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A COMPREENSÃO DE CRISTO DAS PROFECIAS DE
                       DANIEL

     A aplicação que Jesus fez dos termos simbólicos tirados do livro do
Daniel – tais como "reino", "Filho de Homem" e "abominação
desoladora" – indicam que manifestou um profundo interesse nas
profecias apocalípticas de Daniel. Aplicou as expressões daniélicas a sua
própria missão messiânica. Por esse meio Cristo ensinou que a descrição
das visões de Daniel eram de importância fundamental para sua igreja.
Sua própria perspectiva segue o esboço da história da salvação de
Daniel. É conhecido como Discurso do Monte das Oliveiras ou discurso
escatológico de Jesus, porque o pronunciou enquanto estava sentado no
monte das Oliveiras, ao oriente de Jerusalém (Mat. 24; Mar. 13; Luc.
21).

     O quadro que Cristo pintou dos acontecimentos futuros para
Jerusalém e para seus seguidores em todo mundo é similar ao que foi
esboçado primeiramente pelo profeta Daniel. O discurso do monte das
Oliveiras foi chamado por alguns como "os comentários ou Midrash* de
Jesus sobre o livro do Daniel". É amplamente reconhecido que as
profecias de longo alcance de Daniel – com sua predição da apostasia, a
perseguição, o juízo e a vindicação final dos fiéis – deram forma ao
discurso escatológico de Cristo. Esta conexão pode ver-se sem
dificuldades da seguinte lista comparativa:




                     Daniel                                              Jesus
*
     Nota do Tradutor: Midrash é uma mera transliteração do substantivo hebraico midräs, que é um
    termo cunhado na última época bíblica e que no período rabínico toma o sentido preciso de
    "interpretação e exposição" do texto bíblico. (Ver Aranda, Literatura judía intertestamentaria, pp.
    470, 477.)
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                                     2
"Quando        se      cumprirão     estas   "Dize-nos quando sucederão estas
maravilhas?" (Dan. 12:6) O anjo              coisas, e que sinal haverá quando todas
respondeu que quando acabe a dispersão       elas estiverem para cumprir-se?" [méle
do poder do povo santo, "estas coisas        táuta sunteleísthai pánta] (Mar. 13:4).
todas se cumprirão" [na LXX:
suntelesthénai pánta táuta] (Dan. 12:7).
"O que há de ser nos últimos dias" [na       "É necessário assim acontecer" [dei
LXX: ti dei genésthai metá táuta: O que      genésthai] (Mar. 13:7).
deve suceder no futuro] (Dan. 2:28).
"Mas o povo dos que conhecem o seu           "Sereis odiados de todos por causa do
Deus se tornará forte e ativo … Alguns       meu nome; aquele, porém, que
dos sábios cairão ... até ao tempo do fim,   perseverar até ao fim, esse será salvo"
porque se dará ainda no tempo                (Mar. 13:13; Mat. 24:13).
determinado. ... mas, naquele tempo,
será salvo o teu povo" (Dan. 11:32, 35;
12:1).
"Até quando durará a visão do sacrifício     "Quando virdes a abominação da
diário e da transgressão assoladora, visão   desolação instalada onde não deve estar"
na qual é entregue o santuário e o           (Mar. 13:14, BJ).
exército, a fim de serem pisados?" (Dan.
8:13).
"Sobre a asa das abominações virá o          "Quando      ,   portanto,    virdes a
assolador" (Dan. 9:27).                      abominação da desolação … instalada
                                             no lugar santo" (Mat. 24:15, BJ).
"tirarão o sacrifício diário, estabelecendo
a abominação desoladora" (Dan. 11:31;
cf. 12:11).
"E haverá tempo de angústia, qual nunca "Porque aqueles dias serão de tamanha
houve, desde que houve nação até àquele tribulação como nunca houve desde o
tempo" (Dan. 12:1).                         princípio do mundo" (Mar. 13:19; Mat.
                                            24:21).
"E eis que vinha com as nuvens do céu "Então, verão o Filho do Homem vir nas
um como o Filho do Homem …Foi-lhe nuvens, com grande poder e glória"
dado domínio, e glória, e o reino" (Dan. (Mar. 13:26; cf. Mat. 24:30).
7:13,14).
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                         3
     Dos paralelos citados, chega a ser evidente que Jesus seguiu a
seqüência dos eventos futuros de Daniel em seu próprio discurso. Cristo
aplicou o esboço de Daniel ao futuro imediato de Israel e de seus
discípulos. Portanto, cada uma das declarações de Cristo deve entender-
se contra o transfundo da profecia de Daniel da história da salvação.
Daniel apresentou o drama de um conflito religioso que se concentra em
um que invade a terra santa, profana o templo de Israel estabelecendo
sua própria "abominação" ou objeto de adoração falsa, em lugar da
verdade de Deus, e persegue os santos, cuja "angústia" durará por "três
tempos e meio". A reação de Deus chega na forma de "um semelhante a
um filho de homem", a quem é ordenado no céu que execute o juízo de
Deus sobre esse intruso maligno. Restaura a verdadeira adoração no
templo de Deus e vindica os adoradores tratados injustamente.
     O tema de Daniel é descrito em 2 visões que formam um
paralelismo progressivo e complementar (caps. 7 e 8). Os capítulos finais
de Daniel (9 e 10-12) consistem em notas explicativas do anjo quanto às
duas visões. Entretanto, o tema principal do livro de Daniel é a
segurança da restauração da verdade do santuário de Deus e a libertação
de seu povo fiel do pacto por meio do Filho do Homem, que vem nas
nuvens do céu. Ele executa o juízo sobre o "chifre pequeno", o desolador
que está na terra.

     Do mesmo modo, Jesus conecta o templo e sua profanação futura
com uma "abominação da desolação" ou sacrilégio. Depois assegura a
seus seguidores que voltará no poder e a glória do celestial Filho do
Homem (de Dan. 7) para resgatar a seus fiéis e reuni-los no reino
messiânico de Deus. Dessa forma, Cristo anula a sentença de morte tão
injustamente imposta aos fiéis pelo anticristo.
     Segundo os Evangelhos sinóticos, Jesus adotou algumas frases-
chave apocalípticas de Daniel e as aplicou a si mesmo como Messias, e
outras frases aplicou a Jerusalém e a seus seguidores:
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                         4
     Dan. 7:13 (Um filho de homem que vem nas nuvens do céu para
vindicar os santos acusados) é aplicada a Cristo em Marcos 13:26.
     Dan. 8:13 (O santuário seria pisoteado) aplica-se a Jerusalém em
Lucas 21:24.
     Dan. 9:27 (O desolador porá seu sacrilégio dentro do templo)
aplica-se à área do templo de Jerusalém no Mateus 24:15.
     Dan. 11:31 (O sacrilégio profanará o templo) aplica-se a Roma
imperial em Marcos 13:14.
     Dan. 11:45 (O monte glorioso e santo será assediado) aplica-se a
Jerusalém no Mateus 24:15 ("o lugar santo" ).
     Dan. 12:1 (Seguirá um tempo de tribulação sem comparação)
aplica-se aos seguidores de Jesus em Marcos 13:19.
     Jesus mencionou que a fonte literária de seu discurso era o livro de
Daniel: "Quando, porém, virem a abominação da desolação, de que fala
o profeta Daniel, instalada no lugar santo – que o leitor entenda!" (Mat.
24:15, BJ). Isto indica que o esboço apocalíptico de Daniel dos 4
impérios mundiais sucessivos (Babilônia, Medo-pérsia, Grécia e Roma)
devem colocar-se como o marco histórico atrás da perspectiva do futuro
apresentada por Cristo. Isto exige interpretar que o Império Romano que
no tempo do Jesus governava Israel, cumpriu a profecia de Daniel. O
general romano Pompeu sujeitou os judeus a Roma no ano 63 a.C. Os
expositores judeus anteriores a Cristo, especificamente os macabeus,
acreditaram que sua vitória militar sobre o opressor sírio Antíoco IV
Epifânio, no ano 164 a.C., era a vitória de Deus sobre o profanador do
templo descrita em Daniel 8-12 (ver 1 Macabeus 1:54-59; 6:7). Os
fariseus viram na morte de Pompeu (48 a.C.) o triunfo de Deus sobre o
profanador da cidade santa.1
     Logo depois de Cristo, Josefo, o historiador judeu do século I,
expressou sua convicção de que a profanação do templo levada a cabo
pelos zelotes e a desolação de Jerusalém pelos exércitos romanos (no 70
d.C.) eram um cumprimento da predição de Daniel.2 Entretanto, poucos
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                           5
judeus pareceram ter entendido a razão real para a destruição de
Jerusalém que se levou a cabo 40 anos depois da crucificação de Cristo.
      Os profetas anteriores, incluindo Jeremias (cap. 7) e Ezequiel (cap.
24), tinham anunciado a destruição iminente do templo e da cidade como
a maldição divina do pacto sobre um povo rebelde ao pacto. Mas isto já
ocorrera no próprio tempo de Daniel, quando Nabucodonosor, rei de
Babilônia, destruiu Jerusalém em 586 a.C. (ver Dan. 9:17). Entretanto, a
nova predição de Daniel foi a espantosa verdade de que o templo futuro
que seria reedificado após o cativeiro babilônico também seria destruído,
tudo como resultado do assassinato que Jerusalém faria do Messias (Dan.
9:26, 27)! Esta profecia é um novo desenvolvimento na tradição
profética de Israel. Daniel 9 chegou a ser mais específico com respeito
ao tempo do Messias que a predição anterior do servo sofredor de Isaías
53.
      Jesus aplica a predição de Daniel da destruição futura da "cidade e o
santuário" (Dan. 9:26) ao tempo da geração de seus contemporâneos,
quando declarou com toda solenidade: "De certo vos digo que tudo isto
virá sobre esta geração" (Mat. 23:36; ver também o v. 35 e 24:34). A
advertência adicional, "que lê, entenda" (Mar. 13:14), é o conselho de
Cristo aos que podiam ler as Escrituras hebraicas para que estudassem
cuidadosamente o livro de Daniel como o contexto de seu próprio
discurso profético. O vocábulo "entendam" já era uma palavra-chave no
livro de Daniel (Dan. 9:23; ver também 8:27; 9:2; 10:1; 12:8-10). Por
esta razão, o conselho de Jesus aponta inequivocamente ao livro de
Daniel para entender sua própria predição profética e a aplicação
histórica da profecia de Daniel.
      Por muito tempo se deu por sentado que o Evangelho de Marcos foi
escrito primeiro e que Mateus e Lucas o tomaram como sua pauta básica,
produzindo cada um sua própria versão modificada de uma perspectiva
teológica ligeiramente diferente. Entretanto, estudos recentes sugerem
que os três escritores dos Evangelhos sinóticos extraíram de um
documento comum anterior aos sinóticos que continha todos os
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                       6
elementos essenciais da tradição oral do discurso de Jesus no monte dos
Oliveiras.3
     O discurso de Jesus no monte dos Oliveiras também constituiu uma
fonte vital para o conselho pastoral de Paulo com respeito ao futuro e
para seu método ao aplicar o esboço apocalíptico a seu próprio tempo e
ao futuro. Isto será tratado no capítulo seguinte.
     Tanto o discurso profético de Jesus como o esboço profético de
Paulo constituem as cabeceiras de ponte mais importantes que conectam
os livros de Daniel e Apocalipse. O discurso escatológico de Jesus nos
Evangelhos sinóticos e o esboço profético de Paulo em 2
Tessalonicenses 2 nos ensinam autoritativamente como se devem aplicar
as profecias de Daniel à era cristã. São a preparação necessária para
entender o livro do Apocalipse.

    A Estrutura Cronológica do Discurso Profético de Jesus
                       em Marcos 13

     Alguns observaram um estilo literário em Marcos 13 que demarca
os versículos 5-23 como uma unidade literária. Isto se insinua pela
advertência contra a profecia falsa tanto ao começo como ao final:
"Olhem [blépete]..." (vs. 5, 23). Esta seção descreve os acontecimentos
que devem preceder ao fim, especificamente os dias de tribulação (vs.
19, 20). Assim forma também uma unidade temática. A seção seguinte,
do 24 ao 27, apresenta a segunda vinda de Cristo como o próprio fim.
Sugere uma progressão definida no tempo: "Mas naqueles dias, depois
daquela tribulação..." (V. 24).
     Voltando para a primeira seção (vs. 5-23), pode notar-se um
progresso cronológico dentro desta parte. A predição de guerras, fomes e
terremotos não tem o propósito de anunciar sinais dos acontecimentos
finais porque se diz que não devem ser causa de alarme: "É necessário
que aconteça assim; mas ainda não é o fim..." Estes são princípios de
dores (literalmente, dores de parto; Mar. 13:7, 8; cf. Mat. 24:8). Depois
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                         7
se mencionam os sofrimentos dos discípulos de Cristo e sua pregação
mundial do evangelho: "E é necessário que o evangelho seja pregado
antes a todas as nações" (Mar. 13:10, cf. Mat. 24:14). Esta porção da
Escritura conclui com o conselho de Jesus: "Mas o que perseverar até o
fim, este será salvo" (v. 13; Mat. 24:13). A demora da parousia (o
advento) está claramente presente neste contexto. Quando Jesus disse
que o evangelho "primeiro deve" ser pregado, enfatizou o fato de que o
fim não viria até que o evangelho tenha sido levado a cada nação na terra
(ver Mar. 13:10).
      Na subdivisão seguinte, Marcos 13:14-20, Cristo volta a atenção à
geração de seus contemporâneos ao concentrar-se sobre a "abominação
da desolação". Este fenômeno já não é parte "do princípio de dores". A
predição de Cristo do "sacrilégio" como um indicador visível da imediata
destruição de Jerusalém é o sinal decisivo que responde a pergunta dos
discípulos: "Qual será o sinal de que está para acabar-se tudo?" (Mar.
13:1-4, NBE; Mat. 24:1-3).
      Mas Cristo não continua o relato com uma descrição de sua gloriosa
vinda como os discípulos esperavam. Mas procede enfatizar que o
sacrilégio trará um período de angústia sem igual, um período de
tribulações para seus seguidores (Mar. 13:19-23; Mat. 24:16-21). Tudo
isto, reitera Jesus, acontecerá antes que os sinais nos céus introduzam o
Redentor que retorna (Mar. 13:24; Mat. 24:29). Em outras palavras, a
desolação de Jerusalém está separada com toda claridade do segundo
advento pelo intervalo de tempo conhecido como "dias de tribulação"
[thlípsis] para os seguidores de Cristo em todo mundo.
      Este período de aflição é deixado em forma indefinida por Cristo,
mas é uma alusão clara às predições de Daniel de um período de aflição
e apostasia depois que se estabeleceu a abominação desoladora como se
depreende de Daniel 7-12. O primeiro tempo de aflição no livro de
Daniel dura "três tempos e meio" (Dan. 7:25), e deve entender-se como
um símbolo apocalíptico para um longo período, mencionado em forma
reiterada em Apocalipse 11-13 com respeito à era da igreja (ver nesta
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                          8
Segunda parte, o cap. XX). Mas Daniel antecipa, além dos 3 ½ tempos
de aflição (em Dan. 7:25), um tempo posterior de angústia sem
precedentes no tempo do fim (Dan. 11:40-45; 12:1), da qual Miguel
libertará seu povo. Este tempo final de tribulação, diz Daniel, será "qual
nunca houve desde que houve nação até então" (Dan. 12:1; LXX, thlípsis).
      Tanto Mateus como Marcos declaram que a angústia será tão severa
que "ninguém escaparia com vida" se o Senhor não abreviasse esses dias
por amor a seus "escolhidos" (Mar. 13:20; Mat. 24:22). Este anúncio
sugere não uma crise local pequena em Jerusalém, e sim um período
prolongado de angústia universal para o povo de Deus. A referência
adicional a respeito dos falsos cristos e os falsos profetas (Mar.
13:21-23; Mat. 24:24) indica um período estendido de apostasia.
Podemos concluir sem risco que Cristo previu um período extenso de
desolação religiosa depois que o sacrilégio abominável predito nas
profecias de Daniel tivesse aparecido entre seus seguidores. Cristo não
ensinou que a queda de Jerusalém e o fim do mundo eram
acontecimentos idênticos, mas sim que a queda de Jerusalém introduziria
um período de apostasia e tribulação. Parece que Cristo combinou todos
os períodos de angústia para seu povo em uma só declaração, tirada de
Daniel 12:1.
      A chave para entender a perspectiva profética de Cristo é sua
aplicação contínuo-histórica de Daniel: primeiro ao Império Romano e à
geração de seus contemporâneos em Jerusalém, e depois aos períodos de
crescente angústia mundial da qual libertará a seus seguidores em sua
vinda.

             A Aplicação que Cristo Fez da Tipologia

     Qual foi a ocasião que levou Jesus a pronunciar sua profecia de
condenação sobre Jerusalém e de perseguição para seus seguidores até
Sua libertação em sua segunda vinda?
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                         9
     Perto do fim de seu ministério terrestre, Jesus notou o repúdio
decidido de cada evidência de seu messianismo por parte dos dirigentes
judeus. Previu sua iminente morte violenta. Só então pronunciou a
inevitável maldição do pacto: "Eis que vossa casa vai ficar deserta" (Mat.
23:38). O que Cristo quis dizer com esta predição sinistra? Declarou que
o templo em Jerusalém séria privado da presença divina, e seria
destruído, e acrescentou: "Não ficará pedra sobre pedra" (Mar. 13:2).
     Muito pouco tempo depois, enquanto estava sentado no monte das
Oliveiras, alguns de seus discípulos lhe perguntaram em particular:
"Diga-nos, quando serão estas coisas, e que sinal haverá de tua vinda e
do fim do mundo?" (Mat. 24:3). Estas perguntas se relacionam com dois
acontecimentos diferentes. Entretanto, na mente dos discípulos, isso não
estava diferenciado no tempo como "a destruição de Jerusalém" por um
lado e "a segunda vinda de Cristo" para julgar o mundo por outro.
Entretanto, na opinião de Cristo, o juízo iminente sobre Jerusalém e o
juízo final do mundo têm um característico básico em comum: ambos os
juízos são realizados pelo mesmo Deus do pacto. Esta correspondência
essencial de ambos os juízos implica tipologia, algo associado com os
profetas clássicos (ver o cap. II desta obra). Isto significa que Jesus
considerou o iminente dia do Senhor para Jerusalém como um tipo de
aviso do juízo do mundo.
     Em harmonia com a profecia clássica de Israel, Cristo também
combinou os dois juízos divinos em uma perspectiva profética bifocal:

                                                       Juízo do mundo


                          Juízo
                    de Jerusalém


 ________________________________________________________
 A PERSPECTIVA DE JESUS 70 d.C.                        SEGUNDA VINDA
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                           10

      A predição de Jesus não oferece nenhuma classe de adivinhação de
acontecimentos futuros, mas sim, ao contrário, convoca a todas as
pessoas a preparar-se para encontrar-se com Deus. Assim como os
profetas da antiguidade, Jesus projetou como iminente o juízo sobre
Jerusalém ("não passará esta geração", Mar. 13:30; ver mais adiante o
cap. X desta obra), uma vez que colocou o juízo do mundo no distante
tempo do fim ("daquele dia e hora ninguém sabe", Mar. 13:32).
      Jesus recalcou que a razão para a catástrofe iminente de Jerusalém
foi seu rechaço da visitação de Deus por meio do Messias: "E te
derribarão ... porquanto não conheceste o tempo de tua visitação" (Luc.
19:44). Israel tinha rechaçado a seu verdadeiro Rei na pessoa de Cristo.
Como resultado, Deus retirou sua presença, o que deixou só a justiça
retributiva de Deus. Segundo o mesmo princípio, Jesus ordenou que "o
evangelho seja pregado antes a todas as nações" (Mar. 13:10). Só então
virá o juízo do mundo. Por essa razão, Cristo enviou a sua igreja com
uma missão mundial:
     "E será pregado este evangelho do reino em todo mundo, para
testemunho a todas as nações; e então virá o fim" (Mat. 24:14; cf. 28:18-20).
     Jesus também adotou o termo apocalíptico "o fim" do livro do
Daniel. Em Daniel 9:26 e 27, "o fim" emprega-se como um sinônimo
para uma "destruição" decretada divinamente sobre o horrível desolador.
Isto faz pensar que o mundo será destruído pela mesma razão pela que
foi devastada Jerusalém. Assim como Jerusalém foi destruída por
rechaçar o Messias, assim o mundo será destruído por seu rechaço de
Cristo como Salvador. Dessa maneira Cristo revelou a unidade da obra
de Deus.

             Cristo, a Chave para Entender a Profecia
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                        11
     A aproximação do inimigo à área do templo foi o sinal para que os
seguidores de Cristo fugissem. Esse sinal serve como uma admoestação
para todos os crentes, permitindo que escapassem de Jerusalém.
     "Quando virem 'a abominação da desolação' instalada onde não
devia estar – que o leitor entenda! – então os que estiverem na Judéia
fujam para as montanhas" (Mar. 13:14, BJ).
     "Quando, portanto, virdes a 'abominação da desolação', de que
falou o profeta Daniel, instalada no lugar santo – que o leitor entenda! –
então, os que estiverem na Judéia fujam para as montanhas" (Mat. 24:15,
16, BJ).
     "Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que
está próxima a sua devastação. Então, os que estiverem na Judéia, fujam
para os montes; os que se encontrarem dentro da cidade, retirem-se; e os
que estiverem nos campos, não entrem nela. Porque estes dias são de
vingança, para se cumprir tudo o que está escrito" (Luc. 21:20-22).
     É importante reconhecer a função complementar dos três
Evangelhos sinóticos no estudo do discurso profético do Jesus. As frases
idênticas ao começo de cada relato indicam firmemente que Lucas
interpreta a profecia de Marcos da "abominação desoladora" como sendo
cumprida na desolação histórica de Jerusalém pelos exércitos de Roma
em 70 d.C. Lucas acrescenta um esclarecimento importante dele próprio:
que a terrível desolação deve entender-se como um "castigo" divino em
cumprimento de tudo o que haviam predito os profetas de Israel. Mateus
aponta explicitamente o profeta Daniel. Na verdade, Daniel contém a
única profecia das 70 semanas de anos que anuncia a morte violenta do
Messias seguida pela destruição de Jerusalém:
     "E depois das sessenta e duas semanas se tirará a vida ao Messias,
mas não por si; e o povo de um príncipe que virá destruirá a cidade e o
santuário" (Dan. 9:26).
     Quando os exércitos de Roma estavam aproximando-se da "santa
cidade", podiam ser vistos por todos os que estavam na Judéia. Enquanto
que Mateus e Marcos tinham falado só de uma "abominação desoladora"
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                         12
que viria, Lucas explica a seus leitores gentios que esta desolação estava
a ponto de vir sobre Jerusalém por meio dos exércitos romanos (ver Luc.
21:20). A data da publicação do Evangelho de Lucas é debatida, mas se
crê que é cerca do ano 70 d.C. O anúncio de Lucas de que a condenação
de Jerusalém eram os "dias de retribuição, para que se cumpram todas as
coisas que estão escritas" (Luc. 21:22), confirma a interpretação de que a
morte violenta de Cristo e a conseqüente destruição de Jerusalém por
Roma imperial cumpriram a profecia de Daniel 9. A declaração de Lucas
também confirma a predição de Jesus de que sua própria geração não
passaria sem que se cumprissem suas palavras (Mat. 24:34; 23:36; Mar.
13:30, 31).
     Agora podemos tirar a conclusão de que a profecia messiânica de
Daniel das 70 semanas (Dan. 9:24-27) teve seu cumprimento histórico na
morte de Cristo. Deste modo, Cristo é a chave para entender a profecia
de Daniel. Também deve ser nosso guia para entender o cumprimento da
"abominação da desolação", ou, como traduz Cantero-Iglesias, "o
sacrilégio devastador".

                      O Anticristo Abominável

     O termo misterioso de Jesus – "a abominação da desolação" (BJ;
RV 77), "o sacrilégio devastador" (CI) ou "a abominação que causa a
desolação" (NIV) [bdélugma tes eremóseos] – é uma alusão direta à
figura do antimessias que aparece na profecia de Daniel. Inclusive a
visão do Daniel 8 foi denominada pelo anjo interpretador: "a visão da
transgressão assoladora" (Dan. 8:13), "o pecado da desolação" (JS). Esta
visão se centraliza no sacrilégio de pisar o templo de Deus e seus
adoradores por parte de um poder jactancioso.
     Os capítulos posteriores em Daniel (caps. 9-12) aplicam a visão
espantosa de Daniel 8 à era messiânica (9:24-27; 11:31-36; 12:11). Já na
visão do Daniel 8 o próspero profanador desempenhou um papel
proeminente como o adversário do Messias, o "príncipe dos exércitos"
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                         13
ou "Príncipe dos príncipes" (Dan. 8:11, 25). Isto significa que este
desolador do santuário é apresentado no papel de um antimessias desde
tempos tão antigos como quando Daniel escreveu seu livro! Pisoteia o
santuário do Messias, o Príncipe dos exércitos: "O lugar de seu santuário
foi lançado por terra" (Dan. 8:11). A explicação seguinte se estende
sobre sua profanação e destruição: "Por sua astúcia nos seus
empreendimentos, fará prosperar o engano, no seu coração se
engrandecerá e destruirá a muitos que vivem despreocupadamente;
levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes, mas será quebrado sem
esforço de mãos humanas" (Dan. 8:25).
     Esse foi o conceito hebraico da natureza e a sorte do antimessias
vindouro. Em seu discurso profético, Jesus fez mais que reproduzir tão
somente a predição de Daniel. Como o Messias da profecia, alertou a
seus discípulos e à igreja das idades futuras contra a chegada de seu rival
que, portanto, pode ser chamado "o anticristo". Este anticristo não só se
opõe ao verdadeiro culto de adoração, mas também profana o templo de
Deus e engana e persegue os seguidores de Cristo. Dessa forma, o
anticristo ocasiona a grande tribulação para o povo do novo pacto de
Deus (Mar. 13:14-19; Mat. 24:15-21). Só a repentina aparição de Cristo
em seu poder soberano como o Filho do Homem terminará bruscamente
o reinado do anticristo. Cristo prometeu intervir pessoalmente e libertar o
seu povo (Mar. 13:26, 27; Mat. 24:30, 31).
     Muitos expositores notaram um ponto interessante no fato de que
Marcos se refere à "abominação" usando a forma masculina, como
"posta (gr. estekóta, Mar. 13:14) onde não deve estar". Esta forma
pessoal geralmente se interpreta como sugerindo que a ameaça não é
uma apostasia impessoal, mas sim a origina uma pessoa específica.
     Cristo anunciou que depois de sua partida se levantariam muitos
enganadores dizendo: "Eu sou o Cristo". Por outro lado, os verdadeiros
seguidores de Cristo seriam odiados e perseguidos de morte em todo
mundo "por causa de meu nome" (Mar. 13:12, 13; Mat. 24:9-11). O
conflito se intensificaria até o grau em que os falsos cristos e os falsos
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                         14
profetas levariam a cabo milagres e sinais sobrenaturais para insistir em
sua falsa adoração (Mar. 13:19-22; Mat. 24:21-24). Jesus aplica
claramente o personagem antimessias de Daniel a mais de um anticristo
individual, todos os quais desempenham o papel de falsos profetas até o
fim do tempo.
     Por causa de sua aplicação ao tempo do fim, hoje merece nossa
atenção um conselho específico de Jesus a seus discípulos em relação
com a "abominação" que ia avançar contra a cidade apóstata de
Jerusalém: "Então os que estejam na Judéia fujam para os montes" (Mat.
24:16; Mar. 13:14; Luc. 21:21). O conselho do Jesus foi um recordativo
da ordem de Deus a Ló e sua família em Sodoma: "Escapa por tua vida...
escapa ao monte, não seja que pereças" (Gên. 19:17). Tanto Sodoma
como Jerusalém tinham incorrido no juízo. Ambas as cidades tinham
sido pesadas nas balanças do céu e tinham sido achadas faltas. Para
ambas, tinha terminado o tempo de prova. A destruição que caiu sobre
ambas as cidades foi só uma prefiguração de seu juízo futuro. Jesus tinha
admoestado antes a Capernaum:
       "Se em Sodoma se tivessem operado os milagres [do Messias] que em
ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que
menos rigor haverá, no Dia do Juízo, para com a terra de Sodoma do que
para contigo" (Mat. 11:23, 24).
     O conselho premente de Jesus a seus discípulos a fugir de Jerusalém
como o lugar de apostasia e condenação implicava, portanto, sua
chamada a evitar também a condenação final do céu. Os crentes fugiram
no ano 66 D.C. não aos montes literais, e sim à cidade de Pella, no vale
ao outro lado do Jordão, a 25 quilômetros ao sul do Mar da Galiléia.4 No
tempo indicado, os discípulos de Cristo tiveram que apartar-se da cidade
condenada. Sua fuga foi uma fuga tanto da apostasia religiosa como de
seu juízo.
     O livro do Apocalipse ratifica a aplicação do tempo do fim do
conselho de Jesus de fugir de Jerusalém. Em Apocalipse 18 uma voz
celestial anuncia no tempo do fim que "caiu a grande Babilônia", por
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                  15
causa de sua apostasia e posse demoníaca (Apoc. 18:2, 3). O divino
ultimato será ativado então para os que permanecem em Babilônia:
    "Saiam dela, meu povo, para que não sejam partícipes de seus
pecados, nem recebam parte de suas pragas; porque seus pecados
chegaram até o céu, e Deus se lembro de suas maldades" (Apoc. 18:4, 5).
     Deste modo, o conselho de Jesus para fugir de Jerusalém no Mateus
24:16 encontra no tempo do fim sua aplicação universal.
     Sabemos pelas epístolas de Paulo aos Tessalonicenses
(especialmente 2 Tes. 2) e pelas epístolas de João, que o conceito do
anticristo era um tema familiar na igreja apostólica. Portanto, podemos
deduzir que a advertência contra o anticristo foi considerada desde o
começo como uma parte essencial da mensagem que Cristo mesmo
comissionou à igreja. Cristo e os apóstolos Paulo e João já consideraram
a identificação do anticristo como um assunto de legítima importância.
     Um erudito do Novo Testamento, Herman Ridderbos, comenta o
seguinte sobre Mateus 24:15:
      "Alguns comentadores corretamente colocaram este versículo em
relação com o anticristo do que se fala em 2 Tessalonicenses 2:4, quem
'senta-se no templo de Deus como Deus, fazendo-se passar por Deus'.
Embora Jesus estava falando principalmente da queda de Jerusalém, o fim
do mundo e as abominações que traria consigo tinham caído dentro da
esfera de seu discurso do próprio começo (ver Mat. 24:3). Por assim dizer,
descreveu o fim do mundo tal como aconteceu em Jerusalém e à maneira de
Jerusalém. E disse que a aparição abominável e blasfema do anticristo seria
na verdade um dos sinais dos últimos dias".5

     O estudo da doutrina do anticristo nos Evangelhos e nas epístolas é
uma preparação necessária para o estudo do livro do Apocalipse. O
Apocalipse de João pode ser considerado como o desenvolvimento mais
extenso do discurso de Cristo no monte das Oliveiras. Foi dito que João
omitiu o discurso profético de Cristo de seu quarto Evangelho porque
escreveu todo um livro sobre a revelação do Jesus Cristo (Apoc. 1:1).
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                   16
Seja como for, um estudo cuidadoso do livro do Apocalipse é uma parte
indispensável de nossa fé cristã.

                     O Anticristo Pós-Apostólico

     É notável que Marcos e Mateus não identificam o "sacrilégio
abominável" explicitamente com o exército romano como o faz Lucas.
Por conseguinte, a descrição simbólica em Mateus e Marcos está aberta a
mais de uma aplicação, isto é, tanto ao Império Romano idólatra como a
um futuro profanador religioso do templo de Deus. Para dizer de forma
diferente, tanto o exército romano como o anticristo estão descritos em
uma perspectiva do futuro que os inclui ambos. A aplicação local se
amplia, de acordo com a tipologia bíblica, em um cumprimento cada vez
mais universal.
     Jesus usou a perspectiva profética de combinar o cumprimento
histórico iminente e o cumprimento futuro do tempo do fim sem deter-se
em nenhum lapso de tempo intermediário. Contempla todos os
messianismos políticos e religiosos essencialmente como uma
abominação, mesmo que se pressentem em mais de uma manifestação
histórica: primeiro dentro do judaísmo; depois, dentro do cristianismo. O
novo Israel (a igreja) repetiria a história do antigo o Israel (ver Ezeq. 8 e
9) e desenvolveria outra apostasia religiosa em sua adoração que
provocaria o juízo divino. A apostasia do cristianismo estaria encarnada
no anticristo e em seu culto religioso sacrílego. Os pretendentes
messiânicos judeus que afirmavam que Jerusalém e o templo nunca
cairiam, foram só cumprimentos parciais ou tipos do falso messianismo
que ia aparecer dentro da igreja. Toda vez que a um líder religioso de
qualquer denominação cristã lhe concede excessiva reverência e a última
autoridade, obscurece-se o único lugar e a glória do reinado de Cristo.

     Cristo advertiu a seu seguidores: "Então, se alguém vos disser: Eis
aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; porque surgirão falsos cristos
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                         17
e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se
possível, os próprios eleitos" (Mat. 24:23, 24; cf. Mar. 13:21, 22). Não é
a realização de grandes sinais e milagres, e sim a autorizada Palavra de
Deus e o testemunho do Jesus o que forma a norma final da verdade.
Jesus alertou à igreja ao dever que tem para detectar o engano do
anticristo.
     A advertência do Jesus contra o sacrilégio ou a abominação que
viria se refere a muito mais que ao exército romano entrando em
Jerusalém em 70 d.C. O sacrilégio do anticristo se desenvolveria mais
tarde em uma forma mais completa dentro da igreja, como o explicou
Paulo em 2 Tessalonicenses 2. Este cumprimento se estenderia através
da Idade Média e encontraria uma manifestação renovada no tempo do
fim. Em seu discurso profético, Cristo não explicou de uma maneira
explícita como se manifestaria exatamente o "sacrilégio" de sua obra
redentora na história da igreja. Esse é o tema de 2 Tessalonicenses 2 e do
livro do Apocalipse.

                O Estilo Apocalíptico de Mateus 24

     Não se pode reduzir a estrutura da profecia mestra de Cristo a uma
perspectiva puramente tipológica. O discurso tem uma estrutura
complexa no que se pode detectar a reiteração e a recapitulação.
Entretanto, só uns poucos reconheceram que a estrutura da profecia de
Jesus está modelada segundo o livro do Daniel, quer dizer, que há um
paralelismo progressivo. A repetição e a ampliação são características
tanto de Daniel como do Apocalipse. E como bem o notou LeRoy E.
Froom, "tanto Daniel como João começam com a revelação de coisas
que aconteceriam em seu próprio tempo, e levam o leitor a grandes
passos através dos séculos, com a revelação de acontecimentos que
chegam até o fim da era cristã".6
     As visões do Daniel 2, 7 e 8 em essência são reiterativas, mas com
todo cada uma acrescenta detalhes para esclarecer o tema básico. Jesus
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                       18
insistiu com seus seguidores a ler e entender as profecias apocalípticas
de Daniel (Mat. 24:15). Mateus apresenta o discurso de Jesus para seu
auditório judeu em uma forma que reflete o estilo do livro de Daniel.
      Em Mateus 24 podem distinguir-se duas predições paralelas, e cada
uma conclui com o fim ou a segunda vinda de Cristo: a primeira nos
versículos 1-14; a segunda nos versículos 15-31. O cumprimento
universal de ambas as séries está declarado nas palavras seguintes:
     "E será pregado este evangelho do reino em todo o mundo, para
testemunho a todas as nações; e então virá o fim" (Mat. 24:14).
     "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e então
lamentarão todas as tribos da terra, e verão o Filho do Homem vindo sobre
as nuvens do céu, com poder e grande glória" (v. 30; ver também o v. 44).
     A estrutura paralela das duas predições da era da igreja, culminando
cada uma na segunda vinda de Cristo, é similar às profecias apocalípticas
de Daniel. Além disso, Mateus 24 também revela algumas similitudes
teológicas com o Daniel. A unidade cuidadosamente estruturada do
Mateus 24:10-12, que se enfoca sobre o aumento da maldade [anomia]
(v. 12), pode entender-se melhor como uma expansão da apostasia
profetizada no livro de Daniel. A frase "o amor de muitos [tom polón]
esfriará-se" (Mat. 24:12) é uma alusão a quão muitos apostatariam do
pacto de Deus descrito em Daniel 11:32. Isto significa que o aumento
estendido da maldade em Mateus 24:12 aumenta a iniqüidade idólatra
da "abominação desoladora" de Daniel.
     Estamos de acordo com a conclusão de David Wenham de que a
predição de Jesus em Mateus 24:10-12 descreve "um aumento
escatológico da apostasia em termos daniélicos".7 Foi desta maneira
como Daniel predisse a era cristã e sua decadência espiritual.

          A Ênfase de Lucas Sobre o Curso da História

     Enquanto que Mateus 24 e Marcos 13 apresentam a aplicação que
Cristo faz do anticristo de Daniel em uma dupla perspectiva – na qual o
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                          19
cumprimento iminente e o do tempo do fim se relacionam como tipo e
antítipo –, Lucas 21 enfatiza mais a ordem histórica dos acontecimentos
na história da igreja.
      Como historiador (ver Luc. 1:1-4), Lucas estava mais interessado
em um cumprimento contínuo-histórico da profecia do Daniel. Isto não
quer dizer que Lucas busque descrever uma seqüência detalhada dos
eventos, em que cada um se harmonize com algum símbolo apocalíptico
das séries esboçadas por Daniel; esse enfoque é o que Paulo segue em 2
Tessalonicenses 2 e mais profundamente o Apocalipse de João. O
interesse de Lucas é mais indicar que entre a queda de Jerusalém e o
glorioso advento de Cristo transcorreria um período de tempo
considerável. Esta realidade devia esfriar a febre apocalíptica de todos os
que esperavam a volta iminente de Cristo conjuntamente com a
destruição de Jerusalém. Por conseguinte, Lucas coloca o clamor: "O
tempo está perto" (Luc. 21:8), nos lábios dos falsos profetas!
      Só Lucas aplica o sinal de Jesus da aproximação da "abominação da
desolação" ao assédio de Jerusalém por forças militares (Luc. 21:20). Ao
que Mateus e Marcos tão-somente fizeram alusão, Lucas o aplica
explicitamente a um acontecimento histórico específico para Jerusalém,
pode-se dizer que Lucas faz concreta para sua geração a admoestação de
Jesus da vindoura "abominação da desolação", quando diz: "Quando
virem Jerusalém rodeada de exércitos..." (Luc. 21:20). Muitos eruditos
bíblicos admitem o relatório de Flavio Josefo, que disse que os exércitos
romanos se distinguiam por sua reverência para as bandeiras militares
com as insígnias imperiais.8
      Além disso, Lucas declara que a destruição de Jerusalém foi o
tempo do "cumprimento de tudo o que está escrito" (Luc. 21:22, JS),
uma alusão a Daniel 8 e 9. Coloca a devastação de Jerusalém dentro da
providência e reino soberano de Deus. Esta catástrofe histórica forma
uma parte significativa da história da revelação divina à nação judia,
Cristo até adicionou uma finalidade sem precedentes a esse juízo: "Vós
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                       20
também encheis a medida de seus pais!... De certo vos digo que tudo isto
virá sobre esta geração" (Mat. 23:32, 36).
     Mateus e Marcos fazem alusão ao intervalo entre a queda de
Jerusalém e a volta de Cristo, declarando que será um tempo de
tribulação sem igual para os escolhidos (Mat. 24:21, 22; Mar. 13:19, 20).
Esses "escolhidos" são qualificados depois por Cristo como "seus"
escolhidos (Mat. 24:31). Por conseguinte, são crentes cristãos. Isto
significa que os verdadeiros crentes em Cristo não serão arrebatados do
mundo antes do tempo da tribulação, mas sim passarão por ela. Mateus
acrescenta que esses dias serão abreviados por causa dos escolhidos
(Mat. 24:22).
     Com respeito ao período entre os dois adventos, Lucas faz uma
declaração reveladora: "Até que os tempos dos gentios se completem,
Jerusalém será pisada por eles" (Luc. 21:24). Aqui Lucas assinala que a
segunda vinda de Cristo não deve esperar-se pouco depois da destruição
de Jerusalém. Ao denominar a esse período intermediário "tempos de
gentios" (sem artigo no original), em uma forma geral, Lucas os
caracteriza como tempos de opressão para Jerusalém e para os judeus.
Muitos expositores consideram que esses "tempos de gentios"
começaram no ano 70 d.C. e terminarão só quando toda a dominação
gentia sobre os judeus for esmagada pelo advento de Cristo (ver Dan.
2:34, 35, 44; Apoc. 19:11-21). Esta conclusão parece ser confirmada
pela profecia de Daniel, que a "desolação" continuará até o fim (Dan.
9:26, 27).

     Enquanto Mateus e Marcos seguem a estrutura de uma perspectiva
profética dupla ou bifocal, a descrição de Lucas do discurso de Jesus se
caracteriza mais por uma sucessão direta de acontecimentos históricos.
Mateus e Marcos representam a perspectiva tipológica da profecia
clássica dos profetas de Israel com sua escala de tempo condensada.
Entretanto, Lucas escolhe seguir o modelo contínuo-histórico inserindo a
frase "tempos de gentios" depois da queda de Jerusalém. Ambos os
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                       21
enfoques são complementares e igualmente válidos, porque cada um
continua uma tradição do Antigo Testamento: a profecia clássica e o tipo
contínuo-histórico da apocalíptica de Daniel.

             A Teologia de Cristo dos Sinais Cósmicos

      Nos três Evangelhos sinóticos a aparição do Filho do Homem está
anunciada por sinais cósmicos. Esses sinais acompanharão a vinda do
Filho do Homem quando trouxer o reino de Deus aos santos (Mar.
13:24-27; Mat. 24:29-31; Luc. 21:25-28).
      Um breve exame da linguagem figurada cósmica na tradição
profética mostrará sua significação teológica. Os profetas empregaram os
sinais no céu como um idioma estereotipado para indicar um juízo
retributivo de Jeová:
      1. Contra Babilônia:
      "Olhem: Chega o dia do SENHOR... para fazer da terra uma
desolação... Os astros do céu, as constelações, não cintilam sua luz;
entreva-se o sol ao sair, a lua não irradia sua luz. Porque sacudirei o céu e
se moverá a terra de seu lugar. Pela cólera do Senhor, o dia do incêndio de
sua ira" (Isa. 13:9, o, 13, NBE).

     2. Contra Egito:
      "E quando te tiver extinto cobrirei os céus, e farei escurecer suas
estrelas; o sol cobrirei com nublado, e a lua não fará resplandecer sua luz.
Farei escurecer todos os astros brilhantes do céu por ti, e porei trevas sobre
sua terra, diz Jeová o SENHOR" (Ezeq. 32:7, 8).

     3. Contra Jerusalém:
      "Diante dele [o exército de lagostas] tremerá a terra, estremecer-se-ão
os céus; e o sol e a lua se obscurecerão, e as estrelas retrairão seu
resplendor. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que
venha o grande e espantoso dia de JEOVÁ... Porque está perto o dia de
JEOVÁ no vale da decisão. O sol e a lua se obscurecerão, e as estrelas
retrairão seu resplendor" (Joel 2:10, 31; 3:14, 15).
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                             22

     4. Contra Judá:
     "Porque assim diz JEOVÁ dos exércitos: Daqui a pouco eu farei tremer
os céus e a terra, o mar e a terra seca; e farei tremer todas as nações, e virá
o Desejado de todas as nações; e encherá de glória esta casa, disse JEOVÁ
dos exércitos... Fala com Zorobabel governador de Judá, dizendo: Eu farei
tremer os céus e a terra; e transtornarei o trono dos reinos, e destruirei a
força dos reinos das nações; transtornarei os carros e os que neles sobem, e
virão abaixo os cavalos e seus cavaleiros, cada qual pela espada de seu
irmão" (Ag. 2:6, 7, 21, 22).

     5. Na descrição poética que Habacuque faz do guerreiro divino
contra Babilônia:
     "O sol e a lua se pararam em seu lugar; à luz de suas setas andaram, e
ao resplendor de seu fulgente lança " (Hab. 3:11).

     6. Contra Israel (as o tribos em apostasia):
     "Acontecerá naquele dia, diz Jeová o SENHOR, que farei que fique o
sol ao meio-dia, e cobrirei de trevas a terra no dia claro" (Amós 8:9; 9:5
[primeiras 2 linhas]; cf. Jer. 15:9 para Jerusalém).

     7. Contra Edom:
      "E todo o exército dos céus se dissolverá, e se enrolarão os céus como
um livro; e cairá todo seu exército, como cai a folha da parra, e como cai a
da figueira" (Isa. 34:4).

     8. Contra o mundo inteiro:
      "A terra será de todo quebrantada, ela totalmente se romperá, a terra
violentamente se moverá... A lua se envergonhará e o sol se confundirá,
quando JEOVÁ dos exércitos reinar no monte de Sião e em Jerusalém, e
diante de seus anciões seja glorioso" (Isa. 24:19, 23).

     Em todas estas passagens, os sinais celestes servem só para
introduzir o juízo do dia do Senhor, mesmo que se refiram cada vez a
uma sentença iminente na história. Os sinais anormais no Sol, na Lua e
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                       23
nas estrelas eram parte da linguagem apocalíptica corrente dos profetas
de Israel. A dimensão cósmica ensinou Israel a ver os juízos históricos
de Deus como tipos de seu juízo final. Portanto, o propósito moral dessa
linguagem figurada cósmico era uma advertência implícita a preparar-se
para o juízo iminente do dia do Senhor.
     Jesus modificou o significado teológico desta linguagem figurada
cósmica, mudando de ordem os sinais no céu para cerca de sua própria
manifestação futura como o Filho do Homem:
     "O sol obscurecerá, e a lua não dará seu resplendor, e as estrelas
cairão do céu, e as potências dos céus serão comovidas. Então aparecerá
no céu o sinal do Filho do homem; e então todas as tribos da terra
lamentarão, e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e grande glória" (Mat. 24:29, 30; cf. Mar. 13:24-26).
     É evidente que Jesus emprega só a linguagem do Antigo
Testamento para descrever sua segunda vinda. Cristo combina dois
oráculos de juízo, um contra Babilônia (ver Isa. 13:10) e um contra
Edom (ver Isa. 34:4). A fusão que faz Jesus das duas passagens
proféticas de juízo ensina que estas profecias se cumpriram só de forma
parcial na queda da antiga Babilônia e do Edom. Na teologia de Cristo,
estes oráculos encontrarão sua consumação completa no juízo cósmico-
universal em seu segundo advento. A mensagem surpreendente de Cristo
é que o juízo do mundo não virá só de Jeová. Será executado por seu
Filho, que é o Filho do Homem da profecia do Daniel:
     "Porque o Pai a ninguém julga, mas sim todo o juízo deu ao Filho... E
também lhe deu autoridade de fazer juízo, por quanto é o Filho do Homem"
(João 5:22, 27).
      Como resultado do discurso profético do Jesus, qualquer teofania
(manifestação de Deus) no Antigo Testamento se reestrutura como uma
gloriosa cristofania (manifestação de Cristo). Esta interpretação
cristológica do dia do Senhor é uma verdade teológica assombrosa na
aplicação que Jesus faz do livro de Daniel. Em sua nova teologia, Cristo
transferiu os sinais cósmicos dos livros proféticos à sua própria
manifestação futura, de tal modo que todas as profecias de Israel
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                   24
começam e terminam nele. Esta é a essência da teologia de Cristo dos
sinais cósmicos. Esta conclusão se confirma na tese sobre Mateus
24:27-31 do Dr. Ki Kon Kim:
      "O vocabulário e os temas do Antigo Testamento, de seu ponto de vista
profético e apocalíptico, proporcionam a estrutura da cena da parousia tal
como a apresenta Mateus. Ele combina quase todo o vocabulário
apocalíptico dos temas do Antigo Testamento em sua cena da parousia, e
descreve que todos os termos proféticos e os símbolos apocalípticos do
Antigo Testamento se encontram e se cumprem no Filho do Homem, quem
virá nas nuvens do céu com poder e grande glória. Essa é a razão principal
pela qual Mateus 24:29-31 mostra mais continuidade com o Antigo
Testamento que nenhum outra passagem no Novo Testamento".9

      Alguns eruditos consideram a linguagem figurada cósmica só como
algo simbólico, como uma linguagem metafórica para dar a entender o
começo da era messiânica (como se diz que fez Pedro no At. 2:19, 20).
Nesse caso, os sinais no céu serviriam só como "efeitos cênicos
apocalípticos" que não pertencem à substância da profecia e que,
portanto, não requerem um cumprimento literal. Entretanto, outros
estudantes da Bíblia mais conservadores advertiram que não se
confundam as expressões poéticas com o alegorismo. Preferem chamar
esta linguagem figurada cósmica como "linguagem semi poética",
porque representa acontecimentos escatológicos que transcendem nossa
experiência histórica limitada. Se a segunda vinda de Cristo é uma vinda
literal, então também deve pensar-se nos sinais da parousia como
eventos cósmicos literais.
      Os Evangelhos do Mateus e Marcos parecem indicar que os sinais
cósmicos introduzem e acompanham o segundo advento de Cristo.
Entretanto, o relatório do Lucas sugere que os "sinais no sol, na lua, e
nas estrelas" podem também ser um prelúdio à vinda do Filho do
Homem. Lucas associa os sinais no céu com desastres naturais sobre a
terra, que juntos produzirão pavor nos corações de todos: "Haverá
homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                 25
sobrevirão ao mundo; pois os poderes dos céus serão abalados" (Luc.
21:25, 26).

         A Universalização que Cristo Fez das Profecias
                       do Tempo do Fim

     A culminação final do discurso de Jesus se centra na vindicação de
seus discípulos caluniados através dos séculos. O Filho do Homem virá
com seus anjos para reunir a si "seus escolhidos" de todos os pontos
cardeais do mundo (Mar. 13:27; Mat. 24:31). Mateus acrescenta que essa
reunião será precedida "com grande voz de trombeta" (Mat. 24:31), uma
alusão direta ao som da trombeta do jubileu no panorama apocalíptico de
Isaías: "Acontecerá naquele dia... vós, filhos do Israel, sereis reunidos
um a um. Acontecerá também naquele dia, que se tocará com grande
trombeta" (Isa. 27:12, 13).

     Jesus declarou que todas as antigas promessas do pacto que
anunciam que Israel seria reunido ou restaurado como povo de Deus,
cumprir-se-ão em seus seguidores em sua segunda vinda. Serão "seus
escolhidos" (ver também Luc. 21:28; cf. 1 Ped. l:1, 2; 2:9). Com o qual
Cristo definiu o Israel de Deus em termos de seus próprios discípulos.
Por conseguinte, constituiu o povo de Deus do novo pacto como o povo
de Cristo.
     Além disso prometeu que a sua vinda "lamentarão todas as tribos
[fulái] da terra" (Mat. 24:30). Esta frase é uma alusão à profecia de
Zacarias que prediz que todas as tribos "na terra" [Palestina] se
lamentarão porque olharão a Deus como "a quem transpassaram" (Zac.
12:10-14). Cristo aplicou de novo este oráculo de juízo nacional de
Zacarias em uma escala mundial, para cumprir-se em "todas as tribos da
terra" (Mat. 24:30). Todas estas tribos ou linhagens da raça humana
verão "o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                       26
grande glória" (V. 30). Esta aplicação universal das tribos de Israel
forma também uma tônica no livro do Apocalipse:
     "Vejam, vem com as nuvens e todos os olhos o verão e até os que o
transpassaram; e farão luto todas as tribos [fulái] da terra. Sim, assim
seja" (Apoc. 1:7, JS; CI).

     Cristo mesmo introduziu este principio de universalizar os oráculos
de juízos locais e nacionais de Israel. Não foi um literalista ou um racista
em sua interpretação profética das Escrituras. Universalizou de uma
maneira consistente as promessas do pacto de Israel, e o princípio de
aplicação mundial das profecias hebraicas chegou a ser uma parte
essencial da interpretação apostólica da Escritura.

                                 Resumo

     O discurso do monte das Oliveiras apresenta o comentário de Cristo
sobre as profecias apocalípticas de Daniel. Jesus fez aplicações históricas
todas as quais se centram ao redor de seu primeiro e segundo adventos.
Com isso deu às predições do Daniel uma interpretação cristológica
como a chave para decifrar a profecia apocalíptica. Explicou com
franqueza que a profetizada queda de Jerusalém seria o resultado do
rechaço final de seu messianismo por parte do Israel. Até seus próprios
seguidores teriam que sofrer condenação à mãos de religiosos fanáticos
falsos. Mas a vindicação final dos santos verdadeiros e a sentença
definitiva de seus perseguidores será quando Cristo retorne como o Filho
do Homem que Daniel apresenta, acompanhado por uma nuvem de
anjos. Então, todas as tribos do mundo terão que fazer frente ao mesmo
juízo do qual teve que fazer frente Jerusalém.
     Segundo os Evangelhos do Marcos e Mateus, Jesus colocou ambos
os juízos em uma perspectiva tipológica, em harmonia com a estrutura
da profecia clássica. O Evangelho de Lucas apresenta uma perspectiva
complementar: a de uma aplicação contínuo-histórica da profecia
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                          27
apocalíptica de Daniel. Jesus não fundamentou suas expectativas
proféticas em nenhuma das especulações ou programas apocalípticos
judeus. Por isso se refere a isto, foi um antiapocalíptico. Falou do futuro
só na linguagem dos profetas do Antigo Testamento.
     A novidade de sua opinião foi o princípio interpretativo de que as
profecias de Israel se cumpririam só nele e por meio dele. Transformou
toda a profecia apocalíptica em escatologia cristológica, quer dizer, em
cumprimentos centrados em Cristo. Por conseguinte, as promessas do
pacto de Deus com Israel se cumprirão só em quem esteja unido com
Cristo. O propósito moral do discurso profético de Cristo é recalcar à sua
igreja a necessidade de estar preparada para sua breve vinda:
     "Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no
céu, nem o Filho, senão o Pai. Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não
sabeis quando será o tempo" (Mar. 13:32, 33).
     A frase bíblica "os últimos dias" indica que a primeira e a segunda
vinda de Cristo são uma unidade inseparável. Não importa quantos
séculos possam passar entre a ressurreição de Cristo e sua volta, ambos
os eventos messiânicos são um para o outro como dois momentos de um
inquebrantável plano de Deus. Porque o Messias já veio, e agora é o
Senhor exaltado de todos, o segundo advento sempre está "perto" para os
olhos da fé e deve ser esperado com uma paciência rigorosa. Esta certeza
é a mesma essência da esperança do evangelho. Contudo, Cristo também
reconheceu a necessidade de sustentar esta esperança ao nos dar sinais
no tempo histórico que indicariam, para o investigador perspicaz, a
última fase da história da redenção.
    "Ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei a vossa
cabeça; porque a vossa redenção se aproxima" (Luc. 21:28).

     Todos os relatos dos Evangelhos sinóticos concluem com uma lição
da figueira que brota: "Quando já seu ramo está tenro, e brotam as
folhas, sabeis que o verão está perto" (Mat. 24:32; Mar. 13:28; cf. Luc.
21:29). Isto significa que embora não podemos conhecer "o dia nem a
hora" não temos desculpa por ignorar os sinais dos tempos,
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                       28
particularmente o sinal a respeito da grande apostasia dentro da igreja
cristã.
      Esperar a vinda de Cristo exige uma vigilância incessante e um
conhecimento do cumprimento progressivo da profecia apocalíptica de
Daniel. A escatologia bíblica chegará a ser relevante para o presente só
quando os sinais do fim forem tomados em seu cumprimento histórico.
Discernir os sinais enquanto mantemos nossa vista na vinda do Senhor,
revitalizará nossa fidelidade ao Jesus.

    Referências
    Para a Bibliografia, ver nas páginas 82-84.

    1. "Salmos de Salomão", 17, em Charlesworth, The Old Testament
       Pseudepigrapha, v. 2, p. 667.
    2. Flavio Josefo, Obras completas... Antiguidades judias. X, 11, 7
       (v. 2, pp. 213-215).
    3. Ver o livro de Wenham, The Rediscovery of Jesus'
       Eschatological Discourse
    4. Ver Eusébio de Cesárea, História Eclesiástica (Buenos Aires:
       Editorial Nova, 1950), III, 5, pp. 106, 107.
    5. Herman Ridderbos, Matthew, [Mateus] (Grand Rapids:
       Zondervan, 1987), p. 444.
    6. L. E. Froom, The Prophetic Faith of Our Fathers, v. 4, p. 1241.
    7. Ver o artigo de Wenham a respeito de Mateus 24:10-12, N.° 31,
       p. 161.
    8. William Whiston, trad., The Works of Josephus: Wars [As obras
       do Josefo: Guerras] (Peabody, Massachusetts: Hendrickson
       Publishers, 1987), VI, 6, 1 (p. 743).
    9. K. K. Kim, The Signs of the Parousia: A Diachronic and
       Comparative Study of the Apocalyptic Vocabulary of Matthew
       24:27-31, v. 2, p. 391.
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                   29


       FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO VI

    Livros
  Beasley-Murray, George R. Jesus and the Future [Jesus e o Futuro].
      Londres, Macmillan, 1954.
  ____________. A Commentary on Mark 13 [Um Comentário sobre
      Marcos 13]. Londres, Macmillan, 1957.
  ____________. Jesus and the Last Days [Jesus e os Últimos Dias].
      Peabody, MA: Hendrickson 1993.
  Charlesworth, J. H., ed., The Old Testament Pseudepigrapha [Os
      Livros Pseudoepigráficos do Antigo Testamento]. Garden City,
      New York: Doubleday, 1983-1985. 2 ts.
  Conzelman, H. The Theology of Luke [A Teologia de Lucas].
      Filadélfia: Fortress Press, 1982. Segunda parte: "Luke's
      Eschatology" [A Escatologia de Lucas].
  Cranfield, C. E. B. The Gospel According to St. Mark [O Evangelho
      Segundo São Marcos]. Cambridge: Cambridge University Press,
      1959.
  Dodd, C. H. More New Testament Studies [Mais Estudos do Novo
      Testamento]. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1968. Cap.
      6: "The Fall of Jerusalem and the 'Abomination of Desolation' "
      [A Queda de Jerusalém e a "Abominação da Desolação"].
  Ford, Desmond. The Abomination of Desolation in Biblical
      Eschatology [A Abominação da Desolação na Escatologia Bíblica].
      Washington, D.C.: University Press of America, 1979. Caps. 2-4.
  France, R. T. Jesus and the Old Testament [Jesus e o Antigo
      Testamento]. Londres, Intervarsity Press, 1971. Apêndice A.
  Froom, LeRoy. E. The Prophetic Faith of Our Fathers [A Fé Profética
      de Nossos Pais]. 4 ts. Washington, D.C.: Review and Herald,
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                    30
      1946-1954. T. 4, Apêndices H (sobre Mateus 24) e B (The
      "Falling of the Stars" [A "queda das estrelas"]).
  Gaston, L. No Stone One Another. Studies in the significance of the
      Fall of Jerusalem in the Synoptic Gospels [Não se Apedrejem.
      Estudos sobre o Significado da Queda de Jerusalém nos
      Evangelhos Sinóticos]. Leiden: E. J. Brill, 1970.
  Hartman, L. Prophecy Interpreted [A Profecia Interpretada]. Uppsala:
      Gleerup, 1966.
  Kim, Ki Kon. The Signs of the Parousia: A Diachronic and
      Comparative Study of the Apocalyptic Vocabulary of Matthew
      24:27-31 [Os Sinais da Parousia: Um Estudo Diacrônico e
      Comparativo do Vocabulário Apocalíptico de Mateus 24:27-31].
      2 ts. Tese doutoral, Seminário Teológico da Universidade
      Andrews, 1994 (K491).
  Ladd, George E. The Presence of the Future [A Presença do Futuro].
      Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1973.
  LaRondelle, Hans K. The Israel of God in Prophecy. Principles of
      Prophetic Interpretation [O Israel de Deus na Profecia.
      Princípios de Interpretação Profética]. Estudos monográficos em
      religião da Universidade Andrews, T. XIII. Berrien Springs, MI:
      Andrews University Press, 1993, 8.ª edição.
  Ridderbos, Herman. The Coming of the Kingdom [A Vinda do Reino].
      Filadélfia, P: The Presbyterian and Reformed Publ. Co., 1962.
      Cap. 10.
  Wenham, David. The Rediscovery of Jesus' Eschatological Discourse
      [O Redescobrimento do Discurso Escatológico de Jesus]. T. 4 da
      Coleção Gospel Perspectives [Perspectivas do Evangelho].
      Sheffield: JSOT Press, 1986.
  White, Ellen G. O Desejado de Todas as Nações. Tatuí, S. Paulo,
      Casa Publicadora Brasileira.
A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel                    31


    Artigos

  Casebolt, G. "Is Ellen White's Interpretation of Biblical Prophecy
      Final?" [É Definitiva a interpretação de Ellen White da Profecia
      Bíblica?], Spectrum [Espectro] 12, 4 (1982), pp. 2-9.
  Cranfield, C. E. B. "St. Mark13" [São Marcos 13], SJT 6 (1953), pp.
      189-196, 287-303; 7 (1954), pp. 284-303.
  Holman, G. L. "The idea of an Imminent Parousia in the Synoptic
      Gospels" [A Idéia de uma Parousia Iminente nos Evangelhos
      Sinóticos], SBTh 3 (1973), pp. 15-31.
  LaRondelle, Hans K. "Did Jesus Intend to Return in the First
      Century?" [Teve Jesus o Propósito de Retornar no Primeiro
      Século?], Ministry [Ministério], maio de 1993, pp. 10-13.
  Wenham, David. "A Note on Matthew 24:10-12" [Uma Nota sobre
      Mateus 24:10-12], Tyndale Bulletin [Boletim de Tyndale] 31
      (1980), pp. 155-162.

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  • 1. A COMPREENSÃO DE CRISTO DAS PROFECIAS DE DANIEL A aplicação que Jesus fez dos termos simbólicos tirados do livro do Daniel – tais como "reino", "Filho de Homem" e "abominação desoladora" – indicam que manifestou um profundo interesse nas profecias apocalípticas de Daniel. Aplicou as expressões daniélicas a sua própria missão messiânica. Por esse meio Cristo ensinou que a descrição das visões de Daniel eram de importância fundamental para sua igreja. Sua própria perspectiva segue o esboço da história da salvação de Daniel. É conhecido como Discurso do Monte das Oliveiras ou discurso escatológico de Jesus, porque o pronunciou enquanto estava sentado no monte das Oliveiras, ao oriente de Jerusalém (Mat. 24; Mar. 13; Luc. 21). O quadro que Cristo pintou dos acontecimentos futuros para Jerusalém e para seus seguidores em todo mundo é similar ao que foi esboçado primeiramente pelo profeta Daniel. O discurso do monte das Oliveiras foi chamado por alguns como "os comentários ou Midrash* de Jesus sobre o livro do Daniel". É amplamente reconhecido que as profecias de longo alcance de Daniel – com sua predição da apostasia, a perseguição, o juízo e a vindicação final dos fiéis – deram forma ao discurso escatológico de Cristo. Esta conexão pode ver-se sem dificuldades da seguinte lista comparativa: Daniel Jesus * Nota do Tradutor: Midrash é uma mera transliteração do substantivo hebraico midräs, que é um termo cunhado na última época bíblica e que no período rabínico toma o sentido preciso de "interpretação e exposição" do texto bíblico. (Ver Aranda, Literatura judía intertestamentaria, pp. 470, 477.)
  • 2. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 2 "Quando se cumprirão estas "Dize-nos quando sucederão estas maravilhas?" (Dan. 12:6) O anjo coisas, e que sinal haverá quando todas respondeu que quando acabe a dispersão elas estiverem para cumprir-se?" [méle do poder do povo santo, "estas coisas táuta sunteleísthai pánta] (Mar. 13:4). todas se cumprirão" [na LXX: suntelesthénai pánta táuta] (Dan. 12:7). "O que há de ser nos últimos dias" [na "É necessário assim acontecer" [dei LXX: ti dei genésthai metá táuta: O que genésthai] (Mar. 13:7). deve suceder no futuro] (Dan. 2:28). "Mas o povo dos que conhecem o seu "Sereis odiados de todos por causa do Deus se tornará forte e ativo … Alguns meu nome; aquele, porém, que dos sábios cairão ... até ao tempo do fim, perseverar até ao fim, esse será salvo" porque se dará ainda no tempo (Mar. 13:13; Mat. 24:13). determinado. ... mas, naquele tempo, será salvo o teu povo" (Dan. 11:32, 35; 12:1). "Até quando durará a visão do sacrifício "Quando virdes a abominação da diário e da transgressão assoladora, visão desolação instalada onde não deve estar" na qual é entregue o santuário e o (Mar. 13:14, BJ). exército, a fim de serem pisados?" (Dan. 8:13). "Sobre a asa das abominações virá o "Quando , portanto, virdes a assolador" (Dan. 9:27). abominação da desolação … instalada no lugar santo" (Mat. 24:15, BJ). "tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora" (Dan. 11:31; cf. 12:11). "E haverá tempo de angústia, qual nunca "Porque aqueles dias serão de tamanha houve, desde que houve nação até àquele tribulação como nunca houve desde o tempo" (Dan. 12:1). princípio do mundo" (Mar. 13:19; Mat. 24:21). "E eis que vinha com as nuvens do céu "Então, verão o Filho do Homem vir nas um como o Filho do Homem …Foi-lhe nuvens, com grande poder e glória" dado domínio, e glória, e o reino" (Dan. (Mar. 13:26; cf. Mat. 24:30). 7:13,14).
  • 3. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 3 Dos paralelos citados, chega a ser evidente que Jesus seguiu a seqüência dos eventos futuros de Daniel em seu próprio discurso. Cristo aplicou o esboço de Daniel ao futuro imediato de Israel e de seus discípulos. Portanto, cada uma das declarações de Cristo deve entender- se contra o transfundo da profecia de Daniel da história da salvação. Daniel apresentou o drama de um conflito religioso que se concentra em um que invade a terra santa, profana o templo de Israel estabelecendo sua própria "abominação" ou objeto de adoração falsa, em lugar da verdade de Deus, e persegue os santos, cuja "angústia" durará por "três tempos e meio". A reação de Deus chega na forma de "um semelhante a um filho de homem", a quem é ordenado no céu que execute o juízo de Deus sobre esse intruso maligno. Restaura a verdadeira adoração no templo de Deus e vindica os adoradores tratados injustamente. O tema de Daniel é descrito em 2 visões que formam um paralelismo progressivo e complementar (caps. 7 e 8). Os capítulos finais de Daniel (9 e 10-12) consistem em notas explicativas do anjo quanto às duas visões. Entretanto, o tema principal do livro de Daniel é a segurança da restauração da verdade do santuário de Deus e a libertação de seu povo fiel do pacto por meio do Filho do Homem, que vem nas nuvens do céu. Ele executa o juízo sobre o "chifre pequeno", o desolador que está na terra. Do mesmo modo, Jesus conecta o templo e sua profanação futura com uma "abominação da desolação" ou sacrilégio. Depois assegura a seus seguidores que voltará no poder e a glória do celestial Filho do Homem (de Dan. 7) para resgatar a seus fiéis e reuni-los no reino messiânico de Deus. Dessa forma, Cristo anula a sentença de morte tão injustamente imposta aos fiéis pelo anticristo. Segundo os Evangelhos sinóticos, Jesus adotou algumas frases- chave apocalípticas de Daniel e as aplicou a si mesmo como Messias, e outras frases aplicou a Jerusalém e a seus seguidores:
  • 4. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 4 Dan. 7:13 (Um filho de homem que vem nas nuvens do céu para vindicar os santos acusados) é aplicada a Cristo em Marcos 13:26. Dan. 8:13 (O santuário seria pisoteado) aplica-se a Jerusalém em Lucas 21:24. Dan. 9:27 (O desolador porá seu sacrilégio dentro do templo) aplica-se à área do templo de Jerusalém no Mateus 24:15. Dan. 11:31 (O sacrilégio profanará o templo) aplica-se a Roma imperial em Marcos 13:14. Dan. 11:45 (O monte glorioso e santo será assediado) aplica-se a Jerusalém no Mateus 24:15 ("o lugar santo" ). Dan. 12:1 (Seguirá um tempo de tribulação sem comparação) aplica-se aos seguidores de Jesus em Marcos 13:19. Jesus mencionou que a fonte literária de seu discurso era o livro de Daniel: "Quando, porém, virem a abominação da desolação, de que fala o profeta Daniel, instalada no lugar santo – que o leitor entenda!" (Mat. 24:15, BJ). Isto indica que o esboço apocalíptico de Daniel dos 4 impérios mundiais sucessivos (Babilônia, Medo-pérsia, Grécia e Roma) devem colocar-se como o marco histórico atrás da perspectiva do futuro apresentada por Cristo. Isto exige interpretar que o Império Romano que no tempo do Jesus governava Israel, cumpriu a profecia de Daniel. O general romano Pompeu sujeitou os judeus a Roma no ano 63 a.C. Os expositores judeus anteriores a Cristo, especificamente os macabeus, acreditaram que sua vitória militar sobre o opressor sírio Antíoco IV Epifânio, no ano 164 a.C., era a vitória de Deus sobre o profanador do templo descrita em Daniel 8-12 (ver 1 Macabeus 1:54-59; 6:7). Os fariseus viram na morte de Pompeu (48 a.C.) o triunfo de Deus sobre o profanador da cidade santa.1 Logo depois de Cristo, Josefo, o historiador judeu do século I, expressou sua convicção de que a profanação do templo levada a cabo pelos zelotes e a desolação de Jerusalém pelos exércitos romanos (no 70 d.C.) eram um cumprimento da predição de Daniel.2 Entretanto, poucos
  • 5. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 5 judeus pareceram ter entendido a razão real para a destruição de Jerusalém que se levou a cabo 40 anos depois da crucificação de Cristo. Os profetas anteriores, incluindo Jeremias (cap. 7) e Ezequiel (cap. 24), tinham anunciado a destruição iminente do templo e da cidade como a maldição divina do pacto sobre um povo rebelde ao pacto. Mas isto já ocorrera no próprio tempo de Daniel, quando Nabucodonosor, rei de Babilônia, destruiu Jerusalém em 586 a.C. (ver Dan. 9:17). Entretanto, a nova predição de Daniel foi a espantosa verdade de que o templo futuro que seria reedificado após o cativeiro babilônico também seria destruído, tudo como resultado do assassinato que Jerusalém faria do Messias (Dan. 9:26, 27)! Esta profecia é um novo desenvolvimento na tradição profética de Israel. Daniel 9 chegou a ser mais específico com respeito ao tempo do Messias que a predição anterior do servo sofredor de Isaías 53. Jesus aplica a predição de Daniel da destruição futura da "cidade e o santuário" (Dan. 9:26) ao tempo da geração de seus contemporâneos, quando declarou com toda solenidade: "De certo vos digo que tudo isto virá sobre esta geração" (Mat. 23:36; ver também o v. 35 e 24:34). A advertência adicional, "que lê, entenda" (Mar. 13:14), é o conselho de Cristo aos que podiam ler as Escrituras hebraicas para que estudassem cuidadosamente o livro de Daniel como o contexto de seu próprio discurso profético. O vocábulo "entendam" já era uma palavra-chave no livro de Daniel (Dan. 9:23; ver também 8:27; 9:2; 10:1; 12:8-10). Por esta razão, o conselho de Jesus aponta inequivocamente ao livro de Daniel para entender sua própria predição profética e a aplicação histórica da profecia de Daniel. Por muito tempo se deu por sentado que o Evangelho de Marcos foi escrito primeiro e que Mateus e Lucas o tomaram como sua pauta básica, produzindo cada um sua própria versão modificada de uma perspectiva teológica ligeiramente diferente. Entretanto, estudos recentes sugerem que os três escritores dos Evangelhos sinóticos extraíram de um documento comum anterior aos sinóticos que continha todos os
  • 6. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 6 elementos essenciais da tradição oral do discurso de Jesus no monte dos Oliveiras.3 O discurso de Jesus no monte dos Oliveiras também constituiu uma fonte vital para o conselho pastoral de Paulo com respeito ao futuro e para seu método ao aplicar o esboço apocalíptico a seu próprio tempo e ao futuro. Isto será tratado no capítulo seguinte. Tanto o discurso profético de Jesus como o esboço profético de Paulo constituem as cabeceiras de ponte mais importantes que conectam os livros de Daniel e Apocalipse. O discurso escatológico de Jesus nos Evangelhos sinóticos e o esboço profético de Paulo em 2 Tessalonicenses 2 nos ensinam autoritativamente como se devem aplicar as profecias de Daniel à era cristã. São a preparação necessária para entender o livro do Apocalipse. A Estrutura Cronológica do Discurso Profético de Jesus em Marcos 13 Alguns observaram um estilo literário em Marcos 13 que demarca os versículos 5-23 como uma unidade literária. Isto se insinua pela advertência contra a profecia falsa tanto ao começo como ao final: "Olhem [blépete]..." (vs. 5, 23). Esta seção descreve os acontecimentos que devem preceder ao fim, especificamente os dias de tribulação (vs. 19, 20). Assim forma também uma unidade temática. A seção seguinte, do 24 ao 27, apresenta a segunda vinda de Cristo como o próprio fim. Sugere uma progressão definida no tempo: "Mas naqueles dias, depois daquela tribulação..." (V. 24). Voltando para a primeira seção (vs. 5-23), pode notar-se um progresso cronológico dentro desta parte. A predição de guerras, fomes e terremotos não tem o propósito de anunciar sinais dos acontecimentos finais porque se diz que não devem ser causa de alarme: "É necessário que aconteça assim; mas ainda não é o fim..." Estes são princípios de dores (literalmente, dores de parto; Mar. 13:7, 8; cf. Mat. 24:8). Depois
  • 7. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 7 se mencionam os sofrimentos dos discípulos de Cristo e sua pregação mundial do evangelho: "E é necessário que o evangelho seja pregado antes a todas as nações" (Mar. 13:10, cf. Mat. 24:14). Esta porção da Escritura conclui com o conselho de Jesus: "Mas o que perseverar até o fim, este será salvo" (v. 13; Mat. 24:13). A demora da parousia (o advento) está claramente presente neste contexto. Quando Jesus disse que o evangelho "primeiro deve" ser pregado, enfatizou o fato de que o fim não viria até que o evangelho tenha sido levado a cada nação na terra (ver Mar. 13:10). Na subdivisão seguinte, Marcos 13:14-20, Cristo volta a atenção à geração de seus contemporâneos ao concentrar-se sobre a "abominação da desolação". Este fenômeno já não é parte "do princípio de dores". A predição de Cristo do "sacrilégio" como um indicador visível da imediata destruição de Jerusalém é o sinal decisivo que responde a pergunta dos discípulos: "Qual será o sinal de que está para acabar-se tudo?" (Mar. 13:1-4, NBE; Mat. 24:1-3). Mas Cristo não continua o relato com uma descrição de sua gloriosa vinda como os discípulos esperavam. Mas procede enfatizar que o sacrilégio trará um período de angústia sem igual, um período de tribulações para seus seguidores (Mar. 13:19-23; Mat. 24:16-21). Tudo isto, reitera Jesus, acontecerá antes que os sinais nos céus introduzam o Redentor que retorna (Mar. 13:24; Mat. 24:29). Em outras palavras, a desolação de Jerusalém está separada com toda claridade do segundo advento pelo intervalo de tempo conhecido como "dias de tribulação" [thlípsis] para os seguidores de Cristo em todo mundo. Este período de aflição é deixado em forma indefinida por Cristo, mas é uma alusão clara às predições de Daniel de um período de aflição e apostasia depois que se estabeleceu a abominação desoladora como se depreende de Daniel 7-12. O primeiro tempo de aflição no livro de Daniel dura "três tempos e meio" (Dan. 7:25), e deve entender-se como um símbolo apocalíptico para um longo período, mencionado em forma reiterada em Apocalipse 11-13 com respeito à era da igreja (ver nesta
  • 8. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 8 Segunda parte, o cap. XX). Mas Daniel antecipa, além dos 3 ½ tempos de aflição (em Dan. 7:25), um tempo posterior de angústia sem precedentes no tempo do fim (Dan. 11:40-45; 12:1), da qual Miguel libertará seu povo. Este tempo final de tribulação, diz Daniel, será "qual nunca houve desde que houve nação até então" (Dan. 12:1; LXX, thlípsis). Tanto Mateus como Marcos declaram que a angústia será tão severa que "ninguém escaparia com vida" se o Senhor não abreviasse esses dias por amor a seus "escolhidos" (Mar. 13:20; Mat. 24:22). Este anúncio sugere não uma crise local pequena em Jerusalém, e sim um período prolongado de angústia universal para o povo de Deus. A referência adicional a respeito dos falsos cristos e os falsos profetas (Mar. 13:21-23; Mat. 24:24) indica um período estendido de apostasia. Podemos concluir sem risco que Cristo previu um período extenso de desolação religiosa depois que o sacrilégio abominável predito nas profecias de Daniel tivesse aparecido entre seus seguidores. Cristo não ensinou que a queda de Jerusalém e o fim do mundo eram acontecimentos idênticos, mas sim que a queda de Jerusalém introduziria um período de apostasia e tribulação. Parece que Cristo combinou todos os períodos de angústia para seu povo em uma só declaração, tirada de Daniel 12:1. A chave para entender a perspectiva profética de Cristo é sua aplicação contínuo-histórica de Daniel: primeiro ao Império Romano e à geração de seus contemporâneos em Jerusalém, e depois aos períodos de crescente angústia mundial da qual libertará a seus seguidores em sua vinda. A Aplicação que Cristo Fez da Tipologia Qual foi a ocasião que levou Jesus a pronunciar sua profecia de condenação sobre Jerusalém e de perseguição para seus seguidores até Sua libertação em sua segunda vinda?
  • 9. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 9 Perto do fim de seu ministério terrestre, Jesus notou o repúdio decidido de cada evidência de seu messianismo por parte dos dirigentes judeus. Previu sua iminente morte violenta. Só então pronunciou a inevitável maldição do pacto: "Eis que vossa casa vai ficar deserta" (Mat. 23:38). O que Cristo quis dizer com esta predição sinistra? Declarou que o templo em Jerusalém séria privado da presença divina, e seria destruído, e acrescentou: "Não ficará pedra sobre pedra" (Mar. 13:2). Muito pouco tempo depois, enquanto estava sentado no monte das Oliveiras, alguns de seus discípulos lhe perguntaram em particular: "Diga-nos, quando serão estas coisas, e que sinal haverá de tua vinda e do fim do mundo?" (Mat. 24:3). Estas perguntas se relacionam com dois acontecimentos diferentes. Entretanto, na mente dos discípulos, isso não estava diferenciado no tempo como "a destruição de Jerusalém" por um lado e "a segunda vinda de Cristo" para julgar o mundo por outro. Entretanto, na opinião de Cristo, o juízo iminente sobre Jerusalém e o juízo final do mundo têm um característico básico em comum: ambos os juízos são realizados pelo mesmo Deus do pacto. Esta correspondência essencial de ambos os juízos implica tipologia, algo associado com os profetas clássicos (ver o cap. II desta obra). Isto significa que Jesus considerou o iminente dia do Senhor para Jerusalém como um tipo de aviso do juízo do mundo. Em harmonia com a profecia clássica de Israel, Cristo também combinou os dois juízos divinos em uma perspectiva profética bifocal: Juízo do mundo Juízo de Jerusalém ________________________________________________________ A PERSPECTIVA DE JESUS 70 d.C. SEGUNDA VINDA
  • 10. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 10 A predição de Jesus não oferece nenhuma classe de adivinhação de acontecimentos futuros, mas sim, ao contrário, convoca a todas as pessoas a preparar-se para encontrar-se com Deus. Assim como os profetas da antiguidade, Jesus projetou como iminente o juízo sobre Jerusalém ("não passará esta geração", Mar. 13:30; ver mais adiante o cap. X desta obra), uma vez que colocou o juízo do mundo no distante tempo do fim ("daquele dia e hora ninguém sabe", Mar. 13:32). Jesus recalcou que a razão para a catástrofe iminente de Jerusalém foi seu rechaço da visitação de Deus por meio do Messias: "E te derribarão ... porquanto não conheceste o tempo de tua visitação" (Luc. 19:44). Israel tinha rechaçado a seu verdadeiro Rei na pessoa de Cristo. Como resultado, Deus retirou sua presença, o que deixou só a justiça retributiva de Deus. Segundo o mesmo princípio, Jesus ordenou que "o evangelho seja pregado antes a todas as nações" (Mar. 13:10). Só então virá o juízo do mundo. Por essa razão, Cristo enviou a sua igreja com uma missão mundial: "E será pregado este evangelho do reino em todo mundo, para testemunho a todas as nações; e então virá o fim" (Mat. 24:14; cf. 28:18-20). Jesus também adotou o termo apocalíptico "o fim" do livro do Daniel. Em Daniel 9:26 e 27, "o fim" emprega-se como um sinônimo para uma "destruição" decretada divinamente sobre o horrível desolador. Isto faz pensar que o mundo será destruído pela mesma razão pela que foi devastada Jerusalém. Assim como Jerusalém foi destruída por rechaçar o Messias, assim o mundo será destruído por seu rechaço de Cristo como Salvador. Dessa maneira Cristo revelou a unidade da obra de Deus. Cristo, a Chave para Entender a Profecia
  • 11. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 11 A aproximação do inimigo à área do templo foi o sinal para que os seguidores de Cristo fugissem. Esse sinal serve como uma admoestação para todos os crentes, permitindo que escapassem de Jerusalém. "Quando virem 'a abominação da desolação' instalada onde não devia estar – que o leitor entenda! – então os que estiverem na Judéia fujam para as montanhas" (Mar. 13:14, BJ). "Quando, portanto, virdes a 'abominação da desolação', de que falou o profeta Daniel, instalada no lugar santo – que o leitor entenda! – então, os que estiverem na Judéia fujam para as montanhas" (Mat. 24:15, 16, BJ). "Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação. Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; os que se encontrarem dentro da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos, não entrem nela. Porque estes dias são de vingança, para se cumprir tudo o que está escrito" (Luc. 21:20-22). É importante reconhecer a função complementar dos três Evangelhos sinóticos no estudo do discurso profético do Jesus. As frases idênticas ao começo de cada relato indicam firmemente que Lucas interpreta a profecia de Marcos da "abominação desoladora" como sendo cumprida na desolação histórica de Jerusalém pelos exércitos de Roma em 70 d.C. Lucas acrescenta um esclarecimento importante dele próprio: que a terrível desolação deve entender-se como um "castigo" divino em cumprimento de tudo o que haviam predito os profetas de Israel. Mateus aponta explicitamente o profeta Daniel. Na verdade, Daniel contém a única profecia das 70 semanas de anos que anuncia a morte violenta do Messias seguida pela destruição de Jerusalém: "E depois das sessenta e duas semanas se tirará a vida ao Messias, mas não por si; e o povo de um príncipe que virá destruirá a cidade e o santuário" (Dan. 9:26). Quando os exércitos de Roma estavam aproximando-se da "santa cidade", podiam ser vistos por todos os que estavam na Judéia. Enquanto que Mateus e Marcos tinham falado só de uma "abominação desoladora"
  • 12. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 12 que viria, Lucas explica a seus leitores gentios que esta desolação estava a ponto de vir sobre Jerusalém por meio dos exércitos romanos (ver Luc. 21:20). A data da publicação do Evangelho de Lucas é debatida, mas se crê que é cerca do ano 70 d.C. O anúncio de Lucas de que a condenação de Jerusalém eram os "dias de retribuição, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas" (Luc. 21:22), confirma a interpretação de que a morte violenta de Cristo e a conseqüente destruição de Jerusalém por Roma imperial cumpriram a profecia de Daniel 9. A declaração de Lucas também confirma a predição de Jesus de que sua própria geração não passaria sem que se cumprissem suas palavras (Mat. 24:34; 23:36; Mar. 13:30, 31). Agora podemos tirar a conclusão de que a profecia messiânica de Daniel das 70 semanas (Dan. 9:24-27) teve seu cumprimento histórico na morte de Cristo. Deste modo, Cristo é a chave para entender a profecia de Daniel. Também deve ser nosso guia para entender o cumprimento da "abominação da desolação", ou, como traduz Cantero-Iglesias, "o sacrilégio devastador". O Anticristo Abominável O termo misterioso de Jesus – "a abominação da desolação" (BJ; RV 77), "o sacrilégio devastador" (CI) ou "a abominação que causa a desolação" (NIV) [bdélugma tes eremóseos] – é uma alusão direta à figura do antimessias que aparece na profecia de Daniel. Inclusive a visão do Daniel 8 foi denominada pelo anjo interpretador: "a visão da transgressão assoladora" (Dan. 8:13), "o pecado da desolação" (JS). Esta visão se centraliza no sacrilégio de pisar o templo de Deus e seus adoradores por parte de um poder jactancioso. Os capítulos posteriores em Daniel (caps. 9-12) aplicam a visão espantosa de Daniel 8 à era messiânica (9:24-27; 11:31-36; 12:11). Já na visão do Daniel 8 o próspero profanador desempenhou um papel proeminente como o adversário do Messias, o "príncipe dos exércitos"
  • 13. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 13 ou "Príncipe dos príncipes" (Dan. 8:11, 25). Isto significa que este desolador do santuário é apresentado no papel de um antimessias desde tempos tão antigos como quando Daniel escreveu seu livro! Pisoteia o santuário do Messias, o Príncipe dos exércitos: "O lugar de seu santuário foi lançado por terra" (Dan. 8:11). A explicação seguinte se estende sobre sua profanação e destruição: "Por sua astúcia nos seus empreendimentos, fará prosperar o engano, no seu coração se engrandecerá e destruirá a muitos que vivem despreocupadamente; levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes, mas será quebrado sem esforço de mãos humanas" (Dan. 8:25). Esse foi o conceito hebraico da natureza e a sorte do antimessias vindouro. Em seu discurso profético, Jesus fez mais que reproduzir tão somente a predição de Daniel. Como o Messias da profecia, alertou a seus discípulos e à igreja das idades futuras contra a chegada de seu rival que, portanto, pode ser chamado "o anticristo". Este anticristo não só se opõe ao verdadeiro culto de adoração, mas também profana o templo de Deus e engana e persegue os seguidores de Cristo. Dessa forma, o anticristo ocasiona a grande tribulação para o povo do novo pacto de Deus (Mar. 13:14-19; Mat. 24:15-21). Só a repentina aparição de Cristo em seu poder soberano como o Filho do Homem terminará bruscamente o reinado do anticristo. Cristo prometeu intervir pessoalmente e libertar o seu povo (Mar. 13:26, 27; Mat. 24:30, 31). Muitos expositores notaram um ponto interessante no fato de que Marcos se refere à "abominação" usando a forma masculina, como "posta (gr. estekóta, Mar. 13:14) onde não deve estar". Esta forma pessoal geralmente se interpreta como sugerindo que a ameaça não é uma apostasia impessoal, mas sim a origina uma pessoa específica. Cristo anunciou que depois de sua partida se levantariam muitos enganadores dizendo: "Eu sou o Cristo". Por outro lado, os verdadeiros seguidores de Cristo seriam odiados e perseguidos de morte em todo mundo "por causa de meu nome" (Mar. 13:12, 13; Mat. 24:9-11). O conflito se intensificaria até o grau em que os falsos cristos e os falsos
  • 14. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 14 profetas levariam a cabo milagres e sinais sobrenaturais para insistir em sua falsa adoração (Mar. 13:19-22; Mat. 24:21-24). Jesus aplica claramente o personagem antimessias de Daniel a mais de um anticristo individual, todos os quais desempenham o papel de falsos profetas até o fim do tempo. Por causa de sua aplicação ao tempo do fim, hoje merece nossa atenção um conselho específico de Jesus a seus discípulos em relação com a "abominação" que ia avançar contra a cidade apóstata de Jerusalém: "Então os que estejam na Judéia fujam para os montes" (Mat. 24:16; Mar. 13:14; Luc. 21:21). O conselho do Jesus foi um recordativo da ordem de Deus a Ló e sua família em Sodoma: "Escapa por tua vida... escapa ao monte, não seja que pereças" (Gên. 19:17). Tanto Sodoma como Jerusalém tinham incorrido no juízo. Ambas as cidades tinham sido pesadas nas balanças do céu e tinham sido achadas faltas. Para ambas, tinha terminado o tempo de prova. A destruição que caiu sobre ambas as cidades foi só uma prefiguração de seu juízo futuro. Jesus tinha admoestado antes a Capernaum: "Se em Sodoma se tivessem operado os milagres [do Messias] que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que menos rigor haverá, no Dia do Juízo, para com a terra de Sodoma do que para contigo" (Mat. 11:23, 24). O conselho premente de Jesus a seus discípulos a fugir de Jerusalém como o lugar de apostasia e condenação implicava, portanto, sua chamada a evitar também a condenação final do céu. Os crentes fugiram no ano 66 D.C. não aos montes literais, e sim à cidade de Pella, no vale ao outro lado do Jordão, a 25 quilômetros ao sul do Mar da Galiléia.4 No tempo indicado, os discípulos de Cristo tiveram que apartar-se da cidade condenada. Sua fuga foi uma fuga tanto da apostasia religiosa como de seu juízo. O livro do Apocalipse ratifica a aplicação do tempo do fim do conselho de Jesus de fugir de Jerusalém. Em Apocalipse 18 uma voz celestial anuncia no tempo do fim que "caiu a grande Babilônia", por
  • 15. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 15 causa de sua apostasia e posse demoníaca (Apoc. 18:2, 3). O divino ultimato será ativado então para os que permanecem em Babilônia: "Saiam dela, meu povo, para que não sejam partícipes de seus pecados, nem recebam parte de suas pragas; porque seus pecados chegaram até o céu, e Deus se lembro de suas maldades" (Apoc. 18:4, 5). Deste modo, o conselho de Jesus para fugir de Jerusalém no Mateus 24:16 encontra no tempo do fim sua aplicação universal. Sabemos pelas epístolas de Paulo aos Tessalonicenses (especialmente 2 Tes. 2) e pelas epístolas de João, que o conceito do anticristo era um tema familiar na igreja apostólica. Portanto, podemos deduzir que a advertência contra o anticristo foi considerada desde o começo como uma parte essencial da mensagem que Cristo mesmo comissionou à igreja. Cristo e os apóstolos Paulo e João já consideraram a identificação do anticristo como um assunto de legítima importância. Um erudito do Novo Testamento, Herman Ridderbos, comenta o seguinte sobre Mateus 24:15: "Alguns comentadores corretamente colocaram este versículo em relação com o anticristo do que se fala em 2 Tessalonicenses 2:4, quem 'senta-se no templo de Deus como Deus, fazendo-se passar por Deus'. Embora Jesus estava falando principalmente da queda de Jerusalém, o fim do mundo e as abominações que traria consigo tinham caído dentro da esfera de seu discurso do próprio começo (ver Mat. 24:3). Por assim dizer, descreveu o fim do mundo tal como aconteceu em Jerusalém e à maneira de Jerusalém. E disse que a aparição abominável e blasfema do anticristo seria na verdade um dos sinais dos últimos dias".5 O estudo da doutrina do anticristo nos Evangelhos e nas epístolas é uma preparação necessária para o estudo do livro do Apocalipse. O Apocalipse de João pode ser considerado como o desenvolvimento mais extenso do discurso de Cristo no monte das Oliveiras. Foi dito que João omitiu o discurso profético de Cristo de seu quarto Evangelho porque escreveu todo um livro sobre a revelação do Jesus Cristo (Apoc. 1:1).
  • 16. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 16 Seja como for, um estudo cuidadoso do livro do Apocalipse é uma parte indispensável de nossa fé cristã. O Anticristo Pós-Apostólico É notável que Marcos e Mateus não identificam o "sacrilégio abominável" explicitamente com o exército romano como o faz Lucas. Por conseguinte, a descrição simbólica em Mateus e Marcos está aberta a mais de uma aplicação, isto é, tanto ao Império Romano idólatra como a um futuro profanador religioso do templo de Deus. Para dizer de forma diferente, tanto o exército romano como o anticristo estão descritos em uma perspectiva do futuro que os inclui ambos. A aplicação local se amplia, de acordo com a tipologia bíblica, em um cumprimento cada vez mais universal. Jesus usou a perspectiva profética de combinar o cumprimento histórico iminente e o cumprimento futuro do tempo do fim sem deter-se em nenhum lapso de tempo intermediário. Contempla todos os messianismos políticos e religiosos essencialmente como uma abominação, mesmo que se pressentem em mais de uma manifestação histórica: primeiro dentro do judaísmo; depois, dentro do cristianismo. O novo Israel (a igreja) repetiria a história do antigo o Israel (ver Ezeq. 8 e 9) e desenvolveria outra apostasia religiosa em sua adoração que provocaria o juízo divino. A apostasia do cristianismo estaria encarnada no anticristo e em seu culto religioso sacrílego. Os pretendentes messiânicos judeus que afirmavam que Jerusalém e o templo nunca cairiam, foram só cumprimentos parciais ou tipos do falso messianismo que ia aparecer dentro da igreja. Toda vez que a um líder religioso de qualquer denominação cristã lhe concede excessiva reverência e a última autoridade, obscurece-se o único lugar e a glória do reinado de Cristo. Cristo advertiu a seu seguidores: "Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; porque surgirão falsos cristos
  • 17. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 17 e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos" (Mat. 24:23, 24; cf. Mar. 13:21, 22). Não é a realização de grandes sinais e milagres, e sim a autorizada Palavra de Deus e o testemunho do Jesus o que forma a norma final da verdade. Jesus alertou à igreja ao dever que tem para detectar o engano do anticristo. A advertência do Jesus contra o sacrilégio ou a abominação que viria se refere a muito mais que ao exército romano entrando em Jerusalém em 70 d.C. O sacrilégio do anticristo se desenvolveria mais tarde em uma forma mais completa dentro da igreja, como o explicou Paulo em 2 Tessalonicenses 2. Este cumprimento se estenderia através da Idade Média e encontraria uma manifestação renovada no tempo do fim. Em seu discurso profético, Cristo não explicou de uma maneira explícita como se manifestaria exatamente o "sacrilégio" de sua obra redentora na história da igreja. Esse é o tema de 2 Tessalonicenses 2 e do livro do Apocalipse. O Estilo Apocalíptico de Mateus 24 Não se pode reduzir a estrutura da profecia mestra de Cristo a uma perspectiva puramente tipológica. O discurso tem uma estrutura complexa no que se pode detectar a reiteração e a recapitulação. Entretanto, só uns poucos reconheceram que a estrutura da profecia de Jesus está modelada segundo o livro do Daniel, quer dizer, que há um paralelismo progressivo. A repetição e a ampliação são características tanto de Daniel como do Apocalipse. E como bem o notou LeRoy E. Froom, "tanto Daniel como João começam com a revelação de coisas que aconteceriam em seu próprio tempo, e levam o leitor a grandes passos através dos séculos, com a revelação de acontecimentos que chegam até o fim da era cristã".6 As visões do Daniel 2, 7 e 8 em essência são reiterativas, mas com todo cada uma acrescenta detalhes para esclarecer o tema básico. Jesus
  • 18. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 18 insistiu com seus seguidores a ler e entender as profecias apocalípticas de Daniel (Mat. 24:15). Mateus apresenta o discurso de Jesus para seu auditório judeu em uma forma que reflete o estilo do livro de Daniel. Em Mateus 24 podem distinguir-se duas predições paralelas, e cada uma conclui com o fim ou a segunda vinda de Cristo: a primeira nos versículos 1-14; a segunda nos versículos 15-31. O cumprimento universal de ambas as séries está declarado nas palavras seguintes: "E será pregado este evangelho do reino em todo o mundo, para testemunho a todas as nações; e então virá o fim" (Mat. 24:14). "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e então lamentarão todas as tribos da terra, e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória" (v. 30; ver também o v. 44). A estrutura paralela das duas predições da era da igreja, culminando cada uma na segunda vinda de Cristo, é similar às profecias apocalípticas de Daniel. Além disso, Mateus 24 também revela algumas similitudes teológicas com o Daniel. A unidade cuidadosamente estruturada do Mateus 24:10-12, que se enfoca sobre o aumento da maldade [anomia] (v. 12), pode entender-se melhor como uma expansão da apostasia profetizada no livro de Daniel. A frase "o amor de muitos [tom polón] esfriará-se" (Mat. 24:12) é uma alusão a quão muitos apostatariam do pacto de Deus descrito em Daniel 11:32. Isto significa que o aumento estendido da maldade em Mateus 24:12 aumenta a iniqüidade idólatra da "abominação desoladora" de Daniel. Estamos de acordo com a conclusão de David Wenham de que a predição de Jesus em Mateus 24:10-12 descreve "um aumento escatológico da apostasia em termos daniélicos".7 Foi desta maneira como Daniel predisse a era cristã e sua decadência espiritual. A Ênfase de Lucas Sobre o Curso da História Enquanto que Mateus 24 e Marcos 13 apresentam a aplicação que Cristo faz do anticristo de Daniel em uma dupla perspectiva – na qual o
  • 19. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 19 cumprimento iminente e o do tempo do fim se relacionam como tipo e antítipo –, Lucas 21 enfatiza mais a ordem histórica dos acontecimentos na história da igreja. Como historiador (ver Luc. 1:1-4), Lucas estava mais interessado em um cumprimento contínuo-histórico da profecia do Daniel. Isto não quer dizer que Lucas busque descrever uma seqüência detalhada dos eventos, em que cada um se harmonize com algum símbolo apocalíptico das séries esboçadas por Daniel; esse enfoque é o que Paulo segue em 2 Tessalonicenses 2 e mais profundamente o Apocalipse de João. O interesse de Lucas é mais indicar que entre a queda de Jerusalém e o glorioso advento de Cristo transcorreria um período de tempo considerável. Esta realidade devia esfriar a febre apocalíptica de todos os que esperavam a volta iminente de Cristo conjuntamente com a destruição de Jerusalém. Por conseguinte, Lucas coloca o clamor: "O tempo está perto" (Luc. 21:8), nos lábios dos falsos profetas! Só Lucas aplica o sinal de Jesus da aproximação da "abominação da desolação" ao assédio de Jerusalém por forças militares (Luc. 21:20). Ao que Mateus e Marcos tão-somente fizeram alusão, Lucas o aplica explicitamente a um acontecimento histórico específico para Jerusalém, pode-se dizer que Lucas faz concreta para sua geração a admoestação de Jesus da vindoura "abominação da desolação", quando diz: "Quando virem Jerusalém rodeada de exércitos..." (Luc. 21:20). Muitos eruditos bíblicos admitem o relatório de Flavio Josefo, que disse que os exércitos romanos se distinguiam por sua reverência para as bandeiras militares com as insígnias imperiais.8 Além disso, Lucas declara que a destruição de Jerusalém foi o tempo do "cumprimento de tudo o que está escrito" (Luc. 21:22, JS), uma alusão a Daniel 8 e 9. Coloca a devastação de Jerusalém dentro da providência e reino soberano de Deus. Esta catástrofe histórica forma uma parte significativa da história da revelação divina à nação judia, Cristo até adicionou uma finalidade sem precedentes a esse juízo: "Vós
  • 20. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 20 também encheis a medida de seus pais!... De certo vos digo que tudo isto virá sobre esta geração" (Mat. 23:32, 36). Mateus e Marcos fazem alusão ao intervalo entre a queda de Jerusalém e a volta de Cristo, declarando que será um tempo de tribulação sem igual para os escolhidos (Mat. 24:21, 22; Mar. 13:19, 20). Esses "escolhidos" são qualificados depois por Cristo como "seus" escolhidos (Mat. 24:31). Por conseguinte, são crentes cristãos. Isto significa que os verdadeiros crentes em Cristo não serão arrebatados do mundo antes do tempo da tribulação, mas sim passarão por ela. Mateus acrescenta que esses dias serão abreviados por causa dos escolhidos (Mat. 24:22). Com respeito ao período entre os dois adventos, Lucas faz uma declaração reveladora: "Até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles" (Luc. 21:24). Aqui Lucas assinala que a segunda vinda de Cristo não deve esperar-se pouco depois da destruição de Jerusalém. Ao denominar a esse período intermediário "tempos de gentios" (sem artigo no original), em uma forma geral, Lucas os caracteriza como tempos de opressão para Jerusalém e para os judeus. Muitos expositores consideram que esses "tempos de gentios" começaram no ano 70 d.C. e terminarão só quando toda a dominação gentia sobre os judeus for esmagada pelo advento de Cristo (ver Dan. 2:34, 35, 44; Apoc. 19:11-21). Esta conclusão parece ser confirmada pela profecia de Daniel, que a "desolação" continuará até o fim (Dan. 9:26, 27). Enquanto Mateus e Marcos seguem a estrutura de uma perspectiva profética dupla ou bifocal, a descrição de Lucas do discurso de Jesus se caracteriza mais por uma sucessão direta de acontecimentos históricos. Mateus e Marcos representam a perspectiva tipológica da profecia clássica dos profetas de Israel com sua escala de tempo condensada. Entretanto, Lucas escolhe seguir o modelo contínuo-histórico inserindo a frase "tempos de gentios" depois da queda de Jerusalém. Ambos os
  • 21. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 21 enfoques são complementares e igualmente válidos, porque cada um continua uma tradição do Antigo Testamento: a profecia clássica e o tipo contínuo-histórico da apocalíptica de Daniel. A Teologia de Cristo dos Sinais Cósmicos Nos três Evangelhos sinóticos a aparição do Filho do Homem está anunciada por sinais cósmicos. Esses sinais acompanharão a vinda do Filho do Homem quando trouxer o reino de Deus aos santos (Mar. 13:24-27; Mat. 24:29-31; Luc. 21:25-28). Um breve exame da linguagem figurada cósmica na tradição profética mostrará sua significação teológica. Os profetas empregaram os sinais no céu como um idioma estereotipado para indicar um juízo retributivo de Jeová: 1. Contra Babilônia: "Olhem: Chega o dia do SENHOR... para fazer da terra uma desolação... Os astros do céu, as constelações, não cintilam sua luz; entreva-se o sol ao sair, a lua não irradia sua luz. Porque sacudirei o céu e se moverá a terra de seu lugar. Pela cólera do Senhor, o dia do incêndio de sua ira" (Isa. 13:9, o, 13, NBE). 2. Contra Egito: "E quando te tiver extinto cobrirei os céus, e farei escurecer suas estrelas; o sol cobrirei com nublado, e a lua não fará resplandecer sua luz. Farei escurecer todos os astros brilhantes do céu por ti, e porei trevas sobre sua terra, diz Jeová o SENHOR" (Ezeq. 32:7, 8). 3. Contra Jerusalém: "Diante dele [o exército de lagostas] tremerá a terra, estremecer-se-ão os céus; e o sol e a lua se obscurecerão, e as estrelas retrairão seu resplendor. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e espantoso dia de JEOVÁ... Porque está perto o dia de JEOVÁ no vale da decisão. O sol e a lua se obscurecerão, e as estrelas retrairão seu resplendor" (Joel 2:10, 31; 3:14, 15).
  • 22. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 22 4. Contra Judá: "Porque assim diz JEOVÁ dos exércitos: Daqui a pouco eu farei tremer os céus e a terra, o mar e a terra seca; e farei tremer todas as nações, e virá o Desejado de todas as nações; e encherá de glória esta casa, disse JEOVÁ dos exércitos... Fala com Zorobabel governador de Judá, dizendo: Eu farei tremer os céus e a terra; e transtornarei o trono dos reinos, e destruirei a força dos reinos das nações; transtornarei os carros e os que neles sobem, e virão abaixo os cavalos e seus cavaleiros, cada qual pela espada de seu irmão" (Ag. 2:6, 7, 21, 22). 5. Na descrição poética que Habacuque faz do guerreiro divino contra Babilônia: "O sol e a lua se pararam em seu lugar; à luz de suas setas andaram, e ao resplendor de seu fulgente lança " (Hab. 3:11). 6. Contra Israel (as o tribos em apostasia): "Acontecerá naquele dia, diz Jeová o SENHOR, que farei que fique o sol ao meio-dia, e cobrirei de trevas a terra no dia claro" (Amós 8:9; 9:5 [primeiras 2 linhas]; cf. Jer. 15:9 para Jerusalém). 7. Contra Edom: "E todo o exército dos céus se dissolverá, e se enrolarão os céus como um livro; e cairá todo seu exército, como cai a folha da parra, e como cai a da figueira" (Isa. 34:4). 8. Contra o mundo inteiro: "A terra será de todo quebrantada, ela totalmente se romperá, a terra violentamente se moverá... A lua se envergonhará e o sol se confundirá, quando JEOVÁ dos exércitos reinar no monte de Sião e em Jerusalém, e diante de seus anciões seja glorioso" (Isa. 24:19, 23). Em todas estas passagens, os sinais celestes servem só para introduzir o juízo do dia do Senhor, mesmo que se refiram cada vez a uma sentença iminente na história. Os sinais anormais no Sol, na Lua e
  • 23. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 23 nas estrelas eram parte da linguagem apocalíptica corrente dos profetas de Israel. A dimensão cósmica ensinou Israel a ver os juízos históricos de Deus como tipos de seu juízo final. Portanto, o propósito moral dessa linguagem figurada cósmico era uma advertência implícita a preparar-se para o juízo iminente do dia do Senhor. Jesus modificou o significado teológico desta linguagem figurada cósmica, mudando de ordem os sinais no céu para cerca de sua própria manifestação futura como o Filho do Homem: "O sol obscurecerá, e a lua não dará seu resplendor, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão comovidas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e então todas as tribos da terra lamentarão, e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória" (Mat. 24:29, 30; cf. Mar. 13:24-26). É evidente que Jesus emprega só a linguagem do Antigo Testamento para descrever sua segunda vinda. Cristo combina dois oráculos de juízo, um contra Babilônia (ver Isa. 13:10) e um contra Edom (ver Isa. 34:4). A fusão que faz Jesus das duas passagens proféticas de juízo ensina que estas profecias se cumpriram só de forma parcial na queda da antiga Babilônia e do Edom. Na teologia de Cristo, estes oráculos encontrarão sua consumação completa no juízo cósmico- universal em seu segundo advento. A mensagem surpreendente de Cristo é que o juízo do mundo não virá só de Jeová. Será executado por seu Filho, que é o Filho do Homem da profecia do Daniel: "Porque o Pai a ninguém julga, mas sim todo o juízo deu ao Filho... E também lhe deu autoridade de fazer juízo, por quanto é o Filho do Homem" (João 5:22, 27). Como resultado do discurso profético do Jesus, qualquer teofania (manifestação de Deus) no Antigo Testamento se reestrutura como uma gloriosa cristofania (manifestação de Cristo). Esta interpretação cristológica do dia do Senhor é uma verdade teológica assombrosa na aplicação que Jesus faz do livro de Daniel. Em sua nova teologia, Cristo transferiu os sinais cósmicos dos livros proféticos à sua própria manifestação futura, de tal modo que todas as profecias de Israel
  • 24. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 24 começam e terminam nele. Esta é a essência da teologia de Cristo dos sinais cósmicos. Esta conclusão se confirma na tese sobre Mateus 24:27-31 do Dr. Ki Kon Kim: "O vocabulário e os temas do Antigo Testamento, de seu ponto de vista profético e apocalíptico, proporcionam a estrutura da cena da parousia tal como a apresenta Mateus. Ele combina quase todo o vocabulário apocalíptico dos temas do Antigo Testamento em sua cena da parousia, e descreve que todos os termos proféticos e os símbolos apocalípticos do Antigo Testamento se encontram e se cumprem no Filho do Homem, quem virá nas nuvens do céu com poder e grande glória. Essa é a razão principal pela qual Mateus 24:29-31 mostra mais continuidade com o Antigo Testamento que nenhum outra passagem no Novo Testamento".9 Alguns eruditos consideram a linguagem figurada cósmica só como algo simbólico, como uma linguagem metafórica para dar a entender o começo da era messiânica (como se diz que fez Pedro no At. 2:19, 20). Nesse caso, os sinais no céu serviriam só como "efeitos cênicos apocalípticos" que não pertencem à substância da profecia e que, portanto, não requerem um cumprimento literal. Entretanto, outros estudantes da Bíblia mais conservadores advertiram que não se confundam as expressões poéticas com o alegorismo. Preferem chamar esta linguagem figurada cósmica como "linguagem semi poética", porque representa acontecimentos escatológicos que transcendem nossa experiência histórica limitada. Se a segunda vinda de Cristo é uma vinda literal, então também deve pensar-se nos sinais da parousia como eventos cósmicos literais. Os Evangelhos do Mateus e Marcos parecem indicar que os sinais cósmicos introduzem e acompanham o segundo advento de Cristo. Entretanto, o relatório do Lucas sugere que os "sinais no sol, na lua, e nas estrelas" podem também ser um prelúdio à vinda do Filho do Homem. Lucas associa os sinais no céu com desastres naturais sobre a terra, que juntos produzirão pavor nos corações de todos: "Haverá homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das coisas que
  • 25. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 25 sobrevirão ao mundo; pois os poderes dos céus serão abalados" (Luc. 21:25, 26). A Universalização que Cristo Fez das Profecias do Tempo do Fim A culminação final do discurso de Jesus se centra na vindicação de seus discípulos caluniados através dos séculos. O Filho do Homem virá com seus anjos para reunir a si "seus escolhidos" de todos os pontos cardeais do mundo (Mar. 13:27; Mat. 24:31). Mateus acrescenta que essa reunião será precedida "com grande voz de trombeta" (Mat. 24:31), uma alusão direta ao som da trombeta do jubileu no panorama apocalíptico de Isaías: "Acontecerá naquele dia... vós, filhos do Israel, sereis reunidos um a um. Acontecerá também naquele dia, que se tocará com grande trombeta" (Isa. 27:12, 13). Jesus declarou que todas as antigas promessas do pacto que anunciam que Israel seria reunido ou restaurado como povo de Deus, cumprir-se-ão em seus seguidores em sua segunda vinda. Serão "seus escolhidos" (ver também Luc. 21:28; cf. 1 Ped. l:1, 2; 2:9). Com o qual Cristo definiu o Israel de Deus em termos de seus próprios discípulos. Por conseguinte, constituiu o povo de Deus do novo pacto como o povo de Cristo. Além disso prometeu que a sua vinda "lamentarão todas as tribos [fulái] da terra" (Mat. 24:30). Esta frase é uma alusão à profecia de Zacarias que prediz que todas as tribos "na terra" [Palestina] se lamentarão porque olharão a Deus como "a quem transpassaram" (Zac. 12:10-14). Cristo aplicou de novo este oráculo de juízo nacional de Zacarias em uma escala mundial, para cumprir-se em "todas as tribos da terra" (Mat. 24:30). Todas estas tribos ou linhagens da raça humana verão "o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e
  • 26. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 26 grande glória" (V. 30). Esta aplicação universal das tribos de Israel forma também uma tônica no livro do Apocalipse: "Vejam, vem com as nuvens e todos os olhos o verão e até os que o transpassaram; e farão luto todas as tribos [fulái] da terra. Sim, assim seja" (Apoc. 1:7, JS; CI). Cristo mesmo introduziu este principio de universalizar os oráculos de juízos locais e nacionais de Israel. Não foi um literalista ou um racista em sua interpretação profética das Escrituras. Universalizou de uma maneira consistente as promessas do pacto de Israel, e o princípio de aplicação mundial das profecias hebraicas chegou a ser uma parte essencial da interpretação apostólica da Escritura. Resumo O discurso do monte das Oliveiras apresenta o comentário de Cristo sobre as profecias apocalípticas de Daniel. Jesus fez aplicações históricas todas as quais se centram ao redor de seu primeiro e segundo adventos. Com isso deu às predições do Daniel uma interpretação cristológica como a chave para decifrar a profecia apocalíptica. Explicou com franqueza que a profetizada queda de Jerusalém seria o resultado do rechaço final de seu messianismo por parte do Israel. Até seus próprios seguidores teriam que sofrer condenação à mãos de religiosos fanáticos falsos. Mas a vindicação final dos santos verdadeiros e a sentença definitiva de seus perseguidores será quando Cristo retorne como o Filho do Homem que Daniel apresenta, acompanhado por uma nuvem de anjos. Então, todas as tribos do mundo terão que fazer frente ao mesmo juízo do qual teve que fazer frente Jerusalém. Segundo os Evangelhos do Marcos e Mateus, Jesus colocou ambos os juízos em uma perspectiva tipológica, em harmonia com a estrutura da profecia clássica. O Evangelho de Lucas apresenta uma perspectiva complementar: a de uma aplicação contínuo-histórica da profecia
  • 27. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 27 apocalíptica de Daniel. Jesus não fundamentou suas expectativas proféticas em nenhuma das especulações ou programas apocalípticos judeus. Por isso se refere a isto, foi um antiapocalíptico. Falou do futuro só na linguagem dos profetas do Antigo Testamento. A novidade de sua opinião foi o princípio interpretativo de que as profecias de Israel se cumpririam só nele e por meio dele. Transformou toda a profecia apocalíptica em escatologia cristológica, quer dizer, em cumprimentos centrados em Cristo. Por conseguinte, as promessas do pacto de Deus com Israel se cumprirão só em quem esteja unido com Cristo. O propósito moral do discurso profético de Cristo é recalcar à sua igreja a necessidade de estar preparada para sua breve vinda: "Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai. Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não sabeis quando será o tempo" (Mar. 13:32, 33). A frase bíblica "os últimos dias" indica que a primeira e a segunda vinda de Cristo são uma unidade inseparável. Não importa quantos séculos possam passar entre a ressurreição de Cristo e sua volta, ambos os eventos messiânicos são um para o outro como dois momentos de um inquebrantável plano de Deus. Porque o Messias já veio, e agora é o Senhor exaltado de todos, o segundo advento sempre está "perto" para os olhos da fé e deve ser esperado com uma paciência rigorosa. Esta certeza é a mesma essência da esperança do evangelho. Contudo, Cristo também reconheceu a necessidade de sustentar esta esperança ao nos dar sinais no tempo histórico que indicariam, para o investigador perspicaz, a última fase da história da redenção. "Ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima" (Luc. 21:28). Todos os relatos dos Evangelhos sinóticos concluem com uma lição da figueira que brota: "Quando já seu ramo está tenro, e brotam as folhas, sabeis que o verão está perto" (Mat. 24:32; Mar. 13:28; cf. Luc. 21:29). Isto significa que embora não podemos conhecer "o dia nem a hora" não temos desculpa por ignorar os sinais dos tempos,
  • 28. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 28 particularmente o sinal a respeito da grande apostasia dentro da igreja cristã. Esperar a vinda de Cristo exige uma vigilância incessante e um conhecimento do cumprimento progressivo da profecia apocalíptica de Daniel. A escatologia bíblica chegará a ser relevante para o presente só quando os sinais do fim forem tomados em seu cumprimento histórico. Discernir os sinais enquanto mantemos nossa vista na vinda do Senhor, revitalizará nossa fidelidade ao Jesus. Referências Para a Bibliografia, ver nas páginas 82-84. 1. "Salmos de Salomão", 17, em Charlesworth, The Old Testament Pseudepigrapha, v. 2, p. 667. 2. Flavio Josefo, Obras completas... Antiguidades judias. X, 11, 7 (v. 2, pp. 213-215). 3. Ver o livro de Wenham, The Rediscovery of Jesus' Eschatological Discourse 4. Ver Eusébio de Cesárea, História Eclesiástica (Buenos Aires: Editorial Nova, 1950), III, 5, pp. 106, 107. 5. Herman Ridderbos, Matthew, [Mateus] (Grand Rapids: Zondervan, 1987), p. 444. 6. L. E. Froom, The Prophetic Faith of Our Fathers, v. 4, p. 1241. 7. Ver o artigo de Wenham a respeito de Mateus 24:10-12, N.° 31, p. 161. 8. William Whiston, trad., The Works of Josephus: Wars [As obras do Josefo: Guerras] (Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1987), VI, 6, 1 (p. 743). 9. K. K. Kim, The Signs of the Parousia: A Diachronic and Comparative Study of the Apocalyptic Vocabulary of Matthew 24:27-31, v. 2, p. 391.
  • 29. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 29 FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO VI Livros Beasley-Murray, George R. Jesus and the Future [Jesus e o Futuro]. Londres, Macmillan, 1954. ____________. A Commentary on Mark 13 [Um Comentário sobre Marcos 13]. Londres, Macmillan, 1957. ____________. Jesus and the Last Days [Jesus e os Últimos Dias]. Peabody, MA: Hendrickson 1993. Charlesworth, J. H., ed., The Old Testament Pseudepigrapha [Os Livros Pseudoepigráficos do Antigo Testamento]. Garden City, New York: Doubleday, 1983-1985. 2 ts. Conzelman, H. The Theology of Luke [A Teologia de Lucas]. Filadélfia: Fortress Press, 1982. Segunda parte: "Luke's Eschatology" [A Escatologia de Lucas]. Cranfield, C. E. B. The Gospel According to St. Mark [O Evangelho Segundo São Marcos]. Cambridge: Cambridge University Press, 1959. Dodd, C. H. More New Testament Studies [Mais Estudos do Novo Testamento]. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1968. Cap. 6: "The Fall of Jerusalem and the 'Abomination of Desolation' " [A Queda de Jerusalém e a "Abominação da Desolação"]. Ford, Desmond. The Abomination of Desolation in Biblical Eschatology [A Abominação da Desolação na Escatologia Bíblica]. Washington, D.C.: University Press of America, 1979. Caps. 2-4. France, R. T. Jesus and the Old Testament [Jesus e o Antigo Testamento]. Londres, Intervarsity Press, 1971. Apêndice A. Froom, LeRoy. E. The Prophetic Faith of Our Fathers [A Fé Profética de Nossos Pais]. 4 ts. Washington, D.C.: Review and Herald,
  • 30. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 30 1946-1954. T. 4, Apêndices H (sobre Mateus 24) e B (The "Falling of the Stars" [A "queda das estrelas"]). Gaston, L. No Stone One Another. Studies in the significance of the Fall of Jerusalem in the Synoptic Gospels [Não se Apedrejem. Estudos sobre o Significado da Queda de Jerusalém nos Evangelhos Sinóticos]. Leiden: E. J. Brill, 1970. Hartman, L. Prophecy Interpreted [A Profecia Interpretada]. Uppsala: Gleerup, 1966. Kim, Ki Kon. The Signs of the Parousia: A Diachronic and Comparative Study of the Apocalyptic Vocabulary of Matthew 24:27-31 [Os Sinais da Parousia: Um Estudo Diacrônico e Comparativo do Vocabulário Apocalíptico de Mateus 24:27-31]. 2 ts. Tese doutoral, Seminário Teológico da Universidade Andrews, 1994 (K491). Ladd, George E. The Presence of the Future [A Presença do Futuro]. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1973. LaRondelle, Hans K. The Israel of God in Prophecy. Principles of Prophetic Interpretation [O Israel de Deus na Profecia. Princípios de Interpretação Profética]. Estudos monográficos em religião da Universidade Andrews, T. XIII. Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1993, 8.ª edição. Ridderbos, Herman. The Coming of the Kingdom [A Vinda do Reino]. Filadélfia, P: The Presbyterian and Reformed Publ. Co., 1962. Cap. 10. Wenham, David. The Rediscovery of Jesus' Eschatological Discourse [O Redescobrimento do Discurso Escatológico de Jesus]. T. 4 da Coleção Gospel Perspectives [Perspectivas do Evangelho]. Sheffield: JSOT Press, 1986. White, Ellen G. O Desejado de Todas as Nações. Tatuí, S. Paulo, Casa Publicadora Brasileira.
  • 31. A Compreensão de Cristo das Profecias de Daniel 31 Artigos Casebolt, G. "Is Ellen White's Interpretation of Biblical Prophecy Final?" [É Definitiva a interpretação de Ellen White da Profecia Bíblica?], Spectrum [Espectro] 12, 4 (1982), pp. 2-9. Cranfield, C. E. B. "St. Mark13" [São Marcos 13], SJT 6 (1953), pp. 189-196, 287-303; 7 (1954), pp. 284-303. Holman, G. L. "The idea of an Imminent Parousia in the Synoptic Gospels" [A Idéia de uma Parousia Iminente nos Evangelhos Sinóticos], SBTh 3 (1973), pp. 15-31. LaRondelle, Hans K. "Did Jesus Intend to Return in the First Century?" [Teve Jesus o Propósito de Retornar no Primeiro Século?], Ministry [Ministério], maio de 1993, pp. 10-13. Wenham, David. "A Note on Matthew 24:10-12" [Uma Nota sobre Mateus 24:10-12], Tyndale Bulletin [Boletim de Tyndale] 31 (1980), pp. 155-162.