Platão propõe a Teoria da Linha Divisória para explicar sua visão de mundo. Ela descreve o mundo visível e inteligível, e como o conhecimento nos leva do primeiro ao segundo, onde encontramos a Verdade, o Bem e o Belo. O filósofo busca um conhecimento teórico que fundamente a conduta humana, já que as opiniões não são suficientes. Somente o filósofo, que contempla as ideias, pode organizar a cidade de forma justa.
2. TEORIA DA LINHA DIVISÓRIA – PLATÃO
Por meio desta teoria, Platão expõe sua filosofia como um
sistema completo, da qual fazem parte:
• Epistemologia (teoria do conhecimento);
• Ontologia (teoria do ser);
• Ética (teoria da moral);
• Estética (teoria do belo).
Constitui a “metafísica de Platão” >> sua visão de
mundo, concepções que ultrapassam a percepção
física, que procuram descrever e explicar o mundo sem
reduzi-lo ao perceptível fisicamente.
4. Teoria da Linha Divisória
Em ambas as colunas há uma hierarquia.
• Caminha-se do campo do ser, do qual as imagens
(eikones) fazem parte, para os objetos particulares
(eikasia).
• A opinião faz parte do mundo visível, que se baseia, no
âmbito do ser (ontologia) nas imagens, nos objetos
particulares e em conceitos científicos; em etapas
correspondentes, mas no âmbito do saber
(epistemologia), percorre-se as etapas da conjectura, da
crença e do entendimento.
5. Teoria da Linha Divisória
• Já o conhecimento faz parte do mundo inteligível, aquele
acessível somente pela razão. No âmbito do ser, está
relacionado às formas puras; no campo do
saber, relaciona-se com a razão pura.
• O sol constitui-se como potência máxima, o superlativo de
todas as coisas do mundo visível. De forma equivalente, o
bem é o superlativo, a potência máxima do mundo
inteligível.
6. Teoria da Linha Divisória
• Para Platão, o homem que adquire o conhecimento
verdadeiro alcança o Bem. Não pode haver conhecimento
sem virtude. É natural que o sábio seja virtuoso. Na
medida em que encontrar a Verdade (e o Belo), só está
fazendo uma coisa: encontrando o Bem.
• Para cada estado de ser há um estado de saber, ou de
consciência. Das sombras, que são iluminadas pelo
Sol, pode-se ir à verdadeira luz que não produz sombra, o
Bem – o que equivale a sair do campo físico e ingressar
no metafísico.
7. Teoria da Linha Divisória
• Para Platão, o mundo visível, sensível, o campo do ser, é
apenas uma cópia do mundo inteligível, o campo do
saber. Nos dias atuais, fala-se em correspondência entre
mundo sensível e mundo metafísico.
• Platão considera como mundo real o campo do inteligível.
Trata-se do mundo ideal para o filósofo, ao qual ele
chama de verdadeiramente real. Platão é considerado um
filósofo idealista.
8. Teoria da Linha Divisória
• Para Platão, o Bem é a fonte do ser (ontologia), do
conhecimento (deontologia) e da verdade (ética) e, ao
mesmo tempo, constitui-se no que há de mais belo
(estética).
• Na metafísica de Platão, Bem, Belo e Saber se fundem
no Bem.
9. Platão ambicionava inicialmente ter uma participação política
por meio da qual pudesse melhorar a sociedade ateniense.
No entanto, desistiu ante a degeneração que afirma ter
observado:
• “A legislação e a moralidade estavam a tal ponto
corrompidas que eu, antes cheio de ardor para trabalhar
para o bem público, considerando essa situação e vendo
que tudo rumava à deriva, acabei por ficar aturdido”.
Platão faz da crise política da cidade um tema de reflexão.
Procura um fundamento sólido para a conduta
humana, pois, segundo ele, as ações não se justificam por si
mesmas, nem as opiniões ligadas a essas ações.
10. Em sua Academia, nos arredores da cidade, ele procura
afastar-se da vida prática para uma forma de contemplação
(theoria) por meio da qual consiga encontrar a Verdade.
Busca, assim, um conhecimento teórico que se auto-
fundamente e que proclame sua validade unicamente pela
força de suas demonstrações. Lança mão, nessa busca, da
dialética – não no sentido da arte da discussão cultivada e
ensinada pelos sofistas, mas tendo como modelo os diálogos
de Sócrates, que procurava encadear os raciocínios de tal
forma até excluir a possibilidade de refutação.
11. Se, por um lado, Sócrates produzia um saber negativo, pois
encadeando perguntas levava o interlocutor a compreender
que nada sabia, Platão pretende produzir um saber positivo.
Por meio de afirmações procura chegar a conclusões
irrefutáveis que separam o aparente (mundo do ser) do
essencial (mundo do saber).
Esses dois mundos, embora separados, estão relacionados
num sentido preciso: as coisas sensíveis imitam as ideias que
lhes correspondem. Como imitação (mimesis), as coisas são
sempre imperfeitas – o que explica o fato do mundo sensível
estar sempre em mutação e variação.
12. Somente aquele que conhece o Bem (o filósofo >> indivíduo
que sai da caverna e contempla o Sol) pode organizar a
cidade – não mais segundo as opiniões, mas tendo como
base o verdadeiro conhecimento.
Platão afirma (Carta VII): “Os males não cessarão para os
homens antes que a raça dos puros e autênticos filósofos
chegue ao poder”.
13. Fontes bibliográficas:
ABRÃO, Bernadette Siqueira. A história da filosofia. São
Paulo, Ed. Nova Fronteira, 2004
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, 13ª
edição, Ed. Ática, 2005
GHIRALDELLI JR., Paulo. Introdução à filosofia. Barueri, Ed.
Manole, 2003
Internet
CEIA, Carlos. E-dicionário de temas literários. Disponível em
www.edtl.com.pt. Consulta realizada em 21/02/2013.