Este documento fornece uma breve introdução a Os Lusíadas, a epopeia nacional portuguesa escrita por Luís de Camões. Resume a biografia do autor e explica os principais elementos da estrutura de uma epopeia, como a invocação, narrativa e proposição. Também contextualiza a obra no período do Renascimento.
5. A biografia possível…
A biografia de Luís Vaz de Camões levanta inúmeros
problemas para os seus estudiosos. Até o ano e o
local do seu nascimento são impossíveis de indicar
com certeza…
Com base em documentos (registos das armadas,
carta de perdão, cartas de tença, etc.) e em memórias
conservadas pelos primeiros biógrafos, podemos
formar uma ideia geral do que foi a vida de Camões.
6. Luís Vaz de Camões
Nasceu provavelmente em Lisboa no ano de 1524 ou
1525 (Coimbra, Alenquer e Santarém são outras
possibilidades). Filho de Simão Vaz de Camões e de
Ana de Sá, acredita-se que pertencia à pequena
nobreza.
A vastíssima erudição documentada na sua obra
levou os seus biógrafos a concluírem que terá
frequentado estudos de nível superior em Coimbra.
7. Luís Vaz de Camões
Conviveu com personagens importantes da Corte,
tendo-se envolvido em amores e aventuras várias.
Esteve preso várias vezes, devido a desordens.
Entre 1549 e 1551, esteve em Ceuta, como soldado
(foi aqui, em combate, que perdeu o olho direito).
8. Luís Vaz de Camões
Regressando a Lisboa, continuou a movimentar-se nos
meios palacianos. Manteve-se distante dos meios
literários (por exemplo, o círculo em torno de Sá de
Miranda).
Devido a uma rixa travada no Rossio, foi obrigado,
segundo consta da Carta de Perdão de D. João III, a
“pagar 4000 réis para piedade e a ir servir o Rei à
Índia”. (Sabe-se hoje, porém, que a viagem para as Índias
não se deveu a uma imposição)
9. Luís Vaz de Camões
Em 1553, Camões embarcou para a Índia, tendo sofrido
uma grande tempestade no Cabo da Boa Esperança.
Ficou em terras do Oriente durante mais de uma década,
tendo estado no Malabar na China, em Macau… Prestou
serviço militar e, posteriormente, desempenhou cargos
administrativos.
Algumas composições poéticas mostram que o poeta não
foi feliz nas Índias; Goa foi, na verdade, uma decepção.
10. Luís Vaz de Camões
Regressou a Portugal em 1567, depois de ter estado
preso em Goa. No entanto, o capitão do navio que o
levava deixou-o nas costas de Moçambique, onde
ficou a viver da ajuda de amigos.
O historiador Diogo do Couto, encontrando
Camões em Moçambique, ajudou-o a embarcar para
Lisboa. Em 1570, Camões está de novo em solo
pátrio, trazendo consigo o manuscrito d’Os
Lusíadas.
11. Luís Vaz de Camões
No ano de 1571, obteve licença da Inquisição para publicar
a obra, o que aconteceu no ano seguinte, em 1572. Meses
antes, lera o poema a D. Sebastião.
Em 28 de Junho de 1572, um alvará do Rei D. Sebastião
concedeu ao poeta uma tença anual no valor de 15 mil
réis.
Morreu no dia 10 de Junho de 1580.
Dia de Portugal
12. Luís Vaz de Camões
Luís de Camões foi enterrado no Convento de Sant’Ana. Um amigo,
D. Gonçalo Coutinho, inscreveu na lápide da sepultura que reservara
para o poeta:
“Aqui jaz Luís Vaz de Camões, príncipe dos poetas do
seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente e assim
morreu.”
Túmulo de Luís de Camões. Mosteiro dos
Jerónimos (onde se supõe que estão os restos
mortais do poeta desde 1880).
14. Luís Vaz de Camões
Quando a história e a lenda dão as mãos…
15. Luís Vaz de Camões
Quando a história e a lenda dão as mãos…
…diz-se que Camões terá encontrado em Macau uma gruta onde
se refugiou para escrever parte d’Os Lusíadas…
16. Luís Vaz de Camões
Quando a história e a lenda dão as mãos…
…diz-se que Camões terá encontrado em Macau uma gruta onde
se refugiou para escrever parte d’Os Lusíadas…
…diz-se que, quando regressou a Goa depois de ter estado em
Macau, Camões naufragou e, a nado, conseguiu salvar o
manuscrito d’Os Lusíadas…
17. Luís Vaz de Camões
Quando a história e a lenda dão as mãos…
…diz-se que Camões terá encontrado em Macau uma gruta onde
se refugiou para escrever parte d’Os Lusíadas…
…diz-se que, quando regressou a Goa depois de ter estado em
Macau, Camões naufragou e, a nado, conseguiu salvar o
manuscrito d’Os Lusíadas…
…sobre o estado de penúria em que viveu os seus últimos dias,
existe também a lenda das esmolas colhidas por Jau (Javanês),
seu criado…
18. Luís Vaz de Camões
Quando a história e a lenda dão as mãos…
…diz-se que Camões terá encontrado em Macau uma gruta onde
se refugiou para escrever parte d’Os Lusíadas…
…diz-se que, quando regressou a Goa depois de ter estado em
Macau, Camões naufragou e, a nado, conseguiu salvar o
manuscrito d’Os Lusíadas…
…sobre o estado de penúria em que viveu os seus últimos dias,
existe também a lenda das esmolas colhidas por Jau (Javanês),
seu criado…
19. Luís Vaz de Camões
Quando a história e a lenda dão as mãos…
…diz-se que Camões terá encontrado em Macau uma gruta onde
se refugiou para escrever parte d’Os Lusíadas…
…diz-se que, quando regressou a Goa depois de ter estado em
Macau, Camões naufragou e, a nado, conseguiu salvar o
manuscrito d’Os Lusíadas…
…sobre o estado de penúria em que viveu os seus últimos dias,
existe também a lenda das esmolas colhidas por Jau (Javanês),
seu criado…
22. Luís Vaz de Camões
Camões na Gruta de Macau
Pintura do século XIX, da autoria de
Francisco Augusto de Metrass.
Museu de Arte Contemporânea.
23. Luís Vaz de Camões
Camões na Gruta de Macau
Pintura do século XIX, da autoria de
Francisco Augusto de Metrass.
Museu de Arte Contemporânea.
24. Luís Vaz de Camões
Camões na Gruta de Macau Gruta de Camões (Macau)
Pintura do século XIX, da autoria de
Francisco Augusto de Metrass.
Museu de Arte Contemporânea.
26. Os Lusíadas
A poesia e a vida…
E Obra Poética
Camões cultivou, além dos metros tradicionais, todos os géneros
poéticos renascentistas, destacando-se o Soneto e a Canção.
Também escreveu teatro: os autos Anfitriões, Filodemo e El-rei
Seleuco.
É possível considerar que Camões transformou em poesia parte da
sua experiência de vida (como fazem, cada um aproveitando de
modo diferente essa experiência, muitos poetas) mas essa
consideração não deve transformar em autobiografia cada texto
seu...
27. • Quando Diogo do
Couto encontra Camões
em Moçambique, o poeta
está a compor uma
epopeia, e a trabalhar
numa obra que reúne
poesias sob o título
Parnaso (esta obra viria
a ser-lhe roubada).
• Foi, portanto, durante a
vida nas Índias que Luís
de Camões escreveu Os
Lusíadas.
30. A Epopeia
Cantando espalharei por toda a parte…
C O que é uma epopeia?
31. A Epopeia
Cantando espalharei por toda a parte…
C O que é uma epopeia?
=> é uma narrativa em verso, isto é, história que alguém conta e
que tem a forma de um poema.
32. A Epopeia
Cantando espalharei por toda a parte…
C O que é uma epopeia?
=> é uma narrativa em verso, isto é, história que alguém conta e
que tem a forma de um poema.
C De que falam as epopeias?
33. A Epopeia
Cantando espalharei por toda a parte…
C O que é uma epopeia?
=> é uma narrativa em verso, isto é, história que alguém conta e
que tem a forma de um poema.
C De que falam as epopeias?
As epopeias celebram os feitos grandiosos de heróis, sejam eles
lendários ou personagens históricas.
34. A Epopeia
Cantando espalharei por toda a parte…
C O que é uma epopeia?
=> é uma narrativa em verso, isto é, história que alguém conta e
que tem a forma de um poema.
C De que falam as epopeias?
As epopeias celebram os feitos grandiosos de heróis, sejam eles
lendários ou personagens históricas.
35. A Epopeia
Cantando espalharei por toda a parte…
C O que é uma epopeia?
=> é uma narrativa em verso, isto é, história que alguém conta e
que tem a forma de um poema.
C De que falam as epopeias?
As epopeias celebram os feitos grandiosos de heróis, sejam eles
lendários ou personagens históricas.
Aquiles – Ilíada (sec. IX-VII a.C.)
Ulisses – Odisseia (sec. IX-VII a.C.)
Eneias – Eneida (séc. I a.C.)
36. A Epopeia
Cantando espalharei por toda a parte…
C O que é uma epopeia?
=> é uma narrativa em verso, isto é, história que alguém conta e
que tem a forma de um poema.
C De que falam as epopeias?
As epopeias celebram os feitos grandiosos de heróis, sejam eles
lendários ou personagens históricas.
Aquiles – Ilíada (sec. IX-VII a.C.)
Ulisses – Odisseia (sec. IX-VII a.C.)
Eneias – Eneida (séc. I a.C.)
37. A Epopeia
Cantando espalharei por toda a parte…
C O que é uma epopeia?
=> é uma narrativa em verso, isto é, história que alguém conta e
que tem a forma de um poema.
C De que falam as epopeias?
As epopeias celebram os feitos grandiosos de heróis, sejam eles
lendários ou personagens históricas.
Aquiles – Ilíada (sec. IX-VII a.C.) Vasco da Gama (e o povo
Ulisses – Odisseia (sec. IX-VII a.C.) Português) – Os Lusíadas (sec.
Eneias – Eneida (séc. I a.C.) XVI)
38. A Epopeia
Aquiles e o seu amigo Pátrocolo
(personagens da Ilíada)
(representação de um vaso grego do século VI A.C.)
39. A Epopeia
Ulisses e as sereias.
(Episódio da Odisseia.)
Pintura de Herbert Draper
40. A Epopeia
Eneias salvando o pai.
(Um dos mais belos
episódios da Eneida.)
Pintura de António Manuel da Fonseca.
41. A Epopeia
São elementos da estrutura clássica da epopeia:
a Proposição;
a Invocação;
a Dedicatória (elemento facultativo);
a Narração (iniciada in medias res)
42. A Epopeia
São elementos da estrutura clássica da epopeia:
Onde o poeta apresenta o assunto
a Proposição;
da sua epopeia.
a Invocação; Onde o poeta pede o auxílio
de entidades superiores.
a Dedicatória (elemento facultativo);
Onde o poeta dedica o
a Narração (iniciada in medias res) poema a alguém.
Quando os acontecimentos já decorrem,
sendo depois retomados por analepse.
43. Renascimento
E Falando em Renascimento…
A epopeia de Luís de Camões é publicada em 1572…
4 segunda metade do séc. XVI
. A época do Renascimento e do Humanismo.
O que significa esta palavra na história da Humanidade?
44. Renascimento
E O Renascimento é o nome dado a um período da História
Ocidental (sécs. XV e XVI) caracterizado, essencialmente, por
duas grandes mudanças relativamente ao mundo cultural da
Idade Média:
4 O desejo de seguir os valores estéticos da Grécia e da Roma
Antigas (a imitação dos clássicos);
4 Feito à imagem e semelhança de Deus, o Homem torna-se
a medida e a referência do Universo. (antropocentrismo)
45. Renascimento
O Homem Vitruviano
Esta ilustração de
Leonardo Da Vinci é
usada como referência
estética de simetria e
proporção no mundo
todo.
46. Renascimento
A criação de Adão
Um fresco pintado
por Miguel Ângelo
na Capela Sistina
A ideia de que o
Homem pode estar
à altura de Deus
47. Renascimento
E Mas o Renascimento marca também uma nova forma
de entender a construção do conhecimento:
4 O homem do Renascimento, o Humanista, valoriza a
observação e a experimentação.
. É uma época em que se valoriza…
…um saber só de experiências feito…
à Escreverá Camões, no canto IV de Os Lusíadas, no episódio d’”O Velho do Restelo”.
48. Os Lusíadas
C O século XVI em Portugal
E As viagens de descoberta de caminhos marítimos feitas pelos
navegadores Portugueses, em especial a de Vasco da Gama,
permitiam comparar os feitos dos heróis nacionais com a bravura
de outros heróis, lendários ou não (aqueles que eram cantados nas
epopeias da Antiguidade).
E Existia um sentimento nacional de orgulho 4 era preciso fazer
renascer a epopeia clássica para glorificar a realização dos
Portugueses.
Os Lusíadas foram o produto desta vontade…
49. Os Lusíadas
Camões, como renascentista, traz a epopeia para o
século XVI, respeitando as formas instituídas para
o género.
Copia a estrutura narrativa da Odisseia de Homero
assim como os versos da Eneida, de Virgílio.
50. Os Lusíadas
Estrutura Externa:
O poema é constituído por:
- 10 cantos com um número variável de estrofes, no
total 1102;
- Estrofes de 8 versos, ou seja, oitavas, com versos
decassilábicos (10 sílabas métricas);
- Esquema rimático é abababcc (rima cruzada e
emparelhada).
51. Os Lusíadas
Estrutura Interna:
A epopeia é constituída por:
- Proposição: o poeta expõe o tema que se propõe
tratar - cantar os feitos heróicos dos portugueses;
(C. I; est. 1-3)
- Invocação: o poeta pede inspiração para escrever
o poema - invoca as Tágides (ninfas do Tejo); (C.I;
est. 4-5)
52. Os Lusíadas
Estrutura Interna:
A epopeia é constituída por:
- Dedicatória: o poeta dedica o poema ao rei D.
Sebastião; (C. I; est. 6-18)
- Narração: parte mais longa e importante, onde se
tratam três planos:
- História de Portugal;
- Viagem de Vasco da Gama;
- Mitologia. (C.I; est.19-C.X)