O documento discute a importância do autotransplante dentário em pacientes jovens candidatos a implantes futuros, fornecendo indicações, contraindicações e cuidados para o procedimento. Dois casos clínicos ilustram o uso do autotransplante para preservar espaço até o paciente estar apto para implante, melhorando os resultados futuros.
1. A importância do autotransplante
dentário
em pacientes jovens candidatos a
implantes futuros.
2. Autores:
Sérgio Luis Noronha Júnior, CD
Mayra Cristina Yamasaki,AC
Ana Cristina Paiva Noronha, TPD
3. Introdução
Os transplantes dentários foram inicialmente descritos por HUNTER (1728), mas seus
resultados iniciais foram pobres e conseqüentemente pouco explorados. Já em 1950, APFEL e
MILLER mostraram o desenvolvimento técnico-científico descrevendo os primeiros protocolos de
intervenção cirúrgica. Com as variáveis determinantes para o diagnóstico mapeadas e indicações
precisas, a taxa de sucesso aumentou e a comunidade científica não somente aceitou esta proposta
de tratamento, mas os reconheceu como os ditos “pais” do transplante dentário moderno.
Atualmente os implantes dentários tem sido indicado largamente na reposição de
elementos dentários perdidos, porém em pacientes jovens, com idade inferior a 18 anos os
implantes não são indicados, devido ao crescimento facial em andamento o que prejudicaria a
osseointegração dos implantes. Desta forma o autotransplante dentário e indicado para manter o
espaço físico e biológico preservado, evitando assim a migração dos dentes vizinhos a extrusão dos
antagonistas bem como a manutenção do volume ósseo, o que fundamental para terapia com
implantes.
A proposição deste trabalho é rever as indicações, contra-indicações, limitações e
cuidados relacionados a técnica cirúrgica bem como a importância da avaliação radiográfica e das
diferentes técnicas de contenção, dos pacientes candidatos ao autotransplante. Serão ilustrados
com casos clínicos, a situação da perda precoce de 1° e 2° molares e sua substituição com o
transplante do 3° molar em diferentes estágios de desenvolvimento, assim como um caso com
posterior instalação de implante ossointegrável.
4. AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA: INDICAÇÕES: CONTRA-INDICAÇÕES:
- Avaliação da estrutura óssea da área -Perda prematura dos dentes (trauma / -Presença de lesão inflamatória aguda;
receptora; cárie); -Problemas sistêmicos que empeçam
-Quando não há outra alternativa
- Estágio de formação radicular do qualquer tipo de cirurgia;
terapêutica;
elemento a ser transplantado;
-O paciente tem bons hábitos de higiene
- Anomalias Cardíacas;
- Verificação da compatibilidade oral.
dimensional do elemento a ser - Quando o paciente ainda é jovem e - Incompatibilidade de dimensões do
transplantado com a área receptora. não está indicado a instalação de dente a ser transplantado com o leito
implantes, onde o dente transplantado receptor.
servirá de mantenedor de espaço.
LIMITAÇÕES CUIDADOS CIRÚRGICOS: TIPOS DE CONTENÇÃO:
- Perda de uma das paredes ósseas - Cemento e ligamento periodontal - Fio de Nylon 1mm ∅ por até 40 dias;
alveolares; deverão ter o mínimo de manipulação; - Fio de aço flexível (amarrilho
- Estágio de desenvolvimento da raiz trançado), aderido ao dente com
avançado (> que ¾ da raiz formada) - Evitar o descolamento do capuz
pericoronário; resina fotopolimerizavél por 30 dias.
- Necessidade de slice maior que 0,5
mm em cada face ou que venha a - Fio de aço por 15 dias;
- Fazer curetagem do alvéolo receptor
expor a dentina; seguido de abundante irrigação com -Resina fotopolimerizável por 15 dias;
soro fisiológico 0,9%.
- Existência de lesões apicais.
5. Paciente do gênero feminino, com 16 anos, tratada A lesão foi diagnosticada também através
de radiografia periapical, e foi sugerido a
previamente de uma lesão do tipo cavidade óssea paciente que fosse realizado um
autotransplante do elemento 38 para o
idiopática, com perda precoce do elemento 36 por
local do elemento 36, o qual foi
fratura radicular. prontamente aceito.
6. Foi realizado um acesso as
Foi realizada osteotomia com o O dente foi removido e
áreas doadora e receptora
cuidado de não prejudicar o aguardado o preparo do leito
através de uma incisão intra-
receptor em solução salina (Soro
sulcular dente a ser transplantado fisiológico à 0,9%).
7. Após a remoção do O dente é
elemento é realizada a A sutura é realizada
transplantado para
com o cuidado de
remoção do dente seu leito receptor,
manter o dente em
fraturado e preparo do após pequeno slice de
infra-oclusão para que
forma a permitir a
leito receptor ele possa erupcionar e
acomodação no
se posicionar em
sentido mesio-distal.
oclusão.
8. Aspecto clínico num pós- Aspecto clínico após 3
meses Aspecto clínico e radiográfico
operatório de 1 semana
após 6 meses.
onde foi removido a sutura
e o dente foi fixado com fio
de nylon por 3 semanas.
9. Paciente do gênero feminino,16
anos, com o elemento 37
condenado por cárie e com o
elemento 38 ainda em
formação. Foi sugerido que a
mesma realiza-se o auto-
transplante até que a mesma
terminasse o seu crescimento
facial o que viabilizaria a
instalação do implante.
A paciente foi acompanhada por Pré-operatório 3 meses
1 ano. Após este período a
paciente se ausentou do
consultório por 5 anos quando a
mesma retornou,estava com os
elementos 36 (fratura pós
trauma) e 37 (reabsorção da
1 ano
raiz) condenados os quais foram
substituídos por implantes com
sucesso. A mesma aguarda o
termino da osseointegração para
instalação das próteses
unitárias.
10. Conclusão
• O auto-transplante é viável quando bem indicado;
• O acompanhamento radiográfico é fundamental;
• Os melhores resultados são obtidos quando o dente a ser
transplantado tem sua raiz com cerca de 2/3 a ¾ da raiz
formada;
• Necessita de uma boa técnica para se obter bons resultados;
• É economicamente viável;
•Os dentes transplantados são ótimos mantenedores de
espaços para instalação de futuros implantes osseointegráveis.
11. Bibliografia
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