O documento discute como os mitos, através de narrativas, ajudam os homens a compreender a origem do mundo e das coisas. Explica que a palavra "mito" vem do grego e significa contar histórias que fazem parte da cultura de um povo, podendo refletir tanto a realidade quanto a potencializá-la. Além disso, os mitos teriam uma função social de mediar a relação entre o sagrado e o homem, dando sentido ao mundo por meio de narrativas.
1. 11/02/2015 Mitos : Um pé na fantasia, outro na compreensão do mundo Resumo das disciplinas UOL Vestibular
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Mitos : Um pé na fantasia, outro na
compreensão do mundo
Carolina Cunha
Da Novelo Comunicação 31/10/2014 06h00
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Reprodução
Deusa da beleza e do amor, a grega Afrodite - identificada à Vênus dos romanos - teria
nascido das espumas das ondas do mar
No início do mundo, os deuses eram ligados às grandes forças da natureza. No
princípio havia o Caos (Universo). Terra (Gaia) surgiu a partir do Caos. Da união da
Terra e do Céu (Urano) foram gerados os 12 Titãs que reinavam absolutos até
serem derrotados pelos deuses que moravam no Olimpo, a mais alta montanha da
Grécia. Os deuses olímpicos passaram a governar o mundo e a decidir o destino
dos homens, tendo Zeus (http://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/zeus-o-rei-
dos-deuses-senhor-do-olimpo.htm) como o pai do panteão.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
A genealogia (história sobre a geração dos seres e das coisas) dos deuses gregos
faz parte dos diversos mitos que envolvem a origem da criação da vida. Mitos são
narrativas que trazem pretensos acontecimentos relativos a épocas ou tempos com
origem primordiais, ocorridos antes do surgimento dos homens (história dos
deuses) ou com os “primeiros” homens (história ancestral).
A palavra “mito” vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: mytheyo (contar,
narrar para o outro) e mytheo (conversar, anunciar, nomear). Em sua essência, mito
é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa, uma fala que foi ouvida e repetida
e faz parte da cultura de um povo. Pode ser associada à ficção, a lenda ou a
imaginação. Mas mitos não são simples histórias. Para alguns autores, as
narrativas mitológicas e seus mais variados temas são verdadeiros instrumentos
para a compreensão do mundo.
Em seu livro ”Convite à Filosofia”, a filósofa Marilena Chauí elenca três elementos
usados pelo mito para narrar a origem do mundo e de tudo que nele existe. O
primeiro é encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres. As relações entre
forças divinas e pessoais geram deuses, titãs, humanos, plantas, animais, entre
outros.
O segundo é encontrar uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz
surgir alguma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma guerra entre as
forças divinas, ou uma aliança entre elas para provocar alguma coisa no mundo dos
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2. 11/02/2015 Mitos : Um pé na fantasia, outro na compreensão do mundo Resumo das disciplinas UOL Vestibular
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homens. Um bom exemplo é a Ilíada, de Homero, que narra a Guerra de Troia. Por
fim, o terceiro elemento é encontrar recompensas ou castigos que os deuses dão a
que os obedece ou desafia.
Todos os povos do planeta possuem seus mitos. As mitologias que mais
influenciaram a cultura ocidental foram a grega e a romana
(http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/mitologia-grega-os-mitos-gregos-e-
sua-influencia-na-cultura-ocidental.htm). A partir do século 2 a.C os romanos
incorporaram os deuses e mitos gregos, dando novos nomes a eles. Zeus ficou
conhecido pelos romanos como Júpiter, possuindo as mesmas características e
atributos da mitologia grega.
Apesar das versões diferentes para as mesmas histórias, grande parte do que
conhecemos hoje da mitologia grega foi compilada pelos poetas gregos Hesíodo
(século 8 a.C.) e Homero, que além da Ilíada escreveu outra importante obra,
Odisseia, ambas nos últimos anos do século 9 a.C.
Na Antiguidade Clássica, os mitos gregos traziam figuras heroicas e fantásticas que
eram imortais ou tinham status de divindades, mas que também possuíam defeitos
e virtudes humanas. Afrodite, a deusa do amor, da beleza e da fertilidade, é vaidosa
e vingativa (http://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/afrodite-a-deusa-do-amor-e-
da-fertilidade.htm). Poseidon, senhor dos mares
(http://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/poseidon-o-deus-dos-mares-e-dos-
lagos.htm), quando ficava irritado produzia maremotos e inundações com seu
poderoso tridente.
Mito ou história?
Os mitos influenciaram o cotidiano dos povos helênicos e se misturaram à sua
história. Enquanto o mito é considerado uma fantasia, a história é tida como um
relato verdadeiro.
Os gregos são vistos como os pais da história. O estudioso Moses Finley diz que “a
atmosfera na qual os pais da História começaram a trabalhar estava impregnada de
mitos. Sem o mito, na verdade, eles nunca teriam conseguido iniciar seu trabalho”.
O francês Paul Veyne já era um historiador bastante conhecido quando escreveu
em 1983 o livro “Os gregos acreditavam em seus mitos?”, obra que foi relançada
este ano pela editora Unesp.
Veyne avaliou textos de vários autores gregos e romanos, do período clássico até a
Antiguidade, incluindo poetas, dramaturgos, filósofos e historiadores, que buscavam
definir uma fronteira entre mito e realidade. A partir do exemplo da crença dos
gregos em seus mitos, o autor se propôs a estudar se os gregos acreditavam de
verdade nos relatos de heróis e deuses.
O mito era considerado uma história falseada com um “fundo de verdade” a partir
de eventos históricos genuínos. Um exemplo é a lenda de Teseu, o grande herói da
cidade de Atenas. Teseu teria sido ajudado por Ariadne, filha do rei Minos, a
escapar do labirinto do Minotauro na ilha de Creta. Para o historiador grego
Pausânias (115 a.C.- 180 d.C.), o herói foi baseado em fatos reais. Teseu na
realidade seria um rei que conquistou o trono após a morte de Menesteu (rei de
Atenas durante a Guerra de Troia).
Com o tempo, o relato transcendeu a realidade. Apesar de não existirem provas de
sua existência histórica, soldados atenienses evocaram e afirmaram ter visto Teseu
lutando à frente do exército grego na Batalha de Maratona, travada contra os persas
em 490 a.C.
Veyne mostra que, assim como as crianças acreditam em Papai Noel mesmo
sabendo que são seus pais que deixam os presentes para elas, os antigos gregos
não achavam contraditório conciliar a verdade contida nos mitos com a verdade
colocada pela história.