2. E s ta é uma his tória verídica,
narrada por J ohn Powell, S . J ;
profes s or de Teologia da Fé,
da Loyola Univers ity de C hic ago, E UA .
“ Um dia, há muitos anos atrás ,
eu es tava de pé na porta da s ala,
es perando meus alunos entrarem
para nos s o primeiro dia de aula do
s emes tre.
3. Foi aí que vi Tom pela primeira vez.
Não cons egui evitar que meus
olhos pis cas s em de es panto.
E le es tava penteando s eus cabelos
longos e muito loiros que batiam uns
vinte centímetros abaixo dos ombros .
4. E u nunca vira um rapaz com cabelos tão
longos . A cho que a moda es tava
apenas c omeçando nes s a época.
Mes mo s abendo que o que importava não é
o que es tá fora, mas o que vai dentro da
cabeça, naquele dia eu fiquei um pouco
chocado. Imediatamente clas s ifiquei Tom
com um “ E ” de es tranho... Muito
es tranho!
5. Tommy acabou s e revelando o
“ ateís ta de plantão”
do meu curs o de Teologia da Fé.
C ons tantemente, fazia objeções ou
ques tionava s obre a pos s ibilidade de exis tir
um Deus -Pai que nos amas s e
incondicionalmente.
C onvivemos em relativa paz durante o
s emes tre, embora eu tenha que admitir
que às vezes ele era bas tante incômodo!
6. No fim do curs o, ele s e aproximou e me
perguntou, num tom ligeiramente irônico:
- O s enhor acredita mes mo que eu
pos s a encontrar Deus algum dia?
Res olvi us ar uma terapia de choque:
- Não, eu não acredito!
Res pondi.
- A h! Pens ei que era es te o produto que o
s enhor es teve tentando nos vender nos últimos
mes es . E le res pondeu
7. E u deixei que ele s e afas tas s e um
pouc o e falei, bem alto:
- E u não ac redito que voc ê c ons iga enc ontrar
Deus , mas tenho abs oluta c erteza de que
E le o enc ontrará um dia.
E le deu de ombros e foi embora da minha s ala e
da minha vida. A lgum tempo depois s oube que
Tommy tinha s e formado e, em s eguida,
recebi uma notíc ia tris te:
E le es tava com um c âncer terminal.
E antes que eu res olves s e s e ia à
s ua proc ura, ele veio me ver.
8. Quando entrou na minha s ala,
percebi que s eu fís ic o tinha s ido devas tado
pela doença e que os cabelos longos não
exis tiam mais , devido à quimioterapia.
E ntretanto, s eus olhos es tavam brilhantes
e s ua voz era firme, bem diferente
daquele garoto que conheci.
9. - Tommy, tenho pens ado em voc ê,
ouvi dizer que es tá doente!
- A h, é verdade, es tou s eriamente doente,
tenho câncer nos dois pulmões é uma
ques tão de s emanas , agora.
- Você cons egue c onvers ar bem a es s e
res peito?
- C laro, o que o s enhor gos taria de s aber?
- C omo é ter apenas vinte e quatro anos
e s aber que es tá morrendo?
- A cho que poderia s er pior.
- C omo as s im?
10. - B em, eu poderia ter c inqüenta anos e não
ter noção de ideais , ou ter s es s enta anos e
pens ar que bebida, mulheres e dinheiro s ão
as c ois as mais “ importantes ” da vida.
Lembrei-me da c las s ific aç ão que atribuí a ele:
“ E ” de “ es tranho” (parec e que as pes s oas que
recebem c las s ific aç ões des s e tipo, s ão
enviadas de volta por Deus para que eu pos s a
repens ar o as s unto).
- Mas a razão pela qual eu realmente
vim vê-lo foi a fras e que o s enhor
me dis s e no último dia de aula.
11. Tom continuou:
-E u lhe perguntei s e o s enhor
ac reditava que eu encontraria Deus
algum dia, e o s enhor res pondeu
‘Não’, o que me s urpreendeu. E m
s eguida, o s enhor dis s e: “ mas E le o
encontrará” .
E u pens ei um bocado a res peito
daquela fras e, embora na época não
es tives s e muito interes s ado no
as s unto.
12. Mas quando os médicos removeram um
nódulo da minha virilha e me dis s eram que
s e tratava de um tumor maligno, comecei a
pens ar com mais s eriedade s obre a idéia de
procurar Deus .
E quando a doença s e es palhou por outros
órgãos , eu c omecei realmente a dar murros
des es perados nas portas de bronze do
paraís o.
13. Mas Deus não aparec eu. De fato, nada
aconteceu. O s enhor já tentou fazer alguma
c ois a por um longo período, s em
s uces s o? A gente fic a
cans ado, des animado. Um
dia, ao invés de c ontinuar atirando apelos por
cima do muro alto atrás de onde Deus poderia
es tar... Ou não... E u des is ti, s imples mente.
Decidi que de fato não es tava me importando...
com Deus , c om uma pos s ível vida eterna ou
qualquer cois a parec ida. E dec idi utilizar o
tempo que me res tava fazendo alguma
cois a mais proveitos a.
14. Pens ei no s enhor e nas s uas aulas
e me lembrei de uma cois a que o
s enhor havia dito noutra ocas ião:
“A tris teza mais profunda, s em remédio, é
pas s ar pela vida s em amar. Mas é quas e tão
tris te pas s ar pela vida e deixar es te mundo
s em jamais ter dito às pes s oas queridas o
quanto você as amou.”
E ntão res olvi começ ar pela
pes s oa mais difícil:
Meu pai.
15. E le es tava lendo o jornal quando
me aproximei dele:
- Papai... - S im, o que é?
E le perguntou, s em baixar o jornal.
- Papai, eu gos taria de convers ar com você.
- E ntão fale.
- É um as s unto muito importante!
O jornal des ceu alguns
centímetros , vagaros amente.
- O que é?
- Papai, eu o amo muito.
S ó queria que você s oubes s e dis s o
16. O jornal es corregou para o c hão e meu pai
fez duas cois as que eu jamais havia vis to:
E le chorou e me abraç ou c om forç a.
E convers amos durante toda a noite,
embora ele tives s e que ir trabalhar na
manhã s eguinte. Foi tão bom poder me s entar
junto do meu pai, c onvers ar, ver s uas lágrimas ,
s entir s eu abraç o, ouvi-lo dizer que também me
amava!... Foi uma emoç ão
indes c ritível!
Foi mais fácil com minha mãe e c om meu irmão
mais novo. E les c horaram também e nós nos
abraç amos e falamos c ois as realmente boas uns
para os outros .
17. Falamos s obre as cois as que tínhamos
mantido em s egredo por tantos anos ,
e que era tão bom partilhar.
S ó lamentei uma cois a:
que eu tives s e des perdiçado tanto
tempo, me privando de momentos tão
es peciais .
Naquela hora eu es tava apenas começando
a me abrir com as pes s oas que amava.
18. E ntão, um dia, eu olhei, e lá es tava “ E LE ” .
E le não veio ao meu encontro quando lhe
implorei.
A credito que es tava agindo como um domador
de animais que, s egurando um chicote, diz:
- Vamos , pule! E u lhe dou três dias ...
Três s emanas ...
19. Parece que Deus não s e deixa impres s ionar.
E le age a S eu modo e a S eu tempo.
Mas o que importa é que E le es tava lá.
E le me encontrou... O s enhor es tava certo.
E le me encontrou mes mo depois de eu
ter des is tido de procurar por E le.
20. Tommy (eu dis s e, bas tante c omovido)
O que você es tá dizendo é muito mais
importante e muito mais univers al do que voc ê
pode imaginar. Para mim, pelo menos , voc ê
es tá dizendo que a maneira c erta de enc ontrar
Deus , não é fazendo Dele um bem pes s oal,
uma s olução para os nos s o problemas ou
um cons olo em tempos difíc eis , mas s im s e
tornando dis ponível
para o verdadeiro A mor.
O após tolo J oão dis s e is to:
“ Deus é A mor e aquele que vive no A mor,
21. - Tom, pos s o pedir-lhe um favor?
Voc ê s abe que me deu bas tante
trabalho quando foi meu aluno. Mas
(aos ris os ) agora voc ê pode me c ompens ar
por aquilo.
Voc ê viria à minha aula de Teologia da Fé e
contaria aos meus alunos o que voc ê ac abou de
me c ontar? S e eu lhes c ontas s e não s eria a
mes ma cois a, não toc aria tão fundo
neles !
- Oh!... E u me preparei para vir vê-lo, mas não
s ei s e es tou preparado para enfrentar s eus
alunos .
- E ntão, pens e nis to.
S e voc ê s e s entir preparado, telefone para
22. A lguns dias mais tarde, Tom telefonou e
dis s e que falaria com a minha turma.
E le queria fazer aquilo por Deus e por mim.
E ntão marcamos uma data.
Mas , o dia chegou... E ele não pode ir.
E le tinha outro encontro, muito mais
importante do que aquele.
E le s e foi... Tom havia dado o grande pas s o
para a verdadeira realidade.
E le foi ao encontro de uma nova vida
e de novos des afios .
23. A ntes de ele morrer, ainda convers amos
uma vez, não vou ter condições de falar
com s ua turma ele dis s e.
Res pondi eu s ei, Tom.
- O s enhor falaria com eles por mim?
O s enhor falaria... C om todo mundo por
mim?
- Vou falar, Tom. Vou falar com todo
mundo. Vou fazer o melhor que puder.
24. Portanto, a todos vocês que foram
pacientes , lendo es ta declaração de
amor tão s incero, obrigado por fazê-lo.
E m homenagem aoTommy, aí es tá:
E u falei com todo mundo...
Do melhor modo que cons egui.
E es pero que as pes s oas que tiveram
conhecimento des ta his tória, pos s am contá-la
aos s eus amigos , para que mais gente pos s a
conhecê-la...”
25. “ Os amigos s ão o meio pelo qual Deus
gos ta de cuidar de nós !...”
Que falemos para as pes s oas que
verdadeiramente nos amam:
- E U TE A MO!
“ Não diga pra Deus que você tem um
grande problema, diga pro s eu
problema que você tem um grande
Deus ”