→ um ato que alicerça e constrói a equipe - ato fundador;
→ um ato que assegura o funcionamento da equipe: "é fazer equipe"
É preciso, portanto, ultrapassar o simples relato do que se fez para construirmos juntos, para
levarmos a equipe para frente. Na Partilha, assumimos o encargo uns dos outros.
Retomemos agora as três atitudes conforme o documento.
1. Busca assídua da vontade (e do amor) de Deus.
É o primeiro gesto, o primeiro tempo da conversão permanente do cristão: compreender qual é
a vontade de Deus sobre mim, para querer o que Deus quer.
E este é um ato de equipe. Creio que é difícil, muitas vezes, compreender sozinho - ou só em
casal - esta vontade de Deus.
Precisamos da opinião dos outros. Reporto-me à minha experiência da vida religiosa. A
pobreza religiosa, elemento essencial (um dos três votos), mudou de aspecto e talvez até de sentido. De
qualquer modo, as regras, outrora muito estritas, tornaram-se muito flexíveis. De minha parte,
5
Lembramos que esta colocação é de 1994. Após esta data muito se refletiu no Movimento sobre a diferença entre
“fazer” e “viver”. A proposta, como inclusive se poderá perceber mais adiante, é no sentido de viver os Pontos Concretos
de Esforço e as três atitudes.
5
pergunto-me freqüentemente como se deve viver esta pobreza hoje. E sinto que não sou capaz de
responder sozinho a esta pergunta: há necessidade de uma conversa, de uma "partilha" sobre este
ponto, para ter certeza de não divagar...
Existem algumas condições indispensáveis.
a) O respeito pelo outro. É preciso saber aceitar-se diferentes, com opiniões diferentes, notadamente
na política e na liturgia, que são os campos habitualmente sensíveis; mas também com ritmos de
caminhada espiritual diferentes: não se apavorem diante de certos confrontos ou até mesmo conflitos!
b) Ativa participação de todos. Portanto, não há lugar para mudez sistemática ("por princípio, não
intervenho", nem para dizer da minha situação, nem para dar conselho aos outros). Nem tampouco há
lugar para a indiferença. O que é preocupação de um é preocupação de todos.
c) Ajudarem a desbloquear, a liberar os que se sentem bloqueados. Uma palavra sincera pode
desvendar dificuldades e permite que se procure solucioná-las. Mas é preciso aceitar dar e receber
conselhos!
Em suma, é necessário caminhar juntos, ombro a ombro, para a descoberta mais perfeita da
vontade de Deus.
2. Busca da verdade
Para se ajudarem mutuamente, é preciso conhecerem-se, não com um simples conhecimento
externo, formal ou intelectual, mas com um conhecimento ao mesmo tempo da razão e do coração. A
Partilha pode contribuir muito para isto. Para tanto:
a) Aceitarem revelar-se aos outros. É preciso evitar dois excessos: a síndrome da Esfinge, cujos
pensamentos ficam profundamente ocultos; a síndrome do "estripado", que mostra tudo sem
discriminação...
Deve-se saber reconhecer as próprias fraquezas. A Partilha não é a entrega do "Oscar",
acompanhada, como na TV, de uma sessão de autoparabenização. Mas não é, tampouco, uma
confissão pública. É preciso guardar uma reserva suficiente e evitar qualquer trauma e qualquer
processo de culpabilização. Isto nunca ajudou ninguém.
Precisam, também, saber reconhecer os próprios êxitos e falar deles: é uma atitude positiva e
dinâmica, que muitas vezes é animadora para todos.
b) Buscarem a verdade sobre si mesmos. O olhar com que nos vemos é certamente muito
diferente daquele com que os outros nos vêem. Este tem algo que pode nos enriquecer. Perguntei-me
muitas vezes como um passarinho vê o mundo: de cima, numa perspectiva diferente e com um olhar de
pássaro, a respeito do qual nada sabemos. Como nos vê um passarinho? Como nos vê uma mosca?
Como nos vêem os outros, não com um olhar hostil e inutilmente crítico, mas com um olhar
amigo, que quer ser objetivo. Não digamos: «O que os outros pensam de mim?... ora!... ». Seu olhar
deve corrigir o nosso. É para isto que deve servir a Partilha.
c) Buscarem a verdade sobre os outros. Têm-se, freqüentemente, a respeito dos outros, ideias "a
priori", preconcebidas. Deve-se querer verdadeiramente conhecer os outros. A Partilha nos faz entrar
na vida íntima. Creio que há duas maneiras, nas ENS, de conhecer os outros: a Partilha e as reuniões
de equipes mistas. Saibamos aproveitá-las!
6
3. Vivência do encontro e da comunhão
Sabe-se que o ser humano, desde o início de sua existência, necessita do relacionamento com os outros
para construir-se, para construir sua própria identidade. E isto, em suma, continua durante toda a vida.
Já que estamos falando de conversão através da Partilha, aqui se trata da conversão na sua
dimensão horizontal: a conversão para os outros.
Vejo dois momentos nesta conversão.
a) Sair de si mesmo, para interessar-se pelos outros.
Ficamos facilmente trancados em nossos próprios problemas, nossos projetos, nossas preferências.
Corremos o risco de fechar o mundo em nós mesmos, em nosso casal, nossa família (com a parte
preponderante dos filhos entre nossas preocupações). Todas estas coisas certamente precisam ser
consideradas, mas nem por isso nos fecharmos em nós mesmos.
Se for verdade que o essencial para nós, a única coisa que finalmente conta, é o amor, o ágape; se
for verdade que o segundo mandamento é inseparável do primeiro, então aqui está a conversão
essencial: comungar na amizade com os outros da equipe.
A Partilha é um dos melhores meios para criar e construir esta amizade.
b) Há um segundo momento: este encontro/comunhão implica também em "carregarem os fardos uns
dos outros".
Não basta registrar e dar conselhos judiciosos; é preciso utilizar-se de outros meios. Por exemplo,
se um casal, depois de vários anos, não consegue chegar a uma verdadeira oração conjugal, deve ser
aconselhado, deve-se propor-lhe a experiência dos demais. Mas precisa também ajudá-lo naquilo que
pode considerar-se aqui como exercício da "comunhão dos santos”. Decidir, por exemplo, todos
juntos, de fazer um esforço especial neste mês sobre este ponto - e é sobre este ponto que se fará uma
Partilha mais aprofundada - rezando especialmente durante o mês pelo casal que apresenta esta
dificuldade.
Nota: Há, em tudo isso, uma condição indispensável: uma total discrição deve ser assegurada. O que se
diz na Partilha não pode sair da reunião...
Permitam-me terminar aqui com uma confidência muito pessoal. Antes de entrar nas Equipes de Nossa
Senhora, pratiquei durante longos anos a Partilha no seio do movimento “Correntes”. Chamava-se a
“culpa”, por referência a esta prática nos capítulos dos monges. E tenho o profundo sentimento de que
a Partilha em equipe me enriquece muito mais e me compromete muito mais claramente do que a tal
“culpa” ou do que a partilha na minha própria comunidade religiosa. É uma riqueza de vida que deve
ser explorada a fundo!
Segue (abaixo) as perguntas formuladas pelo SECR Pe J.Batista, para a realização das reuniões de Interequipes,
juntamente com seus SCE do Setor, escolham um texto de meditação do evangelho para a mesma...qualquer
dúvida estamos a disposição.
Abraços e fiquem com Deus.
1) Que a leitura do texto nos ajudou na compreensão da partilha?
2) Em nossa equipe é claro o que é a partilha. Ela produz frutos para a vida de equipe?Por quê?
7

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Texto interequipes 2013

  • 1. 1 A PARTILHA COMO MEIO DE CONVERSÃO A PARTILHA COMO MEIO DE CONVERSÃO 1 Pe. Bernard Olivier, op 2 I Mudai os vossos corações! "Mudai os vossos corações" ou "convertei-vos": pode-se estabelecer uma equação entre estas duas expressões. Ambas são bíblicas. Podemos explicitá-las com mais precisão para melhor compreendê- las. 1) Convertei-vos. A quaresma começa pela imposição das cinzas. Este rito lembra: → a fragilidade radical do homem. Para sublinhá-la, há uma fórmula clássica: "Lembra-te que és pó e ao pó tornarás" → sua "qualidade" de pecador, diante daquele que é a própria santidade, como o aviso - a outra fórmula litúrgica à escolha - "convertei-vos e crede no Evangelho". Converter-se significa voltar-se, mudar de direção, de orientação. Conforme o caso é preciso dar um quarto de volta ou meia volta completa. O objetivo é voltar-se para Deus, desviando-se daquilo que pode constituir obstáculo. Portanto, é um movimento e rotação, um retorno, uma mudança de atitude, de "desejo", de conduta prática. Este é o sentido mais simples da palavra - e não quero entrar em toda a riqueza de significado que a palavra tomou na Bíblia. 2) Mudai os vossos corações Trata-se, aqui, de uma conversão em profundidade e não mais de uma simples mudança de direção. Com frequência, a liturgia nos lembra o texto de Ezequiel: "Dar-vos-ei um coração novo, porei em vós um espírito novo". Mas por que se diz exatamente: mudai os vossos corações? Poderia se dizer também (e está implícito): → Mudai o vosso olhar. Aliás, "só se vê bem com os olhos do coração". Mude o seu olhar sobre você mesmo, sobre seu cônjuge, seu casal, seus filhos, etc. → Mudai as vossas ideias: trata-se de revê-las, corrigi-las, substituí-las eventualmente por outras, melhores... → Mudai os vossos hábitos: um bom esforço para a Quaresma, que recomendo cada ano à minha equipe (e ela faz questão!), é desfazer-se de verdade de algum hábito de preguiça, de egoísmo. Se conseguíssemos eliminar um por ano... " → Mudai o vosso passo, vossa marcha, vossos ritmos de vida espiritual..., para caminhar mais depressa para Deus, mais diretamente, de forma mais decidida. Quando se diz "mudai vossos corações", é de tudo isso que se trata, porque se ataca a raiz. 1 Palestra proferida na Sessão de Formação Internacional realizada em Fátima (Portugal) em Julho de 1994, e publicada na Carta Mensal nº 307 de Fevereiro/Março de 1995. 2 Padre Bernard Olivier, op foi Conselheiro Espiritual da Equipe Responsável Internacioanl - ERI
  • 2. 2 De minha parte, quero usar esta expressão num sentido muito preciso. Conta-se que Jesus fez, com Catarina de Siena, a troca dos corações. Quando vou a Siena, nunca deixo de ir rezar no lugar onde o fato aconteceu... para pedir a minha pequena parte! Pois é este o meio radical: amar como Jesus, "com o coração dele". «Eu vivo, diz São Paulo, mas não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim». Penso que é esta a graça que devemos pedir com insistência: sermos conduzidos pelo Espírito de Jesus. É a mesma coisa. No ímpeto da Segunda Inspiração, queremos aprofundar o que já estamos praticando. É preciso dar um passo a mais na prática da Partilha. É preciso fazer da Partilha um ferramental de conversão. Vejamos como: II Ficha técnica da Partilha 1) Distinguir bem Coparticipação e Partilha. Há muita confusão, mesmo nas equipes experientes. A minha própria equipe usa às vezes uma expressão pela outra... Em Munique, discutimos longamente a palavra alemã mais adequada: Mitteilen traduz uma e outra... No fundo, é uma questão de convenção, é um vocabulário convencional, bastante arbitrário. Mas é preciso distinguir as realidades. Dizer: "Partilha dos pontos concretos de esforço" 2) O objeto específico da Partilha, sua matéria, são os pontos concretos de esforço. Ainda pode haver confusão. Um exemplo que vivi: eram citados, como pontos de esforço: → a missa do domingo (pois é ...) → a missa durante a semana → a contribuição → a leitura do Editorial → a oração das Equipes. Esta confusão explica-se: vide texto da Carta original. Houve uma evolução na nomenclatura dos pontos concretos de esforço ou das "obrigações", conforme a expressão antiga. Na Carta original, enunciavam-se assim as "obrigações": a) Fixarem-se eles mesmos uma regra de vida b) Rezarem juntos e com os filhos, uma vez por dia, na medida do possível, porque a família como tal deve culto a Deus e porque a oração comum tem um grande poder. c) Rezarem diariamente a oração das Equipes de Nossa Senhora, em união com todos os casais do Movimento. d) Praticarem mensalmente o "dever de sentar-se". É a ocasião, para cada casal, de fazer um balanço da própria vida e) Estudarem conjuntamente, marido e mulher, o tema de estudos mensal e enviarem suas reflexões, por escrito, antes da reunião. Assistirem à reunião. f) Lerem cada mês o editorial da Carta Mensal.
  • 3. 3 g) Fazerem cada ano um retiro fechado de 48 horas, no mínimo, marido e mulher juntos na medida do possível. É obrigatório pelo menos um retiro, antes do compromisso da Equipe. h) Darem cada ano, a título de contribuição, o produto de um dia de trabalho para assegurar a vida material e a expansão do Movimento, ao qual devem, de certo modo, o próprio enriquecimento espiritual. i) Entrarem em contato e acolherem com o coração fraterno, quando se lhes oferecerem oportunidades, os casais de outras equipes. Não preciso lembrar os seis pontos concretos de esforço atuais. Se bem que existem alguns dos pontos antigos que às vezes seria bom lembrar! Se eles não estão mais na lista atual, é porque se pensa que já foram incorporados... Será? III. O sentido da Partilha 1) No começo das ENS. Conheci as Equipes em seus primeiros anos (1948-49) como jovem sacerdote, observador... Era a época da "partilha tabulada”3 , que se devia enviar para Paris... Isto era compreensível, no início: necessidade de assegurar em todo lugar uma prática fundamental; necessidade de verificar o andamento das equipes. Mas havia um real perigo de formalismo, além do aspecto de "controle" por parte do Centro Diretor. .. Sobre este ponto, evoluiu-se bastante! E a Segunda Inspiração propõe aprofundar ainda mais esta prática fundamental. A tal ponto fundamental que, na minha opinião, uma equipe que não pratique mais a Partilha (e existem!) não pode mais ser considerada como uma verdadeira Equipe de Nossa Senhora. 2) Como compreender a partilha? Vou fazer referência aqui ao documento sobre a Partilha, do casal Gomez-Ferrer4 . É um excelente documento, estudado pelas Equipes no mundo inteiro. Talvez seja até bom demais; alguns o acham místico demais. Tenho medo das reações como as dos filhos desses casais "perfeitos" que dizem: nunca poderemos imitar nossos pais, então nem vale a pena tentar! Portanto, vou propor aqui, simplesmente, algumas precisões concretas e um pouco terra-a-terra. Mas que se enquadram perfeitamente na linha dessa mística. Penso, por exemplo (e isto tem algo de místico), que, concretamente, a primeira função real da Partilha é alertar os casais antes da reunião, a respeito do que deverão partilhar sobre os pontos concretos de esforço, lembrar-lhes que eles têm coisas a fazer para poderem falar delas ... É por isso 3 Era praxe, antigamente, preencher uma “folha de partilha”, a qual deveria ser enviada ao Setor, na qual se anotava Sim ou Não, para os seis Pontos Concretos de Esforço, individualizado para Ele e Ela (Vide, por exemplo, o manual “O Casal Responsável de Equipe – edição de 1983 – última página). Após o Encontro de Lourdes de 1988, quando do lançamento da Segunda Inspiração, foi abolida a tal “folha de partilha”. 4 Trata-se do documento “Mística dos Pontos Concretos de Esforço e Partilha”, o qual deveria ser de leitura e assimilação por parte de todos os casais equipistas e conselheiros espirituais.
  • 4. 4 que muitos casais correm a fazer5 o dever de sentar-se na véspera da reunião. Esta é uma função pouco mística da Partilha, mas eficaz no atingimento do objetivo. Precisamos deste tipo de lembrete... Mas o documento sobre a Partilha é centrado sobre três atitudes: → a assiduidade para nos abrirmos à vontade e ao amor de Deus; → a capacidade de viver na verdade → a capacidade de realizar o encontro e a comunhão. Antes, porém, dois pontos: a) Distinguir bem Coparticipação e Partilha. É importante: as duas são necessárias! Coparticipação: trocam-se notícias sobre o mês que passou, alguns fatos importantes, um pouco exteriores, ou então problemas sérios que se enfrentam. Partilha: comunicação em profundidade, sobre a vida profunda, centrada sobre os pontos concretos de esforço. São justamente os pontos concretos que são as vigas mestras da vida profunda do casal (palavra de Deus, oração, dever de sentar-se). É preciso, portanto, centrar a Partilha sobre estes pontos (não se fala de qualquer coisa...), sabendo, porém, ultrapassá-los para comunicar experiências profundas de vida e para poder juntar-se mutuamente em profundidade. Não se deve, portanto, contentar-se em dizer se se observaram ou não os pontos mas, partindo daí, fazer uma verdadeira partilha de vida (da mesma forma como se "partilha o Evangelho", é uma boa referência). a) Compreender que se trata de um ato de vida em equipe. → um ato que alicerça e constrói a equipe - ato fundador; → um ato que assegura o funcionamento da equipe: "é fazer equipe" É preciso, portanto, ultrapassar o simples relato do que se fez para construirmos juntos, para levarmos a equipe para frente. Na Partilha, assumimos o encargo uns dos outros. Retomemos agora as três atitudes conforme o documento. 1. Busca assídua da vontade (e do amor) de Deus. É o primeiro gesto, o primeiro tempo da conversão permanente do cristão: compreender qual é a vontade de Deus sobre mim, para querer o que Deus quer. E este é um ato de equipe. Creio que é difícil, muitas vezes, compreender sozinho - ou só em casal - esta vontade de Deus. Precisamos da opinião dos outros. Reporto-me à minha experiência da vida religiosa. A pobreza religiosa, elemento essencial (um dos três votos), mudou de aspecto e talvez até de sentido. De qualquer modo, as regras, outrora muito estritas, tornaram-se muito flexíveis. De minha parte, 5 Lembramos que esta colocação é de 1994. Após esta data muito se refletiu no Movimento sobre a diferença entre “fazer” e “viver”. A proposta, como inclusive se poderá perceber mais adiante, é no sentido de viver os Pontos Concretos de Esforço e as três atitudes.
  • 5. 5 pergunto-me freqüentemente como se deve viver esta pobreza hoje. E sinto que não sou capaz de responder sozinho a esta pergunta: há necessidade de uma conversa, de uma "partilha" sobre este ponto, para ter certeza de não divagar... Existem algumas condições indispensáveis. a) O respeito pelo outro. É preciso saber aceitar-se diferentes, com opiniões diferentes, notadamente na política e na liturgia, que são os campos habitualmente sensíveis; mas também com ritmos de caminhada espiritual diferentes: não se apavorem diante de certos confrontos ou até mesmo conflitos! b) Ativa participação de todos. Portanto, não há lugar para mudez sistemática ("por princípio, não intervenho", nem para dizer da minha situação, nem para dar conselho aos outros). Nem tampouco há lugar para a indiferença. O que é preocupação de um é preocupação de todos. c) Ajudarem a desbloquear, a liberar os que se sentem bloqueados. Uma palavra sincera pode desvendar dificuldades e permite que se procure solucioná-las. Mas é preciso aceitar dar e receber conselhos! Em suma, é necessário caminhar juntos, ombro a ombro, para a descoberta mais perfeita da vontade de Deus. 2. Busca da verdade Para se ajudarem mutuamente, é preciso conhecerem-se, não com um simples conhecimento externo, formal ou intelectual, mas com um conhecimento ao mesmo tempo da razão e do coração. A Partilha pode contribuir muito para isto. Para tanto: a) Aceitarem revelar-se aos outros. É preciso evitar dois excessos: a síndrome da Esfinge, cujos pensamentos ficam profundamente ocultos; a síndrome do "estripado", que mostra tudo sem discriminação... Deve-se saber reconhecer as próprias fraquezas. A Partilha não é a entrega do "Oscar", acompanhada, como na TV, de uma sessão de autoparabenização. Mas não é, tampouco, uma confissão pública. É preciso guardar uma reserva suficiente e evitar qualquer trauma e qualquer processo de culpabilização. Isto nunca ajudou ninguém. Precisam, também, saber reconhecer os próprios êxitos e falar deles: é uma atitude positiva e dinâmica, que muitas vezes é animadora para todos. b) Buscarem a verdade sobre si mesmos. O olhar com que nos vemos é certamente muito diferente daquele com que os outros nos vêem. Este tem algo que pode nos enriquecer. Perguntei-me muitas vezes como um passarinho vê o mundo: de cima, numa perspectiva diferente e com um olhar de pássaro, a respeito do qual nada sabemos. Como nos vê um passarinho? Como nos vê uma mosca? Como nos vêem os outros, não com um olhar hostil e inutilmente crítico, mas com um olhar amigo, que quer ser objetivo. Não digamos: «O que os outros pensam de mim?... ora!... ». Seu olhar deve corrigir o nosso. É para isto que deve servir a Partilha. c) Buscarem a verdade sobre os outros. Têm-se, freqüentemente, a respeito dos outros, ideias "a priori", preconcebidas. Deve-se querer verdadeiramente conhecer os outros. A Partilha nos faz entrar na vida íntima. Creio que há duas maneiras, nas ENS, de conhecer os outros: a Partilha e as reuniões de equipes mistas. Saibamos aproveitá-las!
  • 6. 6 3. Vivência do encontro e da comunhão Sabe-se que o ser humano, desde o início de sua existência, necessita do relacionamento com os outros para construir-se, para construir sua própria identidade. E isto, em suma, continua durante toda a vida. Já que estamos falando de conversão através da Partilha, aqui se trata da conversão na sua dimensão horizontal: a conversão para os outros. Vejo dois momentos nesta conversão. a) Sair de si mesmo, para interessar-se pelos outros. Ficamos facilmente trancados em nossos próprios problemas, nossos projetos, nossas preferências. Corremos o risco de fechar o mundo em nós mesmos, em nosso casal, nossa família (com a parte preponderante dos filhos entre nossas preocupações). Todas estas coisas certamente precisam ser consideradas, mas nem por isso nos fecharmos em nós mesmos. Se for verdade que o essencial para nós, a única coisa que finalmente conta, é o amor, o ágape; se for verdade que o segundo mandamento é inseparável do primeiro, então aqui está a conversão essencial: comungar na amizade com os outros da equipe. A Partilha é um dos melhores meios para criar e construir esta amizade. b) Há um segundo momento: este encontro/comunhão implica também em "carregarem os fardos uns dos outros". Não basta registrar e dar conselhos judiciosos; é preciso utilizar-se de outros meios. Por exemplo, se um casal, depois de vários anos, não consegue chegar a uma verdadeira oração conjugal, deve ser aconselhado, deve-se propor-lhe a experiência dos demais. Mas precisa também ajudá-lo naquilo que pode considerar-se aqui como exercício da "comunhão dos santos”. Decidir, por exemplo, todos juntos, de fazer um esforço especial neste mês sobre este ponto - e é sobre este ponto que se fará uma Partilha mais aprofundada - rezando especialmente durante o mês pelo casal que apresenta esta dificuldade. Nota: Há, em tudo isso, uma condição indispensável: uma total discrição deve ser assegurada. O que se diz na Partilha não pode sair da reunião... Permitam-me terminar aqui com uma confidência muito pessoal. Antes de entrar nas Equipes de Nossa Senhora, pratiquei durante longos anos a Partilha no seio do movimento “Correntes”. Chamava-se a “culpa”, por referência a esta prática nos capítulos dos monges. E tenho o profundo sentimento de que a Partilha em equipe me enriquece muito mais e me compromete muito mais claramente do que a tal “culpa” ou do que a partilha na minha própria comunidade religiosa. É uma riqueza de vida que deve ser explorada a fundo! Segue (abaixo) as perguntas formuladas pelo SECR Pe J.Batista, para a realização das reuniões de Interequipes, juntamente com seus SCE do Setor, escolham um texto de meditação do evangelho para a mesma...qualquer dúvida estamos a disposição. Abraços e fiquem com Deus. 1) Que a leitura do texto nos ajudou na compreensão da partilha? 2) Em nossa equipe é claro o que é a partilha. Ela produz frutos para a vida de equipe?Por quê?
  • 7. 7