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Endocardite Infecciosa
(EI)
I - Definição

   É um processo infeccioso que acomete o endocárdio
    (endotélio das valvas cardíacas). O termo também
    denomina a doença produzida pela infecção de próteses
    valvares cardíacas.
   É uma doença grave (alto risco de morbidade e
    mortalidade) e de elevada incidência. Portadores de
    disfunção valvar, cardiopatia congênita ou de válvula
    cardíaca artificial são considerados de maior risco de
    contrair a doença.
   O prognóstico depende: diagnóstico precoce, tratamento
    efetivo e reconhecimento de suas complicações.
II - Etiologia

   Predominam os estreptococos (cerca de 40% - 60% dos casos) e
    os estafilococos (20% - 30 dos casos).
   Outras bactérias Gram-positivas ou Gram-negativas são
    causadoras de EI em cerca de 10% - 20% dos casos.
   Fungos são causas mais raras.
   Riquetsias, clamídias, espiroquetas e até mesmo vírus.
   Streptococcus bovis tem associação com neoplasia de cólon. Por
    esse motivo, mesmo na ausência de sintomas de afecção
    gastrointestinal, está indicada a pesquisa de tumores colônicos nos
    portadores de EI por S. bovis.
   O Staphilococcus aureus causa EI em portadores de lesões
    cardíacas, de próteses valvares cardíacas, nos hospitalizados
    (principalmente com cateteres e imunossuprimidos) e em viciados
    em drogas injetáveis.
   Outros agentes: grupo HACEK (Haemophilus, Actinobacilos,
    Carbobacterium, Eikenella e a Kingella).
III - Classificação
De acordo com o curso clínico:
a)    Aguda:
- Se caracteriza por lesão invasiva, ulcerativa e
      necrosante, de difícil cura, necessitando muitas vezes
      de intervenção cirúrgica além de tratamento
      antimicrobiano prolongado;
- É frequentemente causada por Staphilococcus e outros
      agente virulentos;
- Localmente destrutiva e rapidamente progressiva;
- Há disseminação local, com formação de abscessos e
      sistêmica, com abscessos pulmonares, cerebrais,
      renais e esplênicos.
b) Sub-Aguda:

-   Causada por agentes menos virulentos, que geralmente
    fazem parte da microbiota normal da cavidade oral e
    ataca principalmente valvas anormais ou previamente
    lesadas e melhora com o uso apenas de antibióticos,
    levando a um processo de fibrose e cicatrização.
III. 1. Classificação baseada na doença
valvular ou condição pre-existente

a)     EI de valvas naturais
       - A grande maioria é causada por Streptococcus,
       Staphilococcus e Enterococcus.
     - Streptococcus: 40% - 70% dos casos em não usuários
          de drogas venosas. A maioria do grupo viridans ou
          alfa-hemoliticos. São organismos de virulência
          relativamente baixa, que causam síndromes sub
          agudas, infectando defeitos congênitos e válvulas
          previamente lesadas. Fazem parte da flora
          endógena do homem, particularmente da orofaringe
          e cavidade oral. São normalmente sensíveis à
          Penicilina.
- Enterococcus: São habitantes naturais da uretra
anterior, trato digestivo e orofaringe. Também colonizam
úlceras de decúbito em pacientes imobilizados. São
relativamente resistentes à Penicilina, droga que é
bacteriostática contra esses organismos.
- Staphilococcus: A incidência de EI tem aumentado
principalmente devido o aumento da população de
usuários de drogas intravenosas e de pacientes com
cateteres de acesso venoso prolongado.
-   HACEK: Bacilos Gram-negativos que habitam a
    cavidade oral, tem baixa virulência e difícil cultivo.
    Causam quadro de EI subaguda com grandes
    vegetações. São comumentes implicados em casos de
    EI com hemoculturas negativas.

- Fungos: EI fungica é uma doença grave. Cândida
   frequentemente isolada. Populações de risco: pacientes
   com acesso venoso central e prolongado,
   imunossuprimidos.
III.2. EI em usuários de droga

   A grande maioria dos UDIV não tem valvopatia prévia.

   O envolvimento da tricúspide é visto em 50% a 60% dos
    casos, seguido da aórtica (25%) e mitral (20%).

   Agentes envolvidos: S. aureus (60%), enterococcus e
    fungos.
III.3. EI em próteses valvares (EPV)

   Válvulas na posição aórtica são infectadas mais
    frequentemente que as em posição mitral.
   A EPV é dividida em:
        - Precoce: primeiros 60 dias após a cirurgia. O
    Estafilococcus representa a maioria dos patógenos.Se
    apresenta como uma doença aguda, com disfunção
    valvular, insuficiência e deiscência da sutura.
        - Tardia: Relacionada à implantação de
    microorganismo na prótese durante episódio de
    bacteremia transitória. Há longo período de latência
    entre a contaminação e o desenvolvimento de EI (até 2
    anos). Se apresenta mais como EI sub-aguda.
IV. Epidemiologia

   A EI é incomum em crianças. A média de idade, em
    países desenvolvidos, é 50 anos (pela menor incidência
    de doença reumática, bem como, pelo aumento de
    doenças degenerativas e procedimentos invasivos na
    população idosa).
   Grupo especialmente predisposto: usuários de drogas
    injetáveis – acometimento freqüente da valva tricúspide.
   Válvulas mais afetadas: aórtica e mitral.
   Lesões cardíacas subjacentes são encontradas em 75%
    dos casos, incluindo doença reumática, PVM com
    insuficiência, cardiopatias congênitas e doenças
    degenerativas.
V. Patologia
   A lesão característica da EI é a vegetação. As bactérias
    fazem parte do núcleo da vegetação e são recobertas por
    camadas sucessivas de fibrina, o que dificulta a fagocitose
    por neutrófilos. A vegetação forma, assim, um santuário onde
    as bactérias se dividem livremente.
   O primeiro passo é a lesão endotelial, geralmente
    provocada pelo fluxo turbulento do sangue (gerado pela
    presença de alto gradiente de pressão entre duas câmaras
    cardíacas) ou pode também ser causadas por próteses intra
    cardíacas (exemplo: cateteres venosos, marcapasso,
    próteses valvulares) e outros corpos estranhos (em UDIN
    material infectado e injetado com as drogas). A lesão inicial é
    chamada de endocardite trombótica estéril e é composta
    de plaquetas e fibrinas que aderem a superfície endotelial
    lesada. A cascata de coagulação é ativada no local, levando
    a deposição de mais fibrina promovendo, assim, o
    crescimento da vegetação.
   O segundo passo é o alojamento de microorganismo na
    vegetação estéril durante episódios de bacteremia (exemplo:
    manipulações dentárias ou geniturinárias). A formação de
    uma capa protetora constituída de plaquetas e proteínas
    plasmáticas dificulta atuação das defesas orgânicas. Ao
    longo do tempo, haverá uma estimulação antigênica intensa
    causada pela liberação de antígenos bacterianos na
    circulação. Títulos altos de anticorpos se formam, assim
    como imunocomplexos, que podem causar lesões a
    distância. Esses complexos podem se depositar em tecidos
    como rins (glomerulonefrite), pele, articulações, superfícies
    serosas e promover inflamações. Localmente, a vegetação
    causa destruição valvular, mais intensa na forma aguda e
    causada por organismos virulentos. A vegetação varia em
    tamanho podendo até causar obstrução do orifício valvular e,
    se friável (EI fungicas), produzir embolizações sistêmicas.
    Pode haver formação de abscessos valvulares e perfuração
    das valvas. O processo pode envolver a cordoalha tendinosa
    e músculos papilares, causando ruptura das estruturas de
    suporte das válvulas.
   Êmbolos coronários, infrequentes, provocam infartos
    miocárdicos enquanto êmbolos sistêmicos se associam
    à infartos e abscessos de sítios distantes (rins, baço,
    cérebro, pulmões e vasos sanguíneos).

   As válvulas lesadas podem apresentar seqüelas
    definitivas com posterior comprometimento da função
    cardíaca.
VI. Manifestações Clínicas
   A síndrome começa usualmente 2 semanas após o evento
    precipitante (exemplo: manipulação dentária), com sintomas como:
    febre, sudorese noturna, perda do apetite e dores generalizadas.
   Sopros cardíacos;
   Esplenomegalia;
   Nódulos de Osler: nódulos pequenos dolorosos, em pele ou dedos,
    em eminência tenar e hipotenar, múltiplos podendo desaparecer em
    horas ou dias. 10 a 20% dos casos. Deposição de imunocomplexos.
   Manchas de Janeway: pequenas máculas hemorrágicas em palmas
    das mãos e solas dos pés.
   Mancha de Roth: Hemorragia retiniana com centro claro.
    Representam vaculites de vasos retinianos.
   Petéquias: no palato, conjuntiva e mucosa oral.
   Hemorragias em tiras, pequenas e lineares localizados no leito
    ungueal.
   Atralgias e atrites sépticas.
   Pneumonia metastática, embolia pulmonar ou abscessos podem ser
    vistos principalmente na EI tricúspide – tosse com expectoração
    purulenta, dor torácica e hemoptiase.
Manchas de Janeway
Mancha de Roth
Petéquias
Nódulos de Osler
VII. Diagnóstico

   ↑ de sensibilidade e especificidade – valor de dados
    clínicos: cardiopatia predisponente, febre, novo sopro
    regurgitante, fenômenos vasculares com dados
    laboratoriais fundamentais, hemocultura e estudo
    ecocardiográfico.
VII.1. Exames

    Exames laboratoriais:
a)   Inespecíficos:
-    hemograma: anemia normo/normo e leucocitose.
-    VHS: aumentado (inespecífico)
-    PCR: aumentada. É útil para monitorização da resposta
     terapêutica e o diagnóstico de complicações.
-    Urina I: proteinúria e hematúria microscópica e, menos
     comumente, leucocitúria (complicações renais).
-    Eletroforese de proteínas: hipergamaglobulinemia.
-    Fator reumatóide: 50% dos casos.
-    Dosagem de complemento: baixo

-    OBS: Tríade clássica da EI: febre, sopro e anemia.
b) Definitivo
- Hemoculturas: recomenda-se obtenção de 2 ou 3 amostras de
   hemocultura com intervalo de 30 min entre elas e em locais
   diferentes.
- Ecocardiografia: Documenta a presença de vegetação que é útil na
   avaliação das complicações da doença (ex: abscesso no anel
   valvar).
            - Transtorácica (convencional) – limitações obesos,
               DPOC, deformidade da parede torácica, trauma –
               sensibilidade 70% especificidade de 90%.
            - Trans-esofágica (superior) – detecta vegetações
               menores – sensibilidade de 90 a 100% e especificidade
               de 90%.
Imagem ecocardiograma mostrando vegetação na Válvula Mitral
c) Outros exames:
- ECG
- Rx tórax: sinais de congestão pulmonar ou sugestivo de
   embolia.
d) Critérios diagnósticos
     CRITÉRIOS DE DUKE MODIFICADOS PARA O DIAGNÓSTICO DE
                       ENDOCARDITE INFECCIOSA (EI)

  São necessários para o diagnóstico:
 2 critérios maiores ou
 1 critério maior e 3 menores ou
 5 critérios menores
Critérios maiores
 Isolamento dos agentes típicos de EI em duas hemoculturas distintas, sem
   foco primário: Streptococcus viridas, Streptococcus bovis, grupo HACEK,
   Streptococcus aureus ou bacteremia por enterococo adquirido na
   comunidade;
 Microorganismo compatível com EI isolado em hemoculturas
   persistentemente positivas;
 Única cultura ou sorologia positiva (IgG > 1:800) para Coxiella burnetii;
 Nova regurgitação valvar (Aparecimento de sopro ou mudança de sopro
   pré-existente não é suficiente);
 Ecocardiograma com evidências de endocardite (há 3 possíveis achados
   ecocardiográficos: massa intracardíaca oscilante ecogênica em sítio de
   lesão endocárdica, abscesso perivalvar e nova deiscência em valva
   prostética).
Critérios menores
 Fator predisponente para EI (uso de drogas injetáveis ou doença
   cardiovascular predisponente);
 Febre > 38ºC;
 Fenômenos vasculares (exceto petéquias e outras hemorragias);
 Fenômenos imunológicos (presença de fator reumatóide,
   glomerulonefrite, nódulo de Osler ou manchas de Roth);
 Hemocultura positiva que não preencha critérios maiores ou
   evidência sorológica de infecção ativa (exclui-se hemocultura única
   positiva para estafilococo coagulase-negativo ou para
   microorganismo que raramente cause endocardite).
VIII. Tratamento

   Envolve a erradicação do organismo causador e o
    tratamento das manifestações hemodinâmicas e
    embólicas da doença secundária à destruição valvar e a
    formação de vegetação.
   Antibioticoterapia é fundamental e, em alguns casos, há
    indicação de cirurgia.
   A endocardite por S. aureus associa-se a pior
    prognóstico devido a maior virulência, freqüência
    aumentada de embolia e formação de abscessos.
   Varia de 4 a 6 semanas, de acordo com a
    antinbioticoterapia e agente infectante.
VIII.1. Tratamento Clínico

a)   Streptococcus (viridans/ bovis):
-    Penicilina cristalina (20 milhões U/dia);
+
-     Gentamicina
b) Staphilococcus
      - Valva normal
    -    Sensíveis a Meticilina (Oxacilina + Gentamicina)
    -    Resistentes a Meticilina – Vancomicina
    - Prótese Valvar:
    -    Vancomicina + Rifanpicina + Gentamicina
c) Grupo HACEK
- Ceftriaxone
Ou
- Ampicilina + Gentamicina


d) Fungos
- Anfotericina B


OBS: - Alternativa Streptococcus (bons resultados):
  Ceftriaxone – 4 semanas;
  - Quando empírico em EI aguda e complicada –
  Staphilococcus: Vancomicina/ Teicoplamina +
  Aminoglicosídeo. Se for EI sub aguda usar Ceftriaxona +
  Aminoglicosídeo
VIII.2. Tratamento Cirúrgico

   Indicações:
-   ICC por disfunção valvar (moderada/ grave) e fístulas
    entre câmaras;

-   Abscesso miocárdico ou valvular;

-   Bacteremia persistente apesar da terapia adequada;

-   Retirada de marcapasso quando ele for o foco.
IX. Profilaxia
VI.1. Recomendações

-   EI prévia
-   Próteses valvares
-   Cardiopatia congênita cianogênica
-   Valvulopatias reumáticas (ou não)
-   Procedimentos dentários que envolvam manipulação do tecido
    gengival e da região periapical ou perfuração de mucos oral
-   Pacientes de alto risco cardíaco com infecção de trato
    gastrintestinal ou geniturinário e que serão submetidos a
    procedimentos diagnósticos ou terapêuticos desses sistemas
REGIME PADRÃO DE PROFILAXIA
                                                                  DROGAS ALTERNATIVAS
                    DROGAS ALTERNATIVAS       VIA ORAL NÃO
    VIA ORAL                                                      (HIPERSENSIBILIDADE E
                    (HIPERSENSIBILIDADE)       DISPONÍVEL
                                                                IMPOSSIBILIDADE VIA ORAL)



 AMOXACILINA                                                      CLINDAMICINA 600 mg EV
                         CEFALEXINA
 ADULTOS 2,0 g VO                               AMPICILINA           (30 MIN - 1 H ANTES
                        ADULTO: 2,0g VO
CRINAÇAS 50 mg/Kg                                                      PROCEDIMENTO
   DOSE ÚNICA

                     CRIANÇA: 50 mg/Kg DOSE                     CEFAZOLINA OU CEFTRIAXONE
                                                2g EV OU im
                             ÚNICA                                    1,0 g EV OU IM


                         CLINDAMICINA
                       ADULTO 600 MG VO
                        CRIANÇA 20mg/ kg
                          DOSE ÚNICA


                                              CEFAZOLINA OU
                        AZITROMICINA OU
                                              CEFTRIAXONE 1,0
                        CLARITROMICINA
                                                 g EV OU IM


                       ADULTO: 500 mg VO

                         CRIANÇA: 15mg/Kg
                           DOSE ÚNICA
                    (1H ANTES PROCEDIMENTO)
X. Complicações
a)   Neurológicas:
-    Avci;
-    Hemorragia intracraniana;
-    Encefalopatia, meningite e abscesso;
b) Cardiológicas:
-    ICC;
-    Embolias;
-    TEP;
c) Outras:
-    Infarto esplênico (44% das autópsias);
-    Abscesso esplênico (3 a 5% das EI – relacionado com
     Staphilo);
-    Alterações renais: abscessos, embolicas e
     glomerulonefrites.

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Endocardite infecciosa

  • 2. I - Definição  É um processo infeccioso que acomete o endocárdio (endotélio das valvas cardíacas). O termo também denomina a doença produzida pela infecção de próteses valvares cardíacas.  É uma doença grave (alto risco de morbidade e mortalidade) e de elevada incidência. Portadores de disfunção valvar, cardiopatia congênita ou de válvula cardíaca artificial são considerados de maior risco de contrair a doença.  O prognóstico depende: diagnóstico precoce, tratamento efetivo e reconhecimento de suas complicações.
  • 3. II - Etiologia  Predominam os estreptococos (cerca de 40% - 60% dos casos) e os estafilococos (20% - 30 dos casos).  Outras bactérias Gram-positivas ou Gram-negativas são causadoras de EI em cerca de 10% - 20% dos casos.  Fungos são causas mais raras.  Riquetsias, clamídias, espiroquetas e até mesmo vírus.  Streptococcus bovis tem associação com neoplasia de cólon. Por esse motivo, mesmo na ausência de sintomas de afecção gastrointestinal, está indicada a pesquisa de tumores colônicos nos portadores de EI por S. bovis.  O Staphilococcus aureus causa EI em portadores de lesões cardíacas, de próteses valvares cardíacas, nos hospitalizados (principalmente com cateteres e imunossuprimidos) e em viciados em drogas injetáveis.  Outros agentes: grupo HACEK (Haemophilus, Actinobacilos, Carbobacterium, Eikenella e a Kingella).
  • 4. III - Classificação De acordo com o curso clínico: a) Aguda: - Se caracteriza por lesão invasiva, ulcerativa e necrosante, de difícil cura, necessitando muitas vezes de intervenção cirúrgica além de tratamento antimicrobiano prolongado; - É frequentemente causada por Staphilococcus e outros agente virulentos; - Localmente destrutiva e rapidamente progressiva; - Há disseminação local, com formação de abscessos e sistêmica, com abscessos pulmonares, cerebrais, renais e esplênicos.
  • 5. b) Sub-Aguda: - Causada por agentes menos virulentos, que geralmente fazem parte da microbiota normal da cavidade oral e ataca principalmente valvas anormais ou previamente lesadas e melhora com o uso apenas de antibióticos, levando a um processo de fibrose e cicatrização.
  • 6. III. 1. Classificação baseada na doença valvular ou condição pre-existente a) EI de valvas naturais - A grande maioria é causada por Streptococcus, Staphilococcus e Enterococcus. - Streptococcus: 40% - 70% dos casos em não usuários de drogas venosas. A maioria do grupo viridans ou alfa-hemoliticos. São organismos de virulência relativamente baixa, que causam síndromes sub agudas, infectando defeitos congênitos e válvulas previamente lesadas. Fazem parte da flora endógena do homem, particularmente da orofaringe e cavidade oral. São normalmente sensíveis à Penicilina.
  • 7. - Enterococcus: São habitantes naturais da uretra anterior, trato digestivo e orofaringe. Também colonizam úlceras de decúbito em pacientes imobilizados. São relativamente resistentes à Penicilina, droga que é bacteriostática contra esses organismos. - Staphilococcus: A incidência de EI tem aumentado principalmente devido o aumento da população de usuários de drogas intravenosas e de pacientes com cateteres de acesso venoso prolongado.
  • 8. - HACEK: Bacilos Gram-negativos que habitam a cavidade oral, tem baixa virulência e difícil cultivo. Causam quadro de EI subaguda com grandes vegetações. São comumentes implicados em casos de EI com hemoculturas negativas. - Fungos: EI fungica é uma doença grave. Cândida frequentemente isolada. Populações de risco: pacientes com acesso venoso central e prolongado, imunossuprimidos.
  • 9. III.2. EI em usuários de droga  A grande maioria dos UDIV não tem valvopatia prévia.  O envolvimento da tricúspide é visto em 50% a 60% dos casos, seguido da aórtica (25%) e mitral (20%).  Agentes envolvidos: S. aureus (60%), enterococcus e fungos.
  • 10. III.3. EI em próteses valvares (EPV)  Válvulas na posição aórtica são infectadas mais frequentemente que as em posição mitral.  A EPV é dividida em: - Precoce: primeiros 60 dias após a cirurgia. O Estafilococcus representa a maioria dos patógenos.Se apresenta como uma doença aguda, com disfunção valvular, insuficiência e deiscência da sutura. - Tardia: Relacionada à implantação de microorganismo na prótese durante episódio de bacteremia transitória. Há longo período de latência entre a contaminação e o desenvolvimento de EI (até 2 anos). Se apresenta mais como EI sub-aguda.
  • 11. IV. Epidemiologia  A EI é incomum em crianças. A média de idade, em países desenvolvidos, é 50 anos (pela menor incidência de doença reumática, bem como, pelo aumento de doenças degenerativas e procedimentos invasivos na população idosa).  Grupo especialmente predisposto: usuários de drogas injetáveis – acometimento freqüente da valva tricúspide.  Válvulas mais afetadas: aórtica e mitral.  Lesões cardíacas subjacentes são encontradas em 75% dos casos, incluindo doença reumática, PVM com insuficiência, cardiopatias congênitas e doenças degenerativas.
  • 12. V. Patologia  A lesão característica da EI é a vegetação. As bactérias fazem parte do núcleo da vegetação e são recobertas por camadas sucessivas de fibrina, o que dificulta a fagocitose por neutrófilos. A vegetação forma, assim, um santuário onde as bactérias se dividem livremente.  O primeiro passo é a lesão endotelial, geralmente provocada pelo fluxo turbulento do sangue (gerado pela presença de alto gradiente de pressão entre duas câmaras cardíacas) ou pode também ser causadas por próteses intra cardíacas (exemplo: cateteres venosos, marcapasso, próteses valvulares) e outros corpos estranhos (em UDIN material infectado e injetado com as drogas). A lesão inicial é chamada de endocardite trombótica estéril e é composta de plaquetas e fibrinas que aderem a superfície endotelial lesada. A cascata de coagulação é ativada no local, levando a deposição de mais fibrina promovendo, assim, o crescimento da vegetação.
  • 13. O segundo passo é o alojamento de microorganismo na vegetação estéril durante episódios de bacteremia (exemplo: manipulações dentárias ou geniturinárias). A formação de uma capa protetora constituída de plaquetas e proteínas plasmáticas dificulta atuação das defesas orgânicas. Ao longo do tempo, haverá uma estimulação antigênica intensa causada pela liberação de antígenos bacterianos na circulação. Títulos altos de anticorpos se formam, assim como imunocomplexos, que podem causar lesões a distância. Esses complexos podem se depositar em tecidos como rins (glomerulonefrite), pele, articulações, superfícies serosas e promover inflamações. Localmente, a vegetação causa destruição valvular, mais intensa na forma aguda e causada por organismos virulentos. A vegetação varia em tamanho podendo até causar obstrução do orifício valvular e, se friável (EI fungicas), produzir embolizações sistêmicas. Pode haver formação de abscessos valvulares e perfuração das valvas. O processo pode envolver a cordoalha tendinosa e músculos papilares, causando ruptura das estruturas de suporte das válvulas.
  • 14. Êmbolos coronários, infrequentes, provocam infartos miocárdicos enquanto êmbolos sistêmicos se associam à infartos e abscessos de sítios distantes (rins, baço, cérebro, pulmões e vasos sanguíneos).  As válvulas lesadas podem apresentar seqüelas definitivas com posterior comprometimento da função cardíaca.
  • 15.
  • 16.
  • 17. VI. Manifestações Clínicas  A síndrome começa usualmente 2 semanas após o evento precipitante (exemplo: manipulação dentária), com sintomas como: febre, sudorese noturna, perda do apetite e dores generalizadas.  Sopros cardíacos;  Esplenomegalia;  Nódulos de Osler: nódulos pequenos dolorosos, em pele ou dedos, em eminência tenar e hipotenar, múltiplos podendo desaparecer em horas ou dias. 10 a 20% dos casos. Deposição de imunocomplexos.  Manchas de Janeway: pequenas máculas hemorrágicas em palmas das mãos e solas dos pés.  Mancha de Roth: Hemorragia retiniana com centro claro. Representam vaculites de vasos retinianos.  Petéquias: no palato, conjuntiva e mucosa oral.  Hemorragias em tiras, pequenas e lineares localizados no leito ungueal.  Atralgias e atrites sépticas.  Pneumonia metastática, embolia pulmonar ou abscessos podem ser vistos principalmente na EI tricúspide – tosse com expectoração purulenta, dor torácica e hemoptiase.
  • 22. VII. Diagnóstico  ↑ de sensibilidade e especificidade – valor de dados clínicos: cardiopatia predisponente, febre, novo sopro regurgitante, fenômenos vasculares com dados laboratoriais fundamentais, hemocultura e estudo ecocardiográfico.
  • 23. VII.1. Exames  Exames laboratoriais: a) Inespecíficos: - hemograma: anemia normo/normo e leucocitose. - VHS: aumentado (inespecífico) - PCR: aumentada. É útil para monitorização da resposta terapêutica e o diagnóstico de complicações. - Urina I: proteinúria e hematúria microscópica e, menos comumente, leucocitúria (complicações renais). - Eletroforese de proteínas: hipergamaglobulinemia. - Fator reumatóide: 50% dos casos. - Dosagem de complemento: baixo - OBS: Tríade clássica da EI: febre, sopro e anemia.
  • 24. b) Definitivo - Hemoculturas: recomenda-se obtenção de 2 ou 3 amostras de hemocultura com intervalo de 30 min entre elas e em locais diferentes. - Ecocardiografia: Documenta a presença de vegetação que é útil na avaliação das complicações da doença (ex: abscesso no anel valvar). - Transtorácica (convencional) – limitações obesos, DPOC, deformidade da parede torácica, trauma – sensibilidade 70% especificidade de 90%. - Trans-esofágica (superior) – detecta vegetações menores – sensibilidade de 90 a 100% e especificidade de 90%.
  • 25. Imagem ecocardiograma mostrando vegetação na Válvula Mitral
  • 26. c) Outros exames: - ECG - Rx tórax: sinais de congestão pulmonar ou sugestivo de embolia.
  • 27. d) Critérios diagnósticos CRITÉRIOS DE DUKE MODIFICADOS PARA O DIAGNÓSTICO DE ENDOCARDITE INFECCIOSA (EI)  São necessários para o diagnóstico:  2 critérios maiores ou  1 critério maior e 3 menores ou  5 critérios menores Critérios maiores  Isolamento dos agentes típicos de EI em duas hemoculturas distintas, sem foco primário: Streptococcus viridas, Streptococcus bovis, grupo HACEK, Streptococcus aureus ou bacteremia por enterococo adquirido na comunidade;  Microorganismo compatível com EI isolado em hemoculturas persistentemente positivas;  Única cultura ou sorologia positiva (IgG > 1:800) para Coxiella burnetii;  Nova regurgitação valvar (Aparecimento de sopro ou mudança de sopro pré-existente não é suficiente);  Ecocardiograma com evidências de endocardite (há 3 possíveis achados ecocardiográficos: massa intracardíaca oscilante ecogênica em sítio de lesão endocárdica, abscesso perivalvar e nova deiscência em valva prostética).
  • 28. Critérios menores  Fator predisponente para EI (uso de drogas injetáveis ou doença cardiovascular predisponente);  Febre > 38ºC;  Fenômenos vasculares (exceto petéquias e outras hemorragias);  Fenômenos imunológicos (presença de fator reumatóide, glomerulonefrite, nódulo de Osler ou manchas de Roth);  Hemocultura positiva que não preencha critérios maiores ou evidência sorológica de infecção ativa (exclui-se hemocultura única positiva para estafilococo coagulase-negativo ou para microorganismo que raramente cause endocardite).
  • 29. VIII. Tratamento  Envolve a erradicação do organismo causador e o tratamento das manifestações hemodinâmicas e embólicas da doença secundária à destruição valvar e a formação de vegetação.  Antibioticoterapia é fundamental e, em alguns casos, há indicação de cirurgia.  A endocardite por S. aureus associa-se a pior prognóstico devido a maior virulência, freqüência aumentada de embolia e formação de abscessos.  Varia de 4 a 6 semanas, de acordo com a antinbioticoterapia e agente infectante.
  • 30. VIII.1. Tratamento Clínico a) Streptococcus (viridans/ bovis): - Penicilina cristalina (20 milhões U/dia); + - Gentamicina b) Staphilococcus - Valva normal - Sensíveis a Meticilina (Oxacilina + Gentamicina) - Resistentes a Meticilina – Vancomicina - Prótese Valvar: - Vancomicina + Rifanpicina + Gentamicina
  • 31. c) Grupo HACEK - Ceftriaxone Ou - Ampicilina + Gentamicina d) Fungos - Anfotericina B OBS: - Alternativa Streptococcus (bons resultados): Ceftriaxone – 4 semanas; - Quando empírico em EI aguda e complicada – Staphilococcus: Vancomicina/ Teicoplamina + Aminoglicosídeo. Se for EI sub aguda usar Ceftriaxona + Aminoglicosídeo
  • 32. VIII.2. Tratamento Cirúrgico  Indicações: - ICC por disfunção valvar (moderada/ grave) e fístulas entre câmaras; - Abscesso miocárdico ou valvular; - Bacteremia persistente apesar da terapia adequada; - Retirada de marcapasso quando ele for o foco.
  • 33. IX. Profilaxia VI.1. Recomendações - EI prévia - Próteses valvares - Cardiopatia congênita cianogênica - Valvulopatias reumáticas (ou não) - Procedimentos dentários que envolvam manipulação do tecido gengival e da região periapical ou perfuração de mucos oral - Pacientes de alto risco cardíaco com infecção de trato gastrintestinal ou geniturinário e que serão submetidos a procedimentos diagnósticos ou terapêuticos desses sistemas
  • 34. REGIME PADRÃO DE PROFILAXIA DROGAS ALTERNATIVAS DROGAS ALTERNATIVAS VIA ORAL NÃO VIA ORAL (HIPERSENSIBILIDADE E (HIPERSENSIBILIDADE) DISPONÍVEL IMPOSSIBILIDADE VIA ORAL) AMOXACILINA CLINDAMICINA 600 mg EV CEFALEXINA ADULTOS 2,0 g VO AMPICILINA (30 MIN - 1 H ANTES ADULTO: 2,0g VO CRINAÇAS 50 mg/Kg PROCEDIMENTO DOSE ÚNICA CRIANÇA: 50 mg/Kg DOSE CEFAZOLINA OU CEFTRIAXONE 2g EV OU im ÚNICA 1,0 g EV OU IM CLINDAMICINA ADULTO 600 MG VO CRIANÇA 20mg/ kg DOSE ÚNICA CEFAZOLINA OU AZITROMICINA OU CEFTRIAXONE 1,0 CLARITROMICINA g EV OU IM ADULTO: 500 mg VO CRIANÇA: 15mg/Kg DOSE ÚNICA (1H ANTES PROCEDIMENTO)
  • 35. X. Complicações a) Neurológicas: - Avci; - Hemorragia intracraniana; - Encefalopatia, meningite e abscesso; b) Cardiológicas: - ICC; - Embolias; - TEP; c) Outras: - Infarto esplênico (44% das autópsias); - Abscesso esplênico (3 a 5% das EI – relacionado com Staphilo); - Alterações renais: abscessos, embolicas e glomerulonefrites.