SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 9
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura.
                                                            ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL

                           29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908
                                                                                                1




   A LEITURA LITERÁRIA NA FORMAÇÃO DOCENTE EM LETRAS:
         O PROJETO “CICLO LITERATURA COMENTADA”

                                                  Ellen dos Santos Oliveira (Graduanda/FSLF)
                                                                  ellenletrinhas@hotmail.com
                                          Profa. Dra. Vilma Mota Quintela (Orientadora/FSLF)

           É indispensável para os estudantes de graduação em Letras o conhecimento
literário a partir de leituras de obras consideradas obrigatórias para a formação acadêmica.
É importante tanto para os docentes quanto para os discentes que haja preocupação com a
formação literária no curso de Letras, considerando-se que, provavelmente, estes venham
a se tornar futuros professores de Língua Portuguesa e Literatura. Assim sendo, esses
formandos terão, entre tantos, um grande desafio a cumprir durante a sua jornada
profissional, qual seja: formar leitores literários. Quanto a isso, é importante ressaltar que,
antes de se tornar apto a formar, o formador preciso ser formado. Ciente de que a
formação deve ser contínua, ou seja, iniciar-se na graduação e estender-se a toda a vida
profissional, um questionamento que o professor de literatura deve ter em mente é:
Literatura pra quê? Para ensinar literatura, o professor deve ter noção da dimensão da
importância dessa produção cultural para a sociedade, para, assim, poder compreender e
refletir sobre sua prática docente.
           Em seu livro Literatura para quê (2009), Antoine Compagnon argumenta que a
literatura deve ser lida e estudada porque oferece um meio de preservar e transmitir a
experiência daqueles que estão distante de nós no espaço e no tempo, ou que diferem de
nós por suas condições de vida. Ela torna patente o fato de que os outros são muito
diversos de nós e de que seus valores se distanciam dos nossos. Já o crítico e sociólogo
Antonio Candido, em A literatura e a formação do homem, explica o papel da literatura na
formação do homem e na sociedade. Segundo ele a literatura possui a capacidade de
humanizar o sujeito, ou seja, confirmar a humanidade do homem. Para Candido, a
literatura desperta no leitor o interesse por elementos contextuais. O leitor é despertado a
ver como o texto é formado a partir de um contexto, e ver “os problemas individuais e
sociais que dão lastro às obras e as amarram ao mundo onde vivemos” (CANDIDO, 1972,
p. 77 e 79). Abreu parece concordar com esse ponto de vista ao comentar que “a
Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura.
                                                           ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL

                          29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908
                                                                                               2




literatura nos transforma em pessoas melhores, pois ao ler ficamos sabendo como é estar
na pele de gente que leva uma vida muito diferente da nossa, passando por situações
inusitadas” (ABREU, 2006, p.81).
           Segundo Candido, a literatura atua de forma psíquica e social, isto é, ele a vê
“como algo que exprime o homem e depois atua na própria formação do homem”
(CANDIDO, 1972, p. 80). O autor identifica três funções específicas que se relacionam
entre si, quais sejam: a função psicológica, a função formadora e a função social. A
função psicológica se dá devido à capacidade e à necessidade que o indivíduo tem de
fantasiar, seja através da literatura escrita, ou oral. Segundo o autor, o ser humano
depende da literatura, sendo esta co-extensiva à vida humana, seja individual ou em
grupo. A função formativa surge da ligação entre a fantasia e a realidade, visto que a
literatura atua na formação do indivíduo como instrumento educativo específico. Enquanto
tal, ela se justifica por um ponto de vista mais complexo que o estritamente pedagógico,
pois irá formar o indivíduo, apresentando-o à realidade que a classe ideológica dominante
tenta esconder, no sentido em que a ideologia traça regras cívicas e morais a fim de
instruir o indivíduo. É através da literatura que o indivíduo tem a possibilidade de ampliar
sua visão de mundo e do outro, pois no texto literário a realidade é expressa, e “mesmo as
obras consideradas indispensáveis para a formação do moço trazem frequentemente o que
as convenções desejariam banir” (idem 83 e 84). A função social atua no sentido de
reconhecimento universal e individual, permitindo ao homem conhecer a realidade que o
cerca e que é transposta para a ficção. Pois, quando a realidade é apresentada na obra
literária de forma fidedigna, possibilita que o leitor identifique seu mundo com o mundo
fictício da obra, e também se auto identifique através dos personagens. O autor cita como
exemplo as obras regionalistas que são uma espécie de documentário da realidade crítica-
social, da condição humana em determinado período histórico. Nesse sentido, a literatura
atua como uma denúncia social. Já o leitor, a partir da leitura, socializa essa denúncia.
(idem, p.83)
           De acordo com Todorov, como a filosofia e as ciências humanas, a literatura é
pensamento e conhecimento do mundo psíquico e social em que vivemos. A realidade que
a literatura aspira compreender é a experiência humana. A propósito, diz o autor: "Sendo
Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura.
                                                          ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL

                         29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908
                                                                                              3




o objeto da literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a compreende, se
tornará não um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser humano"
(TODOROV, 2009, p. 92-93). Educar supõe uma arte de fazer, e o texto literário permite
ao leitor falar de si mesmo, dialogar com outros homens, em um movimento que já é uma
forma de universalidade, à qual deve chegar toda educação que não se limite a “fabricar”
algo (MEIRIEU 1999 apud BRAYNER 2005, pág.18).
            Foi tendo em vista a importância que a literatura tem sobre homem e a
sociedade, e tentando suprir a necessidade de formar leitores literários durante a formação
docente em Letras que foi idealizado o projeto “Ciclo Literatura Comentada”. Nesse
sentido, o referido projeto surgiu a fim de proporcionar aos estudantes do curso de Letras
e demais interessados uma leitura orientada e comentada de obras literárias consideradas
indispensáveis, objetivando despertar o interesse para o início de uma formação literária
contínua. A seguir, uma breve exposição da proposta e uma reflexão sobre os seus
resultados parciais.


1. O PROJETO DO “CICLO LITERATURA COMENTADA”


            A realização do “Ciclo Literatura Comentada” se justifica pela necessidade de
formar leitores e desenvolver leituras de obras literárias consideradas como “Leituras
obrigatórias” para os graduandos em Letras, e futuros professores de literatura. Este
projeto iniciou em 25 de Fevereiro e encerra em 08 de dezembro de 2012. Durante esse
período serão realizados onze encontros. Em cada encontro é comentada uma das obras
literárias escolhidas, conforme o cronograma constante no cartaz abaixo reproduzido:
Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura.
                                                               ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL

                              29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908
                                                                                                      4




                                Figura 1: Cartaz do “Ciclo Literatura Comentada”



           É estipulado um prazo para leitura das obras, e durante os encontros são
expostos vídeos biográficos, ou filmes adaptados, a fim de proporcionar o conhecimento
acerca do contexto histórico de escritores e suas respectivas obras. Na sequência,
professores convidados comentam as obras e abrem espaço para um debate,
estabelecendo um diálogo entre docentes e discentes. Assim os estudantes podem se
posicionar e contribuir com o seminário a partir das leituras desenvolvidas. Eles também
têm a oportunidade de desenvolver análises sobre as obras lidas para apresentá-las no
último dia do projeto, previsto para dezembro de 2012.
           As obras literárias, cujos nomes estão grifados em negrito na tabela abaixo, são
as obras que foram escolhidas para serem lidas e comentadas durante o Ciclo Literatura
Comentada. Foram selecionados romances incluídos na lista indicada nos dois últimos
Exames Nacionais de Desempenho de estudante (ENADE 2008 E 2011), tal como estão
dispostas na portaria nº 131, de 7 de agosto de 2008, e Portaria Inep nº 222 de 26 de
julho de 2011, conforme a tabela abaixo:


            ENADE: As questões de estudos literários deverão enfocar os seguintes autores e obras:
         Obras em prosa exigidas em 2008                          Obras em prosa exigidas em 2011
           a) José de Alencar - Senhora;                              a) José de Alencar – Lucíola;
         b) Aluísio de Azevedo - O cortiço;                        b) Adolfo Caminha – Bom crioulo;
Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura.
                                                                   ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL

                                  29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908
                                                                                                                    5




            c) Machado de Assis - Quincas Borba;                       c) Machado de Assis – Memorial de Aires;
          d) Guimarães Rosa - Primeiras Histórias;                            d) Guimarães Rosa – Miguilim;
              e) Graciliano Ramos - Vidas secas;                    e) Érico Veríssimo – Um certo capitão Rodrigo;
            f) Clarice Lispector - Hora da Estrela;            f) Clarice Lispector – Uma aprendizagem ou o livro dos
             g) Jorge Amado - Capitães da Areia;                                           prazeres;
         h) Lygia Fagundes Telles - As horas nuas;                         g) Jorge Amado – Capitães da Areia;
                i) Eça de Queiroz - Primo Basílio;                             h) Luiz Vilela – Tarde da noite;
        j) José Saramago - Memorial do Convento;                       i) Eça de Queiroz – As cidades e as serras;
    k) Gabriel García Márquez - O amor nos tempos do                  j) José Saramago – Ensaio sobre a cegueira;
                              cólera;                             k) Gabriel García Márquez – Cem anos de solidão;
             l) Júlio Cortázar - Contos completos;                           l) Mia Couto – Terra sonâmbula;
          m) Gustave Flaubert - Madame Bovary;                            m) Júlio Cortázar – Contos completos;
           n) Miguel de Cervantes - Dom Quixote;                         n) Gustave Flaubert – Madame Bovary;
                     o) Émile Zola - Germinal;                           o) Miguel de Cervantes – Dom Quixote;
 p) Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) -                         p) Émile Zola – Germinal;
                            Mayombe;                          q) Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) –
                                                                                          Mayombe.
                     Figura 2: Relação de obras literárias em prosa indicadas pelo Enade 2008 e 2011



              Além de contribuir para a prática da leitura literária, O Ciclo Literatura
Comentada também possibilita aos estudantes o conhecimento profundo dessas obras,
apontando tal fato para a importância da realização do projeto no âmbito universitário.


2. UMA PESQUISA EM ANDAMENTO


              Durante o Ciclo Literatura Comentada, foi aplicado um questionário aos
estudantes participantes com o objetivo de diagnosticar o que estes entendem por
literatura, o motivo que os levaram a participar do projeto e a bagagem literária que eles
trazem. Nesse questionário, eles são convidados a responder às seguintes perguntas: Você
gosta de Literatura? O que você entende por Literatura? Por que você está participando do
Ciclo Literatura Comentada? E como você acha que o ciclo pode contribuir para a sua
formação? Qual ou quais dessas obras literárias você já leu?                                   Qual ou quais das
bibliografias citadas acima você pretende ler? Por quê?
              A pesquisa ainda se encontra em desenvolvimento, mas já foi possível analisar
dados de 66 entrevistados, sendo, todos estes, participantes do Ciclo Literatura
Comentada. A partir da análise dos dados obtidos, o que se pôde constatar é que 87% dos
estudantes entrevistados responderam que gostam de literatura; 4% responderam que não
gostam; e 4% não responderam a essa pergunta.
Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura.
                                                              ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL

                             29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908
                                                                                                  6




                                 SOBRE A PERGUNTA: Você gosta de Literatura?
                 Nº DE ALUNOS                      RESPOSTAS                     PRECENTUAL
                58 Responderam                         SIM                         87,87%
                 4 Responderam                        NÃO                           6,06%
                        4                       Não responderam                     6,06%
                figura 3: Tabela demonstrativa do percentual de alunos que gostam de literatura


           Ao serem questionados sobre o motivo desses estudantes estarem participando
do Ciclo Literatura Comentada, eles deram respostas bem semelhantes, muitos deles
buscam adquirir conhecimentos literários. Algumas respostas demonstram a preocupação
com a formação acadêmica e a prática docente de ensino-aprendizagem, como se observa
nas respostas abaixo reproduzidas:
           “Participo pelo fato de considerar a literatura fundamental para o ser humano
e, para mim, na condição de estudante de Letras trata-se de um conhecimento necessário
para uma boa formação”.
           “O objetivo da participação do evento é enriquecer, aprofundar meus
conhecimentos literários, pois creio que irão contribuir tanto no meio acadêmico quanto
em sala de aula (prática) ensino/aprendizagem”.
           “Porque procuro discussões sobre literatura. O Ciclo pode fomentar em mim a
busca constante pelo conhecimento literário”.
           “Para obter mais conhecimentos e para poder transmitir esse conhecimento
para os meus alunos”.
           Para aqueles alunos que responderam não gostar de literatura, o projeto serve,
como uma prática de incentivo e formação à leitura literária a fim de despertar interesse e
aptidão no que diz respeito à disciplina. Percebe-se, com isso, que eles parecem ter certa
noção da necessidade de compreender e entender a literatura, como se pode observar nas
respostas abaixo elencadas:
           “Porque [...] talvez eu possa interessar-me por literatura”
           “Porque é necessário. De maneira positiva”
           “Estou participando como forma de interação, informação para ter aptidão
diante da disciplina”.
           “Para adquirir mais conhecimento e entendimento sobre a Literatura”.
Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura.
                                                                ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL

                               29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908
                                                                                                            7




           Ao serem perguntados sobre as obras lidas, pode-se diagnosticar que a mais
lida pelos estudantes foi A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. Dentre os entrevistados,
56% responderam que já haviam lido essa obra; 54% afirmaram já ter lido Vidas Secas, de
Graciliano Ramos; 53% leram O Cortiço, de Aluízio de Azevedo; 45,45% leram Capitães
de Areia, de Jorge Amado; 34,84% leram Quincas Borba, de Machado de Assis; 30,30%
leram Os Maias, de Eça de Queirós; 15,15% leram Dom Quixote, de Miguel Cervantes;
10,60% leram Madame Bovary, de Gustave Flaubert; e apenas 3,03 % leram As Horas
Nuas, de Lygia Fagundes Teles, sendo esta a menos lida pelos estudantes. Pode-se
constatar também que 4,54% responderam não ter lido nenhuma dessas obras elencadas.
Conforme demonstra a tabela abaixo:


                         PERCENTUAL DE ENTREVISTADOS QUE LERAM AS OBRAS LITERÁRIAS
                     Obra Literária                               Núm. de pessoas que leram            Percentual
        A Hora da Estrela, de Clarice Lispector                                 37                        56%
             Os Maias, de Eça de Queirós                                        20                      30,30%
        Quincas Borba, de Machado de Assis                                      23                      34,84%
          Vidas Secas, de Graciliano Ramos                                      36                      54,54%
         Capitães de Areia, de Jorge Amado                                      30                      45,45%
           O Cortiço, de Aluízio de Azevedo                                     35                      53,30%
       As Horas Nuas, de Lygia Fagundes Teles                                    2                       3,03%
        Madame Bovary, de Gustave Flaubert                                       7                      10,60%
         Dom Quixote, de Miguel Cervantes                                       10                      15,15%
                       Nenhuma                                                   3                       4,54%
                   Figura 4: Tabela demonstrativa do percentual sobre a leitura das obras literárias


           A maioria dos estudantes (65,14%) leu de uma a três das obras literárias
elencadas. 13,63% leram quatro das obras escolhidas; 9,09% leram cinco das obras
escolhidas; 3,03% leram seis das obras escolhidas; 3,03% leram sete das obras escolhidas;
1,51% leu oito das obras escolhidas; e nenhum estudante havia lido todas das escolhidas.
Como mostra a tabela abaixo:


                        Quantidade de obras lidas pelos estudantes de Letras entrevistados
      Quant. de estudantes que leram                    Quantidades de Obras Literárias                  Total
           10 estudantes leram                               1 das obras escolhidas                     15,15%
           14 estudantes leram                               2 das obras escolhidas                     21,21%
           19 estudantes leram                               3 das obras escolhidas                     28,78%
            9 estudantes leram                               4 das obras escolhidas                     13,63%
            6 estudantes leram                               5 das obras escolhidas                      9,09%
            2 estudantes leram                               6 das obras escolhidas                      3,03%
            2 estudantes leram                               7 das obras escolhidas                      3,03%
              1 estudante leu                                8 das obras escolhidas                      1,51%
Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura.
                                                                ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL

                               29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908
                                                                                                                8



           Nenhum estudante leu                                9 das obras escolhidas                          0%
           3 estudantes não leram                          nenhuma das obras escolhidas                       4,54%
        Figura 4: Tabela demonstrativa do percentual da quantidade de obras literárias lidas pelos estudantes


CONSIDERAÇÕES FINAIS


            O Ciclo Literatura Comentada, como é dito anteriormente, destina-se, não a
sanar, mas a contribuir para a elevação do ainda muito baixo nível de leitura literária
desses formandos em Letras, aspecto notável nas considerações elaboradas sobre os
resultados obtidos na pesquisa diagnóstica acima referida. Cumpre aqui ressaltar: em
nosso entender, a docência em Letras deve focar projetos que contribuam para a formação
de leitores literários, sendo esse um dos grandes desafios do professor de Língua
Portuguesa e Literatura. A propósito, concluiu-se com a análise aqui apresentada que a
maioria dos estudantes participantes do projeto Ciclo Literatura Comentada gostam de
literatura. Há um índice de participação bem pequena (6,06%) de estudantes que dizem
não gostar de ler. Esse aspecto não deixa de ser significativo, pois é evidentemente
preocupante o fato de que, muitas vezes, o estudante de Letras chega ao curso com uma
bagagem literária exígua.
            No desenvolvimento do projeto Ciclo Literatura Comentada, constatamos que,
sendo um projeto de longa duração (dez meses), o mesmo pode vir a contribuir,
significativamente, para o processo de formação de leitores literários, constituindo-se, tal
atividade, como uma importante prática educativa. Quanto a isso, convém lembrar que
essa formação deve ser algo contínuo, podendo ser iniciada durante a graduação. Em
suma, podemos desde já concluir que as leituras e os debates desenvolvidos durante o
projeto em análise têm sido eficazes na formação reflexiva e no posicionamento crítico
desse leitor diante do texto literário.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, Márcia. Cultura Letrada: literatura e leitura. São Paulo: UNESP,2006.

BRAYNER, Flávio Henrique Albert. Como salvar a educação (e o sujeito) pela
literatura: sobre Philippe Meirieu e Jorge Larrosa. Pernambuco: Revista Brasileira de
Educação. nº29, mai.jun.jul.ago.2005. p.63-72.
Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura.
                                                         ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL

                        29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908
                                                                                             9




CANDIDO, Antônio. A literatura e a formação do homem. n.9. São Paulo: Ciência e
Cultura, 1972, 24.v.

COMPAGNON, Antoine. Literatura para quê? Tradução de Laura Taddei Brandini. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2009.

MEC. Manual Enade 2011. Brasília-DF, mai.2011. Disponível em: http://www.ufrb .edu.br
/prograd /index.php/projetos-pedagogicos-dos-cursos/doc_details/682-manual-enade-2011.
Útimo acesso em: jul. 2012.

MEC. Portaria Inep No 131, de 7 de agosto de 2008. Considera as definições
estabelecidas pelas Comissões Assessoras de Avaliação da Área de Letras e da Formação
Geral do Enade, nomeadas pela Portaria Inep nº 95, de 24 de junho de 2008. Diário
Oficial da União. Nº 153, Seção 1, 11 de agosto de 2008, pág.12.

MEC. Portaria Inep nº 222 de 26 de julho de 2011. Considera as definições estabelecidas
pela Comissão Assessora de Área de Letras, nomeada pela Portaria Inep nº 155, de 21 de
junho de 2011. Diário Oficial da União, 27 jul. 2011, Seção 1, págs. 18 e 19.

TODOROV, Tzvetan. A literatura em perigo. Trad. de Caio Meira. Rio de Janeiro: Difel,
2009.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

A Geração De 45 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 45 - Prof. Kelly Mendes - LiteraturaA Geração De 45 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 45 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
Hadassa Castro
 
Antologia poética em pp
Antologia poética em ppAntologia poética em pp
Antologia poética em pp
BriefCase
 
Vinicius de-moraes-livro-de-sonetos
Vinicius de-moraes-livro-de-sonetosVinicius de-moraes-livro-de-sonetos
Vinicius de-moraes-livro-de-sonetos
jcmucuge
 
Literatura aula 16 - machado de assis
Literatura   aula 16 - machado de assisLiteratura   aula 16 - machado de assis
Literatura aula 16 - machado de assis
mfmpafatima
 
3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase
3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase
3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase
jacsonufcmestrado
 
VESTIBULAR UFPE 2014 - PROVA DE LITERATURA - TODOS OS TIPOS
VESTIBULAR UFPE 2014 - PROVA DE LITERATURA - TODOS OS TIPOSVESTIBULAR UFPE 2014 - PROVA DE LITERATURA - TODOS OS TIPOS
VESTIBULAR UFPE 2014 - PROVA DE LITERATURA - TODOS OS TIPOS
Isaquel Silva
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, segunda aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, segunda aula de cábulasApresentação para décimo segundo ano de 2016 7, segunda aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, segunda aula de cábulas
luisprista
 

Was ist angesagt? (20)

O médico e o monstro artigo
O médico e o monstro artigoO médico e o monstro artigo
O médico e o monstro artigo
 
Às margens do Negro: ruínas da memória e do narrar em Órfãos do Eldorado
Às margens do Negro: ruínas da memória e do narrar em Órfãos do EldoradoÀs margens do Negro: ruínas da memória e do narrar em Órfãos do Eldorado
Às margens do Negro: ruínas da memória e do narrar em Órfãos do Eldorado
 
A Geração De 45 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 45 - Prof. Kelly Mendes - LiteraturaA Geração De 45 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 45 - Prof. Kelly Mendes - Literatura
 
A Matéria do Nada
A Matéria do NadaA Matéria do Nada
A Matéria do Nada
 
Antologia poética em pp
Antologia poética em ppAntologia poética em pp
Antologia poética em pp
 
Aula cursinho
Aula cursinhoAula cursinho
Aula cursinho
 
12. o lutador
12. o lutador12. o lutador
12. o lutador
 
Vinicius de-moraes-livro-de-sonetos
Vinicius de-moraes-livro-de-sonetosVinicius de-moraes-livro-de-sonetos
Vinicius de-moraes-livro-de-sonetos
 
Literatura aula 16 - machado de assis
Literatura   aula 16 - machado de assisLiteratura   aula 16 - machado de assis
Literatura aula 16 - machado de assis
 
Modernismo
ModernismoModernismo
Modernismo
 
3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase
3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase
3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase
 
VESTIBULAR UFPE 2014 - PROVA DE LITERATURA - TODOS OS TIPOS
VESTIBULAR UFPE 2014 - PROVA DE LITERATURA - TODOS OS TIPOSVESTIBULAR UFPE 2014 - PROVA DE LITERATURA - TODOS OS TIPOS
VESTIBULAR UFPE 2014 - PROVA DE LITERATURA - TODOS OS TIPOS
 
Intertexto e clássica
Intertexto e clássicaIntertexto e clássica
Intertexto e clássica
 
Apostila cronica
Apostila cronicaApostila cronica
Apostila cronica
 
Modernismo de 45
Modernismo de 45Modernismo de 45
Modernismo de 45
 
Literatura
LiteraturaLiteratura
Literatura
 
Adao
AdaoAdao
Adao
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, segunda aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, segunda aula de cábulasApresentação para décimo segundo ano de 2016 7, segunda aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, segunda aula de cábulas
 
Primeira geração do modernismo no ENEM
Primeira geração do modernismo no ENEMPrimeira geração do modernismo no ENEM
Primeira geração do modernismo no ENEM
 
Resenha 9o. ano
Resenha 9o. anoResenha 9o. ano
Resenha 9o. ano
 

Ähnlich wie A LEITURA LITERÁRIA NA FORMAÇÃO DOCENTE EM LETRAS: O PROJETO “CICLO LITERATURA COMENTADA”

Sandro ornellas
Sandro ornellasSandro ornellas
Sandro ornellas
literafro
 
Alguma Poesia - Carlos Drummond de Andrade material do professor.pdf
Alguma Poesia - Carlos Drummond de Andrade material do professor.pdfAlguma Poesia - Carlos Drummond de Andrade material do professor.pdf
Alguma Poesia - Carlos Drummond de Andrade material do professor.pdf
Carolina de Castro Cervi
 
Aula da disciplina de L.pptx
Aula da disciplina de L.pptxAula da disciplina de L.pptx
Aula da disciplina de L.pptx
Neomare
 
Linguagem e trabalho: a figura do trabalhador em Lima Barreto.
Linguagem e trabalho: a figura do trabalhador em Lima Barreto.Linguagem e trabalho: a figura do trabalhador em Lima Barreto.
Linguagem e trabalho: a figura do trabalhador em Lima Barreto.
LinTrab
 

Ähnlich wie A LEITURA LITERÁRIA NA FORMAÇÃO DOCENTE EM LETRAS: O PROJETO “CICLO LITERATURA COMENTADA” (20)

Entre o real e a ficção - as marcas literárias no jornalismo de Eliane Brum
Entre o real e a ficção - as marcas literárias no jornalismo de Eliane BrumEntre o real e a ficção - as marcas literárias no jornalismo de Eliane Brum
Entre o real e a ficção - as marcas literárias no jornalismo de Eliane Brum
 
Apostila-Completa-Teoria-da-Literatura-1.pdf
Apostila-Completa-Teoria-da-Literatura-1.pdfApostila-Completa-Teoria-da-Literatura-1.pdf
Apostila-Completa-Teoria-da-Literatura-1.pdf
 
Apresentação UFMG projeto Literatura Caminhos da História
Apresentação UFMG projeto Literatura Caminhos da HistóriaApresentação UFMG projeto Literatura Caminhos da História
Apresentação UFMG projeto Literatura Caminhos da História
 
Revista mosaico unesp rio preto em 2010
Revista mosaico unesp rio preto em 2010Revista mosaico unesp rio preto em 2010
Revista mosaico unesp rio preto em 2010
 
Sandro ornellas
Sandro ornellasSandro ornellas
Sandro ornellas
 
O TREM DE FERRO QUE PASSA A ORALIDADE: uma análise que aborda a estética oral...
O TREM DE FERRO QUE PASSA A ORALIDADE: uma análise que aborda a estética oral...O TREM DE FERRO QUE PASSA A ORALIDADE: uma análise que aborda a estética oral...
O TREM DE FERRO QUE PASSA A ORALIDADE: uma análise que aborda a estética oral...
 
Literatura
LiteraturaLiteratura
Literatura
 
Alguma Poesia - Carlos Drummond de Andrade material do professor.pdf
Alguma Poesia - Carlos Drummond de Andrade material do professor.pdfAlguma Poesia - Carlos Drummond de Andrade material do professor.pdf
Alguma Poesia - Carlos Drummond de Andrade material do professor.pdf
 
36824 145666-1-sm
36824 145666-1-sm36824 145666-1-sm
36824 145666-1-sm
 
Estudos de literatura brasileir douglas tufano
Estudos de literatura brasileir   douglas tufanoEstudos de literatura brasileir   douglas tufano
Estudos de literatura brasileir douglas tufano
 
Resenha pronta teoria da literatura 01
Resenha pronta teoria da literatura 01Resenha pronta teoria da literatura 01
Resenha pronta teoria da literatura 01
 
Aula da disciplina de L.pptx
Aula da disciplina de L.pptxAula da disciplina de L.pptx
Aula da disciplina de L.pptx
 
DOS ROLOS E CÓDICES AOS TEXTOS DIGITAIS: MUDANÇAS E DESAFIOS NAS PRÁTICAS DA...
 DOS ROLOS E CÓDICES AOS TEXTOS DIGITAIS: MUDANÇAS E DESAFIOS NAS PRÁTICAS DA... DOS ROLOS E CÓDICES AOS TEXTOS DIGITAIS: MUDANÇAS E DESAFIOS NAS PRÁTICAS DA...
DOS ROLOS E CÓDICES AOS TEXTOS DIGITAIS: MUDANÇAS E DESAFIOS NAS PRÁTICAS DA...
 
O lugar da teoria no ensino de literatura
O lugar da teoria no ensino de literaturaO lugar da teoria no ensino de literatura
O lugar da teoria no ensino de literatura
 
Linguagem e trabalho: a figura do trabalhador em Lima Barreto.
Linguagem e trabalho: a figura do trabalhador em Lima Barreto.Linguagem e trabalho: a figura do trabalhador em Lima Barreto.
Linguagem e trabalho: a figura do trabalhador em Lima Barreto.
 
UMA LEITURA ALÉM DO GÊNERO TEXTUAL: uma análise que relaciona o gênero discur...
UMA LEITURA ALÉM DO GÊNERO TEXTUAL: uma análise que relaciona o gênero discur...UMA LEITURA ALÉM DO GÊNERO TEXTUAL: uma análise que relaciona o gênero discur...
UMA LEITURA ALÉM DO GÊNERO TEXTUAL: uma análise que relaciona o gênero discur...
 
Eagleton
EagletonEagleton
Eagleton
 
Eagleton
EagletonEagleton
Eagleton
 
C:\fakepath\barbara santos
C:\fakepath\barbara santosC:\fakepath\barbara santos
C:\fakepath\barbara santos
 
TEXTO BASE (LITERATURA NO ENSINO MÉDIO)
TEXTO BASE (LITERATURA NO ENSINO MÉDIO)TEXTO BASE (LITERATURA NO ENSINO MÉDIO)
TEXTO BASE (LITERATURA NO ENSINO MÉDIO)
 

Mehr von Ellen Oliveira (7)

Considerações sobre rabiscos poéticos
Considerações sobre rabiscos poéticosConsiderações sobre rabiscos poéticos
Considerações sobre rabiscos poéticos
 
Programacao educon 2013
Programacao educon 2013Programacao educon 2013
Programacao educon 2013
 
Programacao educon 2013
Programacao educon 2013Programacao educon 2013
Programacao educon 2013
 
O poetinha colorido n 1
O poetinha colorido n 1O poetinha colorido n 1
O poetinha colorido n 1
 
[Anais Poéticas da Criação, ES-2012] ficha técnica e sumário
[Anais Poéticas da Criação, ES-2012] ficha técnica e sumário[Anais Poéticas da Criação, ES-2012] ficha técnica e sumário
[Anais Poéticas da Criação, ES-2012] ficha técnica e sumário
 
Caderno de resumo do Seminário Iberoamericano sobre o Processo de Criação nas...
Caderno de resumo do Seminário Iberoamericano sobre o Processo de Criação nas...Caderno de resumo do Seminário Iberoamericano sobre o Processo de Criação nas...
Caderno de resumo do Seminário Iberoamericano sobre o Processo de Criação nas...
 
Jornal o poetinha
Jornal   o poetinhaJornal   o poetinha
Jornal o poetinha
 

Kürzlich hochgeladen

GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
RavenaSales1
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
LeloIurk1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
HELENO FAVACHO
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
TailsonSantos1
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
rosenilrucks
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
LeloIurk1
 

Kürzlich hochgeladen (20)

Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 
Modelo de Plano Plano semanal Educação Infantil 5 anossemanal Educação Infant...
Modelo de Plano Plano semanal Educação Infantil 5 anossemanal Educação Infant...Modelo de Plano Plano semanal Educação Infantil 5 anossemanal Educação Infant...
Modelo de Plano Plano semanal Educação Infantil 5 anossemanal Educação Infant...
 
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenosmigração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
 
Projeto Nós propomos! Sertã, 2024 - Chupetas Eletrónicas.pptx
Projeto Nós propomos! Sertã, 2024 - Chupetas Eletrónicas.pptxProjeto Nós propomos! Sertã, 2024 - Chupetas Eletrónicas.pptx
Projeto Nós propomos! Sertã, 2024 - Chupetas Eletrónicas.pptx
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptxSeminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
Seminário Biologia e desenvolvimento da matrinxa.pptx
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
Antero de Quental, sua vida e sua escrita
Antero de Quental, sua vida e sua escritaAntero de Quental, sua vida e sua escrita
Antero de Quental, sua vida e sua escrita
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
Nós Propomos! Autocarros Elétricos - Trabalho desenvolvido no âmbito de Cidad...
Nós Propomos! Autocarros Elétricos - Trabalho desenvolvido no âmbito de Cidad...Nós Propomos! Autocarros Elétricos - Trabalho desenvolvido no âmbito de Cidad...
Nós Propomos! Autocarros Elétricos - Trabalho desenvolvido no âmbito de Cidad...
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 

A LEITURA LITERÁRIA NA FORMAÇÃO DOCENTE EM LETRAS: O PROJETO “CICLO LITERATURA COMENTADA”

  • 1. Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura. ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL 29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908 1 A LEITURA LITERÁRIA NA FORMAÇÃO DOCENTE EM LETRAS: O PROJETO “CICLO LITERATURA COMENTADA” Ellen dos Santos Oliveira (Graduanda/FSLF) ellenletrinhas@hotmail.com Profa. Dra. Vilma Mota Quintela (Orientadora/FSLF) É indispensável para os estudantes de graduação em Letras o conhecimento literário a partir de leituras de obras consideradas obrigatórias para a formação acadêmica. É importante tanto para os docentes quanto para os discentes que haja preocupação com a formação literária no curso de Letras, considerando-se que, provavelmente, estes venham a se tornar futuros professores de Língua Portuguesa e Literatura. Assim sendo, esses formandos terão, entre tantos, um grande desafio a cumprir durante a sua jornada profissional, qual seja: formar leitores literários. Quanto a isso, é importante ressaltar que, antes de se tornar apto a formar, o formador preciso ser formado. Ciente de que a formação deve ser contínua, ou seja, iniciar-se na graduação e estender-se a toda a vida profissional, um questionamento que o professor de literatura deve ter em mente é: Literatura pra quê? Para ensinar literatura, o professor deve ter noção da dimensão da importância dessa produção cultural para a sociedade, para, assim, poder compreender e refletir sobre sua prática docente. Em seu livro Literatura para quê (2009), Antoine Compagnon argumenta que a literatura deve ser lida e estudada porque oferece um meio de preservar e transmitir a experiência daqueles que estão distante de nós no espaço e no tempo, ou que diferem de nós por suas condições de vida. Ela torna patente o fato de que os outros são muito diversos de nós e de que seus valores se distanciam dos nossos. Já o crítico e sociólogo Antonio Candido, em A literatura e a formação do homem, explica o papel da literatura na formação do homem e na sociedade. Segundo ele a literatura possui a capacidade de humanizar o sujeito, ou seja, confirmar a humanidade do homem. Para Candido, a literatura desperta no leitor o interesse por elementos contextuais. O leitor é despertado a ver como o texto é formado a partir de um contexto, e ver “os problemas individuais e sociais que dão lastro às obras e as amarram ao mundo onde vivemos” (CANDIDO, 1972, p. 77 e 79). Abreu parece concordar com esse ponto de vista ao comentar que “a
  • 2. Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura. ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL 29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908 2 literatura nos transforma em pessoas melhores, pois ao ler ficamos sabendo como é estar na pele de gente que leva uma vida muito diferente da nossa, passando por situações inusitadas” (ABREU, 2006, p.81). Segundo Candido, a literatura atua de forma psíquica e social, isto é, ele a vê “como algo que exprime o homem e depois atua na própria formação do homem” (CANDIDO, 1972, p. 80). O autor identifica três funções específicas que se relacionam entre si, quais sejam: a função psicológica, a função formadora e a função social. A função psicológica se dá devido à capacidade e à necessidade que o indivíduo tem de fantasiar, seja através da literatura escrita, ou oral. Segundo o autor, o ser humano depende da literatura, sendo esta co-extensiva à vida humana, seja individual ou em grupo. A função formativa surge da ligação entre a fantasia e a realidade, visto que a literatura atua na formação do indivíduo como instrumento educativo específico. Enquanto tal, ela se justifica por um ponto de vista mais complexo que o estritamente pedagógico, pois irá formar o indivíduo, apresentando-o à realidade que a classe ideológica dominante tenta esconder, no sentido em que a ideologia traça regras cívicas e morais a fim de instruir o indivíduo. É através da literatura que o indivíduo tem a possibilidade de ampliar sua visão de mundo e do outro, pois no texto literário a realidade é expressa, e “mesmo as obras consideradas indispensáveis para a formação do moço trazem frequentemente o que as convenções desejariam banir” (idem 83 e 84). A função social atua no sentido de reconhecimento universal e individual, permitindo ao homem conhecer a realidade que o cerca e que é transposta para a ficção. Pois, quando a realidade é apresentada na obra literária de forma fidedigna, possibilita que o leitor identifique seu mundo com o mundo fictício da obra, e também se auto identifique através dos personagens. O autor cita como exemplo as obras regionalistas que são uma espécie de documentário da realidade crítica- social, da condição humana em determinado período histórico. Nesse sentido, a literatura atua como uma denúncia social. Já o leitor, a partir da leitura, socializa essa denúncia. (idem, p.83) De acordo com Todorov, como a filosofia e as ciências humanas, a literatura é pensamento e conhecimento do mundo psíquico e social em que vivemos. A realidade que a literatura aspira compreender é a experiência humana. A propósito, diz o autor: "Sendo
  • 3. Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura. ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL 29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908 3 o objeto da literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a compreende, se tornará não um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser humano" (TODOROV, 2009, p. 92-93). Educar supõe uma arte de fazer, e o texto literário permite ao leitor falar de si mesmo, dialogar com outros homens, em um movimento que já é uma forma de universalidade, à qual deve chegar toda educação que não se limite a “fabricar” algo (MEIRIEU 1999 apud BRAYNER 2005, pág.18). Foi tendo em vista a importância que a literatura tem sobre homem e a sociedade, e tentando suprir a necessidade de formar leitores literários durante a formação docente em Letras que foi idealizado o projeto “Ciclo Literatura Comentada”. Nesse sentido, o referido projeto surgiu a fim de proporcionar aos estudantes do curso de Letras e demais interessados uma leitura orientada e comentada de obras literárias consideradas indispensáveis, objetivando despertar o interesse para o início de uma formação literária contínua. A seguir, uma breve exposição da proposta e uma reflexão sobre os seus resultados parciais. 1. O PROJETO DO “CICLO LITERATURA COMENTADA” A realização do “Ciclo Literatura Comentada” se justifica pela necessidade de formar leitores e desenvolver leituras de obras literárias consideradas como “Leituras obrigatórias” para os graduandos em Letras, e futuros professores de literatura. Este projeto iniciou em 25 de Fevereiro e encerra em 08 de dezembro de 2012. Durante esse período serão realizados onze encontros. Em cada encontro é comentada uma das obras literárias escolhidas, conforme o cronograma constante no cartaz abaixo reproduzido:
  • 4. Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura. ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL 29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908 4 Figura 1: Cartaz do “Ciclo Literatura Comentada” É estipulado um prazo para leitura das obras, e durante os encontros são expostos vídeos biográficos, ou filmes adaptados, a fim de proporcionar o conhecimento acerca do contexto histórico de escritores e suas respectivas obras. Na sequência, professores convidados comentam as obras e abrem espaço para um debate, estabelecendo um diálogo entre docentes e discentes. Assim os estudantes podem se posicionar e contribuir com o seminário a partir das leituras desenvolvidas. Eles também têm a oportunidade de desenvolver análises sobre as obras lidas para apresentá-las no último dia do projeto, previsto para dezembro de 2012. As obras literárias, cujos nomes estão grifados em negrito na tabela abaixo, são as obras que foram escolhidas para serem lidas e comentadas durante o Ciclo Literatura Comentada. Foram selecionados romances incluídos na lista indicada nos dois últimos Exames Nacionais de Desempenho de estudante (ENADE 2008 E 2011), tal como estão dispostas na portaria nº 131, de 7 de agosto de 2008, e Portaria Inep nº 222 de 26 de julho de 2011, conforme a tabela abaixo: ENADE: As questões de estudos literários deverão enfocar os seguintes autores e obras: Obras em prosa exigidas em 2008 Obras em prosa exigidas em 2011 a) José de Alencar - Senhora; a) José de Alencar – Lucíola; b) Aluísio de Azevedo - O cortiço; b) Adolfo Caminha – Bom crioulo;
  • 5. Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura. ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL 29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908 5 c) Machado de Assis - Quincas Borba; c) Machado de Assis – Memorial de Aires; d) Guimarães Rosa - Primeiras Histórias; d) Guimarães Rosa – Miguilim; e) Graciliano Ramos - Vidas secas; e) Érico Veríssimo – Um certo capitão Rodrigo; f) Clarice Lispector - Hora da Estrela; f) Clarice Lispector – Uma aprendizagem ou o livro dos g) Jorge Amado - Capitães da Areia; prazeres; h) Lygia Fagundes Telles - As horas nuas; g) Jorge Amado – Capitães da Areia; i) Eça de Queiroz - Primo Basílio; h) Luiz Vilela – Tarde da noite; j) José Saramago - Memorial do Convento; i) Eça de Queiroz – As cidades e as serras; k) Gabriel García Márquez - O amor nos tempos do j) José Saramago – Ensaio sobre a cegueira; cólera; k) Gabriel García Márquez – Cem anos de solidão; l) Júlio Cortázar - Contos completos; l) Mia Couto – Terra sonâmbula; m) Gustave Flaubert - Madame Bovary; m) Júlio Cortázar – Contos completos; n) Miguel de Cervantes - Dom Quixote; n) Gustave Flaubert – Madame Bovary; o) Émile Zola - Germinal; o) Miguel de Cervantes – Dom Quixote; p) Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) - p) Émile Zola – Germinal; Mayombe; q) Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) – Mayombe. Figura 2: Relação de obras literárias em prosa indicadas pelo Enade 2008 e 2011 Além de contribuir para a prática da leitura literária, O Ciclo Literatura Comentada também possibilita aos estudantes o conhecimento profundo dessas obras, apontando tal fato para a importância da realização do projeto no âmbito universitário. 2. UMA PESQUISA EM ANDAMENTO Durante o Ciclo Literatura Comentada, foi aplicado um questionário aos estudantes participantes com o objetivo de diagnosticar o que estes entendem por literatura, o motivo que os levaram a participar do projeto e a bagagem literária que eles trazem. Nesse questionário, eles são convidados a responder às seguintes perguntas: Você gosta de Literatura? O que você entende por Literatura? Por que você está participando do Ciclo Literatura Comentada? E como você acha que o ciclo pode contribuir para a sua formação? Qual ou quais dessas obras literárias você já leu? Qual ou quais das bibliografias citadas acima você pretende ler? Por quê? A pesquisa ainda se encontra em desenvolvimento, mas já foi possível analisar dados de 66 entrevistados, sendo, todos estes, participantes do Ciclo Literatura Comentada. A partir da análise dos dados obtidos, o que se pôde constatar é que 87% dos estudantes entrevistados responderam que gostam de literatura; 4% responderam que não gostam; e 4% não responderam a essa pergunta.
  • 6. Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura. ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL 29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908 6 SOBRE A PERGUNTA: Você gosta de Literatura? Nº DE ALUNOS RESPOSTAS PRECENTUAL 58 Responderam SIM 87,87% 4 Responderam NÃO 6,06% 4 Não responderam 6,06% figura 3: Tabela demonstrativa do percentual de alunos que gostam de literatura Ao serem questionados sobre o motivo desses estudantes estarem participando do Ciclo Literatura Comentada, eles deram respostas bem semelhantes, muitos deles buscam adquirir conhecimentos literários. Algumas respostas demonstram a preocupação com a formação acadêmica e a prática docente de ensino-aprendizagem, como se observa nas respostas abaixo reproduzidas: “Participo pelo fato de considerar a literatura fundamental para o ser humano e, para mim, na condição de estudante de Letras trata-se de um conhecimento necessário para uma boa formação”. “O objetivo da participação do evento é enriquecer, aprofundar meus conhecimentos literários, pois creio que irão contribuir tanto no meio acadêmico quanto em sala de aula (prática) ensino/aprendizagem”. “Porque procuro discussões sobre literatura. O Ciclo pode fomentar em mim a busca constante pelo conhecimento literário”. “Para obter mais conhecimentos e para poder transmitir esse conhecimento para os meus alunos”. Para aqueles alunos que responderam não gostar de literatura, o projeto serve, como uma prática de incentivo e formação à leitura literária a fim de despertar interesse e aptidão no que diz respeito à disciplina. Percebe-se, com isso, que eles parecem ter certa noção da necessidade de compreender e entender a literatura, como se pode observar nas respostas abaixo elencadas: “Porque [...] talvez eu possa interessar-me por literatura” “Porque é necessário. De maneira positiva” “Estou participando como forma de interação, informação para ter aptidão diante da disciplina”. “Para adquirir mais conhecimento e entendimento sobre a Literatura”.
  • 7. Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura. ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL 29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908 7 Ao serem perguntados sobre as obras lidas, pode-se diagnosticar que a mais lida pelos estudantes foi A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. Dentre os entrevistados, 56% responderam que já haviam lido essa obra; 54% afirmaram já ter lido Vidas Secas, de Graciliano Ramos; 53% leram O Cortiço, de Aluízio de Azevedo; 45,45% leram Capitães de Areia, de Jorge Amado; 34,84% leram Quincas Borba, de Machado de Assis; 30,30% leram Os Maias, de Eça de Queirós; 15,15% leram Dom Quixote, de Miguel Cervantes; 10,60% leram Madame Bovary, de Gustave Flaubert; e apenas 3,03 % leram As Horas Nuas, de Lygia Fagundes Teles, sendo esta a menos lida pelos estudantes. Pode-se constatar também que 4,54% responderam não ter lido nenhuma dessas obras elencadas. Conforme demonstra a tabela abaixo: PERCENTUAL DE ENTREVISTADOS QUE LERAM AS OBRAS LITERÁRIAS Obra Literária Núm. de pessoas que leram Percentual A Hora da Estrela, de Clarice Lispector 37 56% Os Maias, de Eça de Queirós 20 30,30% Quincas Borba, de Machado de Assis 23 34,84% Vidas Secas, de Graciliano Ramos 36 54,54% Capitães de Areia, de Jorge Amado 30 45,45% O Cortiço, de Aluízio de Azevedo 35 53,30% As Horas Nuas, de Lygia Fagundes Teles 2 3,03% Madame Bovary, de Gustave Flaubert 7 10,60% Dom Quixote, de Miguel Cervantes 10 15,15% Nenhuma 3 4,54% Figura 4: Tabela demonstrativa do percentual sobre a leitura das obras literárias A maioria dos estudantes (65,14%) leu de uma a três das obras literárias elencadas. 13,63% leram quatro das obras escolhidas; 9,09% leram cinco das obras escolhidas; 3,03% leram seis das obras escolhidas; 3,03% leram sete das obras escolhidas; 1,51% leu oito das obras escolhidas; e nenhum estudante havia lido todas das escolhidas. Como mostra a tabela abaixo: Quantidade de obras lidas pelos estudantes de Letras entrevistados Quant. de estudantes que leram Quantidades de Obras Literárias Total 10 estudantes leram 1 das obras escolhidas 15,15% 14 estudantes leram 2 das obras escolhidas 21,21% 19 estudantes leram 3 das obras escolhidas 28,78% 9 estudantes leram 4 das obras escolhidas 13,63% 6 estudantes leram 5 das obras escolhidas 9,09% 2 estudantes leram 6 das obras escolhidas 3,03% 2 estudantes leram 7 das obras escolhidas 3,03% 1 estudante leu 8 das obras escolhidas 1,51%
  • 8. Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura. ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL 29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908 8 Nenhum estudante leu 9 das obras escolhidas 0% 3 estudantes não leram nenhuma das obras escolhidas 4,54% Figura 4: Tabela demonstrativa do percentual da quantidade de obras literárias lidas pelos estudantes CONSIDERAÇÕES FINAIS O Ciclo Literatura Comentada, como é dito anteriormente, destina-se, não a sanar, mas a contribuir para a elevação do ainda muito baixo nível de leitura literária desses formandos em Letras, aspecto notável nas considerações elaboradas sobre os resultados obtidos na pesquisa diagnóstica acima referida. Cumpre aqui ressaltar: em nosso entender, a docência em Letras deve focar projetos que contribuam para a formação de leitores literários, sendo esse um dos grandes desafios do professor de Língua Portuguesa e Literatura. A propósito, concluiu-se com a análise aqui apresentada que a maioria dos estudantes participantes do projeto Ciclo Literatura Comentada gostam de literatura. Há um índice de participação bem pequena (6,06%) de estudantes que dizem não gostar de ler. Esse aspecto não deixa de ser significativo, pois é evidentemente preocupante o fato de que, muitas vezes, o estudante de Letras chega ao curso com uma bagagem literária exígua. No desenvolvimento do projeto Ciclo Literatura Comentada, constatamos que, sendo um projeto de longa duração (dez meses), o mesmo pode vir a contribuir, significativamente, para o processo de formação de leitores literários, constituindo-se, tal atividade, como uma importante prática educativa. Quanto a isso, convém lembrar que essa formação deve ser algo contínuo, podendo ser iniciada durante a graduação. Em suma, podemos desde já concluir que as leituras e os debates desenvolvidos durante o projeto em análise têm sido eficazes na formação reflexiva e no posicionamento crítico desse leitor diante do texto literário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Márcia. Cultura Letrada: literatura e leitura. São Paulo: UNESP,2006. BRAYNER, Flávio Henrique Albert. Como salvar a educação (e o sujeito) pela literatura: sobre Philippe Meirieu e Jorge Larrosa. Pernambuco: Revista Brasileira de Educação. nº29, mai.jun.jul.ago.2005. p.63-72.
  • 9. Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura. ANAIS ELETRÔNICOS III ENILL 29 a 31 de agosto de 2012, Itabaiana/SE: Vol.03, ISSN: 2237-9908 9 CANDIDO, Antônio. A literatura e a formação do homem. n.9. São Paulo: Ciência e Cultura, 1972, 24.v. COMPAGNON, Antoine. Literatura para quê? Tradução de Laura Taddei Brandini. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009. MEC. Manual Enade 2011. Brasília-DF, mai.2011. Disponível em: http://www.ufrb .edu.br /prograd /index.php/projetos-pedagogicos-dos-cursos/doc_details/682-manual-enade-2011. Útimo acesso em: jul. 2012. MEC. Portaria Inep No 131, de 7 de agosto de 2008. Considera as definições estabelecidas pelas Comissões Assessoras de Avaliação da Área de Letras e da Formação Geral do Enade, nomeadas pela Portaria Inep nº 95, de 24 de junho de 2008. Diário Oficial da União. Nº 153, Seção 1, 11 de agosto de 2008, pág.12. MEC. Portaria Inep nº 222 de 26 de julho de 2011. Considera as definições estabelecidas pela Comissão Assessora de Área de Letras, nomeada pela Portaria Inep nº 155, de 21 de junho de 2011. Diário Oficial da União, 27 jul. 2011, Seção 1, págs. 18 e 19. TODOROV, Tzvetan. A literatura em perigo. Trad. de Caio Meira. Rio de Janeiro: Difel, 2009.