Análise de redes sociais e sistemas observantes: novos modos de olhar para os sistemas sociais
1. Análise de Redes Sociais e Sistemas Observantes:
modos de olhar os sistemas sociais
Curso: Design de fluxos de conversação para Redes Sociais Colaborativas
ESPM
10 de Maio, 2012
Dalton Martins
dmartins@gmail.com
daltonmartins.blogspot.com
2. Premissa
1. Os papéis ou as características que um observador atribui aos membros
de um sistema social não os descrevem em termos de suas propriedades
constitutivas.
São abstrações do observador a partir das regularidades de
comportamento dos membros de um sistema social, e como tais,
são abstrações projetadas sobre um conjunto particular de valores
e de noções, justamente aquelas que o observador prefere.
Humberto Maturana
Seres humanos individuais e fenômenos sociais humanos
2. A análise de redes sociais utiliza uma abstração matemática chamada
Teoria dos Grafos para modelar elementos em relação.
4. Um pouco de história sobre escolhas de elementos e relações
● O primeiro registro da palavra rede (reséau) data do século
XII: sentido de rede de caça;
– Expressava um tipo de ordem: comos os fios e nós
estavam relacionados;
● Século XVII: começa a ser utilizada por médicos para
designar o aparelho sanguíneo e fibras do corpo;
● Século XVIII: a cristalografia começa a usar o termo para
objetos da natureza;
● Século XIX: aborvido pela engenharia, se torna um modo de
organização do território: rede de luz, de esgoto, de água, de
comunicação, etc...
● Século XXI: modo de organização e relação de pessoas.
5. A rede vira ontologia, vira operador para a ação, vira estrutura relacional
em diversas formas de sistematização do pensamento, que ora se propõem
ao controle dos fluxos e ora a fazer circular os mesmos fluxos
Pierre Mussó
6. Operador para ação
● Duas possibilidades de operação não
excludentes no âmbito social:
– Controle dos fluxos e gestão das relações;
– Ferramenta de ampliação da circulação da
informação, criando novos caminhos, promovendo
encontros, conversas e trocas: criação de novos
espaços de possibilidades.
7. Operador para ação
● Modos mais comuns de uso desse operador para
ação:
– Criação de novas redes: projetos, temáticas,
movimentos, empresas, grupos, etc;
– Organização das relações já existentes, passando a
vê-las como redes;
– Produção de estratégias considerando as redes como
estrutura meio;
– Novos modos de gestão: controle dos elementos e
suas relações.
8. Análise de Redes Sociais
● É nesse contexto que surge a análise de
redes sociais como meios técnicos de
analisar e maneiras de mostrar efeitos
(resultados):
– A estrutura da rede: a posição dos nós, os
grupos de nós, a intensidade dos links → as
múltiplas formas de redes
– A dinâmica da rede: como a rede ocorre no
tempo, como a estrutura muda, os eventos que ali
ocorrem.
9. Análise de Redes Sociais
● O principal uso de análise de redes sociais:
– Identificar relações lineares de causa e
efeito: eventos de intervenção na rede causam
determinado efeito, que podem ser avaliados como
bom ou ruim segundo determinado critério.
● Disso deriva um universo de estratégias das
empresas em busca de obter determinados
efeitos:
– Ações virais, promoção, dramatização, prêmios,
concursos, atendimento, etc...
– Gerando: mais seguidores, mais “likes”, mais
mensagens, mais, mais, mais....
11. Se tivéssemos que operar numa rede
para resolver um problema, que relação
buscaríamos?
E se tivéssemos que acionar essa rede
juntos? Usaríamos o mesmo critério
de relações?
12. Novos olhares para a análise de rede
● A rede enquanto objeto pode perigosamente incorporar uma
dimensão de verdade: “é isso o que realmente está
acontecendo!!!”;
● O que acontece, sempre acontece segundo o conjunto de
noções e valores do observador;
● Quando construímos mapas e explicitamos esse conjunto de
noções e valores, algo novo surge:
– Um novo espaço de conversa: de onde e como vemos a
rede;
– Uma nova forma de alimentar as próprias relações:
abrindo espaço para conversarmos sobre as regras de
construção que nos baseamos;
– Um novo campo para questionarmos essas regras,
abrindo, de fato, novas possibilidades para novas regras.
13. Novos olhares para a análise de rede
● Segundo esse modo de olhar, a análise de
redes se torna um campo de negociação e
conversação: os critérios, as relações, as
perguntas, as regras do jogo.
● Surge como ferramenta útil para refletir
escolhas e para dar visibilidade a valores;
● Surge como elemento de intermediação,
facilitando a análise das configurações de
relações que escolhemos para nós mesmos;
● Surge como elemento de autoconhecimento e
construção coletiva.
14. Tutores – amarelo
Monitores - verde
Exemplos
Trabalho com duas instituições
de formação em EAD.
Mapeamento dos padrões de
relações de tutoria para compor
reflexões com o grupo de tutores.
Relações de tutoria local
Relações de conversas constantes
15. Participantes – azul
Moderadores - amarelo
Exemplos
Mapeamento dos papéis
de moderadores num fórum
online - CONSOCIAL
Avaliação com os moderadores
sobre seu modo de atuar,
sua posição na rede em relação
ao fluxo de discussões no ambiente.
16. Refletindo...
● Individualmente:
– pense em que tipos de relações você gostaria de
conhecer melhor a respeito de seu ambiente de
trabalho;
– como você poderia utilizar isso para mostrar para
algumas pessoas sua visão a respeito das
relações que vocês constroem;
● Grupo:
– compartilhe suas escolhas;
– como vocês operacionalizariam esse tipo de
trabalho?