O documento discute as mensagens simbólicas representadas pelos quatro cavalos apocalípticos de Apocalipse 6, que representam diferentes atitudes de Deus no esforço de salvar os pecadores. Os cavalos branco, vermelho e preto simbolizam diferentes estágios da graça divina, enquanto o cavalo amarelo representa os juízos finais. Vários exemplos bíblicos e históricos são dados de nações, cidades e indivíduos que receberam a ação dos quatro cavalos.
1. Mensagens em Cores – APOCALÍPTICAS
Por Daniel Felau (RA, ago/85)
Em Apocalipse 6:1-8 o exilado profeta de Patmos viu uma cena marcial, um estado de
guerra, que envolve o grande conflito entre o bem e o mal; entre Cristo e Satanás. João
viu quatro cavalos apocalípticos e os descreve numa linguagem colorida e pitoresca.
Para muitos leitores os quatro cavalos, que fazem parte dos sete selos, destacam
apenas aspectos externos da igreja em períodos paralelos às sete igrejas. Há, porém,
algo mais profundo nas cores apocalípticas, as quais não se limitam a simples fases da
igreja.
As quatro cores estão em evidência em toda a Escritura e representam quatro
diferentes atitudes de Deus no esforço de salvar o pecador. Por isso não podemos
limitar a ação do cavalo branco apenas ao período de Éfeso como algo histórico. O
cavalo branco tem ação contínua desde a entrada do pecado até o fechamento da
Porta da Graça. O termo "vem", em Apocalipse 6:1, é uma tradução da palavra grega
Erkou, que está no imperativo presente e na voz contínua. A tradução correta seria: vai
indo; segue o teu caminho. Expressa uma ação contínua. "A ação do primeiro cavalo é,
sem dúvida, contínua, pois ele começa de conquista em conquista e termina somente
quando alcançar vitória completa no fim da abertura dos selos."'
Indubitavelmente, o cavalo branco iniciou a sua ação logo após a entrada do pecado e
continua em plena atividade em to-, dos os séculos, num esforço contínuo junto aos
ímpios, para levá-los ao arrependimento. Enquanto houver graça, haverá também a
ação do cavalo branco.
Funções dos Mensageiros Divinos
1. Cavalo Branco: "Operar junto aos ímpios num esforço contínuo para levá-los ao
arrependimento."2
2. Cavalo Vermelho: "Trazer juízos e aflições sobre aqueles que resistem à graça de
Deus com o objetivo de despertá-los ao arrependimento."3
3. Cavalo Preto: "Trazer os ímpios face a face com as fortes e negras realidades da vida,
para serem levados a pesar cuidadosamente as sérias conseqüências do seu curso e
entenderem os terríveis resultados à sua frente, se não volverem dos seus caminhos
pecaminosos."4.
2. 4. Cavalo Amarelo: Finalmente, Deus manda juízos irrevogáveis de condenação e
morte sobre os impenitentes que desprezaram as oportunidades e rejeitaram a graça
divina.
"Se o vermelho é uma cor de julgamento, então o preto é uma cor de juízos mais
severos. Se o vermelho é uma cor de advertência, então preto é uma cor de
advertências muito mais solenes e duras. Uma é a advertência de perigos no futuro, a
outra é uma advertência de perigos à porta. Uma é presságio de ais e tribulações, a
outra é um presságio de morte. Uma quer dizer: Cautela, você está entrando num
caminho de perigo e aflição; o trilho que você está seguindo trará pedras e feridas; é
um caminho avermelhado de sangue; é o caminho da espada, de lágrimas, e não de
riso; de amargura, e não de gozo. Foi este o caminho de Adão quando pela primeira
vez deixou os caminhos da inocência e beleza no Éden e deparou com espinhos e
cardos, o sangue de seu filho Abel e um querubim celestial com espada inflamada. Foi
o caminho de Balaão, quando se desviou na esperança de fama e fortuna, e deparou
com o anjo do Senhor com espada desembainhada. Tal é então a mensagem do
vermelho.
"Mas o preto é uma cor muito mais sombria e grave. Ainda não é a morte, mas está
bem próximo dela. Ele significa: Cuidado, você não tem tempo a perder, você foi longe
no caminho do perigo e dos ais, e agora está face a face com o fim. Pare e pare já, ou
pagará o preço final da morte. O preto era a cor com a qual Tamerlão advertia os
inimigos de que sua última hora de esperança estava para se encerrar, de que os
pavilhões brancos da misericórdia já estavam longe no passado, de que os pavilhões
vermelhos de sangue estavam, também, já no passado, de que a hora presente era
uma hora de trevas fortes e densas, tendo adiante somente o aniquilamento."5
Nações que Receberam Mensageiros Divinos
Cada nação que subiu ao cenário da História, teve sua oportunidade e recebeu a ação
dos quatro mensageiros divinos.
1. O Egito recebeu as funções do cavalo branco durante os 430 anos em que os
hebreus estiveram lá. Moisés se dirigiu reiteradas vezes ao monarca com a Palavra do
Senhor. "Nenhuma outra civilização desfrutou de um tão longo período de graça como
a civilização que floresceu no Vale do Nilo."6
Em Êxodo 19:19-25, temos uma viva descrição da atuação do cavalo vermelho, quando
todas as águas do Egito se tornaram em sangue.
A ação do cavalo preto é claramente identificada na nona praga, quando houve trevas
em toda a terra do Egito (Êxo. 10:21-29).
"Quando, porém, os homens passam os limites da clemência divina, a restrição é
removida."7 Foi o que finalmente aconteceu ao Egito. Depois de tantos apelos,
mensagens e evidências do poder de Deus, a conta foi encerrada e o Egito recebeu a
ação do cavalo amarelo na décima praga (Êxo. 11:29 e 30).
2. "Quatro vezes, e cada vez com mais severidade, Babilônia sentiu a mão de Deus; a
primeira vez brandamente, no sonho da imagem espantosa. A segunda vez, com mais
3. dureza no episódio da fornalha ardente. Na terceira, o golpe era maior quando o rei
teve de passar sete tempos com os animais do campo. A quarta, porém, foi uma
grande catástrofe na qual o rei Belsázar morreu."8
"Na história e na profecia o cavalo tem sido usado como símbolo de morte e
destruição."9
3. Outras cidades. Tiro, Edom, Nínive, Sodoma e Go-morra — todas estas cidades
receberam oportunidades representadas na ação dos quatro cavalos apocalípticos. "É-
nos ensinada a lição terrível e solene de que, ao mesmo tempo em que a misericórdia
de Deus suporta longamente o transgressor, há um limite além do qual os homens não
podem ir no pecado. Quando é atingido aquele limite, os oferecimentos de
misericórdia são retirados, e inicia-se o ministério do juízo."10
O ministério do juízo só começa quando a pessoa permanece deliberadamente no
pecado e ultrapassa os limites da paciência divina.
"O coração que durante muito tempo desdenhou a misericórdia de Deus, torna-se
endurecido no pecado, e não mais é suscetível à influência da graça de Deus. Terrível
será a sorte da alma da qual o Salvador, pleiteando por sua defesa, declarará
finalmente: 'Está entregue aos ídolos; deixa-o.' Oséias 4:17.""
Indivíduos que Receberam os Juízos Divinos
Herodes — "Herodes foi visitado com os juízos de Deus.
1. Enquanto se exaltava a si mesmo na presença de grande multidão, foi ferido pelo
anjo do Senhor, e morreu da maneira mais horrível."12
2. Judas — "Judas viu que suas súplicas eram em vão e precipitou-se da sala,
exclamando: É tarde! É tarde! Sentiu que não poderia viver para ver Jesus crucificado
e, em desespero, foi enforcar-se."13 Judas teve a sua conta encerrada, mas antes disso
ele teve inúmeras oportunidades de arrepender-se. "Enquanto Sua misericórdia é
seguida de apelos ao arrependimento, esta conta permanecerá em aberto; mas
quando atingir um certo limite prefixado por Deus, começa o ministério da Sua ira. A
conta é encerrada. A paciência divina se esgota. Não há mais intercessão por
misericórdia a seu favor."14
3. Os filhos de Eli — "E foi tomada a arca de Deus; e os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias
morreram." I Sam. 4:11. "Vós que estais a desdenhar os oferecimentos da
misericórdia, pensai na longa parcela de caracteres que contra vós se acumula nos
livros do Céu; pois há um relatório feito das impiedades das nações, das famílias, dos
indivíduos. Deus pode suportar muito enquanto a conta prossegue; e convites ao
arrependimento e oferecimentos de perdão podem ser feitos; contudo, tempo virá em
que a conta se completará, em que se fez a decisão da alma, em que se fixou o destino
do homem pela sua própria escolha. Dar-se-á então o sinal para ser executado o
juízo."15
4. Geazi — "Portanto a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua semente para sempre.
Então saiu de diante dele leproso, branco como a neve." II Reis 4:27. "Dia virá em que
4. a terrível sentença da ira de Deus será pronunciada contra todos os que persistiram
em sua deslealdade para com Ele. Isto será quando Deus tiver que falar e fazer coisas
terríveis, em justiça, contra os transgressores de Sua lei."16
Cidades que Receberam os Juízos Divinos
1. Lisboa — "Às dez horas menos vinte minutos, daquela manhã, Lisboa estava imóvel
e magnificente, em um local dos mais pitorescos e imponentes do mundo. Cidade de
magnífico acesso, colocada precisamente onde todas as circunstâncias concorriam
para dizer aos fundadores: Construí aqui! Em seis minutos a cidade estava em ruínas...
A metade do mundo sentiu a convulsão."17
2. Messina — "Messina, cidade da Sicília, foi destruída em 28 de dezembro de 1908....
Em 30 segundos, o que tinha sido uma cidade formosa pela sua beleza, transformou-se
em extenso monte de entulho. Foram mortos 108 mil pessoas."18
3. São Pedro — "São Pedro era a cidade mais importante das Antilhas Francesas, na
América Central; muito conhecida por sua beleza, grandes diversões e alto comércio.
Esse povo — prevenido muitos dias antes dos perigos do vulcão Pelee, que começou a
dar sinais de erupção — não quis fugir. A 7 de maio de 1902, houve uma chuva
torrencial sobre toda a ilha de Martinica e o dia seguinte amanheceu limpo e fresco. O
povo acalmado preparou-se para o "Dia da Ascensão". Repentinamente, porém, às
oito horas, deram-se duas grandes explosões que foram ouvidas até nas ilhas
Dominicana e Santa Lúcia, seguidas de uma espessa nuvem, muitíssimo grande com
listras brilhantes, que descia da cratera do vulcão, cobrindo totalmente a cidade de
São Pedro. O orgulho das Antilhas Francesas, com seus 28 mil habitantes, foi
completamente aniquilada no espaço de 45 segundos."19
4. Pompeia — "Herculano e Pompeia, cidades da Itália, na baía de Nápoles, foram
sepultadas pelas cinzas e lavas do Vesúvio, na erupção do ano 79. É impossível
imaginar as densas trevas, tremor da terra, ondas do mar, as cinzas caindo por sobre a
cidade inteira, enterrando e sufocando instantaneamente a todos os 30 mil habitantes
de Pompeia."20
Todas estas cidades e muitas outras receberam a ação dos quatro cavalos
apocalípticos. Porém, temos que ter em mente o seguinte: "Nem tudo que ocorre no
mundo acontece porque Deus quer ou aprova. Mas tudo que acontece, acontece por
permissão divina."21 Tudo está nas mãos de Deus. Deus é soberano e logo intervirá
para cumprir plenamente o Seu propósito. Muito em breve teremos a culminação da
história e o fim da graça.
"Logo o mundo será abandonado pelo anjo da misericórdia, e as sete últimas pragas
estão para ser derramadas."22
Quando se fechar a Porta da Graça, a ação dos mensageiros branco, vermelho e preto
terá cumprido a sua missão. "Cessa então Jesus de interceder no santuário celestial.
Levanta as mãos, e com grande voz, diz: "Está feito."23 A conta de todos é encerrada e
começa então o ministério de Sua ira simbolizado na cor pálida do cavalo chamado
"morte".
5. "Enquanto Sua misericórdia é oferecida, com chamados para o arrependimento, esta
conta permanece aberta; mas quando as cifras alcançam um certo montante que Deus
tem prefixado, o ministério de Sua ira começa. A conta é encerrada. Cessa a divina
paciência. A misericórdia não mais pleiteia em seu benefício."24
Referências:
1. Apocalipse, Esboço de Estudos (Thile), pág. 86.
2. Idem, pág. 84.
3. Ibidem.
4. Ibidem.
5. Idem, pág. 90.
6. O Significado Bíblico da História, pág. 57.
7. O Grande Conflito, pág. 33.
8. Daniel Fala Hoje {Orlando Boyer), pág. 64.
9. A Mão de Deus ao Leme, pág. 214.
10. Patriarcas e Profetas, pág. 161.
11. Idem, pág. 162.
12. Primeiros Escritos, pág. 186.
13. O Desejado de Todas as Nações, pág. 538.
14. Thile, pág. 90.
15. Patriarcas e Profetas, pág. 162.
16. Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 266.
17. "Então Virá o Fim", pág. 44.
18. Daniel Fala Hoje, pág. 66.
19. Idem, pág. 65.
20. Ibidem.
21. O Significado Bíblico da História, pág. 34.
22. Testemunhos Para Ministros, pág. 182.
23. O Grande Conflito, pág. 612.
24. Patriarcas e Profetas, pág. 36