O documento discute nominalizações e seus complementos no contexto escolar. Ele apresenta o objetivo do estudo de examinar a complementação de nominalizações deverbais em textos produzidos no ensino médio, e pressupõe que a metáfora gramatical conserva traços semânticos da forma verbal correspondente. Ele também fornece detalhes sobre o corpus analisado e os tipos de nominalizações examinadas, e discute os achados iniciais sobre o uso de argumentos nas nominalizações.
Nominalizações e seus Complementos no Contexto Escolar
1. Nominalizações e seus complementos
no contexto escolar
Maria Cristina G. de Góes Monteiro (PUC-Rio)
Rubiane Guilherme Valério (PUC-Rio)
2. O contexto
Trabalho vinculado ao projeto de pesquisa
“Escrita e inclusão social: análise de corpus e a
metáfora gramatical no Ensino Médio”
(EDITAL FAPERJ Nº 26/2008), cujo objetivo é
investigar o uso da metáfora gramatical em
redações de estudantes do Ensino Médio de
escolas públicas e particulares do Rio de
Janeiro.
3. Objetivo do estudo aqui proposto
Examinar a complementação das
nominalizações deverbais em textos
produzidos no segmento escolar em foco no
projeto já mencionado.
4. Pressuposto teórico
A metáfora gramatical leva naturalmente ao
fenômeno da transcategorização (Halliday e
Matthiessen, 2006), mas conserva em sua
estrutura traços semânticos da forma
congruente correspondente, sendo uma “fusão”
ou “junção” de duas categorias semânticas
(Halliday e Matthiessen, 2006)
5. A estrutura da forma nominalizada
A nominalização de um verbo que denota
processo material (Halliday, 1994), por exemplo,
pode apresentar em sua estrutura os argumentos
previstos no processo verbal
a construção de hotéis (Paciente) pela
empreiteira X (Agente)
6. A estrutura da forma nominalizada
No entanto, nem sempre esses argumentos
encontram-se explicitamente representados
em determinados contextos.
a construção de hotéis;
a construção da empreiteira X;
a construção
7. A investigação
Verificação da ocorrência ou não desses
elementos nas estruturas metafóricas
encontradas;
Identificação do tipo de elemento usado
com maior frequência.
8. O corpus analisado
Corpus piloto composto de 34 textos
argumentativos, produzidos por alunos do 3º.
ano do Ensino Médio de duas escolas de
realidades distintas: uma da rede pública e
outra da rede particular.
Corpus almejado até o final do Projeto:
500 textos argumentativos, aproximadamente.
9. Nominalizações examinadas
Apenas as nominalizações deverbais
sufixos -ção; -mento; -cia
quando ficou evidente a necessidade da realização de obras
vivem sob o risco de desabamento de encostar dos morros
vivem sem as condições primordiais de existência
Por ora, não trabalhamos com nominalizações de adjetivos, nem com
casos de derivação regressiva.
Além de grandes desigualdades sociais, corrupção, violência...
...além de evidenciar falhas na fiscalização do acesso desses bandidos às
armas.
10. Casos especiais
• Violência - seria metáfora gramatical ou forma
congruente? “Metáfora morta” (Halliday, 2009)?
Relativização em função do contexto? Continuum?
• Educação – dá origem a educar e não o contrário
(dicionário de etimologia)
11. Dados obtidos neste estudo piloto
Com relação aos 17 textos da instituição
• pública
Menos extenso – 119 palavras Mais extenso – 248 palavras
2770 palavras – 18 nominalizações frequência
normatizada: 26
• privada
Menos extenso – 248 palavras Mais extenso – 405 palavras
5328 palavras – 103 nominalizações frequência
normatizada: 77
12. Nominalização e emprego do argumento
a) Noção de agente preenchida
a falta de médicos acarreta o deslocamento de pessoas
não havendo a intervenção do Estado
como o surgimento de mais empregos
escola pública – 11% de ocorrências
escola privada – 14% de ocorrências
relação com o gênero textual – texto mais distanciado;
apagamento do ator
13. Nominalização e emprego do argumento
b) Noção de paciente preenchida
moradores que pagam (...) a reposição de peças de
monumento
a falta de investimento nas reformas das escolas
Junto com ele estão, a construção das UPA’s e a
melhoria da infra-estrutura da cidade
escola pública – 17% de ocorrências
escola privada – 31% de ocorrências
14. Nominalização e emprego do argumento
c) Sem preenchimento do espaço
o Rio de Janeiro tende a sofrer grandes transformações [?],
transformações [?], que deixam a desejar
somos capaz de realizar o maior evento esportivo do mundo
com muito amor, paz, organização [?] e perfeição.
escola pública – 72% de ocorrências (28% dos outros casos)
escola privada – 55% de ocorrências (45% dos outros casos)
15. Alguns sinalizações...
• A falta de preenchimento dos termos previstos
nas nominalizações é significativa possível
função coesiva nos textos; conhecimentos
partilhados.
• O emprego desses termos aumenta
expressivamente a densidade lexical do texto.
• A instituição privada parece trabalhar, de alguma
forma, a aplicação da metáfora gramatical.
16. Redação – Rede Pública
Rio vai enfrentar enorme desafio para receber Olimpíadas 2016.
Nossos governantes realmente enfrentaram um enorme desafio com as olimpíadas.
teremos que nos organizar em relação ao transporte, a saúde e a segurança. Por
mas que seja um evento mundialmente importante não acho que estamos
prontos, para um evento desse nível.
Principalmente porque temos outras coisas mas importantes para nos preocuparmos!
Primeiramente tinhamos que colocar tudo numa balança e ver o que
realmente é importante.
Com tanta gente passando fome, sem lugar para morar e com tanta violência. Nossos
governantes tinham realmente que se preocupar com isso?
Nossas crianças sem escola, nossos doentes morrendo sem atendimento. Eles
podiam pelo menos parar de fingir que nada esta acontecendo!
Vamos cair na realidade e ver que não estamos prontos!
Eu acho que tinhamos que para pensar nisso e ver se as olimpiadas são
realmente importante nesse momento.
CEC3-3
17. Redação – Rede Particular
Felicidade não resolve problemas
Apesar de ser considerada a cidade mais feliz do mundo, o Rio apresenta problemas
estruturais crônicos que preocupam a população. A inexistência de uma política habitacional
eficiente, a fragilidade do sistema de transporte público e a crescente onda de criminalidade na
cidade são os maiores preocupações para o povo carioca, já que põem em risco o modo de vida
pacífico na sociedade.
Nas últimas décadas, o estado do Rio de Janeiro sofreu um processo de involução da
qualidade de vida. Tal realidade foi causada pela perda significante da qualidade da
infraesturutura e da disponibilidade de serviços na região. Dessa forma, água tratada, energia
elétrica e o sistema de transporte tornam-se regalias, disponíveis apenas para parte da
população mais pobre, enquanto uma outra parcela apresenta modo de vida precário e vivem
sem as condições primordiais de existência.
Outro problema preocupante na sociedade carioca á a crescente onda de violência. A
criminalidade, na cidade do Rio de Janeiro, atingiu níveis tão alarmantes, que já se tornou um
habito conviver com ações violentas, bandidagem, tráfico, assassinatos. A criminalidade foi
completamente banalizada. O governo não possui forças para controlar a violência, acarretando
o medo e a insegurança nos cariocas.
Além disso, o Rio sofre com a falta de políticas habitacionais eficientes. Como
conseqüência, há o aumento das moradias ilegais, como nas favelas ou outras áreas irregulares,
onde não há infraestrutura primordial para manter uma qualidade de vida elevada.
Em suma, embora seja considerada “Cidade Maravilhosa”, o Rio apresenta problemas
sérios que prejudicam a qualidade da vida carioca. A causa desses problemas está relacionada
à falta da estrutura da cidade para fornecer água tratada, transporte público, conjuntos
habitacionais e segurança para toda a população. É necessário evitar a restrição para apenas a
parte mais rica da sociedade e garantir a cidadania para todos, dando aos cariocas os direitos
que eles merecem.