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Educar com o
            Redu




1ª edição
Educar com o Redu
1ª edição
Abril de 2012


Editores:
Alex Sandro Gomes
Ana Luiza Rolim
Wilson Martins da Silva


Revisão:
André Diniz de Moraes


Design gráfico:
Sérgio Fontes


Colaboradores (em ordem de exibição):
Romero Tori
Ricardo José de Souza Silva
Rodrigo Siqueira
Flávia Veloso de Sousa
João Alberto Brito de Abreu
Luis Claudeivan
Claudia Roberta Araújo Gomes
Helder Silva
Rosângela Carvalho
Hugo Lima
Nivson Santos
Júlio Rangel


Ficha catalográfica:
Thiago Leite




                                                                      E 24     Educar com o Redu / Colaboradores: Alex Sandro Gomes
                                                                               ... [et al.] – Recife: Redu, Educational Technology, 2012.
                                                                               103 p.: il.


                                                                               Demais colaboradores: Ana Luiza Rolim, Wilson Martins
                                                                               da Silva, Romero Tori, Ricardo José de Souza Silva,
                                                                               Rodrigo Siqueira, Flávia Veloso de Souza, João Alberto
                                                                               Brito de Abreu, Luis Claudeivan, Claudia Roberta Araújo
                                                                               Gomes, Helder Silva, Rosângela Carvalho, Hugo Lima,
                                                                               Nivson Santos e Júlio Rangel.


                                                                               1. Educação; 2. Tecnologia.
                                                                                                                                     CDD 370




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Índice


            p.   3  	    Índice

            p.   6  	    Apresentação

            p.   9  	    Prefácio

            p.   11  	   Introdução
                         Softwares sociais no contexto do ensino
     0.1    p. 11  	     Resumo
     0.2    p. 11  	     Tecnologias no ensino
     0.3    p. 13  	     Evidências da efetiva contribuição de TIC no Ensino
     0.4    p. 14  	     Histórico do uso de Tecnologias da Informação no Ensino
     0.5    p. 16  	     Software social
     0.6    p. 17  	     Softwares sociais no ensino
     0.7    p. 18  	     Conclusão
     0.8    p. 19  	     Referências


            p.   21  	   Capítulo 1
                         Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no
                         ensino
      1.1   p. 21  	     Resumo
     1.2    p. 21  	     Interações em redes sociais
     1.3    p. 22  	     Comunicação Assíncrona
     1.4    p. 24  	     Comunicação Síncrona
     1.5    p. 25  	     Colaboração
     1.6    p. 27  	     Aprendizado em rede
     1.7    p. 29  	     Autorregulação da Aprendizagem
     1.8    p. 30  	     Percepção social
     1.9    p. 30  	     Conclusões
    1.10    p.   31  	 Referências


            p.   33  	   Capítulo 2
                         Ensino e aprendizagem mediados pelo Redu
     2.1    p. 33  	     Resumo
     2.2    p. 33  	     A prática docente: planejamento, coordenação e mediação
     2.3    p. 34  	     Compartilhamento de planos de aula
     2.4    p. 34  	     Compartilhar materiais
     2.5    p. 36  	     Acompanhamento
     2.6    p. 37  	     Mediação
     2.7    p. 38  	     Conclusão
     2.8    p. 39  	     Referências
p.   40  	   Capítulo 3
                    Métodos e técnicas de ensino com o Redu
 3.1   p. 40  	     Resumo
 3.2   p. 40  	     O que muda na relação professor-aluno
 3.3   p. 40  	     Professor percebido como parte do grupo
 3.4   p. 41  	     Mais tempo de interação com professores e colegas
 3.5   p. 42  	     Interação com comunidades de outras turmas
 3.6   p. 42  	     Criar uma conta no Redu
 3.7   p. 43  	     Criar ambientes de ensino e um primeiro curso
 3.8   p. 45  	     Criar cursos no ambiente
 3.9   p. 45  	     Criar disciplinas no curso
3.10   p. 46  	     Estruturação do plano de aulas
3.11   p. 47  	     Incluir recursos nos módulos de um curso
3.12   p. 47  	     Notificar a existência dos planos de aula e materiais
3.13   p. 48  	     Coordenação dos participantes
3.14   p. 49  	     Conclusões
3.15   p. 49  	     Referências

       p.   50  	   Capítulo 4
                    Novas situações de ensino e aprendizagem no Redu
 4.1   p. 50  	     Resumo
 4.2   p. 50  	     Situação de ensino
 4.3   p. 51  	     Apresentar conceitos com distintos recursos (blended learning)
 4.4   p. 52  	     Avisar a disposição de um novo material
 4.5   p. 52  	     Notificar sobre evento que ocorrerá em sala de aula
 4.6   p. 53  	     Revisitar o conteúdo discutido em aula a posteriori
 4.7   p. 54  	     Compartilhar materiais complementares
 4.8   p. 54  	     Notificar mudanças nas distintas seções do ambiente
 4.9   p. 55  	     Conclusões
4.10   p. 55  	     Referências

       p.   56  	   Capítulo 5
                    O processo de aprendizagem no Redu
 5.1   p. 56  	 Resumo
 5.2   p. 56  	 Aprendizagem e Metacognição
 5.3   p. 58  	     Autorregulação de aprendizagem
 5.4   p. 61  	     Autorregulação online
 5.5   p. 63  	     Percepção do trabalho a ser realizado
 5.6   p. 63  	     Corregulação da aprendizagem
 5.7   p. 64  	     Conclusões
 5.8   p. 65  	     Referências


       p.   68  	   Capítulo 6
                    Avaliação da aprendizagem com o Redu
 6.1   p. 68  	     Resumo
 6.2   p. 68  	     Avaliação na Educação
 6.3   p. 71  	     Avaliação na prática docente
 6.4   p. 72  	     Avaliação para Educação de Qualidade
 6.5   p. 74  	     Educação enquanto experiência
6.6    p. 74  	     Redes sociais educativas como sistemas computacionais de monitoramento
 6.7    p. 75  	     Avaliação do desempenho como parte do processo de autorregulação
 6.8    p. 77  	     Indexação da atividade dos alunos: descritores
 6.9    p. 77  	     Visualizações
6.10    p. 82  	     Integração com sistema de gestão acadêmico
6.11    p. 83  	     Conclusão
6.12    p. 83  	     Referências


        p.   86  	   Capítulo 7
                     Distância transacional e mobilidade com o Redu
  7.1   p. 86  	     Resumo
  7.2   p. 86  	     Mobile Learning: Conceitos e Requisitos
  7.3   p. 87  	     Distância Transacional: Obstáculo ou Impulso ao e-Learning?
  7.4   p. 88  	     Personal Learning Environment
  7.5   p. 90  	     Promoção do Engajamento por meio de Personal Learning Environment
  7.6   p. 90  	     Entrada no sistema
  7.7   p. 91  	     Visualização da lista de recursos
  7.8   p. 92  	     Visualização da lista de cursos
  7.9   p. 92  	     Informação de uma nova dúvida
7.10    p. 93  	     Notificação
 7.11   p. 93  	     Leitura de uma dúvida
7.12    p. 94  	     Resposta da dúvida
7.13    p. 94  	     Leitura das respostas anteriores
7.14    p. 95  	     Tela de lista de dúvidas
7.15    p. 95  	     Resposta de uma dúvida
7.16    p. 96  	     Acompanhamento da lista de dúvidas dos alunos
7.17    p. 96  	     Tela com menu de opções em aberto
7.18    p. 97  	     Ajuste das configurações
7.19    p. 97  	     Tela de ajuste da fonte
7.20    p. 98  	     Conclusão
7.21    p. 98  	     Referências

        p.   100  	 Anexo
                     Resistência ao uso de TIC no ensino
        p.   102  	 Referências
Apresentação

                    A ideia deste livro é estimular o debate sobre a concepção de novos métodos e técnicas
                    de ensino e aprendizagem voltadas para criação, atualização e transformação dos
                    processos de comunicação entre professores, alunos e outros atores envolvidos com
                    o processo educativo. Para tanto, os autores das páginas que seguem propuseram-se a
                    estudar, analisar e apresentar, para o público de educadores que atuam no contexto do
                    Ensino Fundamental, Médio e Superior e na formação de adultos, os desafios de trabalhar
                    sistematicamente com o software social Redu no ambiente educacional.


                    A criação do software social Redu, ou apenas Redu, foi motivada pela necessidade
                    de se conceber um ambiente virtual de ensino e aprendizagem cujo acesso fosse
                    facilitado envolvente para coordenadores, professores, pais e alunos. Nesta perspectiva,
                    as características desse ambiente foram desenvolvidas com ensejo de possibilitar a
                    elaboração de novas modalidades de comunicação, interação e compartilhamento de
                    experiências docentes, com intuito de otimizar a prática de ensino-aprendizagem e gerir
                    novas possibilidades de ensino, acessíveis por meio de interfaces de acesso simplificado e
                    intuitivo.


                    Todavia, caro leitor, você pode estar se questionando acerca das motivações para idealizar
                    um novo software educacional no mercado e, principalmente, quais as razões que
                    estimularam os autores deste livro a debruçarem-se sobre o estudo daquele.


                    Ora, há dois objetivos principais: O primeiro é que esta publicação visa esclarecer os
                    fenômenos cognitivos e sociais que ocorrem por meio do Redu quando usado para
                    mediar processos de ensino e aprendizagem. O segundo é completamente imbricado ao
                    primeiro e nos orienta a descrever como o Redu pode ser configurado e utilizado para
                    permitir coordenar as experiências de ensino e aprendizagem descritos. Desejamos ter um
                    balanço entre a apresentação teórica dos fenômenos e uma descrição prática, tornando
                    mais evidente os eventos que ocorrem em formadores e formandos por meio de uma rede
                    social educativa.


                    É certo que até recentemente, apenas sete milhões de brasileiros buscavam formação
                    pela internet (CGI, 2010). Porém, este número vem aumentando consideravelmente, o
                    que realçou em parte a baixa qualidade das plataformas de ensino existentes para receber
                    um crescente número de novos usuários. Como alternativa às deficiências dos sistemas
                    dispostos no mercado, o uso de redes sociais na educação vem sendo apontado como
                    uma tendência para impulsionar transformações nos paradigmas educacionais e ampliar a
                    adesão à formação a distância.


                    Nesta seara, o desenvolvimento do Redu, enquanto uma rede social para educação,
                    acompanhado da coletânea de artigos que segue, priorizam uma discussão acadêmica
                    anterior, voltada para os novos educadores que utilizarão o software como ferramenta da


Educar com o Redu   Apresentação                                                                                 6
relação de ensino-aprendizagem nas redes sociais.


                    A ideia do Redu é aproximar a plataforma educacional ao cotidiano dos seus usuários,
                    ampliando o caráter inclusivo da formação continuada e a distância. Para isso, faz-se
                    preponderante a utilização do estado da arte das áreas de Interação Humano Computador
                    (IHC), com o objetivo de compreender os diversos contextos de uso de tecnologias: em
                    casa, no transporte coletivo, no trabalho, pelo celular, pelo rádio, pela televisão.


                    Essa possibilidade, de aproximar a educação da rotina dos educandos, vem se viabilizando
                    através da constatação do incremento do uso da telefonia celular, do consumo quase
                    universal de conteúdos televisivos e, principalmente, através de uma tendência de
                    facilitação do acesso à internet. Neste caminho, o Redu representa um novo estágio de
                    convergência tecnológica voltado para a melhoria dos programas de educação a distância.
                    Daí, porque a relevância de analisar academicamente o uso da rede social educativa Redu,
                    criada com o objetivo de permitir que novas formas de mediação, interação e colaboração
                    sejam implantadas nos processos de ensino e aprendizagem.


                    Esclarecemos, caro leitor, que não temos a pretensão de revolucionar a educação a
                    distância, nem muito menos esgotar a temática, mas, principalmente, de lançar um centeio
                    para provocações e aperfeiçoamentos dos sistemas tecnológicos voltados para formação
                    educacional não presencial.


                    Em cada capítulo, o leitor irá encontrar uma perspectiva diferenciada sobre a utilização
                    e aplicação do Redu, mas, ao final entendemos que o leitor estará apto à utilização
                    do sistema de forma satisfatória e crítica, podendo, inclusive, contribuir para seu
                    aprimoramento. Este livro está organizado em sete capítulos de forma a tornar didático o
                    conteúdo apresentado.


Esclarecemos, caro leitor, que não temos a pretensão de                     No primeiro capítulo discutiremos
revolucionar a educação a distância, nem muito menos                        as estruturas dos fenômenos
esgotar a temática, mas, principalmente, de lançar um                       cognitivos e sociais que surgem
centeio para provocações e aperfeiçoamentos dos sistemas                    em práticas de ensino mediadas
tecnológicos voltados para formação educacional não                         por softwares sociais.
presencial.
                                                                            No capítulo 2 será apresentado
                    como o Redu pode ser utilizado em atividades familiares e conhecidas da prática docente,
                    como o planejamento, o compartilhamento de materiais e a mediação didática.


                    No terceiro capítulo apresentamos as características dos métodos e técnicas de ensinos
                    básicos que são possíveis de realizar com o uso do Redu e, que atividades são realizadas de
                    forma simples quando o mesmo está inserido em um contexto de ensino.


                    No capítulo 4 discutiremos situações de ensino e aprendizagem que são possibilitadas pela
                    estrutura de funcionamento do Redu. Estamos falando em novos métodos e técnicas de
                    ensino com o uso do mesmo.


                    No quinto capítulo apresentamos o processo de aprendizagem com o Redu. Esclarecendo
                    conceitos como autorregulação e corregulação da aprendizagem.


Educar com o Redu   Apresentação                                                                               7
No capítulo 6 apresentamos o conceito de avaliação e como a sua prática pode ser
                    realizada com o Redu.


                    No sétimo capítulo apresentamos os conceitos de aprendizado móvel (ou Mobile Learning)
                    e ambiente pessoal de aprendizagem (ou Personal Learning Environment). Algumas
                    funcionalidades que possibilitam utilizar o Redu para criar situações de aprendizagem a
                    qualquer momento e em qualquer lugar construídas para serem utilizadas por meio de
                    dispositivos móveis como celulares, smarthphones e tablets.


                    Assim, para aprender a usar o Redu, enquanto lê este livro, criamos um espaço de
                    aprendizagem para os novos usuários treinarem seus conhecimentos, paulatinamente,
                    denominado — AVA Redu (http://www.redu.com.br/ava-redu). Nele, o leitor encontrará
                    vídeos e textos que podem ajudar a esclarecer detalhes da utilização do Redu na prática
                    docente e de aprendizagem. Sejam todos e todas bem vindos a este novo espaço de
                    construção da educação. Boa leitura!




Educar com o Redu   Apresentação                                                                              8
Prefácio
Romero Tori




                    Ei! Pssiu!


                    Só um momentinho de sua atenção.


                    Obrigado! Sei que você deve estar ansiosa (ou ansioso) para começar a ler este livro (acabo
                    de fazê-lo e posso adiantar que não irá se decepcionar). Por isso serei breve.


                    “Atenção” é hoje um recurso escasso e muito disputado. Qual professor não sonha em
                    ver seus alunos participando das aulas com o mesmo envolvimento que demonstram
                    ao interagir com suas redes sociais ? Não importa se em atividades presenciais ou
                    virtuais, basta um clique para que o estudante se teletransporte para longe do espaço
                    de aprendizagem. Pedir que alunos desliguem seus celulares ou obrigá-los a utilizar
                    ambientes de aprendizagem que se comunicam com a linguagem da “Web 1.0” é tão eficaz
                    quanto seria dar aulas em latim esperando que os alunos fiquem mais atentos no esforço
                    de interpretar o que está sendo ministrado.


               Sabemos que a Escola deve se adaptar à cultura à qual seu aluno pertença. Portanto
               é imprescindível que incorpore a cultura das redes sociais, da interatividade, da
               permeabilidade virtual-real, das comunidades colaborativas, cultura essa que já é, ou
               está se tornando, realidade em praticamente todas as camadas sociais. O Redu é uma
               importante iniciativa nesse sentido, ao possibilitar um novo paradigma de ambiente virtual
               de aprendizagem, no qual professores, alunos e conteúdos convivem, interagem e se
               aproximam, sem barreiras, sem burocracias, sem distância transacional. Mas assim como
               não bastava colocar um aparelho de TV na sala de aula ou oferecer monótonos telecursos
               para conquistar a atenção e engajamento de alunos da geração televisiva, o Redu sozinha
               não fará milagres. Daí a importância desta obra que vai além de um manual de uso
               (recurso, aliás, em desuso, graças à engenharia de usabilidade e ao design de interação) e
               mostra, suportada por estudos e exemplos, como nós, educadores, podemos enriquecer
                                                                         e potencializar nossos ambientes
Sabemos que a Escola deve se adaptar à cultura à qual                    de aprendizagem, sejam esses
seu aluno pertença. Portanto é imprescindível que                        virtuais, presenciais ou blended.
incorpore a cultura das redes sociais, da interatividade, da
permeabilidade virtual-real, das comunidades colaborativas,                 Acompanho com atenção o
cultura essa que já é, ou está se tornando, realidade em                    trabalho do professor Alex Sandro
praticamente todas as camadas sociais. O Redu é uma                         Gomes e equipe, desde quando
importante iniciativa nesse sentido, ao possibilitar um novo                tive o prazer de conhecer o
paradigma de ambiente virtual de aprendizagem, no qual                      ambiente AMADEUS. Tive também
professores, alunos e conteúdos convivem, interagem e se                    o privilégio de participar, em
aproximam, sem barreiras, sem burocracias, sem distância                    2010, da banca de mestrado
transacional.                                                               que deu origem ao Redu. Por
                                                                            isso fiquei muito feliz ao tomar


Educar com o Redu   Prefácio                                                                                  9
conhecimento deste livro e, muito mais, ao ser convidado a prefaciá-lo. Eu teria muito
                    ainda a comentar sobre o Redu, como as duas dezenas de dissertações e teses diretamente
                    relacionadas ao projeto, os quase 3 mil usuários que já se beneficiam desse ambiente ainda
                    em sua fase final de incubação no Porto Digital do Recife, ou as inúmeras publicações
                    científicas já geradas. Mas como não quero aumentar a distância entre você e o excelente
                    conteúdo deste livro, fico por aqui. Aproveite bastante a leitura, aplique os conhecimentos
                    aqui contidos e não se espante ao se flagrar pedindo aos seus alunos que não desliguem
                    seus celulares ou chamando-lhes atenção para o fato de que já está no horário do
                    intervalo.


                    Romero Tori
                    Ph.D., Escola Politécnica da USP
                    São Paulo, 22 de fevereiro de 2012.




Educar com o Redu   Prefácio                                                                                 10
Introdução
Softwares sociais no contexto do
ensino
Alex Sandro Gomes, Ricardo José de Souza Silva e Rodrigo Siqueira



             0.1 Resumo

                      Neste capítulo apresentamos uma definição do conceito de software social no âmbito da
                      literatura sobre tecnologia educacional. Construímos um argumento que inicia com uma
                      perspectiva histórica, segue apresentando uma análise critica da efetividade do uso de
                      tecnologias no ensino até chegarmos ao conceito de software social e seu uso no ensino.



             0.2 Tecnologias no ensino

                      O uso de tecnologias educacionais já ocorre na prática escolar, de formação básica, há
                      vários séculos. O termo ‘tecnologia’ refere-se a qualquer tipo de material ou recurso, que
                      não o humano, utilizado como auxílio para o desenvolvimento do processo de construção
                      do conhecimento, na escola ou fora dela. Por exemplo, Comenius1 e Pestalozzi, entre os
                      séculos XVI e XVII, já utilizavam abundantemente materiais educativos no contexto do
                      ensino da Geometria. Pelo menos há quarenta anos, recursos da informática são propostos
                      enquanto ferramenta no contexto educacional. Mais recentemente, o potencial da internet
                      enquanto meio e recurso de ensino é bem avaliado e bastante utilizado.
                      1
                          Nascido Jan Amos Komenský no 28 de março de 1592 em Uherský Brod, Moravia, República tcheca e falecido no 15 de novembro 1670 em Amsterdã.




          Figura 1:
  “The Measurers”,
        de Flemish,
   século XVI com
   instrumentos de
 medida da época.




                      Da Grécia clássica até meados do Século XX, um grande número de dispositivos foi
                      criado para servir ao traçado de figuras geométricas (PERGOLA, 2004; DELATTRE e
                      BKOUCHE, 1993, ver Figura 1). Com o passar do tempo, inúmeros instrumentos caíram em
                      desuso. Delattre e Bkouche (Up cit.) observam que apenas uma pequena quantidade de
                      instrumentos continua sendo usada: régua e compasso são bons exemplos. A simplicidade
                      de uso parece ser o atributo que tornam os instrumentos indispensáveis ao uso, mesmo no

Educar com o Redu     Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino                                                                                          11
contexto escolar.


                    Historicamente, a introdução de tecnologias no contexto do processo de ensino e
                    aprendizagem é visto como um favorecedor do mesmo, mas nunca como o fator
                    determinante de progresso e sucesso. São sempre as propostas e as práticas pedagógicas
                    que vão promover, em maior ou menor grau, o acesso aos conhecimentos. A interação
                    entre as pessoas, engajadas em intensas negociações, é que, portanto, caracteriza e
                    completa a problemática do uso de tecnologia educacional enquanto recurso didático no
                    ensino e mesmo na formação.


                    A Informática Educativa, área específica da Tecnologia da Informação e Comunicação —
                    TIC está sendo difundida no Brasil há mais de duas décadas e ainda são observados poucos
                    efeitos de sua propensa contribuição à melhoria da qualidade de educação. Uma grande
                    barreira deve estar na dificuldade que encontra o professor para lidar com os aspectos
                    técnicos necessários a utilização dos recursos em sala de aula. No que tange à Educação
                    a Distância (EaD), Silva (2011, p. 137) identificou “que mesmo professores com titulação
                    sentem dificuldades na interação com o ambiente virtual”. A razão principal para tal
                    problema seria as constantes mudanças que os ambientes virtuais sofrem.

                    Pesquisas recentes em Informática Educativa têm mostrado a relevância do computador
                    como uma ferramenta para aprendizagem de conceitos matemáticos. Ferramentas como
                    o Cabri Géomètre (CAPPONI e STRÄSSER, 1992; LABORDE, 1994, 1995; LABORDE e
                    VERGNAUD, 1994) ou Function Probe (CONFREY, 1992; CONFREY, 1994) têm se mostrado
                    úteis para o desenvolvimento de conceitos em geometria, tais como simetria e semelhança
                    (HÖLZI, 1996), e em álgebra, como o estudo de múltiplas representações (equações,
                    gráficos e tabelas) sobre funções (CONFREY, 1994; BORBA, 1993).


                    Dados do Ministério da Educação também apontam para as contribuições da tecnologia
                    no processo de aprendizagem da Matemática (INEP/MEC, 2001). No entanto, ainda são
                    poucas as experiências de uso desse material em escolas públicas brasileiras. Esse quadro
                    começa a mudar aos pouco com a implantação de laboratórios nas escolas públicas
                    estaduais e municipais; resultado de programas governamentais como o PROINFO e de
                    investimentos com fundos oriundos do setor de telecomunicações (BEMFICA, 2001).


                    Alguns dos objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) da educação
                    fundamental são sofisticados e sugerem métodos e técnicas de ensino bastante inovadoras
                    (BRASIL, 1997):


                    “Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e
                    construir conhecimentos.” (p.108).


                    “Os jovens têm muita facilidade para aprender a utilizar os recursos tecnológicos, por isso
                    rapidamente tornam-se especialistas no uso de determinadas aplicações do computador,
                    muitas vezes superando o conhecimento tecnológico dos professores. Alguns alunos se
                    destacam mais que outros em relação ao conhecimento das possibilidades de utilização
                    de recursos de softwares e hardwares, e podem ser fontes valiosas de informações para
                    outros colegas-instrutores ou tutores de outros. Também é possível criar situações em que
                    alunos de uma série ensinem outras séries.” (p.152)


Educar com o Redu   Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino                                         12
“Alguns conhecimentos básicos de informática devem ser ensinados e constantemente
                       relembrados com os alunos...” (p.152).




              0.3 Evidências da efetiva contribuição de TIC no Ensino

                       Diversos autores apontam para as contribuições possíveis do uso de TIC no ensino (NOSS e
                       HOYLES, 1993). O relatório do Programa Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB,
                       1999) já apresentava um dado interessante, no que diz respeito ao uso de computadores
                       em sala de aula como recurso didático e pedagógico (ver Tabela 1 a seguir).


          Tabela 1:     Disciplina                   Série                   Desempenho segundo utilização de
          Média de                                                           computadores pelos alunos
  desempenho dos                                                             Sim, uso.            Não, a escola não tem ou
   alunos segundo
                                                                                                  tem mas não usa.
      utilização de     Língua                       4ª E.F.                 186,59               167,13
    computadores        Portuguesa                   8ª E.F.                 236,45               229,02
      pelos alunos                                   3ª E.M.                 272,40               262,07
     como recurso       Matemática                   4ª E.F.                 186,59               177,63
   pedagógico por                                    8ª E.F.                 236,45               241,26
série e disciplina —                                 3ª E.M.                 272,40               273,22
 Brasil — SAEB/99.
 Fonte: MEC/INEP/      Nessa tabela, que apresenta dados da média do desempenho dos alunos segundo a
             SAEB.     utilização do computador como recurso pedagógico, fica evidente uma diferença
                       no nível de desempenho alcançado pelas turmas que utilizam os computadores em
                       relação às turmas que não utilizam este recurso tecnológico. Apesar dos baixos índices
                       de desempenho alcançados pelos alunos da educação básica, nos três níveis de ensino
                       investigados (ensino fundamental I, II e ensino médio), todas as turmas que utilizam o
                       computador como recurso pedagógico, apresentam um índice de desempenho superior às
                       turmas que não utilizam com fins educacionais. O uso de recursos tecnológicos, na prática
                       dos ensinos de Língua Portuguesa e Matemática, no nível Fundamental e Médio, fez elevar
                       significativamente os níveis de desempenhos obtidos pelos alunos.


                       Atualmente os profissionais de educação debatem a utilização de dois conjuntos de
                       recursos tecnológicos em suas práticas: 1) os recursos computacionais, como softwares
                       educativos ou componentes de aprendizagem, e 2) as ferramentas de comunicação e
                       interação via internet. Estes recursos são analisados há mais de duas décadas, e apesar
                       de seguidos esforços públicos para sua promoção, os softwares educativos ainda não
                       são utilizados por grande parte dos profissionais da educação de Ensino Fundamental e
                       Médio. A falta de familiaridade e a criação de tensões associadas ao uso do computador
                       e da internet têm bloqueado inúmeros profissionais quanto ao uso desses recursos.
                       Como boa parte das soluções desenvolvidas não é de qualidade para uso pedagógico,
                       faz-se necessário intervir continuamente e de forma aprofundada junto ao educador
                       para progressivamente construir com essa comunidade educacional as competências
                       profissionais consistentes e bem refletidas sobre o uso de tecnologias no processo de
                       ensino e aprendizagem.



Educar com o Redu      Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino                                               13
0.4 Histórico do uso de Tecnologias da Informação no Ensino

                    O trabalho com tecnologia e educação foi marcado por desafios diante dos cenários
                    apresentados nas décadas de 50 a 60, e, posteriormente após a década de 70. O seu
                    conceito expressa uma intencionalidade, científica e procedimental, para auxiliar a
                    educação enquanto processo de aquisição de novos conhecimentos.


                    Tajra (2007) define a tecnologia educacional da seguinte forma:


                    É uma maneira sistemática de elaborar, levar a cabo e avaliar todo o processo de
                    aprendizagem em termos de objetivos específicos, baseados na investigação de
                    aprendizagem e da comunicação humana, empregando uma combinação de recursos
                    humanos e materiais para conseguir uma aprendizagem mais efetiva.



                    E ainda Tajra (2007, p. 44) afirma que,


                    Tecnologia Educacional não é uma ciência, mas uma disciplina orientada para a prática
                    controlável e pelo método científico, a qual recebe contribuições das teorias de psicologias
                    da aprendizagem, das teorias da comunicação e da teoria de sistemas.



                    A referência acima apresenta um “mapeamento” do uso das tecnologias para educação,
                    especificamente do computador, como ferramenta enriquecedora do processo de ensino e
                    aprendizagem, destacando sua importância ao longo de 12 anos de pesquisas e estudos de
                    diversos especialistas em áreas ligadas à educação.


                    Na prática do ensino na escola ao longo dos anos, diversas abordagens já foram adotadas
                    por instituições públicas e privadas. Dois eixos justificam os programas de investimentos
                    em tecnologias no ensino. A primeira situação seria democratizar o acesso de informações
                    e a comunicação dos conhecimentos produzidos pela sociedade para os alunos e
                    professores, trazendo para o ambiente da escola, as produções acerca dos saberes
                    produzidos e incorporá-los à instituição. Desta dimensão surge a segunda situação,
                    informatizar o ambiente da escola com a integração dos aparatos da tecnologia e com
                    a capacitação dos agentes da escola, que são os profissionais da Educação e alunos
                    numa nova configuração escolar, o que implica numa mudança de configuração das suas
                    funções de educador.


                    Viu-se ocorrer diversas abordagens, como se resume a seguir:


                    Tecnologia da Informação e Comunicação enquanto disciplina: No início dos
                    anos 90, a TIC, além de novidade e fator de diferenciação, chegou como disciplina da
                    grade curricular. Porém, dissociada da realidade da sala de aula, das necessidades dos
                    professores e centrado em si mesma, a abordagem não conseguiu se estabelecer enquanto
                    prática pedagógica. Naquela época, os computadores chegavam às escolas ocupando um
                    espaço reservado — o Laboratório de Informática. Havia uma separação entre o que era
                    feito em sala de aula e o que se fazia no laboratório. Naquele tempo, havia uma tensão
                    entre o conteúdo curricular e o conteúdo relacionado à Informática, algo ainda novo na

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sociedade.


                    Uso do software educativo pronto: Compreendida a importância do professor no
                    processo de aprendizagem do aluno, chegou o momento de experimentar os softwares
                    prontos, fórmulas mágicas, para auxiliar, de maneira atraente a inserção da Informática no
                    contexto educacional e, aos poucos, iniciar de forma discreta, o processo de conquista
                    do professor. O professor não tinha autonomia e, apesar da Informática deixar a grade
                    curricular, ainda existia a figura do técnico, denominado “facilitador”, que dava aulas
                    no laboratório, a partir de planejamentos feitos pela equipe técnico-pedagógica de
                    informática educacional. A ideia, a partir de conteúdos específicos, era desenvolver
                    algumas atividades com os alunos, utilizando programas adquiridos pela escola, a partir de
                    avaliações feitas por técnicos de informática.


                    Uso de software de autoria: Com o advento dos softwares de autoria, surgiu uma nova
                    possibilidade dos professores, ainda coadjuvantes, viabilizarem a criação de materiais
                    multimídia, pelos alunos, sob a orientação dos facilitadores. Os conteúdos trabalhados em
                    sala de aula eram desenvolvidos nos laboratórios. Os trabalhos consumiam muito tempo e,
                    pela falta de acompanhamento pós-atividade, consequentemente, ficavam desatualizados
                    e obsoletos para uso posterior.

                    Material de apoio ao professor: Com a chegada dos materiais de apoio para os
                    professores (CD-ROM, softwares interativos e materiais de referência impressos), iniciou-
                    se uma nova fase na escola: o professor passou a ser mais ativo, dentro do processo de
                    ensino, a partir do enriquecimento dos planejamentos, ainda sob a responsabilidade
                    da equipe técnico-pedagógica de informática. Surgiram as aulas expositivas, utilizando
                    recursos audiovisuais, e aulas no laboratório, embora com aplicações não interativas,
                    e, em alguns casos, com interatividade limitada. Com efeito, a interdisciplinaridade e
                    a interatividade representaram um grande salto à implantação de novas tecnologias e
                    fundamentação dos conteúdos trabalhados em sala.


                    Internet nas escolas: Com a chegada da internet nas escolas, agregada ao material
                    de apoio, abriram-se novas possibilidades para planejar atividades mais dinâmicas e
                    estimular professores e alunos a pesquisarem. Surgiram os portais educacionais e com
                    eles alguns problemas. Um deles era a adequação dos conteúdos à filosofia e à proposta
                    pedagógica do prestador de serviços educacionais, transformando-os em algo formatado
                    e desvinculado da realidade da sala de aula e da proposta pedagógica da escola.


                    Ambientes de ensino e aprendizagem: A criação de ambientes de ensino e
                    aprendizagem, nos quais alunos e professores possam ser coautores e coresponsáveis
                    na criação e aquisição do conhecimento, melhora a aprendizagem, estimula a pesquisa,
                    difunde o conhecimento, quebra barreiras, coloca a tecnologia realmente como
                    ferramenta; valoriza, sobretudo, o papel do professor.


                    Software social e mobilidade: Atualmente, as tecnologias que os profissionais de ensino
                    buscam entender para utilizar no ensino são os softwares sociais e os celulares (sobre
                    o uso de celulares, leiam no Capítulo 7 o tópico Personal Learning Environment). As
                    justificativas são as mesmas. Como a escola pode não utilizar artefatos que são utilizados
                    pela sociedade? Dando a impressão que está alheia ao que se passa no seu entorno. Na

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seção a seguir definimos o que vem a ser um software social.



             0.5 Software social

                    As tecnologias informáticas, mais do que um ferramental para o acúmulo e circulação de
                    informações, dão amplo suporte para a mediação de interações. Pois, o conhecimento
                    humano se constitui na interação. Logo, tanto no contexto científico e educacional quanto
                    no empresarial, o desenvolvimento dos saberes (individuais e do grupo como um todo)
                    depende da comunicação.


                    Adota-se hoje o termo software social para uma gama maior de recursos de mediação
                    de interações, que vão além do interesse de desempenhar uma tarefa ou alcançar
                    determinado objetivo. O software social se constitui em um número de tecnologias
                    empregadas para a comunicação entre pessoas e grupos por meio da internet. Utilizados
                    através de websites ou aplicativos, o software social visa à comunicação e organização
                    de informações. O suporte dado à interação estimula que pessoas com interesses
                    semelhantes compartilhem diferentes ideias. “O software social pode contribuir também
                    para o debate e negociação de diferenças. Além disso, as possibilidades de publicação na
                    internet, acessíveis a qualquer internauta, vêm a ser o diferencial mais visível do software
                    social” (PRIMO e BRAMBILLA, 2004). Englobando uma área de sistemas de software que
                    permitem aos usuários compartilhar dados.


                    Segundo Spyer (2007, p. 21), “o termo ‘software social’ é a designação ao tipo de programa
                    que gera ambientes de socialização pela web, é o que está por trás da colaboração online”.
                    Sendo assim, podem ser citados: os softwares de redes de relacionamentos (no Brasil, o
                    Orkut e o Facebook — são as mais famosas); softwares sociais de mensagem instantânea,
                    como MSN messenger — canal de mensagem instantânea disponível para download
                    gratuito na web; blogs —­páginas online hospedadas por sites variados, onde é possível
                    enviar conteúdo constantemente de forma gratuita e sem censura, como um diário
                    virtual online, linkados por outros sites e softwares de simulação e interação. Este tipo
                    de comunicação mediada por computador tem se tornado muito popular entre os sites
                    sociais como Myspace , Facebook e Orkut; sites de mídia como Flickr, Youtube, bem como
                    sites comerciais, como Amazon.com e Ebay. Os diversos tipos de softwares sociais têm
                    na sua essência proporcionar a junção de grupos de pessoas, para troca de informação e
                    experiências. E apresentam como características a partilha, capacidade de disponibilização
                    de dados e mídia. Para Tim O´Reilly (2005) a Web 2.0 que propagou a expansão dos
                    softwares sociais conceitua-se como:


                    A mudança para uma internet como plataforma, e um entendimento das regras para
                    obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver
                    aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são
                    usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência coletiva.



                    Com esta afirmação, pode-se destacar que a moda da sociedade digital são os softwares
                    sociais. Ou seja, o uso de aplicativos que promovem e reúnem redes de relacionamentos
                    para fins sociais, profissionais, amorosos entre outros. Os softwares sociais têm como

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característica a geração de ambientes virtuais colaborativos para interação social. A
                    facilidade de comunicação e os recursos existentes nas ferramentas disponibilizadas
                    viabilizam a aproximação virtual entre usuários. A junção de pessoas para troca de ideias
                    e desejos em comum constrói-se um grande ciclo de colaboração social (CHEON e ANH,
                    2009). Estes possibilitam o encontro de grupos de pessoas com interesses em comum,
                    estabelecendo uma comunicação e aumentando a maneira como os usuários se ajudam.
                    Devido a essas características é que vários estudiosos têm pesquisado o uso de softwares
                    sociais nos mais diversos contextos. Estuda-se de que forma os softwares sociais podem
                    possibilitar recursos para ter impacto importante sobre a aprendizagem. Ainda são
                    escassas as soluções que refletem um ganho transformador no aprendizado em relação às
                    estratégias existentes. Há indícios na literatura sobre ensino e aprendizagem mediado por
                    tecnologia de que grande parte das necessidades de um ambiente educacional eficiente
                    ainda espera ser atendida.



             0.6 Softwares sociais no ensino

                    Na última década acompanhou-se o surgimento e adoção massiva de plataformas
                    colaborativas nas práticas de convívio e comunicação educativas. As soluções existentes
                    de plataformas de ensino são muitas, mas apresentam limitações ao uso. Como alternativa,
                    o uso de software social ou redes sociais na educação vem sendo apontado como uma
                    tendência para impulsionar transformações nos paradigmas educacionais e na prática da
                    formação à distância ao longo da vida.


                    Em particular, as redes sociais virtuais permitem criar uma estrutura na qual as pessoas,
                    os objetos e seus vínculos mútuos são interligados. Essas têm sido desenvolvidas para
                    diferentes propósitos — como o compartilhamento de vídeos, referências bibliográficas,
                    códigos, dicas de filmes, entre outros. Uma vantagem das redes sociais digitais é que
                    elas permitem formas de interações ricas, não lineares e plurais, visando promover a
                    colaboração e disseminação de conteúdo em círculos sociais motivados.

                    Uma rede social é uma estrutura social composta por pessoas (ou organizações, territórios,
                    entre outras) — designadas como ‘nós’ — que estão conectadas por um ou vários tipos
                    de relações (de amizade, familiares, comerciais, empresarial, sexuais e outras áreas), ou
                    que partilham crenças, conhecimento ou prestígio (DUARTE et al., 2008, p. 156). Com
                    esta visão, os softwares sociais, apresentam ferramentas que aplicam os conceitos de
                    rede social na internet. Para Recuero (2001), comunidades virtuais são junções sociais
                    que apareceram na internet, a partir do momento em que vários sujeitos levam a diante
                    discussões durante um tempo significativo, com desejos, sentimentos e interesses a ponto
                    de formar redes de relações pessoais no ciberespaço, vide Figura 2.


                    A construção das redes acontece independente dos interesses individuais. Elas são
                    construídas de acordo com as necessidades dos indivíduos, famílias ou grupos sociais.
                    “Dessa maneira, uma mudança da sociabilidade em sociedades complexas aconteceu
                    com a alteração de comunidades espaciais por redes como formas fundamentais de
                    sociabilidade” (CASTELLS, 2003, p. 107).


                    De acordo com Wellman e Berkowitz (1988) a maneira como as pessoas estão

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interconectadas umas com as outras tem chamado muito a atenção. Muitos teóricos têm
                      feito estudos sobre os efeitos no âmbito das relações individuais e na forma como os
                      coletivos se comportam quando se constituem como redes de alta densidade. Relações
                      individuais e coletivas, particularmente no ciberespaço, têm despertado o interesse dos
                      estudiosos de redes sociais, sociólogos, etnógrafos virtuais, ciberteóricos e especialistas
                      em gestão do conhecimento, enfim, de todos aqueles que pressentem que há algo novo a
                      ser investigado, que a atual vertigem da interação coletiva pode ser compreendida dentro
                      de certa lógica, e certos padrões, o que já era anunciado nos anos 80 pelos analistas
                      estruturais de redes sociais.


          Figura 2:
       Rede social.




                                                                            Você
                          Amigos dos        Amigos dos      Seus amigos
                          amigos dos        seus amigos
                          seus amigos




                      Segundo Recuero (2009), a interação de um indivíduo depende da reação do outro e há
                      orientação com as expectativas. Essas ações podem ser coordenadas através, por exemplo,
                      da conversação, onde a ação de um ator social depende da percepção daquilo que o outro
                      está dizendo. Segundo Recuero (Ibid.):


                      O advento da comunicação mediada pelo computador (CMC) e seu espalhamento,
                      através da apropriação das ferramentas técnicas proporcionadas pela Internet modificou
                      profundamente o modo através do qual as pessoas se comunicam.



                      As redes digitais representam um determinante fator no tocante à expansão de redes
                      sociais.



             0.7      Conclusão

                      O crescimento e o uso dos softwares sociais fizeram com que o conceito de comunidade
                      expandisse. Com a expansão das redes sociais virtuais, as novas formas de comunicação
                      e interação também tenderam a crescer. Destacando-se a facilidade de interação e
                      comunicação, bem como a informalidade na aquisição do conhecimento.


                      Através deste benefício, as mais diversas áreas de estudo procuraram explorar o fenômeno
                      das redes sociais virtuais. Como exemplo, podemos citar as seguintes áreas: empresarial,
                      marketing, educação, que além dos recursos de interação utilizam informações relevantes
                      nos perfis dos usuários, e têm como um dos fatores mais atrativos das redes sociais virtuais.


                      O processo educativo se aproveita deste tipo de participação social em ambientes que

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propiciam a interação, a colaboração e a avaliação. Dessa forma, as redes sociais virtuais
                    abrangem um espaço considerável para interações na rede, proporcionando a geração e
                    aquisição de conhecimento.


                    Para entender melhor o aspecto de colaboração e aprendizagem em redes sociais, a seguir
                    serão discutidos e definidos os conceitos de interações.



             0.8 Referências

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                    SILVA, R. J. S. Gestão de Tecnologia de Informação e Comunicação no Ensino Superior:
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Educar com o Redu   Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino                                        20
Capítulo 1
Fenômenos cognitivos no uso de
redes sociais no ensino
Alex Sandro Gomes e Flávia Veloso de Sousa



              1.1 Resumo
                    Os softwares sociais são artefatos que promovem a comunicação entre os atores do
                    processo de ensino e aprendizagem antes de qualquer outro fenômeno cognitivo. Os
                    processos de comunicação desdobram-se em fenômenos de comunicação síncronos e
                    assíncronos, colaboração, percepção social, aprendizagem em rede e autorregulação da
                    aprendizagem. Nas seções a seguir discutiremos os fenômenos cognitivos e sociais que
                    surgem com as práticas de ensino usando softwares sociais.



              1.2 Interações em redes sociais
                    As redes sociais virtuais apareceram como uma nova ferramenta para interação. A
                    virtualização das redes sociais criou vastos campos de ligação entre pessoas. Para
                    Dillenbourg et al. (2009), as tecnologias de aprendizagem não são apenas utilizadas em
                    situações de distância, mas também para reforçar a aprendizagem colaborativa, onde
                    a comunicação imita a interação presencial. Um sistema apoiado por computador e
                    colaborativo é um sistema no qual temos usuários com os mesmos objetivos e condições
                    para que possam compartilhar informações (SILVEIRA e LEITE, 2009). Além de disseminar
                    uma forma de aquisição do conhecimento. Hoje se torna evidente que a participação de
                    uma pessoa nas redes sociais é um caminho vasto para adquirir conhecimento (SERAFIM,
                    2010). “As tecnologias imersivas e colaborativas criam novas formas de interação” (ROCHA,
                    2004).

                    Explica-se que o alto teor de interações na internet tem um poder considerável na
                    busca por informação e é através das interações que temos esse favorecimento. Para
                    Kozinets (1999), quando um indivíduo torna-se frequentador assíduo das ferramentas
                    de comunicação da internet, este passa a tê-las como um meio para interação social e
                    aquisição de conhecimento. Contextualizando, Moore e Serva (2007) destacam que em
                    comunidades virtuais e colaborativas para os membros terem contribuição e assiduidade
                    efetiva, deverá haver uma variação de acordo com a participação em grupos de interesses
                    comuns. Essa determinação em como utilizar os ambientes virtuais, está aliada as
                    características do ambiente virtual proporcionado pelos softwares sociais. O usuário
                    participará de redes sociais virtuais de acordo com seu interesse, tipo e objetivo da rede
                    (MALONEY, KRICHMAR e PREECE, 2005).


                    Podem-se abordar software que possibilitam essa participação virtual em redes destacando
                    características citadas por Palácios (1998) e Recuero (2006) com relação às características
                    do espaço virtual que constituem. Segundo Lemos (2004), os sistemas de comunicação
                    mediados por computador trazem vantagens extremas aos sujeitos, já que ultrapassam os
                    paradigmas da localização e presença, possibilitando assim concretização e estabilização


Educar com o Redu   Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino                       21
de relações sociais mantidas a distância. Essas relações que podem ter diversas camadas,
                    onde serão criadas, mantidas e têm na web um espaço para interação. Observando
                    a definição original de Vigotsky (2000), a interação torna-se essencial a uma melhor
                    organização do pensamento. A solução de problemas ocorreria por meio de uma linha
                    lógica e elaborada que tem como líder do grupo um professor ou membro mais experiente
                    do grupo. Ou seja, para que essa interação aconteça satisfatoriamente numa rede social é
                    necessário que dois ou mais membros interajam de uma forma coerente.


                    Segundo Primo (2007), em comunidades virtuais em redes há formas especiais de
                    expressão da aprendizagem e comunicação. Quanto à aprendizagem, existe uma maneira
                    diferente e especial de se pensar, pois, não se trata de uma aprendizagem escolar-formal, e
                    sim de uma aprendizagem considerada social, como defende Vigotsky (2002).


                    A seguir, são apresentados os fenômenos cognitivos e sociais que ocorrem quando usamos
                    software social para mediar a comunicação em processos de ensino e aprendizagem.



              1.3 Comunicação Assíncrona
                    Para descrever o que vem a ser o gênero digital de comunicação assíncrona, vejamos o
                    seguinte exemplo. Imaginem o seguinte cenário:


                    Ana Maria divide um apartamento com uma colega de trabalho, Ângela. Ambas são
                    professoras de matemática da rede estadual de ensino de sua cidade. Ana não conseguiu
                    entender a resolução de um problema que ela encontrou em um manual antigo de
                    matemática o qual usaria em sua aula no turno da noite. Ela precisou sair e não encontraria
                    com Ângela à tarde para resolverem juntas o problema. Ana deixa sobre a mesa um
                    recado, pedindo ajuda da amiga para resolver o problema, que se encontra abaixo com o
                    enunciado. Ao chegar em casa, no início da tarde, Ângela encontra o pedido de sua amiga,
                    resolve o problema e deixa a solução sobre a mesa. Deixa ainda uma explicação. Ana
                    encontra a resolução sobre a mesa... Ufa! Sua aula está completa.



                    Nesse cenário, Ana coloca um desafio e cria para si uma situação na qual ela e a colega
                    resolvem um problema, mesmo sem se encontrar. Elas usam uma forma de tecnologia
                    simples: um sistema de códigos gráficos que lhes permitem dividir a tarefa de resolver o
                    problema. O significado dos códigos é compartilhado por ambas, e esses são instrumentos
                    adequados e suficientes para a resolução do problema. A Figura 3 mostra um trecho de
                    comunicação assíncrona entre professores e alunos.


                    O Redu permite ainda uma segunda forma de comunicação assíncrona: a troca de
                    mensagens internas. Estas são como mensagens de correio eletrônico e permitem uma
                    comunicação privada pela rede social. A Figura 4 mostra uma imagem do serviço de
                    mensagens interno.


                    Em um estudo recente, percebeu-se que as ferramentas de comunicação assíncrona
                    providas pelo Redu passam a ideia de ser uma interação eficiente, segundo os participantes



Educar com o Redu   Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino                         22
Figura 3:
    As perguntas e
     respostas que
  são deixadas nos
  murais permitem
uma comunicação
        assíncrona.




          Figura 4:
     Mensagens de
 correio eletrônico
  internas ao Redu.




                      (GOMES et al. 2011). Este aspecto de eficiência da interação no Redu em comparação com
                      episódios presenciais pode ter por base a disposição das opiniões dos participantes e uma
                      maior flexibilidade de formas de comunicação. Nessa direção, quando questionados com
                      relação à inibição, todos os participantes afirmaram que no Redu eles participaram de
                      maneira mais efetiva das aulas e sem acanhamento do que nos momentos de sala de aula.


Educar com o Redu     Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino                      23
1.4 Comunicação Síncrona

                      Uma das primeiras necessidades dos usuários de plataformas de ensino é a de perceber
                      a presença de seus colegas quando acessam o sistema. A percepção da presença dos
                      colegas e das atividades que esses participantes realizam no ambiente virtual pode ser
                      atendida pelo uso de formas síncronas de comunicação. Essas formas de comunicação são
                      familiares para além do Redu. A estrutura é de mensagens trocadas instantaneamente em
                      ambientes de bate papo. Para tornar mais produtivo o uso do Redu, um sistema de bate
                      papo mostra uma lista de contatos dos alunos e professores quando eles estão dentro de
                      um ambiente de ensino. A Figura 5 mostra uma imagem deste bate papo.


          Figura 5:
     Comunicação
      síncrona por
        mensagens
   instantâneas no
             Redu.




                      A necessidade de indicação de quem está presente numa seção da rede no momento
                      que o aluno ou o professor está usando a mesma também é identificada como sendo
                      uma necessidade dos usuários (GOMES et al. 2011). Mesmo participando de várias formas
                      de comunicação assíncrona, eles destacaram a dificuldade de interagir com quem está
                      presente na seção e a disposição de um bate papo beneficia a interação. No Redu, os
                      alunos (indicados abaixo por A3 e A6) reclamam a necessidade da mensagem chegar mais
                      rápido quando eles estiverem online, evitando uma atualização manual das mensagens
                      recebidas.

               A3     Essa atualização, ficar atualizando o tempo todo, era pra tipo ele atualizar normalmente.

               A6     É, concordo. Se lá a gente pudesse saber que uma pessoa tava online pra gente discutir
                      um assunto que a pessoa tem dúvida ou queira discutir sobre alguma disciplina que


Educar com o Redu     Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino                          24
agente tem na rede. Era bom porque a pessoa ia postando as suas perguntas e a pessoa ia
                       respondendo quem estivesse online. E quem não tivesse online as pessoas já ia conversar
                       com outra pessoa discutindo os assuntos da disciplina já saber a resposta logo. Assim
                       ficava quase que a pessoa em frente a outra pessoa perguntando a resposta, tirando a
                       dúvida. Por isso que eu acho que é uma das limitações que o programa tem, é que não tem
                       essa possibilidade. [sic]



                       Mesmo participando de uma comunicação assíncrona, eles destacaram a dificuldade de
                       interagir com quem está presente na seção.



              1.5      Colaboração

                       A colaboração encerra um dos mais recentes capítulos da evolução dos métodos e
                       técnicas de ensino; inclusive vislumbrando a transcendência da prática educativa dos
                       muros da escola e do tempo da sala de aula. Na última década acompanhou-se o
                       surgimento e adoção massiva de plataformas colaborativas como prática de convívio e
                       comunicação. Como discutido antes, as redes sociais virtuais fornecem uma estrutura
                       de pessoas, objetos e seus vínculos mútuos, e têm sido desenvolvidas para diferentes
                       propósitos como o compartilhamento de vídeos, referências bibliográficas, código, dicas
                       de filme. Nessas, as discussões, ajudas e debates ocorrem a partir do estímulo de um
                       material multimídia, como mostrado na Figura 6.


          Figura 6:
   Pedido de ajuda
     pelo mural da
         disciplina.




Educar com o Redu      Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino                        25
Esse tipo de colaboração viabilizada pelo Redu facilita a participação de todos e traz
                    como consequência um grande número de contribuições. Além disso, também há uma
                    melhora qualitativa na interação devido ao tempo que os participantes empreendem para
                    pensar e refletir antes de enviar suas contribuições. Outro tipo de ganho na qualidade da
                    experiência de ensino é o fato do mural registrar as trocas e servir como memória dos
                    diálogos passados.


                    Em um trabalho recente analisaram-se os fenômenos de colaboração (GOMES et al.,
                    2011). As ferramentas de comunicação assíncrona providas pelo Redu passam a ideia de
                    ser uma interação eficiente, de acordo com os participantes. Este aspecto de eficiência
                    da interação no Redu, em comparação com episódios presenciais, tem por base as
                    opiniões dos participantes que acreditam ter uma maior flexibilidade com a utilização
                    da ferramenta. Nessa direção, quando questionados em relação à inibição, todos os
                    participantes afirmaram que no Redu eles participaram de maneira mais efetiva das aulas e
                    sem constrangimento.

               A2   (...) até que quando um professor tá dando uma aula em sala de aula, ai tem um
                    determinado aluno que quer tirar uma dúvida com o professor né? Ai pede pra tirar essa
                    dúvida. Ai tem outro certo aluno que sabe tirar essa dúvida, explicando de um jeito que a
                    gente consegue entender melhor que o professor. Ai fica ali, fica impedindo dele esclarecer
                    mais para o colega ali . No Redu não. Tanto que quando ele postava uma pergunta lá
                    quando um aluno sabia já ia lá diretamente. [sic]



                    Além disso, observa-se a participação de um maior número de pessoas, tendo em vista que
                    elas poderiam participar em horário e local distintos, e convenientes a cada uma delas. Esse
                    tipo de comunicação utilizada no Redu facilita a participação de todas e todos trazendo
                    como consequência um grande número de contribuições e também uma melhora
                    qualitativa na interação devido ao tempo que os participantes dispunham para pensar e
                    refletir antes de enviar suas contribuições.

               A1   A interação no Redu foi melhor porque a gente tinha mais acesso ao professor e colegas. E
                    também pra fazer perguntas pra eles e pra o professor também. [sic]



                    Os alunos também acharam positiva a ampliação do tempo de interação para além da sala
                    de aula. Com o uso do Redu eles tiveram a possibilidade de ampliar o tempo de debate
                    sem ficar limitado ao tempo da aula presencial. Esse tempo representou uma oportunidade
                    para tirar dúvidas que surgiam sobre o assunto a qualquer momento.

               A7   (...) às vezes você tem a aula com o professor, ai depois você vai rever o conteúdo né em
                    casa ai você fica com algumas dúvidas. Ai no programa você tinha como tirar essas dúvidas
                    com o professor na hora em que você teve. Ele respondia pra você sem precisar tá na sala
                    de aula. [sic]



                    Os alunos sentiram-se integrantes de um grupo de estudo, isso, podemos atribuir às
                    formas de percepção da atividade social presentes na interface do Redu.


Educar com o Redu   Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino                       26
A percepção social corresponde a um conjunto de elementos que figuram nas telas de
                      ambientes de aprendizagem e que representam as dinâmicas de troca e ações realizadas
                      pelos usuários da rede. O fato de saber o que os outros colegas fazem, contribui para
                      diminuir a sensação de isolamento dos alunos, promove um maior engajamento e torna
                      os encontros em sala de aula motivadores e mais produtivos. A Figura 7 mostra como
                      no mural ocorre a comunicação da atividade das pessoas para promover a percepção
                      desejada.


          Figura 7:
Informações sobre
   as atividades de
  colegas no Redu.




                      Os participantes sentem a necessidade de manterem-se sempre atualizados em relação ao
                      que estava acontecendo no ambiente (GOMES et al., 2011). Nesse caso, a percepção das
                      novas amizades, como também a visualização de suas atividades, é de extrema importância
                      para se perceber enquanto membro de um grupo social que tem objetivos de ensino e
                      aprendizagem em comum.



              1.6     Aprendizado em rede

                      Segundo Dillenbourg (1999) para que ocorra um aprendizado colaborativo é necessário
                      que exista interação entre todos os envolvidos. Percebeu-se com o uso do Redu que
                      os participantes sentiram-se à vontade para expressar suas opiniões, perguntarem,
                      responderem aos questionamentos dos outros colegas e dos professores (GOMES et al.,
                      2011). Também foi observada uma mudança na forma como os alunos percebiam o papel
                      dos professores. Parece haver uma relação de igualdade entre os envolvidos. O texto a
                      seguir ilustra esse efeito. Trata-se de um trecho extraído do debate ocorrido no Redu após
                      uma aula presencial sobre o assunto escravidão.


              A10     Realmente nas novelas... quem representa as pessoas ricas... são atores de pele
                      brancaaa [sic] Nov 22, 2010 4:54pm


Educar com o Redu     Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino                       27
A9   Esse assunto é bem amplo e pode ser abordado em várias matérias não só em histórias mas
                    em outras, para a sociedade estudantil se conscientizar que o preconceito não vai melhora
                    nada em nossas vidas. [sic] Nov 17, 2010 1:31am


               A1   Concluindo: há uma distância enorme entre os “mundos” dos negros e o mundo dos
                    brancos. E quem cria essa distância? A própria sociedade. Flw. [sic] Nov 14, 2010 7:10pm

               A8   Sem dúvidas, A1! Atualmente vê-se o mundo da seguinte forma: o mundo dos “brancos”
                    é marcado pela alegria, civilizado, urbano...! enquanto que os dos negros é visto com
                    tristeza, violência e etc. [sic] Nov 14, 2010 7:07pm


               A1   É tão de um jeito, que em novela e alguns programas de TV, a empregada é negra,
                    o marginal é negro. COMO PODEMOS ACABAR COM ISSO SABENDO QUE É MUITO
                    DISCUTIDO NAS ESCOLAS????? [sic] Nov 14, 2010 11:53am


               A1   A escravidão é um assunto muito falado nas escolas, com isso, podemos concluir que o
                    preconceito ainda é muito grande em relação para com o negro. [sic] Nov 14, 2010 11:51am



                    Na análise dos dados coletados identificaram-se algumas dificuldades relatadas pelos
                    participantes no momento da interação uns com os outros. Para os alunos, a interação
                    em certos momentos é complexa. Eles relataram que em determinados momentos a
                    comunicação com os colegas ficou limitada ao número de caracteres podia ser postar uma
                    mensagem. Essa dificuldade foi sentida durante todo o curso1.


               A1   (...) falta de eficiência foi em relação ao número de caracteres que tinha lá exigido na
                    pergunta (200 caracteres). Se a pergunta fosse muito extensa você tinha que procurar
                    minimizar a pergunta no mínimo por causa do número de caracteres. [sic]



                    Os alunos destacaram também a importância da interação com outras comunidades. Para
                    eles seria interessante a rede ampliar o seu acesso a outros alunos de outras redes.


               A1   Porque na maioria das vezes só tá tendo debate com o que os professores falam e os
                    alunos só fazem perguntas do que os professores falam, se tivesse outras comunidades,
                    outras redes para interagir era melhor. [sic]



                    O acesso ao meio também foi identificado como uma dificuldade. Um aluno em seu relato
                    identifica que teve dificuldade inicialmente, mas, destaca que o poder de interação foi
                    essencial para o aprendizado da ferramenta, dentro da rede com seus colegas.


               A2   No começo eu achei que tinha dificuldade porque não tinha muito assim acesso. Mas eu
                    fui tirando dúvidas com os colegas e ficou mais fácil, assim, de tudo saber. [sic]



                    1Essa limitação já foi retirada e a quantidade de caracteres de uma contribuição no mural de um curso foi
                    ampliada para permitir uma comunicação com mais palavras.


Educar com o Redu   Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino                                          28
Os meios de comunicação providos pelo Redu permitem criar formas de interação que são
                    ricas em suas vivências sociais. É necessária, entretanto, a utilização da ferramenta para o
                    processo de aprendizagem da mesma de forma efetiva.



              1.7 Autorregulação da Aprendizagem

                    Durante o uso do ambiente Redu pelos participantes, buscou-se também identificar
                    situações que mostrassem como o mesmo poderia ajudar os alunos no processo de
                    autorregulação da aprendizagem. Segundo Zimmerman (2000) a autorregulação da
                    aprendizagem pode ser definida como qualquer pensamento, sentimento ou ação criada e
                    orientada pelos próprios alunos para a realização dos seus objetivos.


                    Planejar a forma de aprender: definindo tarefas, monitorando e avaliando o seu progresso
                    são habilidades referentes à metacognição, a qual se refere ao nível do pensamento
                    que envolve ativar o controle sobre os processos de pensar. Algumas das estratégias
                    metacognitivas utilizadas pelos alunos para a autorregulação são: planejar seu processo de
                    aprendizagem, checar e monitorar o seu progresso, selecionar, revisar, avaliar, bem como o
                    acompanhamento do que os colegas estão fazendo.

                    No experimentado relatado em Gomes et al. (2011) os alunos usaram comentários em
                    fórum para busca de ajuda, conforme protocolos abaixo.


               A3   Ai agente mandava lá as perguntas e o professor ia lá, debatia, olhava as perguntas que
                    tinham lá e respondia pra você. [sic]


               A4   (...) em relação ao número de perguntas, aumentou a possibilidade de você fazer um maior
                    número de perguntas devido a possibilidade de várias pessoas responderem, muitas vezes
                    até o professor poderia até discordar e tinha o debate dos alunos sobre o que eles achavam
                    da resposta que o professor dava. Era bem interessante essa parte do Redu. [sic]



                    A autoavaliação também foi comumente associada, a partir de comparações com
                    atividades, aos demais colegas. Foi importante para auxiliar os alunos a terem possibilidade
                    de poder acompanhar todas as atividades que estavam sendo desenvolvidas pelos colegas
                    que tinham objetivos comuns de aprendizagem. A forma com que o Redu apresenta o que
                    os colegas produzem é importante nesse processo de autorregulação do aluno.


               A6   (...) A pessoa vai ter acesso às perguntas e respostas de todos os alunos que tão postando
                    mensagens. E no caso ali, das pessoas que segue. Ali também é bom porque a pessoa
                    quando quiser fazer uma pergunta ou responder alguma coisa direcionado a alguém que
                    a pessoa segue, a pessoa só é clicar lá e ... postar a mensagem e botar a mensagem pra
                    pessoa .... a pergunta ou a resposta pra quem a pessoa quer direcionar...., mais não é só
                    isso.... todo o mundo tá vendo quando coloca lá a pergunta, a mensagem. Se outra pessoa
                    quiser responder, ela também responde. [sic]




Educar com o Redu   Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino                        29
1.8 Percepção social

                    A percepção social é a percepção que os alunos devem ter sobre o próprio grupo de
                    aprendizagem e sobre as conexões sociais existentes dentro deste grupo (PRASOLOVA-
                    FORLAND, 2002). De forma geral, envolve o conhecimento sobre quem é o grupo, qual
                    o seu objetivo, qual a sua estrutura, quem do grupo está presente, qual o papel de cada
                    participante, responsabilidades, entre outras informações.


                    No mundo real, essas informações são obtidas naturalmente pelos alunos através da
                    comunicação informal e pela interação com outras pessoas (PRASOLOVA-FORLAND e
                    DIVITINI, 2003). No entanto, o próprio ambiente deve disponibilizá-las para que os alunos
                    possam reconhecer o grupo no qual estão inseridos, construir relações e identificar
                    potenciais colaboradores. Dessa forma, pode ser criado um clima de confiança e amizade
                    entre os usuários, o que encoraja o levantamento de questões e a troca de idéias. E isto,
                    por conseguinte, favorece a realização de atividades e a construção de conhecimento
                    dentro do grupo de aprendizagem.


                    Os participantes do Redu também sentiram necessidade de se manterem sempre
                    atualizados em relação ao que estava acontecendo no ambiente (GOMES et al., 2011):


               A6   Tá usando durante o fim de semana, durante a semana tá usando a internet e sempre tá
                    olhando lá no Redu, senão agente fica sem saber o que tá acontecendo. Ai, quando agente
                    vai olhar tem que vê tudo pra saber o que tá acontecendo. [sic]



                    Nesse processo, os alunos demonstraram interesse em perceber as transformações que
                    ocorrem no Redu, bem como a necessidade de perceber o que os colegas fazem. Os
                    alunos também destacaram a importância do acesso ao material disponibilizado pelos
                    professores. Chegaram, inclusive, a sugerir que a disponibilização do material anteceda as
                    aulas.


              A12   P2 depois de tantas aulas só agora pude observar, q talvez as mesmas ficariam mas
                    interessantes se vc disponibilizasse as apostilas das determinadas culturas, dias antes das
                    aulas acontecerem. [sic] Nov 13, 2010 10:34 pm



                    A partir da identificação dessa necessidade foram criadas formas de representar as
                    transformações ocorridas nos espaços de convivência no Redu conforme mostrado na
                    Figura 8.



              1.9 Conclusões

                    O Redu mostra-se transparente à realização de práticas de comunicação, colaboração,
                    aprendizagem colaborativa e da prática docente. Ele oferece suporte à colaboração,
                    discussão e disseminação de conteúdo educacional. Ele é concebido para que alunos
                    e profissionais de ensino disponham de ambientes de armazenamento, resolução
                    colaborativa de provas, visualização do desempenho e autorregulação da aprendizagem.


Educar com o Redu   Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino                            30
Nele a colaboração ocorre em momentos diferentes de suas seções.


          Figura 8:
     Sinalização de
   transformações
ocorridas no mural
      da disciplina.




            1.10       Referências

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Educar com o Redu      Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino                                31
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Educar com o Redu   Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino                          32
Capítulo 2
Ensino e aprendizagem mediados
pelo Redu
Alex Sandro Gomes, João Alberto Brito de Abreu, Luis Claudeivan e Flávia Veloso de Sousa



              2.1 Resumo
                    Para ser percebida como eficaz ao ensino, as interfaces de uma tecnologia, a priori, devem
                    ser fáceis de usar. Nas seções a seguir será apresentado como o Redu pode ser utilizado
                    em atividades recorrentes da prática docente. O Redu pode servir como ferramenta ao
                    planejamento de aulas, ao compartilhamento de materiais, ao acompanhamento e à
                    mediação didática. Para ser adotada, a experiência com o Redu deve ser percebida como
                    agradável pelo professor.



             2.2 A prática docente: planejamento, coordenação e mediação
                    Um aspecto bastante importante no uso de um ambiente como o Redu no processo de
                    ensino e aprendizagem é a facilidade de incorporação de sua utilização na prática docente.


                    Durante a realização de um estudo de caso procurou-se identificar como o professor
                    iria planejar, ensinar e avaliar utilizando o Redu (GOMES et al., 2011). Para atingir esse
                    objetivo buscou-se modelar a prática docente nas redes sociais educacionais, bem
                    como, investigar qual a possível contribuição que a intermediação via Redu pode trazer
                    ao processo de planejamento, coordenação e mediação. O contexto de observação da
                    pesquisa considerou dois momentos: no primeiro momento foi realizada a observação
                    do planejamento de ensino realizado pelo professor dentro do ambiente do Redu. No
                    segundo momento foi realizada a observação de todas as interações que ocorreram
                    mediadas via Redu. Buscou-se identificar como ocorria a interação do professor com os
                    alunos, tanto nos momentos presenciais quanto nos momentos à distância, intermediados
                    pelo Redu.


                    Observou-se que durante o uso do Redu, os alunos questionaram mais o professor, ao
                    mesmo tempo em que participaram das discussões, inclusive sugerindo alterações nas
                    atividades propostas por ele (GOMES et al., 2011). Os professores, por sua vez, assumiram
                    papel de mediador. Esta mudança no papel dos professores permitiu uma efetiva
                    colaboração entre todos os participantes (professores e alunos).


                    Os professores realizaram atividades de planejamento no Redu, tais como criação de
                    aula, criação de redes, reflexão sobre o que havia sido planejado e os resultados obtidos.
                    Nessa última atividade os professores solicitaram que o material utilizado anteriormente
                    fosse revisado pelos mesmos, com a finalidade de manter o que tinha obtido sucesso,
                    alcançando os objetivos estabelecidos nessa etapa, e reestruturar o material que não tinha
                    obtido os resultados esperados.


                    Durante a realização das atividades propostas pelos alunos, os professores realizaram


Educar com o Redu   Capítulo 2: Ensino e aprendizagem mediados pelo Redu                                        33
tarefas de coordenação e mediação que consistiram em: notificar os alunos sobre novas
                    atividades, apresentar o curso, responder aos questionamentos dos alunos relativos ao
                    conteúdo e a estrutura do curso. A seguir, são exibidos alguns exemplos das atividades (P2,
                    P3 e P1 são professores, e A15 é aluno):


               P2   Olá caros alunos, é um prazer tê-los aqui na rede de contatos Redu, desta forma em breve
                    estarão disponíveis todas as informações inerentes as culturas. [sic]


               P3   Depois vou deixar os textos de história para vocês olharem, Ok? [sic]


               P2   ATENÇÃO: AS AULAS SERÃO REALIZADAS NO LAB. DE INFORMÁTICA, NO CURSO DE
                    SISTEMAS DE INFORMAÇÃO. Aula referente à continuação do Sistema de Produção da
                    Cultura da Mandioca. [sic]


               P2   O peso das sementes que será utilizada na equação matemática 03, deve compreender
                    valores entre 20 à 80 gramas, para o peso das 100 sementes. Ok, A15. [sic]


               P1   Outras informações importantes: Fique atenta a plataforma do Redu para que a aula não
                    seja interrompida. Obrigado [sic]



                    Assim, o professor estrutura sua ação educativa e inicia-se o processo de mediação, sem
                    ampliar a distância que pode existir entre ele e os alunos (Ver Capítulo 7 sobre o conceito
                    de distancia transacional). Os módulos organizados são guardados e compartilhados.
                    Podem ainda ser utilizados diversas vezes, proporcionando uma economia de tempo para
                    os professores.



             2.3 Compartilhamento de planos de aula

                    O Redu foi concebido para que alunos e profissionais de ensino disponham de ambientes
                    de armazenamento e resolução colaborativa de provas e visualização do desempenho
                    (MELO, 2010). Tendo como principal característica sua utilização na análise das interações
                    entre os pares da rede social para promover o encontro, a oferta de materiais e situações
                    pertinentes ao aprendizado de forma personalizada.


                    O professor pode planejar o conteúdo da disciplina ou cursos que ministra em vários
                    módulos com conteúdos. Cada módulo específico contém seus assuntos. Estes módulos
                    podem ser planejados com antecedência e são compartilhados com os alunos por meio da
                    visão dos diferentes módulos como mostra a Figura 9.



             2.4 Compartilhar materiais

                    O Redu constitui-se como um prático suporte à disseminação de conteúdo educacional.
                    Os professores podem disponibilizar para os alunos materiais em diferentes formatos:
                    videoaula, documentários e reportagens. Após o professor inserir todo esse conteúdo, ele
                    poderá utilizar esses recursos em todas suas disciplinas nos mais variados cursos. A Figura


Educar com o Redu   Capítulo 2: Ensino e aprendizagem mediados pelo Redu                                      34
10 mostra um vídeo sendo compartilhado dentro do módulo de Variação Linguística que
                       foi visto na Figura 9.


          Figura 9:
         Conteúdo
  programático da
         disciplina.




         Figura 10:
Compartilhamento
 de vídeo no Redu.




Educar com o Redu      Capítulo 2: Ensino e aprendizagem mediados pelo Redu                                  35
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  • 2. Educar com o Redu 1ª edição Abril de 2012 Editores: Alex Sandro Gomes Ana Luiza Rolim Wilson Martins da Silva Revisão: André Diniz de Moraes Design gráfico: Sérgio Fontes Colaboradores (em ordem de exibição): Romero Tori Ricardo José de Souza Silva Rodrigo Siqueira Flávia Veloso de Sousa João Alberto Brito de Abreu Luis Claudeivan Claudia Roberta Araújo Gomes Helder Silva Rosângela Carvalho Hugo Lima Nivson Santos Júlio Rangel Ficha catalográfica: Thiago Leite E 24 Educar com o Redu / Colaboradores: Alex Sandro Gomes ... [et al.] – Recife: Redu, Educational Technology, 2012. 103 p.: il. Demais colaboradores: Ana Luiza Rolim, Wilson Martins da Silva, Romero Tori, Ricardo José de Souza Silva, Rodrigo Siqueira, Flávia Veloso de Souza, João Alberto Brito de Abreu, Luis Claudeivan, Claudia Roberta Araújo Gomes, Helder Silva, Rosângela Carvalho, Hugo Lima, Nivson Santos e Júlio Rangel. 1. Educação; 2. Tecnologia. CDD 370 This work is licensed under the Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License. To view a copy of this license, visit http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/ or send a letter to Creative Commons, 444 Castro Street, Suite 900, Mountain View, California, 94041, USA.
  • 3. Índice p. 3  Índice p. 6  Apresentação p. 9  Prefácio p. 11  Introdução Softwares sociais no contexto do ensino 0.1 p. 11  Resumo 0.2 p. 11  Tecnologias no ensino 0.3 p. 13  Evidências da efetiva contribuição de TIC no Ensino 0.4 p. 14  Histórico do uso de Tecnologias da Informação no Ensino 0.5 p. 16  Software social 0.6 p. 17  Softwares sociais no ensino 0.7 p. 18  Conclusão 0.8 p. 19  Referências p. 21  Capítulo 1 Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 1.1 p. 21  Resumo 1.2 p. 21  Interações em redes sociais 1.3 p. 22  Comunicação Assíncrona 1.4 p. 24  Comunicação Síncrona 1.5 p. 25  Colaboração 1.6 p. 27  Aprendizado em rede 1.7 p. 29  Autorregulação da Aprendizagem 1.8 p. 30  Percepção social 1.9 p. 30  Conclusões 1.10 p. 31  Referências p. 33  Capítulo 2 Ensino e aprendizagem mediados pelo Redu 2.1 p. 33  Resumo 2.2 p. 33  A prática docente: planejamento, coordenação e mediação 2.3 p. 34  Compartilhamento de planos de aula 2.4 p. 34  Compartilhar materiais 2.5 p. 36  Acompanhamento 2.6 p. 37  Mediação 2.7 p. 38  Conclusão 2.8 p. 39  Referências
  • 4. p. 40  Capítulo 3 Métodos e técnicas de ensino com o Redu 3.1 p. 40  Resumo 3.2 p. 40  O que muda na relação professor-aluno 3.3 p. 40  Professor percebido como parte do grupo 3.4 p. 41  Mais tempo de interação com professores e colegas 3.5 p. 42  Interação com comunidades de outras turmas 3.6 p. 42  Criar uma conta no Redu 3.7 p. 43  Criar ambientes de ensino e um primeiro curso 3.8 p. 45  Criar cursos no ambiente 3.9 p. 45  Criar disciplinas no curso 3.10 p. 46  Estruturação do plano de aulas 3.11 p. 47  Incluir recursos nos módulos de um curso 3.12 p. 47  Notificar a existência dos planos de aula e materiais 3.13 p. 48  Coordenação dos participantes 3.14 p. 49  Conclusões 3.15 p. 49  Referências p. 50  Capítulo 4 Novas situações de ensino e aprendizagem no Redu 4.1 p. 50  Resumo 4.2 p. 50  Situação de ensino 4.3 p. 51  Apresentar conceitos com distintos recursos (blended learning) 4.4 p. 52  Avisar a disposição de um novo material 4.5 p. 52  Notificar sobre evento que ocorrerá em sala de aula 4.6 p. 53  Revisitar o conteúdo discutido em aula a posteriori 4.7 p. 54  Compartilhar materiais complementares 4.8 p. 54  Notificar mudanças nas distintas seções do ambiente 4.9 p. 55  Conclusões 4.10 p. 55  Referências p. 56  Capítulo 5 O processo de aprendizagem no Redu 5.1 p. 56  Resumo 5.2 p. 56  Aprendizagem e Metacognição 5.3 p. 58  Autorregulação de aprendizagem 5.4 p. 61  Autorregulação online 5.5 p. 63  Percepção do trabalho a ser realizado 5.6 p. 63  Corregulação da aprendizagem 5.7 p. 64  Conclusões 5.8 p. 65  Referências p. 68  Capítulo 6 Avaliação da aprendizagem com o Redu 6.1 p. 68  Resumo 6.2 p. 68  Avaliação na Educação 6.3 p. 71  Avaliação na prática docente 6.4 p. 72  Avaliação para Educação de Qualidade 6.5 p. 74  Educação enquanto experiência
  • 5. 6.6 p. 74  Redes sociais educativas como sistemas computacionais de monitoramento 6.7 p. 75  Avaliação do desempenho como parte do processo de autorregulação 6.8 p. 77  Indexação da atividade dos alunos: descritores 6.9 p. 77  Visualizações 6.10 p. 82  Integração com sistema de gestão acadêmico 6.11 p. 83  Conclusão 6.12 p. 83  Referências p. 86  Capítulo 7 Distância transacional e mobilidade com o Redu 7.1 p. 86  Resumo 7.2 p. 86  Mobile Learning: Conceitos e Requisitos 7.3 p. 87  Distância Transacional: Obstáculo ou Impulso ao e-Learning? 7.4 p. 88  Personal Learning Environment 7.5 p. 90  Promoção do Engajamento por meio de Personal Learning Environment 7.6 p. 90  Entrada no sistema 7.7 p. 91  Visualização da lista de recursos 7.8 p. 92  Visualização da lista de cursos 7.9 p. 92  Informação de uma nova dúvida 7.10 p. 93  Notificação 7.11 p. 93  Leitura de uma dúvida 7.12 p. 94  Resposta da dúvida 7.13 p. 94  Leitura das respostas anteriores 7.14 p. 95  Tela de lista de dúvidas 7.15 p. 95  Resposta de uma dúvida 7.16 p. 96  Acompanhamento da lista de dúvidas dos alunos 7.17 p. 96  Tela com menu de opções em aberto 7.18 p. 97  Ajuste das configurações 7.19 p. 97  Tela de ajuste da fonte 7.20 p. 98  Conclusão 7.21 p. 98  Referências p. 100  Anexo Resistência ao uso de TIC no ensino p. 102  Referências
  • 6. Apresentação A ideia deste livro é estimular o debate sobre a concepção de novos métodos e técnicas de ensino e aprendizagem voltadas para criação, atualização e transformação dos processos de comunicação entre professores, alunos e outros atores envolvidos com o processo educativo. Para tanto, os autores das páginas que seguem propuseram-se a estudar, analisar e apresentar, para o público de educadores que atuam no contexto do Ensino Fundamental, Médio e Superior e na formação de adultos, os desafios de trabalhar sistematicamente com o software social Redu no ambiente educacional. A criação do software social Redu, ou apenas Redu, foi motivada pela necessidade de se conceber um ambiente virtual de ensino e aprendizagem cujo acesso fosse facilitado envolvente para coordenadores, professores, pais e alunos. Nesta perspectiva, as características desse ambiente foram desenvolvidas com ensejo de possibilitar a elaboração de novas modalidades de comunicação, interação e compartilhamento de experiências docentes, com intuito de otimizar a prática de ensino-aprendizagem e gerir novas possibilidades de ensino, acessíveis por meio de interfaces de acesso simplificado e intuitivo. Todavia, caro leitor, você pode estar se questionando acerca das motivações para idealizar um novo software educacional no mercado e, principalmente, quais as razões que estimularam os autores deste livro a debruçarem-se sobre o estudo daquele. Ora, há dois objetivos principais: O primeiro é que esta publicação visa esclarecer os fenômenos cognitivos e sociais que ocorrem por meio do Redu quando usado para mediar processos de ensino e aprendizagem. O segundo é completamente imbricado ao primeiro e nos orienta a descrever como o Redu pode ser configurado e utilizado para permitir coordenar as experiências de ensino e aprendizagem descritos. Desejamos ter um balanço entre a apresentação teórica dos fenômenos e uma descrição prática, tornando mais evidente os eventos que ocorrem em formadores e formandos por meio de uma rede social educativa. É certo que até recentemente, apenas sete milhões de brasileiros buscavam formação pela internet (CGI, 2010). Porém, este número vem aumentando consideravelmente, o que realçou em parte a baixa qualidade das plataformas de ensino existentes para receber um crescente número de novos usuários. Como alternativa às deficiências dos sistemas dispostos no mercado, o uso de redes sociais na educação vem sendo apontado como uma tendência para impulsionar transformações nos paradigmas educacionais e ampliar a adesão à formação a distância. Nesta seara, o desenvolvimento do Redu, enquanto uma rede social para educação, acompanhado da coletânea de artigos que segue, priorizam uma discussão acadêmica anterior, voltada para os novos educadores que utilizarão o software como ferramenta da Educar com o Redu Apresentação 6
  • 7. relação de ensino-aprendizagem nas redes sociais. A ideia do Redu é aproximar a plataforma educacional ao cotidiano dos seus usuários, ampliando o caráter inclusivo da formação continuada e a distância. Para isso, faz-se preponderante a utilização do estado da arte das áreas de Interação Humano Computador (IHC), com o objetivo de compreender os diversos contextos de uso de tecnologias: em casa, no transporte coletivo, no trabalho, pelo celular, pelo rádio, pela televisão. Essa possibilidade, de aproximar a educação da rotina dos educandos, vem se viabilizando através da constatação do incremento do uso da telefonia celular, do consumo quase universal de conteúdos televisivos e, principalmente, através de uma tendência de facilitação do acesso à internet. Neste caminho, o Redu representa um novo estágio de convergência tecnológica voltado para a melhoria dos programas de educação a distância. Daí, porque a relevância de analisar academicamente o uso da rede social educativa Redu, criada com o objetivo de permitir que novas formas de mediação, interação e colaboração sejam implantadas nos processos de ensino e aprendizagem. Esclarecemos, caro leitor, que não temos a pretensão de revolucionar a educação a distância, nem muito menos esgotar a temática, mas, principalmente, de lançar um centeio para provocações e aperfeiçoamentos dos sistemas tecnológicos voltados para formação educacional não presencial. Em cada capítulo, o leitor irá encontrar uma perspectiva diferenciada sobre a utilização e aplicação do Redu, mas, ao final entendemos que o leitor estará apto à utilização do sistema de forma satisfatória e crítica, podendo, inclusive, contribuir para seu aprimoramento. Este livro está organizado em sete capítulos de forma a tornar didático o conteúdo apresentado. Esclarecemos, caro leitor, que não temos a pretensão de No primeiro capítulo discutiremos revolucionar a educação a distância, nem muito menos as estruturas dos fenômenos esgotar a temática, mas, principalmente, de lançar um cognitivos e sociais que surgem centeio para provocações e aperfeiçoamentos dos sistemas em práticas de ensino mediadas tecnológicos voltados para formação educacional não por softwares sociais. presencial. No capítulo 2 será apresentado como o Redu pode ser utilizado em atividades familiares e conhecidas da prática docente, como o planejamento, o compartilhamento de materiais e a mediação didática. No terceiro capítulo apresentamos as características dos métodos e técnicas de ensinos básicos que são possíveis de realizar com o uso do Redu e, que atividades são realizadas de forma simples quando o mesmo está inserido em um contexto de ensino. No capítulo 4 discutiremos situações de ensino e aprendizagem que são possibilitadas pela estrutura de funcionamento do Redu. Estamos falando em novos métodos e técnicas de ensino com o uso do mesmo. No quinto capítulo apresentamos o processo de aprendizagem com o Redu. Esclarecendo conceitos como autorregulação e corregulação da aprendizagem. Educar com o Redu Apresentação 7
  • 8. No capítulo 6 apresentamos o conceito de avaliação e como a sua prática pode ser realizada com o Redu. No sétimo capítulo apresentamos os conceitos de aprendizado móvel (ou Mobile Learning) e ambiente pessoal de aprendizagem (ou Personal Learning Environment). Algumas funcionalidades que possibilitam utilizar o Redu para criar situações de aprendizagem a qualquer momento e em qualquer lugar construídas para serem utilizadas por meio de dispositivos móveis como celulares, smarthphones e tablets. Assim, para aprender a usar o Redu, enquanto lê este livro, criamos um espaço de aprendizagem para os novos usuários treinarem seus conhecimentos, paulatinamente, denominado — AVA Redu (http://www.redu.com.br/ava-redu). Nele, o leitor encontrará vídeos e textos que podem ajudar a esclarecer detalhes da utilização do Redu na prática docente e de aprendizagem. Sejam todos e todas bem vindos a este novo espaço de construção da educação. Boa leitura! Educar com o Redu Apresentação 8
  • 9. Prefácio Romero Tori Ei! Pssiu! Só um momentinho de sua atenção. Obrigado! Sei que você deve estar ansiosa (ou ansioso) para começar a ler este livro (acabo de fazê-lo e posso adiantar que não irá se decepcionar). Por isso serei breve. “Atenção” é hoje um recurso escasso e muito disputado. Qual professor não sonha em ver seus alunos participando das aulas com o mesmo envolvimento que demonstram ao interagir com suas redes sociais ? Não importa se em atividades presenciais ou virtuais, basta um clique para que o estudante se teletransporte para longe do espaço de aprendizagem. Pedir que alunos desliguem seus celulares ou obrigá-los a utilizar ambientes de aprendizagem que se comunicam com a linguagem da “Web 1.0” é tão eficaz quanto seria dar aulas em latim esperando que os alunos fiquem mais atentos no esforço de interpretar o que está sendo ministrado. Sabemos que a Escola deve se adaptar à cultura à qual seu aluno pertença. Portanto é imprescindível que incorpore a cultura das redes sociais, da interatividade, da permeabilidade virtual-real, das comunidades colaborativas, cultura essa que já é, ou está se tornando, realidade em praticamente todas as camadas sociais. O Redu é uma importante iniciativa nesse sentido, ao possibilitar um novo paradigma de ambiente virtual de aprendizagem, no qual professores, alunos e conteúdos convivem, interagem e se aproximam, sem barreiras, sem burocracias, sem distância transacional. Mas assim como não bastava colocar um aparelho de TV na sala de aula ou oferecer monótonos telecursos para conquistar a atenção e engajamento de alunos da geração televisiva, o Redu sozinha não fará milagres. Daí a importância desta obra que vai além de um manual de uso (recurso, aliás, em desuso, graças à engenharia de usabilidade e ao design de interação) e mostra, suportada por estudos e exemplos, como nós, educadores, podemos enriquecer e potencializar nossos ambientes Sabemos que a Escola deve se adaptar à cultura à qual de aprendizagem, sejam esses seu aluno pertença. Portanto é imprescindível que virtuais, presenciais ou blended. incorpore a cultura das redes sociais, da interatividade, da permeabilidade virtual-real, das comunidades colaborativas, Acompanho com atenção o cultura essa que já é, ou está se tornando, realidade em trabalho do professor Alex Sandro praticamente todas as camadas sociais. O Redu é uma Gomes e equipe, desde quando importante iniciativa nesse sentido, ao possibilitar um novo tive o prazer de conhecer o paradigma de ambiente virtual de aprendizagem, no qual ambiente AMADEUS. Tive também professores, alunos e conteúdos convivem, interagem e se o privilégio de participar, em aproximam, sem barreiras, sem burocracias, sem distância 2010, da banca de mestrado transacional. que deu origem ao Redu. Por isso fiquei muito feliz ao tomar Educar com o Redu Prefácio 9
  • 10. conhecimento deste livro e, muito mais, ao ser convidado a prefaciá-lo. Eu teria muito ainda a comentar sobre o Redu, como as duas dezenas de dissertações e teses diretamente relacionadas ao projeto, os quase 3 mil usuários que já se beneficiam desse ambiente ainda em sua fase final de incubação no Porto Digital do Recife, ou as inúmeras publicações científicas já geradas. Mas como não quero aumentar a distância entre você e o excelente conteúdo deste livro, fico por aqui. Aproveite bastante a leitura, aplique os conhecimentos aqui contidos e não se espante ao se flagrar pedindo aos seus alunos que não desliguem seus celulares ou chamando-lhes atenção para o fato de que já está no horário do intervalo. Romero Tori Ph.D., Escola Politécnica da USP São Paulo, 22 de fevereiro de 2012. Educar com o Redu Prefácio 10
  • 11. Introdução Softwares sociais no contexto do ensino Alex Sandro Gomes, Ricardo José de Souza Silva e Rodrigo Siqueira 0.1 Resumo Neste capítulo apresentamos uma definição do conceito de software social no âmbito da literatura sobre tecnologia educacional. Construímos um argumento que inicia com uma perspectiva histórica, segue apresentando uma análise critica da efetividade do uso de tecnologias no ensino até chegarmos ao conceito de software social e seu uso no ensino. 0.2 Tecnologias no ensino O uso de tecnologias educacionais já ocorre na prática escolar, de formação básica, há vários séculos. O termo ‘tecnologia’ refere-se a qualquer tipo de material ou recurso, que não o humano, utilizado como auxílio para o desenvolvimento do processo de construção do conhecimento, na escola ou fora dela. Por exemplo, Comenius1 e Pestalozzi, entre os séculos XVI e XVII, já utilizavam abundantemente materiais educativos no contexto do ensino da Geometria. Pelo menos há quarenta anos, recursos da informática são propostos enquanto ferramenta no contexto educacional. Mais recentemente, o potencial da internet enquanto meio e recurso de ensino é bem avaliado e bastante utilizado. 1 Nascido Jan Amos Komenský no 28 de março de 1592 em Uherský Brod, Moravia, República tcheca e falecido no 15 de novembro 1670 em Amsterdã. Figura 1: “The Measurers”, de Flemish, século XVI com instrumentos de medida da época. Da Grécia clássica até meados do Século XX, um grande número de dispositivos foi criado para servir ao traçado de figuras geométricas (PERGOLA, 2004; DELATTRE e BKOUCHE, 1993, ver Figura 1). Com o passar do tempo, inúmeros instrumentos caíram em desuso. Delattre e Bkouche (Up cit.) observam que apenas uma pequena quantidade de instrumentos continua sendo usada: régua e compasso são bons exemplos. A simplicidade de uso parece ser o atributo que tornam os instrumentos indispensáveis ao uso, mesmo no Educar com o Redu Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino 11
  • 12. contexto escolar. Historicamente, a introdução de tecnologias no contexto do processo de ensino e aprendizagem é visto como um favorecedor do mesmo, mas nunca como o fator determinante de progresso e sucesso. São sempre as propostas e as práticas pedagógicas que vão promover, em maior ou menor grau, o acesso aos conhecimentos. A interação entre as pessoas, engajadas em intensas negociações, é que, portanto, caracteriza e completa a problemática do uso de tecnologia educacional enquanto recurso didático no ensino e mesmo na formação. A Informática Educativa, área específica da Tecnologia da Informação e Comunicação — TIC está sendo difundida no Brasil há mais de duas décadas e ainda são observados poucos efeitos de sua propensa contribuição à melhoria da qualidade de educação. Uma grande barreira deve estar na dificuldade que encontra o professor para lidar com os aspectos técnicos necessários a utilização dos recursos em sala de aula. No que tange à Educação a Distância (EaD), Silva (2011, p. 137) identificou “que mesmo professores com titulação sentem dificuldades na interação com o ambiente virtual”. A razão principal para tal problema seria as constantes mudanças que os ambientes virtuais sofrem. Pesquisas recentes em Informática Educativa têm mostrado a relevância do computador como uma ferramenta para aprendizagem de conceitos matemáticos. Ferramentas como o Cabri Géomètre (CAPPONI e STRÄSSER, 1992; LABORDE, 1994, 1995; LABORDE e VERGNAUD, 1994) ou Function Probe (CONFREY, 1992; CONFREY, 1994) têm se mostrado úteis para o desenvolvimento de conceitos em geometria, tais como simetria e semelhança (HÖLZI, 1996), e em álgebra, como o estudo de múltiplas representações (equações, gráficos e tabelas) sobre funções (CONFREY, 1994; BORBA, 1993). Dados do Ministério da Educação também apontam para as contribuições da tecnologia no processo de aprendizagem da Matemática (INEP/MEC, 2001). No entanto, ainda são poucas as experiências de uso desse material em escolas públicas brasileiras. Esse quadro começa a mudar aos pouco com a implantação de laboratórios nas escolas públicas estaduais e municipais; resultado de programas governamentais como o PROINFO e de investimentos com fundos oriundos do setor de telecomunicações (BEMFICA, 2001). Alguns dos objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) da educação fundamental são sofisticados e sugerem métodos e técnicas de ensino bastante inovadoras (BRASIL, 1997): “Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos.” (p.108). “Os jovens têm muita facilidade para aprender a utilizar os recursos tecnológicos, por isso rapidamente tornam-se especialistas no uso de determinadas aplicações do computador, muitas vezes superando o conhecimento tecnológico dos professores. Alguns alunos se destacam mais que outros em relação ao conhecimento das possibilidades de utilização de recursos de softwares e hardwares, e podem ser fontes valiosas de informações para outros colegas-instrutores ou tutores de outros. Também é possível criar situações em que alunos de uma série ensinem outras séries.” (p.152) Educar com o Redu Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino 12
  • 13. “Alguns conhecimentos básicos de informática devem ser ensinados e constantemente relembrados com os alunos...” (p.152). 0.3 Evidências da efetiva contribuição de TIC no Ensino Diversos autores apontam para as contribuições possíveis do uso de TIC no ensino (NOSS e HOYLES, 1993). O relatório do Programa Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB, 1999) já apresentava um dado interessante, no que diz respeito ao uso de computadores em sala de aula como recurso didático e pedagógico (ver Tabela 1 a seguir). Tabela 1: Disciplina Série Desempenho segundo utilização de Média de computadores pelos alunos desempenho dos Sim, uso. Não, a escola não tem ou alunos segundo tem mas não usa. utilização de Língua 4ª E.F. 186,59 167,13 computadores Portuguesa 8ª E.F. 236,45 229,02 pelos alunos 3ª E.M. 272,40 262,07 como recurso Matemática 4ª E.F. 186,59 177,63 pedagógico por 8ª E.F. 236,45 241,26 série e disciplina — 3ª E.M. 272,40 273,22 Brasil — SAEB/99. Fonte: MEC/INEP/ Nessa tabela, que apresenta dados da média do desempenho dos alunos segundo a SAEB. utilização do computador como recurso pedagógico, fica evidente uma diferença no nível de desempenho alcançado pelas turmas que utilizam os computadores em relação às turmas que não utilizam este recurso tecnológico. Apesar dos baixos índices de desempenho alcançados pelos alunos da educação básica, nos três níveis de ensino investigados (ensino fundamental I, II e ensino médio), todas as turmas que utilizam o computador como recurso pedagógico, apresentam um índice de desempenho superior às turmas que não utilizam com fins educacionais. O uso de recursos tecnológicos, na prática dos ensinos de Língua Portuguesa e Matemática, no nível Fundamental e Médio, fez elevar significativamente os níveis de desempenhos obtidos pelos alunos. Atualmente os profissionais de educação debatem a utilização de dois conjuntos de recursos tecnológicos em suas práticas: 1) os recursos computacionais, como softwares educativos ou componentes de aprendizagem, e 2) as ferramentas de comunicação e interação via internet. Estes recursos são analisados há mais de duas décadas, e apesar de seguidos esforços públicos para sua promoção, os softwares educativos ainda não são utilizados por grande parte dos profissionais da educação de Ensino Fundamental e Médio. A falta de familiaridade e a criação de tensões associadas ao uso do computador e da internet têm bloqueado inúmeros profissionais quanto ao uso desses recursos. Como boa parte das soluções desenvolvidas não é de qualidade para uso pedagógico, faz-se necessário intervir continuamente e de forma aprofundada junto ao educador para progressivamente construir com essa comunidade educacional as competências profissionais consistentes e bem refletidas sobre o uso de tecnologias no processo de ensino e aprendizagem. Educar com o Redu Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino 13
  • 14. 0.4 Histórico do uso de Tecnologias da Informação no Ensino O trabalho com tecnologia e educação foi marcado por desafios diante dos cenários apresentados nas décadas de 50 a 60, e, posteriormente após a década de 70. O seu conceito expressa uma intencionalidade, científica e procedimental, para auxiliar a educação enquanto processo de aquisição de novos conhecimentos. Tajra (2007) define a tecnologia educacional da seguinte forma: É uma maneira sistemática de elaborar, levar a cabo e avaliar todo o processo de aprendizagem em termos de objetivos específicos, baseados na investigação de aprendizagem e da comunicação humana, empregando uma combinação de recursos humanos e materiais para conseguir uma aprendizagem mais efetiva. E ainda Tajra (2007, p. 44) afirma que, Tecnologia Educacional não é uma ciência, mas uma disciplina orientada para a prática controlável e pelo método científico, a qual recebe contribuições das teorias de psicologias da aprendizagem, das teorias da comunicação e da teoria de sistemas. A referência acima apresenta um “mapeamento” do uso das tecnologias para educação, especificamente do computador, como ferramenta enriquecedora do processo de ensino e aprendizagem, destacando sua importância ao longo de 12 anos de pesquisas e estudos de diversos especialistas em áreas ligadas à educação. Na prática do ensino na escola ao longo dos anos, diversas abordagens já foram adotadas por instituições públicas e privadas. Dois eixos justificam os programas de investimentos em tecnologias no ensino. A primeira situação seria democratizar o acesso de informações e a comunicação dos conhecimentos produzidos pela sociedade para os alunos e professores, trazendo para o ambiente da escola, as produções acerca dos saberes produzidos e incorporá-los à instituição. Desta dimensão surge a segunda situação, informatizar o ambiente da escola com a integração dos aparatos da tecnologia e com a capacitação dos agentes da escola, que são os profissionais da Educação e alunos numa nova configuração escolar, o que implica numa mudança de configuração das suas funções de educador. Viu-se ocorrer diversas abordagens, como se resume a seguir: Tecnologia da Informação e Comunicação enquanto disciplina: No início dos anos 90, a TIC, além de novidade e fator de diferenciação, chegou como disciplina da grade curricular. Porém, dissociada da realidade da sala de aula, das necessidades dos professores e centrado em si mesma, a abordagem não conseguiu se estabelecer enquanto prática pedagógica. Naquela época, os computadores chegavam às escolas ocupando um espaço reservado — o Laboratório de Informática. Havia uma separação entre o que era feito em sala de aula e o que se fazia no laboratório. Naquele tempo, havia uma tensão entre o conteúdo curricular e o conteúdo relacionado à Informática, algo ainda novo na Educar com o Redu Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino 14
  • 15. sociedade. Uso do software educativo pronto: Compreendida a importância do professor no processo de aprendizagem do aluno, chegou o momento de experimentar os softwares prontos, fórmulas mágicas, para auxiliar, de maneira atraente a inserção da Informática no contexto educacional e, aos poucos, iniciar de forma discreta, o processo de conquista do professor. O professor não tinha autonomia e, apesar da Informática deixar a grade curricular, ainda existia a figura do técnico, denominado “facilitador”, que dava aulas no laboratório, a partir de planejamentos feitos pela equipe técnico-pedagógica de informática educacional. A ideia, a partir de conteúdos específicos, era desenvolver algumas atividades com os alunos, utilizando programas adquiridos pela escola, a partir de avaliações feitas por técnicos de informática. Uso de software de autoria: Com o advento dos softwares de autoria, surgiu uma nova possibilidade dos professores, ainda coadjuvantes, viabilizarem a criação de materiais multimídia, pelos alunos, sob a orientação dos facilitadores. Os conteúdos trabalhados em sala de aula eram desenvolvidos nos laboratórios. Os trabalhos consumiam muito tempo e, pela falta de acompanhamento pós-atividade, consequentemente, ficavam desatualizados e obsoletos para uso posterior. Material de apoio ao professor: Com a chegada dos materiais de apoio para os professores (CD-ROM, softwares interativos e materiais de referência impressos), iniciou- se uma nova fase na escola: o professor passou a ser mais ativo, dentro do processo de ensino, a partir do enriquecimento dos planejamentos, ainda sob a responsabilidade da equipe técnico-pedagógica de informática. Surgiram as aulas expositivas, utilizando recursos audiovisuais, e aulas no laboratório, embora com aplicações não interativas, e, em alguns casos, com interatividade limitada. Com efeito, a interdisciplinaridade e a interatividade representaram um grande salto à implantação de novas tecnologias e fundamentação dos conteúdos trabalhados em sala. Internet nas escolas: Com a chegada da internet nas escolas, agregada ao material de apoio, abriram-se novas possibilidades para planejar atividades mais dinâmicas e estimular professores e alunos a pesquisarem. Surgiram os portais educacionais e com eles alguns problemas. Um deles era a adequação dos conteúdos à filosofia e à proposta pedagógica do prestador de serviços educacionais, transformando-os em algo formatado e desvinculado da realidade da sala de aula e da proposta pedagógica da escola. Ambientes de ensino e aprendizagem: A criação de ambientes de ensino e aprendizagem, nos quais alunos e professores possam ser coautores e coresponsáveis na criação e aquisição do conhecimento, melhora a aprendizagem, estimula a pesquisa, difunde o conhecimento, quebra barreiras, coloca a tecnologia realmente como ferramenta; valoriza, sobretudo, o papel do professor. Software social e mobilidade: Atualmente, as tecnologias que os profissionais de ensino buscam entender para utilizar no ensino são os softwares sociais e os celulares (sobre o uso de celulares, leiam no Capítulo 7 o tópico Personal Learning Environment). As justificativas são as mesmas. Como a escola pode não utilizar artefatos que são utilizados pela sociedade? Dando a impressão que está alheia ao que se passa no seu entorno. Na Educar com o Redu Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino 15
  • 16. seção a seguir definimos o que vem a ser um software social. 0.5 Software social As tecnologias informáticas, mais do que um ferramental para o acúmulo e circulação de informações, dão amplo suporte para a mediação de interações. Pois, o conhecimento humano se constitui na interação. Logo, tanto no contexto científico e educacional quanto no empresarial, o desenvolvimento dos saberes (individuais e do grupo como um todo) depende da comunicação. Adota-se hoje o termo software social para uma gama maior de recursos de mediação de interações, que vão além do interesse de desempenhar uma tarefa ou alcançar determinado objetivo. O software social se constitui em um número de tecnologias empregadas para a comunicação entre pessoas e grupos por meio da internet. Utilizados através de websites ou aplicativos, o software social visa à comunicação e organização de informações. O suporte dado à interação estimula que pessoas com interesses semelhantes compartilhem diferentes ideias. “O software social pode contribuir também para o debate e negociação de diferenças. Além disso, as possibilidades de publicação na internet, acessíveis a qualquer internauta, vêm a ser o diferencial mais visível do software social” (PRIMO e BRAMBILLA, 2004). Englobando uma área de sistemas de software que permitem aos usuários compartilhar dados. Segundo Spyer (2007, p. 21), “o termo ‘software social’ é a designação ao tipo de programa que gera ambientes de socialização pela web, é o que está por trás da colaboração online”. Sendo assim, podem ser citados: os softwares de redes de relacionamentos (no Brasil, o Orkut e o Facebook — são as mais famosas); softwares sociais de mensagem instantânea, como MSN messenger — canal de mensagem instantânea disponível para download gratuito na web; blogs —­páginas online hospedadas por sites variados, onde é possível enviar conteúdo constantemente de forma gratuita e sem censura, como um diário virtual online, linkados por outros sites e softwares de simulação e interação. Este tipo de comunicação mediada por computador tem se tornado muito popular entre os sites sociais como Myspace , Facebook e Orkut; sites de mídia como Flickr, Youtube, bem como sites comerciais, como Amazon.com e Ebay. Os diversos tipos de softwares sociais têm na sua essência proporcionar a junção de grupos de pessoas, para troca de informação e experiências. E apresentam como características a partilha, capacidade de disponibilização de dados e mídia. Para Tim O´Reilly (2005) a Web 2.0 que propagou a expansão dos softwares sociais conceitua-se como: A mudança para uma internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência coletiva. Com esta afirmação, pode-se destacar que a moda da sociedade digital são os softwares sociais. Ou seja, o uso de aplicativos que promovem e reúnem redes de relacionamentos para fins sociais, profissionais, amorosos entre outros. Os softwares sociais têm como Educar com o Redu Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino 16
  • 17. característica a geração de ambientes virtuais colaborativos para interação social. A facilidade de comunicação e os recursos existentes nas ferramentas disponibilizadas viabilizam a aproximação virtual entre usuários. A junção de pessoas para troca de ideias e desejos em comum constrói-se um grande ciclo de colaboração social (CHEON e ANH, 2009). Estes possibilitam o encontro de grupos de pessoas com interesses em comum, estabelecendo uma comunicação e aumentando a maneira como os usuários se ajudam. Devido a essas características é que vários estudiosos têm pesquisado o uso de softwares sociais nos mais diversos contextos. Estuda-se de que forma os softwares sociais podem possibilitar recursos para ter impacto importante sobre a aprendizagem. Ainda são escassas as soluções que refletem um ganho transformador no aprendizado em relação às estratégias existentes. Há indícios na literatura sobre ensino e aprendizagem mediado por tecnologia de que grande parte das necessidades de um ambiente educacional eficiente ainda espera ser atendida. 0.6 Softwares sociais no ensino Na última década acompanhou-se o surgimento e adoção massiva de plataformas colaborativas nas práticas de convívio e comunicação educativas. As soluções existentes de plataformas de ensino são muitas, mas apresentam limitações ao uso. Como alternativa, o uso de software social ou redes sociais na educação vem sendo apontado como uma tendência para impulsionar transformações nos paradigmas educacionais e na prática da formação à distância ao longo da vida. Em particular, as redes sociais virtuais permitem criar uma estrutura na qual as pessoas, os objetos e seus vínculos mútuos são interligados. Essas têm sido desenvolvidas para diferentes propósitos — como o compartilhamento de vídeos, referências bibliográficas, códigos, dicas de filmes, entre outros. Uma vantagem das redes sociais digitais é que elas permitem formas de interações ricas, não lineares e plurais, visando promover a colaboração e disseminação de conteúdo em círculos sociais motivados. Uma rede social é uma estrutura social composta por pessoas (ou organizações, territórios, entre outras) — designadas como ‘nós’ — que estão conectadas por um ou vários tipos de relações (de amizade, familiares, comerciais, empresarial, sexuais e outras áreas), ou que partilham crenças, conhecimento ou prestígio (DUARTE et al., 2008, p. 156). Com esta visão, os softwares sociais, apresentam ferramentas que aplicam os conceitos de rede social na internet. Para Recuero (2001), comunidades virtuais são junções sociais que apareceram na internet, a partir do momento em que vários sujeitos levam a diante discussões durante um tempo significativo, com desejos, sentimentos e interesses a ponto de formar redes de relações pessoais no ciberespaço, vide Figura 2. A construção das redes acontece independente dos interesses individuais. Elas são construídas de acordo com as necessidades dos indivíduos, famílias ou grupos sociais. “Dessa maneira, uma mudança da sociabilidade em sociedades complexas aconteceu com a alteração de comunidades espaciais por redes como formas fundamentais de sociabilidade” (CASTELLS, 2003, p. 107). De acordo com Wellman e Berkowitz (1988) a maneira como as pessoas estão Educar com o Redu Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino 17
  • 18. interconectadas umas com as outras tem chamado muito a atenção. Muitos teóricos têm feito estudos sobre os efeitos no âmbito das relações individuais e na forma como os coletivos se comportam quando se constituem como redes de alta densidade. Relações individuais e coletivas, particularmente no ciberespaço, têm despertado o interesse dos estudiosos de redes sociais, sociólogos, etnógrafos virtuais, ciberteóricos e especialistas em gestão do conhecimento, enfim, de todos aqueles que pressentem que há algo novo a ser investigado, que a atual vertigem da interação coletiva pode ser compreendida dentro de certa lógica, e certos padrões, o que já era anunciado nos anos 80 pelos analistas estruturais de redes sociais. Figura 2: Rede social. Você Amigos dos Amigos dos Seus amigos amigos dos seus amigos seus amigos Segundo Recuero (2009), a interação de um indivíduo depende da reação do outro e há orientação com as expectativas. Essas ações podem ser coordenadas através, por exemplo, da conversação, onde a ação de um ator social depende da percepção daquilo que o outro está dizendo. Segundo Recuero (Ibid.): O advento da comunicação mediada pelo computador (CMC) e seu espalhamento, através da apropriação das ferramentas técnicas proporcionadas pela Internet modificou profundamente o modo através do qual as pessoas se comunicam. As redes digitais representam um determinante fator no tocante à expansão de redes sociais. 0.7 Conclusão O crescimento e o uso dos softwares sociais fizeram com que o conceito de comunidade expandisse. Com a expansão das redes sociais virtuais, as novas formas de comunicação e interação também tenderam a crescer. Destacando-se a facilidade de interação e comunicação, bem como a informalidade na aquisição do conhecimento. Através deste benefício, as mais diversas áreas de estudo procuraram explorar o fenômeno das redes sociais virtuais. Como exemplo, podemos citar as seguintes áreas: empresarial, marketing, educação, que além dos recursos de interação utilizam informações relevantes nos perfis dos usuários, e têm como um dos fatores mais atrativos das redes sociais virtuais. O processo educativo se aproveita deste tipo de participação social em ambientes que Educar com o Redu Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino 18
  • 19. propiciam a interação, a colaboração e a avaliação. Dessa forma, as redes sociais virtuais abrangem um espaço considerável para interações na rede, proporcionando a geração e aquisição de conhecimento. Para entender melhor o aspecto de colaboração e aprendizagem em redes sociais, a seguir serão discutidos e definidos os conceitos de interações. 0.8 Referências BEMFICA, J. C. Precondições de uma Democracia Eletrônica — o LabFUST e a universalização do acesso aos serviços de telecomunicações, Revista IP, v. 3, 2001. Disponível em: http://goo.gl/yrb9Y, Acesso em: 20 de dezembro de 2011. BORBA, M. Students’ understanding of transformations of functions using multi- representational software, Tese de Doutorado, Cornell University, Ithaca, NY, 1993. CAPPONI B.; STRÄSSER R., Cabri-Géomètre in a college classroom: Teaching and learning the cosine-function with Cabri-Géomètre, Zentralbaltt für Didaktik des Mathematik, v. 5, p. 165-171, 1992. CASTELLS, M. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. CHEON, E. e ANH, J. Virtual Community 101: Know Your Virtual Community and Members, ICUIMC-09, Janeiro 15-16, 2009, Suwon, S. Korea Copyright 2009 ACM 978-1-60558-405- 408. CONFREY, J. Six approaches to transformations of functions using multi-representational software. In J. P. Ponte e J. F. Matos (Eds.) Proceedings of the eighteenth Annual Conference of the International Group for the Psychology of Mathematics Education. v. II, Lisboa: Portugal, GRAFIS CRL, p. 217-224, 1994. CONFREY, J. Using computers to promote students’ inventions on the function concept. In S. Malcom, L. Roberts, e K. Sheingold (Eds.). The year in school science 1991, Washington, DC: American Association for the Advancement of Science, p. 141-174, 1992. DUARTE, F.; QUANTD, C.; SOUZA, Q. O tempo das redes. Editora Perspectiva S/A, 2008. HÖLZL, R., How Does ‘Dragging’ Affect The Learning Of Geometry, International Journal of Computers for Mathematical Learning, v. 1, p. 169-187, 1996. INEP/MEC, Saeb 2001 — Novas Perspectivas, Brasília, DF, 2001. JOHNSON, S. Cultura da Interface. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. LABORDE, C.; VERGNAUD G. L’apprentissage e l’enseignement des mathématiques, In G. Vergnaud (Ed.) Apprentissages e didactiques, où en est-on?, Paris: Hachette, 1994. Educar com o Redu Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino 19
  • 20. LABORDE C. Designing tasks for learning geometry in a computer-based environment. In Burton L., and Jaworski B. (Eds.) Technology in Mathematics Teaching — A Bridge Between Teaching and Learning, Chartwell-Bratt, p. 35-68, 1995. LABORDE, C. Working in Small groups: A Learning Situation. In Biehler R.; Scholz R.; Strasser R.; Winkelmann B. (Eds.), Didactics of Mathematics as a Scientific Discipline, Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, p. 147-158, 1994. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. PERGOLA, M. The collection of Mathematical Machines of the University Museum, 2004. Disponível em: http://goo.gl/s8SjH. Acesso em: 15 de maio de 2004. PRIMO, A.; BRAMBILLA, A. M. Software social e construção do conhecimento. Trabalho apresentado no Núcleo de Pesquisa “Tecnologias da Informação e da Comunicação”, XXVII Congresso Brasileiro de Ciência da Comunicação, PUC/RS, 2004. RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009, 191 p., il. (Coleção Cibercultura). RECUERO, R. Comunidades Virtuais: Uma abordagem teórica. V Seminário Internacional de Comunicação, GT de Comunicação e tecnologia das mídias, PUC/RS, 2001. SAEB. Relatório Nacional SAEB/99, 1999. Disponível em: http://goo.gl/2I8v5. Acesso em 20 de novembro de 2011. SILVA, R. J. S. Gestão de Tecnologia de Informação e Comunicação no Ensino Superior: Análise da Inserção Tecnológica em Instituições Privadas no Recife/PE, Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Tecnologias) — UFPE, Recife, 2011. CHEON, E.; ANH, J. Virtual Community 101: Know Your Virtual Community and Members. ICUIMC-09, January 15-16, 2009, Suwon, S. Korea Copyright 2009 ACM 978-1-60558- 405-8. SPYER, J. Conectado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. TAJRA, S. F. Informática na Educação: novas ferramentas pedagógicas para o professor na atualidade. São Paulo: Érica, 2007. O´REILLY, T. What Is Web 2.0: Design Patterns and Business Models for the Next Generation of Software, Disponível em: http://goo.gl/KH1Dt, Acesso em: 20 de dezembro de 2011. WELLMAN, B.; BERKOWITZ, S. D. Social structures: a network approach. New York: Cambridge University Press, 1988. Educar com o Redu Introdução: Softwares sociais no contexto do ensino 20
  • 21. Capítulo 1 Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino Alex Sandro Gomes e Flávia Veloso de Sousa 1.1 Resumo Os softwares sociais são artefatos que promovem a comunicação entre os atores do processo de ensino e aprendizagem antes de qualquer outro fenômeno cognitivo. Os processos de comunicação desdobram-se em fenômenos de comunicação síncronos e assíncronos, colaboração, percepção social, aprendizagem em rede e autorregulação da aprendizagem. Nas seções a seguir discutiremos os fenômenos cognitivos e sociais que surgem com as práticas de ensino usando softwares sociais. 1.2 Interações em redes sociais As redes sociais virtuais apareceram como uma nova ferramenta para interação. A virtualização das redes sociais criou vastos campos de ligação entre pessoas. Para Dillenbourg et al. (2009), as tecnologias de aprendizagem não são apenas utilizadas em situações de distância, mas também para reforçar a aprendizagem colaborativa, onde a comunicação imita a interação presencial. Um sistema apoiado por computador e colaborativo é um sistema no qual temos usuários com os mesmos objetivos e condições para que possam compartilhar informações (SILVEIRA e LEITE, 2009). Além de disseminar uma forma de aquisição do conhecimento. Hoje se torna evidente que a participação de uma pessoa nas redes sociais é um caminho vasto para adquirir conhecimento (SERAFIM, 2010). “As tecnologias imersivas e colaborativas criam novas formas de interação” (ROCHA, 2004). Explica-se que o alto teor de interações na internet tem um poder considerável na busca por informação e é através das interações que temos esse favorecimento. Para Kozinets (1999), quando um indivíduo torna-se frequentador assíduo das ferramentas de comunicação da internet, este passa a tê-las como um meio para interação social e aquisição de conhecimento. Contextualizando, Moore e Serva (2007) destacam que em comunidades virtuais e colaborativas para os membros terem contribuição e assiduidade efetiva, deverá haver uma variação de acordo com a participação em grupos de interesses comuns. Essa determinação em como utilizar os ambientes virtuais, está aliada as características do ambiente virtual proporcionado pelos softwares sociais. O usuário participará de redes sociais virtuais de acordo com seu interesse, tipo e objetivo da rede (MALONEY, KRICHMAR e PREECE, 2005). Podem-se abordar software que possibilitam essa participação virtual em redes destacando características citadas por Palácios (1998) e Recuero (2006) com relação às características do espaço virtual que constituem. Segundo Lemos (2004), os sistemas de comunicação mediados por computador trazem vantagens extremas aos sujeitos, já que ultrapassam os paradigmas da localização e presença, possibilitando assim concretização e estabilização Educar com o Redu Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 21
  • 22. de relações sociais mantidas a distância. Essas relações que podem ter diversas camadas, onde serão criadas, mantidas e têm na web um espaço para interação. Observando a definição original de Vigotsky (2000), a interação torna-se essencial a uma melhor organização do pensamento. A solução de problemas ocorreria por meio de uma linha lógica e elaborada que tem como líder do grupo um professor ou membro mais experiente do grupo. Ou seja, para que essa interação aconteça satisfatoriamente numa rede social é necessário que dois ou mais membros interajam de uma forma coerente. Segundo Primo (2007), em comunidades virtuais em redes há formas especiais de expressão da aprendizagem e comunicação. Quanto à aprendizagem, existe uma maneira diferente e especial de se pensar, pois, não se trata de uma aprendizagem escolar-formal, e sim de uma aprendizagem considerada social, como defende Vigotsky (2002). A seguir, são apresentados os fenômenos cognitivos e sociais que ocorrem quando usamos software social para mediar a comunicação em processos de ensino e aprendizagem. 1.3 Comunicação Assíncrona Para descrever o que vem a ser o gênero digital de comunicação assíncrona, vejamos o seguinte exemplo. Imaginem o seguinte cenário: Ana Maria divide um apartamento com uma colega de trabalho, Ângela. Ambas são professoras de matemática da rede estadual de ensino de sua cidade. Ana não conseguiu entender a resolução de um problema que ela encontrou em um manual antigo de matemática o qual usaria em sua aula no turno da noite. Ela precisou sair e não encontraria com Ângela à tarde para resolverem juntas o problema. Ana deixa sobre a mesa um recado, pedindo ajuda da amiga para resolver o problema, que se encontra abaixo com o enunciado. Ao chegar em casa, no início da tarde, Ângela encontra o pedido de sua amiga, resolve o problema e deixa a solução sobre a mesa. Deixa ainda uma explicação. Ana encontra a resolução sobre a mesa... Ufa! Sua aula está completa. Nesse cenário, Ana coloca um desafio e cria para si uma situação na qual ela e a colega resolvem um problema, mesmo sem se encontrar. Elas usam uma forma de tecnologia simples: um sistema de códigos gráficos que lhes permitem dividir a tarefa de resolver o problema. O significado dos códigos é compartilhado por ambas, e esses são instrumentos adequados e suficientes para a resolução do problema. A Figura 3 mostra um trecho de comunicação assíncrona entre professores e alunos. O Redu permite ainda uma segunda forma de comunicação assíncrona: a troca de mensagens internas. Estas são como mensagens de correio eletrônico e permitem uma comunicação privada pela rede social. A Figura 4 mostra uma imagem do serviço de mensagens interno. Em um estudo recente, percebeu-se que as ferramentas de comunicação assíncrona providas pelo Redu passam a ideia de ser uma interação eficiente, segundo os participantes Educar com o Redu Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 22
  • 23. Figura 3: As perguntas e respostas que são deixadas nos murais permitem uma comunicação assíncrona. Figura 4: Mensagens de correio eletrônico internas ao Redu. (GOMES et al. 2011). Este aspecto de eficiência da interação no Redu em comparação com episódios presenciais pode ter por base a disposição das opiniões dos participantes e uma maior flexibilidade de formas de comunicação. Nessa direção, quando questionados com relação à inibição, todos os participantes afirmaram que no Redu eles participaram de maneira mais efetiva das aulas e sem acanhamento do que nos momentos de sala de aula. Educar com o Redu Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 23
  • 24. 1.4 Comunicação Síncrona Uma das primeiras necessidades dos usuários de plataformas de ensino é a de perceber a presença de seus colegas quando acessam o sistema. A percepção da presença dos colegas e das atividades que esses participantes realizam no ambiente virtual pode ser atendida pelo uso de formas síncronas de comunicação. Essas formas de comunicação são familiares para além do Redu. A estrutura é de mensagens trocadas instantaneamente em ambientes de bate papo. Para tornar mais produtivo o uso do Redu, um sistema de bate papo mostra uma lista de contatos dos alunos e professores quando eles estão dentro de um ambiente de ensino. A Figura 5 mostra uma imagem deste bate papo. Figura 5: Comunicação síncrona por mensagens instantâneas no Redu. A necessidade de indicação de quem está presente numa seção da rede no momento que o aluno ou o professor está usando a mesma também é identificada como sendo uma necessidade dos usuários (GOMES et al. 2011). Mesmo participando de várias formas de comunicação assíncrona, eles destacaram a dificuldade de interagir com quem está presente na seção e a disposição de um bate papo beneficia a interação. No Redu, os alunos (indicados abaixo por A3 e A6) reclamam a necessidade da mensagem chegar mais rápido quando eles estiverem online, evitando uma atualização manual das mensagens recebidas. A3 Essa atualização, ficar atualizando o tempo todo, era pra tipo ele atualizar normalmente. A6 É, concordo. Se lá a gente pudesse saber que uma pessoa tava online pra gente discutir um assunto que a pessoa tem dúvida ou queira discutir sobre alguma disciplina que Educar com o Redu Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 24
  • 25. agente tem na rede. Era bom porque a pessoa ia postando as suas perguntas e a pessoa ia respondendo quem estivesse online. E quem não tivesse online as pessoas já ia conversar com outra pessoa discutindo os assuntos da disciplina já saber a resposta logo. Assim ficava quase que a pessoa em frente a outra pessoa perguntando a resposta, tirando a dúvida. Por isso que eu acho que é uma das limitações que o programa tem, é que não tem essa possibilidade. [sic] Mesmo participando de uma comunicação assíncrona, eles destacaram a dificuldade de interagir com quem está presente na seção. 1.5 Colaboração A colaboração encerra um dos mais recentes capítulos da evolução dos métodos e técnicas de ensino; inclusive vislumbrando a transcendência da prática educativa dos muros da escola e do tempo da sala de aula. Na última década acompanhou-se o surgimento e adoção massiva de plataformas colaborativas como prática de convívio e comunicação. Como discutido antes, as redes sociais virtuais fornecem uma estrutura de pessoas, objetos e seus vínculos mútuos, e têm sido desenvolvidas para diferentes propósitos como o compartilhamento de vídeos, referências bibliográficas, código, dicas de filme. Nessas, as discussões, ajudas e debates ocorrem a partir do estímulo de um material multimídia, como mostrado na Figura 6. Figura 6: Pedido de ajuda pelo mural da disciplina. Educar com o Redu Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 25
  • 26. Esse tipo de colaboração viabilizada pelo Redu facilita a participação de todos e traz como consequência um grande número de contribuições. Além disso, também há uma melhora qualitativa na interação devido ao tempo que os participantes empreendem para pensar e refletir antes de enviar suas contribuições. Outro tipo de ganho na qualidade da experiência de ensino é o fato do mural registrar as trocas e servir como memória dos diálogos passados. Em um trabalho recente analisaram-se os fenômenos de colaboração (GOMES et al., 2011). As ferramentas de comunicação assíncrona providas pelo Redu passam a ideia de ser uma interação eficiente, de acordo com os participantes. Este aspecto de eficiência da interação no Redu, em comparação com episódios presenciais, tem por base as opiniões dos participantes que acreditam ter uma maior flexibilidade com a utilização da ferramenta. Nessa direção, quando questionados em relação à inibição, todos os participantes afirmaram que no Redu eles participaram de maneira mais efetiva das aulas e sem constrangimento. A2 (...) até que quando um professor tá dando uma aula em sala de aula, ai tem um determinado aluno que quer tirar uma dúvida com o professor né? Ai pede pra tirar essa dúvida. Ai tem outro certo aluno que sabe tirar essa dúvida, explicando de um jeito que a gente consegue entender melhor que o professor. Ai fica ali, fica impedindo dele esclarecer mais para o colega ali . No Redu não. Tanto que quando ele postava uma pergunta lá quando um aluno sabia já ia lá diretamente. [sic] Além disso, observa-se a participação de um maior número de pessoas, tendo em vista que elas poderiam participar em horário e local distintos, e convenientes a cada uma delas. Esse tipo de comunicação utilizada no Redu facilita a participação de todas e todos trazendo como consequência um grande número de contribuições e também uma melhora qualitativa na interação devido ao tempo que os participantes dispunham para pensar e refletir antes de enviar suas contribuições. A1 A interação no Redu foi melhor porque a gente tinha mais acesso ao professor e colegas. E também pra fazer perguntas pra eles e pra o professor também. [sic] Os alunos também acharam positiva a ampliação do tempo de interação para além da sala de aula. Com o uso do Redu eles tiveram a possibilidade de ampliar o tempo de debate sem ficar limitado ao tempo da aula presencial. Esse tempo representou uma oportunidade para tirar dúvidas que surgiam sobre o assunto a qualquer momento. A7 (...) às vezes você tem a aula com o professor, ai depois você vai rever o conteúdo né em casa ai você fica com algumas dúvidas. Ai no programa você tinha como tirar essas dúvidas com o professor na hora em que você teve. Ele respondia pra você sem precisar tá na sala de aula. [sic] Os alunos sentiram-se integrantes de um grupo de estudo, isso, podemos atribuir às formas de percepção da atividade social presentes na interface do Redu. Educar com o Redu Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 26
  • 27. A percepção social corresponde a um conjunto de elementos que figuram nas telas de ambientes de aprendizagem e que representam as dinâmicas de troca e ações realizadas pelos usuários da rede. O fato de saber o que os outros colegas fazem, contribui para diminuir a sensação de isolamento dos alunos, promove um maior engajamento e torna os encontros em sala de aula motivadores e mais produtivos. A Figura 7 mostra como no mural ocorre a comunicação da atividade das pessoas para promover a percepção desejada. Figura 7: Informações sobre as atividades de colegas no Redu. Os participantes sentem a necessidade de manterem-se sempre atualizados em relação ao que estava acontecendo no ambiente (GOMES et al., 2011). Nesse caso, a percepção das novas amizades, como também a visualização de suas atividades, é de extrema importância para se perceber enquanto membro de um grupo social que tem objetivos de ensino e aprendizagem em comum. 1.6 Aprendizado em rede Segundo Dillenbourg (1999) para que ocorra um aprendizado colaborativo é necessário que exista interação entre todos os envolvidos. Percebeu-se com o uso do Redu que os participantes sentiram-se à vontade para expressar suas opiniões, perguntarem, responderem aos questionamentos dos outros colegas e dos professores (GOMES et al., 2011). Também foi observada uma mudança na forma como os alunos percebiam o papel dos professores. Parece haver uma relação de igualdade entre os envolvidos. O texto a seguir ilustra esse efeito. Trata-se de um trecho extraído do debate ocorrido no Redu após uma aula presencial sobre o assunto escravidão. A10 Realmente nas novelas... quem representa as pessoas ricas... são atores de pele brancaaa [sic] Nov 22, 2010 4:54pm Educar com o Redu Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 27
  • 28. A9 Esse assunto é bem amplo e pode ser abordado em várias matérias não só em histórias mas em outras, para a sociedade estudantil se conscientizar que o preconceito não vai melhora nada em nossas vidas. [sic] Nov 17, 2010 1:31am A1 Concluindo: há uma distância enorme entre os “mundos” dos negros e o mundo dos brancos. E quem cria essa distância? A própria sociedade. Flw. [sic] Nov 14, 2010 7:10pm A8 Sem dúvidas, A1! Atualmente vê-se o mundo da seguinte forma: o mundo dos “brancos” é marcado pela alegria, civilizado, urbano...! enquanto que os dos negros é visto com tristeza, violência e etc. [sic] Nov 14, 2010 7:07pm A1 É tão de um jeito, que em novela e alguns programas de TV, a empregada é negra, o marginal é negro. COMO PODEMOS ACABAR COM ISSO SABENDO QUE É MUITO DISCUTIDO NAS ESCOLAS????? [sic] Nov 14, 2010 11:53am A1 A escravidão é um assunto muito falado nas escolas, com isso, podemos concluir que o preconceito ainda é muito grande em relação para com o negro. [sic] Nov 14, 2010 11:51am Na análise dos dados coletados identificaram-se algumas dificuldades relatadas pelos participantes no momento da interação uns com os outros. Para os alunos, a interação em certos momentos é complexa. Eles relataram que em determinados momentos a comunicação com os colegas ficou limitada ao número de caracteres podia ser postar uma mensagem. Essa dificuldade foi sentida durante todo o curso1. A1 (...) falta de eficiência foi em relação ao número de caracteres que tinha lá exigido na pergunta (200 caracteres). Se a pergunta fosse muito extensa você tinha que procurar minimizar a pergunta no mínimo por causa do número de caracteres. [sic] Os alunos destacaram também a importância da interação com outras comunidades. Para eles seria interessante a rede ampliar o seu acesso a outros alunos de outras redes. A1 Porque na maioria das vezes só tá tendo debate com o que os professores falam e os alunos só fazem perguntas do que os professores falam, se tivesse outras comunidades, outras redes para interagir era melhor. [sic] O acesso ao meio também foi identificado como uma dificuldade. Um aluno em seu relato identifica que teve dificuldade inicialmente, mas, destaca que o poder de interação foi essencial para o aprendizado da ferramenta, dentro da rede com seus colegas. A2 No começo eu achei que tinha dificuldade porque não tinha muito assim acesso. Mas eu fui tirando dúvidas com os colegas e ficou mais fácil, assim, de tudo saber. [sic] 1Essa limitação já foi retirada e a quantidade de caracteres de uma contribuição no mural de um curso foi ampliada para permitir uma comunicação com mais palavras. Educar com o Redu Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 28
  • 29. Os meios de comunicação providos pelo Redu permitem criar formas de interação que são ricas em suas vivências sociais. É necessária, entretanto, a utilização da ferramenta para o processo de aprendizagem da mesma de forma efetiva. 1.7 Autorregulação da Aprendizagem Durante o uso do ambiente Redu pelos participantes, buscou-se também identificar situações que mostrassem como o mesmo poderia ajudar os alunos no processo de autorregulação da aprendizagem. Segundo Zimmerman (2000) a autorregulação da aprendizagem pode ser definida como qualquer pensamento, sentimento ou ação criada e orientada pelos próprios alunos para a realização dos seus objetivos. Planejar a forma de aprender: definindo tarefas, monitorando e avaliando o seu progresso são habilidades referentes à metacognição, a qual se refere ao nível do pensamento que envolve ativar o controle sobre os processos de pensar. Algumas das estratégias metacognitivas utilizadas pelos alunos para a autorregulação são: planejar seu processo de aprendizagem, checar e monitorar o seu progresso, selecionar, revisar, avaliar, bem como o acompanhamento do que os colegas estão fazendo. No experimentado relatado em Gomes et al. (2011) os alunos usaram comentários em fórum para busca de ajuda, conforme protocolos abaixo. A3 Ai agente mandava lá as perguntas e o professor ia lá, debatia, olhava as perguntas que tinham lá e respondia pra você. [sic] A4 (...) em relação ao número de perguntas, aumentou a possibilidade de você fazer um maior número de perguntas devido a possibilidade de várias pessoas responderem, muitas vezes até o professor poderia até discordar e tinha o debate dos alunos sobre o que eles achavam da resposta que o professor dava. Era bem interessante essa parte do Redu. [sic] A autoavaliação também foi comumente associada, a partir de comparações com atividades, aos demais colegas. Foi importante para auxiliar os alunos a terem possibilidade de poder acompanhar todas as atividades que estavam sendo desenvolvidas pelos colegas que tinham objetivos comuns de aprendizagem. A forma com que o Redu apresenta o que os colegas produzem é importante nesse processo de autorregulação do aluno. A6 (...) A pessoa vai ter acesso às perguntas e respostas de todos os alunos que tão postando mensagens. E no caso ali, das pessoas que segue. Ali também é bom porque a pessoa quando quiser fazer uma pergunta ou responder alguma coisa direcionado a alguém que a pessoa segue, a pessoa só é clicar lá e ... postar a mensagem e botar a mensagem pra pessoa .... a pergunta ou a resposta pra quem a pessoa quer direcionar...., mais não é só isso.... todo o mundo tá vendo quando coloca lá a pergunta, a mensagem. Se outra pessoa quiser responder, ela também responde. [sic] Educar com o Redu Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 29
  • 30. 1.8 Percepção social A percepção social é a percepção que os alunos devem ter sobre o próprio grupo de aprendizagem e sobre as conexões sociais existentes dentro deste grupo (PRASOLOVA- FORLAND, 2002). De forma geral, envolve o conhecimento sobre quem é o grupo, qual o seu objetivo, qual a sua estrutura, quem do grupo está presente, qual o papel de cada participante, responsabilidades, entre outras informações. No mundo real, essas informações são obtidas naturalmente pelos alunos através da comunicação informal e pela interação com outras pessoas (PRASOLOVA-FORLAND e DIVITINI, 2003). No entanto, o próprio ambiente deve disponibilizá-las para que os alunos possam reconhecer o grupo no qual estão inseridos, construir relações e identificar potenciais colaboradores. Dessa forma, pode ser criado um clima de confiança e amizade entre os usuários, o que encoraja o levantamento de questões e a troca de idéias. E isto, por conseguinte, favorece a realização de atividades e a construção de conhecimento dentro do grupo de aprendizagem. Os participantes do Redu também sentiram necessidade de se manterem sempre atualizados em relação ao que estava acontecendo no ambiente (GOMES et al., 2011): A6 Tá usando durante o fim de semana, durante a semana tá usando a internet e sempre tá olhando lá no Redu, senão agente fica sem saber o que tá acontecendo. Ai, quando agente vai olhar tem que vê tudo pra saber o que tá acontecendo. [sic] Nesse processo, os alunos demonstraram interesse em perceber as transformações que ocorrem no Redu, bem como a necessidade de perceber o que os colegas fazem. Os alunos também destacaram a importância do acesso ao material disponibilizado pelos professores. Chegaram, inclusive, a sugerir que a disponibilização do material anteceda as aulas. A12 P2 depois de tantas aulas só agora pude observar, q talvez as mesmas ficariam mas interessantes se vc disponibilizasse as apostilas das determinadas culturas, dias antes das aulas acontecerem. [sic] Nov 13, 2010 10:34 pm A partir da identificação dessa necessidade foram criadas formas de representar as transformações ocorridas nos espaços de convivência no Redu conforme mostrado na Figura 8. 1.9 Conclusões O Redu mostra-se transparente à realização de práticas de comunicação, colaboração, aprendizagem colaborativa e da prática docente. Ele oferece suporte à colaboração, discussão e disseminação de conteúdo educacional. Ele é concebido para que alunos e profissionais de ensino disponham de ambientes de armazenamento, resolução colaborativa de provas, visualização do desempenho e autorregulação da aprendizagem. Educar com o Redu Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 30
  • 31. Nele a colaboração ocorre em momentos diferentes de suas seções. Figura 8: Sinalização de transformações ocorridas no mural da disciplina. 1.10 Referências DILLENBOURG, P. What do you mean by collaborative learning? In P. Dillenbourg (Ed) Collaborative-learning: Cognitive and Computational Approaches, p. 1-19, Oxford: Elsevier, 1999. DILLENBOURG, P.; JÄRVELÄ, S.; FISCHER, F. 2009. The Evolution of Research on Computer-Supported Collaborative Learning. In Technology-Enhanced Learning. Springer Netherlands, p. 3-19. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1007/978-1-4020-9827-7_1. GOMES A. S.; SOUZA, F. V. C.; ABREU, J. A. B.; LIMA L. C. C.; MELO, C. A.; PAIVA, G. L.; DUARTE, A. P. Colaboração, Comunicação e Aprendizagem em Rede Social Educativa, In Xavier A. C. (Ed.) Hipertexto e Cibercultura: links com a literatura, a publicidade, o plágio e as redes sociais educacionais, São Paulo: Respel, 2011. KOZINETS, R. Want to Believe: A Nethnography of the’X-Philes’ Subculture of Consumption RV Kozinets — Advances in Consumer Research, 1999. LEMOS, A. Cibercultura. Tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2004. MALONEY-KRICHMAR, D.; PREECE, J. A multilevel analysis of sociability, usability, and community dynamics in an online health community, ACM Trans. Comput.-Hum. Interact., v. 12, n. 2, p. 201-232, 2005. MOORE, T. D.; SERVA, M. A. Understanding Member Motivation for Contributing to Educar com o Redu Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 31
  • 32. Different Types of Virtual Communities: A Proposed Framework. SIGMIS-CPR’07, April 19- 21, 2007, St. Louis, Missouri, USA. Copyright 2007. ACM 978-1-59593-641-7/07/0004. PALÁCIOS, M. Cotidiano e Sociabilidade no Cyberespaço: apontamento para discussão online, 1998. Disponível em: http://goo.gl/WrPlz. Acesso em 10 set. 2010. PRASOLOVA-FORLAND, E. Supporting Awareness in Education: Overview and Mechanisms. In: International Conference in Engineering Education, p. 18-21, Manchester, U.K, 2002. PRASOLOVA-FORLAND, E.; DIVITINI, M. Supporting Social Awareness: Requirements for Educational CVE. In: Proceedings of the 3rd IEEE International Conference on Advanced Learning Technologies, 2003. PRIMO, A. Interação mediada por computador. Comunicação, cibercultura e cognição. Porto Alegre: Sulina, 2007. RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009, 191 p., il. (Coleção Cibercultura). ROCHA, L. A. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 10, n. 21, p. 155-179, jan./jun. 2004. SERAFIM, L. As Redes Sociais e a Aprendizagem, 2010. Disponível em: http://goo.gl/6bMbI. Acesso em: 20 mai. 2010. SILVEIRA, S. M.; LEITE, L. L. Alternativas de Ajuda Online para Ambientes de Aprendizagem Colaborativa, XX Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, Florianópolis — SC, 2009, ISSN: 2176-4301. VIGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente — O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Tradução de José Cipolla Neto. São Paulo: Martins Fontes, 2000. ZIMMERMAN, B. J. Self-Regulatory Cycles of Learning. In: Gerald A. Straka (Ed.): Conceptions of Self-Directed Learning. Münster: Waxmann, p. 221-234, 2000. Educar com o Redu Capítulo 1: Fenômenos cognitivos no uso de redes sociais no ensino 32
  • 33. Capítulo 2 Ensino e aprendizagem mediados pelo Redu Alex Sandro Gomes, João Alberto Brito de Abreu, Luis Claudeivan e Flávia Veloso de Sousa 2.1 Resumo Para ser percebida como eficaz ao ensino, as interfaces de uma tecnologia, a priori, devem ser fáceis de usar. Nas seções a seguir será apresentado como o Redu pode ser utilizado em atividades recorrentes da prática docente. O Redu pode servir como ferramenta ao planejamento de aulas, ao compartilhamento de materiais, ao acompanhamento e à mediação didática. Para ser adotada, a experiência com o Redu deve ser percebida como agradável pelo professor. 2.2 A prática docente: planejamento, coordenação e mediação Um aspecto bastante importante no uso de um ambiente como o Redu no processo de ensino e aprendizagem é a facilidade de incorporação de sua utilização na prática docente. Durante a realização de um estudo de caso procurou-se identificar como o professor iria planejar, ensinar e avaliar utilizando o Redu (GOMES et al., 2011). Para atingir esse objetivo buscou-se modelar a prática docente nas redes sociais educacionais, bem como, investigar qual a possível contribuição que a intermediação via Redu pode trazer ao processo de planejamento, coordenação e mediação. O contexto de observação da pesquisa considerou dois momentos: no primeiro momento foi realizada a observação do planejamento de ensino realizado pelo professor dentro do ambiente do Redu. No segundo momento foi realizada a observação de todas as interações que ocorreram mediadas via Redu. Buscou-se identificar como ocorria a interação do professor com os alunos, tanto nos momentos presenciais quanto nos momentos à distância, intermediados pelo Redu. Observou-se que durante o uso do Redu, os alunos questionaram mais o professor, ao mesmo tempo em que participaram das discussões, inclusive sugerindo alterações nas atividades propostas por ele (GOMES et al., 2011). Os professores, por sua vez, assumiram papel de mediador. Esta mudança no papel dos professores permitiu uma efetiva colaboração entre todos os participantes (professores e alunos). Os professores realizaram atividades de planejamento no Redu, tais como criação de aula, criação de redes, reflexão sobre o que havia sido planejado e os resultados obtidos. Nessa última atividade os professores solicitaram que o material utilizado anteriormente fosse revisado pelos mesmos, com a finalidade de manter o que tinha obtido sucesso, alcançando os objetivos estabelecidos nessa etapa, e reestruturar o material que não tinha obtido os resultados esperados. Durante a realização das atividades propostas pelos alunos, os professores realizaram Educar com o Redu Capítulo 2: Ensino e aprendizagem mediados pelo Redu 33
  • 34. tarefas de coordenação e mediação que consistiram em: notificar os alunos sobre novas atividades, apresentar o curso, responder aos questionamentos dos alunos relativos ao conteúdo e a estrutura do curso. A seguir, são exibidos alguns exemplos das atividades (P2, P3 e P1 são professores, e A15 é aluno): P2 Olá caros alunos, é um prazer tê-los aqui na rede de contatos Redu, desta forma em breve estarão disponíveis todas as informações inerentes as culturas. [sic] P3 Depois vou deixar os textos de história para vocês olharem, Ok? [sic] P2 ATENÇÃO: AS AULAS SERÃO REALIZADAS NO LAB. DE INFORMÁTICA, NO CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO. Aula referente à continuação do Sistema de Produção da Cultura da Mandioca. [sic] P2 O peso das sementes que será utilizada na equação matemática 03, deve compreender valores entre 20 à 80 gramas, para o peso das 100 sementes. Ok, A15. [sic] P1 Outras informações importantes: Fique atenta a plataforma do Redu para que a aula não seja interrompida. Obrigado [sic] Assim, o professor estrutura sua ação educativa e inicia-se o processo de mediação, sem ampliar a distância que pode existir entre ele e os alunos (Ver Capítulo 7 sobre o conceito de distancia transacional). Os módulos organizados são guardados e compartilhados. Podem ainda ser utilizados diversas vezes, proporcionando uma economia de tempo para os professores. 2.3 Compartilhamento de planos de aula O Redu foi concebido para que alunos e profissionais de ensino disponham de ambientes de armazenamento e resolução colaborativa de provas e visualização do desempenho (MELO, 2010). Tendo como principal característica sua utilização na análise das interações entre os pares da rede social para promover o encontro, a oferta de materiais e situações pertinentes ao aprendizado de forma personalizada. O professor pode planejar o conteúdo da disciplina ou cursos que ministra em vários módulos com conteúdos. Cada módulo específico contém seus assuntos. Estes módulos podem ser planejados com antecedência e são compartilhados com os alunos por meio da visão dos diferentes módulos como mostra a Figura 9. 2.4 Compartilhar materiais O Redu constitui-se como um prático suporte à disseminação de conteúdo educacional. Os professores podem disponibilizar para os alunos materiais em diferentes formatos: videoaula, documentários e reportagens. Após o professor inserir todo esse conteúdo, ele poderá utilizar esses recursos em todas suas disciplinas nos mais variados cursos. A Figura Educar com o Redu Capítulo 2: Ensino e aprendizagem mediados pelo Redu 34
  • 35. 10 mostra um vídeo sendo compartilhado dentro do módulo de Variação Linguística que foi visto na Figura 9. Figura 9: Conteúdo programático da disciplina. Figura 10: Compartilhamento de vídeo no Redu. Educar com o Redu Capítulo 2: Ensino e aprendizagem mediados pelo Redu 35