Interpretação bíblica contextual e cristocêntrica das profecias do tempo do fim
1. EPÍLOGO
A pergunta-chave na teologia contemporânea é: Como conhecemos
o significado da Escritura? Enquanto que o Espírito Santo ilumina a
mente do crente em seu esforço para compreender a Bíblia, necessita-se
um método científico para interpretar a Escritura. Só assim pode evitar-
se uma interpretação puramente subjetiva do texto e a forma estreita de
pensar.
O propósito deste livro é investigar a unidade teológica das
profecias hebraicas e o evangelho cristão do Novo Testamento. Seu
enfoque específico é trazer à luz a continuidade essencial das profecias
do tempo do fim de Israel no panorama profético do Jesus, Paulo e o
Apocalipse de João.
Este enfoque que se distingue de métodos anteriores, usa de uma
maneira consistente o método de exegese contextual, tanto do contexto
imediato como do contexto mais amplo da Escritura, o que significa que
o texto do Novo Testamento sempre deve relacionar-se com o do Antigo
Testamento para descobrir o patrimônio espiritual de Cristo e dos
escritores apostólicos, e isto é válido de maneira especial para o
Apocalipse que está saturado com termos e conceitos do Antigo
Testamento.
Este método implica que todas as aplicações da história da igreja do
texto profético são secundárias a uma exegese contextual e devem
subordinar-se ao propósito do autor tal como se determina pelo contexto
imediato e o contexto mais amplo. Nunca deve permitir-se que a história
da igreja e a do mundo cheguem a ser a norma da exegese bíblica. A
Bíblia interpreta a história e não o contrário. Na aplicação contínuo-
histórica das profecias apocalípticas existe o perigo de atribuir ao texto
sagrado certos acontecimentos importantes da história. O intérprete
historicista da profecia necessita autodisciplinar-se em suas declarações
da profecia cumprida. A história já se encarregou de muitos enganos que
se cometeram a esse respeito!
2. Epílogo 2
Rechaçando os princípios filosóficos do literalismo, alegorismo e
idealismo, recomendo o uso consistente dos princípios de interpretação
de Cristo e seus apóstolos como a chave-mestra para descobrir o
significado das profecias simbólicas do tempo do fim, tanto do Antigo
Testamento como do Novo Testamento. Sua hermenêutica evangélica
pode estabelecer-se analisando a forma como Cristo e Paulo aplicaram as
profecias de Daniel a seu próprio tempo e época, e isto requer uma
análise cuidadosa de Mateus 24 (e as passagens paralelas) e 2
Tessalonicenses 2 como ponto essencial para descobrir que regras
específicas seguiram em sua interpretação das profecias do Antigo
Testamento.
A norma decisiva, e a pauta para a compreensão que tiveram de
todas as profecias hebréias, foi a convicção de que Jesus de Nazaré é o
Messias da profecia. Esta crença fundamental transformou
completamente em cristocêntrico o panorama do futuro de Cristo e dos
escritores do Novo Testamento. Moveu-os a reorganizar todas as
profecias hebraicas como promessas centradas em Cristo. Este
cumprimento do evangelho deu como resultado o fato de que o povo
verdadeiro de Cristo esteja constituído como o núcleo do Israel espiritual
e, assim, como o Israel de Deus. Se Jesus de Nazaré é o Cristo da
profecia, então o povo de Cristo, como seu "corpo", é o centro de todas
as profecias do tempo do fim.
A hermenêutica do evangelho funciona como a pauta inspirada para
a interpretação das predições inclusive não cumpridas das profecias
apocalípticas. Este procedimento mantém plenamente o axioma de fé de
"sola Scriptura" que exige que se permita à Escritura interpretar-se a si
mesmo. Nem a tradição da igreja, nem a história nem um profeta
extrabíblico são os intérpretes finais da Escritura. A Bíblia continua
sendo seu próprio expositor, seu próprio intérprete final e o juiz de todas
as escolas de interpretação profética. O método contextual oferece uma
visão crítica de qualquer outro método de interpretação profética, e
3. Epílogo 3
mostra a forma para distinguir entre o propósito do autor do texto
sagrado e as aplicações dos comentadores extrabíblicos.
Com respeito ao livro do Apocalipse, é essencial reconhecer sua
estrutura quiástica como a chave de sua composição como um todo. Este
descobrimento aponta a seu centro, Apocalipse 12-14, como o tema
particular do Apocalipse de João para o povo de Deus do tempo do fim.
Esta unidade literária é o desenvolvimento das visões antecipatórias de
Apocalipse 10 e 11 que unem o tempo do fim ao período da sexta
trombeta. As visões de Apocalipse 10 a 14 revelam uma conexão
específica com o livro de Daniel e seu enfoque das profecias do tempo
do fim dos capítulos 7 a 12. Este fato faz com que o livro de Daniel, com
Daniel 7 como seu tema central, seja fundamental para a compreensão
do Apocalipse. O Apocalipse revela a forma como Daniel e todas as
outras profecias hebraicas do tempo do fim encontrarão sua consumação
na história da salvação.