O documento descreve características de diferentes cardiopatias congênitas. Apresenta definições, sinais e sintomas, exames complementares e tratamentos de comunicações interatriais, comunicações interventriculares, canal arterial persistente, defeito septo-atrioventricular e estenoses da via de saída do ventrículo direito e esquerdo.
2. Definição:
◦ São alterações estruturais e funcionais
cardiocirculatórias presentes já ao nascimento,
podendo serem diagnosticadas precoce ou
tardiamente.
3. Considerações iniciais:
◦ Embriologia do Coração
◦ Circulação Fetal
◦ Correspondem a menos de 5% de todas as
cardiopatias
◦ 6 -8/1000 nascidos vivos
◦ 1/3 dos casos é grave
◦ Meninos > meninas
◦ 25% anomalias extracardíacas
◦ Apresentam sopro e insuficiência cardíaca (varíavel)
4.
5. Sinais de Descompensação:
◦ Taquipnéia (sem estertoração de base)
◦ Taquicardia
◦ Hepatomegalia
◦ Cianose (perioral precoce ou tardia)
6. Etiologia:
◦ Hereditariedade: CIA, PCA
◦ Alterações cromossômicas:
Síndrome de Down: defeito septo AV
Síndrome de Turner: Coarctação da Aorta
◦ Teratógenos
◦ Altitude
◦ Sexo
7. Etiologia:
◦ Idade Materna (Tetralogia de Fallot)
◦ Patologias Maternas (LES, DM)
◦ Rubéola no primeiro trimestre de gestação (PCA)
◦ Alcoolismo
8. Classificação:
◦ Acianóticas:
Com hiperfluxo pulmonar
Sem hiperfluxo pulmonar
◦ Cianóticas:
Com hiperfluxo pulmonar
Sem hiperfluxo pulmonar
9. Cardiopatias Congênitas Acianóticas com
Hiperfluxo pulmonar:
◦ CIA
◦ CIV
◦ PCA
◦ Janela Aorto-pulmonar
◦ Defeito septo AV (defeito coxim endocárdico)
◦ Drenagem anômala das veias pulmonares
10. Classificação
◦ Ostium Primum
Parte baixa do septo AV
30% das CIAs
◦ Ostium secundum
Porção central do septo
50 a 70% das CIAs
◦ Seio Venoso
Próximo as veias cava superior ou inferior
10% das CIAs
◦ Seio coronário
rara
11.
12. Critérios Diagnósticos:
◦ Manifestação clínica depende:
Do tamanho da CIA
Da relação entre resistência pulmonar e sistêmica
Da relação entre a complacência do dois ventrículos
Da existência de patologia obstrutiva da via de saída
dos ventrículos.
13. Diagnóstico Clínico:
◦ Pode ser assintomático
◦ Resfriados de repetição, pneumonia e retardo do
desenvolvimento
◦ Sopro evidencia a partir do 3 -5° ano de vida
◦ SS ejetivo de pequena magnitude, em foco
pulmonar com desdobramento fixo de B2
15. Exames complementares:
◦ ECG:
BRD: Ostium secundum
BDASE + BAV 1° grau: Ostium primum
◦ RX Tórax:
Aumento da área cardíaca as custas de câmaras
direitas
Dilatação de troncos e ramos pulmonares
Sinais de hiperfluxo pulmonar
16.
17.
18.
19. Exames complementares:
◦ Ecocardiograma:
Permite caracterizar o tamanho, a localização, o grau
de repercussão hemodinâmica do defeito
Anomalias associadas
Presença de hipertensão pulmonar
Eco transtorácico é menos sensível no diagnóstico da
CIA tipo seio venoso do que o transesofágico.
20. Suspeita clínica de CIA
ECG
RX de tórax
Sintomático,
Assintomático Ecocardiograma
ICC
Seguimento clínico 4 anos Cirurgia
precoce
Sem Com Tratamento percutâneo
repercussão repercussão em casos selecionados
Clínic Cirurg
o ia
22. Classificação:
◦ Muscular
◦ Perimembranosa (70%)
Critérios Diagnósticos:
◦ Assintomáticos e desenvolvimento pondero-estatural
normal: CIV pequena
◦ Deficit de desenvolvimento, infecção respiratória de
repetição, graus variáveis de insuficiência cardíaca e
intolerância ao exercício físico
◦ Presença de sopro holossistólico regurgitativo audível
em BEE baixa
◦ Com HAP o sopro se torna mais suave e B2 única e
hiperfonética.
25. Exames complementares:
◦ ECG:
Normal na CIV pequena
Graus variáveis de sobrecarga volumétrica do VE
SVD e diminuição da SVE com aparecimento de HAP
◦ RX Tórax:
Sinais de cardiomegalia e hiperfluxo pulmonar
Com resistência vascular pulmonar aumentada VE
próximo do normal ou aumento de câmaras direitas
26.
27.
28. Exames complementares:
◦ Ecocardiograma:
Demonstra a anatomia (tamanho e localização)
Avalia o tamanho das câmaras cardíacas e o grau de
hipertrofia ventricular
Estima a pressão da artéria pulmonar
Estima a magnitude do shunt
Identifica lesões associadas
29. Tratamento:
◦ Fechamento espontâneo ocorre em 60% dos casos
◦ CIV pequena, sem repercussão clínico, retornos
periódicos ao cardiologista; se não houver
fechamento até os 10a, correção cirúrgica
(endocardite)
◦ CIV grande, repercussão indicação cirúrgica
precoce (6º mês de vida, não ultrapassando 1a)
◦ Baixo peso / Desnutrição: não contra-indicam
30. Tratamento Cirúrgico:
◦ Patch (exceção: CIV mínima)
◦ Propilene 5-0 ou 6-0
◦ Complicação cirúrgica: BAV
◦ Tamanho do remendo depende do tamanho da CIV
(deiscência e reabertura da CIV)
31. Suspeita clínica de CIV
ICC de difícil
controle ECG
Hipertensão RX Tórax
pulmonar
Insuficiência
aórtica Ecocardiograma Assintomático
Estenose
subpulmonar
ICC controlada
Cirurgia Cirurgia eletiva
Cirurgia eletiva
precoce aos 10 anos
aos 2 anos
32. É uma complicação da CIV não tratada.
Rara na CIA
O paciente desenvolve hipertensão pulmonar
que ao atingir níveis sistêmicos, ocorre
inversão do shunt que antes era E=>D para
D=>E.
Ocorre o aparecimento de cianose labial e de
extremidades, aparecimento de dedos em
baqueta de tambor.
33. É a manutenção da permeabilidade do canal
arterial após o nascimento
Representa 5 a 10% das cardiopatias
congênitas
Diagnóstico é estabelecido pela presença de
sopro continuo e identificação do canal ao
ecocardiograma
34.
35. Diagnóstico diferencial:
◦ Fistulas artério-venosas coronárias, sistêmicas e
pulmonares
◦ Janela aorto pulmonar
◦ Truncus arteriosus
◦ CIV com IAo
◦ Colateral de Coarctação de aorta
◦ Tetralogia de Fallot
36. Exames Complementares:
◦ ECG:
Pode ser normal ou mostrar hipertrofia de câmaras
esquerdas (depende do fluxo pelo canal)
SVD quando com HAP
◦ RX Tórax:
Graus variáveis de fluxo pulmonar e cardiomegalia de
câmaras esquerdas
◦ Ecocardiograma:
Define anatomia
Mostra magnitude do shunt e avalia a repercussão
hemodinâmica
37. Suspeita clínica de PCA
ECG
RX Tórax
Prematuros e
neonatos pequenos Ecocardiograma Lactentes e crianças
Assintomático Assintomátic
Sintomáticos ICC
s os
Cirúrgic
Clínico
o
Fechamento com
indometacina ou
cirúrgico Cirurgia Eletiva (12 a 24
meses)
38. Tratamento:
◦ Cirúrgico
Via percutânea
Mini toracotomia
Toracoscopia
39. Classificação:
◦ DSAV Parcial
CIA ostium primum
CIV de via de entrada
Cleft mitral ou tricúspide
Mais comum: CIA OP + cleft folheto anterior da mitral
◦ DSAV Intermediário
Raro
Componentes valvares são bem definidos
40. Classificação
◦ DSAV Total
Caracteriza-se por grande defeito interatrial e
interventricular e por valva AV única
Prevalência de 2% das congênitas, sendo 30% em
portadores da Síndrome de Down
40% portadores de Sind. Down apresentam Cardiopatia
congênita sendo 40% DSAV total
41. Diagnóstico
◦ Manifestação precoce, 1° mês de vida, com ICC
◦ Hipertensão pulmonar precoce
◦ SS BEE alta, SS regurgitativo em foco mitral e
desdobramento fixo de B2
42. Exames complementares
◦ ECG
BDASE, SVD ou biventricular, BAV 1° grau
◦ RX Tórax
Alterações da área cardíaca e do fluxo pulmonar
Quando há HAP observa-se aumento da tram vascular
hilar e perihilar, com periferia pobre em vasos
◦ Ecocardiograma:
Classificação anatômica, estima pressão artéria
pulmonar, dominância ventricular, anomalias
associadas.
43.
44.
45. Suspeita clínica de DSAV
total
ECG
RX Tórax
Ecocardiograma
Insuficiência cardíaca
refratária Clinicamente estável
Hipertensão pulmonar
Cirurgia Cirurgia eletiva (3 a 6
Precoce meses)
46. Tratamento:
◦ DSAV parcial cirurgia eletiva, pré-escolar, <4a;
fechamento da CIA (patch) e fechamento da fenda
valvar
◦ DSAV total primeiros 6 meses de vida; patch;
cuidado com o nodo AV
47. Cardiopatias congênitas acianóticas sem
hiperfluxo pulmonar
◦ Via de Saída do VD
Estenose pulmonar
◦ Via de Saída do VE
Estenose aórtica congênita
Coarctação da Aorta
Interrupção do arco aórtico
48. Subvalvar (infundibular), valvar (mais comum)
ou supravalvar
SS ejetivo rude, precedido por clique de
abertura, audível em BEE alta; B2 normal,
diminuída ou inaudível
RX tórax: dilatação do tronco pulmonar
ECG: HVD
ECO: características da valva, grau de
hipertrofia e gradiente pressórico
50. Subvalvar, valvar ou supravalvar
Tricúspide, bicúspide ou monocúspide
Pode permanecer assintomática durante anos
Fadiga, dispnéia aos esforços, precordialgia e
síncope (casos graves)
Ictus “sustentado” de VE; frêmito sistólico em
F.Ao, fúrculas e carótidas
51. Clique de abertura após B1 seguido de sopro
sistólico ejetivo rude irradiado para ápice,
fúrcula e carótidas; B4 (casos mais graves)
RX tórax: área cardíaca normal ou aumentada
ECG: normal ou HVE; alterações da
repolarização ventricular (casos graves)
52. ECO: morfologia valvar
Tratamento clínico: diuréticos (congestão
pulmonar), digitálicos (disfunção ventricular
sistólica)
Valvuloplastia com balão lesão valvar
isolada e não complicada
Troca Valvar áreas valvares críticas e
manifestações de baixo débito
53. Obstrução localizada geralmente no istmo
aórtico, entre a emergência da artéria
subclávia esquerda e o local de inserção do
ducto arterioso
Sd. Turner
Valva aórtica bicúspide com ou
sem estenose
54. Pulsos femorais podem desaparecer;
claudicação intermitente aos esforços
RX tórax: sinal de Röesler
Tratamento: correção cirúrgica ou
aortoplastia com balão (com ou sem stent)
55.
56.
57. T4F MF de Taussig-Bing
TGA Atresia Pulmonar
Ventrículo Único MF de Ebstein
Atresia Tricúspide Hipoplasia de
Truncus Arteriosus Câmaras Esquerdas
DVSVD Drenagem Anômala
DVSVE das Veias
Pulmonares
58. Anomalia congênita do coração caracterizada
por desvio ântero-superior do septo
infundibular associada a hipertrofia das
trabéculas septo-parietais do infundíbulo do
VD leva a obstrução dessa região.
Encontramos:
◦ CIV
◦ Aorta dextroposta
◦ Obstrução da via de saída do VD (estenose
pulmonar valvar ou infundibular)
◦ HVD
59.
60. RX tórax: aumento de VD, tronco pulmonar
escavado e hipofluxo pulmonar
ECG: desvio de eixo para D e SVD
ECO: visualização do defeito
Cateterismo cardíaco: antes da cirurgia de
correção definitiva (estenose de ramos
pulmonares periféricos, anomalias de coronárias)
Tratamento:
◦ Paliativa: anastomose sistêmico -pulmonar
◦ Cirurgia corretiva dentro os primeiros 18 meses de vida
61.
62.
63. Infusão de Prostaglandina E1 para manter o
canal arterial aberto
Oxigênio FiO2 30 a 50%
Correção da acidose metabólica
Pronta correção dos fatores agravantes
(hipoglicemia, desidratação, anemia e infecções
Estabilidade clínica
Anastomose
Sistêmico
pulmonar
Cirurgia
definitiva
64. Casos descobertos devido a presença de
sopro
◦ Sem crises hipoxêmicas: cirurgia no 2 ° semestre de
vida
◦ Com crises hipoxêmicas:
Mais de 6 meses: cirurgia definitiva após curto periodo
de profilaxia das crises
Longe da idade ideal:
65. Profilaxia das crises hipoxêmicas com
tratamento clínico
Sucesso Insucesso
Cirurgia definitiva Anastomose
no segundo sistêmico-
semestre pulmonar
Cirurgia no
segundo
semestre
66. Acianóticos com ICC nos primeiros meses de
vida em decorrência do grande shunt E->D
Pode haver progressão para um grau maior
de obstrução infundibular
67. Mais comuns entre 6 meses e 2 anos
Posição genupeitoral
Oxigênio 100%
Acesso venoso
Morfina 0,1mg/Kg ou Meperidina 1mg/Kg IM ou
IV
Propranolol 0,1mg/Kg IV sendo metade da dose
em bolus e metade em 5 a 10 min caso a crise
não cesse
Correção da acidose com NaHCO³ (1-2mEq/Kg)
Correção de fatores desencadeantes
Propranolol VO na profilaxia das crises (1-
6mg/Kg/dia)
68. Aorta – VD e Tronco Pulmonar – VE
◦ Discordância ventrículo-arterial
◦ Concordância átrio-ventricular
Sobrevida depende da existência de CIV, CIA
ou PCA (mistura de sangue)
Cianose importante neonatal
B2 única e sopro ejetivo suave em BEE alta
RX tórax: silhueta cardíaca lembra um “ovo”
com pedículo estreitado
69.
70. ECG: normal; SVD
ECO: identificação do defeito
Tratamento:Prostaglandina;
atriosseptostomia por balão (mistura de
sangue) e correção pela técnica de Jatene