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ARTE MODERNA
BRASILEIRA
Arte moderna brasileira
A Semana de 1922 é uma consequência do
nacionalismo emergente da 1ª GM e do
entusiasmo dos jovens intelectuais
brasileiros pelas comemorações do
Centenário da Independência do Brasil.
Neste começo de século, o país ainda se
adaptava politicamente à República,
proclamada em 1889. (33 anos)
Ocorre em São Paulo, uma cidade enriquecida
pelo café e pela gradativa industrialização do
Estado. À época, a vida artística do Rio de
Janeiro, capital federal, girava em torno das
tradicionais Academias de Arte. O fato de São
Paulo não possuir escolas oficiais de arte
proporcionou um ambiente propício para tornar
a capital paulista um centro de renovação
cultural.
Ficha Técnica - A Boba
Autor: Anita Malfatti
Museu de Arte
Contemporânea, USP, São
Paulo, 1915 - 1916.
Técnica: Óleo sobre tela
Cem anos se passaram do “Grito do
Ipiranga”, portanto, já era tempo de
questionarmos se o país estava mesmo
livre e se toda a população participava de
uma sociedade realmente democrática. Da
Semana de 1922, uma iniciativa dos
artistas e intelectuais participantes, nasceu
a consciência de uma arte Nacional.
Os participantes da Semana foram:
Pintura: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Ferrignac, Yan
Almeida Prado e Antônio Paim Vieira, Jhon Graz, Alberto
Martins Ribeiro, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita.
Escultura: Victor Brecheret, Wilhelm Haarberg e
Hildegardo Velloso.
Música: Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novais, Hernani
Braga.
Arquitetura: Antônio Moya e Georg Przyrembel.
Literatura: Menotti Del Picchia, Mário de Andrade,
Oswald de Andrade, Manoel Bandeira e Cassiano Ricardo.
A Semana não foi um fato isolado e sem
origens. As discussões em torno da necessidade
de renovação das artes surgem em meados da
década de 1910 em textos de revistas e em
exposições, como a de Anita Malfatti em 1917.
Em 1921 já existe, por parte de intelectuais
como Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia,
a intenção de transformar as comemorações do
centenário em momento de emancipação
artística.
Ao final de 1921, a ideia de um festival com duração de uma
semana, trazendo manifestações artísticas diversas, toma forma
inspirado na Semaine de Fêtes de Deauville, cidade francesa,
com apoio fundamental do mecenas Paulo Prado, homem
influente e de prestígio na sociedade paulistana, consegue que
outros barões do café e nomes de peso patrocinem, mediante
doações, o aluguel do teatro para a realização do evento.
Também é fundamental seu papel na adesão de Graça Aranha à
causa dos artistas "revolucionários". Recém-chegado da Europa
como romancista aclamado, a presença de Aranha serve
estrategicamente para legitimar a seriedade das reivindicações
do jovem e ainda desconhecido grupo modernista.
Sem programa estético definido, a Semana desempenha
na história da arte brasileira muito mais uma etapa
destrutiva de rejeição ao conservadorismo vigente na
produção literária, musical e visual do que um
acontecimento construtivo de propostas e criação de
novas linguagens. Pois, se existe um elo de união entre
seus tão diversos artífices, este é, segundo seus dois
principais ideólogos, Mário e Oswald de Andrade, a
negação de todo e qualquer "passadismo": a recusa à
literatura e à arte importadas com os traços de uma
civilização cada vez mais superada, no espaço e no
tempo. Em geral todos clamam em seus discursos por
liberdade de expressão e pelo fim de regras na arte.
Anita Catarina Malfatti (São Paulo, 2 de
dezembro de 1889 — São Paulo, 6 de novembro
de 1964) foi uma pintora, desenhista, gravadora
e professora brasileira.
Um dos períodos de maior produção foi nos
Estados Unidos, em Monhegan Island.
Rochedos (Monhegan Island). 1915. oléo s/ tela (60x74) .Col. Guilherme Malfatti,
SP
Em A Ventania, a paisagem local é representada
como uma força selvagem, agressiva e dinâmica,
e o uso da deformação expressa certa
inquietação do olhar humano diante da
natureza.
A Ventania. 1915-17. óleo s/ tela (51x61). Col. Palácio dos Bandeirantes, SP.
Uma das obras mais conhecidas desse período
é O Farol. Nessa pintura, a paisagem está mais
harmonizada com a presença humana, através
das edificações que compõem o cenário. O uso
da deformação é sensivelmente menor, em
contrapartida Anita utiliza exemplarmente a
principal característica do seu expressionismo:
as cores abundantes e vivas, a chamada “Festa
da Cor”.
O Farol. 1915. óleo s/ tela (46,5x61). Col. Chateaubriand Bandeira de
Mello, RJ.
• Entre 1915 e 1917, temos a produção de
retratos, entre eles a tão polêmica A Boba,
produção vítima das críticas negativas de
Monteiro Lobato.
A estudante russa. 1915. óleo s/
tela (76x61). Col. Mário de
Andrade, Instituto de Estudos
Brasileiros da USP, SP.
Tanto nas paisagens quanto nos retratos, a cor é
o principal instrumento da jovem Anita Malfatti.
A obra O homem de sete cores revela essa
preocupação intensa.
O homem de sete cores. 1915-16.
Carvão e pastel s/ papel (60,7x45).
Col. Roberto Pinto de Souza, SP.
Anita utilizava modelos que posavam na Escola
Independente de Arte (EUA) em troca de alguns
dólares. Essas pessoas, sem nenhuma ligação
com o mundo artístico, serviriam como modelos
para obras como A mulher de cabelos
verdes e O homem amarelo, obra que fascinou
Mario de Andrade, quando este sequer conhecia
Anita.
Arte moderna brasileira
MOVIMENTO
MOVIMENTO PAU-BRASIL
• O Movimento Pau-Brasil foi um movimento artístico-
literário lançado no Brasil em 1924 por Oswald de Andrade
e Tarsila do Amaral que apresentava uma posição
primitivista, buscando uma poesia e arte ingênua, de
redescoberta do mundo e do Brasil e que foi inspirada nos
movimentos de vanguarda europeus, devido às viagens que
Oswald fazia à Europa.
• Esse movimento foi levado ao público com a publicação do
livro Pau-brasil escrito por Oswald de Andrade e ilustrado
por Tarsila do Amaral (os dois eram casados) e com o
Manifesto da Poesia Pau-Brasil.
• Esse movimento serve de raiz ideológica para o Movimento
Antropofágico.
MOVIMENTO PAU-BRASIL
Em 1915, refletindo sobre a situação da pintura nacional,
Oswald observou que, ao lado da aprendizagem técnica, era
urgente proceder a incorporação da "cor local" à dinâmica
cultural do país, como estratégia para se consolidar a
identidade nacional. Consciente da necessidade de se ajustar a
contribuição estrangeira (a técnica) à exploração da nossa
realidade, anunciou o projeto Pau Brasil, em 1924:
"incorporados ao nosso meio, a nossa vida, é dever deles tirar
dos recursos imensos do país, dos tesouros de cor, de luz, de
bastidores que os circundam, a arte nossa que se afirma, ao
lado do nosso intenso trabalho material de construção de
cidades e desbravamento de terras, uma manifestação superior
de nacionalidade".
TARSILA – fase pau-brasil
Tarsila disse que foi em Minas que ela viu as cores que gostava
desde sua infância, mas que seus mestres diziam que eram
caipiras e ela não devia usar em seus quadros. 'Encontei em
Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois
que eram feias e caipiras. Mas depois vinguei-me da opressão,
passando-as para as minhas telas: o azul puríssimo, rosa
violáceo, amarelo vivo, verde cantante, ...' E essas cores
tornaram-se a marca da sua obra, assim como a temática
brasileira, com as paisagens rurais e urbanas do nosso país,
além da nossa fauna, flora e folclore. Ela dizia que queria ser a
pintora do Brasil. E esta fase da sua obra é chamada de Pau
Brasil, e temos quadros maravilhosos como 'Carnaval em
Madureira', 'Morro da Favela', 'EFCB', 'O Mamoeiro', 'São
Paulo', 'O Pescador', dentre outros
Carnaval em Madureira - 1924
Morro da Favela - 1924
O Mamoeiro - 1925
O pescador - 1925
MOVIMENTO
ANTROPOFÁGICO
MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO
O Movimento Antropofágico foi uma manifestação
artística brasileira, 1928, fundada e teorizada pelo poeta
paulista Oswald de Andrade.
Aprofundando a ideologia do movimento Pau-Brasil, o
movimento antropofágico brasileiro tinha por objetivo a
deglutição (daí o caráter metafórico da palavra
"antropofágico") da cultura do outro externo, como a
norte americana e europeia e do outro interno, a cultura
dos ameríndios, dos afrodescendentes, dos
eurodescendentes, dos descendentes de orientais, ou
seja, não se deve negar a cultura estrangeira, mas ela não
deve ser imitada. Foi certamente um dos marcos do
modernismo brasileiro.
TARSILA – fase antropofágica
Em janeiro de 1928, Tarsila queria dar um presente de
aniversário especial ao seu marido, Oswald de Andrade.
Pintou o 'Abaporu'. Quando Oswald viu, ficou impressionado e
disse que era o melhor quadro que Tarsila já havia feito.
Chamou o amigo e escritor Raul Bopp, que também achou o
quadro maravilhoso. Eles acharam que parecia uma figura
indígena, antropófaga, e Tarsila lembrou-se do dicionário Tupi
Guarani de seu pai. Batizou-se o quadro de Abaporu, que
significa homem que come carne humana, o antropófago. E
Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e fundaram o
Movimento Antropofágico. A figura do Abaporu simbolizou o
Movimento que queria deglutir, engolir, a cultura européia,
que era a cultura vigente na época, e transformá-la em algo
bem brasileiro.
TARSILA – fase antropofágica
Outros quadros desta fase Antropofágica são:
'Sol Poente', 'A Lua', 'Cartão Postal', 'O Lago',
'Antropofagia', etc. Nesta fase ela usou bichos e
paisagens imaginárias, além das cores fortes.
Sol Poente - 1929
A Lua - 1928
Cartão Postal do Brasil - 1928.
O Lago, 1928
Arte moderna brasileira
Nome pelo qual ficou conhecida a 38ª Exposição
Geral de Belas Artes, realizada entre os dias 1° e 29
de setembro de 1931, na Escola Nacional de Belas
Artes (ENBA), no Rio de Janeiro. Tradicional reduto
da arte acadêmica, o Salão daquele ano foi
excepcionalmente dominado pelos artistas
modernistas, devido à orientação dada ao evento
pelo arquiteto Lúcio Costa, que havia assumido a
direção da ENBA em dezembro de 1930, e
procurava promover a renovação da instituição.
O Salão Revolucionário sinaliza o esforço do
arquiteto de modernizar o ensino de arte no país e
de abrir as mostras oficiais, até então dominadas
pelos artistas acadêmicos, à arte moderna. A
própria composição da comissão organizadora do
Salão, a partir de então, indica sua vocação
renovadora: além de Lucio Costa, Manuel Bandeira
(1886 - 1968), Anita Malfatti, Candido Portinari e
Celso Antônio, todos ligados ao movimento
moderno. Aproximar a Enba e suas mostras
regulares das pesquisas contemporâneas é o
objetivo central do novo diretor.
O Salão Revolucionário, de 1931, é a expressão
mais acabada do projeto modernizador da Enba.
A comissão rompe as barreiras à arte moderna
erguidas pelo antigo conselho, que é dissolvido,
aceitando todos os trabalhos inscritos.
Participam do Salão artistas de diferentes
gerações, mas todos ligados de alguma forma às
pesquisas da arte moderna.
Retrato de Manuel Bandeira (1931),
de Cândido Portinari
Lasar Segall – Morro Vermelho,
1926.
"Cinco moças de Guaratinguetá" (1930), de Di
Cavalcanti

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  • 3. A Semana de 1922 é uma consequência do nacionalismo emergente da 1ª GM e do entusiasmo dos jovens intelectuais brasileiros pelas comemorações do Centenário da Independência do Brasil. Neste começo de século, o país ainda se adaptava politicamente à República, proclamada em 1889. (33 anos)
  • 4. Ocorre em São Paulo, uma cidade enriquecida pelo café e pela gradativa industrialização do Estado. À época, a vida artística do Rio de Janeiro, capital federal, girava em torno das tradicionais Academias de Arte. O fato de São Paulo não possuir escolas oficiais de arte proporcionou um ambiente propício para tornar a capital paulista um centro de renovação cultural.
  • 5. Ficha Técnica - A Boba Autor: Anita Malfatti Museu de Arte Contemporânea, USP, São Paulo, 1915 - 1916. Técnica: Óleo sobre tela
  • 6. Cem anos se passaram do “Grito do Ipiranga”, portanto, já era tempo de questionarmos se o país estava mesmo livre e se toda a população participava de uma sociedade realmente democrática. Da Semana de 1922, uma iniciativa dos artistas e intelectuais participantes, nasceu a consciência de uma arte Nacional.
  • 7. Os participantes da Semana foram: Pintura: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Ferrignac, Yan Almeida Prado e Antônio Paim Vieira, Jhon Graz, Alberto Martins Ribeiro, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita. Escultura: Victor Brecheret, Wilhelm Haarberg e Hildegardo Velloso. Música: Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novais, Hernani Braga. Arquitetura: Antônio Moya e Georg Przyrembel. Literatura: Menotti Del Picchia, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manoel Bandeira e Cassiano Ricardo.
  • 8. A Semana não foi um fato isolado e sem origens. As discussões em torno da necessidade de renovação das artes surgem em meados da década de 1910 em textos de revistas e em exposições, como a de Anita Malfatti em 1917. Em 1921 já existe, por parte de intelectuais como Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, a intenção de transformar as comemorações do centenário em momento de emancipação artística.
  • 9. Ao final de 1921, a ideia de um festival com duração de uma semana, trazendo manifestações artísticas diversas, toma forma inspirado na Semaine de Fêtes de Deauville, cidade francesa, com apoio fundamental do mecenas Paulo Prado, homem influente e de prestígio na sociedade paulistana, consegue que outros barões do café e nomes de peso patrocinem, mediante doações, o aluguel do teatro para a realização do evento. Também é fundamental seu papel na adesão de Graça Aranha à causa dos artistas "revolucionários". Recém-chegado da Europa como romancista aclamado, a presença de Aranha serve estrategicamente para legitimar a seriedade das reivindicações do jovem e ainda desconhecido grupo modernista.
  • 10. Sem programa estético definido, a Semana desempenha na história da arte brasileira muito mais uma etapa destrutiva de rejeição ao conservadorismo vigente na produção literária, musical e visual do que um acontecimento construtivo de propostas e criação de novas linguagens. Pois, se existe um elo de união entre seus tão diversos artífices, este é, segundo seus dois principais ideólogos, Mário e Oswald de Andrade, a negação de todo e qualquer "passadismo": a recusa à literatura e à arte importadas com os traços de uma civilização cada vez mais superada, no espaço e no tempo. Em geral todos clamam em seus discursos por liberdade de expressão e pelo fim de regras na arte.
  • 11. Anita Catarina Malfatti (São Paulo, 2 de dezembro de 1889 — São Paulo, 6 de novembro de 1964) foi uma pintora, desenhista, gravadora e professora brasileira. Um dos períodos de maior produção foi nos Estados Unidos, em Monhegan Island.
  • 12. Rochedos (Monhegan Island). 1915. oléo s/ tela (60x74) .Col. Guilherme Malfatti, SP
  • 13. Em A Ventania, a paisagem local é representada como uma força selvagem, agressiva e dinâmica, e o uso da deformação expressa certa inquietação do olhar humano diante da natureza.
  • 14. A Ventania. 1915-17. óleo s/ tela (51x61). Col. Palácio dos Bandeirantes, SP.
  • 15. Uma das obras mais conhecidas desse período é O Farol. Nessa pintura, a paisagem está mais harmonizada com a presença humana, através das edificações que compõem o cenário. O uso da deformação é sensivelmente menor, em contrapartida Anita utiliza exemplarmente a principal característica do seu expressionismo: as cores abundantes e vivas, a chamada “Festa da Cor”.
  • 16. O Farol. 1915. óleo s/ tela (46,5x61). Col. Chateaubriand Bandeira de Mello, RJ.
  • 17. • Entre 1915 e 1917, temos a produção de retratos, entre eles a tão polêmica A Boba, produção vítima das críticas negativas de Monteiro Lobato.
  • 18. A estudante russa. 1915. óleo s/ tela (76x61). Col. Mário de Andrade, Instituto de Estudos Brasileiros da USP, SP.
  • 19. Tanto nas paisagens quanto nos retratos, a cor é o principal instrumento da jovem Anita Malfatti. A obra O homem de sete cores revela essa preocupação intensa.
  • 20. O homem de sete cores. 1915-16. Carvão e pastel s/ papel (60,7x45). Col. Roberto Pinto de Souza, SP.
  • 21. Anita utilizava modelos que posavam na Escola Independente de Arte (EUA) em troca de alguns dólares. Essas pessoas, sem nenhuma ligação com o mundo artístico, serviriam como modelos para obras como A mulher de cabelos verdes e O homem amarelo, obra que fascinou Mario de Andrade, quando este sequer conhecia Anita.
  • 24. MOVIMENTO PAU-BRASIL • O Movimento Pau-Brasil foi um movimento artístico- literário lançado no Brasil em 1924 por Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral que apresentava uma posição primitivista, buscando uma poesia e arte ingênua, de redescoberta do mundo e do Brasil e que foi inspirada nos movimentos de vanguarda europeus, devido às viagens que Oswald fazia à Europa. • Esse movimento foi levado ao público com a publicação do livro Pau-brasil escrito por Oswald de Andrade e ilustrado por Tarsila do Amaral (os dois eram casados) e com o Manifesto da Poesia Pau-Brasil. • Esse movimento serve de raiz ideológica para o Movimento Antropofágico.
  • 25. MOVIMENTO PAU-BRASIL Em 1915, refletindo sobre a situação da pintura nacional, Oswald observou que, ao lado da aprendizagem técnica, era urgente proceder a incorporação da "cor local" à dinâmica cultural do país, como estratégia para se consolidar a identidade nacional. Consciente da necessidade de se ajustar a contribuição estrangeira (a técnica) à exploração da nossa realidade, anunciou o projeto Pau Brasil, em 1924: "incorporados ao nosso meio, a nossa vida, é dever deles tirar dos recursos imensos do país, dos tesouros de cor, de luz, de bastidores que os circundam, a arte nossa que se afirma, ao lado do nosso intenso trabalho material de construção de cidades e desbravamento de terras, uma manifestação superior de nacionalidade".
  • 26. TARSILA – fase pau-brasil Tarsila disse que foi em Minas que ela viu as cores que gostava desde sua infância, mas que seus mestres diziam que eram caipiras e ela não devia usar em seus quadros. 'Encontei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: o azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, ...' E essas cores tornaram-se a marca da sua obra, assim como a temática brasileira, com as paisagens rurais e urbanas do nosso país, além da nossa fauna, flora e folclore. Ela dizia que queria ser a pintora do Brasil. E esta fase da sua obra é chamada de Pau Brasil, e temos quadros maravilhosos como 'Carnaval em Madureira', 'Morro da Favela', 'EFCB', 'O Mamoeiro', 'São Paulo', 'O Pescador', dentre outros
  • 28. Morro da Favela - 1924
  • 29. O Mamoeiro - 1925
  • 30. O pescador - 1925
  • 32. MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO O Movimento Antropofágico foi uma manifestação artística brasileira, 1928, fundada e teorizada pelo poeta paulista Oswald de Andrade. Aprofundando a ideologia do movimento Pau-Brasil, o movimento antropofágico brasileiro tinha por objetivo a deglutição (daí o caráter metafórico da palavra "antropofágico") da cultura do outro externo, como a norte americana e europeia e do outro interno, a cultura dos ameríndios, dos afrodescendentes, dos eurodescendentes, dos descendentes de orientais, ou seja, não se deve negar a cultura estrangeira, mas ela não deve ser imitada. Foi certamente um dos marcos do modernismo brasileiro.
  • 33. TARSILA – fase antropofágica Em janeiro de 1928, Tarsila queria dar um presente de aniversário especial ao seu marido, Oswald de Andrade. Pintou o 'Abaporu'. Quando Oswald viu, ficou impressionado e disse que era o melhor quadro que Tarsila já havia feito. Chamou o amigo e escritor Raul Bopp, que também achou o quadro maravilhoso. Eles acharam que parecia uma figura indígena, antropófaga, e Tarsila lembrou-se do dicionário Tupi Guarani de seu pai. Batizou-se o quadro de Abaporu, que significa homem que come carne humana, o antropófago. E Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e fundaram o Movimento Antropofágico. A figura do Abaporu simbolizou o Movimento que queria deglutir, engolir, a cultura européia, que era a cultura vigente na época, e transformá-la em algo bem brasileiro.
  • 34. TARSILA – fase antropofágica Outros quadros desta fase Antropofágica são: 'Sol Poente', 'A Lua', 'Cartão Postal', 'O Lago', 'Antropofagia', etc. Nesta fase ela usou bichos e paisagens imaginárias, além das cores fortes.
  • 35. Sol Poente - 1929
  • 36. A Lua - 1928
  • 37. Cartão Postal do Brasil - 1928.
  • 40. Nome pelo qual ficou conhecida a 38ª Exposição Geral de Belas Artes, realizada entre os dias 1° e 29 de setembro de 1931, na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), no Rio de Janeiro. Tradicional reduto da arte acadêmica, o Salão daquele ano foi excepcionalmente dominado pelos artistas modernistas, devido à orientação dada ao evento pelo arquiteto Lúcio Costa, que havia assumido a direção da ENBA em dezembro de 1930, e procurava promover a renovação da instituição.
  • 41. O Salão Revolucionário sinaliza o esforço do arquiteto de modernizar o ensino de arte no país e de abrir as mostras oficiais, até então dominadas pelos artistas acadêmicos, à arte moderna. A própria composição da comissão organizadora do Salão, a partir de então, indica sua vocação renovadora: além de Lucio Costa, Manuel Bandeira (1886 - 1968), Anita Malfatti, Candido Portinari e Celso Antônio, todos ligados ao movimento moderno. Aproximar a Enba e suas mostras regulares das pesquisas contemporâneas é o objetivo central do novo diretor.
  • 42. O Salão Revolucionário, de 1931, é a expressão mais acabada do projeto modernizador da Enba. A comissão rompe as barreiras à arte moderna erguidas pelo antigo conselho, que é dissolvido, aceitando todos os trabalhos inscritos. Participam do Salão artistas de diferentes gerações, mas todos ligados de alguma forma às pesquisas da arte moderna.
  • 43. Retrato de Manuel Bandeira (1931), de Cândido Portinari
  • 44. Lasar Segall – Morro Vermelho, 1926.
  • 45. "Cinco moças de Guaratinguetá" (1930), de Di Cavalcanti