O documento descreve um sistema de classificação técnica de terras para fins agrícolas no Brasil. O sistema classifica as terras em classes de aptidão com base nos graus de limitação impostos por fatores como fertilidade, disponibilidade de água, suscetibilidade à erosão e impedimentos à mecanização. As classes indicam o tipo de uso agrícola mais adequado para cada solo, variando de lavoura intensiva a pastagem ou refúgio natural.
2. CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA OU
INTERPRETATIVA
>>> é o grupamento de solos em classes, baseado em
características selecionadas, que condicionam a sua
adaptabilidade para um determinado fim.
⇒ Usa informações dos relatórios de levantamentos
⇒ Usada para avaliar o potencial de uso do solo para diversas
finalidades:
- agricultura, urbanização, recreação, descarte de resíduos e outras.
⇒ Base para recomendar o melhor uso de um solo?
→ usada para interpretar suas características.
→ usada para avaliar suas limitações e sua adaptabilidade para
a finalidade específica pretendida.
3. CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA DAS TERRAS PARA
FINS AGRÍCOLAS
→Objetivos :
→uso de mecanização
→determinadas culturas
→fins de irrigação
→as classificações técnicas para fins agrícolas mais
freqüentemente utilizadas são mais abrangentes e visam
estabelecer:
* a capacidade de uso da terra ou
* a aptidão agrícola da terra
4. Requisitos básicos de um sistema de
classificação da capacidade de uso
das terras:
Fácil entendimento
Ampla aplicação
Flexível
Utilizável em etapas
Permitir revisões e adaptações
periódicas
Aplicável a vários usos
5. Objetivos das classificações de aptidão agrícola das
terras:
1) indicar as possibilidades de uso agrícola
2) recomendar as práticas de manejo necessárias para
manter ou elevar a produtividade, sem degradação.
6. Estas classificações são fundamentais para o
planejamento de:
>programas de desenvolvimento regionais e estaduais;
>planejamento de propriedades rurais;
>planejamento de atividades agrícolas e de conservação
do solo.
→ As classificação são baseiam-se:
- na interpretação das características do solo;
- na interpretação das características do ambiente;
- no nível tecnológico do agricultor
7. →Caracterizando a terra, são identificados e avaliados
os graus de limitação que ela apresenta para o uso
agrícola, sendo previstos os seguintes tipos de
limitações:
- limitações que resultam de impedimentos ou
dificuldades à execução das práticas de manejo do
solo.
- limitações relacionadas com riscos de degradação da
terra.
- limitações que comprometem a capacidade produtiva
da terra.
→OBS: Um critério importante na classificação da capacidade de uso das terras é
que são consideradas apenas as limitações permanentes da terra, não-corrigíveis
ou cuja correção é tão difícil que o agricultor não pode adotá-la.
8. O princípio básico na classificação da
capacidade de uso das terras:
- à medida em que aumentam as limitações
permanentes da terra, diminui a intensidade de
uso agrícola.
9. <<<< Aumento das limitações
Refugio de
flora e fauna
2
3
4
5
6
7
8
Muito
intensa
Intensa
Moderada
Limitada
Intensa
Moderada
Limitada
Silvicultura
Aumento da intensidade de uso (mobilização do solo) >>>>
Classe
Pastagem
Culturas
de
Cap.
de Uso
da
Terra
1
10. → A ausência ou a presença, em menor ou maior grau,
de limitações, é que serve de base para o
enquadramento das terras em classes de aptidão ou de
capacidade de uso agrícola.
→ Os parâmetros que definem cada classe são
estabelecidos em tabelas chamadas quadros-guia.
11. Exemplo de quadro-guia considerando apenas a declividade.
Declividade (%)
0 - 10
11 – 15
Classe
A
B
≥ 16
C
Uso recomendado
Terras próprias para culturas de ciclo curto
Terras que só permitem uso ocasional com
culturas de ciclo curto, devendo na maior
parte do tempo ser utilizadas com culturas
permanentes
Terras aptas somente para culturas de ciclo
longo
12. PROFUNDIDADE EFETIVA (cm)
PROFUNDO > 100
FASES
(%)
RASO < 50
DRENAGEM
DE
DECLIVIDA
DE
POUCO PROFUNDO 100-50
BOA
MOD.
BOA
MOD.
BOA
PERCENTAGEM DE ARGILA NO HORIZONTE-A (%)
> 35
< 35
<35
<35
<35
<35
<35
PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE GRADIENTE TEXTURAL
S/GR
S/GR
C/GR
C/GR
S/GR
C/GR
S/GR
S/GR
SO (3-8)
O (8-15)
FO (15-30)
FO1 (30-45)
M+ (>45)
OBSERVAÇÕES:
Fases de declividade: SO= suave ondulado; O=ondulado;
FO=forte ondulado
FO1=forte ondulado 1 e Mt=igual ou mais que montanhoso.
Drenagem : MOD = moderada.
ARG-A % = porcentagem de argila no horizonte A.
S/GR=solos sem gradiente textural acentuado; (B/A < 1,7).
C/GR=solos com gradiente textural acentuado; (B/A > 1,7).
13. SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DE USO DAS
TERRAS
No Brasil são usados dois sistemas de classificação de
uso das terras para fins agrícolas:
• Sistema de avaliação da aptidão agrícola das
terras (EMBRAPA)
• Sistema de avaliação da capacidade de uso das
terras (USDA)
14. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das
terras
(“Sistema brasileiro”)
→Desenvolvido para avaliar a aptidão agrícola de grandes
extensões de terras;
→Utiliza como base os levantamentos pedológicos de
reconhecimento executados no Brasil.
→É uma orientação para a utilização dos recursos da terra
a nível de planejamento regional;
→No caso de aplicação para pequenas glebas, ele deve
ser ajustado às condições locais.
15. Estrutura do Sistema
3 sistemas de manejo: A, B e C
Tipos de uso: lavoura, pastagem
plantada, silvicultura, pastagem natural
e refúgio de flora e fauna
Limitações: fertilidade, disponibilidade
de água, aeração, suscetibilidade à
erosão e uso de equipamentos
agrícolas
16. Estrutura do sistema
A classificação da aptidão agrícola é feita em três níveis de
manejo distintos (tecnologia, capital, mecanização, mão de
obra, etc)
→Nível de manejo A (primitivo): é raro no sul do Brasil.
→Nível de manejo B (pouco desenvolvido): é comum na região
colonial do RS e SC.
→Nivel de manejo C (desenvolvido):
Os tipos de utilização considerados no sistema são:
→ lavouras com culturas anuais (níveis A, B e C);
→ pastagem plantada e silvicultura (nível B);
→ pastagem natural (nível A); e
→ refúgio de flora e fauna.
17. ⇒As classes são estabelecidas considerando os
seguintes fatores de limitação :
→deficiência de fertilidade (f);
→deficiência de água (h);
→deficiência de oxigênio ou excesso de água (o);
→suscetibilidade à erosão (e);
→impedimentos à mecanização (m).
18. ⇒Na avaliação de cada fator limitante são considerados os
seguintes graus de limitação:
→nulo,
→ligeiro,
→moderado,
→forte
→muito forte.
OBS: O enquadramento da classe de aptidão é feito pela
comparação
- dos graus de limitação que persistem (níveis B e C)
- com os graus de limitação admissíveis para cada
classe,
- conforme o quadro-guia estabelecido para cada
região climática do Brasil.
19. Graus de
limitação
Nulo
Fatores de limitação
Defic. de oxigênio*
Suscetib. à erosão
Sem deficiência; bem
Não suscetível; relevo
e excessivamente
plano, 0-3% declive
drenado
Defic. de fertilidade
Alta reserva de
nutrientes; V≥ 80%;
SB≥ 6cmol/kg; CE<4
dS/m
Boa reserva de
nutrientes; V≥ 50%;
sat.Al<30%; SB≥ 3
cmol/kg; CE<4 dS/m;
sat.Na<6%
Defic. de água
Sem deficiência
Pouco acentuada,
3-5 meses
Certa defiência na
estação chuvosa;
moderadamente
drenado
Pouco suscetível; relevo
suave ondulado, 3-8%
declive
Moderado
Limitada reserva de
nutrientes; CE 4-8
dS/m; sat.Na 8-20%
Deficiência na estação
chuvosa;
imperfeitamente
drenado
Forte
Reserva mto limitada
de nutrientes; CE 8-15
dS/m; sat.Na >15%
Acentuada, 4-6
meses;
precipitação (P)
700 a 1000
mm/ano
Forte, 7-9 meses;
P 500 a 700
mm/ano
Moderadamente
suscetível; relevo
ondulado, 8-13% declive.
Mudança textural abrupta,
<8% declive
Forte suscetibil.; relevo
ondulado a forte
ondulado, 13-20% declive
Muito forte
Mto mal provido de
nutrientes;CE>15
dS/m; solos salinos,
sódicos ou tiomórficos
Ligeiro
Severa, >9 meses;
P<500 mm
Séria deficiência; mal
a mto mal drenado;
sujeito à inundações
freqüentes; demanda
intenso trabalho para
drenagem
Idem anterior, com
drenagem mais
onerosa
Relevo forte ondulado,
20-45% declive
Imped. à mecanização
Relevo plano, declive <3%
Relevo suave ondulado,
declive 3-8%; ou
impedimentos:
pedregosidade, profundidade,
textura, restrição de
drenagem
Relevo mod. ondulado à
ondulado, declive 8-20%; ou
impedimentos (ver acima) ou
drenagem imperfeita
Relevo forte ondulado, declie
20-45%; ou impedimentos
fortes (ver acima) ou má
drenagem
Relevo montanhoso, declive
>45%; ou impedimentos mto
fortes (ver acima) ou
problemas de drenagem
20. Quadro 4- Quadro-guia de avaliação da aptidão agrícola das terras – Região subtropical.
Aptidão agrícola
Subgrupo
Classe
1
1ABC
2
2abc
Grupo
3
Graus de limitação das condições agrícolas das terras – Região subtropical
Deficiência de
fertilidade
Deficiência de água
Excesso de água
Suscetibilidade à
erosão
Impedimentos à
mecanização
A
C
A
B
C
N1
M
L
N
A
B
C
A
B
C
A
B
C
B
Boa
N/L
N/L1
N1
L
L
L
L
L1
N2
Regular
L
L1
L2
M
M
M
M
L/M1
L2
M
L1
N2/L1
M/F
M
L
3(abc) Restrita
M
L/M1
L2
M/F
M/F
M/F
M/F
M1
M2
F*
M1
L2
F
M/F
M
L/M N/L1
4P
M
F1
M/F1
M/F
4p
Regular
M/F1
M/F
F1
F1
F
Restrita
F1
F
MF
MF
F
Boa
M/F1
M
L1
F1
Regular
F1
M/F
L1
F1
F
5(s)
Restrita
MF
F
M1
MF
F
5N
Boa
M/F
M
M/F
F
MF
5n
Regular
F
M/F
F
F
MF
5(n)
Restrita
MF
F
MF
F
MF
6
Sem
aptidão
agrícola
Lavouras
M/F
5s
6
M1
5S
5
Boa
4(p)
4
Tipo de
utilização
indicado
Grau de limitação:
N – nulo
L – ligeiro
M – moderado
-
F – forte
MF – muito forte
/ – intermediário
-
Pastagem
plantada
Silvicultura
e/ou
Pastagem
natural
Preservação da
flora e da
fauna
21. Classe de aptidão agrícola:
- expressa a aptidão agrícola das terras de um determinado
tipo de utilização, num nível de manejo definido.
- o fator de limitação que impõe o maior grau de limitação é
que determina a classe
- a classe é expressa como:
boa, regular, restrita ou inapta
22. As classes de aptidão consideradas no sistema são:
→Classe boa: terras sem limitações significativas para a
produção sustentada de um determinado tipo de utilização;
→Classe regular: terras que apresentam limitações moderadas
para a produção de um determinado tipo de utilização;
→Classe restrita: terras que apresentam limitações fortes para a
produção sustentada de um determinado tipo de utilização;
→Classe inapta: terras que apresentam condições que excluem a
produção sustentada do tipo de utilização em questão.
23. Quadro 2. Simbologia correspondente às classes de aptidão agrícola das terras,
de acordo com o tipo de utilização.
Tipo de utilização
Classes de
aptidão
agrícola
Boa
Regular
Restrita
Inapta
Lavoura
A
A
a
(a)
B
B
b
(b)
Pastagem
C
C
c
(c)
Nível de manejo
B
P
p
(p)
Silvicultura
Pastagem
natural
B
S
s
(s)
A
N
n
(n)
24. Quadro 3. Identificação do grupo de aptidão agrícola.
Grupo
1
2
3
4
5
6
Tipos de utilização mais intensiva
Aptidão boa para lavoura
Aptidão regular para lavoura
Aptidão restrita para lavoura
Aptidão para pastagem plantada e silvicultura
Aptidão para pastagem natural
Inapto para qualquer tipo de exploração agrícola. Serve para refúgio de flora
e fauna ou para fins de recreação
25. Subgrupo de aptidão agrícola: é o conjunto das
classes de aptidão que indicam o uso mais intensivo
possível para cada nível de manejo.
Ex.:
– 2ab(c)
– 1ABC
26. Quadro 6. Exemplos de grupos, subgrupos e classes de aptidão representados
nos mapas de aptidão agrícola das terras.
GRUPO
1
1
SUBGRUPO
ABC
(a)bC
2
bc
4
P
4
(p)
5
Sn
5
n
6
CLASSE DE APTIDÃO
Terras pertencentes à classe de aptidão boa para lavoura, nos
níveis de manejo A, B e C
Terras com aptidão restrita para lavouras nos níveis A,
regular no nível e B e boa no nível C
Terras com aptidão regular para lavoura nos níveis B e C e
inapta no nível A
Terras inaptas para lavoura e com aptidão boa para pastagem
plantada
Terras inaptas para lavoura e com aptidão restrita para
pastagem plantada
Terras inaptas para lavoura e pastagem plantada, com aptidão
boa para silvicultura e regular para pastagem natural
Terras inaptas para lavoura, pastagem plantada e silvicultura,
com aptidão regular para pastagem natural
Terras sem aptidão para uso agrícola
27. Sistema de classificação de capacidade de uso das
terras (“Land capability classification”)
→ originalmente proposto nos EUA
→ agrupa solos (já mapeados detalhadamente) em classes
de capacidade de uso para programas de planejamento
agrícola (propriedade rural), com enfoque conservacionista
→ pressupõe ainda a existência de um único nível
tecnológico avançado, onde as práticas de cultivo se
baseiam em motomecanização.
⇒ O sistema agrupa os solos em oito classes divididas em
três grupos:
28. A - Terras cultiváveis
Classe I - ...sem problemas especiais de
conservação;
Classe II - ...problemas simples de conservação;
Classe III - ...problemas complexos de conservação;
Classe IV - ...apenas ocasionalmente ou em
extensão limitada, com sérios problemas de conservação.
B – Terras cultiváveis apenas em casos especiais de
algumas culturas permanentes e adaptadas, em geral, para
pastagem ou reflorestamento
Classe V - ... sem necessidades especiais de conservação;
Classe VI - ...com problemas especiais de conservação;
Classe VII - ...com problemas complexos de conservação.
C – Terras impróprias para vegetação produtiva e próprias
para preservação permanente
Classe VIII
29. ⇒ O sistema prevê ainda sub-classes, que agrupam as
terras que apresentam os mesmos tipos de limitações
quanto ao uso agrícola, definidas pelos seguintes tipos de
limitações:
e – limitações por riscos de erosão;
a - limitações por presença de umidade excessiva;
s – limitações do solo (profundidade, toxidez, salinidade,
etc.);
c – limitações climáticas.
⇒ O sistema prevê ainda unidades de capacidade de uso:
Exemplos: IIIe1, IIIe2