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PROVA DE
HISTÓRIA
PERGUNTAS E RESPOSTAS

COMENTÁRIOS SOBRE AS RESPOSTAS
1ª Questão

As relações entre a pregação protestante e as estruturas políticas então existentes foram muitas vezes decisivas tanto
para os destinos da pregação em si quanto para os rumos afinal tomados pela organização das novas Igrejas.
Francisco José Calazans FALCON
In: RODRIGUES, Antonio Edmilson M. e FALCON, Francisco José C.
Tempos modernos: ensaios de história cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

O texto acima se refere a processos da Reforma Religiosa ocorridos na Europa. O movimento reformista, entretanto,
conheceu diferentes reações em distintas áreas. Indique duas causas para a Reforma Religiosa na Inglaterra e uma
consequência econômica desse movimento.
Resposta

• interesse do rei Henrique VIII nas terras da Igreja;
• interesse da burguesia na queda de taxas e impostos;
• interesse da burguesia em ampliar o seu poder no Parlamento;
• interesse do rei em fortalecer sua autoridade a partir da criação de uma igreja subordinada diretamente a ele;
• não concessão da anulação do casamento do rei com Catarina de Aragão pelo Papa e consequente interdição de seu
casamento com Ana Bolena;

Uma das consequências:
• aceleração do processo de cercamento dos campos;
• início da projeção da Inglaterra como potência econômica e naval na Europa;
• confisco e leilão das terras da Igreja Católica, ampliando os recursos disponíveis à monarquia.

Comentário
O processo de transformações econômicas, políticas e sociais ocorrido na Europa, a partir do século XII, culminou em
um amplo movimento de contestação à autoridade e ao poder material da Igreja Católica. Tal movimento, conhecido
como Reforma Protestante, foi precedido por manifestações nos séculos anteriores e em diversas regiões.

Com a organização dos Estados Nacionais, através da aliança entre a burguesia e o rei, a ação e interferência da Igreja
de Roma ficaram bastante reduzidas. A condenação da usura pela igreja entravava o desenvolvimento do comércio e
das atividades financeiras, o que a tornava bastante insensível às novas necessidades da burguesia. Além disso, a
igreja sofria críticas cujos principais alvos eram: a riqueza material da igreja e a atitude mundana do alto clero - muitos
usavam indevidamente a renda da igreja em beneficio próprio - e a prática da simonia – ou seja, o comércio das coisas
sagradas como a venda de cargos eclesiásticos, de indulgencias, etc. É o acirramento dessas práticas que faz eclodir o
movimento protestante.

No caso dos ingleses, durante o governo dos Tudor também se criticava os abusos da Igreja Católica, a ineficiência dos
tribunais eclesiásticos e o favoritismo na distribuição de cargos públicos para membros do Clero, além da crítica ao
pagamento e envio de dízimo para Roma.

Na Inglaterra, durante o governo de Henrique VIII (1509-1547), a burguesia pressionava pelo aumento do poder do
Parlamento, o que lhe daria oportunidade de legislar sobre a economia, inclusive sobre as taxas cobradas pela igreja, e
sobre a liberação da prática da usura. Henrique VIII, necessitando aumentar as riquezas do Estado, aproveitou-se
dessa situação para confiscar os bens da igreja. Isso gerou desentendimentos com o Papa. Tal situação foi agravada
quando o monarca solicitou a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, pois não tendo sucessores
masculinos com a princesa espanhola, Henrique VIII temia que, em caso de sua morte, o trono inglês passasse para o
controle Espanhol. Esse temor era compartilhado por toda a nação que apoiou o rei diante da negativa do papa em
conceder-lhe o divórcio. O rei então rompeu com o papado e promoveu uma reforma na Igreja Inglesa, obrigando seus
membros a reconhecê-lo como chefe supremo e a lhe jurar fidelidade e obediência. Assim Henrique VIII obteve do
Clero Inglês o divórcio de Catarina de Aragão e pode casar-se com Ana Bolena. Em 1534 Henrique VIII decretou o ato
de supremacia que separava a Inglaterra do papa e assim transformou-se no chefe da igreja de seu país, passando a
reprimir seus opositores. Esse movimento foi chamado de Reforma Anglicana. A doutrina anglicana apresentou poucas
modificações em relação à doutrina Católica, a não ser o desencorajamento do culto aos santos e relíquias e a
popularização da leitura da Bíblia, traduzida para o idioma tradicional.

No aspecto prático, a reforma anglicana resolveu duas questões para a monarquia inglesa: a concretização do divorcio
do rei, que solucionou a questão da herança do trono; e a apropriação dos bens da igreja os quais, vendidos para a
nobreza e para a burguesia, deram o necessário suporte financeiro para coroa.
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2ª Questão

O trabalho na colônia
1. 1500-1532: período chamado pré-colonial, caracterizado por uma economia extrativa baseada no escambo com os
índios;
2. 1532-1600: época de predomínio da escravidão indígena;
3. 1600-1700: fase de instalação do escravismo colonial de plantation em sua forma “clássica”;
4. 1700-1822: anos de diversificação das atividades em função da mineração, do surgimento de uma rede urbana, mais
tarde de uma importância maior da manufatura – embora sempre sob o signo da escravidão predominante.
Ciro Flamarion Santana CARDOSO
In: LINHARES, Maria Yedda (org.). História geral do Brasil.
9ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.



A partir das informações do texto, verificam-se alterações ocorridas no sistema colonial em relação à mão-de-obra.
Apresente duas justificativas para o incentivo do Estado português à importação de mão-de-obra escrava para sua
colônia na América.
Resposta
Duas das justificativas:
• oposição da Igreja Católica à utilização do indígena como escravo;
• dificuldade de apresamento dos indígenas, em função de sua migração / fuga para o interior;
• lucratividade do tráfico internacional de escravos, semelhante à de uma grande empresa, favorecendo traficantes e a
Coroa Portuguesa;
• “falta de braços” para a lavoura dos principais produtos coloniais, devido a um ciclo de doenças ocorridas na segunda
metade do século XVI, responsável pela morte de milhares de indígenas;
• caráter fortemente hierárquico da sociedade portuguesa desse momento, marcada pelo uso legitimado da
escravidão.

Comentário
O regime baseado nas relações escravistas de produção surgiu onde existia a possibilidade, seja de produzir para o
mercado europeu artigos tropicais em quantidades amplas, seja de explorar jazidas de metais preciosos, desde que
fosse possível resolver o problema da necessidade de mão de obra abundante e disciplinada. Em segundo lugar tal
regime surgiu onde não foi possível estabelecer ou manter uma estrutura de exploração baseada principalmente na
incorporação da força de trabalho indígena.

No caso da colônia portuguesa na America, conforme mostra o texto de Ciro Flamarion apresentado na questão, o
período entre 1532-1600 foi uma época em que predominava um sistema escravista baseado no trabalho indígena,
com presença relativamente pequena de escravos da África. A transição gradual para um tráfico africano mais intenso
ocorre em função de características, dificuldades e necessidades intrínsecas da economia colonial do açúcar. A partir de
1570, por um lado, a resistência dos índios, as epidemias que golpeavam duramente a população e a legislação contra
a escravidão indígena, reduziram tanto a disponibilidade da mão de obra indígena quanto sua rentabilidade. Por outro
lado, conforme a produção do açúcar ia se intensificando surgia a necessidade de mais mão de obra.

A escravidão africana se colocava, então, como uma opção que oferecia não só mão de obra abundante como, também,
se fazia duplamente lucrativa. Ao mesmo em tempo que permitia acumulação por parte dos traficantes, já que ao
serem vendidos como mercadoria os africanos traziam enormes lucros - ao contrário do indígena cuja escravização era
um negócio local -, também gerava maiores lucros em nível de produção, pois o comércio de africanos conseguia
atender a demanda de uma produção intensiva e em larga escala, a qual vinha sendo implementada no Brasil.
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3ª Questão

O rei é vencido e preso. O Parlamento tenta negociar com ele, dispondo-se a sacrificar o Exército. A intransigência de
Carlos, a radicalização do Exército, a inépcia do Parlamento somam-se para impedir essa saída “moderada”; o rei foge
do cativeiro, afinal, e uma nova guerra civil termina com a sua prisão pela segunda vez. O resultado será uma solução,
por assim dizer, moderadamente radical (1649): os presbiterianos são excluídos do Parlamento, a Câmara dos Lordes é
extinta, o rei decapitado por traição ao seu povo após um julgamento solene sem precedentes, proclamada a República;
mas essas bandeiras radicais são tomadas por generais independentes, Cromwell à atesta, que as esvaziam de seu
conteúdo social.
Renato Janine RIBEIRO
In: HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640. São
Paulo: Companhia das Letras, 1987.

O texto faz menção a um dos acontecimentos mais importantes da Europa no século XVII: a Revolução Puritana (1642-
1649). A partir daquele acontecimento, a Inglaterra viveu uma breven experiência republicana, sob a liderança de
Oliver Cromwell. Dentre suas realizações mais importantes, destaca-se a decretação do primeiro Ato de Navegação.

Explique a importância do Ato de Navegação para a economia inglesa e aponte duas ações políticas da República
Puritana.
Resposta
A decretação do primeiro Ato de Navegação (1651) determinou que o transporte de produtos importados pela
Inglaterra deveria ser feito apenas em navios ingleses ou pertencentes aos países de origem dos respectivos produtos,
ampliando o processo de acumulação de capitais.
Duas das ações:
• dissolução do Parlamento;
• conquista da Jamaica à Espanha;
•   supressão da Câmara dos Lordes;
•   vitórias militares contra a Holanda e a Espanha;
•   submissão da Irlanda e da Escócia, outra vez, à Inglaterra;
•   confisco e leilão das terras pertencentes à Igreja Anglicana e aos nobres que apoiaram o rei;
•   autoproclamação de Cromwell como Lorde Protetor das Repúblicas da Inglaterra, Escócia e Irlanda.

Comentário
Em 1628, Carlos I, rei da Inglaterra, foi obrigado pelos líderes do Parlamento a assinar a Petição de direitos, em que se
comprometia a não cobrar impostos sem a aprovação do Parlamento. No ano seguinte, o rei dissolveu o Parlamento
readquirindo o controle da política financeira. Diante disso Carlos I adota a reativação da cobrança de antigos impostos,
por exemplo, o Ship Money - imposto antes cobrado apenas às cidades portuárias para financiar a marinha, o qual foi
estendido a toda a nação. Também determinou medidas para impor a religião anglicana em todos os domínios da Coroa
como forma de legitimação de poder.

A Escócia, que era predominantemente presbiteriana, reage contra a imposição do rei e organiza um exército para
invadir a Inglaterra. Para combater tal iniciativa, Carlos I solicita verbas ao Parlamento Inglês, porém, em uma
demonstração de força, o Parlamento impôs algumas condições. Dentre elas a dissolução da Câmara Estrelada (tribunal
judiciário), a extinção da cobrança do Ship Money, entre outras. O rei cumpre as exigências e consegue que os
escoceses recuem. Em 1641, eclode uma revolta na Irlanda católica. O Parlamento nega a Carlos I o comando do
exército para a repressão, a menos que submetesse a escolha de seus conselheiros à aprovação do Parlamento.

Recusando-se a cumprir tal exigência, o rei invadiu o Parlamento e tentou prender seus líderes, o que desencadeou
uma guerra civil, em 1642. O exército parlamentar liderado por Oliver Cromwell venceu as tropas do rei, obrigando
Carlos I a se refugiar na Escócia. Lá o rei se nega a reconhecer a Igreja Presbiteriana e é executado pelo parlamento
Inglês em 1649.

O exército Puritano, sob o comando de Cromwell, tornou-se uma força política poderosa, alijando do poder os
presbiterianos e proclamando a república em 1649. Durante a República Puritana, sob o governo de Cromwell, foi
suprimido a Câmara dos Lordes, o que ajudou a eliminar as estruturas feudais que entravavam o pleno
desenvolvimento da economia inglesa. Também foi criado o conselho de Estado, composto por 41 membros, mas o
poder de fato era exercido por Cromwell. No plano externo, o maior destaque, foi a promulgação dos Atos de
Navegação (1651), pelos quais ficou estabelecido que todas as mercadorias deveriam ir para a Inglaterra em navios
ingleses ou de seus países de origem. Com o prestigio dado à marinha e a remodelação do exército, a Inglaterra
conseguiu os primeiros ganhos na política exterior contra a Holanda e a Espanha, de quem obteve respectivamente
Dunquerque e Jamaica.
Fortalecido, Cromwell dissolveu o Parlamento Inglês em 1653, proclamou-se “Lorde Protetor das Repúblicas da
Inglaterra, Escócia e Irlanda”, o que dura até sua morte em 1658.


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4ª Questão

(...) Minuciosas até o exagero são as descrições das operações manuais de Robinson: como ele escava a casa na rocha,
cerca-a com uma paliçada, constroi um barco (...) aprende a modelar e a cozer vasos e tijolos. Por esse empenho e
prazer em descrever as técnicas de Robinson, Defoe chegou até nós como o poeta da paciente luta do homem com a
matéria, da humildade e grandeza do fazer, da alegria de ver nascer as coisas de nossas mãos. (...) A conduta de
Defoe é, em Crusoé (...), bastante similar à do homem de negócios respeitador das normas que na hora do culto vai à
igreja e bate no peito, e logo se apressa em sair para não perder tempo no trabalho.
Ítalo CALVINO
Por que ler os clássicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998

Daniel Defoe, no romance Robison Crusoé, deixa transparecer a influência que as ideias liberais passaram a exercer
sobre o comportamento de parcela da sociedade europeia ainda no século XVIII.

Com base no fragmento citado, identifique um ideal liberal expresso nas ações do personagem Robinson Crusoé. Em
seguida, explicite como esse ideal se opunha à organização da sociedade do Antigo Regime.
Resposta
Um dos ideais e sua respectiva explicação:
• Individualismo: com o individualismo, os liberais criticam a sociedade do Antigo Regime, que colocava a razão do
Estado à frente das necessidades dos indivíduos, privilegiando determinados grupos por sua origem ou nascimento em
detrimento de suas habilidades ou competências.
• Valorização do trabalho independentemente de sua natureza: a dignificação de todo tipo de trabalho se contrapunha
ao caráter estamental da sociedade do Antigo Regime, de acordo com o qual determinadas ocupações eram indignas
dos membros dos estamentos privilegiados.

Comentário
Ao longo da Idade Moderna, a burguesia adquire progressivamente poder econômico e passa a exigir também direitos
políticos. Nesse quadro, em que o Antigo Regime e o desenvolvimento capitalista passam a conflitar, produz-se um
conjunto de idéias que expressava as aspirações dos grupos sociais descontentes , formando uma filosofia contraria ao
Antigo Regime, chamada de Iluminismo.

Os pensadores iluministas defendiam a liberdade política e econômica e dessa forma expressavam os meios burgueses
de crítica ao Estado Absolutista.

O século XVIII foi o momento de ruptura com a ordem moderna, gerando a Era das Revoluções que se inaugura com a
independência dos Estados Unidos e continua com a Revolução Francesa e os demais movimentos de independência da
América. Simultaneamente na área econômica processou-se uma transformação importante, a qual completou a
estruturação capitalista, a chamada Revolução Industrial. Como resultado desse período, que envolvia aspectos
religiosos, políticos, sociais e econômicos, uma nova ordem surge constituindo o sistema capitalista.

O pensamento liberal teve sua origem no século XVII por meio dos trabalhos sobre política publicados pelo filósofo
iluminista John Locke (1632-1704), o qual defendia a vida e a liberdade de propriedade como direitos naturais. Para ele
os governos haviam surgido em função de um contrato estabelecido entre os homens visando a preservação de direitos.
Nesse sentido, cabia a sociedade reclamar e até mesmo substituir o governante caso o contrato não fosse cumprido.
Desta forma, Locke negava o Absolutismo e fundava o liberalismo político. Outros pensadores iluministas apresentaram
ideias importantes para o pensamento liberal. Montesquieu (1689-1755), filósofo francês, defendia a teoria da
separação dos três poderes do Estado, segundo a qual o governo deveria ser exercido simultaneamente por três
poderes distintos e independentes: o legislativo, o executivo e o judiciário. Já Voltaire (1694-1778), defendia uma
monarquia que respeitasse os direitos individuais. Jean Jacques Rousseau (1712-1778), ao contrario de Voltaire e
Montesquieu, os quais eram monarquistas liberais, foi um crítico radical do Antigo Regime, defendendo um governo
popular.

Este pensador defendia a liberdade e igualdade entre os homens, afirmando que o poder político repousava sobre o
povo.

As ideias iluministas pregando as virtudes da liberdade levaram ao aparecimento de uma nova doutrina econômica, a
chamada fisiocracia. De acordo com os fisiocratas, a economia seria regulada por leis naturais, sem intervenção do
Estado e para exprimir esse ideal de liberdade econômica usavam o lema “Laissez-faire, laissez passer” (deixa fazer,
deixa passar), considerando indispensável à liberdade para o funcionamento das leis naturais. Já no século XVIII, o
liberalismo econômico supera o fisiocratismo. Este ganhou força com as ideias defendidas pelo filósofo e economista
escocês Adam Smith (1723-1790) que apontava a livre concorrência, a divisão do trabalho e o livre comércio como
indispensáveis para o progresso da humanidade.
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5ª Questão




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O mapa político apresentado demonstra a fragmentação ocorrida na América colonial espanhola, a partir dos
movimentos de independência. Esse processo resultou não só de fatores internos, mas também de fatores externos às
colônias, como a tentativa de restauração levada a cabo pela Santa Aliança, utilizando como regra básica o princípio de
legitimidade enunciado no Congresso de Viena (1814-1815).
Cite duas consequências políticas ou territoriais para a Europa pós-napoleônica da utilização do princípio de
legitimidade. Em seguida, explique a influência desse princípio nas lutas pela independência das colônias espanholas na
América


Resposta

Duas das consequências:
• dissolução da Confederação do Reno;
• ausência de partilha territorial da França;
• recolocação no poder das dinastias europeias, destronadas durante a expansão napoleônica;
• reorganização do mapa europeu, levando-se em consideração os direitos tradicionais das dinastias consideradas
legítimas e restaurando-se as fronteiras anteriores a 1791.
Explicação: Esse princípio, por tentar frear os processos de autonomia que haviam se instalado na região, ampliou
ainda mais as insatisfações dos diferentes setores das aristocracias coloniais que, organizadas em cabildos livres,
comandaram as lutas pela independência dos vice-reinos coloniais.
Comentário
A Revolução Francesa, ao promover a queda do Antigo Regime, introduziu uma série de mudanças na Europa, que
aderiu aos ideais revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade. Esses ideais, acompanhados por propostas de
liberalismo, soberania popular e nacionalismo, acabaram se tornando as características mais significativas do processo
histórico europeu ao longo do sec. XIX. No entanto, a opressão do regime imposto pelo império Napoleônico gerou, de
um lado, a reação das forças conservadoras - articuladas a partir do Congresso de Viena; e de outro , insuflou a
organização de movimentos nacionalistas de caráter liberal em diversas regiões do continente.
Com a derrota de Napoleão em 1814, as forças coligadas reuniram-se em Viena para reorganizar o mapa político da
Europa, completamente alterado pelas campanhas de Napoleão.

Apenas a Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia tiveram participação ativa no restabelecimento do equilíbrio continental.
As decisões de reformulação foram baseadas essencialmente no principio de legitimidade. Este princípio tem como
alicerce a restauração das monarquias e dos governos anteriores à Revolução Francesa, e a volta às mesmas fronteiras
européias existentes antes de 1791.
As principais decisões do congresso de Viena, que se encerrou em 1815, alteraram bastante o mapa político europeu e
das colônias em uma tentativa de restabelecer o equilíbrio entre as grandes potencias europeias. No caso da Espanha e
Portugal, não foram recompensados com ganhos territoriais, mas tiveram restauradas as dinastias de Bourbon e
Bragança, respectivamente. Foi por decisão do Congresso de Viena que o Brasil passa a categoria de Reino Unido a
Portugal e Algarves, o que permitiu que a família real permanecesse na América, sem perder o trono.
Para garantir as resoluções do Congresso de Viena, Alexandre I, czar da Rússia, propôs formar a Santa Aliança. Esta
era uma organização supranacional de ajuda mútua das monarquias europeias, cujo objetivo era estabelecer o direito
de intervenção em qualquer região da Europa em que irrompessem revoluções liberais. De fato, as grandes potências
Europeias interviram de forma decisiva no desenvolvimento das revoluções liberais, as quais desencadearam
principalmente em 1820 (Portugal – Revolução do Porto; Itália; Grécia).
As nações ibéricas não haviam conseguido um desenvolvimento econômico compatível com o restante da Europa
Ocidental. Enquanto outros países se industrializavam, Portugal e Espanha, cuja produção manufatureira era pouco
significativa, eram obrigados a recorrer aos ingleses e franceses para suprir seus mercados internos e fornecer as suas
colônias produtos industrializados em troca de matéria-prima. Assim, os Ibéricos foram se endividando cada vez mais,
tornando-se economicamente dependentes de outras nações, o que gerou seu enfraquecimento nas decisões políticas
mais importantes do continente. Diante disso, tanto os Espanhois como os portugueses, envolvidos no movimento do
despotismo esclarecido, adotaram no século XVIII alguns princípios iluministas. Através de reformas econômicas e
administrativas pretendiam conseguir um desenvolvimento mais rápido que lhes permitisse aumentar a renda, a
riqueza, o poder das monarquias e, ainda, preservar suas colônias, além de negociar sem prejuízos com outras nações.
Desta maneira, tinham como objetivo fortalecer o pacto colonial, para permitir uma exploração mais intensa dos
recursos de suas colônias.

Políticas de arrocho fiscal e reformas administrativas recaíam sobre as elites coloniais, o que se impunha como
obstáculo para a ascensão social e política destas e ao mesmo tempo as impedia de ter o controle sobre seus próprios
negócios. Tal situação gerou rebeliões com o propósito de independência, no final do sec. XVIII, como a rebelião
indígena de Tupac Amaru no Peru, em 1780, e a Inconfidência Mineira de 1789, no Brasil.

Influenciadas pelas ideias iluministas, pelo impacto político da Revolução Americana de Independência, e pela
Revolução Francesa, as elites da América colonial desencadearam o processo de independência, cujo objetivo era
assegurar o livre comércio e sua emancipação política.
No que concerne as colônias espanholas na América , sua elite (criollos) era composta por cerca de 3 milhões de
americanos brancos, descendentes de espanhois, que controlavam as principais atividades econômicas. Apesar de gerar
acúmulo de capitais para a colônia, os criollos não participavam da política e da administração da colônia, o que era
exercido por funcionários que vinham diretamente da Espanha (chapetones ou guachupines). A estes cabia a
fiscalização do pacto colonial e o exercício do comercio monopolista em nome da coroa. Ao tomarem conhecimento da
invasão Napoleônica na metrópole, os criollos trataram de converter rapidamente os Cabildos Municipais – únicos
canais de participação política da elite colonial - em juntas insurrecionais, a favor dos Bourbon, dinastia deposta.

A divergência de interesses locais levou os criollos a criarem exércitos próprios, inaugurando na America um período de
guerras civis, agravadas em algumas regiões pela eclosão de movimentos populares. Os povos das colônias anteviam
no processo de emancipação uma forma de superar sua condição. Temendo ser eliminados pelas insurreições populares,
os criollos passaram a liderar os movimentos de independência, canalizando a insatisfação de vários grupos contra os
Espanhois.
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6ª Questão

A única lei de legislação operária que teve larga aplicação é aquela que um advogado dos fazendeiros de São Paulo,
um ilustre Adolfo Gordo qualquer, ampliou: a lei de expulsão dos
estrangeiros do território da república, aplicada aos operários mais ou menos estrangeiros que
se organizassem em liga de resistência e cuidassem dos próprios interesses.
Gigi DAMIANI
“O Brasil visto por um anarquista italiano”. In: A batalha, 04/09/1921.



Presente Álvaro de Oliveira Monteiro (3ª Testemunha), portuguez, com trinta e cinco anos de
idade, solteiro, padeiro, residente à rua Dois de Fevereiro nummero cinquenta e nove, sabendo ler e escrever, inquirido
disse que hoje, cerca de sete horas da manhã, conduzia um cesto de pão a fim de distribuir tal alimento a freguesia e
ao passar pela rua Doutor Dias da Cruz um grupo de grevistas e empregados da padaria o forçaram a largar o cesto de
pão no qual atearam fogo, impedindo assim que elle declarante exercesse o seu commercio; que desse grupo tomavam
parte os acusados presentes que foram presos, tendo os demais conseguido se evadirem.
Brasil: Arquivo Nacional, 7ª Pretoria Criminal, Freguesias de Inhaúma, Irajá
e Jacarepaguá – 1912-1922 (Fundo 72), Ano: 1912, Notação: 72.0465.

Os textos acima apontam para um quadro desolador da situação da classe trabalhadora brasileira na Primeira República.
O primeiro foi escrito por um militante operário, e o segundo é parte integrante de um arquivo policial da época. Ambos
demonstram tanto a ótica sob a qual as elites políticas viam o mundo do trabalho quanto a fragilidade do movimento
operário. Indique quatro razões que contribuíram para que esse movimento, no início do século XX, se encontrasse na
situação descrita nos fragmentos.


Resposta

Gabarito
Quatro das razões:
• divisão interna do movimento operário;
• reduzido peso da indústria na economia brasileira;
• pequena repercussão pública dos movimentos grevistas;
• esperança de muitos trabalhadores estrangeiros em retornar à Europa;
• posição contrária da maioria dos anarquistas à luta por leis trabalhistas;
• reduzida tendência à organização dos trabalhadores fabris em sindicatos;
• receio entre os trabalhadores em função de “listas negras” das indústrias;
• legislação essencialmente repressiva, com a questão social sendo tratada como “caso de polícia”.

Comentário
Desde o inicio do século XX, as greves se tornaram frequentes em quase todas as cidades fabris, sobretudo no Estado
de São Paulo e Rio de Janeiro, mas ao contrário do que já ocorria em alguns países europeus, não eram reconhecidas
como uma forma legítima de luta dos trabalhadores. A maioria dos operários se empregava nas indústrias de alimentos
e tecidos, porém o desenvolvimento fabril era incipiente e estabeleceu uma base salarial baixa, péssimas condições de
trabalho e exploração brutal da força de trabalho, que se encontrava em abundancia no país.

As principais razões para a superexploração do trabalhador na primeira metade do Séc. XX decorrem de natureza
política e econômica. A questão política tem base na inexistência de leis de proteção ao trabalho e assistência social. A
questão econômica está associada ao barateamento da força de trabalho. Na medida em que a mecanização das
indústrias limitava a oferta de empregos e também o grau de qualificação do trabalhador, por outro lado, a migração e
as crises periódicas da lavoura cafeeira contribuíram para aumentar a oferta de mão de obra.

Diante de tal situação, uma vez que o Estado e os empresários não prestavam assistência médica e social necessárias,
as diferentes categorias de trabalhadores criaram caixas beneficentes e associações de socorro mútuo, com fins
assistenciais.

Em 1903 ocorreu a primeira greve geral no Rio de Janeiro. Três anos depois, os ferroviários de São Paulo, em protesto
contra a redução de salários, abandonaram o trabalho numa das principais greves ali ocorridas. Nesse mesmo ano, foi
realizado o primeiro congresso operário brasileiro, sendo criada a Confederação Operária Brasileira, cujo programa
continha as principais lutas proletárias: redução da jornada de trabalho para 8h, estímulo a sindicalização,
regulamentação do trabalho, liberdade de reunião.

A partir de 1914 as condições de vida dos assalariados pioraram, aumentando os movimentos grevistas. Apesar da
expansão industrial, o custo de vida se eleva enquanto os salários não sobem a mesma proporção.

O proletariado urbano era constituído em sua maioria de imigrantes europeus. Muitos eram adeptos do anarco-
sindicalismo e estavam habituados à luta do proletariado na Europa. Ao perceber as condições de vida no Brasil,
organizaram, ao lado de trabalhadores brasileiros, a maioria dos sindicatos operários e uma série de movimentos de
denúncia e reinvidicação, além de fundar uma série de jornais. Os anarquistas, porém, não foram os únicos a
influenciar o proletariado nascente.

Até o início dos anos 20, o movimento grevista foi intenso. Nos anos seguintes, o movimento operário declinou
reduzindo-se também a influência anarquista. Muitas foram as razões para o declínio: pequeno grau de sindicalização,
elevada taxa de desemprego – o que dificultava a organização -, além do isolamento dos anarquistas, cujas ideias
revolucionárias provocavam afastamento dos setores mais moderados.

Outra razão, bastante enfática, foi a repressão ao movimento operário e aos anarquistas, especialmente a partir de
1917. Em 1907 foi aprovada a Lei Adolfo Gordo, que estabelecia a expulsão de estrangeiros acusados de atentar
contra a segurança do país e impedia a participação nas diretorias sindicais dos não-naturalizados ou que estivessem
no Brasil a menos de cinco anos. Situação que se agravou a partir de 1917 com o governo de Washington Luiz, último
presidente da república dos fazendeiros, dono da frase: “A questão operaria é uma questão de polícia”.
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7ª Questão

A Primeira Guerra Mundial não resolveu nada. As esperanças que gerou – de um mundo pacífico e democrático de
Estados-nação sob a Liga das Nações; de um retorno à economia mundial de 1913; mesmo (entre os que saudaram a
Revolução Russa) de capitalismo mundial derrubado dentro de anos ou meses por um levante dos oprimidos – logo
foram frustradas. O passado estava fora de alcance, o futuro fora adiado, o presente era amargo, a não ser por uns
poucos anos passageiros em meados da década de 1920.
Eric J. HOBSBAWM
A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

O período entre-guerras (1919-1939) começou com uma combinação de esperança e ressentimento. Diversos acordos
foram impostos pelos Estados vencedores aos derrotados. O mais conhecido deles é o Tratado de Versalhes de 1919.
Outros tratados complementares também foram assinados e igualmente tiveram grande importância para a geopolítica
mundial.

Indique duas transformações na geopolítica mundial decorrentes desses tratados complementares. Em seguida, cite
dois países que foram submetidos a eles.


Resposta

Duas das transformações:
• desaparecimentos de impérios centrais multiétnicos e pluriculturais, como o austro-húngaro e o turco-otomano;
• surgimento de novos Estados no leste europeu: Tchecoeslováquia, Polônia, Iugoslávia, além da Áustria e da Hungria,
separadas uma da outra;
• entrega de territórios anteriormente turcos ao Reino Unido (Palestina, Jordânia e Mesopotâmia) e à França (Líbano e
Síria) pela Liga das Nações;
• reforço da política de isolamento imposta à Rússia, com a criação de um cordão sanitário, formado também por
países surgidos da desagregação do império austro-húngaro.

Dois dos países:
• Áustria
• Hungria
• Bulgária
• Turquia

Comentário
Em janeiro de 1919, reuniu-se no Palácio de Versalhes a Conferência de Paris, para definir as condições de paz com a
Alemanha. Participaram somente os países vencedores. Os Estados Unidos, representados por seu presidente Woodrow
Wilson, e a Grã-Bretanha, por Lloyd George, formaram com a França o grupo dos Três Grandes e decidiram o que seria
imposto aos perdedores da Primeira Guerra Mundial. As condições da rendição envolveram questões territoriais,
militares e financeiras e as disposições deveriam ser cumpridas a partir da assinatura em junho de 1919 do Tratado de
Versalhes.

Dentre as resoluções estavam: a Alemanha foi responsabilizada pela guerra e como tal condenada a pagar aos Aliados
pesadas indenizações; os exércitos alemães foram reduzidos e a fronteira franco-gerrmânica desmilitarizada; a França
recebeu de volta a Alsácia-Lorena e adquiriu direitos de exploração das minas de carvão do Sarre por 15 anos; os
Aliados obtinham concessões de privilégios aduaneiros e a Alemanha reconhecia independência da Polônia.O Tratado de
Versallhes também criou a Liga das nações.

Além do tratado de Versalhes , foram assinados tratados complementares que resolveram a situação dos demais países
vencidos. Dentre os tratados complementares estão: Tratado de Saint-Germain, assinado em 1919 com a Áustria.
Determinou a independência da Hungria , Polônia, Tchecoslováquia e da Iugoslávia, além de anexar à Itália os
territórios Trieste, Trentino e Ístria; Tratado de Neully, assinado em 1919 com a Bulgária, que foi obrigada a ceder para
a Romênia para a Iugoslávia e para Grécia a maior parte dos territórios anexados durante as guerras balcânicas;
Tratado de Trianon, assinado em 1920 com a Hungria, que perdeu a Eslováquia que foi incorporada a Tchecoslováquia,
a Croácia, a qual foi incorporada a Iugoslávia e a Transilvânia, incorporada à Romênia; Tratado de Sèvres, assinado em
1920 com a Turquia. Esse tratado praticamente liquidou o Império Turco, pois tornou a Armênia independente, a Grécia
ficou com a maior parte da Turquia europeia, a França passou a controlar a Síria e os ingleses a controlar a
Mesopotâmia e a Palestina.
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8ª Questão




Tarsila do Amaral. São Paulo (Gazo) - 1924.
www.movebr.wikidot.com

Tarsila do Amaral foi uma das principais artistas da Semana de Arte Moderna de 1922. A tela acima é representativa da
primeira fase do movimento modernista no Brasil (1922 a 1930).

Nesse momento, as propostas desses artistas e intelectuais encontravam eco em reivindicações de diferentes setores
sociais do país, cuja mobilização levou ao fim da República Oligárquica, em 1930.

Identifique, a partir da tela apresentada, duas características da ordem socioeconômica defendida pelos modernistas na
década de 1920. Em seguida, explique de que forma elas contradizem a política e a economia brasileiras vigentes à
época


Resposta

Duas das características:
• desenvolvimento urbano;
• desenvolvimento industrial;
• modernidade tecnológica.

 O desenvolvimento dos centros urbanos e a industrialização eram vistos como símbolos de modernidade pelos
integrantes da Semana de Arte Moderna que, assim, opunham-se ao modelo agrário-exportador vigente e ao domínio
das tradicionais oligarquias agrárias que controlavam o cenário político do país, por meio de currais eleitorais e do voto
de cabresto. Assim, colocava-se em xeque a vocação agrária da sociedade brasileira, pressuposto de políticas
econômicas, financeiras e tributárias empreendidas por governos republicanos.

Comentário
 O término da Primeira Guerra Mundial marcou o fim de uma época não só na política e na economia internacionais,
mas, também, nas artes do Ocidente. As velhas estruturas, as classificações que por tanto século haviam norteado o
julgamento do “gosto” artístico perdiam a razão de ser, diante das divisões do mundo moderno. É nesse contexto que
surgem as chamadas Vanguardas na literatura, na música, nas artes plásticas, como o futurismo, cubismo e dadaísmo.

 A intelectualidade brasileira buscava corresponder às exigências dos novos tempos e renegar os modelos arcaicos. Ao
mesmo tempo, era preciso liberar a criação artística local dos padrões europeus, movimento que culminou na Semana
de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em fevereiro de 1922.

Desde então, os intelectuais brasileiros passaram a dirigir sua produção para uma problemática bem mais próxima do
povo. Isso se refletia não só na linguagem utilizada, cuja preocupação dos poetas e pensadores de se expressarem
como brasileiros era constante, como também na temática. Os modernistas retomam os temas do indianismo, agora
sem as idealizações românticas, além de apontarem para a necessidade de desenvolvimento urbano, industrial e
tecnológico no Brasil.

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9ª Questão

Tanto mar
Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor no teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

Chico Buarque de HOLANDA

A canção de Chico Buarque de Hollanda refere-se à Revolução dos Cravos, ocorrida em Portugal em 1974. Aponte duas
razões que levaram o exército português a liderar o processo revolucionário e explicite a principal consequência da
Revolução dos Cravos para a política portuguesa na África.
Resposta

Duas das razões:
• queda vertiginosa da economia portuguesa;
• desgaste das tropas portuguesas em prolongadas guerras coloniais;
• forte migração de jovens para a Europa e o Brasil para não participarem do conflito;
• crescimento de reivindicações corporativas das Forças Armadas, que aos poucos foram ganhando conotação política.

Consequência: fim do antigo sistema colonial português com o reconhecimento pelo governo de Portugal das
independências das suas colônias africanas: Angola, Moçambique, Guiné, Cabo-Verde e São Tomé e Príncipe.

Comentário
Diversos movimentos de libertação tiveram início na década de 60 em três colônias portuguesas: Angola, Moçambique
e Guiné. Em uma tentativa de barrar esses movimentos separatistas, Portugal envia contingentes militares as colônias,
iniciando uma longa disputa. As baixas patentes das Forças Armadas de Portugal iniciam um processo de reivindicações
contrárias as guerras nas colônias que culmina em 1974 na Revolução dos Cravos e que cuja consequência é o fim do
salazarismo, o regime totalitário português que vigorava no país desde a década de 20.

Inaugurou-se uma nova política em relação às colônias e seus respectivos movimentos de emancipação. Portugal se
colocou favorável aos movimentos de libertação, buscando acordos que viabilizassem a emancipação. Assim a
independência definitiva foi concedida a Guiné-Bissau em 1974 e no ano seguinte foi a vez de Moçambique.
Posteriormente, obtiveram a independência Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e, na Ásia, Timor, que acabou sendo
ocupado pela Indonésia. Os portugueses também se retiraram de Angola, onde prosseguiu uma disputa entre
diferentes grupos locais de distintas orientações políticas.
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10ª Questão
Muro de Berlim antes de novembro de 1989
www.wikipedia.com




Muro de Berlim em novembro de 1989
www.são-paulo.diplo.de

A derrubada do Muro de Berlim completará vinte anos em 2009. Construído em agosto de 1961, sua destruição é
lembrada como marco do fim de uma época. Indique o significado político da queda do Muro de Berlim para a
Alemanha e o significado simbólico desse acontecimento para o contexto político internaciona


Resposta

Significado político: para a Alemanha, a destruição do Muro de Berlim definiu o início do processo de sua reunificação
política.

Significado simbólico: no contexto político internacional, a queda do Muro de Berlim simbolizou o fim da Guerra Fria, do
domínio soviético sobre a Europa do leste e, sobretudo, um marco do descrédito da via socialista como contraponto à
via capitalista.

Comentário
Os vencedores da Segunda Guerra Mundial, pelo Acordo de Potsdam, dividiram a Alemanha em quatro zonas de
influência, estabelecendo que a capital do Terceiro Reich, Berlim, também seria objeto de partilha entre França,
Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética. Berlim estava dentro da zona de ocupação soviética. No entanto, os
outros três quartos da cidade, sob ocupação ocidental, ficaram na posição de possuírem orientação capitalista, o que
tornava inviável uma administração conjunta. Os Estados Unidos, França e Inglaterra decidiram pela fusão de todo o
setor ocidental, estabelecendo um governo autônomo, capitalista. A parte oriental tornou-se capital da Republica
Democrática Alemã e a ocidental ficou sob administração da República Federal da Alemanha.

No dia 13 de agosto de 1961, o governo do setor oriental (comunista) construiu uma barreira murada entre ambos os
lados de Berlim, tentando extirpar o lado Ocidental. Apesar dos protestos, o muro de Berlim permaneceu até 1989
como o principal símbolo da Guerra Fria. Em novembro de 1989 o governo oriental desativou o muro de Berlim e em
outubro de 1990, com a destituição de Erich Honecker – dirigente que se mantinha resistente a perestroika - a
Alemanha foi reunificada.
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11ª Questão
Brasil: participação do setor privado, estatais e governo na taxa de investimento na economia
Grafico
EUSTÁQUIO DE SENE e JOÃO C. MOREIRA
Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2007.

A importância do Estado na economia de um país varia ao longo do tempo de acordo, dentre outros aspectos, com o
papel que desempenha na produção de riqueza. No gráfico acima, é possível identificar o período de maior relevância
do Estado como agente direto do crescimento econômico no Brasil.

Esse período e a correspondente doutrina econômica que fundamentava os seus investimentos são identificados como:
(A) Estado Novo – monetarismo
(B) governo JK – protecionismo
(C) Nova República – liberalismo
(D) regime militar – keynesianismo


Resposta

GABARITO: D

COMENTÁRIO:
O Keynesianismo é uma doutrina econômica baseada nas formulações do economista inglês John Maynard Keynes. Em
sua principal obra,“A teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, Keynes apresenta modelos que serviriam como
solução para os EUA após a crise de 29. As ideias de Keynes foram aplicadas à economia norte-americana no governo
de Roosevelt inspirando o “New Deal”, que tinha como base a regulamentação da economia através do Estado visando
manter a demanda aquecida.

Para escapar de uma crise provocada pelo liberalismo, os EUA lançam mão, portanto, de uma política econômica
intervencionista. As propostas de Keynes, apesar de formuladas em um contexto que corresponde aos EUA na década
de 30, são adotadas também na América Latina.

No Brasil, durante o regime militar (1964-1985) a economia foi marcada por uma forte intervenção do estado, cujas
políticas econômicas adotavam algumas propostas do modelo do new deal, como por exemplo, grandes obras
financiadas pelo estado para absorver a mão de obra excedente, diminuindo o desemprego.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

12ª Questão
O impacto da vinda da Família Real portuguesa para o Brasil implicou alterações significativas para a cidade do Rio de
Janeiro que se prolongaram durante todo o período conhecido como “joanino”.

Essas alterações produziram uma nova dinâmica socioeconômica e redefiniram, em vários aspectos, a inserção da
cidade no contexto internacional.

Uma função urbana associada a essa nova inserção está indicada em:

(A) crescente pólo turístico em função da chegada da Missão Artística Francesa
(B) expressivo núcleo comercial articulado à nascente rede ferroviária brasileira
(C) principal porto brasileiro relacionado à importação legal de manufaturas britânicas
(D) importante centro religioso decorrente da instalação do Tribunal da Santa Inquisição



Resposta

GABARITO: C

COMENTÁRIO:
Dentre algumas políticas executadas por D. João, no período “joanino” (1808-1821), estão os tratados de 1810.
Descontentes pelo fato de Portugal pagar apenas 16% de taxas alfandegárias no Brasil e a Inglaterra pagar tanto
quanto os demais países, 24%, o ministro inglês Canning, enviou ao Brasil o lorde Strangford, que através de ameaças,
conseguiu do governo joanino a assinatura dos tratados de Comercio e Navegação e o tratado de Aliança e Amizade.
Com estes tratados, Portugal perdeu o monopólio do comercio brasileiro e a economia brasileira aumentou suas
transações diretas com a Inglaterra.

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PROVA DE HISTÓRIA: PERGUNTAS E RESPOSTAS

  • 1. PROVA DE HISTÓRIA PERGUNTAS E RESPOSTAS COMENTÁRIOS SOBRE AS RESPOSTAS
  • 2. 1ª Questão As relações entre a pregação protestante e as estruturas políticas então existentes foram muitas vezes decisivas tanto para os destinos da pregação em si quanto para os rumos afinal tomados pela organização das novas Igrejas. Francisco José Calazans FALCON In: RODRIGUES, Antonio Edmilson M. e FALCON, Francisco José C. Tempos modernos: ensaios de história cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. O texto acima se refere a processos da Reforma Religiosa ocorridos na Europa. O movimento reformista, entretanto, conheceu diferentes reações em distintas áreas. Indique duas causas para a Reforma Religiosa na Inglaterra e uma consequência econômica desse movimento. Resposta • interesse do rei Henrique VIII nas terras da Igreja; • interesse da burguesia na queda de taxas e impostos; • interesse da burguesia em ampliar o seu poder no Parlamento; • interesse do rei em fortalecer sua autoridade a partir da criação de uma igreja subordinada diretamente a ele; • não concessão da anulação do casamento do rei com Catarina de Aragão pelo Papa e consequente interdição de seu casamento com Ana Bolena; Uma das consequências: • aceleração do processo de cercamento dos campos; • início da projeção da Inglaterra como potência econômica e naval na Europa; • confisco e leilão das terras da Igreja Católica, ampliando os recursos disponíveis à monarquia. Comentário O processo de transformações econômicas, políticas e sociais ocorrido na Europa, a partir do século XII, culminou em um amplo movimento de contestação à autoridade e ao poder material da Igreja Católica. Tal movimento, conhecido como Reforma Protestante, foi precedido por manifestações nos séculos anteriores e em diversas regiões. Com a organização dos Estados Nacionais, através da aliança entre a burguesia e o rei, a ação e interferência da Igreja de Roma ficaram bastante reduzidas. A condenação da usura pela igreja entravava o desenvolvimento do comércio e das atividades financeiras, o que a tornava bastante insensível às novas necessidades da burguesia. Além disso, a igreja sofria críticas cujos principais alvos eram: a riqueza material da igreja e a atitude mundana do alto clero - muitos usavam indevidamente a renda da igreja em beneficio próprio - e a prática da simonia – ou seja, o comércio das coisas sagradas como a venda de cargos eclesiásticos, de indulgencias, etc. É o acirramento dessas práticas que faz eclodir o movimento protestante. No caso dos ingleses, durante o governo dos Tudor também se criticava os abusos da Igreja Católica, a ineficiência dos tribunais eclesiásticos e o favoritismo na distribuição de cargos públicos para membros do Clero, além da crítica ao pagamento e envio de dízimo para Roma. Na Inglaterra, durante o governo de Henrique VIII (1509-1547), a burguesia pressionava pelo aumento do poder do Parlamento, o que lhe daria oportunidade de legislar sobre a economia, inclusive sobre as taxas cobradas pela igreja, e sobre a liberação da prática da usura. Henrique VIII, necessitando aumentar as riquezas do Estado, aproveitou-se dessa situação para confiscar os bens da igreja. Isso gerou desentendimentos com o Papa. Tal situação foi agravada quando o monarca solicitou a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, pois não tendo sucessores masculinos com a princesa espanhola, Henrique VIII temia que, em caso de sua morte, o trono inglês passasse para o controle Espanhol. Esse temor era compartilhado por toda a nação que apoiou o rei diante da negativa do papa em conceder-lhe o divórcio. O rei então rompeu com o papado e promoveu uma reforma na Igreja Inglesa, obrigando seus membros a reconhecê-lo como chefe supremo e a lhe jurar fidelidade e obediência. Assim Henrique VIII obteve do Clero Inglês o divórcio de Catarina de Aragão e pode casar-se com Ana Bolena. Em 1534 Henrique VIII decretou o ato de supremacia que separava a Inglaterra do papa e assim transformou-se no chefe da igreja de seu país, passando a reprimir seus opositores. Esse movimento foi chamado de Reforma Anglicana. A doutrina anglicana apresentou poucas modificações em relação à doutrina Católica, a não ser o desencorajamento do culto aos santos e relíquias e a popularização da leitura da Bíblia, traduzida para o idioma tradicional. No aspecto prático, a reforma anglicana resolveu duas questões para a monarquia inglesa: a concretização do divorcio do rei, que solucionou a questão da herança do trono; e a apropriação dos bens da igreja os quais, vendidos para a nobreza e para a burguesia, deram o necessário suporte financeiro para coroa. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2ª Questão O trabalho na colônia 1. 1500-1532: período chamado pré-colonial, caracterizado por uma economia extrativa baseada no escambo com os índios; 2. 1532-1600: época de predomínio da escravidão indígena; 3. 1600-1700: fase de instalação do escravismo colonial de plantation em sua forma “clássica”; 4. 1700-1822: anos de diversificação das atividades em função da mineração, do surgimento de uma rede urbana, mais tarde de uma importância maior da manufatura – embora sempre sob o signo da escravidão predominante.
  • 3. Ciro Flamarion Santana CARDOSO In: LINHARES, Maria Yedda (org.). História geral do Brasil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. A partir das informações do texto, verificam-se alterações ocorridas no sistema colonial em relação à mão-de-obra. Apresente duas justificativas para o incentivo do Estado português à importação de mão-de-obra escrava para sua colônia na América. Resposta Duas das justificativas: • oposição da Igreja Católica à utilização do indígena como escravo; • dificuldade de apresamento dos indígenas, em função de sua migração / fuga para o interior; • lucratividade do tráfico internacional de escravos, semelhante à de uma grande empresa, favorecendo traficantes e a Coroa Portuguesa; • “falta de braços” para a lavoura dos principais produtos coloniais, devido a um ciclo de doenças ocorridas na segunda metade do século XVI, responsável pela morte de milhares de indígenas; • caráter fortemente hierárquico da sociedade portuguesa desse momento, marcada pelo uso legitimado da escravidão. Comentário O regime baseado nas relações escravistas de produção surgiu onde existia a possibilidade, seja de produzir para o mercado europeu artigos tropicais em quantidades amplas, seja de explorar jazidas de metais preciosos, desde que fosse possível resolver o problema da necessidade de mão de obra abundante e disciplinada. Em segundo lugar tal regime surgiu onde não foi possível estabelecer ou manter uma estrutura de exploração baseada principalmente na incorporação da força de trabalho indígena. No caso da colônia portuguesa na America, conforme mostra o texto de Ciro Flamarion apresentado na questão, o período entre 1532-1600 foi uma época em que predominava um sistema escravista baseado no trabalho indígena, com presença relativamente pequena de escravos da África. A transição gradual para um tráfico africano mais intenso ocorre em função de características, dificuldades e necessidades intrínsecas da economia colonial do açúcar. A partir de 1570, por um lado, a resistência dos índios, as epidemias que golpeavam duramente a população e a legislação contra a escravidão indígena, reduziram tanto a disponibilidade da mão de obra indígena quanto sua rentabilidade. Por outro lado, conforme a produção do açúcar ia se intensificando surgia a necessidade de mais mão de obra. A escravidão africana se colocava, então, como uma opção que oferecia não só mão de obra abundante como, também, se fazia duplamente lucrativa. Ao mesmo em tempo que permitia acumulação por parte dos traficantes, já que ao serem vendidos como mercadoria os africanos traziam enormes lucros - ao contrário do indígena cuja escravização era um negócio local -, também gerava maiores lucros em nível de produção, pois o comércio de africanos conseguia atender a demanda de uma produção intensiva e em larga escala, a qual vinha sendo implementada no Brasil. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3ª Questão O rei é vencido e preso. O Parlamento tenta negociar com ele, dispondo-se a sacrificar o Exército. A intransigência de Carlos, a radicalização do Exército, a inépcia do Parlamento somam-se para impedir essa saída “moderada”; o rei foge do cativeiro, afinal, e uma nova guerra civil termina com a sua prisão pela segunda vez. O resultado será uma solução, por assim dizer, moderadamente radical (1649): os presbiterianos são excluídos do Parlamento, a Câmara dos Lordes é extinta, o rei decapitado por traição ao seu povo após um julgamento solene sem precedentes, proclamada a República; mas essas bandeiras radicais são tomadas por generais independentes, Cromwell à atesta, que as esvaziam de seu conteúdo social. Renato Janine RIBEIRO In: HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. O texto faz menção a um dos acontecimentos mais importantes da Europa no século XVII: a Revolução Puritana (1642- 1649). A partir daquele acontecimento, a Inglaterra viveu uma breven experiência republicana, sob a liderança de Oliver Cromwell. Dentre suas realizações mais importantes, destaca-se a decretação do primeiro Ato de Navegação. Explique a importância do Ato de Navegação para a economia inglesa e aponte duas ações políticas da República Puritana. Resposta A decretação do primeiro Ato de Navegação (1651) determinou que o transporte de produtos importados pela Inglaterra deveria ser feito apenas em navios ingleses ou pertencentes aos países de origem dos respectivos produtos, ampliando o processo de acumulação de capitais. Duas das ações: • dissolução do Parlamento; • conquista da Jamaica à Espanha;
  • 4. supressão da Câmara dos Lordes; • vitórias militares contra a Holanda e a Espanha; • submissão da Irlanda e da Escócia, outra vez, à Inglaterra; • confisco e leilão das terras pertencentes à Igreja Anglicana e aos nobres que apoiaram o rei; • autoproclamação de Cromwell como Lorde Protetor das Repúblicas da Inglaterra, Escócia e Irlanda. Comentário Em 1628, Carlos I, rei da Inglaterra, foi obrigado pelos líderes do Parlamento a assinar a Petição de direitos, em que se comprometia a não cobrar impostos sem a aprovação do Parlamento. No ano seguinte, o rei dissolveu o Parlamento readquirindo o controle da política financeira. Diante disso Carlos I adota a reativação da cobrança de antigos impostos, por exemplo, o Ship Money - imposto antes cobrado apenas às cidades portuárias para financiar a marinha, o qual foi estendido a toda a nação. Também determinou medidas para impor a religião anglicana em todos os domínios da Coroa como forma de legitimação de poder. A Escócia, que era predominantemente presbiteriana, reage contra a imposição do rei e organiza um exército para invadir a Inglaterra. Para combater tal iniciativa, Carlos I solicita verbas ao Parlamento Inglês, porém, em uma demonstração de força, o Parlamento impôs algumas condições. Dentre elas a dissolução da Câmara Estrelada (tribunal judiciário), a extinção da cobrança do Ship Money, entre outras. O rei cumpre as exigências e consegue que os escoceses recuem. Em 1641, eclode uma revolta na Irlanda católica. O Parlamento nega a Carlos I o comando do exército para a repressão, a menos que submetesse a escolha de seus conselheiros à aprovação do Parlamento. Recusando-se a cumprir tal exigência, o rei invadiu o Parlamento e tentou prender seus líderes, o que desencadeou uma guerra civil, em 1642. O exército parlamentar liderado por Oliver Cromwell venceu as tropas do rei, obrigando Carlos I a se refugiar na Escócia. Lá o rei se nega a reconhecer a Igreja Presbiteriana e é executado pelo parlamento Inglês em 1649. O exército Puritano, sob o comando de Cromwell, tornou-se uma força política poderosa, alijando do poder os presbiterianos e proclamando a república em 1649. Durante a República Puritana, sob o governo de Cromwell, foi suprimido a Câmara dos Lordes, o que ajudou a eliminar as estruturas feudais que entravavam o pleno desenvolvimento da economia inglesa. Também foi criado o conselho de Estado, composto por 41 membros, mas o poder de fato era exercido por Cromwell. No plano externo, o maior destaque, foi a promulgação dos Atos de Navegação (1651), pelos quais ficou estabelecido que todas as mercadorias deveriam ir para a Inglaterra em navios ingleses ou de seus países de origem. Com o prestigio dado à marinha e a remodelação do exército, a Inglaterra conseguiu os primeiros ganhos na política exterior contra a Holanda e a Espanha, de quem obteve respectivamente Dunquerque e Jamaica. Fortalecido, Cromwell dissolveu o Parlamento Inglês em 1653, proclamou-se “Lorde Protetor das Repúblicas da Inglaterra, Escócia e Irlanda”, o que dura até sua morte em 1658. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 4ª Questão (...) Minuciosas até o exagero são as descrições das operações manuais de Robinson: como ele escava a casa na rocha, cerca-a com uma paliçada, constroi um barco (...) aprende a modelar e a cozer vasos e tijolos. Por esse empenho e prazer em descrever as técnicas de Robinson, Defoe chegou até nós como o poeta da paciente luta do homem com a matéria, da humildade e grandeza do fazer, da alegria de ver nascer as coisas de nossas mãos. (...) A conduta de Defoe é, em Crusoé (...), bastante similar à do homem de negócios respeitador das normas que na hora do culto vai à igreja e bate no peito, e logo se apressa em sair para não perder tempo no trabalho. Ítalo CALVINO Por que ler os clássicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998 Daniel Defoe, no romance Robison Crusoé, deixa transparecer a influência que as ideias liberais passaram a exercer sobre o comportamento de parcela da sociedade europeia ainda no século XVIII. Com base no fragmento citado, identifique um ideal liberal expresso nas ações do personagem Robinson Crusoé. Em seguida, explicite como esse ideal se opunha à organização da sociedade do Antigo Regime. Resposta Um dos ideais e sua respectiva explicação: • Individualismo: com o individualismo, os liberais criticam a sociedade do Antigo Regime, que colocava a razão do Estado à frente das necessidades dos indivíduos, privilegiando determinados grupos por sua origem ou nascimento em detrimento de suas habilidades ou competências. • Valorização do trabalho independentemente de sua natureza: a dignificação de todo tipo de trabalho se contrapunha ao caráter estamental da sociedade do Antigo Regime, de acordo com o qual determinadas ocupações eram indignas dos membros dos estamentos privilegiados. Comentário Ao longo da Idade Moderna, a burguesia adquire progressivamente poder econômico e passa a exigir também direitos políticos. Nesse quadro, em que o Antigo Regime e o desenvolvimento capitalista passam a conflitar, produz-se um conjunto de idéias que expressava as aspirações dos grupos sociais descontentes , formando uma filosofia contraria ao
  • 5. Antigo Regime, chamada de Iluminismo. Os pensadores iluministas defendiam a liberdade política e econômica e dessa forma expressavam os meios burgueses de crítica ao Estado Absolutista. O século XVIII foi o momento de ruptura com a ordem moderna, gerando a Era das Revoluções que se inaugura com a independência dos Estados Unidos e continua com a Revolução Francesa e os demais movimentos de independência da América. Simultaneamente na área econômica processou-se uma transformação importante, a qual completou a estruturação capitalista, a chamada Revolução Industrial. Como resultado desse período, que envolvia aspectos religiosos, políticos, sociais e econômicos, uma nova ordem surge constituindo o sistema capitalista. O pensamento liberal teve sua origem no século XVII por meio dos trabalhos sobre política publicados pelo filósofo iluminista John Locke (1632-1704), o qual defendia a vida e a liberdade de propriedade como direitos naturais. Para ele os governos haviam surgido em função de um contrato estabelecido entre os homens visando a preservação de direitos. Nesse sentido, cabia a sociedade reclamar e até mesmo substituir o governante caso o contrato não fosse cumprido. Desta forma, Locke negava o Absolutismo e fundava o liberalismo político. Outros pensadores iluministas apresentaram ideias importantes para o pensamento liberal. Montesquieu (1689-1755), filósofo francês, defendia a teoria da separação dos três poderes do Estado, segundo a qual o governo deveria ser exercido simultaneamente por três poderes distintos e independentes: o legislativo, o executivo e o judiciário. Já Voltaire (1694-1778), defendia uma monarquia que respeitasse os direitos individuais. Jean Jacques Rousseau (1712-1778), ao contrario de Voltaire e Montesquieu, os quais eram monarquistas liberais, foi um crítico radical do Antigo Regime, defendendo um governo popular. Este pensador defendia a liberdade e igualdade entre os homens, afirmando que o poder político repousava sobre o povo. As ideias iluministas pregando as virtudes da liberdade levaram ao aparecimento de uma nova doutrina econômica, a chamada fisiocracia. De acordo com os fisiocratas, a economia seria regulada por leis naturais, sem intervenção do Estado e para exprimir esse ideal de liberdade econômica usavam o lema “Laissez-faire, laissez passer” (deixa fazer, deixa passar), considerando indispensável à liberdade para o funcionamento das leis naturais. Já no século XVIII, o liberalismo econômico supera o fisiocratismo. Este ganhou força com as ideias defendidas pelo filósofo e economista escocês Adam Smith (1723-1790) que apontava a livre concorrência, a divisão do trabalho e o livre comércio como indispensáveis para o progresso da humanidade. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 5ª Questão www.inpeau.ufsc.br O mapa político apresentado demonstra a fragmentação ocorrida na América colonial espanhola, a partir dos movimentos de independência. Esse processo resultou não só de fatores internos, mas também de fatores externos às colônias, como a tentativa de restauração levada a cabo pela Santa Aliança, utilizando como regra básica o princípio de legitimidade enunciado no Congresso de Viena (1814-1815).
  • 6. Cite duas consequências políticas ou territoriais para a Europa pós-napoleônica da utilização do princípio de legitimidade. Em seguida, explique a influência desse princípio nas lutas pela independência das colônias espanholas na América Resposta Duas das consequências: • dissolução da Confederação do Reno; • ausência de partilha territorial da França; • recolocação no poder das dinastias europeias, destronadas durante a expansão napoleônica; • reorganização do mapa europeu, levando-se em consideração os direitos tradicionais das dinastias consideradas legítimas e restaurando-se as fronteiras anteriores a 1791. Explicação: Esse princípio, por tentar frear os processos de autonomia que haviam se instalado na região, ampliou ainda mais as insatisfações dos diferentes setores das aristocracias coloniais que, organizadas em cabildos livres, comandaram as lutas pela independência dos vice-reinos coloniais. Comentário A Revolução Francesa, ao promover a queda do Antigo Regime, introduziu uma série de mudanças na Europa, que aderiu aos ideais revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade. Esses ideais, acompanhados por propostas de liberalismo, soberania popular e nacionalismo, acabaram se tornando as características mais significativas do processo histórico europeu ao longo do sec. XIX. No entanto, a opressão do regime imposto pelo império Napoleônico gerou, de um lado, a reação das forças conservadoras - articuladas a partir do Congresso de Viena; e de outro , insuflou a organização de movimentos nacionalistas de caráter liberal em diversas regiões do continente. Com a derrota de Napoleão em 1814, as forças coligadas reuniram-se em Viena para reorganizar o mapa político da Europa, completamente alterado pelas campanhas de Napoleão. Apenas a Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia tiveram participação ativa no restabelecimento do equilíbrio continental. As decisões de reformulação foram baseadas essencialmente no principio de legitimidade. Este princípio tem como alicerce a restauração das monarquias e dos governos anteriores à Revolução Francesa, e a volta às mesmas fronteiras européias existentes antes de 1791. As principais decisões do congresso de Viena, que se encerrou em 1815, alteraram bastante o mapa político europeu e das colônias em uma tentativa de restabelecer o equilíbrio entre as grandes potencias europeias. No caso da Espanha e Portugal, não foram recompensados com ganhos territoriais, mas tiveram restauradas as dinastias de Bourbon e Bragança, respectivamente. Foi por decisão do Congresso de Viena que o Brasil passa a categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves, o que permitiu que a família real permanecesse na América, sem perder o trono. Para garantir as resoluções do Congresso de Viena, Alexandre I, czar da Rússia, propôs formar a Santa Aliança. Esta era uma organização supranacional de ajuda mútua das monarquias europeias, cujo objetivo era estabelecer o direito de intervenção em qualquer região da Europa em que irrompessem revoluções liberais. De fato, as grandes potências Europeias interviram de forma decisiva no desenvolvimento das revoluções liberais, as quais desencadearam principalmente em 1820 (Portugal – Revolução do Porto; Itália; Grécia). As nações ibéricas não haviam conseguido um desenvolvimento econômico compatível com o restante da Europa Ocidental. Enquanto outros países se industrializavam, Portugal e Espanha, cuja produção manufatureira era pouco significativa, eram obrigados a recorrer aos ingleses e franceses para suprir seus mercados internos e fornecer as suas colônias produtos industrializados em troca de matéria-prima. Assim, os Ibéricos foram se endividando cada vez mais, tornando-se economicamente dependentes de outras nações, o que gerou seu enfraquecimento nas decisões políticas mais importantes do continente. Diante disso, tanto os Espanhois como os portugueses, envolvidos no movimento do despotismo esclarecido, adotaram no século XVIII alguns princípios iluministas. Através de reformas econômicas e administrativas pretendiam conseguir um desenvolvimento mais rápido que lhes permitisse aumentar a renda, a riqueza, o poder das monarquias e, ainda, preservar suas colônias, além de negociar sem prejuízos com outras nações. Desta maneira, tinham como objetivo fortalecer o pacto colonial, para permitir uma exploração mais intensa dos recursos de suas colônias. Políticas de arrocho fiscal e reformas administrativas recaíam sobre as elites coloniais, o que se impunha como obstáculo para a ascensão social e política destas e ao mesmo tempo as impedia de ter o controle sobre seus próprios negócios. Tal situação gerou rebeliões com o propósito de independência, no final do sec. XVIII, como a rebelião indígena de Tupac Amaru no Peru, em 1780, e a Inconfidência Mineira de 1789, no Brasil. Influenciadas pelas ideias iluministas, pelo impacto político da Revolução Americana de Independência, e pela Revolução Francesa, as elites da América colonial desencadearam o processo de independência, cujo objetivo era assegurar o livre comércio e sua emancipação política. No que concerne as colônias espanholas na América , sua elite (criollos) era composta por cerca de 3 milhões de americanos brancos, descendentes de espanhois, que controlavam as principais atividades econômicas. Apesar de gerar acúmulo de capitais para a colônia, os criollos não participavam da política e da administração da colônia, o que era exercido por funcionários que vinham diretamente da Espanha (chapetones ou guachupines). A estes cabia a fiscalização do pacto colonial e o exercício do comercio monopolista em nome da coroa. Ao tomarem conhecimento da invasão Napoleônica na metrópole, os criollos trataram de converter rapidamente os Cabildos Municipais – únicos canais de participação política da elite colonial - em juntas insurrecionais, a favor dos Bourbon, dinastia deposta. A divergência de interesses locais levou os criollos a criarem exércitos próprios, inaugurando na America um período de guerras civis, agravadas em algumas regiões pela eclosão de movimentos populares. Os povos das colônias anteviam no processo de emancipação uma forma de superar sua condição. Temendo ser eliminados pelas insurreições populares,
  • 7. os criollos passaram a liderar os movimentos de independência, canalizando a insatisfação de vários grupos contra os Espanhois. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 6ª Questão A única lei de legislação operária que teve larga aplicação é aquela que um advogado dos fazendeiros de São Paulo, um ilustre Adolfo Gordo qualquer, ampliou: a lei de expulsão dos estrangeiros do território da república, aplicada aos operários mais ou menos estrangeiros que se organizassem em liga de resistência e cuidassem dos próprios interesses. Gigi DAMIANI “O Brasil visto por um anarquista italiano”. In: A batalha, 04/09/1921. Presente Álvaro de Oliveira Monteiro (3ª Testemunha), portuguez, com trinta e cinco anos de idade, solteiro, padeiro, residente à rua Dois de Fevereiro nummero cinquenta e nove, sabendo ler e escrever, inquirido disse que hoje, cerca de sete horas da manhã, conduzia um cesto de pão a fim de distribuir tal alimento a freguesia e ao passar pela rua Doutor Dias da Cruz um grupo de grevistas e empregados da padaria o forçaram a largar o cesto de pão no qual atearam fogo, impedindo assim que elle declarante exercesse o seu commercio; que desse grupo tomavam parte os acusados presentes que foram presos, tendo os demais conseguido se evadirem. Brasil: Arquivo Nacional, 7ª Pretoria Criminal, Freguesias de Inhaúma, Irajá e Jacarepaguá – 1912-1922 (Fundo 72), Ano: 1912, Notação: 72.0465. Os textos acima apontam para um quadro desolador da situação da classe trabalhadora brasileira na Primeira República. O primeiro foi escrito por um militante operário, e o segundo é parte integrante de um arquivo policial da época. Ambos demonstram tanto a ótica sob a qual as elites políticas viam o mundo do trabalho quanto a fragilidade do movimento operário. Indique quatro razões que contribuíram para que esse movimento, no início do século XX, se encontrasse na situação descrita nos fragmentos. Resposta Gabarito Quatro das razões: • divisão interna do movimento operário; • reduzido peso da indústria na economia brasileira; • pequena repercussão pública dos movimentos grevistas; • esperança de muitos trabalhadores estrangeiros em retornar à Europa; • posição contrária da maioria dos anarquistas à luta por leis trabalhistas; • reduzida tendência à organização dos trabalhadores fabris em sindicatos; • receio entre os trabalhadores em função de “listas negras” das indústrias; • legislação essencialmente repressiva, com a questão social sendo tratada como “caso de polícia”. Comentário Desde o inicio do século XX, as greves se tornaram frequentes em quase todas as cidades fabris, sobretudo no Estado de São Paulo e Rio de Janeiro, mas ao contrário do que já ocorria em alguns países europeus, não eram reconhecidas como uma forma legítima de luta dos trabalhadores. A maioria dos operários se empregava nas indústrias de alimentos e tecidos, porém o desenvolvimento fabril era incipiente e estabeleceu uma base salarial baixa, péssimas condições de trabalho e exploração brutal da força de trabalho, que se encontrava em abundancia no país. As principais razões para a superexploração do trabalhador na primeira metade do Séc. XX decorrem de natureza política e econômica. A questão política tem base na inexistência de leis de proteção ao trabalho e assistência social. A questão econômica está associada ao barateamento da força de trabalho. Na medida em que a mecanização das indústrias limitava a oferta de empregos e também o grau de qualificação do trabalhador, por outro lado, a migração e as crises periódicas da lavoura cafeeira contribuíram para aumentar a oferta de mão de obra. Diante de tal situação, uma vez que o Estado e os empresários não prestavam assistência médica e social necessárias, as diferentes categorias de trabalhadores criaram caixas beneficentes e associações de socorro mútuo, com fins assistenciais. Em 1903 ocorreu a primeira greve geral no Rio de Janeiro. Três anos depois, os ferroviários de São Paulo, em protesto contra a redução de salários, abandonaram o trabalho numa das principais greves ali ocorridas. Nesse mesmo ano, foi realizado o primeiro congresso operário brasileiro, sendo criada a Confederação Operária Brasileira, cujo programa continha as principais lutas proletárias: redução da jornada de trabalho para 8h, estímulo a sindicalização, regulamentação do trabalho, liberdade de reunião. A partir de 1914 as condições de vida dos assalariados pioraram, aumentando os movimentos grevistas. Apesar da expansão industrial, o custo de vida se eleva enquanto os salários não sobem a mesma proporção. O proletariado urbano era constituído em sua maioria de imigrantes europeus. Muitos eram adeptos do anarco- sindicalismo e estavam habituados à luta do proletariado na Europa. Ao perceber as condições de vida no Brasil,
  • 8. organizaram, ao lado de trabalhadores brasileiros, a maioria dos sindicatos operários e uma série de movimentos de denúncia e reinvidicação, além de fundar uma série de jornais. Os anarquistas, porém, não foram os únicos a influenciar o proletariado nascente. Até o início dos anos 20, o movimento grevista foi intenso. Nos anos seguintes, o movimento operário declinou reduzindo-se também a influência anarquista. Muitas foram as razões para o declínio: pequeno grau de sindicalização, elevada taxa de desemprego – o que dificultava a organização -, além do isolamento dos anarquistas, cujas ideias revolucionárias provocavam afastamento dos setores mais moderados. Outra razão, bastante enfática, foi a repressão ao movimento operário e aos anarquistas, especialmente a partir de 1917. Em 1907 foi aprovada a Lei Adolfo Gordo, que estabelecia a expulsão de estrangeiros acusados de atentar contra a segurança do país e impedia a participação nas diretorias sindicais dos não-naturalizados ou que estivessem no Brasil a menos de cinco anos. Situação que se agravou a partir de 1917 com o governo de Washington Luiz, último presidente da república dos fazendeiros, dono da frase: “A questão operaria é uma questão de polícia”. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 7ª Questão A Primeira Guerra Mundial não resolveu nada. As esperanças que gerou – de um mundo pacífico e democrático de Estados-nação sob a Liga das Nações; de um retorno à economia mundial de 1913; mesmo (entre os que saudaram a Revolução Russa) de capitalismo mundial derrubado dentro de anos ou meses por um levante dos oprimidos – logo foram frustradas. O passado estava fora de alcance, o futuro fora adiado, o presente era amargo, a não ser por uns poucos anos passageiros em meados da década de 1920. Eric J. HOBSBAWM A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. O período entre-guerras (1919-1939) começou com uma combinação de esperança e ressentimento. Diversos acordos foram impostos pelos Estados vencedores aos derrotados. O mais conhecido deles é o Tratado de Versalhes de 1919. Outros tratados complementares também foram assinados e igualmente tiveram grande importância para a geopolítica mundial. Indique duas transformações na geopolítica mundial decorrentes desses tratados complementares. Em seguida, cite dois países que foram submetidos a eles. Resposta Duas das transformações: • desaparecimentos de impérios centrais multiétnicos e pluriculturais, como o austro-húngaro e o turco-otomano; • surgimento de novos Estados no leste europeu: Tchecoeslováquia, Polônia, Iugoslávia, além da Áustria e da Hungria, separadas uma da outra; • entrega de territórios anteriormente turcos ao Reino Unido (Palestina, Jordânia e Mesopotâmia) e à França (Líbano e Síria) pela Liga das Nações; • reforço da política de isolamento imposta à Rússia, com a criação de um cordão sanitário, formado também por países surgidos da desagregação do império austro-húngaro. Dois dos países: • Áustria • Hungria • Bulgária • Turquia Comentário Em janeiro de 1919, reuniu-se no Palácio de Versalhes a Conferência de Paris, para definir as condições de paz com a Alemanha. Participaram somente os países vencedores. Os Estados Unidos, representados por seu presidente Woodrow Wilson, e a Grã-Bretanha, por Lloyd George, formaram com a França o grupo dos Três Grandes e decidiram o que seria imposto aos perdedores da Primeira Guerra Mundial. As condições da rendição envolveram questões territoriais, militares e financeiras e as disposições deveriam ser cumpridas a partir da assinatura em junho de 1919 do Tratado de Versalhes. Dentre as resoluções estavam: a Alemanha foi responsabilizada pela guerra e como tal condenada a pagar aos Aliados pesadas indenizações; os exércitos alemães foram reduzidos e a fronteira franco-gerrmânica desmilitarizada; a França recebeu de volta a Alsácia-Lorena e adquiriu direitos de exploração das minas de carvão do Sarre por 15 anos; os Aliados obtinham concessões de privilégios aduaneiros e a Alemanha reconhecia independência da Polônia.O Tratado de Versallhes também criou a Liga das nações. Além do tratado de Versalhes , foram assinados tratados complementares que resolveram a situação dos demais países vencidos. Dentre os tratados complementares estão: Tratado de Saint-Germain, assinado em 1919 com a Áustria. Determinou a independência da Hungria , Polônia, Tchecoslováquia e da Iugoslávia, além de anexar à Itália os territórios Trieste, Trentino e Ístria; Tratado de Neully, assinado em 1919 com a Bulgária, que foi obrigada a ceder para a Romênia para a Iugoslávia e para Grécia a maior parte dos territórios anexados durante as guerras balcânicas;
  • 9. Tratado de Trianon, assinado em 1920 com a Hungria, que perdeu a Eslováquia que foi incorporada a Tchecoslováquia, a Croácia, a qual foi incorporada a Iugoslávia e a Transilvânia, incorporada à Romênia; Tratado de Sèvres, assinado em 1920 com a Turquia. Esse tratado praticamente liquidou o Império Turco, pois tornou a Armênia independente, a Grécia ficou com a maior parte da Turquia europeia, a França passou a controlar a Síria e os ingleses a controlar a Mesopotâmia e a Palestina. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 8ª Questão Tarsila do Amaral. São Paulo (Gazo) - 1924. www.movebr.wikidot.com Tarsila do Amaral foi uma das principais artistas da Semana de Arte Moderna de 1922. A tela acima é representativa da primeira fase do movimento modernista no Brasil (1922 a 1930). Nesse momento, as propostas desses artistas e intelectuais encontravam eco em reivindicações de diferentes setores sociais do país, cuja mobilização levou ao fim da República Oligárquica, em 1930. Identifique, a partir da tela apresentada, duas características da ordem socioeconômica defendida pelos modernistas na década de 1920. Em seguida, explique de que forma elas contradizem a política e a economia brasileiras vigentes à época Resposta Duas das características: • desenvolvimento urbano; • desenvolvimento industrial; • modernidade tecnológica. O desenvolvimento dos centros urbanos e a industrialização eram vistos como símbolos de modernidade pelos integrantes da Semana de Arte Moderna que, assim, opunham-se ao modelo agrário-exportador vigente e ao domínio das tradicionais oligarquias agrárias que controlavam o cenário político do país, por meio de currais eleitorais e do voto de cabresto. Assim, colocava-se em xeque a vocação agrária da sociedade brasileira, pressuposto de políticas econômicas, financeiras e tributárias empreendidas por governos republicanos. Comentário O término da Primeira Guerra Mundial marcou o fim de uma época não só na política e na economia internacionais, mas, também, nas artes do Ocidente. As velhas estruturas, as classificações que por tanto século haviam norteado o julgamento do “gosto” artístico perdiam a razão de ser, diante das divisões do mundo moderno. É nesse contexto que surgem as chamadas Vanguardas na literatura, na música, nas artes plásticas, como o futurismo, cubismo e dadaísmo. A intelectualidade brasileira buscava corresponder às exigências dos novos tempos e renegar os modelos arcaicos. Ao mesmo tempo, era preciso liberar a criação artística local dos padrões europeus, movimento que culminou na Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em fevereiro de 1922. Desde então, os intelectuais brasileiros passaram a dirigir sua produção para uma problemática bem mais próxima do povo. Isso se refletia não só na linguagem utilizada, cuja preocupação dos poetas e pensadores de se expressarem como brasileiros era constante, como também na temática. Os modernistas retomam os temas do indianismo, agora
  • 10. sem as idealizações românticas, além de apontarem para a necessidade de desenvolvimento urbano, industrial e tecnológico no Brasil. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 9ª Questão Tanto mar Sei que estás em festa, pá Fico contente E enquanto estou ausente Guarda um cravo para mim Eu queria estar na festa, pá Com a tua gente E colher pessoalmente Uma flor no teu jardim Sei que há léguas a nos separar Tanto mar, tanto mar Sei também quanto é preciso, pá Navegar, navegar Lá faz primavera, pá Cá estou doente Manda urgentemente Algum cheirinho de alecrim Chico Buarque de HOLANDA A canção de Chico Buarque de Hollanda refere-se à Revolução dos Cravos, ocorrida em Portugal em 1974. Aponte duas razões que levaram o exército português a liderar o processo revolucionário e explicite a principal consequência da Revolução dos Cravos para a política portuguesa na África. Resposta Duas das razões: • queda vertiginosa da economia portuguesa; • desgaste das tropas portuguesas em prolongadas guerras coloniais; • forte migração de jovens para a Europa e o Brasil para não participarem do conflito; • crescimento de reivindicações corporativas das Forças Armadas, que aos poucos foram ganhando conotação política. Consequência: fim do antigo sistema colonial português com o reconhecimento pelo governo de Portugal das independências das suas colônias africanas: Angola, Moçambique, Guiné, Cabo-Verde e São Tomé e Príncipe. Comentário Diversos movimentos de libertação tiveram início na década de 60 em três colônias portuguesas: Angola, Moçambique e Guiné. Em uma tentativa de barrar esses movimentos separatistas, Portugal envia contingentes militares as colônias, iniciando uma longa disputa. As baixas patentes das Forças Armadas de Portugal iniciam um processo de reivindicações contrárias as guerras nas colônias que culmina em 1974 na Revolução dos Cravos e que cuja consequência é o fim do salazarismo, o regime totalitário português que vigorava no país desde a década de 20. Inaugurou-se uma nova política em relação às colônias e seus respectivos movimentos de emancipação. Portugal se colocou favorável aos movimentos de libertação, buscando acordos que viabilizassem a emancipação. Assim a independência definitiva foi concedida a Guiné-Bissau em 1974 e no ano seguinte foi a vez de Moçambique. Posteriormente, obtiveram a independência Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e, na Ásia, Timor, que acabou sendo ocupado pela Indonésia. Os portugueses também se retiraram de Angola, onde prosseguiu uma disputa entre diferentes grupos locais de distintas orientações políticas. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 10ª Questão
  • 11. Muro de Berlim antes de novembro de 1989 www.wikipedia.com Muro de Berlim em novembro de 1989 www.são-paulo.diplo.de A derrubada do Muro de Berlim completará vinte anos em 2009. Construído em agosto de 1961, sua destruição é lembrada como marco do fim de uma época. Indique o significado político da queda do Muro de Berlim para a Alemanha e o significado simbólico desse acontecimento para o contexto político internaciona Resposta Significado político: para a Alemanha, a destruição do Muro de Berlim definiu o início do processo de sua reunificação política. Significado simbólico: no contexto político internacional, a queda do Muro de Berlim simbolizou o fim da Guerra Fria, do domínio soviético sobre a Europa do leste e, sobretudo, um marco do descrédito da via socialista como contraponto à via capitalista. Comentário Os vencedores da Segunda Guerra Mundial, pelo Acordo de Potsdam, dividiram a Alemanha em quatro zonas de influência, estabelecendo que a capital do Terceiro Reich, Berlim, também seria objeto de partilha entre França, Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética. Berlim estava dentro da zona de ocupação soviética. No entanto, os outros três quartos da cidade, sob ocupação ocidental, ficaram na posição de possuírem orientação capitalista, o que tornava inviável uma administração conjunta. Os Estados Unidos, França e Inglaterra decidiram pela fusão de todo o setor ocidental, estabelecendo um governo autônomo, capitalista. A parte oriental tornou-se capital da Republica Democrática Alemã e a ocidental ficou sob administração da República Federal da Alemanha. No dia 13 de agosto de 1961, o governo do setor oriental (comunista) construiu uma barreira murada entre ambos os lados de Berlim, tentando extirpar o lado Ocidental. Apesar dos protestos, o muro de Berlim permaneceu até 1989 como o principal símbolo da Guerra Fria. Em novembro de 1989 o governo oriental desativou o muro de Berlim e em outubro de 1990, com a destituição de Erich Honecker – dirigente que se mantinha resistente a perestroika - a Alemanha foi reunificada. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 11ª Questão
  • 12. Brasil: participação do setor privado, estatais e governo na taxa de investimento na economia Grafico EUSTÁQUIO DE SENE e JOÃO C. MOREIRA Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2007. A importância do Estado na economia de um país varia ao longo do tempo de acordo, dentre outros aspectos, com o papel que desempenha na produção de riqueza. No gráfico acima, é possível identificar o período de maior relevância do Estado como agente direto do crescimento econômico no Brasil. Esse período e a correspondente doutrina econômica que fundamentava os seus investimentos são identificados como: (A) Estado Novo – monetarismo (B) governo JK – protecionismo (C) Nova República – liberalismo (D) regime militar – keynesianismo Resposta GABARITO: D COMENTÁRIO: O Keynesianismo é uma doutrina econômica baseada nas formulações do economista inglês John Maynard Keynes. Em sua principal obra,“A teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, Keynes apresenta modelos que serviriam como solução para os EUA após a crise de 29. As ideias de Keynes foram aplicadas à economia norte-americana no governo de Roosevelt inspirando o “New Deal”, que tinha como base a regulamentação da economia através do Estado visando manter a demanda aquecida. Para escapar de uma crise provocada pelo liberalismo, os EUA lançam mão, portanto, de uma política econômica intervencionista. As propostas de Keynes, apesar de formuladas em um contexto que corresponde aos EUA na década de 30, são adotadas também na América Latina. No Brasil, durante o regime militar (1964-1985) a economia foi marcada por uma forte intervenção do estado, cujas políticas econômicas adotavam algumas propostas do modelo do new deal, como por exemplo, grandes obras financiadas pelo estado para absorver a mão de obra excedente, diminuindo o desemprego. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 12ª Questão O impacto da vinda da Família Real portuguesa para o Brasil implicou alterações significativas para a cidade do Rio de Janeiro que se prolongaram durante todo o período conhecido como “joanino”. Essas alterações produziram uma nova dinâmica socioeconômica e redefiniram, em vários aspectos, a inserção da cidade no contexto internacional. Uma função urbana associada a essa nova inserção está indicada em: (A) crescente pólo turístico em função da chegada da Missão Artística Francesa (B) expressivo núcleo comercial articulado à nascente rede ferroviária brasileira (C) principal porto brasileiro relacionado à importação legal de manufaturas britânicas
  • 13. (D) importante centro religioso decorrente da instalação do Tribunal da Santa Inquisição Resposta GABARITO: C COMENTÁRIO: Dentre algumas políticas executadas por D. João, no período “joanino” (1808-1821), estão os tratados de 1810. Descontentes pelo fato de Portugal pagar apenas 16% de taxas alfandegárias no Brasil e a Inglaterra pagar tanto quanto os demais países, 24%, o ministro inglês Canning, enviou ao Brasil o lorde Strangford, que através de ameaças, conseguiu do governo joanino a assinatura dos tratados de Comercio e Navegação e o tratado de Aliança e Amizade. Com estes tratados, Portugal perdeu o monopólio do comercio brasileiro e a economia brasileira aumentou suas transações diretas com a Inglaterra.