Platão imaginou uma cidade ideal (utopia) onde os filósofos governariam como reis ou onde os reis seriam filósofos. Nesta República ideal, a educação seria controlada pelo Estado e dividiria as pessoas em grupos com funções diferentes de acordo com suas capacidades. A democracia era vista como inadequada porque o povo não teria conhecimento para governar.
2. Platão
Platão (428-347 a.C.) viveu em Atenas, onde fundou uma escola
denominada Academia.
Para melhor sintetizar as idéias de Platão, recorremos ao livro VII de A
República, onde seu pensamento é ilustrado pelo famoso "mito da
caverna". Platão imagina uma caverna onde estão acorrentados os
homens desde a infância, de tal forma que, não podendo se voltar para a
entrada, apenas enxergam o fundo da caverna. Aí são projetadas as
sombras das coisas que passam às suas costas, onde há uma fogueira.
Se um desses homens conseguisse se soltar das correntes para
contemplar à luz do dia os verdadeiros objetos, quando regressasse,
relatando o que viu aos seus antigos companheiros, esses o tomariam por
louco, não acreditando em suas palavras.
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3. Platão
A análise do mito pode ser feita pelo menos sob dois pontos de vista: o
epistemológico (relativo ao conhecimento) e o político (relativo ao
poder).
Pela dimensão epistemológica, o mito da caverna é uma alegoria a
respeito das formas de conhecimento ou a teoria das idéias, nela Platão
distingue o mundo sensível (dos fenômenos), e o mundo inteligível (das
idéias).
O mundo sensível, é o acessível aos sentidos, é o mundo da
multiplicidade, do movimento, e é ilusório, por ser pura sombra do
verdadeiro mundo.
Se percebemos inúmeras abelhas dos mais variados tipos, a idéia de
abelha deve ser una, imutável, a verdadeira realidade. Desta forma Platão
elabora uma teoria original.
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4. Platão
Do seu mestre (Sócrates) aproveita a noção nova de logos, e
continuando o processo de compreensão do real, cria a palavra idéia
(eidos), para referir-se à intuição intelectual que é distinta da intuição
sensível.
Para Platão as idéias gerais são hierarquizadas, e no topo delas está a
idéia do Bem, a mais alta em perfeição e a mais geral de todas: os seres e
as coisas não existem senão enquanto participam do Bem e o Bem
supremo é também a Suprema Beleza.
Para os homens ultrapassarem o mundo das aparências ilusórias, Platão
supõe que eles já teriam vivido como puro espírito quando contemplaram
o mundo das idéias. Mas tudo esquecem quando se degradam ao se
tornarem prisioneiros do corpo, que é considerado o "túmulo da alma".
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5. Platão
Pela teoria da reminiscência, Platão explica como os sentidos se
constituem apenas na ocasião para despertar nas almas as lembranças
adormecidas. Em outras palavras, conhecer é lembrar.
No mito da caverna: o filósofo (aquele que se libertou das correntes), ao
contemplar a verdadeira realidade e ter passado da opinião (doxa) à
ciência (episteme), deve retornar ao meio dos homens para orientá-los.
Eis assim a segunda dimensão do mito, a política, surgida da pergunta:
como influenciar os homens que não vêem? Cabe ao sábio ensinar e
governar. Trata-se da necessidade da ação política, da transformação dos
homens e da sociedade.
Seu posicionamento de valorização da reflexão filosófica o leva a
conceber uma “sofocracia” (poder da sabedoria), porque os homens
comuns são vítimas do conhecimento imperfeito, da "opinião", e portanto
devem ser dirigidos por homens que se distinguem pelo saber
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6. A Utopia Platônica: A República
Platão imagina uma cidade utópica, a Callipolis (Cidade
Bela). Etimologicamente, utopia significa "em nenhum lugar"
(em grego, ou-topos).
Ele imagina uma cidade que não existe, mas que deve ser o
modelo da cidade ideal.
Partindo do princípio de que as pessoas são diferentes e por
isso devem ocupar lugares e funções diversas na sociedade,
Platão imagina que o Estado, e não a família, deveria se
incumbir da educação das crianças.
Para isso, propõe estabelecer-se uma forma de comunismo
em que é eliminada a propriedade e a família, a fim de evitar
a cobiça e os interesses decorrentes dos laços afetivos.
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7. A Utopia Platônica: A República
O Estado orientaria as pessoas para evitar casamentos entre desiguais,
oferecendo melhores condições de reprodução e, ao mesmo tempo,
criando creches para a educação coletiva das crianças.
A educação promovida pelo Estado deveria, segundo Platão, ser igual
para todos até os 20 anos, quando dar-se-ia o primeiro corte identificando
as pessoas que, por possuírem “alma de bronze”, por terem a
sensibilidade grosseira devem se dedicar à agricultura, ao artesanato e ao
comércio. Estes cuidariam da subsistência da cidade.
Os outros continuariam os estudos por mais dez anos, até o segundo
corte. Aqueles que tivessem a "alma de prata" e a virtude da coragem
essencial aos guerreiros constituiriam a guarda do Estado, os soldados
que cuidariam da defesa da cidade.
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8. A Utopia Platônica: A República
Os mais notáveis, que sobrariam desses cortes, por terem a "alma de
ouro", seriam instruídos na arte de pensar a dois, ou seja, na arte de
dialogar. Estudariam filosofia, que eleva a alma até o conhecimento mais
puro e é a fonte de toda verdade.
Aos cinqüenta anos, aqueles que passassem com sucesso pela série de
provas estariam aptos a ser admitidos no corpo supremo dos magistrados.
Caberia a eles o governo da cidade, o exercício do poder, pois apenas
eles teriam a ciência da política.
Sua função seria manter a cidade coesa. Por serem os mais sábios,
também seriam os mais justos, uma vez que justo é aquele que conhece a
justiça. A justiça constitui a principal virtude, a própria condição das outras
virtudes. Para que o Estado seja bem governado, é preciso que os
filósofos se tornem reis, ou que os reis se tornem filósofos".
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9. A Utopia Platônica: A República
Platão propõe um modelo aristocrático de poder. No entanto, como já
vimos, não se trata de uma aristocracia da riqueza, mas da inteligência,
em que o poder é confiado aos melhores, ou seja, é uma sofocracia.
O rigor do Estado concebido por Platão ultrapassa de muito a proposta
de educação. Se a virtude suprema é a obediência à lei, o legislador tem
de conseguir o seu cumprimento pela persuasão ou pela lei.
Caso não o consiga pelo convencimento, deve usar a força: a prisão, o
exílio ou a morte. Da mesma forma, a censura é justificável quando visa
manter a integridade do Estado.
A democracia é inadequada, pois desconhece que a igualdade deve se
dar apenas na repartição dos bens, mas nunca no igual direito ao poder.
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10. As Formas de Governo
Como vimos, a democracia não corresponde aos ideais platônicos
porque, por definição, o povo é incapaz de possuir a ciência política.
Quando o poder pertence ao povo, é fácil prevalecer a demagogia,
característica do político que manipula e engana o povo
(etimologicamente, "o que conduz o povo").
Platão critica a noção de igualdade na democracia, pois para ele a
verdadeira igualdade não se baseia no valor pessoal que é sempre
desigual (já que uns são melhores do que outros), não considerando todos
igualmente cidadãos.
Por fim, a democracia levaria fatalmente à tirania, a pior forma de
governo, exercida pela força por um só homem e sem ter por objetivo o
bem comum. O tirano é a antítese do magistrado-filósofo.
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