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artigo original        Influência de fatores afetivos, antropométricos
                            e sociodemográficos sobre o comportamento
                            alimentar em jovens atletas
                            Influence of affective, anthropometric and sociodemographic
                            factors on eating behavior in young athletes

                            Leonardo de Sousa Fortes1, Flávio Garcia de Oliveira1, Maria Elisa Caputo Ferreira2


                            RESUMO

                            Objetivo: O objetivo do estudo foi analisar a influência de diversos fatores sobre o compor-
                            tamento alimentar inadequado (CAI) em jovens atletas femininas. Métodos: Participaram
                            116 esportistas. Avaliou-se o CAI mediante aplicação do Eating Attitudes Test (EAT-26). A insa-
                            tisfação corporal e o comprometimento psicológico ao exercício foram avaliados pelo Body
                            Shape Questionnaire e pelo Commitment Exercise Scale, respectivamente. O nível econômico
                            foi obtido pelo “Critério de Classificação Econômica Brasil”. Aferiram-se peso e estatura para
                            calcular o índice de massa corporal (IMC) e dobras cutâneas para estimar o percentual de
                            gordura. Conduziu-se regressão linear múltipla utilizando o software SPSS 17.0 e adotando
                            nível de significância de 5%. Resultado: A insatisfação corporal, seguida do percentual de
                            gordura, foram as únicas variáveis que modularam as pontuações do EAT-26. Contudo, o mo-
Palavras-chave              delo de regressão linear múltipla explicou um terço da variância do CAI nessas esportistas.
Comportamento alimentar,    Conclusão: Concluiu-se que o CAI de atletas femininas foi influenciado basicamente pela
imagem corporal, atletas.   insatisfação corporal.


                            ABSTRACT

                            Objective: The aim of this study was to analyze the influence of various factors on the ina-
                            dequate eating behavior (IEB) in young female athletes. Methods: Participants 116 athletes.
                            The IEB was evaluated by applying IEB of the Eating Attitudes Test (EAT-26). The body dissatis-
                            faction and psychological commitment to exercise were assessed by the Body Shape Ques-
                            tionnaire and Commitment Exercise Scale, respectively. The economic level was obtained by
                            the “Classification Criteria Economic Brazil”. Body weight and height to calculate the index of
                            mass (BMI) and skinfold thickness to estimate the percentage of fat. We carried out multiple
                            linear regression using the SPSS 17.0 software and adopting a significance level of 5%. Result:
                            The body dissatisfaction, followed by the percentage of fat were the only variables that mo-
Keywords                    dulate the EAT-26 scores. However, the multiple linear regression model explained 1/3 of the
Eating behavior, body       variance of these IEB sportsmen. Conclusion: It was concluded that the IEB was influenced
image, athletes.            female athletes primarily by body dissatisfaction.



                                   1 	Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Grupo de Pesquisa
                                      “Corpo e Diversidade Humana”.
          Recebido em              2	 Universidade de São Paulo (USP); UFJF, Departamento de Fundamentos da Educação Física, CNPq, Grupo de Pesquisa “Corpo e Diversida-
            9/5/2012
          Aprovado em                 de Humana”.
           24/6/2012


                                   Endereço para correspondência: Leonardo de Sousa Fortes
                                   Rua Arnaud Capuzzo, 355/12, Nova Aliança
                                   14026-594 – Ribeirão Preto, SP
                                   E-mail: leodesousafortes@hotmail.com
artigo original                                                                                      Comportamento alimentar inadequado em atletas     149




INTRODUÇÃO                                                          inadequado em jovens atletas. Diante do pressuposto, o ob-
                                                                    jetivo do presente estudo foi analisar a influência de diversos
Os transtornos alimentares (TA) são síndromes psicológicas          fatores sobre o comportamento alimentar inadequado em
caracterizadas por controle patológico do peso corporal, dis-       jovens atletas femininas.
túrbios da percepção do formato corporal e comportamen-
to alimentar gravemente perturbado1,2. É comum identificar
em pacientes com TA a utilização de medicamentos (laxan-
                                                                    MÉTODOS
tes e diuréticos) para emagrecimento, autoindução de vômi-
tos, prática extenuante de exercício físico e restrição alimen-     Trata-se de um estudo transversal realizado nas cidades do
tar3. No entanto, muitos indivíduos sem diagnóstico clínico         Rio de Janeiro/RJ e Juiz de Fora/MG com jovens atletas do
de TA podem apresentar tais comportamentos, podendo ser             sexo feminino. Participaram 131 atletas adolescentes, per-
considerados com riscos para o desenvolvimento dessas sín-          tencentes a cinco clubes (dois do Rio de Janeiro e três de
dromes4-6, como é o caso dos atletas7-9, principalmente os do       Juiz de Fora), com idades entre 10 e 19 anos, participantes
sexo feminino10,11.                                                 de competições e praticantes de diversas modalidades es-
     Existem vários fatores que podem influenciar o desenvol-       portivas. No entanto, 15 jovens foram excluídas da pesquisa
vimento do comportamento alimentar inadequado. Segun-               por não responderem aos questionários em sua totalidade
do Conti et al.12, a insatisfação corporal é o principal deles. É   ou por não participarem das aferições antropométricas, che-
denominada como a preocupação com o peso e a aparência              gando a uma amostra de 116 atletas dos seguintes esportes:
física13,14. Estudos têm apontado que a inadequação alimen-         natação (n = 22), handebol (n = 20), basquetebol (n = 16),
tar é fruto da insatisfação corporal14,15.                          voleibol (n = 16), taekwondo (n = 5), ginástica artística (n =
     Além da insatisfação com o corpo, autores têm aponta-          14), nado sincronizado (n = 18) e saltos ornamentais (n = 5).
do que a inadequação morfológica pode levar à alimentação           A amostra foi selecionada segundo alguns critérios: (1) ter
desordenada em jovens14,16, ou seja, altos valores de índice        disponibilidade para responder aos questionários e realizar
de massa corporal (IMC) e percentual de gordura têm sido            aferições antropométricas; (2) ter idade entre 10 e 19 anos;
associados aos hábitos alimentares anormais13,17. Ademais,
                                                                    (3) praticar sistematicamente sua respectiva modalidade es-
parece que o elevado grau de comprometimento psicoló-
                                                                    portiva por pelo menos três vezes na semana, com duração
gico ao exercício também pode influenciar negativamente
                                                                    mínima de 1 hora por sessão; e (4) estar participando, no mo-
o comportamento alimentar. Modolo et al.18 salientam que a
                                                                    mento da coleta, de torneio de nível regional ou mais impor-
dependência psicológica ao exercício físico pode ser conse-
                                                                    tante. Para seleção das participantes, adotou-se a técnica de
quência da depreciação do próprio corpo, podendo, então,
                                                                    amostragem casal simples descrita por Perini et al.5.
prejudicar os hábitos alimentares.
                                                                        O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética
     O nível econômico e a etnia parecem ser agentes in-
                                                                    e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de
fluenciadores para a instalação do comportamento alimen-
                                                                    Juiz de Fora, recebendo Parecer nº 232/2010 (2149.209.2010),
tar de risco para TA. Pesquisadores afirmam que o compor-
                                                                    segundo a Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de
tamento alimentar inadequado é mais presente nos estratos
                                                                    Saúde.
mais altos da sociedade19, assim como é mais prevalente em
sujeitos de etnia branca20.                                         Anamnese
     Em atletas, o risco de desenvolver hábitos alimentares
                                                                    Comportamento alimentar inadequado
anormais parece ser maior. Krentz e Warschburger10 e Schaal
et al.2 argumentam que o âmbito esportivo possui agentes            Avaliou-se mediante aplicação do questionário Eating Atti-
potencializados para tais riscos. O nível competitivo é con-        tudes Test (EAT-26). O EAT-26 é composto por 26 itens em
siderado um deles. Segundo Denoma et al.7, a inadequação            escala do tipo Likert que variam de 0 a 3 pontos (sempre =
alimentar é mais acentuada em jovens atletas que compe-             3, muitas vezes = 2, frequentemente = 1, poucas vezes =
tem em níveis elevados, por causa da pressão imposta por            0, quase nunca = 0 e nunca = 0), com exceção da questão
treinadores, pais e patrocinadores.                                 25, cuja pontuação é invertida (sempre = 0, muitas vezes =
     Estudos têm apresentado grande prevalência de com-             0, frequentemente = 0, poucas vezes = 1, quase nunca = 2
portamentos alimentares inadequados em atletas2,7,9,10,17.          e nunca = 3). Essas questões estão distribuídas em três su-
Parece que o sexo feminino é mais acometido por esses               bescalas, a saber: a) dieta – diz respeito à recusa patológi-
comportamentos5,21. No entanto, nenhum estudo foi identi-           ca a alimentos com alto teor calórico e preocupação com
ficado até o momento averiguando a influência que fatores           a aparência; b) bulimia e preocupação com os alimentos –
afetivos (insatisfação corporal), antropométricos (IMC e per-       refere-se a episódios de compulsão alimentar, seguidos por
centual de gordura) e sociodemográficos (etnia e nível com-         comportamentos purgativos para perda/controle de peso
petitivo) podem exercer sobre o comportamento alimentar             corporal; e c) autocontrole oral – reflete o autocontrole em

                                                                                                                       J Bras Psiquiatr. 2012;61(3):148-53.
150        Fortes LS et al.                                                                                        artigo original



 relação à comida e avalia forças ambientais e sociais estimu-     dade máxima de 200 kg. Utilizou-se estadiômetro portátil,
 lantes à ingestão alimentar. Escore igual ou maior que 20 re-     com precisão de 0,1 cm e altura máxima de 2,20 m, da marca
 presenta indivíduos com comportamento alimentar de risco          Welmy, para mensurar a estatura das atletas. Calculou-se o
 para TA. A versão utilizada no presente estudo foi validada       índice de massa corporal (IMC) a partir dessas medidas [IMC
 por Bighetti et al.22 para jovens brasileiras do sexo feminino,   = massa corporal (kg)/estatura (m²)].
 que apresentou consistência interna de 0,82. Para a presente
                                                                   Nível econômico
 amostra, calculou-se o alfa de Cronbach, obtendo-se valor
 de 0,89.                                                          Foi obtido mediante aplicação do “Critério de Classificação
                                                                   Econômica Brasil” desenvolvido pela Associação Brasileira
 Insatisfação corporal                                             de Empresas de Pesquisa (ABEP). O Critério de Classificação
 Avaliou-se por intermédio do Body Shape Questionnaire             Econômica Brasil enfatiza sua função de estimar o poder
 (BSQ). Trata-se de um teste de autopreenchimento que bus-         de compra das pessoas e famílias urbanas, abandonando a
 ca avaliar a frequência de preocupação com o peso e a apa-        pretensão de classificar a população em termos de “classes
 rência física. O BSQ é composto por 34 itens com formato de       sociais”. Esse instrumento avalia a quantidade de itens de
 escala do tipo Likert variando de 0 a 6 (nunca = 0 e sempre =     conforto (automóvel, geladeira, televisão etc.) adquiridos,
 6). A pontuação final é resultado da soma do escore de cada       além de identificar o grau de instrução do chefe de família.
 questão. Esse questionário classifica níveis a respeito da in-    Ele remete a pontuações variando de 0 a 34, ou seja, quanto
 satisfação corporal do sujeito. Quanto maior o escore, maior      maior o escore, maior é o nível econômico.
 é a insatisfação com o corpo. A versão utilizada no presente      Dados demográficos
 estudo foi validada para adolescentes brasileiros por Conti
                                                                   Aplicou-se um questionário qualitativo a fim de avaliar dados
 et al.23, e sua análise de consistência interna revelou um alfa
                                                                   demográficos como: idade, etnia (branco, negro ou amare-
 de 0,96 para ambos os sexos e significativo coeficiente de
                                                                   lo), nível competitivo (regional, estadual ou nacional) e horas
 correlação entre os escores do teste-reteste, variando de 0,89
                                                                   de treino por dia.
 a 0,91 para meninas e meninos, respectivamente. Calculou-
 -se o alfa de Cronbach para a amostra da presente pesquisa,       Procedimentos
 encontrando-se valor de 0,91.
                                                                   A coleta de dados ocorreu durante os meses de março, abril
 Comprometimento psicológico ao exercício                          e maio de 2011 em salas disponibilizadas pelos clubes par-
                                                                   ticipantes da pesquisa. Uma semana antes da aplicação dos
 Para determinar o grau de comprometimento psicológico
                                                                   questionários e aferições antropométricas, foram distribuí-
 que um indivíduo possa ter com o hábito de se exercitar,
                                                                   dos os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
 aplicou-se a Commitment Exercise Scale (CES). O instrumento       para que os pais das esportistas autorizassem a coleta de da-
 foi traduzido, adaptado e validado para a língua portuguesa       dos. Na semana seguinte, os pesquisadores aplicaram os ins-
 por Teixeira et al.24, que apresentou alfa de Cronbach de 0,79.   trumentos e realizaram aferições antropométricas nas atletas
 A CES avalia o grau com que sensações de bem-estar são            que apresentaram o TCLE assinado pelo responsável.
 moduladas pelo exercício, a manutenção do exercício em                Após breve explicação sobre a pesquisa, as jovens res-
 condições adversas e o grau de interferência que a atividade      ponderam aos questionários individualmente. O tempo mé-
 física tem em compromissos sociais do indivíduo. Trata-se         dio de preenchimento foi de 35 minutos. As medidas antro-
 de uma escala analógica visual, composta por oito questões        pométricas (peso, estatura e dobras cutâneas) foram aferidas
 que variam de 0 a 155 mm e, portanto, com uma pontua-             logo após esse primeiro momento.
 ção máxima de 1.240 mm. Calculou-se a consistência interna
 para a presente amostra, identificando-se alfa de Cronbach        Análise estatística
 de 0,85.                                                          Utilizaram-se média, desvio-padrão e frequências para des-
                                                                   crever as variáveis do estudo. A estatística inferencial foi apli-
 Antropometria
                                                                   cada para relatar a consistência interna (alfa de Cronbach)
 O percentual de gordura (%G) foi estimado pelo método du-         dos questionários. Conduziu-se regressão linear múltipla
 plamente indireto, mensurando-se as dobras cutâneas trici-        stepwise para averiguar a influência que as variáveis do estu-
 pital e subescapular. Utilizou-se o protocolo de Slaughter et     do (insatisfação corporal, comprometimento psicológico ao
 al.25 para executar tal estimativa. Essas medidas foram reali-    exercício, antropometria, nível econômico, nível competiti-
 zadas de forma rotacional e coletadas três vezes, consideran-     vo e etnia) exerciam sobre o comportamento alimentar em
 do-se a média dos valores.                                        jovens atletas femininas. O tratamento dos dados foi realiza-
      A massa corporal foi mensurada por uma balança digital       do no software SPSS 17.0, adotando-se nível de significância
 portátil da marca Tanita, com precisão de 100 g e capaci-         de 5%.

 J Bras Psiquiatr. 2012;61(3):148-53.
artigo original                                                                                                                                     Comportamento alimentar inadequado em atletas     151




RESULTADOS                                                                                                        DISCUSSÃO
Tabela 1. Média e desvio-padrão de idade, IMC, %G, CES, BSQ e                                                         O presente estudo teve como premissa analisar a influên-
CCEB de jovens atletas femininas (Juiz de Fora/MG, 2011)
                                                                                                                  cia de fatores de risco sobre o comportamento alimentar em
     Variável                                                           Média (desvio-padrão)
                                                                                                                  jovens atletas femininas. Os resultados evidenciaram que a
     EAT-26                                                                  11,89 (±7,92)                        insatisfação corporal e o percentual de gordura foram as úni-
     Idade                                                                   14,52 (±2,00)                        cas variáveis que modularam as pontuações do EAT-26. Con-
     IMC                                                                     20,43 (±3,17)                        tudo, o modelo de regressão linear múltipla explicou 1/3 da
     %G                                                                      23,03 (±6,22)                        variância do comportamento alimentar nessas esportistas.
     CES                                                                    676,90 (±219,17)                          A insatisfação corporal, por si só, influenciou 40% do com-
     BSQ                                                                     75,45 (±28,81)                       portamento alimentar das atletas da presente pesquisa. Pa-
     CCEB                                                                    21,25 (±4,70)                        rece que no público feminino a insatisfação com o corpo é a
IMC: índice de massa corporal; %G: percentual de gordura; CES: Commitment Exercise Scale; BSQ: Body Shape         principal variável explicativa para a alimentação inadequada,
Questionnaire; CCEB: Critério de Classificação Econômica Brasil.
                                                                                                                  tanto em escolares12,13 quanto em atletas10,21. Talvez as atletas
    A tabela 2 apresenta a distribuição de frequência da et-                                                      criem hábitos alimentares considerados patológicos como
nia e do nível competitivo da amostra do presente estudo.                                                         vômitos autoinduzidos, restrição alimentar, uso de laxativos
Nota-se que grande parte dessas jovens era branca (80,2%) e                                                       e diuréticos almejando otimizar o desempenho esportivo5,10,
competia em âmbito nacional (60,3%).                                                                              pois elas costumam associar a magreza ao rendimento atlé-
Tabela 2. Distribuição de frequência das classificações de etnia e                                                tico17. Nesse sentido, De Bruin et al.11 ressaltam que esportis-
nível competitivo (NC) em jovens atletas femininas (Juiz de Fora/                                                 tas do sexo feminino, quando almejam maximizar seu ren-
MG, 2011)                                                                                                         dimento competitivo, geralmente direcionam suas atitudes
     Variável                Classificação                 Frequência (n)                  Frequência (%)         para a perda de peso corporal. Sendo assim, meninas atletas
     Etnia                   Branca                               93                           80,2               podem pressupor que o segredo para melhorar o pico de
                             Negra                                19                           16,4               desempenho esportivo seja atingir morfologia corporal com
                             Amarela                              4                             3,4               baixo percentual de gordura.
     NC                      Regional                             24                           20,7                   Os achados do presente estudo em relação ao compro-
                             Estadual                            22                            19,0               metimento psicológico ao exercício mostraram que este não
                                                                                                                  influenciou significativamente os escores do EAT-26. Entre-
                             Nacional                             70                           60,3
NC: nível competitivo.
                                                                                                                  tanto, Modolo et al.18 salientam que a dependência de exer-
                                                                                                                  cício físico ou, simplesmente, o excesso de atividade física
    Em relação à influência das variáveis da pesquisa sobre                                                       podem ser considerados fatores de risco para a alimentação
o comportamento alimentar, alguns achados merecem des-                                                            inadequada em atletas. Parece que em jovens esportistas
taque. Somente o percentual de gordura (%G) (p < 0,05) e a                                                        femininas essa hipótese não procede, o que pode ser identi-
insatisfação corporal (BSQ) (p < 0,01) modularam de forma                                                         ficado nos resultados do presente manuscrito. Talvez o com-
significativa o comportamento alimentar em jovens atletas                                                         prometimento psicológico ao exercício na presente amostra
femininas. Ademais, o modelo de regressão múltipla expli-                                                         tenha sido baixo, pois grande parte dessas jovens participava
cou em 30% a variância do comportamento alimentar ina-                                                            de competições de nível nacional, o que pode ser conside-
dequado nessas adolescentes.                                                                                      rado como fator protetor contra instalação da dependência
                                                                                                                  de exercício físico, visto que autores afirmam que essa de-
Tabela 3. Regressão linear múltipla utilizando IMC, %G, CES, BSQ,
CCEB, etnia e NC como variáveis explicativas sobre a variância do
                                                                                                                  pendência é mais encontrada em atletas que competem em
comportamento alimentar em jovens atletas femininas (Juiz de                                                      níveis inferiores7,18.
Fora/MG, 2011)                                                                                                        Remetendo-se às variáveis antropométricas, identificou-
 Variável           Bloco              B              R                R²            R²*              p valor     -se apenas influência significativa do percentual de gordura
 IMC                     1           0,05           0,15              0,02          0,02          p ≤ 0,09        sobre o comportamento alimentar. No entanto, o percen­tual
 %G                      1            0,14          0,18              0,03          0,02          p ≤ 0,05        de gordura explicou somente 3% da variância do EAT-26.
 CES                     2           0,06           0,18              0,03          0,02          p ≤ 0,09        Parece que características morfológicas não exercem gran-
 BSQ                     3            0,16          0,63              0,40          0,39          p ≤ 0,01
                                                                                                                  de influência nos hábitos alimentares de atletas femininas.
 CCEB                    4           0,09           0,11              0,01         0,004          p ≤ 0,24
                                                                                                                  Segundo Monthuy-Blanc et al.26, o surgimento do compor-
                                                                                                                  tamento alimentar de risco para TA em jovens atletas inde-
 Etnia                   4            0,15          0,04              0,02         0,007          p ≤ 0,66
                                                                                                                  pende dos valores de peso, IMC e gordura corporal. Talvez
 NC                      4            0,19          0,12              0,01         0,005          p ≤ 0,21
                                                                                                                  as atletas sintam-se mais pressionadas pelos treinadores,
 Todos                               8,51           0,55              0,30          0,24          p ≤ 0,01
                                                                                                                  familiares e patrocinadores em atingir uma estética magra
R *: R ajustado; IMC: índice de massa corporal; %G: percentual de gordura; CES: Commitment Exercise Scale; BSQ:
 2        2

Body Shape Questionnaire; CCEB: Critério de Classificação Econômica Brasil; NC: nível competitivo.                do que por suas características corporais, podendo refletir

                                                                                                                                                                      J Bras Psiquiatr. 2012;61(3):148-53.
152        Fortes LS et al.                                                                                                                 artigo original



 na aquisição de comportamentos alimentares deletérios à             que possam melhor explicar variáveis comportamentais.
 saúde7,9.                                                           Ademais, sugerem-se também estudos que incluam ou-
     O presente estudo não encontrou influência significativa        tras modalidades esportivas e averigue se o tipo de esporte
 da etnia e do nível econômico sobre o comportamento ali-            exerce influência sobre o comportamento alimentar de risco
 mentar inadequado de atletas femininas. Entretanto, pesqui-         para TA.
 sadores afirmam que os hábitos alimentares não saudáveis
 estão presentes nos estratos mais altos da sociedade e em
 indivíduos de etnia branca27. No entanto, exalta-se que esses       CONCLUSÃO
 estudos foram desenvolvidos com escolares. Portanto, acre-
 dita-se que esta seja a primeira pesquisa a envolver a etnia e      Os resultados do presente estudo permitem concluir que
 o nível econômico como variáveis explicativas do comporta-          o comportamento alimentar inadequado de jovens atletas
 mento alimentar na população de esportistas competitivos,           femininas foi influenciado basicamente pela insatisfação cor-
 o que dificulta comparações e generalizações.                       poral. No entanto, são necessários mais estudos com esse
     Em relação ao nível competitivo, também não se en-              público para esclarecer possíveis fatores de risco sobre hábi-
 controu influência significativa dele sobre as pontuações           tos alimentares não saudáveis.
 do EAT-26. Parece que a participação em competições não                 Programas de avaliação e orientação, tanto psicológica
 modula hábitos alimentares inadequados em atletas femi-             quanto nutricional, são necessários no âmbito esportivo.
 ninas. Em contrapartida, autores afirmam que o nível de             Essas iniciativas devem ser desenvolvidas com o caráter de
 competitividade elevado é considerado fator de risco para           prevenção e detecção de doenças como os TA em atletas.
 a alimentação inadequada7,21, podendo levar a atleta a de-
 senvolver algum tipo de transtorno da alimentação. Entre-
 tanto, ressalta-se que ainda não existe nenhum indicador de
 nível competitivo que seja confiável. Pesquisas têm utilizado
                                                                     AGRADECIMENTOS
 a participação mais importante em competição, número de             Às atletas participantes deste estudo, pela colaboração; ao
 medalhas adquiridas em torneios ou quantidade de horas de
                                                                     Laboratório de Estudos do Corpo (UFJF), pela disponibiliza-
 treino semanais como tais indicadores2,7,21.
                                                                     ção dos instrumentais do estudo; e ao Conselho Nacional
     Finalmente, observa-se que 30% do comportamento
                                                                     de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo
 alimentar inadequado de jovens atletas femininas foi mo-
                                                                     financiamento do projeto.
 dulado pela interação de todas as variáveis no modelo de
 regressão linear múltipla stepwise. Apesar de encontrar-se
 significância estatística no modelo, estimava-se que a variân-
 cia do comportamento alimentar em esportistas femininas             REFERÊNCIAS
 fosse mais bem explicada a partir dessas variáveis. Parece          1.	 Gomes JP, Legnani E, Legnani RFS, Gregório NP, Souza RK. Associação entre comporta-
 que os hábitos alimentares não saudáveis no público espor-              mento alimentar, consumo de cigarro, drogas e episódios depressivos em adolescente. Rev
 tista feminino são extremamente complexos, necessitando                 Nutr. 2010;23(5):755-62.
 ser mais bem explorados.                                            2.	 Schaal K, Tafflet M, Nassif H, Thibault V, Pichard C, Alcotte M, et al. Psychological balance
     O presente estudo apresentou limitações que merecem                 in high level athletes: gender-based differences and sport-specific patterns. PLoS One.
                                                                         2011;6(5):e19007.
 ser apontadas. Pesquisadores afirmam que os participantes
                                                                     3.	 Kirsten VR, Fratton F, Porta NBD. Transtornos alimentares em alunas de nutrição do Rio
 podem não responder a questionários autoaplicáveis com fi-
                                                                         Grande do Sul. Rev Nutr. 2009;22(2):219-27.
 dedignidade, ainda mais se tratando de atletas, que podem
                                                                     4.	 Sundgot-Borgen J, Torstveit MK. Prevalence of disorders in elite athletes in higher than in
 associar sua participação à permanência na equipe. Portanto,            the general population. Clin J Sport Med. 2004;14(1):25-32.
 é comum que atletas, mesmo com problemas psicológicos,
                                                                     5.	 Perini TA, Vieira RS, Vigário OS, Oliveira GL, Ornellas JS, Oliveira FP. Transtorno do com-
 mascarem suas síndromes omitindo-as por meio de respostas               portamento alimentar em atletas de elite de nado sincronizado. Rev Bras Med Esporte.
 não confiáveis a partir de instrumentos desse tipo. Além disso,         2009;15(1):54-7.
 a presente pesquisa utilizou instrumentos que não são valida-       6.	 Artioli GG, Scagliusi FB, Polacow VO, Gualano B, Lancha Junior AH. Magnitude e métodos
 dos na literatura científica para avaliar etnia e níveis econômi-       de perda rápida de peso em judocas de elite. Rev Nutr. 2007;20(3):307-15.
 cos e competitivos. No entanto, ressalta-se que vários estudos      7.	 Denoma JMH, Scaringi V, Gordon KH, Van Orden KA, Joiner TE. Eating disorder symptoms
 têm utilizado os mesmos métodos para avaliar essas variá-               among undergraduate varsity athletes, club athletes, independent exercisers. and nonoe-
                                                                         xercises. Int J Eat Disord. 2009;12(1):47-53.
 veis7,27. Por fim, salienta-se que este estudo apresentou resul-
                                                                     8.	 Vieira JLL, Amorim HZ, Vieira LF, Amorim AC, Rocha PGM. Distúrbios de atitudes alimenta-
 tados interessantes que merecem ser discutidos na literatura.
                                                                         res e distorção da imagem corporal no contexto competitivo da ginástica rítmica. Rev Bras
     Sugere-se que sejam realizadas mais pesquisas no âmbi-              Med Esporte. 2009;15(6):410-4.
 to esportivo competitivo, utilizando o sexo masculino como          9.	 Gomes R, Silva L. Desordens alimentares e perfeccionismo: um estudo com atletas portu-
 amostra e englobando mais variáveis de cunho psicológico                gueses. Psicologia Rev. 2010;16(3):469-89.


 J Bras Psiquiatr. 2012;61(3):148-53.
artigo original                                                                                                                                        Comportamento alimentar inadequado em atletas     153




10.	 Krentz EM, Warschburger P. Sports-related correlates of disordered eating in aesthetic       19.	 Dunker KLL, Fernandes CPB, Filho DC. Influência do nível socioeconômico sobre com-
     sports. Psychol Sport Exerc. 2011;44(3):315-21.                                                   portamentos de risco para transtornos alimentares em adolescentes. J Bras Psiquiatr.
                                                                                                       2009;58(3):156-61.
11.	 De Bruin AP, Oudejans RRD, Bakker FC. Dieting and body image in aesthetic sports: a com-
     parison of Dutch female gymnasts and non-aesthetic sport participants. Psychol Sport         20.	 Sampei MA, Singulem DM, Novo NF, Juliano Y, Colugnati, FA. Atitudes alimentares e ima-
     Exerc. 2007;8(4):507-20.                                                                          gem corporal em meninas adolescentes de ascendência nipônica e caucasiana em São
                                                                                                       Paulo (SP). J Pediatria. 2009;85(2):122-8.
12.	 Conti MA, Frutuoso MFP, Gambardella AMD. Excesso de peso e insatisfação corporal em
     adolescentes. Rev Nutr. 2005;18(4):491-7.                                                    21.	 Haase AM. Weight perception in female athletes: associations with disordered eating cor-
                                                                                                       relates and behavior. Eat Behav. 2011;12(1):64-7.
13.	 Martins CR, Pelegrini A, Matheus SC, Petroski EL. Insatisfação com a imagem corporal e a
     relação com estado nutricional, adiposidade corporal e sintomas de anorexia e bulimia em     22.	 Bighetti F, Santos CB, Santos JE, Ribeiro RPP. Tradução e avaliação do Eating Attitudes Test em
                                                                                                       adolescentes do sexo feminino de Ribeirão Preto, São Paulo. J Bras Psiquatr. 2004;53(6):339-46.
     adolescentes. Rev Psiquiatr Rio Gd Sul. 2010;32(1):19-23.
                                                                                                  23.	 Conti MA, Cordás TA, Latorre MRDO. Estudo de validade e confiabilidade da versão brasi-
14.	 Scherer FC, Martins CB, Pelegrini A, Matheus SC, Petroski EL. Imagem corporal em ado-             leira do Body Shape Questionnaire (BSQ) para adolescentes. Rev Bras Saúde Mater Infant.
     lescentes: associação com a maturação sexual e sintomas de transtornos alimentares. Rev           2009;9(3):331-8.
     Bras Psiquiatr. 2010;59(3):198-202.
                                                                                                  24.	 Teixeira PC, Hearst N, Matsudo SMM, Cordás TA, Conti MA. Adaptação transcultural: tradu-
15.	 Alves E, Vasconcelos FAG, Calvo MCM, Neves J. Prevalência de sintomas de anorexia nervo-          ção e validação de conteúdo da versão brasileira do Commitment Exercise Scale. Rev Psiq
     sa e insatisfação com a imagem corporal em adolescentes do sexo feminino do Município             Clin. 2011;38(1):24-8.
     de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Cad Saude Publica. 2008;24(3):503-12.
                                                                                                  25.	 Slaughter MH, Lohman TG, Boileau R, Hoswill CA, Stillman RJ, Yanloan MD. Skinfold equa-
16.	 Castro IRR, Levy RB, Cardoso LO, Passos MD, Sardinha LMV, Tavares LF, et al. Imagem cor-          tions for estimation of body fatness in children and youth. Hum Biol. 1988;60(3):709-23.
     poral, estado nutricional e comportamento com relação ao peso entre adolescentes brasi-
                                                                                                  26.	 Monthuy-Blanc J, Maiano C, Therme P. Prevalence of eating disorders symptoms in no-
     leiros. Ciênc Saúde Coletiva. 2010;15(Supl 2):3099-108.                                           nelite ballet dancers and basketball players: an exploratory and controlled study among
17.	 Torstveit MK, J Sundgot-Borgen. The female athlete triad exists in both elite athletes and        French adolescent girls. Rev Epidemiol Sante Publique. 2010;1(2):1-10.
     controls. Med Sci Sports Exerc. 2005;37(1):1449-59.                                          27.	 Sampei MA, Singulem DM, Novo NF, Juliano Y, Colugnati FA. Atitudes alimentares e ima-
18.	 Modolo VB, Antunes HKM, Gimenez PRB, Santiago MLM, Tufik S, Mello MT. Negative addic-             gem corporal em meninas adolescentes de ascendência nipônica e caucasiana em São
     tion to exercise – are there differences between genders?. Clinics. 2011;66(2):255-60.            Paulo (SP). J Pediatria. 2009;85(2):122-8.




                                                                                                                                                                         J Bras Psiquiatr. 2012;61(3):148-53.

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05 artigo original esportiva

  • 1. artigo original Influência de fatores afetivos, antropométricos e sociodemográficos sobre o comportamento alimentar em jovens atletas Influence of affective, anthropometric and sociodemographic factors on eating behavior in young athletes Leonardo de Sousa Fortes1, Flávio Garcia de Oliveira1, Maria Elisa Caputo Ferreira2 RESUMO Objetivo: O objetivo do estudo foi analisar a influência de diversos fatores sobre o compor- tamento alimentar inadequado (CAI) em jovens atletas femininas. Métodos: Participaram 116 esportistas. Avaliou-se o CAI mediante aplicação do Eating Attitudes Test (EAT-26). A insa- tisfação corporal e o comprometimento psicológico ao exercício foram avaliados pelo Body Shape Questionnaire e pelo Commitment Exercise Scale, respectivamente. O nível econômico foi obtido pelo “Critério de Classificação Econômica Brasil”. Aferiram-se peso e estatura para calcular o índice de massa corporal (IMC) e dobras cutâneas para estimar o percentual de gordura. Conduziu-se regressão linear múltipla utilizando o software SPSS 17.0 e adotando nível de significância de 5%. Resultado: A insatisfação corporal, seguida do percentual de gordura, foram as únicas variáveis que modularam as pontuações do EAT-26. Contudo, o mo- Palavras-chave delo de regressão linear múltipla explicou um terço da variância do CAI nessas esportistas. Comportamento alimentar, Conclusão: Concluiu-se que o CAI de atletas femininas foi influenciado basicamente pela imagem corporal, atletas. insatisfação corporal. ABSTRACT Objective: The aim of this study was to analyze the influence of various factors on the ina- dequate eating behavior (IEB) in young female athletes. Methods: Participants 116 athletes. The IEB was evaluated by applying IEB of the Eating Attitudes Test (EAT-26). The body dissatis- faction and psychological commitment to exercise were assessed by the Body Shape Ques- tionnaire and Commitment Exercise Scale, respectively. The economic level was obtained by the “Classification Criteria Economic Brazil”. Body weight and height to calculate the index of mass (BMI) and skinfold thickness to estimate the percentage of fat. We carried out multiple linear regression using the SPSS 17.0 software and adopting a significance level of 5%. Result: The body dissatisfaction, followed by the percentage of fat were the only variables that mo- Keywords dulate the EAT-26 scores. However, the multiple linear regression model explained 1/3 of the Eating behavior, body variance of these IEB sportsmen. Conclusion: It was concluded that the IEB was influenced image, athletes. female athletes primarily by body dissatisfaction. 1 Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Grupo de Pesquisa “Corpo e Diversidade Humana”. Recebido em 2 Universidade de São Paulo (USP); UFJF, Departamento de Fundamentos da Educação Física, CNPq, Grupo de Pesquisa “Corpo e Diversida- 9/5/2012 Aprovado em de Humana”. 24/6/2012 Endereço para correspondência: Leonardo de Sousa Fortes Rua Arnaud Capuzzo, 355/12, Nova Aliança 14026-594 – Ribeirão Preto, SP E-mail: leodesousafortes@hotmail.com
  • 2. artigo original Comportamento alimentar inadequado em atletas 149 INTRODUÇÃO inadequado em jovens atletas. Diante do pressuposto, o ob- jetivo do presente estudo foi analisar a influência de diversos Os transtornos alimentares (TA) são síndromes psicológicas fatores sobre o comportamento alimentar inadequado em caracterizadas por controle patológico do peso corporal, dis- jovens atletas femininas. túrbios da percepção do formato corporal e comportamen- to alimentar gravemente perturbado1,2. É comum identificar em pacientes com TA a utilização de medicamentos (laxan- MÉTODOS tes e diuréticos) para emagrecimento, autoindução de vômi- tos, prática extenuante de exercício físico e restrição alimen- Trata-se de um estudo transversal realizado nas cidades do tar3. No entanto, muitos indivíduos sem diagnóstico clínico Rio de Janeiro/RJ e Juiz de Fora/MG com jovens atletas do de TA podem apresentar tais comportamentos, podendo ser sexo feminino. Participaram 131 atletas adolescentes, per- considerados com riscos para o desenvolvimento dessas sín- tencentes a cinco clubes (dois do Rio de Janeiro e três de dromes4-6, como é o caso dos atletas7-9, principalmente os do Juiz de Fora), com idades entre 10 e 19 anos, participantes sexo feminino10,11. de competições e praticantes de diversas modalidades es- Existem vários fatores que podem influenciar o desenvol- portivas. No entanto, 15 jovens foram excluídas da pesquisa vimento do comportamento alimentar inadequado. Segun- por não responderem aos questionários em sua totalidade do Conti et al.12, a insatisfação corporal é o principal deles. É ou por não participarem das aferições antropométricas, che- denominada como a preocupação com o peso e a aparência gando a uma amostra de 116 atletas dos seguintes esportes: física13,14. Estudos têm apontado que a inadequação alimen- natação (n = 22), handebol (n = 20), basquetebol (n = 16), tar é fruto da insatisfação corporal14,15. voleibol (n = 16), taekwondo (n = 5), ginástica artística (n = Além da insatisfação com o corpo, autores têm aponta- 14), nado sincronizado (n = 18) e saltos ornamentais (n = 5). do que a inadequação morfológica pode levar à alimentação A amostra foi selecionada segundo alguns critérios: (1) ter desordenada em jovens14,16, ou seja, altos valores de índice disponibilidade para responder aos questionários e realizar de massa corporal (IMC) e percentual de gordura têm sido aferições antropométricas; (2) ter idade entre 10 e 19 anos; associados aos hábitos alimentares anormais13,17. Ademais, (3) praticar sistematicamente sua respectiva modalidade es- parece que o elevado grau de comprometimento psicoló- portiva por pelo menos três vezes na semana, com duração gico ao exercício também pode influenciar negativamente mínima de 1 hora por sessão; e (4) estar participando, no mo- o comportamento alimentar. Modolo et al.18 salientam que a mento da coleta, de torneio de nível regional ou mais impor- dependência psicológica ao exercício físico pode ser conse- tante. Para seleção das participantes, adotou-se a técnica de quência da depreciação do próprio corpo, podendo, então, amostragem casal simples descrita por Perini et al.5. prejudicar os hábitos alimentares. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética O nível econômico e a etnia parecem ser agentes in- e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de fluenciadores para a instalação do comportamento alimen- Juiz de Fora, recebendo Parecer nº 232/2010 (2149.209.2010), tar de risco para TA. Pesquisadores afirmam que o compor- segundo a Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de tamento alimentar inadequado é mais presente nos estratos Saúde. mais altos da sociedade19, assim como é mais prevalente em sujeitos de etnia branca20. Anamnese Em atletas, o risco de desenvolver hábitos alimentares Comportamento alimentar inadequado anormais parece ser maior. Krentz e Warschburger10 e Schaal et al.2 argumentam que o âmbito esportivo possui agentes Avaliou-se mediante aplicação do questionário Eating Atti- potencializados para tais riscos. O nível competitivo é con- tudes Test (EAT-26). O EAT-26 é composto por 26 itens em siderado um deles. Segundo Denoma et al.7, a inadequação escala do tipo Likert que variam de 0 a 3 pontos (sempre = alimentar é mais acentuada em jovens atletas que compe- 3, muitas vezes = 2, frequentemente = 1, poucas vezes = tem em níveis elevados, por causa da pressão imposta por 0, quase nunca = 0 e nunca = 0), com exceção da questão treinadores, pais e patrocinadores. 25, cuja pontuação é invertida (sempre = 0, muitas vezes = Estudos têm apresentado grande prevalência de com- 0, frequentemente = 0, poucas vezes = 1, quase nunca = 2 portamentos alimentares inadequados em atletas2,7,9,10,17. e nunca = 3). Essas questões estão distribuídas em três su- Parece que o sexo feminino é mais acometido por esses bescalas, a saber: a) dieta – diz respeito à recusa patológi- comportamentos5,21. No entanto, nenhum estudo foi identi- ca a alimentos com alto teor calórico e preocupação com ficado até o momento averiguando a influência que fatores a aparência; b) bulimia e preocupação com os alimentos – afetivos (insatisfação corporal), antropométricos (IMC e per- refere-se a episódios de compulsão alimentar, seguidos por centual de gordura) e sociodemográficos (etnia e nível com- comportamentos purgativos para perda/controle de peso petitivo) podem exercer sobre o comportamento alimentar corporal; e c) autocontrole oral – reflete o autocontrole em J Bras Psiquiatr. 2012;61(3):148-53.
  • 3. 150 Fortes LS et al. artigo original relação à comida e avalia forças ambientais e sociais estimu- dade máxima de 200 kg. Utilizou-se estadiômetro portátil, lantes à ingestão alimentar. Escore igual ou maior que 20 re- com precisão de 0,1 cm e altura máxima de 2,20 m, da marca presenta indivíduos com comportamento alimentar de risco Welmy, para mensurar a estatura das atletas. Calculou-se o para TA. A versão utilizada no presente estudo foi validada índice de massa corporal (IMC) a partir dessas medidas [IMC por Bighetti et al.22 para jovens brasileiras do sexo feminino, = massa corporal (kg)/estatura (m²)]. que apresentou consistência interna de 0,82. Para a presente Nível econômico amostra, calculou-se o alfa de Cronbach, obtendo-se valor de 0,89. Foi obtido mediante aplicação do “Critério de Classificação Econômica Brasil” desenvolvido pela Associação Brasileira Insatisfação corporal de Empresas de Pesquisa (ABEP). O Critério de Classificação Avaliou-se por intermédio do Body Shape Questionnaire Econômica Brasil enfatiza sua função de estimar o poder (BSQ). Trata-se de um teste de autopreenchimento que bus- de compra das pessoas e famílias urbanas, abandonando a ca avaliar a frequência de preocupação com o peso e a apa- pretensão de classificar a população em termos de “classes rência física. O BSQ é composto por 34 itens com formato de sociais”. Esse instrumento avalia a quantidade de itens de escala do tipo Likert variando de 0 a 6 (nunca = 0 e sempre = conforto (automóvel, geladeira, televisão etc.) adquiridos, 6). A pontuação final é resultado da soma do escore de cada além de identificar o grau de instrução do chefe de família. questão. Esse questionário classifica níveis a respeito da in- Ele remete a pontuações variando de 0 a 34, ou seja, quanto satisfação corporal do sujeito. Quanto maior o escore, maior maior o escore, maior é o nível econômico. é a insatisfação com o corpo. A versão utilizada no presente Dados demográficos estudo foi validada para adolescentes brasileiros por Conti Aplicou-se um questionário qualitativo a fim de avaliar dados et al.23, e sua análise de consistência interna revelou um alfa demográficos como: idade, etnia (branco, negro ou amare- de 0,96 para ambos os sexos e significativo coeficiente de lo), nível competitivo (regional, estadual ou nacional) e horas correlação entre os escores do teste-reteste, variando de 0,89 de treino por dia. a 0,91 para meninas e meninos, respectivamente. Calculou- -se o alfa de Cronbach para a amostra da presente pesquisa, Procedimentos encontrando-se valor de 0,91. A coleta de dados ocorreu durante os meses de março, abril Comprometimento psicológico ao exercício e maio de 2011 em salas disponibilizadas pelos clubes par- ticipantes da pesquisa. Uma semana antes da aplicação dos Para determinar o grau de comprometimento psicológico questionários e aferições antropométricas, foram distribuí- que um indivíduo possa ter com o hábito de se exercitar, dos os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), aplicou-se a Commitment Exercise Scale (CES). O instrumento para que os pais das esportistas autorizassem a coleta de da- foi traduzido, adaptado e validado para a língua portuguesa dos. Na semana seguinte, os pesquisadores aplicaram os ins- por Teixeira et al.24, que apresentou alfa de Cronbach de 0,79. trumentos e realizaram aferições antropométricas nas atletas A CES avalia o grau com que sensações de bem-estar são que apresentaram o TCLE assinado pelo responsável. moduladas pelo exercício, a manutenção do exercício em Após breve explicação sobre a pesquisa, as jovens res- condições adversas e o grau de interferência que a atividade ponderam aos questionários individualmente. O tempo mé- física tem em compromissos sociais do indivíduo. Trata-se dio de preenchimento foi de 35 minutos. As medidas antro- de uma escala analógica visual, composta por oito questões pométricas (peso, estatura e dobras cutâneas) foram aferidas que variam de 0 a 155 mm e, portanto, com uma pontua- logo após esse primeiro momento. ção máxima de 1.240 mm. Calculou-se a consistência interna para a presente amostra, identificando-se alfa de Cronbach Análise estatística de 0,85. Utilizaram-se média, desvio-padrão e frequências para des- crever as variáveis do estudo. A estatística inferencial foi apli- Antropometria cada para relatar a consistência interna (alfa de Cronbach) O percentual de gordura (%G) foi estimado pelo método du- dos questionários. Conduziu-se regressão linear múltipla plamente indireto, mensurando-se as dobras cutâneas trici- stepwise para averiguar a influência que as variáveis do estu- pital e subescapular. Utilizou-se o protocolo de Slaughter et do (insatisfação corporal, comprometimento psicológico ao al.25 para executar tal estimativa. Essas medidas foram reali- exercício, antropometria, nível econômico, nível competiti- zadas de forma rotacional e coletadas três vezes, consideran- vo e etnia) exerciam sobre o comportamento alimentar em do-se a média dos valores. jovens atletas femininas. O tratamento dos dados foi realiza- A massa corporal foi mensurada por uma balança digital do no software SPSS 17.0, adotando-se nível de significância portátil da marca Tanita, com precisão de 100 g e capaci- de 5%. J Bras Psiquiatr. 2012;61(3):148-53.
  • 4. artigo original Comportamento alimentar inadequado em atletas 151 RESULTADOS DISCUSSÃO Tabela 1. Média e desvio-padrão de idade, IMC, %G, CES, BSQ e O presente estudo teve como premissa analisar a influên- CCEB de jovens atletas femininas (Juiz de Fora/MG, 2011) cia de fatores de risco sobre o comportamento alimentar em Variável Média (desvio-padrão) jovens atletas femininas. Os resultados evidenciaram que a EAT-26 11,89 (±7,92) insatisfação corporal e o percentual de gordura foram as úni- Idade 14,52 (±2,00) cas variáveis que modularam as pontuações do EAT-26. Con- IMC 20,43 (±3,17) tudo, o modelo de regressão linear múltipla explicou 1/3 da %G 23,03 (±6,22) variância do comportamento alimentar nessas esportistas. CES 676,90 (±219,17) A insatisfação corporal, por si só, influenciou 40% do com- BSQ 75,45 (±28,81) portamento alimentar das atletas da presente pesquisa. Pa- CCEB 21,25 (±4,70) rece que no público feminino a insatisfação com o corpo é a IMC: índice de massa corporal; %G: percentual de gordura; CES: Commitment Exercise Scale; BSQ: Body Shape principal variável explicativa para a alimentação inadequada, Questionnaire; CCEB: Critério de Classificação Econômica Brasil. tanto em escolares12,13 quanto em atletas10,21. Talvez as atletas A tabela 2 apresenta a distribuição de frequência da et- criem hábitos alimentares considerados patológicos como nia e do nível competitivo da amostra do presente estudo. vômitos autoinduzidos, restrição alimentar, uso de laxativos Nota-se que grande parte dessas jovens era branca (80,2%) e e diuréticos almejando otimizar o desempenho esportivo5,10, competia em âmbito nacional (60,3%). pois elas costumam associar a magreza ao rendimento atlé- Tabela 2. Distribuição de frequência das classificações de etnia e tico17. Nesse sentido, De Bruin et al.11 ressaltam que esportis- nível competitivo (NC) em jovens atletas femininas (Juiz de Fora/ tas do sexo feminino, quando almejam maximizar seu ren- MG, 2011) dimento competitivo, geralmente direcionam suas atitudes Variável Classificação Frequência (n) Frequência (%) para a perda de peso corporal. Sendo assim, meninas atletas Etnia Branca 93 80,2 podem pressupor que o segredo para melhorar o pico de Negra 19 16,4 desempenho esportivo seja atingir morfologia corporal com Amarela 4 3,4 baixo percentual de gordura. NC Regional 24 20,7 Os achados do presente estudo em relação ao compro- Estadual 22 19,0 metimento psicológico ao exercício mostraram que este não influenciou significativamente os escores do EAT-26. Entre- Nacional 70 60,3 NC: nível competitivo. tanto, Modolo et al.18 salientam que a dependência de exer- cício físico ou, simplesmente, o excesso de atividade física Em relação à influência das variáveis da pesquisa sobre podem ser considerados fatores de risco para a alimentação o comportamento alimentar, alguns achados merecem des- inadequada em atletas. Parece que em jovens esportistas taque. Somente o percentual de gordura (%G) (p < 0,05) e a femininas essa hipótese não procede, o que pode ser identi- insatisfação corporal (BSQ) (p < 0,01) modularam de forma ficado nos resultados do presente manuscrito. Talvez o com- significativa o comportamento alimentar em jovens atletas prometimento psicológico ao exercício na presente amostra femininas. Ademais, o modelo de regressão múltipla expli- tenha sido baixo, pois grande parte dessas jovens participava cou em 30% a variância do comportamento alimentar ina- de competições de nível nacional, o que pode ser conside- dequado nessas adolescentes. rado como fator protetor contra instalação da dependência de exercício físico, visto que autores afirmam que essa de- Tabela 3. Regressão linear múltipla utilizando IMC, %G, CES, BSQ, CCEB, etnia e NC como variáveis explicativas sobre a variância do pendência é mais encontrada em atletas que competem em comportamento alimentar em jovens atletas femininas (Juiz de níveis inferiores7,18. Fora/MG, 2011) Remetendo-se às variáveis antropométricas, identificou- Variável Bloco B R R² R²* p valor -se apenas influência significativa do percentual de gordura IMC 1 0,05 0,15 0,02 0,02 p ≤ 0,09 sobre o comportamento alimentar. No entanto, o percen­tual %G 1 0,14 0,18 0,03 0,02 p ≤ 0,05 de gordura explicou somente 3% da variância do EAT-26. CES 2 0,06 0,18 0,03 0,02 p ≤ 0,09 Parece que características morfológicas não exercem gran- BSQ 3 0,16 0,63 0,40 0,39 p ≤ 0,01 de influência nos hábitos alimentares de atletas femininas. CCEB 4 0,09 0,11 0,01 0,004 p ≤ 0,24 Segundo Monthuy-Blanc et al.26, o surgimento do compor- tamento alimentar de risco para TA em jovens atletas inde- Etnia 4 0,15 0,04 0,02 0,007 p ≤ 0,66 pende dos valores de peso, IMC e gordura corporal. Talvez NC 4 0,19 0,12 0,01 0,005 p ≤ 0,21 as atletas sintam-se mais pressionadas pelos treinadores, Todos 8,51 0,55 0,30 0,24 p ≤ 0,01 familiares e patrocinadores em atingir uma estética magra R *: R ajustado; IMC: índice de massa corporal; %G: percentual de gordura; CES: Commitment Exercise Scale; BSQ: 2 2 Body Shape Questionnaire; CCEB: Critério de Classificação Econômica Brasil; NC: nível competitivo. do que por suas características corporais, podendo refletir J Bras Psiquiatr. 2012;61(3):148-53.
  • 5. 152 Fortes LS et al. artigo original na aquisição de comportamentos alimentares deletérios à que possam melhor explicar variáveis comportamentais. saúde7,9. Ademais, sugerem-se também estudos que incluam ou- O presente estudo não encontrou influência significativa tras modalidades esportivas e averigue se o tipo de esporte da etnia e do nível econômico sobre o comportamento ali- exerce influência sobre o comportamento alimentar de risco mentar inadequado de atletas femininas. Entretanto, pesqui- para TA. sadores afirmam que os hábitos alimentares não saudáveis estão presentes nos estratos mais altos da sociedade e em indivíduos de etnia branca27. No entanto, exalta-se que esses CONCLUSÃO estudos foram desenvolvidos com escolares. Portanto, acre- dita-se que esta seja a primeira pesquisa a envolver a etnia e Os resultados do presente estudo permitem concluir que o nível econômico como variáveis explicativas do comporta- o comportamento alimentar inadequado de jovens atletas mento alimentar na população de esportistas competitivos, femininas foi influenciado basicamente pela insatisfação cor- o que dificulta comparações e generalizações. poral. No entanto, são necessários mais estudos com esse Em relação ao nível competitivo, também não se en- público para esclarecer possíveis fatores de risco sobre hábi- controu influência significativa dele sobre as pontuações tos alimentares não saudáveis. do EAT-26. Parece que a participação em competições não Programas de avaliação e orientação, tanto psicológica modula hábitos alimentares inadequados em atletas femi- quanto nutricional, são necessários no âmbito esportivo. ninas. Em contrapartida, autores afirmam que o nível de Essas iniciativas devem ser desenvolvidas com o caráter de competitividade elevado é considerado fator de risco para prevenção e detecção de doenças como os TA em atletas. a alimentação inadequada7,21, podendo levar a atleta a de- senvolver algum tipo de transtorno da alimentação. Entre- tanto, ressalta-se que ainda não existe nenhum indicador de nível competitivo que seja confiável. Pesquisas têm utilizado AGRADECIMENTOS a participação mais importante em competição, número de Às atletas participantes deste estudo, pela colaboração; ao medalhas adquiridas em torneios ou quantidade de horas de Laboratório de Estudos do Corpo (UFJF), pela disponibiliza- treino semanais como tais indicadores2,7,21. ção dos instrumentais do estudo; e ao Conselho Nacional Finalmente, observa-se que 30% do comportamento de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo alimentar inadequado de jovens atletas femininas foi mo- financiamento do projeto. dulado pela interação de todas as variáveis no modelo de regressão linear múltipla stepwise. Apesar de encontrar-se significância estatística no modelo, estimava-se que a variân- cia do comportamento alimentar em esportistas femininas REFERÊNCIAS fosse mais bem explicada a partir dessas variáveis. Parece 1. Gomes JP, Legnani E, Legnani RFS, Gregório NP, Souza RK. Associação entre comporta- que os hábitos alimentares não saudáveis no público espor- mento alimentar, consumo de cigarro, drogas e episódios depressivos em adolescente. Rev tista feminino são extremamente complexos, necessitando Nutr. 2010;23(5):755-62. ser mais bem explorados. 2. Schaal K, Tafflet M, Nassif H, Thibault V, Pichard C, Alcotte M, et al. Psychological balance O presente estudo apresentou limitações que merecem in high level athletes: gender-based differences and sport-specific patterns. PLoS One. 2011;6(5):e19007. ser apontadas. Pesquisadores afirmam que os participantes 3. Kirsten VR, Fratton F, Porta NBD. Transtornos alimentares em alunas de nutrição do Rio podem não responder a questionários autoaplicáveis com fi- Grande do Sul. Rev Nutr. 2009;22(2):219-27. dedignidade, ainda mais se tratando de atletas, que podem 4. Sundgot-Borgen J, Torstveit MK. Prevalence of disorders in elite athletes in higher than in associar sua participação à permanência na equipe. Portanto, the general population. Clin J Sport Med. 2004;14(1):25-32. é comum que atletas, mesmo com problemas psicológicos, 5. Perini TA, Vieira RS, Vigário OS, Oliveira GL, Ornellas JS, Oliveira FP. Transtorno do com- mascarem suas síndromes omitindo-as por meio de respostas portamento alimentar em atletas de elite de nado sincronizado. Rev Bras Med Esporte. não confiáveis a partir de instrumentos desse tipo. Além disso, 2009;15(1):54-7. a presente pesquisa utilizou instrumentos que não são valida- 6. Artioli GG, Scagliusi FB, Polacow VO, Gualano B, Lancha Junior AH. Magnitude e métodos dos na literatura científica para avaliar etnia e níveis econômi- de perda rápida de peso em judocas de elite. Rev Nutr. 2007;20(3):307-15. cos e competitivos. No entanto, ressalta-se que vários estudos 7. Denoma JMH, Scaringi V, Gordon KH, Van Orden KA, Joiner TE. Eating disorder symptoms têm utilizado os mesmos métodos para avaliar essas variá- among undergraduate varsity athletes, club athletes, independent exercisers. and nonoe- xercises. Int J Eat Disord. 2009;12(1):47-53. veis7,27. Por fim, salienta-se que este estudo apresentou resul- 8. Vieira JLL, Amorim HZ, Vieira LF, Amorim AC, Rocha PGM. Distúrbios de atitudes alimenta- tados interessantes que merecem ser discutidos na literatura. res e distorção da imagem corporal no contexto competitivo da ginástica rítmica. Rev Bras Sugere-se que sejam realizadas mais pesquisas no âmbi- Med Esporte. 2009;15(6):410-4. to esportivo competitivo, utilizando o sexo masculino como 9. Gomes R, Silva L. Desordens alimentares e perfeccionismo: um estudo com atletas portu- amostra e englobando mais variáveis de cunho psicológico gueses. Psicologia Rev. 2010;16(3):469-89. J Bras Psiquiatr. 2012;61(3):148-53.
  • 6. artigo original Comportamento alimentar inadequado em atletas 153 10. Krentz EM, Warschburger P. Sports-related correlates of disordered eating in aesthetic 19. Dunker KLL, Fernandes CPB, Filho DC. Influência do nível socioeconômico sobre com- sports. Psychol Sport Exerc. 2011;44(3):315-21. portamentos de risco para transtornos alimentares em adolescentes. J Bras Psiquiatr. 2009;58(3):156-61. 11. De Bruin AP, Oudejans RRD, Bakker FC. Dieting and body image in aesthetic sports: a com- parison of Dutch female gymnasts and non-aesthetic sport participants. Psychol Sport 20. Sampei MA, Singulem DM, Novo NF, Juliano Y, Colugnati, FA. Atitudes alimentares e ima- Exerc. 2007;8(4):507-20. gem corporal em meninas adolescentes de ascendência nipônica e caucasiana em São Paulo (SP). J Pediatria. 2009;85(2):122-8. 12. Conti MA, Frutuoso MFP, Gambardella AMD. Excesso de peso e insatisfação corporal em adolescentes. Rev Nutr. 2005;18(4):491-7. 21. Haase AM. Weight perception in female athletes: associations with disordered eating cor- relates and behavior. Eat Behav. 2011;12(1):64-7. 13. Martins CR, Pelegrini A, Matheus SC, Petroski EL. Insatisfação com a imagem corporal e a relação com estado nutricional, adiposidade corporal e sintomas de anorexia e bulimia em 22. Bighetti F, Santos CB, Santos JE, Ribeiro RPP. Tradução e avaliação do Eating Attitudes Test em adolescentes do sexo feminino de Ribeirão Preto, São Paulo. J Bras Psiquatr. 2004;53(6):339-46. adolescentes. Rev Psiquiatr Rio Gd Sul. 2010;32(1):19-23. 23. Conti MA, Cordás TA, Latorre MRDO. Estudo de validade e confiabilidade da versão brasi- 14. Scherer FC, Martins CB, Pelegrini A, Matheus SC, Petroski EL. Imagem corporal em ado- leira do Body Shape Questionnaire (BSQ) para adolescentes. Rev Bras Saúde Mater Infant. lescentes: associação com a maturação sexual e sintomas de transtornos alimentares. Rev 2009;9(3):331-8. Bras Psiquiatr. 2010;59(3):198-202. 24. Teixeira PC, Hearst N, Matsudo SMM, Cordás TA, Conti MA. Adaptação transcultural: tradu- 15. Alves E, Vasconcelos FAG, Calvo MCM, Neves J. Prevalência de sintomas de anorexia nervo- ção e validação de conteúdo da versão brasileira do Commitment Exercise Scale. Rev Psiq sa e insatisfação com a imagem corporal em adolescentes do sexo feminino do Município Clin. 2011;38(1):24-8. de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Cad Saude Publica. 2008;24(3):503-12. 25. Slaughter MH, Lohman TG, Boileau R, Hoswill CA, Stillman RJ, Yanloan MD. Skinfold equa- 16. Castro IRR, Levy RB, Cardoso LO, Passos MD, Sardinha LMV, Tavares LF, et al. Imagem cor- tions for estimation of body fatness in children and youth. Hum Biol. 1988;60(3):709-23. poral, estado nutricional e comportamento com relação ao peso entre adolescentes brasi- 26. Monthuy-Blanc J, Maiano C, Therme P. Prevalence of eating disorders symptoms in no- leiros. Ciênc Saúde Coletiva. 2010;15(Supl 2):3099-108. nelite ballet dancers and basketball players: an exploratory and controlled study among 17. Torstveit MK, J Sundgot-Borgen. The female athlete triad exists in both elite athletes and French adolescent girls. Rev Epidemiol Sante Publique. 2010;1(2):1-10. controls. Med Sci Sports Exerc. 2005;37(1):1449-59. 27. Sampei MA, Singulem DM, Novo NF, Juliano Y, Colugnati FA. Atitudes alimentares e ima- 18. Modolo VB, Antunes HKM, Gimenez PRB, Santiago MLM, Tufik S, Mello MT. Negative addic- gem corporal em meninas adolescentes de ascendência nipônica e caucasiana em São tion to exercise – are there differences between genders?. Clinics. 2011;66(2):255-60. Paulo (SP). J Pediatria. 2009;85(2):122-8. J Bras Psiquiatr. 2012;61(3):148-53.