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Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática
Universidade do Estado do Pará
03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil
ISBN: 978-85-88375-28-4
1
A MODELAGEM MATEMÁTICA COMO METODOLOGIA PARA O ENSINO-
APRENDIZAGEM DE FÍSICA
Ednilson Sergio Ramalho de Souza1
edseram@yahoo.com.br
Mestrando do PPGECM/NPADC-UFPA.
Adilson Oliveira do Espírito Santo2
adilson@ufpa.br
Docente do PPGECM-NPADC/UFPA
Resumo
Neste artigo procuraremos mostrar uma proposta de ensino de Física utilizando a
modelagem matemática como metodologia de ensino-aprendizagem. Para que isso seja
possível é necessário que o professor de Física conheça as principais características
dessa metodologia, pois é durante a dinâmica da modelagem matemática que os
conceitos físicos vão sendo introduzidos na bagagem cognitiva do aluno. Essa proposta
de ensino de Física, além de torná-lo significativo, possui um caráter interdisciplinar e
contextualizado. Concluímos que a modelagem matemática aplicada ao ensino de Física
pode dar mais motivação aos alunos, além de se conseguir um ponto de convergência
entre essas duas disciplinas.
Palavras-chave: Modelagem matemática; Ensino de física; Interdisciplinaridade;
Contextualização.
1
Professor de Física e Mestrando em Educação em Ciências e Matemáticas do Programa de pós-
graduação em Educação em Ciências e Matemáticas do NPADC/UFPA.
2
Doutor em Engenharia Elétrica pela UNICAMP e docente do Programa de Pós -Graduação em Educação
em Ciências e Matemáticas do NPADC/UFPA.
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Introdução
O Ensino de Física comumente é realizado de maneira desarticulada com o mundo
vivencial dos alunos. Isso vai de encontro ao que recomendam as Orientações
Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio (PCN +), o qual afirma que é preciso
“(...) considerar o mundo em que o jovem está inserido, não
somente através do reconhecimento de seu cotidiano enquanto
objeto de estudo, mas também de todas as dimensões culturais,
sociais e tecnológicas que podem ser por ele vivenciadas na
cidade ou região em que vive” (Brasil, 2000, p.83).
Assim, é necessário que o professor de Física comece a refletir em sua prática de
ensino, no sentido de buscar novas metodologias que possam fazer o ensino de Física
ficar mais próximo da realidade do aluno. É nesse sentido que o objetivo deste trabalho
é apresentar uma metodologia de ensino de Física través da modelagem matemática de
um fenômeno físico.
Começaremos fazendo um breve estudo sobre modelagem matemática. Vamos ver
alguns conceitos sobre o que vem a ser um modelo, algumas definições de modelo
matemático e, por fim, alguns conceitos de modelagem matemática. Vamos ver também
como ocorre o processo de modelagem matemática. Utilizaremos como autores de apoio
Rodney Bassanezi (2004) e Maria Biembengut & Nelson Hein (2003).
A seguir, daremos um exemplo de atividade de como o professor de Física poderá
trabalhar o tema Energia em sala de aula, utilizando como metodologia a modelagem
matemática. O exemplo foi estruturado em quatro etapas, mas nada impede que o
professor faça as adaptações peculiares a cada turma. Será mostrado que o aluno é
levado a descobrir uma equação para se calcular a Energia Mecânica, e também
perceber o caráter conservativo da energia. Deste modo, o ensino de Física fica mais
significativo e contextualizado.
Terminaremos essa pesquisa fazendo um relato de experiência de sala de aula onde a
atividade proposta foi colocada em prática, após isso exporemos algumas reflexões a
respeito do método proposto.
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O que é modelagem matemática?
Antes de responder a essa pergunta, temos que, primeiramente, responder a outras duas:
O que é um modelo? E o que é um modelo matemático?
Biembengut e Hein (2003) dizem que a formulação de modelos interpretativos dos
fenômenos naturais e sociais é inerente ao ser humano. Os mesmos autores, citando
Granger (1969) dizem que
“(...) o modelo é uma imagem que se forma na mente, no momento em
que o espírito racional busca compreender e expressar de forma
intuitiva uma sensação, procurando relacioná-la com algo já conhecido,
efetuando deduções” (p. 11).
Bassanezi (2004) diz que se cria o modelo quando se procura refletir sobre uma porção
da realidade, na tentativa de explicar, de entender ou de agir sobre ela (a realidade).
Assim, entendemos por modelo a representação de algo que foi compreendido e
expresso de alguma maneira que se possa fazer relações com o mundo ao redor, através
de predições, explicações, manipulações, formulações.
O conhecimento físico tem se desenvolvido recorrendo-se constantemente a modelos.
Elabora-se um modelo simples, que represente uma parte da realidade e após refletir,
deduzir, experimentar o modelo, elabora-se outro modelo mais sofisticado que
represente uma porção maior da realidade (Pinheiro, 2001). Bunge (1974) chama a
atenção para o fato de que “(...) todo modelo é parcial, já que a observação, a intuição e
a razão, que são componentes do trabalho científico não permitem, por si mesmas, o
reconhecimento do real” (apud Pinheiro, 2001, p. 36).
A autora acima citada faz uma observação a respeito do uso dos modelos no processo
ensino-aprendizagem de Física, afirmando que
“A estreita relação entre a produção do conhecimento e
modelos faz com que eles se tornem elementos que devem ser
considerados no processo de ensino-aprendizagem de Física.
Isso porque a compreensão e a reflexão sobre os papéis e as
funções dos modelos podem contribuir para a compreensão de
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que aprender Física oportuniza a apreensão de uma forma de
representação e interpretação da realidade” (op. cit. p. 33).
Se usarmos um conjunto de símbolos e relações matemáticas a fim de traduzir um
fenômeno ou problema real, estaremos utilizando um modelo matemático (Biembengut
e Hein, 2003), pois, como afirma Bassanezi (2004),
“Um modelo matemático é um conjunto consistente de
equações ou estruturas matemáticas, elaborado para
corresponder a algum fenômeno – este pode ser físico,
biológico, social, psicológico, conceitual ou outro modelo
matemático” (p. 174).
Segundo Kneller (1980, apud Pinheiro, 2001) a construção de modelos e teorias utiliza a
Matemática de três maneiras:
1- construir um formalismo matemático e posteriormente interpretá-lo fisicamente;
2 - buscar entre as funções matemáticas já conhecidas uma que atenda a uma idéia ou
hipótese física, o que significa dizer que o cientista tem uma previsão sobre o
comportamento de determinado fenômeno e busca uma forma de representar
matematicamente seu modelo interpretativo;
3- construir uma função matemática que represente matematicamente o fenômeno
físico.
Estamos, agora, em condições de responder a nossa pergunta principal: O que é
modelagem matemática?
De acordo com D’Ambrósio (1986) “modelagem é um processo muito rico de encarar
situações e culmina com a solução efetiva do problema real e não com a simples
resolução formal de um problema artificial” (apud Júnior e Espírito Santo, 2004).
Para Biembengut e Hein modelagem matemática é a “arte de expressar por intermédio
de linguagem matemática situações problema de nosso meio (...)” (2003, p. 8).
Na visão de Bassanezi (2004) a modelagem possui duas funções principais: obtenção e
validação de modelos
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“Modelagem matemática é um processo dinâmico utilizado para
obtenção e validação de modelos matemáticos. É uma forma de
abstração e generalização com a finalidade de previsão de
tendências. A modelagem consiste, essencialmente, na arte de
transformar situações da realidade em problemas matemáticos
cujas soluções devem ser interpretadas na linguagem usual” (p.
24).
No entender de Chaves e Espírito Santo (2004)
“Modelagem Matemática é um processo que transforma, uma
situação/questão escrita na linguagem corrente e/ou proposta
pela realidade, em linguagem simbólica da matemática, fazendo
aparecer um modelo matemático que, por ser uma representação
significativa do real, se analisado e interpretado segundo as
teorias matemáticas, devolve informações interessantes para a
realidade que se está questionando” (p. 579).
Desta maneira, entendemos por modelagem matemática um conjunto de procedimentos
que visam abstrair, da realidade a nossa volta, um modelo matemático representativo
desta realidade, o qual nos permite compreender melhor a relação entre os
acontecimentos e o mundo, através de: análises, reflexões, deduções, predições. Este
modelo deverá ser testado de diferentes maneiras para verificar em que grau
corresponde à realidade analisada.
A dinâmica do processo de modelagem matemática
De acordo com Biembengut e Hein (2003) o processo de modelagem matemática pode
ser realizado, basicamente, em três fases:
a) Interação: É o reconhecimento da situação-problema e a familiarização com o
assunto a ser modelado. A situação-problema torna-se cada vez mais clara, à medida
que se vai interagindo com os dados.
b) Matematização: Formulação do problema (hipótese) e resolução do problema em
termos do modelo. É aqui que se dá a tradução da situação problema para a linguagem
matemática. O objetivo principal deste momento do processo de modelar é chegar a um
conjunto de expressões aritméticas ou fórmulas, ou equações algébricas, ou gráfico, ou
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representações, ou programa computacional, que levem à solução ou permitam a
dedução de uma solução.
c) Modelo Matemático: Interpretação da solução e validação do modelo (avaliação).
Para concluir o modelo, torna-se necessária uma avaliação para verificar em que nível
ele se aproxima da situação-problema representada e, a partir daí, verificar também o
grau de confiabilidade na sua utilização.
Um exemplo de atividade de modelagem: energia mecânica
A maioria dos livros de Ensino Médio começa a abordar este assunto colocando
diretamente a fórmula Em = Ec + Ep (Carron, 1999, p. 191) e, a partir daí, propõem
vários exercícios repetitivos para aplicação da equação dada. No exemplo de
modelagem proposto nesta seção, o professor poderá perceber que, com o uso da
modelagem matemática como metodologia de ensino-aprendizagem de Física, o aluno é
levado a (re) descobrir um modelo (equação matemática) para o cálculo da Energia
Mecânica. Ficando o ensino, deste modo, contextualizado e significativo.
O professor poderá notar, também, que os conceitos físicos são trabalhados durante o
processo de modelagem. Diferentemente da maneira como ocorre no ensino tradicional
– onde se segue o esquema: definição (conceitos) → fórmula → aplicação (exercícios) –
usando a modelagem como método de ensino, a parte conceitual da Física é mostrada
durante a tecitura do modelo. Isso faz com que haja uma ruptura no esquema tradicional
em prol de uma maneira diferente de se ensinar Física.
O exemplo proposto foi elaborado para ser trabalhado em quatro etapas, podendo o
professor efetuar as modificações peculiares a cada turma. O conteúdo abordado terá
como objetivos:
Verificar algumas formas de energia existentes na natureza;
Conceituar Energia Cinética (Ec);
Conceituar Energia Potencial Gravitacional (Epg);
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Mostrar o processo de transformação de energia;
Expressar um modelo matemático que caracterize a Energia Mecânica (Em);
Mostrar o caráter conservativo da Energia Mecânica;
Enunciar a lei da conservação da Energia.
Primeiro passo
O professor deverá pedir para que os alunos formem grupos de três a cinco
componentes (Biembengut e Hein, 2003). Deve-se então dar3
o tema Energia para que
os grupos discutam entre si, com base nas seguintes perguntas provocativas:
1) Quais formas de energia você conhece?
2) Que tipo de energia você mais utiliza no seu dia-a-dia?
3) Como é produzida a energia que você mais utiliza no seu cotidiano?
4) Você acha que, de alguma maneira, podemos “criar” energia?
Após o professor discutir com os alunos sobre o tema, ele deverá pedir para que os
grupos pesquisem sobre o assunto em livros, revistas, Internet e tragam a pesquisa na
próxima aula.
Essa primeira parte da modelagem é chamada de Interação, pois como afirma
Biembengut e Hein (2003),
“Uma vez delineada a situação problema que se pretende
estudar, deve ser feito um estudo sobre o assunto de modo
indireto (por meio de livros e revistas especializadas, entre
outros) ou direto, in loco (por meio de experiência em campo,
de dados experimentais obtidos com especialistas da área” (p.
13).
Segundo passo
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Alguns autores dizem que, com o tempo, após se ter experiência na dinâmica da modelagem é possível
deixar que os alunos escolhamo tema para ser modelado.
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Nesta aula, o professor deverá escrever no quadro as respostas dadas pelos alunos para a
primeira pergunta, por exemplo, energia elétrica, solar, nuclear, etc. O professor poderá,
então, fazer alguns comentários sobre essas formas de energia, relacionado aspectos
como: uso industrial; uso doméstico; poluição ambiental; custos de produção;
problemas ecológicos; e outros. Neste momento, o professor terá que explicar para os
alunos que existem duas outras formas de energia bastante utilizadas na Física (desde
que não tenham sido citadas, é claro): a energia potencial gravitacional e a energia
cinética.
O professor deverá deixar claro para os alunos que a Energia Potencial Gravitacional
(Epg) está relacionada à posição do objeto em relação a certo referencial e a Energia
Cinética (Ec), ao seu movimento (Gaspar, 2002, p. 117-119). É muito importante que o
professor ainda não mostre fórmulas para a energia potencial e cinética em sua
explicação, pois, o que importa, no momento, é que os alunos associem Epg à altura do
objeto e Ec a sua velocidade.
Terceiro passo
O professor deve, agora, trabalhar com a terceira pergunta: como é produzida a energia
que você mais utiliza no seu dia-a-dia?
Considerando que a resposta seja energia elétrica, o professor poderá falar um pouco
sobre o funcionamento de uma usina hidrelétrica. Nesse momento é importante abordar
alguns aspectos, por exemplo, que o Brasil possui um grande potencial hídrico e que
mais de noventa por cento (90%) da eletricidade produzida no país provém de geradores
hidráulicos (Moreira, 2002, p. 407). Porém o prejuízo para o ecossistema provocado
pela área inundada pela represa é incalculável.
O professor deverá desenhar no quadro um esquema de uma usina hidrelétrica,
assinalando alguns pontos (A, B, C, D), como mostrado no desenho abaixo,
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Com base no desenho, o professor deverá fazer algumas perguntas:
Em que ponto a Ec é máxima?
Em que ponto a Epg é nula?
Em que ponto a Ec é nula?
O que acontece com a energia cinética e potencial nos pontos B e C?
Quarto passo
O professor deverá propor para os grupos a seguinte situação problema:
Na figura 1 considere que a velocidade de certa massa de água no ponto A seja zero
(velocidade nula) e que a Epg neste mesmo ponto seja 100 unidades de energia.
Responda as questões que seguem e complete a tabela a seguir.
Quanto vale a Ec no ponto A?
Quanto vale a Epg no ponto B?
Quanto vale a Ec no ponto C?
Quanto vale a Epg no ponto D?
A B C D
Ec 20 100
Epg 100 50
Em 100 100
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Após ter auxiliado aos alunos a completarem a tabela, o professor deverá pedir para que
os mesmos proponham um modelo matemático (equação) para se calcular a Energia
Mecânica do sistema,
Em =
De posse do modelo proposto pelos alunos, o professor deverá pedir para que os
mesmos digam o que eles entendem por energia mecânica. De acordo com as respostas
o docente deverá fazer as complementações necessárias.
A metodologia proposta concorda com o caso 1 de Barbosa, como afirmam Chaves e
Espírito Santo “No caso 1, o professor apresenta o problema, devidamente relatado,
com dados qualitativos e quantitativos, cabendo aos alunos (...), acompanhados pelo
professor, (...) a tarefa de resolver o problema” (p. 581).
Reflexões sobre a metodologia proposta
Pelo que foi exposto, pode-se notar que a modelagem matemática como metodologia
aplicada ao ensino de Física torna-o mais contextualizado e significativo, uma vez que o
aluno retira da realidade ao seu redor as informações necessárias para (re) criar um
modelo matemático, pois como afirma Júnior e Espírito Santo (2004),
“A modelagem oferece uma maneira de colocar a
aplicabilidade da Matemática em situações do cotidiano, no
currículo escolar em conjunto com o tratamento formal que é
predominante no modelo tradicional. Esta ligação da
Matemática escolar com a Matemática da vida cotidiana do
aluno faz um papel importante no processo de escolarização do
indivíduo, pois dá sentido ao conteúdo estudado, facilitando
sua aprendizagem e tornando-a mais significativa” (p. 78).
O caráter interdisciplinar entre Física e Matemática fica evidente quando o professor
utiliza a modelagem para o ensino de Física. Assim, o ponto de convergência e a
complementaridade, citados nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio (PCNEM) entre as disciplinas é alcançado durante o processo de modelagem do
fenômeno físico,
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“A interdisciplinaridade deve ser compreendida a partir de uma
abordagem relacional, em que se propõe que, por meio da
prática escolar, sejam estabelecidas interconexões e passagens
entre os conhecimentos através de complementaridade,
convergência ou divergência” (Brasil, 2000, p. 21)
O ensino de Física com o uso da modelagem matemática faz com que os alunos sintam-
se mais motivados, pois, além de estarem construindo o saber com informações de sua
própria realidade, nota-se que há uma ruptura na seqüência normalmente utilizada no
ensino: definição → exemplo → exercício → problema. Bassanezi (2004) diz que um
teorema deveria ser ensinado se acordo com o seguinte esquema: motivação →
formulação de hipóteses → validação das hipóteses → novos questionamentos →
enunciado, pois “Estaríamos assim reinventando o resultado juntamente com os alunos,
seguindo o processo da modelagem e conjugando verdadeiramente o binômio ensino-
aprendizagem” (p. 36).
O papel do professor também se altera. Usando a modelagem como metodologia de
ensino na aprendizagem de Física, o professor passa a ser um orientador, mediador do
conhecimento. Isso modifica profundamente o paradigma vigente no ensino de Física,
onde o professor é o centro do processo ensino-aprendizagem,
“(...) o professor assume características diferentes, tem o papel de
mediador da relação ensino-aprendizagem, deve orientar o
trabalho tirando dúvidas e colocando novos pontos de vista em
relação ao problema tratado e outros aspectos que permitam aos
alunos pensarem sobre o assunto (...)” (Júnior e Espírito Santo,
2004, p. 79).
Segundo Barbosa (apud Chaves e Espírito Santo, 2004) a modelagem dá novo perfil ao
trabalho do professor no momento em que ele deixa de ser detentor do conhecimento e
transmissor do saber e passa a ser percebido como aquele que está conduzindo,
participando das atividades. (p. 79)
Relato de experiência em sala de aula
O exemplo de atividade proposto neste trabalho foi realizado em uma turma com
aproximadamente vinte alunos de um curso comunitário preparatório para o vestibular,
no bairro do Guamá em Belém-Pa.
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Apesar de ser um curso pré-vestibular, a receptividade por parte dos alunos foi
satisfatória; pôde-se notar que a metodologia proposta mudou o ambiente de sala de
aula, tornando-o mais dinâmico.
O trabalho em grupo, que quase não ocorre nas aulas tradicionais de Física, foi um dos
itens que mais chamou a atenção dos discentes. Um aluno chegou a relatar que ...a aula
estava mais interessante..., outro disse que começara ...a gostar mais de Física...
Alguns alunos solicitaram que os outros assuntos considerados difíceis da Física fossem
explicados através da modelagem matemática. Esse pedido dos alunos chamou a
atenção, pois, pôde-se perceber que a modelagem fez com que um assunto difícil ficasse
mais fácil para os alunos. Isso, talvez, deveu-se; porque durante o processo de
modelagem, o aluno começa a descobrir a Física ao seu redor, ou seja, os conceitos
físicos não são impostos pelo professor de forma pronta e acabada, mas retirados da
situação-problema pelos próprios alunos. Desta maneira, os conceitos físicos fazem
sentido para o aluno, tornando o ensino, assim, mais prazeroso.
O relato dos alunos parece concordar com o argumento de aprendizagem citado por
Bassanezi (2004) para a inclusão da modelagem nos cursos regulares, o qual afirma que
a modelagem “garante que os processos aplicativos facilitam ao estudante compreender
melhor os argumentos matemáticos, guardar os conceitos e os resultados (...)” (p. 37).
Considerações finais
Neste trabalho, procuramos abordar a modelagem matemática como uma possibilidade
metodológica para o ensino-aprendizagem de física. Vimos que as aulas de física,
normalmente consideradas chatas, ganharam nova roupagem, motivando o aluno a
participar da aula, pois, nessa metodologia, o discente faz parte do processo, sendo ativo
e deixando de ser um mero expectador, rompendo o modo tradicional de ensino de
física, onde muitas vezes o aluno é passivo e apenas escuta sem poder expressar seus
raciocínios, sem poder explicitar para o professor suas dificuldades e potencialidades.
Vimos também que a modelagem matemática possui um caráter interdisciplinar, o qual
fez com que, nas aulas de física, fossem abordados temas transversais, como: poluição
ambiental, racionamento de energia elétrica e de água, problemas ecológicos e outros.
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Porém, entendemos que para explorar o potencial da modelagem matemática, é preciso
que essa tendência em educação matemática faça parte do cotidiano do professor, pois é
modelando que se aprende a modelar (Bassanezi, 2004) e é criando situações passíveis à
modelagem matemática que o professor percebe que a modelagem também é uma arte
(Biembengut e Hein, 2003).
Referências bibliográficas
BASSANEZI, R. C. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática: uma nova
estratégia. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2004, 389p.
BIEMBENGUT, M. S; Hein, N. Modelagem matemática no ensino. 3 ed. São Paulo:
Contexto, 2003, 127p.
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Ensino Médio – Brasília: Ministério da Educação, 2000.
CARRON, W.; Guimarães, O. As Faces da Física. São Paulo: Moderna, 1999, 672p.
CHAVES, M. I. A; Espírito Santo, A. O. Um modelo de modelagem matemática para o
Ensino Médio. In: Anais do VII Congresso Norte/Nordeste de Educação em Ciências e
Matemática, Belém, 8 a 11 de dez. 2004.
GASPAR, A. Física. São Paulo: Ática, 2002, 496p.
JÚNIOR, A. G.; Espírito Santo, A. O. A modelagem como caminho para “fazer matemática”
na sala de aula. In: Anais do VII Congresso Norte/Nordeste de Educação em Ciências e
Matemática, Belém, 8 a 11 de dez. 2004.
MOREIRA, I. O Espaço Geográfico: geografia geral e do Brasil. 47 ed. São Paulo: Ática,
2002, 455p.
PINHEIRO, T. F. Modelização de variáveis: uma maneira de caracterizar o papel estruturador
da Matemática no conhecimento científico. In: Pietrocola, M. (org.). Ensino de Física:
conteúdo, metodologia e epistemologia numa concepção integradora. Florianópolis: UFSC,
2001. p. 33-52.

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Ensino de Física com Modelagem Matemática

  • 1. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 1 A MODELAGEM MATEMÁTICA COMO METODOLOGIA PARA O ENSINO- APRENDIZAGEM DE FÍSICA Ednilson Sergio Ramalho de Souza1 edseram@yahoo.com.br Mestrando do PPGECM/NPADC-UFPA. Adilson Oliveira do Espírito Santo2 adilson@ufpa.br Docente do PPGECM-NPADC/UFPA Resumo Neste artigo procuraremos mostrar uma proposta de ensino de Física utilizando a modelagem matemática como metodologia de ensino-aprendizagem. Para que isso seja possível é necessário que o professor de Física conheça as principais características dessa metodologia, pois é durante a dinâmica da modelagem matemática que os conceitos físicos vão sendo introduzidos na bagagem cognitiva do aluno. Essa proposta de ensino de Física, além de torná-lo significativo, possui um caráter interdisciplinar e contextualizado. Concluímos que a modelagem matemática aplicada ao ensino de Física pode dar mais motivação aos alunos, além de se conseguir um ponto de convergência entre essas duas disciplinas. Palavras-chave: Modelagem matemática; Ensino de física; Interdisciplinaridade; Contextualização. 1 Professor de Física e Mestrando em Educação em Ciências e Matemáticas do Programa de pós- graduação em Educação em Ciências e Matemáticas do NPADC/UFPA. 2 Doutor em Engenharia Elétrica pela UNICAMP e docente do Programa de Pós -Graduação em Educação em Ciências e Matemáticas do NPADC/UFPA.
  • 2. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 2 Introdução O Ensino de Física comumente é realizado de maneira desarticulada com o mundo vivencial dos alunos. Isso vai de encontro ao que recomendam as Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCN +), o qual afirma que é preciso “(...) considerar o mundo em que o jovem está inserido, não somente através do reconhecimento de seu cotidiano enquanto objeto de estudo, mas também de todas as dimensões culturais, sociais e tecnológicas que podem ser por ele vivenciadas na cidade ou região em que vive” (Brasil, 2000, p.83). Assim, é necessário que o professor de Física comece a refletir em sua prática de ensino, no sentido de buscar novas metodologias que possam fazer o ensino de Física ficar mais próximo da realidade do aluno. É nesse sentido que o objetivo deste trabalho é apresentar uma metodologia de ensino de Física través da modelagem matemática de um fenômeno físico. Começaremos fazendo um breve estudo sobre modelagem matemática. Vamos ver alguns conceitos sobre o que vem a ser um modelo, algumas definições de modelo matemático e, por fim, alguns conceitos de modelagem matemática. Vamos ver também como ocorre o processo de modelagem matemática. Utilizaremos como autores de apoio Rodney Bassanezi (2004) e Maria Biembengut & Nelson Hein (2003). A seguir, daremos um exemplo de atividade de como o professor de Física poderá trabalhar o tema Energia em sala de aula, utilizando como metodologia a modelagem matemática. O exemplo foi estruturado em quatro etapas, mas nada impede que o professor faça as adaptações peculiares a cada turma. Será mostrado que o aluno é levado a descobrir uma equação para se calcular a Energia Mecânica, e também perceber o caráter conservativo da energia. Deste modo, o ensino de Física fica mais significativo e contextualizado. Terminaremos essa pesquisa fazendo um relato de experiência de sala de aula onde a atividade proposta foi colocada em prática, após isso exporemos algumas reflexões a respeito do método proposto.
  • 3. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 3 O que é modelagem matemática? Antes de responder a essa pergunta, temos que, primeiramente, responder a outras duas: O que é um modelo? E o que é um modelo matemático? Biembengut e Hein (2003) dizem que a formulação de modelos interpretativos dos fenômenos naturais e sociais é inerente ao ser humano. Os mesmos autores, citando Granger (1969) dizem que “(...) o modelo é uma imagem que se forma na mente, no momento em que o espírito racional busca compreender e expressar de forma intuitiva uma sensação, procurando relacioná-la com algo já conhecido, efetuando deduções” (p. 11). Bassanezi (2004) diz que se cria o modelo quando se procura refletir sobre uma porção da realidade, na tentativa de explicar, de entender ou de agir sobre ela (a realidade). Assim, entendemos por modelo a representação de algo que foi compreendido e expresso de alguma maneira que se possa fazer relações com o mundo ao redor, através de predições, explicações, manipulações, formulações. O conhecimento físico tem se desenvolvido recorrendo-se constantemente a modelos. Elabora-se um modelo simples, que represente uma parte da realidade e após refletir, deduzir, experimentar o modelo, elabora-se outro modelo mais sofisticado que represente uma porção maior da realidade (Pinheiro, 2001). Bunge (1974) chama a atenção para o fato de que “(...) todo modelo é parcial, já que a observação, a intuição e a razão, que são componentes do trabalho científico não permitem, por si mesmas, o reconhecimento do real” (apud Pinheiro, 2001, p. 36). A autora acima citada faz uma observação a respeito do uso dos modelos no processo ensino-aprendizagem de Física, afirmando que “A estreita relação entre a produção do conhecimento e modelos faz com que eles se tornem elementos que devem ser considerados no processo de ensino-aprendizagem de Física. Isso porque a compreensão e a reflexão sobre os papéis e as funções dos modelos podem contribuir para a compreensão de
  • 4. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 4 que aprender Física oportuniza a apreensão de uma forma de representação e interpretação da realidade” (op. cit. p. 33). Se usarmos um conjunto de símbolos e relações matemáticas a fim de traduzir um fenômeno ou problema real, estaremos utilizando um modelo matemático (Biembengut e Hein, 2003), pois, como afirma Bassanezi (2004), “Um modelo matemático é um conjunto consistente de equações ou estruturas matemáticas, elaborado para corresponder a algum fenômeno – este pode ser físico, biológico, social, psicológico, conceitual ou outro modelo matemático” (p. 174). Segundo Kneller (1980, apud Pinheiro, 2001) a construção de modelos e teorias utiliza a Matemática de três maneiras: 1- construir um formalismo matemático e posteriormente interpretá-lo fisicamente; 2 - buscar entre as funções matemáticas já conhecidas uma que atenda a uma idéia ou hipótese física, o que significa dizer que o cientista tem uma previsão sobre o comportamento de determinado fenômeno e busca uma forma de representar matematicamente seu modelo interpretativo; 3- construir uma função matemática que represente matematicamente o fenômeno físico. Estamos, agora, em condições de responder a nossa pergunta principal: O que é modelagem matemática? De acordo com D’Ambrósio (1986) “modelagem é um processo muito rico de encarar situações e culmina com a solução efetiva do problema real e não com a simples resolução formal de um problema artificial” (apud Júnior e Espírito Santo, 2004). Para Biembengut e Hein modelagem matemática é a “arte de expressar por intermédio de linguagem matemática situações problema de nosso meio (...)” (2003, p. 8). Na visão de Bassanezi (2004) a modelagem possui duas funções principais: obtenção e validação de modelos
  • 5. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 5 “Modelagem matemática é um processo dinâmico utilizado para obtenção e validação de modelos matemáticos. É uma forma de abstração e generalização com a finalidade de previsão de tendências. A modelagem consiste, essencialmente, na arte de transformar situações da realidade em problemas matemáticos cujas soluções devem ser interpretadas na linguagem usual” (p. 24). No entender de Chaves e Espírito Santo (2004) “Modelagem Matemática é um processo que transforma, uma situação/questão escrita na linguagem corrente e/ou proposta pela realidade, em linguagem simbólica da matemática, fazendo aparecer um modelo matemático que, por ser uma representação significativa do real, se analisado e interpretado segundo as teorias matemáticas, devolve informações interessantes para a realidade que se está questionando” (p. 579). Desta maneira, entendemos por modelagem matemática um conjunto de procedimentos que visam abstrair, da realidade a nossa volta, um modelo matemático representativo desta realidade, o qual nos permite compreender melhor a relação entre os acontecimentos e o mundo, através de: análises, reflexões, deduções, predições. Este modelo deverá ser testado de diferentes maneiras para verificar em que grau corresponde à realidade analisada. A dinâmica do processo de modelagem matemática De acordo com Biembengut e Hein (2003) o processo de modelagem matemática pode ser realizado, basicamente, em três fases: a) Interação: É o reconhecimento da situação-problema e a familiarização com o assunto a ser modelado. A situação-problema torna-se cada vez mais clara, à medida que se vai interagindo com os dados. b) Matematização: Formulação do problema (hipótese) e resolução do problema em termos do modelo. É aqui que se dá a tradução da situação problema para a linguagem matemática. O objetivo principal deste momento do processo de modelar é chegar a um conjunto de expressões aritméticas ou fórmulas, ou equações algébricas, ou gráfico, ou
  • 6. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 6 representações, ou programa computacional, que levem à solução ou permitam a dedução de uma solução. c) Modelo Matemático: Interpretação da solução e validação do modelo (avaliação). Para concluir o modelo, torna-se necessária uma avaliação para verificar em que nível ele se aproxima da situação-problema representada e, a partir daí, verificar também o grau de confiabilidade na sua utilização. Um exemplo de atividade de modelagem: energia mecânica A maioria dos livros de Ensino Médio começa a abordar este assunto colocando diretamente a fórmula Em = Ec + Ep (Carron, 1999, p. 191) e, a partir daí, propõem vários exercícios repetitivos para aplicação da equação dada. No exemplo de modelagem proposto nesta seção, o professor poderá perceber que, com o uso da modelagem matemática como metodologia de ensino-aprendizagem de Física, o aluno é levado a (re) descobrir um modelo (equação matemática) para o cálculo da Energia Mecânica. Ficando o ensino, deste modo, contextualizado e significativo. O professor poderá notar, também, que os conceitos físicos são trabalhados durante o processo de modelagem. Diferentemente da maneira como ocorre no ensino tradicional – onde se segue o esquema: definição (conceitos) → fórmula → aplicação (exercícios) – usando a modelagem como método de ensino, a parte conceitual da Física é mostrada durante a tecitura do modelo. Isso faz com que haja uma ruptura no esquema tradicional em prol de uma maneira diferente de se ensinar Física. O exemplo proposto foi elaborado para ser trabalhado em quatro etapas, podendo o professor efetuar as modificações peculiares a cada turma. O conteúdo abordado terá como objetivos: Verificar algumas formas de energia existentes na natureza; Conceituar Energia Cinética (Ec); Conceituar Energia Potencial Gravitacional (Epg);
  • 7. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 7 Mostrar o processo de transformação de energia; Expressar um modelo matemático que caracterize a Energia Mecânica (Em); Mostrar o caráter conservativo da Energia Mecânica; Enunciar a lei da conservação da Energia. Primeiro passo O professor deverá pedir para que os alunos formem grupos de três a cinco componentes (Biembengut e Hein, 2003). Deve-se então dar3 o tema Energia para que os grupos discutam entre si, com base nas seguintes perguntas provocativas: 1) Quais formas de energia você conhece? 2) Que tipo de energia você mais utiliza no seu dia-a-dia? 3) Como é produzida a energia que você mais utiliza no seu cotidiano? 4) Você acha que, de alguma maneira, podemos “criar” energia? Após o professor discutir com os alunos sobre o tema, ele deverá pedir para que os grupos pesquisem sobre o assunto em livros, revistas, Internet e tragam a pesquisa na próxima aula. Essa primeira parte da modelagem é chamada de Interação, pois como afirma Biembengut e Hein (2003), “Uma vez delineada a situação problema que se pretende estudar, deve ser feito um estudo sobre o assunto de modo indireto (por meio de livros e revistas especializadas, entre outros) ou direto, in loco (por meio de experiência em campo, de dados experimentais obtidos com especialistas da área” (p. 13). Segundo passo 3 Alguns autores dizem que, com o tempo, após se ter experiência na dinâmica da modelagem é possível deixar que os alunos escolhamo tema para ser modelado.
  • 8. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 8 Nesta aula, o professor deverá escrever no quadro as respostas dadas pelos alunos para a primeira pergunta, por exemplo, energia elétrica, solar, nuclear, etc. O professor poderá, então, fazer alguns comentários sobre essas formas de energia, relacionado aspectos como: uso industrial; uso doméstico; poluição ambiental; custos de produção; problemas ecológicos; e outros. Neste momento, o professor terá que explicar para os alunos que existem duas outras formas de energia bastante utilizadas na Física (desde que não tenham sido citadas, é claro): a energia potencial gravitacional e a energia cinética. O professor deverá deixar claro para os alunos que a Energia Potencial Gravitacional (Epg) está relacionada à posição do objeto em relação a certo referencial e a Energia Cinética (Ec), ao seu movimento (Gaspar, 2002, p. 117-119). É muito importante que o professor ainda não mostre fórmulas para a energia potencial e cinética em sua explicação, pois, o que importa, no momento, é que os alunos associem Epg à altura do objeto e Ec a sua velocidade. Terceiro passo O professor deve, agora, trabalhar com a terceira pergunta: como é produzida a energia que você mais utiliza no seu dia-a-dia? Considerando que a resposta seja energia elétrica, o professor poderá falar um pouco sobre o funcionamento de uma usina hidrelétrica. Nesse momento é importante abordar alguns aspectos, por exemplo, que o Brasil possui um grande potencial hídrico e que mais de noventa por cento (90%) da eletricidade produzida no país provém de geradores hidráulicos (Moreira, 2002, p. 407). Porém o prejuízo para o ecossistema provocado pela área inundada pela represa é incalculável. O professor deverá desenhar no quadro um esquema de uma usina hidrelétrica, assinalando alguns pontos (A, B, C, D), como mostrado no desenho abaixo,
  • 9. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 9 Com base no desenho, o professor deverá fazer algumas perguntas: Em que ponto a Ec é máxima? Em que ponto a Epg é nula? Em que ponto a Ec é nula? O que acontece com a energia cinética e potencial nos pontos B e C? Quarto passo O professor deverá propor para os grupos a seguinte situação problema: Na figura 1 considere que a velocidade de certa massa de água no ponto A seja zero (velocidade nula) e que a Epg neste mesmo ponto seja 100 unidades de energia. Responda as questões que seguem e complete a tabela a seguir. Quanto vale a Ec no ponto A? Quanto vale a Epg no ponto B? Quanto vale a Ec no ponto C? Quanto vale a Epg no ponto D? A B C D Ec 20 100 Epg 100 50 Em 100 100
  • 10. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 10 Após ter auxiliado aos alunos a completarem a tabela, o professor deverá pedir para que os mesmos proponham um modelo matemático (equação) para se calcular a Energia Mecânica do sistema, Em = De posse do modelo proposto pelos alunos, o professor deverá pedir para que os mesmos digam o que eles entendem por energia mecânica. De acordo com as respostas o docente deverá fazer as complementações necessárias. A metodologia proposta concorda com o caso 1 de Barbosa, como afirmam Chaves e Espírito Santo “No caso 1, o professor apresenta o problema, devidamente relatado, com dados qualitativos e quantitativos, cabendo aos alunos (...), acompanhados pelo professor, (...) a tarefa de resolver o problema” (p. 581). Reflexões sobre a metodologia proposta Pelo que foi exposto, pode-se notar que a modelagem matemática como metodologia aplicada ao ensino de Física torna-o mais contextualizado e significativo, uma vez que o aluno retira da realidade ao seu redor as informações necessárias para (re) criar um modelo matemático, pois como afirma Júnior e Espírito Santo (2004), “A modelagem oferece uma maneira de colocar a aplicabilidade da Matemática em situações do cotidiano, no currículo escolar em conjunto com o tratamento formal que é predominante no modelo tradicional. Esta ligação da Matemática escolar com a Matemática da vida cotidiana do aluno faz um papel importante no processo de escolarização do indivíduo, pois dá sentido ao conteúdo estudado, facilitando sua aprendizagem e tornando-a mais significativa” (p. 78). O caráter interdisciplinar entre Física e Matemática fica evidente quando o professor utiliza a modelagem para o ensino de Física. Assim, o ponto de convergência e a complementaridade, citados nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) entre as disciplinas é alcançado durante o processo de modelagem do fenômeno físico,
  • 11. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 11 “A interdisciplinaridade deve ser compreendida a partir de uma abordagem relacional, em que se propõe que, por meio da prática escolar, sejam estabelecidas interconexões e passagens entre os conhecimentos através de complementaridade, convergência ou divergência” (Brasil, 2000, p. 21) O ensino de Física com o uso da modelagem matemática faz com que os alunos sintam- se mais motivados, pois, além de estarem construindo o saber com informações de sua própria realidade, nota-se que há uma ruptura na seqüência normalmente utilizada no ensino: definição → exemplo → exercício → problema. Bassanezi (2004) diz que um teorema deveria ser ensinado se acordo com o seguinte esquema: motivação → formulação de hipóteses → validação das hipóteses → novos questionamentos → enunciado, pois “Estaríamos assim reinventando o resultado juntamente com os alunos, seguindo o processo da modelagem e conjugando verdadeiramente o binômio ensino- aprendizagem” (p. 36). O papel do professor também se altera. Usando a modelagem como metodologia de ensino na aprendizagem de Física, o professor passa a ser um orientador, mediador do conhecimento. Isso modifica profundamente o paradigma vigente no ensino de Física, onde o professor é o centro do processo ensino-aprendizagem, “(...) o professor assume características diferentes, tem o papel de mediador da relação ensino-aprendizagem, deve orientar o trabalho tirando dúvidas e colocando novos pontos de vista em relação ao problema tratado e outros aspectos que permitam aos alunos pensarem sobre o assunto (...)” (Júnior e Espírito Santo, 2004, p. 79). Segundo Barbosa (apud Chaves e Espírito Santo, 2004) a modelagem dá novo perfil ao trabalho do professor no momento em que ele deixa de ser detentor do conhecimento e transmissor do saber e passa a ser percebido como aquele que está conduzindo, participando das atividades. (p. 79) Relato de experiência em sala de aula O exemplo de atividade proposto neste trabalho foi realizado em uma turma com aproximadamente vinte alunos de um curso comunitário preparatório para o vestibular, no bairro do Guamá em Belém-Pa.
  • 12. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 12 Apesar de ser um curso pré-vestibular, a receptividade por parte dos alunos foi satisfatória; pôde-se notar que a metodologia proposta mudou o ambiente de sala de aula, tornando-o mais dinâmico. O trabalho em grupo, que quase não ocorre nas aulas tradicionais de Física, foi um dos itens que mais chamou a atenção dos discentes. Um aluno chegou a relatar que ...a aula estava mais interessante..., outro disse que começara ...a gostar mais de Física... Alguns alunos solicitaram que os outros assuntos considerados difíceis da Física fossem explicados através da modelagem matemática. Esse pedido dos alunos chamou a atenção, pois, pôde-se perceber que a modelagem fez com que um assunto difícil ficasse mais fácil para os alunos. Isso, talvez, deveu-se; porque durante o processo de modelagem, o aluno começa a descobrir a Física ao seu redor, ou seja, os conceitos físicos não são impostos pelo professor de forma pronta e acabada, mas retirados da situação-problema pelos próprios alunos. Desta maneira, os conceitos físicos fazem sentido para o aluno, tornando o ensino, assim, mais prazeroso. O relato dos alunos parece concordar com o argumento de aprendizagem citado por Bassanezi (2004) para a inclusão da modelagem nos cursos regulares, o qual afirma que a modelagem “garante que os processos aplicativos facilitam ao estudante compreender melhor os argumentos matemáticos, guardar os conceitos e os resultados (...)” (p. 37). Considerações finais Neste trabalho, procuramos abordar a modelagem matemática como uma possibilidade metodológica para o ensino-aprendizagem de física. Vimos que as aulas de física, normalmente consideradas chatas, ganharam nova roupagem, motivando o aluno a participar da aula, pois, nessa metodologia, o discente faz parte do processo, sendo ativo e deixando de ser um mero expectador, rompendo o modo tradicional de ensino de física, onde muitas vezes o aluno é passivo e apenas escuta sem poder expressar seus raciocínios, sem poder explicitar para o professor suas dificuldades e potencialidades. Vimos também que a modelagem matemática possui um caráter interdisciplinar, o qual fez com que, nas aulas de física, fossem abordados temas transversais, como: poluição ambiental, racionamento de energia elétrica e de água, problemas ecológicos e outros.
  • 13. Anais do VI Encontro Paraense de Educação Matemática Universidade do Estado do Pará 03 a 05 de setembro de 2008 -Belém – Pará – Brasil ISBN: 978-85-88375-28-4 13 Porém, entendemos que para explorar o potencial da modelagem matemática, é preciso que essa tendência em educação matemática faça parte do cotidiano do professor, pois é modelando que se aprende a modelar (Bassanezi, 2004) e é criando situações passíveis à modelagem matemática que o professor percebe que a modelagem também é uma arte (Biembengut e Hein, 2003). Referências bibliográficas BASSANEZI, R. C. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática: uma nova estratégia. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2004, 389p. BIEMBENGUT, M. S; Hein, N. Modelagem matemática no ensino. 3 ed. São Paulo: Contexto, 2003, 127p. BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio – Brasília: Ministério da Educação, 2000. CARRON, W.; Guimarães, O. As Faces da Física. São Paulo: Moderna, 1999, 672p. CHAVES, M. I. A; Espírito Santo, A. O. Um modelo de modelagem matemática para o Ensino Médio. In: Anais do VII Congresso Norte/Nordeste de Educação em Ciências e Matemática, Belém, 8 a 11 de dez. 2004. GASPAR, A. Física. São Paulo: Ática, 2002, 496p. JÚNIOR, A. G.; Espírito Santo, A. O. A modelagem como caminho para “fazer matemática” na sala de aula. In: Anais do VII Congresso Norte/Nordeste de Educação em Ciências e Matemática, Belém, 8 a 11 de dez. 2004. MOREIRA, I. O Espaço Geográfico: geografia geral e do Brasil. 47 ed. São Paulo: Ática, 2002, 455p. PINHEIRO, T. F. Modelização de variáveis: uma maneira de caracterizar o papel estruturador da Matemática no conhecimento científico. In: Pietrocola, M. (org.). Ensino de Física: conteúdo, metodologia e epistemologia numa concepção integradora. Florianópolis: UFSC, 2001. p. 33-52.