O documento discute a emergência do conceito de patrimônio cultural na Europa dos séculos XVIII ao XXI. Aborda a patrimonialização como um processo social e intelectual complexo, que envolve a historicização dos objetos e lugares, assim como a construção de narrativas identitárias. Também analisa como o patrimônio mobilizou diferentes campos do saber e estabeleceu procedimentos para a catalogação e divulgação dos bens culturais.
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Razão Patrimonial Europa XVIII-XXI
1. A razão Patrimonial na Europa
do século XVIII ao XXI
Dominique Poulot
Daniela Pereira
Mestrado em Patrimônio Cultural e Sociedade –
UNVILLE
Professora Ilanil Coelho e Dione Rocha Bandeira
Gestão em Patrimônio
2. DOMINIQUE POULOT
É Professor na Universidade de Paris (Panthéon-
Sorbonne) e membro sénior do Instituto
Universitário da França. Tem dedicado o seu
trabalho e investigações ao estudo da história
dos museus enquanto instituições e sobre a
patrimonialização do património nas épocas
moderna e contemporânea. A sua aprendizagem
foi marcada pelo ensinamento de Pierre Nora. A
sua tese de doutoramento (1989) foi dedicada às
origens intelectuais do património e a formação
de museus, entre 1774 e 1883. Da sua obra,
destacam-se:
Surveiller et s’instruire. La Révolution française et
l’intelligence de l’héritage historique (1996),
Musée, nation, patrimoine, 1789-1815(1997),
Musées en Europe: une mutation inachevée (com
Catherine Ballé, 2004),
Une histoire des musées de France (2005),
Musée et muséologie (2005), publicado no Brasil.
Une histoire du patrimoine en Occident, Du
monument aux valeurs (2006), publicado no
Brasil.
3. A razão Patrimonial na Europa
do século XVIII ao XXI
PROBLEMAAPRESENTADO PELO AUTOR
Emergência preservacionista no campo patrimonial
na Europa, respaudada pela razão, vítima da
diversidade de campos de intervenção, e espelho
das partilhas entre disciplinas e histórias
especializadas.
Crítica a essência do patrimônio, vítima dos
anacronismos.
Questionamento da produção e consumo da própria
evidencia patrimonial a um só tempo imaginário e
constituição.
4. “O patrimônio é como o princípio subterrâneo e a
manifestação autoproclamada de um trabalho social
e intelectual: querer apreender o gesto patrimonial
no seio da história social e cultural é pensar nos
recortes e nos “enquadramentos” aos quais ele se
consagra em uma relação sempre complexa com o
que o organiza.” (p.29)
“A relação íntima ou secreta de um proprietário, de
usufrutuários a títulos diversos, de especialistas ou
de iniciados em determinados objetos, lugares ou
monumentos, torna-se pública, quando esses são
patrimonializados.” (p.30)
5. Patrimônio parece constituir um campo de aplicação
privilegiado para reexaminar três questões sob o
ângulo da circulação social:
A do olhar erudito sobre obras e objetos materiais;
A da historicização de uma sociedade e, de forma
mais geral, de sua relação com “regimes de
historicidade”;
a da ética e da estética que dela decorrem ou à
qual estão ligadas (a exemplaridade e a adesão,
mas também a emancipação ou a denegação)
6. “Patrimônio se enuncia nos discursos
contemporâneos sob forma de uma “razão”
específica; que ela mobiliza sociedades e
procedimentos e, por fim, que engaja narrativas de
acesso, de (re)apropriação, de fruição, que
constroem diversas convenções…” (p.30)
1. Credibilidade patrimonial
2. As civilidades do Patrimônio
3. A ciência moral do patrimônio
7. 1. Credibilidade patrimonial
Desconstruir as representações de identidade
convencionadas de um “patrimônio” para insistir sobre
as novas configurações de seu estatuto, sobre suas
incessantes recontextualizações, sobre as
desvalorizações e as deslegitimizações que o
permeiam.
Exaltação – status quo
Símbolo nação
Representação da historicidade
Ampliação das discussões nos diversos campos
8. 2. As civilidades do Patrimônio
Identidades construidas através de esteriótipos
antropológicos.
Práticas como herança
Detalhes do patrimônio – referenciar o objeto com
suas coordenadas espaciais, temporais… Para situá-lo
em suas ambições explicá-lo, interpretá-lo.
Publicidade ampliada dos patrimônio em jogo.
Sacionam procedimentos: forma de resposta a crises
e/ou a problemas de definição –, e aos modos de
inspeção e de inscrição em séries que pressupõem,
com frequência, uma cadeia de categorias a serem
preenchidas, de lugares a serem verificados, em
resumo, uma hierarquia a ser enumerada.
9. “[…] objetos isolados em uma recontextualização ad
hoc, a da identificação de um Estado em um
determinado momento do saber e do gosto. Ela fornece
às gerações seguintes representações concorrentes, e
em todo caso fictícias, de um conjunto imperceptível
como tal, salvo se imaginarmos uma cartografia que se
sobreponha ao território. Com frequência, essas
imagens não permitem que se considere o detalhe dos
procedimentos de apresentação e de conhecimento que
levaram a esse último estado.” (p.36)
“Por fim, o jornalismo patrimonial, se assim se pode
chamá-lo, que periodicamente noticia “invenções” e
descobertas, opera regularmente para os ajustes entre
os sentidos de um passado e a consciência do
presente.37 Com isso, contribui, provavelmente, tanto
para normalizar as diferenças como para colocar em
destaque a singularidade de um monumento ou de uma
peça para a inteligência da história e o orgulho coletivo.”
10. 3 . A ciência moral do
patrimônio
Colecionismo – constituição de patrimônio coletivos e
corpus de saberes
Dessaposamento, material e simbólico de suas
disposições individuais em lugar do movimento
coletivo dedicado ao patrimônio.
Esteriótipos nacionais e construção de narrativas
identitárias/ massificação dos públicos.
Adesão dos cidadãos em um depósito de valores.
Moralidade do patrimônio.
11. Trata-se de contribuir para a análise histórica de um
fenômeno social e de uma instituição, de categorias
de saber e de gosto, de práticas e recepções.
Sentido de patrimonialidade – representação de um
passado material
“Certa tendência da história de tratar exaustivamente
as fontes ou de necessitar que as mesmas
expressem ideias ou representações de um grupo
social significativo e não somente de indivíduos
isolados.” (p.39)
12. REFERÊNCIA
POULOT. D. A razão patrimonial na Europa do
século XVIII ao XXI. Revista do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, n 34, p. 27-45,
2012.