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Consumidores não vivem no vácuo. Eles são
constantemente bombardeados por propagandas.
No que as pessoas vão prestar atenção?
O consumidor vê tudo dentro de um contexto.
Compreender as relações entre os elementos de
uma propaganda é essencial para determinar
quais deles são elementos-chave, ou seja, do que
o consumidor vai lembrar. Assim, 2 segundos de
um vt de 30 segundos pode fazer dele o pior ou o
melhor comercial.
Entendendo os princípios da Gestalt, é possível
organizar as informações de forma clara e
eficiente, além de torná-las atrativas e agradáveis
ao olhar. Isso contribui para a efetividade de uma
comunicação, explicando por que algumas delas
tem um efeito tão forte e um design tão memorável.
ExistEm rEgras para composição?
Desde a Grécia Antiga, tem-se tentado descobrir o que faz um bom
design e uma boa composição. Os gregos trouxeram a idéia da
Proporção Áurea, muito semelhante à regra dos terços na fotografia.
Eles foram mais longe ainda, descrevendo as dimensões exatas
para seu conceito de ideal, que influenciou o desenho e a escultura
clássicos e pode ser encontrados nas formas da natureza, que são
harmônicas: a concha do náutilo, as flores, as proporções do corpo
humano.
O número áureo (aproximadamente
1,618) é fruto de uma razão entre
partes e o todo.
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No início do século XX, os psicólogos alemães Max Wertheimer, Wolfgang
Kohler e Kurt Koffka encararam a mesma missão e fundaram a escola de
pensamento conhecida como GESTALT, que em alemão significa: “forma” ou
“figura”.
objEtivo
Descobrir como a mente percebia e processava estímulos visuais.
rEsultado
Teoria da gestalt, apresentando princípios que explicam porque algumas
formas agradam mais que outras. Segundo ela, a mente humana tenta
estabelecer padrões formais de reconhecimento em uma tentativa sistemática
de organizar o caos.
basE da tEoria
“O todo é mais do que a soma das partes.”
Segundo a psicologia da Gestalt, o todo possui
características próprias, que se relacionam, mas
que não correspondem meramente à soma de
partes individuais.Não vivenciamos as partes do
ambiente separadamente, tentamos organizá-las
num todo significativo. Nós queremos que as coisas
façam sentido com base naquilo que já sabemos.
Para designers, essa é uma regra visual. Quando
olhamos para um anúncio ou uma página de
revista, sabemos que o layout é composto por
imagens e por texto. A teoria da Gestalt entra para
fazermos esses elementos se relacionarem de tal
forma que eles façam mais sentido juntos do que se
observados individualmente. Por isso, questione se
a peça tem um significado maior como um todo e
que mensagem ela está passando.
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1.UNIDADE
Um elemento que se encerra nele mesmo. Um objeto
pode ser formado por vários elementos que se combinam
e são percebidos como um todo, como uma unidade.
Nesse caso, alguns elementos podem se destacar dos
demais, guiando a leitura.
2.SEGREGAÇÃO e UNIFICAÇÃO
São as leis mais simples que regem a percepção visual.
sEgrEgação
Capacidade de separar unidades em um todo compostivo ou em partes desse
todo, tendo como base as relações de forma, dimensão e posição. As forças
de segregação agem conforme a desigualdade de estimulação.
A partir desse princípio, é possível gerar hierarquia dentro de uma
composição, determinando a importância dos elementos e a ordem de leitura.
Apesar de ser a mesma Na diagramação de um texto, por exemplo, podemos diferençar título,
imagem da Eve, vemos a subtítulo, texto e legenda pela tipografia utilizada (se houver mais de uma),
diferença de tamanho e pela diferença entre variações de uma mesma fonte (como itálico, negrito,
cor entre elas, assim como
na fonte do título e na fonte versaletes), com corpo de fonte de tamanho diferente (maior no título, menor
do texto embaixo. na legenda), alterando o alinhamento e pela diferença de cores.
unificação
Ocorre quando os princípios básicos de harmonia, equilíbrio visual e coerência
formal da partes ou do todo estão presentes na composição, fazendo com que
haja igualdade de estímulos produzidos. Dialoga diretamente com as leis de
proximidade e semelhança para a organização formal.
Assim como na segregação diferenciamos títulos de textos, por exemplo, com a
unificação reconhecemos na diagramação os elementos que são semelhantes,
seja por terem a mesma cor, ou serem do mesmo tamanho ou estarem no
mesmo lugar. Numa revista, por exemplo, as páginas sempre estão no
As armas e os braços estão mesmo lugar da página, o que facilita a leitura, uma vez que o olhar do leitor
alinhados, são da mesma identificará o padrão e buscará aquele ponto para obter a informação, no
cor e tem tamanhos e for-
matos parecidos, por isso caso, da página.
tendemos a agrupá-los.
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3. FECHAMENTO
Em elementos separados ou interrompidos, as
forças de organização da forma tendem a formar
unidades fechadas. Assim, tem-se a sensação de
fechamento visual da forma pela continuidade de
uma ordem estrutural definida. Ou seja, quando
os elementos que estão configurados induzem a
uma forma que não está integralmente registrada.
O subentendimento resulta na extensão lógica da
percepção que preenche os vazios que faltam para
completar a figura.
Uma forma fechada, é completa, estável e gera
passividade e tédio, mesmo que esteja equilibrada.
Por isso, as formas abertas são tão empregadas Logomarcas da WWF e
na construção de logomarcas, sendo um recurso do Guggenheim Museum
muito bom para conferir dinamismo e atrair o utilizam bem o princípio
olhar. Como a forma precisa ser identificada e do fechamento.
completada na mente do observador, a imagem se
torna um convite para envolvê-lo de forma ativa.
trabalhando com formas abErtas
Uma imagem é delimitada pelo quadro que a contem, isto é, seus limites
externos. Quando o objeto representado é cortado, essas margens sugerem a
continuação do objeto fora do quadro, servindo como uma ferramenta para
guiar o olhar e acrescentar dinamismo à composição.
Com o recorte, redesenha-se os limites e altera-se a forma de uma fotografia
ao alterar a escala dos elementos em relação à totalidade da imagem. Uma
imagem vertical pode tornar-se um quadrado, um círculo ao adquirir novas
proporções. Aproximando-se de um detalhe, o recorte pode alterar o foco
da imagem, conferindo-lhe novo sentido e ênfase. Experimente opções de
enquadramento colocando dois pedaços de papel em L sobre uma imagem.
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4. FIGURA/FUNDO
Além do todo ser mais que a soma das partes e
“A forma de um objeto não é mais nossa tendência natural em ver padrões, a im-
portância da figura versus fundo é um conceito
importante que a forma do espaço em
chave da Gestalt. Essa regra faz com que a mente
torno dele. Todas as coisas resultam da
preencha as lacunas e permite identificar elementos
interação com outras coisas.”Malcolm Grear. que estão faltando, ilusões de óptica e ambigui-
dades visuais.
Uma figura (forma) é sempre vista em relação ao que a rodeia (fundo)- as
letras e a página, um edifício e seu terreno, uma escultura e o espaço dentro e
em torno dela, o assunto de uma foto e o ambiente em torno dela. Para que se
tenha uma forma, é necessário que haja separação com o fundo, o que ocorre
por meio de contraste.
As pessoas costumam ver o fundo como algo passivo e pouco importante em
relação ao assunto dominante. Já os artistas visuais prestam atenção aos espa-
ços em volta e entre os elementos, descobrindo seu poder de moldar experiên-
cias e tornarem-se formas propriamente ativas.
Assim, os designers gráficos buscam frequentemente um equilíbrio entre figura
e fundo, utilizando essa relação para proporcionarenergia e ordem à forma
e ao espaço. Contrstando a forma e a contra-forma, é possível fazer uma
composição que estimula o olhar. A criação de tensões ou ambiguidades de
figura/fundo adiciona energia visual a uma imagem ou marca. Mesmo ambi-
guidades sutis podem animar o resultado final e mudar sua direção e impacto.
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No design de marcas e símbolos, a transformação de sentidos complexos em
formas simplificadas, mas significantes normalmente é bem sucedida com a
reciprocidade tensa dos espaços positivos e negativos. Em cartazes, layouts e
designs de tela, o que está do lado de fora emoldura e equilibra o que é colo-
cado dentro. Do mesmo modo, em mídias que incluem o tempo, como livros de
muitas páginas, a distribuição do espaço afeta o ritmo de leitura.
Alex Schrijvers Handbags É essencial saber avaliar e criar essa tensão de figura/fundo, por isso, a
Designer: Davy Dooms necessidade de treinar o olho para esculpir espaços em branco ao compor
Bélgica
formas. Procure manipular as áreas positivas e negativas ao ajustar a escala
das imagens e da tipografia. Olhe para as formas que cada elemento produz
e veja como seus contornos delimitam um vazio que é igualmente atraente.
EstávEl, rEvErsívEl E ambíguo
Uma relação estável de figura/fundo existe quando a forma destaca-se
claramente do fundo. A figura/fundo reversível ocorre quando os elementos
negativos atraem nossa atenção igualmente e alternadamente, avançando e
recuando, à medida que nossos olhos percebem como sendo dominantes e em
seguida como subordinados. A relação ambígua desafia o observador a en-
contrar um ponto focal. A figura confunde-se com o fundo, levando o olhar do
observador a dar voltas sobre a superfície sem nenhuma condição de discernir
sobre sua predominância.
m.c. EschEr: trabalhando o Espaço
nEgativo
Um artista gráfico que trabalhou muito bem essa
regra foi o holandês M.C. Escher, conhecido tam-
bém por suas ilusões de óptica. O seu trabalho
foi intensamente influenciado pelos mosaicos dos
palácios árabes.
Escher achou muito interessante as formas como
cada figura se entrelaçava a outra e se repetia, for-
mando belos padrões geométricos. Este foi o ponto
de partida para os seus trabalhos mais impressio-
nantes e famosos, que consistiam no preenchimento
Observe como os elementos no espaço positivo são
regular do plano, mostrando seu absoluto um organizados para criar um espaço negativo com igual
domínio do princípio figura/fundo. importância e que juntos, adquirem um significado maior.
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5. CONTINUIDADE
É a impressão visual de partes que
sucedem ao se organizarem sem quebras
ou interrupções (descontinuidades)
na sua trajetória ou fluidez visual.
Significa a tendência que alguns
elementos tem de acompanharem uns
aos outros, permitindo a continuidade
de um movimento para uma direção já
estabelecida, seja por pontos, linhas,
planos, volumes, cores, texturas,
degradês e outros.
Ela ocorre no sentido de alcançar a melhor forma possível, ou seja, a forma
mais estável estruturalmente em termos perceptivos: a “boa continuidade”.
O círculo, as esferas e variantes são as formas de melhor continuidade por
serem fluidas, não apresentando nenhuma interrupção no olhar. As formas
orgânicas, além de apresentarem boa continuidade, imprimem suavidade
visual à forma, sendo muito usadas no Design para a concepção de produtos.
6. PROXIMIDADE
Os elementos próximos tendem a ser agrupados visualmente, constituindo uma
unidade dento do todo. Nas mesmas condições, os estímulos mais próximos de
cor, tamanho, direção e localização tendem a constituir unidades. As cores de
uma impressão, por exemplo, são percebidas como contínuas, embora sejam
compostas por pontos próximos (retícula). Esse é o princípio do movimento
conhecido como Pontilhismo.
7. SEMELHANÇA
Se os elementos possuem mesma cor
e forma, tendem a ser agrupados e
a constituir unidades. Os estímulos
que tiverem mais semelhança e mais
proximidade terão maior tendência
a serem agrupados.
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8. PREGNÂNCIA DA FORMA
É a lei básica da percepcção da Gestalt, podendo ser também considerada a
lei da Simplicidade. Segundo ela, as forças de organização da forma tendem
à harmonia e ao equilíbrio visual. Assim, um objeto com alta pregnância é o
que tende espontaneamente a uma estrutura mais simples, mais equilibrada,
mais homogênea e mais regular, apresentando o máximo de unificação,
clareza formal e de simplificação na organização de suas partes.
Em publicidade, quanto mais simples a mensagem, mais facilmente ela será
absorvida pelo público. Seguindo essa lógica de que “menos é mais”, é pos-
sível perceber a importância de buscar a pregnância da forma em um anún-
cio, por exemplo, tornando-o de fácil compreensão e aumentando a rapidez
de sua leitura e interpretação.
Se a fonte escolhida for muito rebuscada ou a imagem for muito complexa
e confusa, pode-se prejudicar a leitura e poderá exigir do observador muito
tempo para a sua leitura. Isto é, mais que os 3 segundos que as boas propa-
gandas gastam para fazer a pessoa entender a mensagem.
Logicamente, o tipo de fonte e imagem dependerá sempre do objetivo que se
pretende com a peça. Às vezes, dependendo do conceito e da sensação que se
pretende transmitir, a complexidade visual pode ser uma opção. No entanto, se
não houver uma justificativa pertinente para utilizar mais uma fonte, mais cores
ou mais imagens, procure evitar.
Quanto mais elementos, mais informação, mais complexidade, mais ruído. Ou
seja, mais chance de que a mensagem não seja transmitida em sua integri-
dade. Portanto, keep it simple.
Evolução da logomarca
da Apple mostra como ela
passou de uma imagem
de baixíssima pregnância,
na qual a maçã é quase
imperceptível em cima do
Newton e a fonte é de
péssima leitura.
Na versão atual, existe o
mínimo de informação de
cor e forma, conferindo-
lhe alta pregnância pela
clareza e simplicidade. primeira logo (1976) 1976-1998 logo atual
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Neste exemplo, é possível identificar praticamente
todos os princípios da Gestalt apresentados,
mostrando claramente como a tipografia pode ser
utilizada como forma.
Unidades, segregação: O rosto aparece por inteiro,
depois identificamos suas partes. Ao contrário de
um texto escrito, não se vê pedaços de uma imagem
que, aos poucos, compõem um todo.
FigUra/FUndo: O rosto é construído pelos traços
que se formam nos espaços entre as linhas e letras
(repare a franja). Eis um excelente exemplo da
importância dos espaços negativos no desenho
de uma página. Eles dão suporte para os outros
elementos. A visão não “pára” em um lugar.
Perceba como você olha para o rosto, o nome, o
fundo. Isso é interatividade, muito mais interessante
que um pop-up ou qualquer outra chatice
publicitária.
Fechamento: Tendemos a “completar” a figura, ligando as áreas similares para
fechar espaços próximos. É fácil ver as bochechas, a língua (escrita “soul”,
genial) etc. É o mesmo princípio que nos permite compreender formas feitas de
linhas pontilhadas.
Pregnância da Forma: apesar de haver muitos elementos, podemos facilmente
reconhecer de quem se trata, absorvendo de imediato a forma marcante do
rosto, reforçado pelo escrito “James Brown” no canto inferior esquerdo, cujo
corpo de fonte, cor e contraste tornam a leitura e compreensão mais rápidas.
semelhança: Agrupamos elementos parecidos, instintivamente. Perceba que,
por mais que você tente evitar, o rosto se destaca do fundo, mesmo sendo da
mesma cor.
Proximidade: Elementos próximos são considerados partes de um mesmo grupo.
continUidade: Compreendemos qualquer padrão como contínuo, mesmo
que ele se interrompa. É o que nos faz ver a “pele” do sr. Brown como algo
contínuo, mesmo com todos os “buracos” das letras. Elementos em uma
mesma direção são vistos como se estivessem em movimento e formam uma
unidade, como se percebe na “explosão” que acontece no fundo do cartaz.
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livros rElacionados ao tEma
GOMES, João Filho. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São
Paulo. 6ª Edição, 2004. Escrituras Editora. 2000.
LUPTON, Ellen e PHILLIPS, Jennifer Cole. Novos Fundamentos do Design.São
Paulo. Ed Cosac Naify, 2008.
HURLBURT, Allen. O design da página impressa. 1ª Edição. Ed. Nobel,1986.
DONDIS, Donis. A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo. 3ª edição. Ed.
Martins Fontes. 2002.
ARNHEIM,Rudolf. Arte e percepção visual, uma psicologia da visão cria-
dora. São Paulo. Ed. Thomson Pioneira. Trad. Ivonne Terezinha de Faria. 1ª
Edição.1998.
BIERDERMANN, Hans; Dicionário Ilustrado dos símbolos. São Paulo; Melhora-
mentos; 1994.
sitEs
www.allgraphicdesign.com
www.luli.com.br
www.mcescher.net
www.wolda.org
www.logodesignlove.com