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A Acupuntura Veterinária:
Derivada dos radicais latinos acus e pungere, que significam agulha e puncionar, respectivamente, a acupuntura faz parte de um
conjunto de conhecimentos teórico-empíricos.
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) visa a terapia e cura das enfermidades pela aplicação de estímulos através da pele, com a
inserção de agulhas em pontos específicos chamados acupontos.
Conforme a filosofia da MTC, a acupuntura é baseada na teoria da polaridade universal ou teoria do Yin-Yang. Princípio dualista
de dois poderes independentes, este raciocínio afirma que qualquer manifestação no universo, inclusive o funcionamento dos
organismos, é o produto da interação de duas forças opostas, porém interdependentes e complementares: Yin e Yang. Yin é o
potencial: escuro, parado, interior, frio, enquanto Yang é a manifestação: luz, movimento, calor. O equilíbrio é o produto desta
interação e a acupuntura visa restabelecer a homeostasia orgânica através da atuação nestas forças.
Os pontos de acupuntura, ou acupontos, são considerados as portas de entrada e saída de energia vital de um organismo; através de
sua manipulação, pode-se obter a restauração do equilíbrio. Estes pontos são distribuídos ao longo de canais que interligam todo
organismo e por onde circularia um fator principal responsável por associar, regular e controlar as atividades funcionais do corpo;
este fator é denominado Qi, considerado a energia vital circulante.
No Oriente a acupuntura vem sendo utilizada há vários milênios. De fato, agulhas de pedra e de espinha de peixe foram utilizadas
na China durante a Idade da Pedra (circa de 3000 anos AC). Ney Jing, ou "Clássico do Imperador Amarelo sobre Medicina
Interna", texto clássico e fundamental da MTC, descreve aspectos anatômicos, fisiológicos, patológicos, diagnósticos e
terapêuticos das moléstias à luz da medicina oriental. Nesse tratado já se afirmava que o sangue flui continuamente por todo o
corpo, sob controle do coração. Cerca de 2000 anos depois, mais precisamente em 1628, William Harvey, proporia sua teoria
sobre a circulação sangüínea.
A acupuntura veterinária é, provavelmente, tão antiga quanto à história da acupuntura, acompanhando-a pari passu. Estima-se em
3000 anos a idade de um tratado descoberto no Sri Lanka sobre o uso de acupuntura em elefantes indianos.
A terminologia e raciocínio utilizados pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC), da qual a acupuntura é um segmento, diferem
intensamente da medicina contemporânea praticada no Ocidente, dificultando sua aceitação na comunidade científica. Entretanto,
há pouco mais de vinte anos, esta técnica é reconhecida e indicada pela Organização Mundial de Saúde e, desde de 1995, figura
como uma especialidade medica veterinária em nosso país.
Em Medicina Veterinária, a acupuntura é indicada para o tratamento de diversas doenças, tais como: gastrites, úlceras gástrica e
duodenal, enterites, colites, vômitos, diarréia, constipação, bronquite, broncopneumonia, pleurisia, miocardites, cardiopatia
reumática, arritmia cardíaca, hipertensão, hipotensão, nefrites, alterações na micção, prostatite, cistite, hipotiroidismo,
hipertiroidismo, diabetes insipidus, espondilopatia hipertrófica, artrite reumatóide, paralisia facial, epilepsia, seqüelas da
cinomose, mastite, conjuntivite, otite média.
Acupuntura veterinária - Carlos Augusto Torro:
Chamar a acupuntura veterinária de novidade é um engano. Na China, desde a Dinastia Chang (1765 a 1123 a.c.), os cavalos de
batalha já eram tratados com as agulhas. Quanto aos pequenos animais, vivemos, há algumas poucas décadas, um renascimento
desta linha terapêutica, tendo como berço principalmente a Europa.
A acupuntura consiste na estimulação mecânica de determinados e precisos pontos da superfície corpórea, através de finíssimas
agulhas metálicas. Um ponto de acupuntura não ultrapassa a área de um milímetro quadrado. A moxabustão utiliza um bastão
formado por uma erva prensada (como um charuto), a Artemísia vulgaris que, quando queimada, fornece um estímulo térmico
para os pontos de acupuntura. Já a fitoterapia emprega o uso oral de compostos a base de plantas, substâncias minerais e animais,
geralmente preparadas em forma de comprimidos ou gotas.
O tratamento de um paciente pela MTC baseia-se em um diagnóstico energético que estabelece a etiofisiopatogenia do
desequilíbrio apresentado. Sempre tem em vista o animal como um todo. Dois animais com doenças iguais, podem normalmente
receber tratamentos diferentes, pois a mesma doença foi a forma de exprimir um desequilíbrio nem sempre semelhante. Um
animal com uma doença renal não tem somente o seu rim doente, mas sim todo seu indivíduo.
Com isso podemos tratar praticamente qualquer doença. Porém, em um consultório de MTC Veterinária, 75% dos casos são
músculo-esqueléticos, como as espondilopatias degenerativas , artrites, artroses, traumas e claudicações sem causa bem definida.
As enfermidades nervosas, como as seqüelas de cinomose ou AVC, além das convulsões, também são comuns.
Doenças cárdio-respiratórias (ICC), urogenitais (insuficiência renal / metrorragia / anestros / cistites), digestivas (diarréias /
constipações / insuficiência pancreática) dermatológicas, imunomediadas, desequilíbrios hormonais e metabólicos e processos
neoplásicos também podem ser curados ou amenizados. É certo que muitas doenças são tidas como incuráveis, às vezes com
lesões mecânicas graves e irreversíveis, mas podemos alcançar resultados na melhora de vida do paciente, superiores aos da
alopatia sozinha. Isto porque podemos empregar, sem problema algum, a MTC aliada à alopatia ou homeopatia, por exemplo.
Para os quadros agudos as sessões de acupuntura podem ser diárias ou até mais freqüentes. Já para os processos mais crônicos,
maioria esmagadora na veterinária, as sessões geralmente são semanais, sendo, nestes casos, fundamental o uso da fitoterapia.
A evolução pode ser notada em um mês ou mais dependendo de quanto tempo a doença está estabelecida. Cada sessão dura em
média quarenta minutos.
O estresse causado por uma contenção física exagerada pode diminuir em muito os efeitos terapêuticos da sessão de acupuntura.
A sedação química, no meu ponto de vista, praticamente anula as chances de êxito da terapia. Portanto, infelizmente, somos
obrigados a realizar uma seleção daqueles animais que poderiam ser tratados. A grande maioria permite tanto a inserção das
agulhas como a moxabustão. Quando os animais não permitem tais técnicas, nos atemos mais à fitoterapia, com excelentes
resultados.
O maior cuidado, acredito eu, no uso da MTC, é como o de qualquer medicina que esteja "em moda". Caso, maus profissionais
em MTC, por ingenuidade ou ganância, prometerem cura para tudo, não se preocupando com o lado filosófico da terapia
energética, não encarando seu paciente como parte de um todo, ou seja, realmente não praticarem uma medicina digna, em pouco
tempo, o que poderia mostrar-se muito útil como linha terapêutica, cairá em descrédito.
ACUPUNTURA EM ANIMAIS:
A acupuntura é reconhecida pela Associação Médica Veterinária dos Estados-Unidos como “o exame e estimulação de
pontos específicos do corpo de animais pelo uso de agulhas de acupuntura, injeções, lasers de baixa intensidade, magnetos e
uma variedade de outras técnicas para o diagnóstico e tratamento de numerosas condições em animais. A Associação
acrescenta que “a acupuntura veterinária e a acuterapia são consideradas atualmente uma parte integral da medicina
veterinária”.
A Dra. Elaine R. Caplan, veterinária do Hospital Escola de Medicina Veterinária da Universidade de Illinois, em Urbana,
entrou em contato pela primeira vez com a acupuntura quando ainda era uma interna no Centro Médico Animal em Nova
Iorque em 1982. “Eu me impressionei ao ver como os animais suportavam bem as agulhas. O veterinário na época
trabalhava com casos considerados desenganados por outros colegas de profissão”. O sucesso observado pela Dra. Caplan
na época foi tamanho que ela decidiu qualificar-se como acupunturista.
“Em 1989 eu freqüentei as aulas do curso de qualificação da Sociedade Internacional de Acupuntura Veterinária, a única
organização que qualifica veterinários como acupunturistas. Tenho trabalhado desde então com acupuntura em combinação
com as terapias tradicionais”, diz a doutora.
A acupuntura é utilizada em inúmeras aplicações, que variam desde sua utilização como anestésico, passando pelo controle
de dores de artrite e tratamento de animais surdos. A acupuntura é muitas vezes utilizada como complemento à medicação,
cirurgia ou tratamentos pós-operatórios. “A maioria de meus pacientes é composta de cães grandes e idosos que sofrem de
dores nas juntas devido a artrite, dores lombares causadas por doenças no disco ou artrite da coluna dorsal”, acrescenta a
doutora.
Michelle Sherman, estudante do segundo ano do curso de veterinária, escolheu a acupuntura para o tratamento de seu
cachorro Oscar. “Ele foi diagnosticado com doença lombo-sacral e o tratamento sugerido foi 6 semanas de confinamento em
uma gaiola. Por isso decidi tentar um tratamento alternativo”. Sherman admirou-se da melhora de Oscar: “Foi fantástico!
Antes do tratamento com acupuntura, ele mal podia subir as escadas. Éramos obrigados a carregá-lo, o que era uma
verdadeira proeza considerando seus mais de 35 quilos! Agora, após a acupuntura, ele sobe todos os degraus da escada
correndo”, afirma Sherman. “Ele necessita recomeçar o tratamento a cada dois ou três meses, caso contrário volta a ficar
cheio de dores”.
Muitas são as explicações sobre como a acupuntura funciona. Segundo uma das explicações científicas, denominada de
Teoria do Opiato Neural, o controle da dor pode ser explicado pela emissão de endorfina, um opiato endógeno (ou seja,
originado dentro do próprio corpo). As endorfinas são liberadas pela agulha ou por estimulação por pressão de pontos
específicos. “Esses opiatos endógenos interagem em diversos níveis no sistema nervoso central inibindo a percepção da dor
em centros mais elevados bem como a transmissão da dor pela espinha dorsal”, diz a doutora Caplan. Além disso, as
endorfinas controlam a dor pois forçam os vasos sangüíneos a dilatarem-se , o que por sua vez faz aumentar o volume de
sangue ao redor das juntas e músculos, aumentando dessa forma a entrega de nutrientes e oxigênio às áreas desejadas.
A teoria do opiato neural encontra suporte em estudos que demonstram que a estimulação por endorfina está presente na
acupuntura. Quando drogas de bloqueio de endorfina foram administradas a um animal em tratamento de acupuntura, os
efeitos normais da acupuntura não foram observados.
“A teoria do não-opiato neural , também conhecida como a “teoria da porta” (“gate theory”), foi uma das primeiras
explicações científicas da acupuntura. Sua hipótese baseava-se em que a acupuntura estimula interneurônios inibitórios a
fechar a “porta” da transmissão da dor existente na espinha dorsal, não ocorrendo assim nenhuma percepção da dor”, explica
a Dra. Caplan.
Os chineses usaram a acupuntura para tratar doenças por mais de 4.000 anos tanto em humanos como em animais. “Os
conceitos chineses podem parecer a princípio metafóricos na visão ocidental; é uma visão completamente diferente da
medicina interna. De acordo com a filosofia chinesa, a doença é um desequilíbrio de energia no corpo. A terapia por
acupuntura é baseada no balanceamento da energia, corrigindo seu fluxo e curando assim o animal”, explica a Dra. Caplan.
“Acredite quando alguém lhe disser que a acupuntura é uma técnica de difícil compreensão. Eu não tenho qualquer dúvida
sobre isso, mas os benefícios da acupuntura são convincentes quando observados”.
Quando o cão de Michelle Sherman começou a ter sessões de acupuntura, ela própria não tinha idéia do que deveria esperar
do tratamento ou como Oscar iria reagir. “Tratamentos podem demorar de 10 segundos a 30 minutos, dependendo do
problema a ser tratado e do método empregado”, diz a Dra. Caplan. “Os pacientes freqüentemente são tratados de 1 a 3
vezes por semana por 4 a 6 semanas. Em geral, um resultado positivo começa a ser sentido depois das primeiras 4 a 6
sessões e algumas vezes até mesmo antes dependendo do problema sendo tratado”.
“Na maior parte do tempo Oscar apenas ficava deitado sem se movimentar”, diz Sherman. “Ele sentia quando alguns pontos
de pressão eram estimulados, mas na maior parte do tempo se mostrava indiferente ao tratamento”. O ponto de relaxamento,
um dos pontos da acupuntura em sua cabeça, quando pressionado chegou mesmo a quase fazê-lo pegar no sono durante a
terapia. De fato, ele ficou dormindo quase todo o tempo na volta para casa”.
A acupuntura é quase sempre escolhida como um complemento à terapia tradicional ou fornece uma forma alternativa de
terapia médica. A estimulação do apetite, controle de náuseas e modulação à imunidade pode ajudar animais com câncer,
deficiências de imunidade, tendências a ataques de apoplexia e artrite. Muitos outros problemas em animais podem ser
tratados através de terapias utilizando a acupuntura.
Não devemos esquecer que essas técnicas devem ser entendidas como procedimentos cirúrgicos e médicos e devem ser
realizadas apenas por veterinários acupunturistas qualificados. Solicite a seu veterinário local mais informações sobre
terapias de acupuntura veterinária qualificada.
ACUPUNTURA E CINOMOSE:
A acupuntura tem sido utilizada para o tratamento de distúrbios neurológicos em cães. Normalmente, a eutanásia é indicada em casos de distúrbios
neurológicos com conseqüente paralisia de membros posteriores como seqüela de cinomose. Numa tese de mestrado realizada na Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE), 52 cães acometidos de paralisia de membros posteriores e conseqüente paralisia de membros posteriores, causadas pela
cinomose, foram divididos aleatoriamente em três grupos, após uma avaliação neurológica completa.
Destes, 17 cães foram tratados convencionalmente de acordo com a medicina ocidental, incluindo antibióticos, complexos vitamínicos e
corticosteróides, quando necessário. Outros 18 cães foram tratados com acupuntura, sem nenhuma estimulação elétrica, e 17 cães não receberam
tratamento algum. O tratamento com acupuntura foi realizado semanalmente durante o período de quatro semanas, ao final do qual um novo exame
neurológico foi realizado e por meio de escore, comparado ao exame inicial, para análise estatística do efeito dos tratamentos nos diferentes grupos.
Considerou-se cura quando os animais eram capazes de andar novamente e ter uma vida normal, sem se observar seqüelas, tais como incontinência
fecal ou urinária e outras. A cura foi observada em nove cães tratados com acupuntura, em apenas um dos cães tratados convencionalmente e em nenhum
cão não tratado. Todos os cães tratados com acupuntura sobreviveram, enquanto que três cães tratados convencionalmente e cinco cães não tratados
apresentaram óbito neste período de avaliação, demonstrando que o tratamento com acupuntura em pontos pré-estabelecidos apresentou bons resultados
para o tratamento de distúrbios neurológicos produzidos pela cinomose em cães.
Acupuntura e sistema reprodutivo:
Normalmente, a prostaglandina é utilizada para indução do abortamento em cães. Doses de 0,25 mg/kg duas vezes ao dia ou 0,1 mg/kg três vezes ao
dia usualmente produzem abortamento em nove dias. Entretanto, intensos efeitos colaterais tais como hipotermia, taquipnéia, salivação, vômitos e
convulsões são freqüentemente observadas. A administração de 0,05 mg/kg ou 0,1 mg/kg de dinoprost a cada 12 horas no ponto Bai Hui, localizado no
espaço lombosacro, em quatro cadelas com período de gestação entre 32 e 45 dias, induziu abortamento em todas elas, em 3,5 e 6,5 dias respectivamente.
A utilização deste mesmo produto na dose de 0,05 mg/kg a cada 12 horas em quatro cadelas com período de gestação mais adiantado, entre 50 e 55
dias, induziu o abortamento em apenas duas cadelas no terceiro dia de aplicação. A injeção de 1 ml de água destilada a cada 12 horas neste mesmo
acuponto, em quatro cadelas com período de gestação entre 45 e 50 dias, não surtiu efeito algum, já que o parto ocorreu dentro do período previsto.
Observou-se nestes animais tratados com subdose de prostaglandina no acuponto Baihui salivação intensa, taquipnéia e redução da temperatura. Tais
efeitos ficam mais acentuados dez minutos após aplicação, com retorno ao normal após 30 minutos. A aplicação de 0,1 mg/kg de prostaglandina no gradil
costal produziu além dos efeitos colaterais descritos anteriormente, vômito e defecação, demonstrando que a injeção de subdose de prostaglandina no
acuponto Bai Hui foi efetiva para indução de abortamento em cadelas, com a vantagem de minimizar os efeitos colaterais.
Acupuntura e analgesia:
A eletroacupuntura tem sido utilizada para produzir hipoalgesia para realização de diversos procedimentos cirúrgicos nas espécies domésticas. A
anestesia convencional produz depressão neurológica e cardiorrespiratória fetal e materna, levando a uma alta taxa de mortalidade neonatal. O grau de
depressão neurológica e cardiorrespiratória foi avaliado em cães neonatos, após cesariana, cujas cadelas foram tranqüilizadas com levomepromazina
(Neozine, Rhodia), nalbufina (Nubaim, Rhodia) e midazolam (Dormonid, Roche) e divididas em dois grupos.
Seis cadelas foram submetidas à eletroacupuntura nos pontos E36, IG4, VG1 e Bai Hui, utilizando-se estímulo elétrico até 9 v, freqüência f1 de l00 Hz
e f2 de 200 Hz e em seis a indução da anestesia foi realizada com quetamina (Ketalar, Parke Davis) e a manutenção com enfluorano (Etrane, Abbott). As
freqüências cardíaca e respiratória foram maiores nos filhotes de cadelas submetidas a eletroacupuntura e os reflexos neurológicos também tenderam a
ser maiores nestes mesmos neonatos.
Duas de seis cadelas necessitaram uma suplementação de l a 2 mg/kg de quetamina numa ocasião durante a anestesia, demonstrando que há variação
individual no tocante ao efeito analgésico e que hipoalgesia pode ocorrer ao invés de analgesia. A menor depressão neurológica e cardiorrespiratória em
neonatos após cesariana é uma vantagem potencial do uso da acupuntura, quando comparado à anestesia convencional, mesmo necessitando uma
complementação ocasional de fármacos para obtenção de uma analgesia satisfatória.
Acupuntura e resposta imune:
As concentrações séricas de anticorpos, proteína total, albumina, globulina, relação albumina/globulina, hemograma e linfócitos T e B foram
mensuradas em cães vacinados contra a raiva e submetidos ou não à acupuntura nos pontos E36, IG11 e VG14. Observou-se um maior número de
linfócitos nos animais tratados com acupuntura.
O efeito da acupuntura e moxabustão na resposta imuneinflamatória à picada do carrapato Rhipicephalus sanguineus foi estudada em cães e cobaios
respectivamente. O uso de moxabustão prolongou a reação de hipersensibilidade tardia e reduziu o número de eosinófilos nos locais de teste de
hipersensibilidade cutânea, quando comparado com cobaios não tratados. A acupuntura produziu uma redução do tamanho da reação induzida pelo teste
de hipersensibilidade imediata a antígenos de carrapatos nos cães, quando comparada a animais não tratados, mostrando que tanto a moxabustão como a
acupuntura interfere nas reações de hipersensibilidade.
Acupuntura e sistema digestório:
O efeito da acupuntura na prevenção de lesões de mucosa gástrica produzidas pela indometacina (Indocid, Prodrome) foi investigado em ratos. Então,
48 ratos foram submetidos a jejum por 24 horas, tratados com indometacina e divididos em três grupos. Foram submetidos à eletroacupuntura (1 mV,
2Hz por 30 min) 16 animais, nos acupontos E36, E25 e VC12. Outros 16 foram submetidos à acupuntura sham (pontos falsos ao lado de pontos
verdadeiros) e 16 não foram tratados.
Os animais foram submetidos a eutanásia seis horas após e o estomago foi removido. A incidência de hemorragia, úlceras e outras lesões na mucosa
gástrica foi de 34,8% e 61,3% menor nos animais tratados com acupuntura sham e acupuntura verdadeira, respectivamente, quando comparado aos
animais controle sem tratamento, demonstrando que a acupuntura pode prevenir lesões da mucosa gástrica produzidas pela indometacina em ratos. A
incidência de distúrbios gastrintestinais em cães é alta e os fármacos empregados para aumentar a motilidade intestinal produzem efeitos colaterais
intensos. Cinco cães foram submetidos à eletroacupuntura (4,5 v; 5 Hz), por 30 minutos, nos pontos E36, IG4 e B25. Os mesmos cães foram utilizados
como controle, sendo submetidos à eletroacupuntura sham (falsa) em pontos localizados ao lado dos pontos verdadeiros. O intervalo entre a realização da
eletroacupuntura verdadeira e falsa foi de uma semana, utilizando-se uma ordem aleatória para os tratamentos.
O tratamento foi realizado entre as 18 e 20 horas na moradia do animal, sem alterar o manejo e o tipo e quantidade da ração oferecida. Foi misturado
óxido de cromo na ração duas horas antes do tratamento, mensurando-se a taxa de excreção do mesmo por um período de 60 horas. A freqüência de
defecação e a taxa de excreção de óxido de cromo foi significativamente superior (p<0,03) em todos os cães submetidos a eletroacupuntura,
comparativamente à eletroacupuntura falsa, demonstrando que a eletroacupuntura produz um aumento de peristaltismo em cães.
Um outro estudo confirmou os resultados acima. Seis cães anestesiados com pentobarbital sódico foram submetidos à entubação gástrica, seguido da
administração de ferrita em pó. Em seguida, a motilidade gástrica foi avaliada por meio do equipamento biossusceptômetro, com o sensor posicionado na
região epigástrica, para detecção do movimento dos traçadores magnéticos administrados pela sonda. A pressão intragástrica foi mensurada por um tubo
com balonete inserido no estomago e acoplado a um monitor de pressão. Realizou-se acupuntura manual, seguida de eletroacupuntura nos pontos E36 e
IG4. A freqüência de movimentos gástricos aumentou 23 vezes e a pressão intragástrica aumentou 53 vezes após a acupuntura/eletroacupuntura, quando
comparada aos valores basais, mostrando que a acupuntura/eletroacupuntura pode ser utilizada com sucesso para aumentar o peristaltismo gástrico em
cães.
MEDICINA CHINESA - ACUPUNTURA NA VETERINÁRIA - Márcia Couto Pacheco:
A Medicina Chinesa é um vasto campo de conhecimento, de origem e de concepção filosófica abrangendo vários
setores ligados à Saúde e a Doença.
Suas concepções são voltadas muito mais ao estudo dos fatores causadores da doença, à sua maneira de tratar,
conforme os estágios da evolução do processo de adoecer, e na prevenção.
O fator causador destes processos é o desequilíbrio da Energia interna, ocasionado pelo meio ambiente,
alimentação inadequada, e fadigas.
A Medicina Chinesa aborda vários setores: - alimentação - ervas medicinais - acupuntura - outros.
A Energia e os nutrientes provenientes dos alimentos necessitam circular pelo corpo, a fim de que possam ser
consumidos, possam repor as perdas, e dar a dinâmica.
A Energia circula nos Canais de Energia ou Meridianos, distribuidos de modo semelhante aos Canais da rede
nervosa e sanguínea. A medida que a Energia se mobiliza o sangue acompanha.
O movimento é a maneira mais adequada de fazer circular a Energia, que promovem o trabalho as articulações,
coloca em funcionamento os músculos, tendões, órgãos e vísceras.
Acupuntura: (acu - agulha) (puntura - picar) - é o recurso terapeutico mais conhecido da Medicina Chinesa.
Através da inserção de agulhas, faz-se a mobilização, a circulação e desbloqueio da Energia, além da retirada das
"Energias perversas"- frio, calor, umidade - promovendo a harmonização, o fortalecimento dos Órgãos, das
Vísceras e do Corpo.
O conhecimento da concepção energética dos Canais de Energia ou Meridianos, dos pontos de Acupuntura neles
situados, e suas funções é fundamental para a utilização desta técnica na prevenção e interrupção de um processo
de adoecimento.
Técnicas afins à Acupuntura:
1. Acupuntura cutânea
Consiste na estimulação da epiderme do couro, com agulha de acupuntura de pequeno calibre, inserindo-se a
agulha na área de exteriorização do ponto de acupuntura.
A estimulação destas áreas tem como objetivo:
a- promover a circulação de Energia e Sangue dos Canais de Energia, dos Órgãos e Vísceras;
b- desbloquear as estagnações de Energia, principal causa dos processos álgicos.
Diariamente deve ser utilizada:
- escova - escovar todo o corpo principalmente ao longo da coluna veertebral, nas quatro patas;
- massagem - nos pontos específicos;
- ducha com água fria nas quatro patas, e resto do corpo.
2. Moxa:
Técnica que consiste em aquecer os pontos de acupuntura pela queima de ervas, geralmente a Artemisia vulgaris,
a forma mais prática é o bastão.
A Moxa tem como objetivo restabelecer a deficiência energética, circular e regular, eliminar o Frio e a Umidade,
aquecer os órgãos e as vísceras.
O calor desprendido na queima da Artemisia vulgares ( em bastão - 750 graus ), é a temperatura ideal para
promover essas funções energéticas.
A Moxa, em muitos casos é mais efetiva do que a aplicação agulhas.
Tratamento geral:
Aproximar o bastão nos pontos localizados:
- ao longo da coluna vertebral, iniciar na cabeça até a cauda;
- aproximar nos pontos da coroa das quatro patas.
Ferimentos abertos:
Fazer assepsia do local, aplicar pomada de Calêndula. Aproximar o bastão várias vezes ( 5 a 7 vezes). Tocar o
local com a cinza formada na ponta do bastão.
3. Magnetoterapia:
Utiliza-se imãs. Objetivo circular energia.
Barras de imãs bipolares - norte e sul - colocadas no côcho d'agua tem como objetivo:
a- manter a água limpa, ionizada;
b- facilitar e promover a circulação dos líquidos e sangue do corpo.
Faixas de imãs bipolares - norte e sul - aplicadas nas quatro patas circulam a energia de todo o corpo, pois nas
extremidades estão localizados o início e o final dos Canais de Energia.
Pequenos imãs bipolares - norte e sul - ou imãs norte (para sedar), imãs sul (para estimular) - aplicados em
pontos de acupuntura, pois cada ponto tem ação local, específica e geral.
A ESPERANÇA QUE VEM DAS AGULHAS:
Indicada para o alívio de dores agudas e paralisias, essa prática milenar está ganhando espaço entre a clientela animal.
No Brasil, a acupuntura em animais de estimação ainda engatinha. Apesar de essa ciência secular ter sido utilizada há muito tempo
no tratamento de animais de carga, em cães e gatos a prática de cura por agulhas é mais recente, desde os anos 50. Uma das
pioneiras em acupuntura veterinária é a clínica do dr. Roberto Moreira, que funciona há 41 anos, em São Paulo.
Essa demora se deve à escassez de cursos de especialização para os médicos veterinários. Um pouco mais de 1% dos médicos
inscritos no Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo optou por essa prática, se dispondo a fazer cursos no
exterior. Entre eles, está o dr. Nelson Eiti Kimura, que há dez anos atende seus pets no Estado de São Paulo.
Dentro das estatísticas, tanto em humanos como em animais, 15% dos casos atendidos respondem muito bem ao tratamento. E
relatos positivos não faltam na trajetória profissional do médico. O da cocker Tábata é um exemplo. “Ela chegou até mim com
uma séria lesão na coluna, que a impedia de andar. Já tinha sido desenganada por outros três colegas. O tratamento foi longo, mas
depois de três meses Tábata já estava andando novamente. O curioso é que, quando ela sentia que as dores recomeçavam, corria
para a poltrona onde as sessões de acupuntura eram feitas e ficava olhando para o dono, como se pedisse para me chamar”, relata o
médico.
Embora a acupuntura venha conseguindo seus melhores resultados no alívio de dores, também pode ser usada no tratamento de
todas as doenças, isoladamente ou associada a medicamentos alopáticos ou homeopáticos.
O atendimento do animal é quase sempre em situação de emergência, como cavalos com traumatismo ou manqueira, cães com
problemas agudos de coluna e articulação, como artrose, bico-de-papagaio, hérnia de disco. Mas problemas de infecção, cólicas
intestinais, alterações como alergias respiratórias ou de pele, e até gripes, igualmente podem ser tratados. No caso de gripe, a
acupuntura permite uma modulação do organismo para que ele consiga produzir anticorpos com maior eficácia e velocidade,
harmonizando as energias e melhorando o estado geral do animal.
Outro caso que o dr. Kimura cita é de Blester, um rottweiler que teve paralisia aguda dos membros posteriores. Foi medicado
numa clínica, mas não demonstrava nenhum sinal de recuperação. “Comecei o tratamento no quarto dia em que ele apresentou o
problema e um dia depois ele já esboçou uma reação de movimento. No terceiro dia estava em pé, andando, e aos poucos voltou à
atividade normal.”
O resultado do tratamento, segundo o dr. Kimura, depende também da reação dos animais. E isso só pode ser verificado quando da
inserção das agulhas no corpo do animal. Geralmente os médicos e acupunturistas usam de dez a vinte agulhas, que podem ser
nacionais ou importadas, descartáveis ou não.
E é justamente essa capacidade de resposta do paciente que vai determinar o número de sessões necessárias. As sessões, de modo
geral, acontecem em dias alternados e podem ser nos consultórios ou na casa onde vivem os animais. O efeito é conseguido de 12
a 48 horas após a primeira sessão.
RELAXAMENTO DO CORPO FACILITA A APLICAÇÃO:
Se existe dúvida quanto à reação do animal na hora que recebe as espetadas das agulhas, a veterinária Jasmine Severo, de Florianópolis (SC), que
há seis anos adotou essa linha de tratamento, esclarece: “O bicho dorme ou fica meio sonado, pois se sente bem. Por isso nunca precisei
amordaçar nem prender nenhum de meus pacientes”, confirma a médica.
O dr. Kimura, no entanto, rebate essa tranqüilidade. “Têm casos em que o animal é estressado e não consegue relaxar. Às vezes é preciso usar
focinheira, mas ele pode andar, se mexer, que as agulhas não caem se estiverem bem colocadas. É só o profissional ter um bom conhecimento do
mapa dos meridianos e de anatomia e fazer a aplicação. Colocar agulha não é a mesma coisa que aplicar uma injeção, onde a área extensa do
corpo é maior. São diversos pontos, em lugares certos.”
Já em casos de cólicas ou problemas de coluna, “é comum o profissional aumentar a produção de substâncias antiinflamatórias e analgésicas no
corpo, que são as endorfinas, fazendo uma analgesia (retirada da dor) do local e desinflamando”, complementa o dr. Nelson.
A dra. Jasmine Severo diz que resolveu seguir o caminho da acupuntura porque nunca quis praticar a eutanásia. “Queria salvar os animais,
mesmo quando não houvesse esperança de cura”, confirma.
Ela tem tratado também casos de animais com seqüelas de cinomose, doença que provoca problemas de pele, distúrbios neurológicos,
dificuldades de locomoção (o cachorro pode ficar paraplégico ou tetraplégico), problemas mastigatórios (ele não consegue engolir a comida nem
tomar água, porque sua língua não faz a concha, e isso pode induzir uma desidratação).
“Quando um animal contrai a doença, aparecem vários problemas ao mesmo tempo por causa da debilidade do organismo causada pelo vírus.
Podem surgir complicações no sistema pulmonar e o animal ter uma pneumonia, em seguida diarréia e vômito, que o debilita ainda mais, queda
de pêlo, infecções, até invadir o organismo todo e culminar com o sistema nervoso central. Se o cachorro já é adulto, a acupuntura dá 100% de
resultado, garante a médica catarinense.
GARANTIA DE MUITOS OVOS:
A técnica secular de tratar doenças com agulhas pode ser utilizada em aves, principalmente em galinhas. Nesse caso, é indicada quando se
constata queda de rendimento na produção de ovos ou perda de peso. Em aves muito pequenas, como canários, é complicado porque o manuseio
pode causar um estresse muito grande no pássaro e ele acabar morrendo. Mas aves de maior porte — papagaios, patos, gansos — podem ser
tratadas. Teoricamente, a acupuntura pode ser usada em qualquer tipo de animal, mas não se tem notícias, nem dos Estados Unidos, do
tratamento em animais exóticos, como cobras e largartos.
ALÍVIO AOS ESPORTISTAS:
Cavalos e vacas, porcos e cabras já eram tratados com acupuntura muito antes dos animais de estimação, tanto no exterior como no Brasil. E até
hoje eles recebem as agulhas para melhorar a dor. Os problemas que mais atingem esses animais são os de locomoção e as dores relacionadas à
cólica intestinal, com mais propensão para as vacas. Essa ciência oriental tenta melhorar o desempenho na produção de leite, ajudar nas
inflamações de úbere e infecções de vias respiratórias, mais comuns em vacas. Para os cavalos de corrida e animais destinados a competições,
contribui bastante no abrandamento das dores musculares e traumatismos.
AUXÍLIO NA HORA DO XIXI:
A acupuntura pode ajudar no tratamento da síndrome urológica felina, doença comum em gatos, que antigamente tinha causa relacionada à
composição de rações. Hoje, sabe-se que diversos agentes atacam o sistema urológico do animal, causando cálculos renais, retenção da urina, dor
no ato de urinar, inflamação e infecção do sistema reto-urinário. A pressão das agulhas auxilia no relaxamento do esfíncter, das vias urinárias, no
combate à dor e à desinflamação do local.

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  • 1. A Acupuntura Veterinária: Derivada dos radicais latinos acus e pungere, que significam agulha e puncionar, respectivamente, a acupuntura faz parte de um conjunto de conhecimentos teórico-empíricos. A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) visa a terapia e cura das enfermidades pela aplicação de estímulos através da pele, com a inserção de agulhas em pontos específicos chamados acupontos. Conforme a filosofia da MTC, a acupuntura é baseada na teoria da polaridade universal ou teoria do Yin-Yang. Princípio dualista de dois poderes independentes, este raciocínio afirma que qualquer manifestação no universo, inclusive o funcionamento dos organismos, é o produto da interação de duas forças opostas, porém interdependentes e complementares: Yin e Yang. Yin é o potencial: escuro, parado, interior, frio, enquanto Yang é a manifestação: luz, movimento, calor. O equilíbrio é o produto desta interação e a acupuntura visa restabelecer a homeostasia orgânica através da atuação nestas forças. Os pontos de acupuntura, ou acupontos, são considerados as portas de entrada e saída de energia vital de um organismo; através de sua manipulação, pode-se obter a restauração do equilíbrio. Estes pontos são distribuídos ao longo de canais que interligam todo organismo e por onde circularia um fator principal responsável por associar, regular e controlar as atividades funcionais do corpo; este fator é denominado Qi, considerado a energia vital circulante. No Oriente a acupuntura vem sendo utilizada há vários milênios. De fato, agulhas de pedra e de espinha de peixe foram utilizadas na China durante a Idade da Pedra (circa de 3000 anos AC). Ney Jing, ou "Clássico do Imperador Amarelo sobre Medicina Interna", texto clássico e fundamental da MTC, descreve aspectos anatômicos, fisiológicos, patológicos, diagnósticos e terapêuticos das moléstias à luz da medicina oriental. Nesse tratado já se afirmava que o sangue flui continuamente por todo o corpo, sob controle do coração. Cerca de 2000 anos depois, mais precisamente em 1628, William Harvey, proporia sua teoria sobre a circulação sangüínea. A acupuntura veterinária é, provavelmente, tão antiga quanto à história da acupuntura, acompanhando-a pari passu. Estima-se em 3000 anos a idade de um tratado descoberto no Sri Lanka sobre o uso de acupuntura em elefantes indianos. A terminologia e raciocínio utilizados pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC), da qual a acupuntura é um segmento, diferem intensamente da medicina contemporânea praticada no Ocidente, dificultando sua aceitação na comunidade científica. Entretanto, há pouco mais de vinte anos, esta técnica é reconhecida e indicada pela Organização Mundial de Saúde e, desde de 1995, figura como uma especialidade medica veterinária em nosso país. Em Medicina Veterinária, a acupuntura é indicada para o tratamento de diversas doenças, tais como: gastrites, úlceras gástrica e duodenal, enterites, colites, vômitos, diarréia, constipação, bronquite, broncopneumonia, pleurisia, miocardites, cardiopatia reumática, arritmia cardíaca, hipertensão, hipotensão, nefrites, alterações na micção, prostatite, cistite, hipotiroidismo, hipertiroidismo, diabetes insipidus, espondilopatia hipertrófica, artrite reumatóide, paralisia facial, epilepsia, seqüelas da cinomose, mastite, conjuntivite, otite média. Acupuntura veterinária - Carlos Augusto Torro: Chamar a acupuntura veterinária de novidade é um engano. Na China, desde a Dinastia Chang (1765 a 1123 a.c.), os cavalos de batalha já eram tratados com as agulhas. Quanto aos pequenos animais, vivemos, há algumas poucas décadas, um renascimento desta linha terapêutica, tendo como berço principalmente a Europa. A acupuntura consiste na estimulação mecânica de determinados e precisos pontos da superfície corpórea, através de finíssimas agulhas metálicas. Um ponto de acupuntura não ultrapassa a área de um milímetro quadrado. A moxabustão utiliza um bastão formado por uma erva prensada (como um charuto), a Artemísia vulgaris que, quando queimada, fornece um estímulo térmico para os pontos de acupuntura. Já a fitoterapia emprega o uso oral de compostos a base de plantas, substâncias minerais e animais, geralmente preparadas em forma de comprimidos ou gotas. O tratamento de um paciente pela MTC baseia-se em um diagnóstico energético que estabelece a etiofisiopatogenia do desequilíbrio apresentado. Sempre tem em vista o animal como um todo. Dois animais com doenças iguais, podem normalmente receber tratamentos diferentes, pois a mesma doença foi a forma de exprimir um desequilíbrio nem sempre semelhante. Um animal com uma doença renal não tem somente o seu rim doente, mas sim todo seu indivíduo. Com isso podemos tratar praticamente qualquer doença. Porém, em um consultório de MTC Veterinária, 75% dos casos são músculo-esqueléticos, como as espondilopatias degenerativas , artrites, artroses, traumas e claudicações sem causa bem definida. As enfermidades nervosas, como as seqüelas de cinomose ou AVC, além das convulsões, também são comuns. Doenças cárdio-respiratórias (ICC), urogenitais (insuficiência renal / metrorragia / anestros / cistites), digestivas (diarréias / constipações / insuficiência pancreática) dermatológicas, imunomediadas, desequilíbrios hormonais e metabólicos e processos neoplásicos também podem ser curados ou amenizados. É certo que muitas doenças são tidas como incuráveis, às vezes com lesões mecânicas graves e irreversíveis, mas podemos alcançar resultados na melhora de vida do paciente, superiores aos da alopatia sozinha. Isto porque podemos empregar, sem problema algum, a MTC aliada à alopatia ou homeopatia, por exemplo. Para os quadros agudos as sessões de acupuntura podem ser diárias ou até mais freqüentes. Já para os processos mais crônicos, maioria esmagadora na veterinária, as sessões geralmente são semanais, sendo, nestes casos, fundamental o uso da fitoterapia. A evolução pode ser notada em um mês ou mais dependendo de quanto tempo a doença está estabelecida. Cada sessão dura em média quarenta minutos. O estresse causado por uma contenção física exagerada pode diminuir em muito os efeitos terapêuticos da sessão de acupuntura. A sedação química, no meu ponto de vista, praticamente anula as chances de êxito da terapia. Portanto, infelizmente, somos obrigados a realizar uma seleção daqueles animais que poderiam ser tratados. A grande maioria permite tanto a inserção das agulhas como a moxabustão. Quando os animais não permitem tais técnicas, nos atemos mais à fitoterapia, com excelentes resultados. O maior cuidado, acredito eu, no uso da MTC, é como o de qualquer medicina que esteja "em moda". Caso, maus profissionais em MTC, por ingenuidade ou ganância, prometerem cura para tudo, não se preocupando com o lado filosófico da terapia energética, não encarando seu paciente como parte de um todo, ou seja, realmente não praticarem uma medicina digna, em pouco tempo, o que poderia mostrar-se muito útil como linha terapêutica, cairá em descrédito.
  • 2. ACUPUNTURA EM ANIMAIS: A acupuntura é reconhecida pela Associação Médica Veterinária dos Estados-Unidos como “o exame e estimulação de pontos específicos do corpo de animais pelo uso de agulhas de acupuntura, injeções, lasers de baixa intensidade, magnetos e uma variedade de outras técnicas para o diagnóstico e tratamento de numerosas condições em animais. A Associação acrescenta que “a acupuntura veterinária e a acuterapia são consideradas atualmente uma parte integral da medicina veterinária”. A Dra. Elaine R. Caplan, veterinária do Hospital Escola de Medicina Veterinária da Universidade de Illinois, em Urbana, entrou em contato pela primeira vez com a acupuntura quando ainda era uma interna no Centro Médico Animal em Nova Iorque em 1982. “Eu me impressionei ao ver como os animais suportavam bem as agulhas. O veterinário na época trabalhava com casos considerados desenganados por outros colegas de profissão”. O sucesso observado pela Dra. Caplan na época foi tamanho que ela decidiu qualificar-se como acupunturista. “Em 1989 eu freqüentei as aulas do curso de qualificação da Sociedade Internacional de Acupuntura Veterinária, a única organização que qualifica veterinários como acupunturistas. Tenho trabalhado desde então com acupuntura em combinação com as terapias tradicionais”, diz a doutora. A acupuntura é utilizada em inúmeras aplicações, que variam desde sua utilização como anestésico, passando pelo controle de dores de artrite e tratamento de animais surdos. A acupuntura é muitas vezes utilizada como complemento à medicação, cirurgia ou tratamentos pós-operatórios. “A maioria de meus pacientes é composta de cães grandes e idosos que sofrem de dores nas juntas devido a artrite, dores lombares causadas por doenças no disco ou artrite da coluna dorsal”, acrescenta a doutora. Michelle Sherman, estudante do segundo ano do curso de veterinária, escolheu a acupuntura para o tratamento de seu cachorro Oscar. “Ele foi diagnosticado com doença lombo-sacral e o tratamento sugerido foi 6 semanas de confinamento em uma gaiola. Por isso decidi tentar um tratamento alternativo”. Sherman admirou-se da melhora de Oscar: “Foi fantástico! Antes do tratamento com acupuntura, ele mal podia subir as escadas. Éramos obrigados a carregá-lo, o que era uma verdadeira proeza considerando seus mais de 35 quilos! Agora, após a acupuntura, ele sobe todos os degraus da escada correndo”, afirma Sherman. “Ele necessita recomeçar o tratamento a cada dois ou três meses, caso contrário volta a ficar cheio de dores”. Muitas são as explicações sobre como a acupuntura funciona. Segundo uma das explicações científicas, denominada de Teoria do Opiato Neural, o controle da dor pode ser explicado pela emissão de endorfina, um opiato endógeno (ou seja, originado dentro do próprio corpo). As endorfinas são liberadas pela agulha ou por estimulação por pressão de pontos específicos. “Esses opiatos endógenos interagem em diversos níveis no sistema nervoso central inibindo a percepção da dor em centros mais elevados bem como a transmissão da dor pela espinha dorsal”, diz a doutora Caplan. Além disso, as endorfinas controlam a dor pois forçam os vasos sangüíneos a dilatarem-se , o que por sua vez faz aumentar o volume de sangue ao redor das juntas e músculos, aumentando dessa forma a entrega de nutrientes e oxigênio às áreas desejadas. A teoria do opiato neural encontra suporte em estudos que demonstram que a estimulação por endorfina está presente na acupuntura. Quando drogas de bloqueio de endorfina foram administradas a um animal em tratamento de acupuntura, os efeitos normais da acupuntura não foram observados. “A teoria do não-opiato neural , também conhecida como a “teoria da porta” (“gate theory”), foi uma das primeiras explicações científicas da acupuntura. Sua hipótese baseava-se em que a acupuntura estimula interneurônios inibitórios a fechar a “porta” da transmissão da dor existente na espinha dorsal, não ocorrendo assim nenhuma percepção da dor”, explica a Dra. Caplan. Os chineses usaram a acupuntura para tratar doenças por mais de 4.000 anos tanto em humanos como em animais. “Os conceitos chineses podem parecer a princípio metafóricos na visão ocidental; é uma visão completamente diferente da medicina interna. De acordo com a filosofia chinesa, a doença é um desequilíbrio de energia no corpo. A terapia por acupuntura é baseada no balanceamento da energia, corrigindo seu fluxo e curando assim o animal”, explica a Dra. Caplan. “Acredite quando alguém lhe disser que a acupuntura é uma técnica de difícil compreensão. Eu não tenho qualquer dúvida sobre isso, mas os benefícios da acupuntura são convincentes quando observados”. Quando o cão de Michelle Sherman começou a ter sessões de acupuntura, ela própria não tinha idéia do que deveria esperar do tratamento ou como Oscar iria reagir. “Tratamentos podem demorar de 10 segundos a 30 minutos, dependendo do problema a ser tratado e do método empregado”, diz a Dra. Caplan. “Os pacientes freqüentemente são tratados de 1 a 3 vezes por semana por 4 a 6 semanas. Em geral, um resultado positivo começa a ser sentido depois das primeiras 4 a 6 sessões e algumas vezes até mesmo antes dependendo do problema sendo tratado”. “Na maior parte do tempo Oscar apenas ficava deitado sem se movimentar”, diz Sherman. “Ele sentia quando alguns pontos de pressão eram estimulados, mas na maior parte do tempo se mostrava indiferente ao tratamento”. O ponto de relaxamento, um dos pontos da acupuntura em sua cabeça, quando pressionado chegou mesmo a quase fazê-lo pegar no sono durante a terapia. De fato, ele ficou dormindo quase todo o tempo na volta para casa”. A acupuntura é quase sempre escolhida como um complemento à terapia tradicional ou fornece uma forma alternativa de terapia médica. A estimulação do apetite, controle de náuseas e modulação à imunidade pode ajudar animais com câncer, deficiências de imunidade, tendências a ataques de apoplexia e artrite. Muitos outros problemas em animais podem ser tratados através de terapias utilizando a acupuntura.
  • 3. Não devemos esquecer que essas técnicas devem ser entendidas como procedimentos cirúrgicos e médicos e devem ser realizadas apenas por veterinários acupunturistas qualificados. Solicite a seu veterinário local mais informações sobre terapias de acupuntura veterinária qualificada. ACUPUNTURA E CINOMOSE: A acupuntura tem sido utilizada para o tratamento de distúrbios neurológicos em cães. Normalmente, a eutanásia é indicada em casos de distúrbios neurológicos com conseqüente paralisia de membros posteriores como seqüela de cinomose. Numa tese de mestrado realizada na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), 52 cães acometidos de paralisia de membros posteriores e conseqüente paralisia de membros posteriores, causadas pela cinomose, foram divididos aleatoriamente em três grupos, após uma avaliação neurológica completa. Destes, 17 cães foram tratados convencionalmente de acordo com a medicina ocidental, incluindo antibióticos, complexos vitamínicos e corticosteróides, quando necessário. Outros 18 cães foram tratados com acupuntura, sem nenhuma estimulação elétrica, e 17 cães não receberam tratamento algum. O tratamento com acupuntura foi realizado semanalmente durante o período de quatro semanas, ao final do qual um novo exame neurológico foi realizado e por meio de escore, comparado ao exame inicial, para análise estatística do efeito dos tratamentos nos diferentes grupos. Considerou-se cura quando os animais eram capazes de andar novamente e ter uma vida normal, sem se observar seqüelas, tais como incontinência fecal ou urinária e outras. A cura foi observada em nove cães tratados com acupuntura, em apenas um dos cães tratados convencionalmente e em nenhum cão não tratado. Todos os cães tratados com acupuntura sobreviveram, enquanto que três cães tratados convencionalmente e cinco cães não tratados apresentaram óbito neste período de avaliação, demonstrando que o tratamento com acupuntura em pontos pré-estabelecidos apresentou bons resultados para o tratamento de distúrbios neurológicos produzidos pela cinomose em cães. Acupuntura e sistema reprodutivo: Normalmente, a prostaglandina é utilizada para indução do abortamento em cães. Doses de 0,25 mg/kg duas vezes ao dia ou 0,1 mg/kg três vezes ao dia usualmente produzem abortamento em nove dias. Entretanto, intensos efeitos colaterais tais como hipotermia, taquipnéia, salivação, vômitos e convulsões são freqüentemente observadas. A administração de 0,05 mg/kg ou 0,1 mg/kg de dinoprost a cada 12 horas no ponto Bai Hui, localizado no espaço lombosacro, em quatro cadelas com período de gestação entre 32 e 45 dias, induziu abortamento em todas elas, em 3,5 e 6,5 dias respectivamente. A utilização deste mesmo produto na dose de 0,05 mg/kg a cada 12 horas em quatro cadelas com período de gestação mais adiantado, entre 50 e 55 dias, induziu o abortamento em apenas duas cadelas no terceiro dia de aplicação. A injeção de 1 ml de água destilada a cada 12 horas neste mesmo acuponto, em quatro cadelas com período de gestação entre 45 e 50 dias, não surtiu efeito algum, já que o parto ocorreu dentro do período previsto. Observou-se nestes animais tratados com subdose de prostaglandina no acuponto Baihui salivação intensa, taquipnéia e redução da temperatura. Tais efeitos ficam mais acentuados dez minutos após aplicação, com retorno ao normal após 30 minutos. A aplicação de 0,1 mg/kg de prostaglandina no gradil costal produziu além dos efeitos colaterais descritos anteriormente, vômito e defecação, demonstrando que a injeção de subdose de prostaglandina no acuponto Bai Hui foi efetiva para indução de abortamento em cadelas, com a vantagem de minimizar os efeitos colaterais. Acupuntura e analgesia: A eletroacupuntura tem sido utilizada para produzir hipoalgesia para realização de diversos procedimentos cirúrgicos nas espécies domésticas. A anestesia convencional produz depressão neurológica e cardiorrespiratória fetal e materna, levando a uma alta taxa de mortalidade neonatal. O grau de depressão neurológica e cardiorrespiratória foi avaliado em cães neonatos, após cesariana, cujas cadelas foram tranqüilizadas com levomepromazina (Neozine, Rhodia), nalbufina (Nubaim, Rhodia) e midazolam (Dormonid, Roche) e divididas em dois grupos. Seis cadelas foram submetidas à eletroacupuntura nos pontos E36, IG4, VG1 e Bai Hui, utilizando-se estímulo elétrico até 9 v, freqüência f1 de l00 Hz e f2 de 200 Hz e em seis a indução da anestesia foi realizada com quetamina (Ketalar, Parke Davis) e a manutenção com enfluorano (Etrane, Abbott). As freqüências cardíaca e respiratória foram maiores nos filhotes de cadelas submetidas a eletroacupuntura e os reflexos neurológicos também tenderam a ser maiores nestes mesmos neonatos. Duas de seis cadelas necessitaram uma suplementação de l a 2 mg/kg de quetamina numa ocasião durante a anestesia, demonstrando que há variação individual no tocante ao efeito analgésico e que hipoalgesia pode ocorrer ao invés de analgesia. A menor depressão neurológica e cardiorrespiratória em neonatos após cesariana é uma vantagem potencial do uso da acupuntura, quando comparado à anestesia convencional, mesmo necessitando uma complementação ocasional de fármacos para obtenção de uma analgesia satisfatória. Acupuntura e resposta imune: As concentrações séricas de anticorpos, proteína total, albumina, globulina, relação albumina/globulina, hemograma e linfócitos T e B foram mensuradas em cães vacinados contra a raiva e submetidos ou não à acupuntura nos pontos E36, IG11 e VG14. Observou-se um maior número de linfócitos nos animais tratados com acupuntura. O efeito da acupuntura e moxabustão na resposta imuneinflamatória à picada do carrapato Rhipicephalus sanguineus foi estudada em cães e cobaios respectivamente. O uso de moxabustão prolongou a reação de hipersensibilidade tardia e reduziu o número de eosinófilos nos locais de teste de hipersensibilidade cutânea, quando comparado com cobaios não tratados. A acupuntura produziu uma redução do tamanho da reação induzida pelo teste de hipersensibilidade imediata a antígenos de carrapatos nos cães, quando comparada a animais não tratados, mostrando que tanto a moxabustão como a acupuntura interfere nas reações de hipersensibilidade. Acupuntura e sistema digestório: O efeito da acupuntura na prevenção de lesões de mucosa gástrica produzidas pela indometacina (Indocid, Prodrome) foi investigado em ratos. Então, 48 ratos foram submetidos a jejum por 24 horas, tratados com indometacina e divididos em três grupos. Foram submetidos à eletroacupuntura (1 mV, 2Hz por 30 min) 16 animais, nos acupontos E36, E25 e VC12. Outros 16 foram submetidos à acupuntura sham (pontos falsos ao lado de pontos verdadeiros) e 16 não foram tratados. Os animais foram submetidos a eutanásia seis horas após e o estomago foi removido. A incidência de hemorragia, úlceras e outras lesões na mucosa gástrica foi de 34,8% e 61,3% menor nos animais tratados com acupuntura sham e acupuntura verdadeira, respectivamente, quando comparado aos animais controle sem tratamento, demonstrando que a acupuntura pode prevenir lesões da mucosa gástrica produzidas pela indometacina em ratos. A incidência de distúrbios gastrintestinais em cães é alta e os fármacos empregados para aumentar a motilidade intestinal produzem efeitos colaterais intensos. Cinco cães foram submetidos à eletroacupuntura (4,5 v; 5 Hz), por 30 minutos, nos pontos E36, IG4 e B25. Os mesmos cães foram utilizados como controle, sendo submetidos à eletroacupuntura sham (falsa) em pontos localizados ao lado dos pontos verdadeiros. O intervalo entre a realização da eletroacupuntura verdadeira e falsa foi de uma semana, utilizando-se uma ordem aleatória para os tratamentos. O tratamento foi realizado entre as 18 e 20 horas na moradia do animal, sem alterar o manejo e o tipo e quantidade da ração oferecida. Foi misturado óxido de cromo na ração duas horas antes do tratamento, mensurando-se a taxa de excreção do mesmo por um período de 60 horas. A freqüência de defecação e a taxa de excreção de óxido de cromo foi significativamente superior (p<0,03) em todos os cães submetidos a eletroacupuntura, comparativamente à eletroacupuntura falsa, demonstrando que a eletroacupuntura produz um aumento de peristaltismo em cães.
  • 4. Um outro estudo confirmou os resultados acima. Seis cães anestesiados com pentobarbital sódico foram submetidos à entubação gástrica, seguido da administração de ferrita em pó. Em seguida, a motilidade gástrica foi avaliada por meio do equipamento biossusceptômetro, com o sensor posicionado na região epigástrica, para detecção do movimento dos traçadores magnéticos administrados pela sonda. A pressão intragástrica foi mensurada por um tubo com balonete inserido no estomago e acoplado a um monitor de pressão. Realizou-se acupuntura manual, seguida de eletroacupuntura nos pontos E36 e IG4. A freqüência de movimentos gástricos aumentou 23 vezes e a pressão intragástrica aumentou 53 vezes após a acupuntura/eletroacupuntura, quando comparada aos valores basais, mostrando que a acupuntura/eletroacupuntura pode ser utilizada com sucesso para aumentar o peristaltismo gástrico em cães. MEDICINA CHINESA - ACUPUNTURA NA VETERINÁRIA - Márcia Couto Pacheco: A Medicina Chinesa é um vasto campo de conhecimento, de origem e de concepção filosófica abrangendo vários setores ligados à Saúde e a Doença. Suas concepções são voltadas muito mais ao estudo dos fatores causadores da doença, à sua maneira de tratar, conforme os estágios da evolução do processo de adoecer, e na prevenção. O fator causador destes processos é o desequilíbrio da Energia interna, ocasionado pelo meio ambiente, alimentação inadequada, e fadigas. A Medicina Chinesa aborda vários setores: - alimentação - ervas medicinais - acupuntura - outros. A Energia e os nutrientes provenientes dos alimentos necessitam circular pelo corpo, a fim de que possam ser consumidos, possam repor as perdas, e dar a dinâmica. A Energia circula nos Canais de Energia ou Meridianos, distribuidos de modo semelhante aos Canais da rede nervosa e sanguínea. A medida que a Energia se mobiliza o sangue acompanha. O movimento é a maneira mais adequada de fazer circular a Energia, que promovem o trabalho as articulações, coloca em funcionamento os músculos, tendões, órgãos e vísceras. Acupuntura: (acu - agulha) (puntura - picar) - é o recurso terapeutico mais conhecido da Medicina Chinesa. Através da inserção de agulhas, faz-se a mobilização, a circulação e desbloqueio da Energia, além da retirada das "Energias perversas"- frio, calor, umidade - promovendo a harmonização, o fortalecimento dos Órgãos, das Vísceras e do Corpo. O conhecimento da concepção energética dos Canais de Energia ou Meridianos, dos pontos de Acupuntura neles situados, e suas funções é fundamental para a utilização desta técnica na prevenção e interrupção de um processo de adoecimento. Técnicas afins à Acupuntura: 1. Acupuntura cutânea Consiste na estimulação da epiderme do couro, com agulha de acupuntura de pequeno calibre, inserindo-se a agulha na área de exteriorização do ponto de acupuntura. A estimulação destas áreas tem como objetivo: a- promover a circulação de Energia e Sangue dos Canais de Energia, dos Órgãos e Vísceras; b- desbloquear as estagnações de Energia, principal causa dos processos álgicos. Diariamente deve ser utilizada: - escova - escovar todo o corpo principalmente ao longo da coluna veertebral, nas quatro patas; - massagem - nos pontos específicos; - ducha com água fria nas quatro patas, e resto do corpo. 2. Moxa: Técnica que consiste em aquecer os pontos de acupuntura pela queima de ervas, geralmente a Artemisia vulgaris, a forma mais prática é o bastão. A Moxa tem como objetivo restabelecer a deficiência energética, circular e regular, eliminar o Frio e a Umidade, aquecer os órgãos e as vísceras. O calor desprendido na queima da Artemisia vulgares ( em bastão - 750 graus ), é a temperatura ideal para promover essas funções energéticas. A Moxa, em muitos casos é mais efetiva do que a aplicação agulhas. Tratamento geral: Aproximar o bastão nos pontos localizados: - ao longo da coluna vertebral, iniciar na cabeça até a cauda; - aproximar nos pontos da coroa das quatro patas. Ferimentos abertos: Fazer assepsia do local, aplicar pomada de Calêndula. Aproximar o bastão várias vezes ( 5 a 7 vezes). Tocar o local com a cinza formada na ponta do bastão. 3. Magnetoterapia: Utiliza-se imãs. Objetivo circular energia. Barras de imãs bipolares - norte e sul - colocadas no côcho d'agua tem como objetivo: a- manter a água limpa, ionizada;
  • 5. b- facilitar e promover a circulação dos líquidos e sangue do corpo. Faixas de imãs bipolares - norte e sul - aplicadas nas quatro patas circulam a energia de todo o corpo, pois nas extremidades estão localizados o início e o final dos Canais de Energia. Pequenos imãs bipolares - norte e sul - ou imãs norte (para sedar), imãs sul (para estimular) - aplicados em pontos de acupuntura, pois cada ponto tem ação local, específica e geral. A ESPERANÇA QUE VEM DAS AGULHAS: Indicada para o alívio de dores agudas e paralisias, essa prática milenar está ganhando espaço entre a clientela animal. No Brasil, a acupuntura em animais de estimação ainda engatinha. Apesar de essa ciência secular ter sido utilizada há muito tempo no tratamento de animais de carga, em cães e gatos a prática de cura por agulhas é mais recente, desde os anos 50. Uma das pioneiras em acupuntura veterinária é a clínica do dr. Roberto Moreira, que funciona há 41 anos, em São Paulo. Essa demora se deve à escassez de cursos de especialização para os médicos veterinários. Um pouco mais de 1% dos médicos inscritos no Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo optou por essa prática, se dispondo a fazer cursos no exterior. Entre eles, está o dr. Nelson Eiti Kimura, que há dez anos atende seus pets no Estado de São Paulo. Dentro das estatísticas, tanto em humanos como em animais, 15% dos casos atendidos respondem muito bem ao tratamento. E relatos positivos não faltam na trajetória profissional do médico. O da cocker Tábata é um exemplo. “Ela chegou até mim com uma séria lesão na coluna, que a impedia de andar. Já tinha sido desenganada por outros três colegas. O tratamento foi longo, mas depois de três meses Tábata já estava andando novamente. O curioso é que, quando ela sentia que as dores recomeçavam, corria para a poltrona onde as sessões de acupuntura eram feitas e ficava olhando para o dono, como se pedisse para me chamar”, relata o médico. Embora a acupuntura venha conseguindo seus melhores resultados no alívio de dores, também pode ser usada no tratamento de todas as doenças, isoladamente ou associada a medicamentos alopáticos ou homeopáticos. O atendimento do animal é quase sempre em situação de emergência, como cavalos com traumatismo ou manqueira, cães com problemas agudos de coluna e articulação, como artrose, bico-de-papagaio, hérnia de disco. Mas problemas de infecção, cólicas intestinais, alterações como alergias respiratórias ou de pele, e até gripes, igualmente podem ser tratados. No caso de gripe, a acupuntura permite uma modulação do organismo para que ele consiga produzir anticorpos com maior eficácia e velocidade, harmonizando as energias e melhorando o estado geral do animal. Outro caso que o dr. Kimura cita é de Blester, um rottweiler que teve paralisia aguda dos membros posteriores. Foi medicado numa clínica, mas não demonstrava nenhum sinal de recuperação. “Comecei o tratamento no quarto dia em que ele apresentou o problema e um dia depois ele já esboçou uma reação de movimento. No terceiro dia estava em pé, andando, e aos poucos voltou à atividade normal.” O resultado do tratamento, segundo o dr. Kimura, depende também da reação dos animais. E isso só pode ser verificado quando da inserção das agulhas no corpo do animal. Geralmente os médicos e acupunturistas usam de dez a vinte agulhas, que podem ser nacionais ou importadas, descartáveis ou não. E é justamente essa capacidade de resposta do paciente que vai determinar o número de sessões necessárias. As sessões, de modo geral, acontecem em dias alternados e podem ser nos consultórios ou na casa onde vivem os animais. O efeito é conseguido de 12 a 48 horas após a primeira sessão. RELAXAMENTO DO CORPO FACILITA A APLICAÇÃO: Se existe dúvida quanto à reação do animal na hora que recebe as espetadas das agulhas, a veterinária Jasmine Severo, de Florianópolis (SC), que há seis anos adotou essa linha de tratamento, esclarece: “O bicho dorme ou fica meio sonado, pois se sente bem. Por isso nunca precisei amordaçar nem prender nenhum de meus pacientes”, confirma a médica. O dr. Kimura, no entanto, rebate essa tranqüilidade. “Têm casos em que o animal é estressado e não consegue relaxar. Às vezes é preciso usar focinheira, mas ele pode andar, se mexer, que as agulhas não caem se estiverem bem colocadas. É só o profissional ter um bom conhecimento do mapa dos meridianos e de anatomia e fazer a aplicação. Colocar agulha não é a mesma coisa que aplicar uma injeção, onde a área extensa do corpo é maior. São diversos pontos, em lugares certos.” Já em casos de cólicas ou problemas de coluna, “é comum o profissional aumentar a produção de substâncias antiinflamatórias e analgésicas no corpo, que são as endorfinas, fazendo uma analgesia (retirada da dor) do local e desinflamando”, complementa o dr. Nelson. A dra. Jasmine Severo diz que resolveu seguir o caminho da acupuntura porque nunca quis praticar a eutanásia. “Queria salvar os animais, mesmo quando não houvesse esperança de cura”, confirma. Ela tem tratado também casos de animais com seqüelas de cinomose, doença que provoca problemas de pele, distúrbios neurológicos, dificuldades de locomoção (o cachorro pode ficar paraplégico ou tetraplégico), problemas mastigatórios (ele não consegue engolir a comida nem tomar água, porque sua língua não faz a concha, e isso pode induzir uma desidratação). “Quando um animal contrai a doença, aparecem vários problemas ao mesmo tempo por causa da debilidade do organismo causada pelo vírus. Podem surgir complicações no sistema pulmonar e o animal ter uma pneumonia, em seguida diarréia e vômito, que o debilita ainda mais, queda de pêlo, infecções, até invadir o organismo todo e culminar com o sistema nervoso central. Se o cachorro já é adulto, a acupuntura dá 100% de resultado, garante a médica catarinense. GARANTIA DE MUITOS OVOS: A técnica secular de tratar doenças com agulhas pode ser utilizada em aves, principalmente em galinhas. Nesse caso, é indicada quando se constata queda de rendimento na produção de ovos ou perda de peso. Em aves muito pequenas, como canários, é complicado porque o manuseio pode causar um estresse muito grande no pássaro e ele acabar morrendo. Mas aves de maior porte — papagaios, patos, gansos — podem ser tratadas. Teoricamente, a acupuntura pode ser usada em qualquer tipo de animal, mas não se tem notícias, nem dos Estados Unidos, do tratamento em animais exóticos, como cobras e largartos. ALÍVIO AOS ESPORTISTAS: Cavalos e vacas, porcos e cabras já eram tratados com acupuntura muito antes dos animais de estimação, tanto no exterior como no Brasil. E até hoje eles recebem as agulhas para melhorar a dor. Os problemas que mais atingem esses animais são os de locomoção e as dores relacionadas à cólica intestinal, com mais propensão para as vacas. Essa ciência oriental tenta melhorar o desempenho na produção de leite, ajudar nas
  • 6. inflamações de úbere e infecções de vias respiratórias, mais comuns em vacas. Para os cavalos de corrida e animais destinados a competições, contribui bastante no abrandamento das dores musculares e traumatismos. AUXÍLIO NA HORA DO XIXI: A acupuntura pode ajudar no tratamento da síndrome urológica felina, doença comum em gatos, que antigamente tinha causa relacionada à composição de rações. Hoje, sabe-se que diversos agentes atacam o sistema urológico do animal, causando cálculos renais, retenção da urina, dor no ato de urinar, inflamação e infecção do sistema reto-urinário. A pressão das agulhas auxilia no relaxamento do esfíncter, das vias urinárias, no combate à dor e à desinflamação do local.