O documento compara a narrativa do filme Matrix com o Mito da Caverna de Platão e discute implicações para a educação. Matrix apresenta um mundo virtual controlado por computadores que as pessoas acreditam ser realidade, assim como no Mito da Caverna os prisioneiros acreditam que sombras na parede são a realidade. Ambos tratam da busca da verdade além das aparências. Na educação, é importante refletir sobre nossos conceitos para enxergar além de nossas crenças e conhecer realmente nossos alunos.
1. RELAÇÃO ENTRE O FILME MATRIX,
MITO DA CAVERNA DE PLATÃO E
EDUCAÇÃO
OFICINA PEDAGÓGICA
Prof. Paulo
2. MATRIX
Direção de Andy Wachowski e Larry Wachowski,
E.U.A – 1999.
Herói: Neo. É guiado por Morfeu para ouvir o
oráculo. Uma profetisa pergunta a Neo se ele leu o
que estava escrito na porta de entrada da casa em
que acabou de entrar. Afirma que não. Então ela lê
para ele: “Conhece-te a ti mesmo”.
Grécia antiga: em Delfos há um templo dedicado a
Apolo e no portal de entrada está escrito:
“Conhece-te a ti mesmo”.
3. MATRIX
Em Atenas muitos afirmavam que Sócrates era
sábio e ele desejava saber o que significava ser um
sábio e se ele poderia ser chamado sábio.
Sócrates vai ao templo e o oráculo, que era uma
mulher, perguntou-lhe: “O que você sabe?” Ele
respondeu: “Só sei que nada sei”. Ao que o oráculo
disse: “Sócrates é o mais sábio de todos os
homens, pois é o único que sabe que não sabe”.
4. MATRIX
Por que o paralelo entre Neo e Sócrates?
Neo = “novo”, “renovado”.
Morfeu = (mitologia grega) – filho do Sono e da
Noite, tinha asas, voava em absoluto silêncio. Ao
pousar levemente na cabeça de um ser humano,
tocando-o com uma papoula vermelha, tinha o
poder de fazê-lo adormecer e sonhar e também de
aparecer-lhe no sonho, tomando forma humana.
5. MATRIX
No filme Morfeu comunica-se com Neo dessa
maneira. Neo acorda assustado com o ruído de
uma mensagem na tela de seu computador. Morfeu
sempre pergunta a Neo se ele tem sempre a
impressão de estar dormindo e sonhando, como se
nunca tivesse certeza de estar realmente desperto.
Morfeu lhe mostra a Matrix, que é um computador
gigantesco que tem o poder de usar e controlar a
inteligência humana para dominar o mundo,
criando uma realidade virtual ou uma falsa
realidade na qual todos acreditam.
6. MATRIX
Por que Neo é escolhido? Ele recebe a missão de
libertar o mundo do poder de Matrix, por ser um
pirata eletrônico, isto é, alguém capaz de invadir
programas, decifrar códigos e mensagens, mas,
sobretudo, porque ele também é capaz de rivalizar
com a própria Matrix e competir com ela.
7. O MITO DA CAVERNA
(PLATÃO – REPÚBLICA,
LIVRO VII)
Um grupo de pessoas moram numa caverna desde sua infância,
presos por correntes nas pernas e no pescoço. Não conseguem
mover-se. Vê somente o que se passa à sua frente. A luz que chega
ao fundo da caverna vem de uma fogueira que fica sobre um monte
atrás dos prisioneiros, lá fora. Entre esse fogo e os moradores da
caverna, existe um caminho, com um pequeno muro, por onde as
pessoas passam levando à cabeça vários tipos de objetos. Os
prisioneiros conhecem as coisas pela sombra projetada na parede à
sua frente. Consideram as imagens refletidas em forma de sombra
como reais. Um dos presos se liberta. Ao sair da caverna, seus olhos
ficam ofuscados com a luz do sol. Após habituar-se à luz, percebe os
objetos, as pessoas, os animais como realmente são. Este homem
retorna à caverna, dá a boa nova aos companheiros ainda presos.
Logo em seguida os prisioneiros condenam-no como louco e matam-
no.
8. EDUCAÇÃO
Mundo interior da caverna; sombra : é o mundo das
aparências. Os sentidos (dóxa = opinião) nos enganam.
Como educadores, podemos pensar os conceitos de homem,
sociedade, aprendizado, currículo, educação, avaliação, segundo a
terminologia de Gramsci, pelo bom senso (núcleo sadio do senso
comum).
Mundo exterior da caverna: é o mundo real.
Será que conhecemos o mundo real de nossos alunos?
Conhecemos nossos alunos como realmente são ou os vemos
através de nossos filtros mentais (crenças, valores, verdades,
definição de ser humano alheios à realidade de nossos alunos)?
Foucault diz que o poder é produtor de verdades sobre o indivíduo.
Utilizamos “nosso poder” para dizer o que são nossos alunos sem
levar em conta o que eles dizem deles mesmos, ou seja, definimos
uma verdade sobre o aluno sem que ele participe da construção de
sua verdade?
9. EDUCAÇÃO
Correntes: conhecimento dogmático
Há educadores que possuem conceitos
pedagógicos cristalizados, resistindo ao que é
novo.
Ofuscamento dos olhos: o novo sempre traz
medos, inseguranças, espanto. Após pesquisas e
estudos adquirimos novos conhecimentos que
iluminam as ações pedagógicas e docentes. É
deixar as velhas crenças, valores, hábitos e
costumes por outros novos. É também mudar a
estrutura de nossos pensamentos.
10. EDUCAÇÃO
Luz da fogueira: o conhecimento que vem
através do lógos (razão). O conhecimento
verdadeiro vem da epistéme (ciência).
Segundo Marilena Chauí, o senso crítico possui
três características: 1) capacidade para julgar,
discernir e decidir corretamente; 2) exame racional
de todas as coisas sem preconceito e sem pré-
julgamento; 3) atividade de examinar e avaliar
detalhadamente uma ideia, um valor, um costume,
um comportamento, uma obra artística ou
científica.
11. EDUCAÇÃO
Perceber os objetos, as pessoas, os animais como
realmente são: deixar o estado de ingenuidade, da mera
opinião (senso comum) e adotar o senso crítico.
Sol: representa o Bem.
O homem que se libertou das correntes/Neo de
Matrix: o educador, à maneira de Sócrates, é um maiêutico,
isto é, o que ajuda no parto das ideias, o que desperta as
qualidades dormentes de seus educandos.
“Conhece-te a ti mesmo” = voltar-se para o próprio interior e
analisar criticamente as opiniões cristalizadas, os
preconceitos imbutidos, as crenças inquestionadas e, assim
desconfiar das aparências e assumir as atitudes de busca da
verdade (estudos, leituras, pesquisas constantes – itens
necessários para refletir e melhorar as práticas educativas),
amor pela sabedoria (Bem) que se consegue pelo esforço
reflexivo.
12. BIBLIOGRAFIA
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Ática: São
Paulo, 2005, pp. 9-24.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Graal:
Rio de Janeiro, 1993.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da
Educação. Ciências Humanas e suas
Tecnologias – Filosofia – Caderno do
Professor, Volume I, 3ª série, São Paulo: SEE,
2009, pp. 23-35.