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Titulo original:
Modernity and Self-Identity:
Self and Society in the Late Modern Age

Agradecimentos

Tradu<;:aoautorizada da edi<;:ao
inglesa
publicada em 1999, por Polity Press,
de Oxford, Inglaterra

Apresenta~ao
1. Os contornos

I--;.·o
L

9

da alta modernidade

eu: seguranc;:a ontol6gica

3. A trajet6ria do eu

Copyright da edi<;:ao lingua portuguesa © 2002:
em
Jorge Zahar Editor Ltda.
rua Mexico 31 sobreloja
20031-144 Rio de Janeiro, RJ
tel.: (21) 2108-0808 / fax: (21) 2108-0800
e-mail: jze@zahar.com.br
site: www.zahar.com.br

4. Destino,

70

risco e seguranc;:a

6. Tribulac;:6es do eu
7. 0 surgimento

Notas

104

fndice 224

CIP-Brasil. Cataloga<;:ao-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
Giddens, Anthony, 1938Modernidade e identidade / Anthony Giddens; tradu<;:ao, Plinio Dentzien.
- Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002.
Tradu<;:aode: Modernity and self-icfentity: self and society in the late modern
age
ISBN 978-85-7110-669-7
1. Estrutura social. 2. Identidade (Psicologia). 3. Self (Psicologia). 4. Civiliza<;:ao
moderna - Aspectos psicologicos. 1. Titulo.
CDD: 155.2
CDU: 159.923.2

da polrtica-vida

Glossdrio de conceitos

135

168

213
221

17

e ansiedade

S. A segregac;:ao da experiencia

Todos os direitos reservados.
A reprodu<;:aonao-autorizada desta publica<;:ao,no todo
ou em parte, constitui viola<;:ao direitos autorais. (Lei 9.610/98)
de

G385m

7

193

existencial
4. Destino, risco e segurans;a

Viver no universo da alta modernidade e viver num ambiente de oportunidade e risco, concomitantes inevidveis de urn sistema orientado para a dominac;:aoda natureza e para a feitura reflexiva da historia. Sina e destino nao tern
papel formal a desempenhar em tal sistema, que opera (por principio) atraves
do que chamarei de controle humano aberto dos mundos natural e social. 0
universo dos eventos futuros esd. aberto para ser moldado pela intervenc;:aodo
homem - dentro de limites que, tanto quanto posslvel, sao regulados pela
aferic;:ao do risco. Mas as noc;:oes de sina e destino de maneira nenhuma
desapareceram nas sociedades modernas, e uma investigac;:aosobre sua natureza tern muitas e ricas implicac;:oes para a analise da modernidade e da autoidentidade.
Embora a afirmac;:ao possa parecer radical, pode-se dizer com alguma
seguranc;:a que nao ha cultura nao-moderna que nao incorpore em algum
sentido, como parte central de sua filosofia, as noc;:oesde sina e destino. 0
mundo nao e visto como uma sucessao de eventos sem direc;:ao, em que as
unicos agentes ordenadores sao as leis naturais e os homens, mas como algo
que tern uma forma intrinseca que relaciona a vida individual a acontecime~tos cosmicos. 0 destino de uma pessoa - a direc;:aoque sua vida deve segUir
- e especificada pela sina dessa pessoa, 0 que 0 futuro the reserva. Ainda que
exista uma grande variedade de crenc;:asque podem ser agrupadas so~ esse~
dois termos, na maioria delas 0 ponto de conexao entre 0 destino e a s:na ~a
morte. No pensamento grego, a sina (moira) era portadora da conden~c;:aoe. 0
.
d
d
..
malS antlg
morte, e era conslderada urn gran e po er - malS annga que 0
dos deuses. 
h .e a
Dada a natureza da vida social e da cultura modern as, tendemos 0) J11a
.
cA'.!
.derada u
contrapor a sma e a abertura dos eventos luturos.
sma c conSl
Mas
forma de determinismo pre-ordenado, ao qual se opoe a visao mode~nt enre
embora 0 conceito de sina tenha a conotac;:ao de um futuro parca: des'
"determinado", tambem envolve normalmente uma concepc;:ao moral e

rino e ~ma visao esoterica dos eventos cotidianos - onde "esoterico" significa
que os eventos saG experimentados nao so em termos de sua relac;:aocausal,
mas em termos de seu significado cosmico. Nesse sentido, a sina tern pouco a
ver com 0 fatalismo do modo como este termo e entendido hoje. Fatalismo e
a recusa da modernidade - 0 repudio a uma orientac;:ao de controle em
relac;:ao futuro em favor de uma atitude que deixa que os eventos venham
ao
como vierem.
Um importante ponto de conexao entre ideias preexistentes de sina e as do
periodo pos-medieval era 0 conceito de fortuna, que deriva originalmente do
nome da deusa romana da "fortuna", e que mantinha uma diflcil tensao com
as crenc;:ascristas dominantes. A ideia da Divina Providencia era claramente
uma versao da sina mas, como observou Max Weber, 0 cristianismo introduziu urn papel mais dinamico para os homens nesta Terra do que aquele que
caracterizava as religioes tradicionais da Grecia e de Roma.2 A deusa era
desdenhada pela Igreja, po is a ideia de "fortuna" implicava que se poderia
alcanc;:ar grac;:a
a
sem precisar trabalhar como instrumento de Deus no mundo.
Ainda assim a ideia de fortuna continuou importante e chegava a superar a
recompensa da providencia na outra vida como caracterlstica das crenc;:as
culturais locais. 0 usa que Maquiavel faz de fortuna marca uma transic;:ao
significativa entre 0 uso tradicional da noc;:aoe 0 surgimento de novos modos
de atividade social de que a sina e exclulda. Em 0 principe ele diz:
Muitos acreditavam, e ainda mantem a opiniao, que as coisas deste mundo sao,
de cerra maneira, controladas pela fortuna e por Deus, que os homens em sua
sabedoria nao podem controla-Ias, e, ate mesmo, que os homens nao podem
remedia-las; e por essa razao podem julgar que nao precisam gastar muito suor
nessas quest6es, mas deixar que sejam governadas pela sina... Acredito que e
ve~dadeque a fortuna e 0 arbitro de metade de nossas a<j:6es, que ainda nos
mas
delXa0 controle da outra metade, ou quase isso... Digo que vemos urn principe
prosperar hoje e arruinar-se amanha sem que 0 tenhamos visto mudar seu carater
ou qualquer de seus tra<j:os urn principe que se ap6ia completamente na fortuna
...
se arruinara tao logo ela mude; tambem acredito que 0 homem que adapta seu
curso de a<j:ao natureza dos tempos sera bem-suced'd 0 e, da mesma manelra,
- a
,
'
.
I
~ue 0 homem que determina seu curso de a<j:ao
fora de tom com 0 momento
averade lamenrar-se.3
no ~ao surpreende que 0 estudo da polltica fornec;:aa area inicial na qual as
~Oes d
.
re-Ias
e sma se transform am, po is embora a propaganda das nac;:oespossa
_ n Como conduzidas pela sina a urn destino espedfico, a pratica da polltica
o
POde COntexto moderno - supoe a arte da conjectura. Pensar como as coisas
III acontecer casa seja seguido urn determinado
curso de ac;:ao,e comparar
isso com as alternativas, e a essencia do jUlzo politico. Maquiavel e celebrado
como 0 iniciador da estrategia polltica, mas sua obra apresenta outras inovayoes mais fundamentais. Ele prenuncia urn mundo em que 0 risco e 0 dlculo
do risco ultrapassam a fortuna em praticamente todos os domlnios da atividade humana. Parece que nao havia uma palavra generica para 0 risco ao tempo
de Maquiavel; a nOyaOaparece no pensamento europeu aproximadamente um
seculo mais tarde. (Em ingles, ate 0 seculo XlX a palavra era usada em SUa
versao francesa, risque. Durante certo tempo 0 termo Frances continuou a ser
usado ao lado na nova palavra anglicizada, que foi utilizada em primeiro lugar
em relayaO aos seguros. 0 termo risque, significando uma piada que pode
of ender, ainda apresenta a grafia anterior.)4
"" A nOyao de risco se torna central numa sociedade que esta deixando 0
passado, 0 modo tradicional de fazer as coisas, e que se abre para urn futuro
problematico. Essa afirmayao se aplica tanto a ambientes de risco institucionalizado quanto a outras areas. Os seguros, como vimos no capItulo 1, sac
urn dos elementos centrais da ordem economica do mundo moderno - sac
parte de urn fenomeno mais geral relacionado ao controle do tempo a que
chamarei de colonizayao do futuro. A "abertura" das coisas por vir expressa
a maleabilidade do mundo social e a capacidade que os homens tern de dar
forma aos ambientes f1sicos de sua existencia. Ainda que se saiba que 0 futuro
e intrinsecamente imprevislvel, e como ele e cada vez mais segregado do
passado, esse futuro se torna urn novo terreno - urn territorio de possibilidades contrafactuais. Sendo assim, tal terreno se presta a invasao colonial
pelo pensamento contrafactual e pelo dlculo do risco. Este, como mencionei
antes, nunca pode ser completo, pois mesmo em ambientes de risco relativamente confinados ha sempre resultados nao intencionais e imprevistos. Em
ambientes em que a sina desapareceu, toda ayao, mesmo a que se atem a
padroes fortemente estabelecidos, e em principio "calculavel" em termos de
risco - alguma especie de estimativa geral do risco pode ser feita para
praticamente todos os habitos e atividades, em relayaO a resultados espedficos. A intromissao dos sistemas abstratos na vida cotidiana, junto com a
natureza dinami-Gi do-Conhecimento, significa que a consciencia do ~
se
i~Hltra nas ayoes-de quase qualquer urn.
- - .
tl--'Uma
discussao mais ampla do risco e de sua relayao com a auto-iden
dade sera apresentada em breve. Antes, podm, e necessario apresentar uma
ou duas outras nOyoes ligadas a de sina. E necessario dizer algo mais sobr~ ~
fatalismo, urn termo que, como mostramos, tern mais a ver com a vida soc;
modern a do que com culturas mais tradicionais. Fatalismo, como 0 enten 0
aqui, difere de estoicismo, uma atitude de forya em face dos impasse~ e
tribulayoes da vida. Vma posiyao fatalista e uma posiyao de aceitayao reslg-

nada de que se deve deixar que as coisas sigam seu curso. E uma posiyao
nutrida pelas principais orientayoes da modernidade, embora se oponha a
elas.
fatalismo deve ser separado de uma SenSayaOde fatalidade dos eventos.
Acontecimentos ou circunsrancias decisivos sac aqueles que tern conseqiiencias particulares para urn indivlduo ou grupo.5 lncl uem os resultados nao
desejados que se enfrenta no que chamei de riscos de alta conseqiiencia,
riscos que afetam grande numero de pessoas de maneira potencialmente
ameayadora da vida, mas eles tambem figuram ao nivel do indivlduo. Momentos decisivos sac aqueles em que os individuos sac chamados a tomar
decisoes que tern conseqiiencias particulares para suas ambiyoes ou, em
termos mais gerais, para suas vidas no futuro. Sao de alta conseqiiencia para
o destino de uma pessoa.
Momentos decisivos podem ser entendidos como os trayos mais amplos
das atividades portadoras de conseqiiencias que urn individuo leva consigo na
vida cotidiana e no curso de sua existencia. Boa parte da vida cotidiana, no que
diz respeito ao indivlduo, nao tern conseqiiencias, e nao e vista como particularmente decisiva para os objetivos gerais. No entanto, alguns tipos de atividade sac geralmente pensados pela pessoa em questao como tendo mars conseqiiencias para ela do que outros - como a atividade que se desenrola na esfera
d o tra b alh o. C'd
Ad"
onsl eremos 0 f,enomeno
0 tempo
morto " ou "mata d 0 " ,
6 0 tempo que se deve
analisado com brilho caracterfstico por Goffman.
"matar" e tambem - e isso e interessante - muitas vezes chamado de tempo
"livre" - e urn tempo que sobra, nos intervalos dos setores mais conseqiientes
da vida. Se uma pessoa descobre que tern meia hora entre urn compromisso e
o proximo, ela pode decidir gastar esse tempo flanando ou lendo 0 jornal, em
vez de usa-lo de uma maneira "util". 0 tempo matado esta fora dos limites da
vida do individuo e (a menos que aconteya algo inesperado) nao tern conseqiiencias para ela.

o

Em claro contraste, muitas atividades mais conseqiientes da vida sac
~otinizadas. A maioria daquelas "ligadas ao tempo" - no setor formal ou no
Informal da vida - nao e problematica, ou so 0 e em term os do manejo
ordinario das tarefas consideradas. Em outras palavras, decisoes difkeis podem vir a ser tomadas, mas elas sac manejadas por estrategias desenvolvidas
para lidar com elas como parte das atividades correntes em questao. As vezes,
porem, uma situayao ou episodio particular pode ao mesmo tempo ser problell1atico e ter muitas conseqiiencias - sac esses episodios que constituem os
ll1omentos decisivos. Eles sac momentos em que os eventos se reunem de tal
ll1aneira que 0 indivlduo fica como se estivesse na encruzilhada da vida; ou em
informac;:6es com conseqliencias fatais.7 Mo
que uma pessoa recebe 'd
",
, ' d
illentos
decisivos incluem a decisao e casar, a propna cenmoma 0 casaillent
'~ de separar-se e d' partir, 0 utros exeillpl o-e
mais tarde talvez, a decisao
e
_
,
,
Ossao.
submeter-se a exames escolares, optar por certo aprendlzado ou cu
.
.
rso de
estudos, entrar ~m greve, troca~ urn emprego por outro, ouvlr 0 resultado de
urn exame medICo, perder mUlto numa aposta, ou ganhar grande SOilla
loteria. Muitas vezes os momentos decisivos acontecem devido a coisas quena
.
.
Se
abatem sobre 0 individuo, quer e I quelra ou nao; mas tals momentos sac
e
tambem construidos como, por exemplo, quando uma pessoa decide reunir a
totalidade de suas economias para comec;:arurn negocio. Ha, e claro, mOillen_
tos decisivos na historia das coletividades como nas vidas dos individuos. Sao
fases em que as coisas saem dos eixos, quando urn estado de coisas e repentina_
mente alterado por alguns eventos-chave.
Momentos decisivos, ou aquela categoria de possibilidades que urn individuo define como decisivas, man tern uma relac;:aoparticular com 0 risco. Sao
os momentos em que 0 apelo da fortuna e forte, momentos em que em
ambientes mais tradicionais, os oraculos teriam sido consultados ou as foreras
divinas invocadas. Especialistas sac freqlientemente cham ados quando se
aproxima urn momento decisivo ou quando uma decisao fatal deve ser tomada. E muito comum que 0 conhecimento seja 0 velculo atraves do qual uma
circunsrancia e declarada decisiva - por exemplo, no caso de urn diagnostico
medico. Mas ha relativamente poucas situac;:6esem que uma decisao sobre 0
. Ista. A informaque fazer se torna clara como resulta d 0 d a consu Ita ao especla I'
. d
.,
d risco mas e
c;:aoderivada dos sistemas abstratos po d e aJu ar na estlmatlva 0
,
al
.
D'
~ Ct' sao em ger ,
o individuo em questao que d eve correr os nscos. eClsoes ra.als
blequase que por definic;:ao, diflceis de se tomar por causa da mlstura de pro
mas e conseqliencias que as caracteriza.
d C de
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I0 prote 0" que eren
Momentos decisivos sac ameac;:adores para 0 casu
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a seguranc;:a ontologica do individuo, porque a atltu e tu 0
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H' momentoS
importante para 0 casulo e inevitavelmente atravessa d a. a
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d cisao coma a,
que 0 individuo deve lanc;:ar-sea algo novo, saben d 0 que a. e
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o especlfico curso d e ac;:aosegul°d0, tern uma qua I'd ade Irreversl s ,MornenI
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tos decisivos nao significam necessariamente enfrentar uma alta prb°-r
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antes a escala das penalidades em conseqliencla
e se ter
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'ndivi uO,
errada, Momentos decisivos revelam gran d es nscos para 0 I
compadveis aos que caracterizam a atividade coletiva.

Os par

ametros do risco

° risco e tentativas de estimativa do risco sac tao fundamentais para a
Corn~ rao do futuro, 0 seu estudo pode nos dizer muito sobre elementos
olonlZay
.'
c
. da moderOldade. Dlversos fatores fazem parte dlsso: a reduc;:ao dos
centralSue ameac;:ama VI a d 0 10d'IVI uo, como consequencla° d a expansao d a
'd
.
'd
..,
~
.
rlSCos q
d e cotl'd'lana garantl 'd a pe I' sistemas a b stratos; a construos
ranra na ativida
segu de ambientes d"·'
y
Imente con filOados; 0 mOOltoramento
'
;
e nsco IOstltuclOna
risco como aspecto-chave da reflexividade da modemidade; a criac;:aode
iscos de alta conseqliencia resultantes da globalizac;:ao;e a operac;:aode tudo
~ssocontra 0 pano de fundo de urn "clima de risco" inerentemente instavel.
A preocupac;:!o_com 0 risco_na vida social modema nao tern nada aver
diretamente com a prevalencia de perigos para a vida. Ao nivel da existencia
do individuo,-em termos da expectativa de vida e do grau de liberdade em
relas:ao a doenc;:aseria, ~s p~oas nas~~
~.:~envolvidas estao numa_1
si ao
. 0 ais segura do q~e~_m~i~ia em epocas anteriores. No fim do
seculo XIX na Inglaterra, entao a sociedade economicamente mais avanc;:adado
mundo, epidemias mortais que matavam centenas de mil hares de pessoas
cram lugar-com urn. Uma proliferac;:ao de doenc;:asendemicas teve de ser suportada, mesmo que nao fossem necessariamente fatais. Muitos puderam
observar:8
0

~

:0

A exaustao,a febre e os larnentos,
Aqui, onde os hornens estao e se ouvern gerner,
Onde a paralisiafaz estrernecer os ultirnos e tristes cabelos brancos,
o nde a Juventude ernpalidece, e definha, e rnorre,
'
di Foi,S6a partir do comec;:odo seculo XX que estatisticas suficientes ficaram
. C
r SP°ntvels para mapear com a Igum a precisao as mu d anc;:asque aretaram
I
esu tados
d
e
. ameac;:a ores. Urn estudo que tomou 0 ana de 1907 como ponto
partida . most rou que naque Ie tempo os recem-nasci os "entravam num
"d
earn
rnui;o illlnado"9 (embora as taxas de mortalidade infantil tivessem sido
apro~ reduzidas em comparac;:ao ao seculo anterior). Num grafico de 1907,
COntrilladamente um de cada sete morria no primeiro ana de vida, em
L.
aste Com
d
"iSe d
um em ca a sessenta e sete num gdfico de 1977 tornado como
e
a'lfanro comparac;:ao. A lista a seguir registra alguns dos mais importantes
s na red - d '
907-197
~c;:ao e nscos, avanc;:osrelevantes para a saude durante os anos
1977.7ISto e, os anos que abarcavam a vida de alguem com 70 anos
T
• agua tratada
• esgoto sanitario
• pteparac;:ao higienica da comida
• leite pasteurizado
• refrigerac;:ao
• aquecimento central
• ampla aplicac;:aode princfpios cientificos de nutric;:ao
• am pia aplicac;:aode princfpios cientificos de higiene pessoal
• erradicac;:ao das principais doenc;:ascausadas por parasitas, inclusive a malaria
• controle de insetos e de roedores
• aperfeic;:oamento continuo dos cuidados pre-natais e pos-natais
• aperfeic;:oamento continuo da atenc;:ao a bebes e crianc;:as
• aperfeic;:oamento continuo do tratamento das doenc;:asinfecciosas
• aperfeic;:oamento continuo do tratamento cirurgico
• aperfeic;:oamento continuo da anestesia e dos cuidados intensivos
• ampla aplicac;:aode princfpios cientificos de imunizac;:ao
• generalizac;:ao da transfusao de sangue
• organizac;:ao de unidades de terapia intensiva nos hospitais
• expansao e aperfeic;:oamento continuos dos procedimentos de diagnostico
• aperfeic;:oamento continuo do tratamento do cancer
• aperfeic;:oamento continuo do tratamento das doenc;:asarteriais
• disponibilidade crescente de metodos de planejamento familiar
• metodos aperfeic;:oados e legais de interrupc;:ao da gravidez
• ampla aceitac;:aoda seguranc;:a no trabalho
• cintos de seguranc;:a obrigatorios nos automoveis
• metodos continuamente aperfeic;:oados de preservac;:ao dos dentes, da visao e
da audic;:ao
• reconhecimento dos efeitos nocivos para a saude do furno, obesidade, pressao
aha e vida sedentaria.10
Nao se pode dizer ate que ponto cada urn dos itens dessa lista afetou as
mudan<;:as destacadas na compara<;:ao entre 1907 e 1977, po is 0 impacto total
de alguns deles, ou mesmo de muitos, s6 podera. ser sentido pelas gera<;:oes
futuras. Contra essas mudan<;:as que reduzem os riscos, porem, precisamos
mencionar
urn numero consideravel de influencias negativas. Duas guerras
mundiais, envolvendo maci<;:a destrui<;:ao de vidas, ocorreram durante a existencia da gera<;:ao de 1907. 0 risco de morte ou de ferimentos graves em
acidentes de autom6vel aumentou durante a maior parte do perfodo. Desde a
decada de 1930 ate 0 final da de 1960, essa gera<;:ao consumiu muitos medicamentos que, pelos padroes de hoje, foram testados de maneira inadequada
antes de terem sido postos a disposi<;:ao. Os membros dessa gera<;:ao beberam
muito alcool e fumaram milh6es de cigarros antes que os efeitos t6xicos

fosseminteiramente
percebidos; a polui<;:ao ambiental, que muitos medicos
especialistas acreditam aumentar a suscetibilidade
a doen<;:as de varios tipos,
aumentou drasticamente;
e por grande parte de suas vidas comeram alimentos
contendo muitos aditivos e tratados com fertilizantes qufmicos cujas conseqiiencias para a saude sac na melhor das hip6teses desconhecidas
e, na pior,
podem ajudar a produzir algumas das principais doen<;:as mortais.
Em term os da-.:eguran<;:a)jsica
da vida, de qualquer ~aneira, os elementoS reautores do risco parecem superar substancialmente
os novos riscos. Ha
varias maneiras de avaliar essa afirma<;:ao. Vma e calcuIar como a coorte de
1907 viveu em compara<;:ao a como teria vivido caso os principais riscos a vida
que existiam naquele ana tivessem continuado
a prevalecer durante toda a
vida dos que nele nasceram - urn calculo especulativo, mas que pode ser feito
com razoavel base estatfstica. Esse calculo nao indica diferen<;:as, em termos de
porcentagens de sobrevivencia, ate os vinte anos. Depois dessa idade, a curva
real de sobrevivencia come<;:a a se distanciar para cima de maneira progressiva
em rela<;:ao a curva correspondente
aos novos dados projetados.
Tambem se podem fazer compara<;:oes entre 0 grafico de 1907 e 0 de 1977
conrrastando
a expectativa de vida do primeiro grupo com a expectativa
prevista para a gera<;:ao do segundo. E isso mostra uma divergencia substancial,
come<;:ando no primeiro ana de vida e ate idade avan<;:ada, a favor da coorte de
1977 (embora, e claro, nao tenhamos maneira de saber que fatores adicionais
podem influenciar os riscos para a vida dessa gera<;:ao nos pr6ximos anos).
risco se refere a acontecimentos
futuros -ligados
as praticas presentes
- e portanto a coloniza<;:ao do futuro abre novas situa<;:oes de risco, algumas
das quais institucionalmente
organizadas. Em contextos relativamente
menos
importantes
tais situa<;:oes sempre existiram, por exemplo no caso culturalmente generalizado do jogo. Ocasionalmente
existiram ambientes organizados de risco em culturas nao-modernas
para os quais nao ha formas institucionais equivalentes
na vida social moderna.
Assim, Firth des creve urn tipo
institucionalizado
de tentativa de suicfdio entre os Tikopia.11 E uma pratica
aceita que a pessoa com alguma queixa va sozinha para 0 mar numa canoa.
Como as aguas sac trai<;:oeiras, ha grande chance de que 0 indivfduo nao
sobreviva a experiencia; a chance de sobrevivencia depende da rapidez com
que os outros na comunidade
notam a ausencia da pessoa e reagem a ela.
£mbora esse empreendimento
de risco apresente claramente
semelhan<;:as
Com 0 risco nas tentativas de suicfdio em ambientes modernos, neste caso falta
o elemento institucionalizado.12

o

~a
maioria, contudo, situa<;:oes de risco institucionalmente
estruturadas sac ~~is importantes nas sociedades modern as do qu~
pre-modernas.
alS sistemas institucionalizados
de risco afetam praticamente
qualquer urn,
ou
f:aera e 1ed' nao parte desses sistemas como "jogador" -

mercados competiti_
,
tos de forra de trabalho, de investimentos
ou e capitals sao os
vos d e pr odu
,
y,
"
,
•
•
exemplos mais significativos. A dlferenera entre esses sistemas mStlt.uclOnahza_
outrOS parametroS de risco e que des sac constituidos
pdo nsco, nao se
d os e
b'
."
tratando de uma situaerao em que de e acidental. Am len.tes mStltu~lOnaliza_
dos de risco ligam riscos individuais

e coletivos

de mUltas man~lras

-

as

oportunidades
individuais
d~ vida, por exemplo, es~ao, agora dlre~amen:e
amarradas a economia capitahsta global. Mas em rdaerao a presente dlscussao
esses ambientes

sao mais importantes

pdo

que revdam

sobre a forma de

colonizaerao do futuro.
Consideremos
a bolsa de valores. Ela e urn mercado regulado que oferece
uma gama de aeroes que os tomadores emitem e os poupadores detem, criando
uma escolha de maneiras de estruturar os riscos de firmas e poupadores em seu
objetivo de obter ganho financeiro. Possui tambem 0 efeito de val?rizar as
aeroes em rdaerao a seus rendimentos esperados, levand~ em conta .os nscos dos
investidores.13 Poupadores e tomadores
tern uma vanedade de mteresses financeiros. Alguns poupadores que rem acumular dinheiro a longo prazo, enquanto outrOS procuram ganhos de curto p,ra~o e pode,m estar prepa~a~os para
assumir riscos consideriveis
com seus capitals com vistas a esse obJetlvo. Os
tomadores
normalmente
querem dinheiro a tango prazo, mas e inevitavel
certo risco de perda por parte dos que emprestam.
Na bolsa de valores, os
investidores podem escolher entre uma variedade de riscos e modos de cober-

V

I

tura contra eles, enquanto os tomadores podem procurar ajustar os ~~rm~s do
capital que recebem aos riscos dos empreendimentos
para que 0 utlhzarao. A
bolsa de valores e urn dominio teorizado de reflexividade refinada - um
,
. d'
d
de poupar e tomar
fenomeno que mfluenCla
Iretamente a natureza
os azares
'd'
ganhos parece
emprestado.
Assim, os estu d os m Icam que a. razao preero,s-.
Ai upredizer mal os ganhos subsequentes
ou 0 creSClmento de dlvldendos.
g
,
'd
"
bid
valores veem isso como
mas teonas aphca as ao mvestlmento
em 0 sas e
'd
'fi
'
presas que
evidencia de que a bolsa de valores nao pode I entl Icar quais as em
1,
'
. f: "
fi'
escassos para ca
utilizarao de manelra mals satls atona recursos mancelros
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, ,
'
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tAm que a retenerao
cular as estrateglas de nsco a equa as.
utras man e
O do
'fi "
I'
f: to e de md de
ganhos
mais outrOS fatores especi IcavelS, exp Icam esse a,
l'
,
,.
d'L
V
dida da comp eXI a
correspondente
ado tam estrateglas
llerentes.
ma me
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teW
"
f:ato d e.que as pro~nas p olftlcas e re
reflexiva dessa situaerao e dada pelo
14
rao provavdmente
sac influenciadas pdo tlpO de teona adota~a..
l' do,
y
b'
d'
't
tUClOna Iza
As bolsas de valores, como outros am lentes e nsco ms I'd
Isso e
__
.
"
"
,
- colonlza o.
us am ativamente 0 risco para cnar 0 futuro que e enta?
_ d'sso
a
oes
bementendido
peios participantes.
Uma das melhores I1ustraer
I ,as e
d
L
das as poupany
existencia espedfica de merca os a termo, ruturos,
0

e

r.

emprestimos criam possiveis mundos futuros peia mobilizaerao do risco. Mas
mercados de futuros hipotecam 0 futuro de maneira direta, assegurando uma
base adiante no tempo que oferece uma seguranera particular para cenos tipos
de romadores de emprestimos.
monitoramento
reflexivo do risco e intrfnseco a sistemas institucionalizados de risco. Em relaerao a outros parametros
de e extrfnseco, mas nao
menos fundamental
para as oportunidades
de vida e para 0 planejamento
da

o

vida. Vma parte significativa do pensamento
especializado
e do discurso
publico de hoje e feita da analise de perfis de risco - a analise de qual e, no
estado corrente do conhecimento
e nas condieroes correntes, a distribuierao dos
riscos em dados ambientes de aerao. Como 0 que e "corrente" em cada um
desses aspectos esti constantemente
sujeito a mudanera,
ermanentemente
revisados e atualizados.
P
Considere-se
"do que morremos" - representando

tais perfis devem ser
~ ( - ... ~
,

os principais

riscos

associ ados a mortalidade.15
0 estudo dos perfis de risco das principais doeneras
que ameaeram a vida mostra grandes difereneras entre a virada do seculo XIX
para 0 XX e os dias de hoje nos paises desenvolvidos.
Por volta de 1940 as
doeneras infecciosas como tuberculose, nefrite e difteria ji nao faziam parte das
dez principais causas de morte. As mortes atribuidas as doeneras do coraerao e
ao cancer passaram para primeiro e segundo lugares depois de 1940, e ai
ficaram. Hi quem pense que a principal causa dessa mudanera e a maior
proporerao de pessoas que vivem ate os 50 an os ou mais, mas essa visao e
conrestada por outros que a atribuem a fatores ambientais e alimentares. Vale
notar que os conceitos us ados para identificar as principais causas de morte
mudaram substancialmente
desde 1900. 0 que na virada do seculo era chamado d e "1esoes mtracramanas
-'
'd'
e ongem vascu I ", tornou-se "lesoes vasculaar
res afetando 0 sistema nervoso central" nos anos 1960, e des de entao mudou
para "doenps vasculares cerebrais". Essas mudaneras sao mais do que modismos: refletem alteraeroes na visao medica sobre as patologias em questao.
Acredita-se que aproximadamente
dois tereros da populaerao acima dos 30
anos de idade em paises com altas taxas de doeneras cardiac as coronarianas,
COmo a Inglaterra e os Estados Unidos, tern algum estreitamento
em suas
atterias coronanas, em b ora nao 0 suficlente para provocar smtomas patol6gl- .
' ,
-'
,
Cos disti n t'IVOSou mu did'
.
aneras no e etrocar IOgrama, A cada ano, aproxlmadamente u ma pessoa em ca d" oltenta aClma dos 35 anos tern um ataque cardiaC
a
eO, e~bora apenas uma proporerao desses ataques seja fatal. A doenera cardiac a
dim~ls ~omum nos homens do que nas mulheres, embora a disrancia esteja
1.1 mlnulDdo.
Nos Estados Unidos e em um ou dois outros paises, depois de
III cresc'
card'
Imento constante d'urante muitos anos, a taxa de mones por doenera
laca coronariana

comeerou a cair. Ha muito

debate

sobre por que isso
ocorreu; pode ser devido a mudanc;:as na dieta, aperfeic;:oamento dos servi<;:os
de emergencia, diminuic;:ao do fumo ou maior participac;:ao de a~ultos ern
exerefcios regulares. Ha em geral urn consenso de que fatores de estI10 de vida
de urn ou de outro tipo influenciam fortemente 0 risco de contrair doen<;:as
do
corac;:ao.Ha bastante evidencia comparativa sobre a questao. Assim, 0 Japao
tern a menor taxa de doenc;:asdo corac;:aode todas as sociedades industrializa_
das. Os filhos e netos de imigrantes japoneses nos Estados Unidos, porern,
tern taxas comparaveis as deste pais e nao as do Japao. Mas nao e de to do claro
que influencia a diet a, por contraste com outros aspectos do esti~ode vi~a, tern
na etiologia das doenc;:asdo corac;:ao.A Franc;:a,por exemplo, reglstra balxa taxa
de mortes por doenc;:as coronarianas, embora a dieta francesa seja rica em
subsrancias que sao tidas por muitos como suas causadoras.
cancer nao e uma so doenc;:a,pelo men os com relac;:aoao risco de morte
associado a ele. A partir da virada do seculo X1X para 0 XX, as diferentes formas
da doenc;:a seguiram caminhos divergentes. Por exemplo, houve urn crescimento continuado na taxa de morte por cancer do pulmao desde aproximadamente 1930, provavelmente devido aos efeitos adiados da ampla popularidade
do cigarro ate aproximadamente 0 fim dos anos 1960. Por ~utro.lado, houve
uma queda regular em alguns outros tipos de cancer. Os pentos dlscord~m e~
relac;:aoa explicac;:ao.Tambem discordam sobre se a dieta ou fatores amblentals

o

desempenham urn papel no comec;:oda doenc;:a.
monitoramento regular e detalhado dos riscos para a saude, em relac;:ao
a informac;:oes como as que acabamos de descrever, oferece urn excelente
exemplo, nao apenas da reflexividade rotineira em relac;:aoao risco extr~nseco,
mas da interac;:ao entre sistemas especializados e 0 comportamento lelgo em
relac;:aoao risco. Especialistas medicos e outros pesquisadores produzem os
s
.
.
. .
matenals. a partir d os quais saD estu d ad os os per fi d e ns co . Mas esses perfi
IS
.
.
A
I I sra consCiente
nao sao mais urn segre d 0 d os pentos.
popu ac;:aoem gera e
.
d
.
d f:
d' ina e outras
deles ainda que mUltas vezes e manelra vaga, e e ato a me 1C
,
I'
agencias se dao ao trabalho de por suas descobertas ao alcance dos elgos. I
.
. d pe a
estilos de vida seguidos pela populac;:ao como urn todo sao IOfluenCia os
_
.
d' f,
ras de clas
recepc;:aodessas descobertas, embora norma Imente eXlstam I eren,
.
_
d - d
pos profissionals e
se na alterac;:aodos pa roes e comportamento, com os gru
., - . f,
ada - se
mais educados na lideranc;:a. Mas 0 consenso d a oplOlao 10 orm
. de
o
existir tal consenso _ pode mudar mesmo enquanto as mudanc;:as de esnl s.
.'
d
d t das Nao noS e
vida que provocaram antenormente esnverem sen 0 a 0 a·
d
res
quec;:amos de que 0 habito de fumar foi alguma vez defendido por seto . :
· .
Iha a mantelg
profissao medica como reIaxante; e se d IZlaque a carne verme
,
eo creme eram importantes para construir corpos saudaveis.

o

as

as conceitos e terminologias medicas mudam a medida que as teorias sao
revisadas ou descartadas. Alem disso, a qualquer momenta ha desacordo
substancial, as vezes radical, dentro da profissao medica sobre os fatores de
risco e tambem sobre a etiologia dos maiores perigos para a saude. Mesmo em
caso de doenc;:astao serias como as doenc;:ascardiacas coronarianas e 0 cancer
ha muitos praticantes de medicinas alternativas - alguns dos quais sao hoje
levados mais a serio pelos especialistas medicos ortodoxos do que anteriormente - que discordam das posic;:oesdominantes. A avaliac;:aodos riscos para
a saude esta misturada ao "quem tern razao" nessas disputas. Pois embora urn
perfil de risco desenvolvido em qualquer momento no tempo possa parecer
objetivo, a interpretac;:ao do risco para urn individuo ou para uma categoria de
individuos depende de terem ou nao sido feitas mudanc;:as de estilo de vida, e
de essas mudanc;:as se basearem em suposic;:oesvalidas. Uma vez estabelecido,
urn setor do estilo de vida - digamos, uma dieta particular - pode ser muito
dificil de ser rompido, porque provavelmente estara integrado a outros aspectos do comportamento da pessoa. Todas essas considerac;:oes influenciam a
adoc;:aoreflexiva pelos leigos de padmetros de risco filtrados pelos sistemas
abstratos. Diante de tal complexidade, nao e de surpreender que algumas
pessoas deixem de confiar em praticamente todos os praticantes da medicina,
quem sabe consultando-os apenas em momentos de desespero, e atendo-se aos
habitos estabelecidos formados por elas mesmas.
Em contraste com os perigos para a saude, os riscos de alta consequencia
estao ,ror definic;:ao distantes do agente individual, embora - outra vez por
defimc;:ao- interfiram diretamente nas oportunidades de vida de cad a individu~. Seria claramente urn equivoco supor que as pessoas que vivem em
cod Ic;:oessocials mo d ernas ten h am sido as primeiras a temer as terriveis
..
n catastrofes que poderiam assolar 0 mundo. Visoes escatologicas eram muito
c?muns na 19ade Media, e houve outras culturas que- viam 0 mundo como
elv~do de gran des perigos. Mas a experiencia e a natureza dessas visoes do
pengo sao, em alguns aspectos, muito diferentes da consciencia dos riscos de
aha
..
d'-- co ~~ uenc!a d e h'o)e. T" nscos SaD0 resultado de turbulentos processos
lalS .
e globahzac;:ao, e nem mesmo meio seculo atras a humanidade chegou a
sofrer 0 mesmo tipo de ameac;:a.
d ~sses riscos fazem parte do lado escuro da modernidade, e eles, ou fatores
e nsco comparaveis, estarao presentes enquanto durar a modernidade en~uanto a raeidez da mudanc;:a social e tecnologica continuar a produzir
Conseqiienclas nao previstas. Ri scos d e alta conseqiiencia tern uma qualidade
.
IStlntiva. Quanto mals ca Iamltosos os pengos envolvldos menor a nossa
.
.
.
.
~
.
'
p,enencia real do risco que corremos - pois se as coisas "derem errado", ja
sera t ar d e d emals. C ertos desastres deixam 0 sabor do que po de acontecer.
A

A'

•

-

•

:>
como 0 acidente nuclear de Chernobyl. Como em re!ac;:aoa muitas de tais
questoes, os especialistas nao estao inteiramente de acordo sobre os efeitos de
longo prazo da radiac;:aoque vazou naquele acidente para as populac;:6es dos
palses que afetou. Em geral, acredita-se que e!a aumentou 0 risco de certos
tipos de doenc;:as no futuro, e sem duvida teve consequencias devastadoras
para as pessoas mais diretamente afetadas na Uniao Sovietica. Mas inevitave1_
mente nao passa de adivinhac;:ao a estimativa das consequencias de urn desastre
nuclear maior - para nao falar de urn conflito nuclear, mesmo que de
J
,
pequena escaI
a. __
+"
;
Empreendimentos de aferic;:aode risco, no caso de riscos de alta consequencia, devem ser considerave!mente diferentes dos que lidam com riscos
cujos resultados podem ser regularmente observados e monitorados - embora essas interpretac;:oes devam ser constantemente revisadas e atualizadas a luz
de novas teorias e informac;:oes. A tese de que a propria aferic;:aodo risco e
inerentemente arriscada e muito bem ilustrada na area de riscos de alta consequencia. Urn metodo comum usado na tentativa de dlculo dos riscos de
acidentes com reatores nucleares e 0 projeto de uma arvore de erros. Uma
arvore de erros e projetada listando todos os caminhos conhecidos para uma
falha POSSIVe! reator, especificando depois os caminhos posslveis para esses
do
caminhos, e assim sucessivamente. 0 resultado final e supostamente uma
indicac;:ao razoavelmente precisa do risco. 0 metodo vem sendo utilizado em
estudos da seguranc;:a de reatores nos Estados Unidos e em diversos palses
europeus, Mas nao contempla varios imponderaveis.16 E imposslve! fazer urn
dlculo confiave! do risco de erro humano ou de sabotagem. 0 desastre de
Chernobyl foi resultado de erro humano, como tambem foi, num periodo
anterior, 0 incendio em uma das maiores plantas nucleares do mundo, em
Brown's Ferry, nos Estados Unidos. 0 fogo comec;:ou porque urn tecni~o
utilizou uma vela para verificar urn vazamento de ar, em clara desobedienCla
aos procedimentos de seguranc;:aestabelecidos, Alguns caminhos para 0 desastre potencial podem nao ser notados, Foram esquecidos em muitas ocasioes
em situac;:oes de risco menor, e no caso dos riscos de alta consequencia as
perigos muitas vezes so foram percebidos pe!as revisoes retroativas de dados e
hipoteses, Isso aconteceu numa situac;:ao hipotetica quando urn estudo da
Academia Nacional de Ciencias dos Estados Unidos foi solicitado para deter,
,
mmar os nscos para .0 a b'asteclmento d e aI'
Imentos em caso d e uma guerra
nuclear de certa intensidade, 0 grupo que dirigiu 0 estudo concluiu que a
resultante reduc;:ao da camada de ozonio da Terra nao ameac;:aria os recursos
' '
aI,
Imentares dos sobreviventes, pois muitos produtos que so brevlvenam numa
atmosfera de crescente radiarao ultravioleta continuariam a ser cultivad~s,
.,.
dlaNenhum dos membros da equipe percebeu, pof(~m, que 0 aumento da ra

c;:aotornaria praticamente
produtos,I7

imposslvel trabalh

ar no campo para cu I'
tlvar esses

Riscos de alta conseqiiencia constituem urn se
d
.
" I'
d ' "
gmento 0 generallZ d
c Ima e nsco caracteristico da modernidad t d'
, a 0
e
ar la - que se caractenza
mu d anc;:asregu Iares nas reivindicaroes ao saber medl' d
I'
por
'I' d
C
b
.,.
a as pe os sistemas esp
CiaIza os, omo 0 serva Rabinovitch' "U d'
'b
e, '
'
m la OUVlmosso re 0 perigo d
mercuno, e corremos a jogar fora latas de at
d
1'
0
'.
Urn e nossas prate elfas'
d'
segumte a c~~l1da a evitar pode ser a manteiga, que nossos avos conside~:vamla
como 0 maximo para a s 'd·
d
'd
au e, e epOls evemos raspar a tinta a base de
h urn b 0 d e nossas paredes H '
c
,
,
,
. ole 0 pengo esprelta nos fosfatos de nosso
detergente favonto; amanha 0 de do apont
'
"d
h' 1
a os msetici as, que eram saudados
a a guns an os como salvadores de milhoes de vidas d fc
d d
d
d '
a orne e a oenc;:a As
am_eac;:ase morte, a msanidade e - talvez ainda mais temlvel _ do ca~cer
estao em tudo 0 que comemos e tocamos "18 I
fc'
'h"
d d
'
SSO 01 escnto a vlnte anos'
es e entao, Outros trac;:oscontaminados foram db'
,
d d
esco ertos no atum alguns
~p~~ e etergentes considerados seguros no inlcio dos anos 1970 fo
d:n~u:s;:nqua,nto ~g~n~ medicos dizem que e mais saudave1 comer mant:~~
recomend::raasrcmoams
0 eprafclx~s
:eores de gordura, que eram antes amplamente
e envelS,
A questao nao e que a vida cot'd'
, h ' ,
da do que'
'-r
I lana sep ole merentemente mais arriscaem epocas antenores .t que
d' - d
'
para os I '
'.'
nas con Ic;:oes a moderllldade, tanto
ara~s per~tos em campos espedficos, pensar em termos
de risco e~geosStl~mUaatnl'
to Pd
vas e nsco c urn e
' '
carater e em
'
,
xerclClO quase que permanente, e seu
reJac;:ao vast part~ lI~ponde,raveJ. Vale lembrar que somos todos leigos em
a
atividades d' ,a.ma~na ~~s sistemas especializados que interferem em nossas
das institui ~anas, pro I erac;:aode especializac;:oesanda junto com 0 avanc;:o
c;:ao
parece
mOlde~na~,e ~ crescente estreitamento das areas de especializaSe COn
centra resu ta ~ II~evI:aveldo desenvolvimento tecnico. Quanto mais
em Ue
m as,es~eC1aIzac;:oes,tanto menor em termos re!ativos 0 cam 0
vida~le ~~:;~uer mdlvld~o po de reivindicar competencia; em outras areas ~a
ana mesma sltuarao que tod
d
'M
quais os
'h
.,.
os os emalS, esmo em campos nos
pentos c egam ao con
d
saber m d
fc'
senso, por causa a natureza cambiante do
o erno, os e eltos de "ret
"b
serao amb'
I'
orno so re 0 pensamento e pratica leigos
Iguos e comp Icados 0 r
d 'd
'
te para todo'"
. c Ima e rISCO a moderllldade e inquietans, nmguem escapa,

~:s

COl'1:ei
.
Jar atlvamente

I:

0 risco

claro q ue h'a d'fc
I erenc;:asentre
'
qUefazem p
d j"
os nscos que se carre voluntariamente e aqueles
arte as Imltac;:6esda vida social ou de urn padrao de estilo de vida
a que se aderiu. Ambientes institucionalizados de risco geram algumas situa_
c;:oesdentro das quais os individuos podem escolher arriscar recursos escassos,
inclusive suas vidas - como em esportes perigosos ou atividades similares. No
entanto, a distinc;:ao entre riscos que sac assumidos voluntariamente e riscos
que afetam 0 individuo de uma maneira menos intencional e muitas vezes
confusa, e simplesmente nem sempre corresponde a divisao entre ambientes
extrinsecos e ambientes institucionalizados de risco. Os fatores de risco que
fazem parte de uma economia moderna, como ja foi dito, afetam a quase
todos, independente de se 0 indivfduo e diretamente ativo dentro da ordem
economica. Dirigir automovel e fumar sac outros exemplos. Dirigir e em
muitas situac;:oes uma atividade voluntaria; mas ha certos contextos onde
compromissos com estilos de vida ou outras limitac;:oespodem tornar 0 ato de
dirigir urn carro quase uma necessidade. Pode-se comec;:ara fumar voluntariamente, mas uma vez que se torna urn vleio, passa a ter urn carater compulsivo,
como 0 consumo de alcool.I9
Abrac;:arativamente certos tipos de risco e parte importante do clima de
risco. Nguns aspectos ou tipos de risco podem ser valorizados em si mesmos
- a euforia que pode provir de dirigir em alta velocidade ou de maneira
perigosa lembra a emoc;:aooferecida por certos empreendimentos institucionalizados de risco. Comec;:ara fumar diante dos riscos conhecidos para a saude
pode demonstrar certa bravata que 0 indivfduo talvez considere psicologicamente satisfatoria. Se isso for verdade, tais atividades podem ser entendidas
em termos de dimensoes de "risco cultivado" que serao mais discutidas adiante. Mas, a aceitac;:ao passiva dos perigos de certas praticas como dirigir o~
fumar por amplos setores da populac;:ao deve ser interpretada, em parte c~nslderavel, de maneira diferente. Dois tipos de interpretac;:ao tern sido oferecldas.
Vma e que as grandes corporac;:oes e outras agencias poderosas conspiram para
enganar 0 publico sobre os verdadeiros niveis de risco, ou usam a propagan~a
e outros metodos de condicionamento para assegurar que uma proporc;:ao
substancial da populac;:ao se envolva nesses habitos de risco. A outra sugere que
a maioria dos leigos nao e sensivel ao risco individualmente distribufdo o,u
adiado - ainda que reajam fortemente a desastres coletivos ou a riscos malS
"visiveis". Ambas as explicac;:oestendem a dar enfase consideravel a compo,
.
'd
nentes aparentemente IrraclOnals a ac;:ao,N en h uma d eIas parece particular~
:ne~te convincen,te, embor~ sem ~uv,ida am~as .ap~n~em par~ fatoresv;;;a~
mtelramente desntufdos de ImportanCia. As pnnclpals mfluenCias en,vol d S
provavelmente derivam de certas caracteristicas do planejamento da Vida e a
habitos do estilo de vida. Como as praticas espedficas sac ordinariamente
d'Ingl'd as a urn conJunto mtegra 0 d e h altos d e estl'I0 d'd VI a, os III
.
"d
'b'
'divfdu,os
e
enS
'
.
nem sempre, e quem sabe nem mesmo em geral, ava Ilam os nscos com olt

separad~s, cada urn em seu proprio dominio. 0 planejamento da vid
.
"
"d'
a cons 1dera urn pacote
e nscos, em vez de calcular as implicaroes de
setores
distintos de comportamento de risco. Em outras palavras, assumir cenos
riscos na busca de urn certo estilo de vida e aceito como dentro dos "Iim'
. "d
Ites
toleravels 0 pacote como urn todo.
y

Os individuos pro~uram coloni~ar 0 futuro para si mesmos como pane
integrante de seu planejamento da VIda. Como no caso dos futuros coletivos
o grau em que 0 dominio futuro pode ser invadido com sucesso e limitado ~
sujeito as diversas incenezas da aferic;:aodo risco. Todos os individuos monra:n
um demonstrativo de estimativas de risco, que podem ser mais ou menos
articuladas, bem informadas e "abertas"; ou, alternativamente, inerciais. Pensar em termos de riscos se torna mais ou menos ineviravel e a maioria das
pessoas tambem esta consciente dos riscos da recusa a pensar desta maneira,
ainda que decidam ignorar tais riscos. Nas complexas situac;:oesreflexivas da
alta modernidade, viver no "piloto auto matico" se torna cad a vez mais difleil
e se torna tambem mais diflcil proteger qualquer estilo de vida, por mai~
firmemente estabelecido que seja, do clima geral de risco.
. E ~reciso ~ompreender bem 0 argumento neste ponto. Boa parte da
estl:nanva de nsco se da ao nivel da consciencia pratica e, como indicaremos
abalxo,.o casulo protetor da confianc;:a basica bloqueia a maioria dos eventos
~ot~nClalmente perturbadores que interferem nas circunsra.ncias da vida do
mdlviduo. Estar "a vontade" no mundo e certamente problematico na era da
:lt~ ~~dernidade, em que 0 referencial de "atenc;:ao"e 0 desenvolvimento de
hlstonas compartilhadas" com os outros sac realizac;:oesbasicamente reflexiv~s: Mas tais historias muitas vezes criam situac;:oesem que a seguranc;:aontologlca s~ Sustenta de maneira nao problematica, pelo menos em fases espedficas da VIda de urn individuo.

Risco, confians:a e

o mundo

0

casulo protetor

das "p
d'
,.
,
a arenClas normals , Ja 0 Isse e mals do que slmplesmente
'b' '
a e~1 urao mutuamente sustentada de interac;:ao que os indivfduos fazem
entre Sl.As r t'
, d' 'd
,.
,
es
0 mas que os m IVI uos seguem, a medlda que seus cammhos no
pac;:o-tempo se cruzam nos conrextos da vida diaria, constituem essa vida
enquanto "
I""
" I"
norma e prevIslve . A normalidade e manejada em fino detalhe
nas tessituras d
"d d
. I
'
,
a atlVI a e socia - ISSOtambem se aplica ao corpo e a
art1culac;:aodos
I .
'd
. d' ,
"
,
'
e,
envo Vlmentos e proJetos 0 m IVlduo. 0 mdlvlduo precisa
Star la em ca
20
"
,
,
0
Proteglda e rne e osso, e a carne que e d eu corporeo'-' deve ser crOnIcamente
'd a - na Ime d'Ian'd a e de cad a sltuac;:ao condlana asslm
.
,
.
socorn
urn

A

•

'"

.,
como no planejamento da vida que se estende no tempo e no espaero.0 corpo
esta em certo sentido permanentemente em risco. A possibilidade de ferimen_
to corporal esra sempre presente, mesmo no mais familiar dos ambientes. A
casa, por exemplo, e urn lugar perigoso - grande proporyao dos ferimentos
serios sac provocados por acidentes no meio domestico. "Urn corpo", Como
diz concisamente Goffman, "e uma pep de equipamento conseqiiente, e seu

,
dono esta sempre manten d0-0 na I' h" 21
m a.
Sugeri no capitulo 2 que a confianera basica e fundamental para as conexoes entre as rotinas diarias e as aparencias normais. Dentro das circunstincias
da vida cotidiana, a confianera basica se expressa como urn parentese em torno
de possiveis eventos ou questoes que poderiam, em certas circunstincias,
causar sobressaltos. 0 que out~ssoas
parecem fazer, e quem elas parecem
ser, e geralmente aceito como 0 qu~s
realmente fazem e quem realmente
sao. Consideremos, porem, 0 mundo do espiao que, no interesse da autopre~vaerao, nao pode aceitar 0 ambito das aparencias normais da mesma maneira que as outras pessoas geralmente 0 fazem. 0 espiao suspende parte da
confianera generalizada que e geralmente depositada nas "coisas como elas
sao", e sofre ansiedades torturantes sobre 0 que em outras circunstincias
seriam acontecimentos mundanos. Para a pessoa comum urn engano telefonico pode ser uma irritaerao menor, mas para 0 agente disfarerado isso pode ser
urn sinal perturbador, que causa urn sobressalto.
.
A'
Uma sensaerao fisica e psiquica de estar a vontade nas C1rc~~stanClas
rotineiras da vida cotidiana, como foi destacado antes, so e adqUinda com
grande esforero. Se em geral parecemos menos frageis do que realmente somos
no contexte de nossas aeroese por causa de processos de aprendizado de longo
..
. d
. bilizadas A
prazo atraves dos quais ameaeras potenclals sac evlta as ou Imo
..
. .
. h
,.
I' - com obJetoS,
aerao mals simples como camm ar sem calr, eVltar a co Isao
,
f:
f:'
d
prendidas em
atravessar a rua ou usar a raca e 0 gano, tlveram e ser a
" _
.
A'
..
Imente tin h am conotaeroes d eCls.
'
'I 'vas 0 carater , nao
clrcunstanCias que ongma
da
a
..
'd'
,
a
")'
d eCIslvo"d e b oa parte d'd VI a COtl lana e resu Ita d 0 d e u ma atenrao trem d
que so 0 estudo prolongado produz, e e crucial para 0 casulo protetor que to a
aeraoregular supoe.
T T.
It de
'
urnwe
Esses fenomenos podem ser b em ana IIsad os usan d 0 a noer-ao de d' 'duos e
.
Goffman , urn nucleo de normalidade (realizada) com que os m lVI, una,I
grupos se cercam,22 A noerao se origina do estudo do comportamento an rnOS
. , A
'f'
'
.
ter
II
O s animals tern uma sensl'b'l'd ad e para a area ISlca clr cundante ern ,re t
d
en
d e sensl'b'l'd a, e vana heiros
das ameaeras que podem emanar dela. A area
II
diferentes especies. Alguns tipos de animais sac capazes de sennr sons" c , a
· A'S
anlrnalS,
e movimentos a muitos quilometros d e d IstanCla; para outrO
extensao da Urnwelt e mais limitada.

No caso dos homens, a Umwelt inclui mais que as cercanias fisicas imediataS. Ela se estende por poreroes indeterminadas do tempo e do espaero, e
corresponde ,ao sist~m~ ~e releva~ci~s" para usar 0 termo de Schutz, que
ernoldura a vida do mdlvlduo. Os IndlVlduos estao quase sempre alertas para
oS sinais que relacionam as atividades aqui e agora a pessoas ou eventos
espacialmente distantes que Ihes digam respeito e a projetos de planejamento
da vida de alcance temporal variado. A Umwelt e urn mundo de normalidade
"ern movimento" que 0 individuo transporta de situaerao para situaerao, embora esse feito dependa de outros que confirmem esse mundo ou tomem parte
em sua reproduerao. 0 individuo cria, como se fosse, uma "barreira move! de
relevancia" que ordena os eventos contingentes em relaerao ao risco e alarmes
potenciais. Movimentos no espaero e no tempo - a mobiJidade fisica do
corpo a cada situaerao - centram a preocupaerao do individuo nas propriedades fisicas do contexto, mas os perigos contextuais sac monitorados em re!aerao
a outras Fontes mais difusas de ameaera. Nas circunstancias globalizadas de
hoje, a Umwelt inclui a consciencia dos riscos de aha conseqiiencia, que
representam perigos de cujo alcance ninguem consegue escapar completamente.
Nas situaeroes da modernidade, das quais a fortuna esta basicamente
ausente, 0 individuo ordinariamente divide a Umwelt em acontecimentos
projetados e acidentais. Os acidentais formam urn pano de fundo para as
relevancias com as quais 0 individuo cria urn fluxo de aerao. A diferenciaerao
tambe~ permite que a pessoa ponha entre parenteses to do urn conjunto de
aco~teclmentos reais e potenciais, confinando-os a urn dominio que ainda
precisa ser monitorado, mas com minimos cuidados. 0 corolario disso e que
~ad~ pessoa numa situaerao de interaerao supoe que muito do que e!a faz e
Indl~erente para os outros - em bora a indiferenera ainda deva ser manejada
em sltuaeroes publicas de co-presenera, na forma de codigos de desatenerao civil.
Ao contrario do paranoico, 0 individuo comum e assim capaz de acreditar
que momentos que sac decisivos para sua vida nao sac resuhado da sina. A
sane eo' que precisamos quan d0 contemp Iam os uma aerao arriscada, mas e!a
tem uma conotaerao mals amp Ia, tam b em, como melO de reiaclOnar a oportu'
'
.
,
.
nldade e a fata I'd ad e (como b oa ou ma')sorte . Como a dlstlnpo- entre 0 que e
. .
.
I
aCidentale 0 que nao e, mUltas vezes, c:: IIICI e traerar, porem, podem surglr
-,.
.id'L-·ld
'
se .
rtas tensoes quando os eventos ou atividades sac "mal interpretados" Como ,quan d 0 urn evento que afeta a outro e considerado parte de uma
C
onsPlrara 0, mas nao 0 e, ou vice-versa. A d escoberta de conspiraerao pode ser
-,.
C
")'
ausa para alarme - urn marido e levado a suspeitar de infidelidade quando
descob
£ '
re que urn encontro casual de sua mulher com urn ex-amante afinal nao
01 tao casua I' aSSlm, A h"
Ipotese d e con fi
lanya generalizada que 0 reconheci-
menta de acontecimentos
acidentais envolve diz respeito tanto a antecipa<;:6e
do futuro quanto a entendimentos
interpretativos
correntes. Na maioria da:
situa<;:oes de intera<;:ao, urn indivfduo supoe que os outros presentes nao usarao
seu relacionamento
corrente com ele como base para atos de malevolencia
num momento futuro. A explora<;:ao futura de situa<;:oes correntes, porem, e
sempre uma area de vulnerabilidade
potencial.

o casulo

e a cobertura de confianfa que torna possivel Sustentar
uma Umwelt vidvel. Esse substrato de confian<;:a e condi<;:ao e result ado da
natureza rotinizada de urn mundo "sem incidentes" - urn universo de even_
tos reais e possfveis que cercam as atividades e projetos do indivfduo para 0
protetor

futuro, em que 0 grosso do que acontece nao tern consequencias
para a pessoa
de que se trata. Nesse sentido, confian<;:a incorpora eventos reais e possfveis no
mundo fisico, e tambem encontros e atividades na esfera da vida social. Viver
nas circunsrancias das institui<;:oes sociais modernas, em que 0 risco e reconhecido como tal, cria certas dificuldades espedficas para 0 investimento generalizado de confian<;:a em "possibilidades descontadas" - possibilidades que sac
postas entre parenteses como irrelevantes para a auta-identidade
e objetivos
do indivfduo. A seguranc;:a psicologica que concep<;:oes de sina podem oferecer
esra exclufda de antemao, da mesma forma que a personaliza<;:ao de eventos
naturais na forma de espfritos, demonios e outras entidades. A intromissao
cronica e constitutiva dos sistemas abstratos na vida cotidiana cria problemas
adicionais influenciando
a rela<;:ao entre a confian<;:a generalizada e a Umwelt,
Nas condi<;:oes sociais modern as, quanto mais 0 indivfduo procura forjar
reflexivamente
uma auto-identidade,
tanto mais estara consciente de que as
praticas correntes moldam os resultados futuros. Na medida em que as concep<;:oes de fortuna sac completamente
abandonadas,
a aferi<;:ao do risco - ou
o equilfbrio entre risco e oportunidade
- se torna 0 elemento central da
coloniza<;:ao pessoal de domfnios futuros. Mas uma parte psicologicamente
crucial

do casulo

protetor e 0 desvio
em termos d·e rISCOsupoe.

das perigosas

consequencias

~ue ~

Como a ana'I'Ise d os per fis de rISCOe
.

pensamento
d as pro b a b'I'd a d es, d ~ dlferenparte central da modernidade,
0 conhecimento
II
de
tes tip os de atividades ou eventos constitui urn dos meios pelos quais ISSO
~o I
ser realizado. 0 que pode "dar errado" e posto de lado por ser tao improvave ~
"
'L
.
Vlapr de aVlao e geralmente consl 'd era d 0 como a lOrma mals seg uradetranS ,_
, . cntenos. 0 rISCO e morrer num aCI en te de aVlaO,
" .
'd
'd
porte em termos de vanos
' ,
'damente
urn ern
para as compan h" aereas comerClalS regu I'd
las
ares, e e aproxlma
'os
'd'
'
numero 0 b tl'd 0 d'IVI 10d 00 numero t 0 tal de VIage aS
, 'rn
de passageiros num determinado
perfodo de tempo pelo numero de V,dtl oa
•
de acidentes durante 0 mesmo perfodo. 23 As vezes se d'IZ que estar senta 0 do
poltrona de urn aviao a oito quilometros
de altitude e 0 lugar mais seguro

850.000 por viagem -

mundo, tendo em vista ~ numero de acidentes que acontecem em casa, no
trabalho e em outros amblentes comuns. Mas muitas pessoas Continuam com
medo de voar, e certa minoria que tern os recursos e a oportunidade
de via'ar
'L
Io. N- conseguem tlrar de suas mentes como seria J se
.
de aVlao recusa-se a lazeao
as coisas dessem errado.
A

E interessante que algumas dessas pessoas aceitam viajar pelas estradas sem
rnuita preocupa<;:ao, ainda que provavelmente
estejam cientes de que os riscos
de ferimentos graves e de morte sejam maiores. 0 peso do contrafactual
parece ser muito importante nisto - por horrfveis que os acidentes na estrada
possam ser, talvez nao evoquem 0 mesmo grau de terror do cenario de urn
acidente de aviao.

o adiam~nto ~o t~mpo e a disrancia no espa<;:o sac tambem fatores que
podem, reduzIr a mqul,eta<;:ao que a consciencia do risco como risco pode
produZIr. Uma pessoa Jovem de boa saude pode estar bem consciente dos
~isco~ de fumar" mas confinar os perigos potenciais a urn tempo que parece
mfimtamente
~Ista~te no fut~ro -.quando
chegar aos 40 - e assim apagar
eficazmente tals pengos. Os nscos dlstantes dos contextos cotidianos da vida
do. indivfduo - como os riscos de alta consequencia - tambem podem ser
d_e,xados.de fora da Um.we1t. Os peri?os que apresentam, em outras palavras,
sa~ c~ns,derados
s~fic,entemente
dlstantes dos envolvimentos
praticos da
~ropna pessoa e asslm nao devem ser seriamente contemplados
como possibilidades.
Mas a ideia de sina se recusa a desaparecer de vez, e e encontrada
em
~stra.nha combina<;:ao com no<;:oes de risco de tipo secular e com atitudes de
atahsmo. Uma cren<;:a na natureza providencial das coisas e uma das maneiras
~m que uma concep<;:ao de fortuna aparece - fenomeno importante conectao c?m c~r~as caracterfsticas basicas da propria modernidade.
Interpretaroes
provide
d h' "
I
")'
_
nClals a Istona eram e ementos importantes na cultura iluminista
e
nao surpreende
'd'
d
.
'
que seus resl uos am a sepm encontrados
em mod os de
pensar n'd
'd'
A'
d
a VI a COtl Iana.
tltu es em rela<;:ao a riscos de alta consequencia
provave!mente
m .tAL
,
Pod
.
UI as vezes retem lOrtes tra<;:os de uma visao providencial.
emos Vlver num m
d
I"
d'
d
"
un 0 apoca IptlCO, lante
e uma serie de perigos
gl b '
o als; e 0 mdlvfduo
d'
.
,
.
e
'.
po e Imagmar que os govern os, Clentlstas ou outros
sPeclallstas te'
d d
I
0
CnICos serao capazes e ar os passos apropriados para enfrentaOs
u
t" d
'
en ao sente que tu 0 vai dar certo no fim".
Alternativamente
e
'd
d
'
L
'
.
ta '
' ssas atltu es po em calf no latallsmo, Urn etos fatallse Uma resposta ge al
'I
I
tod
r posslve a uma cu tura secular de risco. Ha riscos que
ltI Os enfrentamos
mas em re!a<;:aoaos quais, enquanto individuos _ e talvez
esmo coletivame
t
- h'
'
a
n e - nao a mUlto que possamos fazer. As coisas que
COntecem na vida, urn defensor de tal orienta<;:ao pode dizer, sac afinal
resultados do acaso. Portanto, bem podemos decidir que "0 que tiver de set
sed." e deixar as coisas como estao. Dito isso, seria dificil ser fatalista em toda~
as areas da vida, dadas as pressoes que hoje nos impelem a uma atitude ativa e
inovadora em relacrao a nossas circunsra.ncias pessoais e coletivas. 0 fatalismo
em contextos espedficos de risco tende a evoluir para as atitudes mais abran_
gentes do que em outro lugar chamei de "aceitayao pragmatica" ou "pessimis_
mo dnico". A primeira e uma atitude de lida generalizada - aceitar cada dia
como vier - e 0 ultimo repele as ansiedades com urn humor cansado do
mundo.24
Ha muitos eventos nao buscados que podem atravessar 0 manto protetor
da segurancra ontologica e provocar sobressaltos. Estes aparecem de todas as
formas e tamanhos, desde 0 aviso de quatro minutos do Armagedom ate 0
proverbial escorregao na casca de banana. Alguns sao sintomas ou falhas
corporais, outros sao ansiedades provocadas pelo fracas so real ou previsto de
urn projeto acalentado, ou por eventos inesperados que invadem a UmweLt. As
situacroes mais dificeis para 0 individuo dominar, porem, sac aquelas em que
o sobressalto coincide com mudancras consequenciais - momentos decisivos.
Neles, 0 individuo provavelmente percebe que enfrenta urn conjunto alterado
de riscos e de possibilidades. Em tais circunsrancias, e levado a questionar
habitos rotineiros de especies relevantes, as vezes ate mesmo aqueles mais
fortemente integrados a auto-identidade. Varias estrategias podem ser adotadas. Uma pessoa pode, por qualquer razao, simplesmente prossegui~ com os
modos estabelecidos de comportamento, escolhendo talvez desconslderar se
eles se adaptam ou nao as novas demandas da situacrao. Em algumas situacroes,
no entanto, isso e impossivel - por exemplo, alguem que se separou. do
conjuge nao po de continuar da mesma maneira que quando casado. MultoS
..
, .
.
.
'd
mornentos d eCIslvospor sua propna natureza 0 b ngam 0 m d·IVI u 0 a mudar de
habitos e a reajustar projetos.
es
. .
.
'd
Momentos decIslvoS nem sempre ""
acontecem aos m d·IVI uos - as. vez
·
...
hzados
sac cultivados ou deliberadamente procura d os. Am b lentes mstltUClOna
de risco, e outras atividades de risco mais individualizadas, fornecen: um2~
.
.
'
Importante categona d·e sltuacroes em que a fata l·d ad e e a tl·va mente cnada.
I
.
'T.
.
'I a eXI Icraod e au d'·
·b· h all
b·l·d ade , capaCldade .e
lalS sltuacroes torn am posslve
aCla,
.
d·
s envolv1perseverancra, onde as pessoas estao c Iaramente consclentes os nsco
,
.
.
ue faha as
dos no que estao fazendo mas os usam para cnar uma mcerteza q
.
circunsrancias rotineiras.
maioria dos ambientes institucionalizados de r1S~
. uSlve os d 0 setor economlco, sac competlcroes - esparos em qued
co, Inc I·
risco coloca os individuos frente a frente, ou contra obstaculos no mun a
. d·f, enffsico. Competicroes requerem uma acraocomprometida e oportunlsta 1 er er
te da das situacroes de "puro azar " , como a I·
otena. A s emocroes qu e podern s

A

A·

-

•

-

T

atingidas no risco ~~ltivado dependem da exposicrao deliberada a incerteza, e
errnitem que a atlvldade em questao se destaque das rotinas da vida com urn.
~s ernocroespodem ser buscadas no alto risco, imediatamente como espectador de esportes ou em atividades onde 0 nivel real de risco para a vida e para 0
corpo e pequeno, mas onde situacroes perigosas sac simuladas (como uma
corrida de patins). A emocrao das atividades de risco, como diz Balint, envolve
diversas atitudes discerniveis - consciencia da exposicrao ao perigo, exposicrao
voluntaria a tal perigo, e uma expectativa mais ou menos confiante de supera10.26 as parques de diversoes imitam a maioria das situacroes em que as
emocroes sac procuradas em outros lugares, mas de uma maneira controlada
que Ihes subtrai do is elementos-chave: 0 dominio ativo do individuo; e a
incerteza que clama por aquele dominio e permite que ele seja demonstrado.
Goffman observa que alguem fortemente inclinado a assumir riscos como urn jogador inveterado - e capaz de discernir oportunidades para a
intervencrao da sorte em muitas circunsrancias que outros tratariam como
rotineiras e tranquilas. Descobrir tais angulos, podemos acrescentar, e uma
maneira de gerar possibilidades para 0 desenvolvimento de novos modos de
atividade em contextos familiares. Pois onde a contingencia e descoberta, ou
fabricada, situacroes que pareciam fechadas e pre-definidas podem parecer
outra vez abertas. 0 cultivo do risco converge aqui com algumas das orientacroesmais basicas da modernidade. A capacidade de perturbar a fixidez das
coisas, de abrir novos caminhos e assim colonizar urn segmento de urn futuro
novo e parte do carater desestabilizador da modernidade.
Poderfamos dizer que 0 cultivo do risco representa urn "experimento com
~ confiancra" (no sentido da confiancra basica) que consequentemente tern
Implicacr6es para a auto-identidade do individuo. Poderfamos redefinir a "expectativa confiante" de Balint como confiancra - confiancra em que os perigos
que sao deliberadamente cortejados serao superados. Dominar tais perigos e
urn ato de autojustificacrao e uma dernonstracrao, para 0 eu e para os outros, de
que se pode sair de circunsrancias dificeis. 0 medo produz a emocrao, mas e 0
medo que e redirecionado em forma de dominio. A emocrao do risco cultivado
Senutre daquela "coragem de ser" que e caracteristica da primeira socializacrao.
A Coragem e demonstrada no risco cultivado precisamente como uma quali~ade que e posta em julgamento - 0 individuo se submete a urn teste de
Integridade mostrando capacidade de perceber 0 lado "de baixo" dos riscos
(u: corre, e segue em frente apesar de tudo, mesmo nao sendo obrigado a
daze-lo. A procura da emocrao ou, de maneira mais s6bria, da sensacrao de
do~inio que vem com 0 enfrentamento deliberado do perigo, sem duvida
enva em parte de seu contraste com a rotina. Mas tambem toma combustivel
Psicol6gico do contraste com satisfacroes adiadas e mais ambiguas que surgem
de outros encontros com 0 risco. No risco cultivado, 0 encontro com 0 pe '
~
~'d
. 'd d
ngo
e sua reso Iu<;:aoestao reum os na mesma anvi a e, enquanto em OUtrs
situa<;:oes0 resultado das estrategias adotadas pode nao ser conhecido sen:
,
ao

Trata-sede u~: coloniza<;:aodo tempo, e de u Qrge~mento do espa<;:o
ma vez que provisoes para 0 futuro tornam-se desnecessarias para 0 consuml-"
. .
~ ,
U
dor individual. De fato na~ ~a va~tagem em empilhar estoques de comidaembora alguns, possam decidu faze-lo, considerando riscos de alta cons equen..
.'
cia _ " ' a Vida comum numa economla monetana que funciona com vigor,
para
'
.'
Tal pranca au~entana os custos, pOlS comprometeria renda que de outra
maneira p~dena ser. usada para outros fins. A acumula<;:aode qualquer forma
~ao. ~oden~ ser malS do q~e uma est~ategia de curto-prazo, a men os que 0
IOdlvlduo nvesse desenvolvldo a capacldade de fornecer sua pr6pria alimentas:ao.Enquanto a pessoa confiar no sistema monetario e na divisao do trabalho
os dois sistemas p~rmitem maior seguran<;:ae previsibilidade do que poderi~.,L
ser obtido por qualsquer outros meios.
I
Como .outra ilus,tra<;:a.o,
consideremos 0 fornecimento de agua, de energia
~ara aqueclmento e dumllla<;:ao, e de servi<;:os saneamento de esgotos. Tais
de
Sistemas, e 0 saber de que dependem, atuam para estabilizar muitas das
situa<;:oesda vida, cotidiana - ao mesmo tempo que ' com 0 0 d'In h euo, as
.
tra,nsformam ra~lcalmente em rela<;:aoaos modos de vida pre-modernos. Nos
pal~es desen:olvldos, p~ra a maior parte da popula<;:ao, a agua s6 depende de
abnr a t~rnel,ra, 0 aqueclmento e a ilumina<;:aotambem estao a mao, eo esgoto
p~ssoal e rapldamente eliminado por descarga de agua. 0 encanamento organl~a~o da ~gua reduziu substancialmente uma das maio res incertezas que
afllg~am a vida em muitas sociedades pre-modernas, 0 carater inconstante do
supnmento de'. agua. 27 A agua encana d a, prontamente disponfvel nas casas
'
tornou possfvels os padroes de limpeza e higiene pessoais que tanto contribui~
r~m para a melhora da saude. A agua corrente tambem e necessaria para os
Sistemas moder nos de' esgotos, e portanto IOIlmportante para a contribuis:ao
.
e
que 0 saneamento trouxe para a sau e. A eIetnci ad e, 0 gas e os combustfveis
'd
"d
s61'd
I os tambem ~Judid a regu ar pa roes de conforto corporal, fornecendo
. am
~
en'
ergla para co h ar e para a opera<;:ao de muitos apare!hos domesticos.
Tod
,Zlll
tor as tern a~blentes regulares de atividade dentro e fora da casa. A luz e!etrica
nou d
.
'd'
'
gover POSSIVe! colonizarao d a nOlte. 28 N 0 melO omestlco, as rotlllas sao
I a
,T
A

anos depOls,

Os sistemas abstratos da modernidade criam gran des areas de seguran<;:arelativa para a continuidade da vida cotidiana. Pensar em termos de riscos certamente tern aspectos inquietantes, como foi sugerido antes, mas tambem e urn
meio de procurar estabilizar os resultados, urn modo de colonizar 0 futuro. 0
ritmo mais ou menos constante, profundo e rapido da mudan<;:acaracterfstica
das institui<;:oesmodernas, juntamente com a reflexividade estruturada, significa que ao nfvel da pratica cotidiana, e tambem da interpreta<;:ao filos6fica,
nada pode ser tido como certo. 0 comportamento aceitavel/apropriado/recomendado de hoje pode ser considerado de maneira diferente amanha a luz de
circunsrancias alteradas ou de novos conhecimentos. Mas ao mesmo tempo,
no que diz respeito a muitas transa<;:oesdiarias, as atividades sac rotinizadas
com sucesso atraves de sua recombina<;:ao no tempo e no espa<;:o.
Consideremos alguns exemplos.
J~heiro
oderno e urn sistema abstrato de extraordinaria complexidade, Importante [Iustra<;:aode urn -sistema
siinb61ico que conecta processos verdadeiramente globais as trivialidades
mundanas da vida diaria. A economia monetaria ajuda a regularizar a provisao
ae muitiS necessidades diarias, mesmo para os estratos mais pobres nas sociedades desenvolvidas (ainda que muitas transa<;:oes,incluindo algumas de natus
; reza puramente economica, sejam manejadas em termos nao monetario ). 0
dinheiro se mistura a muitos outros sistemas abstratos nas arenas globais e nas
economias locais. A existencia do cambio monerario organizado torna possi,
«, d'
d
e depende
vels os contatos e trocas a IstanCla no tempo e no espa<;:o e qu
esse entrela<;:amento de influencias globais e locais, Em conjunto com nnl
u,m,a
d"
d 0 tra b aIh 0 didcomp exi ad e seme Ih'ante, 0 sistema moneta 'rio ro dIVlsao
e
. ~ db'
,"
'd
'd'
A variedade e
za a provisao os ens e servI<;:os
necessanos a VI a con lana.
'do
bens e comidas disponiveis para qualquer indivfduo nao s6 e muito malar
, overalS
que nas economias pre-modernas, mas essa disponibilidade nao e m g
~ d'
I'd'"
d
I
AlimentOS sa7,o
na d a tao Iretamente pe as 1 lOsslllcraslas e tempo e I ugar. '
e
,
do ana,
nals, por exemplo, hoje podem ser obtidos em qua quer epoca
jaO
'
"
au reg
pro dutos que slmplesmente nao podem ser culnvados em cerro pais
podem ser regularmente obtidos nele,
A

."

(

)

A

de d' na as,pe a necessldade de sono diario regular e nao mais pe!a alternancia
cres la e nolte qu e po d e ser atravessada sem qualquer dificuldade. Fora do lar
"
cente numero d e orgamza<;:oesopera vlllte e quatro horas por dia.
'~'
'
A'
~
.
lnterven<;:aotecnol6 gi'd' na natureza e con I<;:ao desenvolvimento de
SIStem b
ca
do
as d stratos como esses' mas e c aro que tam b'em afeta muitos outros
a 'd'
'I
aspecto
.
'
lza<;:ao
IIZar U' s a VI a social mod erna. A'" socia I' ~ d a natureza " aJudou a estabima vanedade de' III fluenclas so b re 0 comportamento humano que antes
eram .
'"
lllent lrregulares ou j mpreVlSlvelS. 0 controle da natureza era urn empreendi'
o lmportante em ep ocas pre-mo ernas, especlalmente nos gran des esta'd
.
A'
dos agrarios, em que esquemas de irrigayao, a derrubada de florestas e
L"
modos de manejo da natureza para b enenclo d 0 h omem eram lug OUtro
s
.,
,
ares-co
muns. Como destacou Dubos, a Europa p entrou no penodo moderno c urn ambiente amplamente socializado, formado por varias gerayoes de Ca °mo
'29
M f,'
mpo_
neses a partir das florestas e pantanos ongmals.
as 01 nos ultimos d .
OIS Ou
tr<~s eculos que 0 processo de intervenyao human a na natureza se intensific
s
maciramente alem d·
ISSO,nao se I""
Imlta mals a certas areas ou regioes Ou
T'
,
.
' mas
como outros aspectos da modermdade se tornou globahzado. Muitos aspectos
da atividade social se tornaram mais seguros como resultado desses desenvol_
vimentos. Viajar, por exemplo, tornou se mais regular e seguro com a constru_
yaO das estradas modernas, e dos trens, navios e avi6es. Como aconteceu com
todos os sistemas abstratos, enormes mudanyas na natureza e alcance das
viagens se associam a essas inovayoes. Mas e facil hoje, para quem quer que
tenha os recursos financeiros necessarios, encarar casualmente jornadas que h:i
dois seculos s6 seriam enfrentadas pelos mais intrepidos, e teriam tornado
muitissimo mais tempo.
Ha mais seguranya em muitos aspectos da vida cotidiana - mas tambem
e preciso pagar urn certo preyo por esses avanyos. Sistemas abstratos ~ependem de confianya, mas nao trazem nenhuma das recompensas morals que
podem ser obtidas da confianya personalizada, ou de que se disp~nha ~m
ambientes tradicionais a partir dos quadros morais dentro dos quais a vida
cotidiana se desenvolvia. Ademais, a penetraayao geral dos sistemas abstratos
,
..
.
'd
na vida cotl'd'lana cna nscos que 0 10d'IVI uo nao se encon tra nas melhores
.
.
d e a Ita consequencla cae m nesta categona.
..
condiyoes para en frentar; os nscos
..
.
.t
MalOr mterdepen d enCla, ate 0 ponto d e mc Iusao d e SISe mas globalmente
d
.
"fi'
esmdependentes, slgm ICamalOr vu Inera b'I'd ad e quan d 0 oc orrem eventoS d
II
d o. r; que acon tece com .to os
favoraveis afetando esses sistemas como urn to
co
r
.
.
.
p
os exemplos menclOna d os aClma. 0 d'10h euo que uma pessoa pOSSUI, o
mo
,
.
'I a pouco que seJa, esta" sUJelto a OSCI yoes d a econom. I'aglobal que nem mes'rio
.
diU
tema moneta
a mais poderosa das nayoes sena capaz e reso ver. m SIS
h na
a Aleman a
local pode entrar em completo colapso, como aconteceu com
I
nao
mentO ta veZ
de cad a de 1920 - em algumas cucunstanClas, que no mo , I bal corn
,
.
.
'dem
monetana go, ada, OU
possamos Imagmar, ISSOpo d'era acontecer a or
I
d esastrosas para b'lh-oes d e pessoas. Uma seca pro ong ezeSter
conseqilenclas
I
,
· d d a
odem as v
outros problemas com os sistemas centra IIza os e gua, p
dernos oS
'
, dos pre-mo
d
resultados mais perturbadores d 0 que tlveram em peno
I
ado e
.
,
d'
raclOnamentos peno'd' ICOS e agua; e qua Iquer r aCI'onamento pro ong
oas
. a f,eta as ativi'd ad es or d'"
.
, aenergla
manas d e gran d'e nu mero de pess . bstanOV
,
..
f,ornece uma '1ustrayao sign ificatlva e su 'bilida de'
-'
A natureza soclahzada
I
.
de plaus,
mente muito importante. McKibben argumenta, com gran
A

••

A'

A"

•

A

•

A'

. ter~enyao humana no mundo natural foi tao profunda e abrangente
a In
. Izada e muito
q ue h'e podemos Lid 0 "fi d a natureza. " A natureza socia I'
fa ar
1m
que oJ do antigo ambiente natural, que existia separado dos afazeres humate
diferenIhes fornecla urn pano d e fi d 0 re I'
.
"
un
atlvamente Imutave I. "E' como a
nos. e atureza que produz seus efeitos at raves daquilo que concebemos como
annga n
os naturais (chuva, vento, calor), mas nao oferece nenhum consoloProcess mundo humano, urn senti.do de permanenCla, ou mesmo de eternic.
do
a ruga
d "30
.
da e. natureza no senti'd'0 antigo, d'IZ M c K'bb en, era lmprevlslve I: tempesta.
.,
A
I
des podiam chegar sem aviso, maus veroes podiam destruir safras, enchentes
devastadoras podiam decorrer de chuvas inesperadas. A tecnologia e 0 saber
modern os tornaram possivel urn melhor monitoramento das condiy6es do
tempo, e 0 manejo aperfeiyoado do ambiente natural permitiu a superayao de
perigos existentes ou pelo menos a minimizayao de seus impactos. Mas a
natureza socializada e sob certos aspectos menos confiavel que a "antiga natureza", porque nao podemos estar seguros de como a nova ordem natural vai se
comportar. Tomemos a hip6tese do aquecimento global, fenomeno que, se
estiver de fato ocorrendo, provocara 0 caos em to do 0 mundo. McKibben
conclui que a evidencia disponivel ap6ia a visao de que 0 "efeito estufa" e real,
e de fato argumenta que os processos envolvidos ja estao muito adiantados
para poderem ser controlados eficazmente a curto ou medio prazo. Talvez
esteja certo. A questao e que, no momento em que escrevemos, ninguem pode
dizer com certeza que nao esta acontecendo. Os perigos gerados pelo aquecimenta global sao riscos de alta conseqilencia que enfrentamos coletivamente,
mas sobre os quais uma estimativa precisa do risco e praticamente impossivel.
A

•

Seguran~a, desqualifica~ao e sistemas abstratos
Os sistemas ab stratos d esqua I'fiIcam - nao so no local de trabalho, mas em
'
d
I
c~t'°d~ S~tores da vida social que atingem. A desqualificayao da vida social
os
I Iana e urn f,
I'
f
.,
Ali
enomeno a lenante e ragmentador no que dlZ respelto ao eu.
'.
'
""aenante porque' a Intromlssao d'os sistemas ab stratos, espeCiaImente os slste<., s esp 'l"
preex' eCla lzados, em todos os aspectos da vida cotidiana solapa as formas
ria d~:teJ1t~Sde controle local. Na vida muito mais fortemente local da maiohabilid s~cled~des pre-modernas, todos os indivfduos desenvolviam muitas
'idas c: ,~, e tlPOSde "saber local", no sentido de Geertz, relevantes para suas
Illodos tl, l,anas. A sobrevivencia dependia de integrar tais habilidades em
~ do prba.t1cos e organizar as atividades nos contextos da comunidade local
d
am lent e f"
ISICO.Com a expansao dos sistemas abstratos, porem, as
t

A
condic;:oes da vida diaria se transformam
e recombinam em porc;:oes maio res d
,
d
e
tempo e espac;:o, e tais processos de desencalxe sac processos
e perda. Mas
seria errado ver essa perda como a transferencia de poder de alguns individuos
ou grupos para outros. Transferencias
de poder.ocorrem
dessa ~~neira, mas
nao sao exaustivas. Por exemplo, 0 desenvolvlmento
da medlcma levou
exclusao do saber e das habilidades curativas outrora possuidos por leigos. Os
medicos e outros tipos de peritos derivam poder das reivindicac;:oes ao saber
que seus codigos de pratica incorporam.
Mas como a especializac;:ao inerenre

a

ao saber significa que os peritos sao leigos na maior parte das situac;:oes, 0
advento dos sistemas abstratos constitui modos de influencia social que ninguem controla diretamente.
E justamente esse fenomeno que esra por baixo
do surgimento dos riscos de alta conseqiiencia.
Braverman estava enganado ao supor que, na esfera do trabalho,

aconrece

um processo de desqualificac;:ao em mao unica. No local de trabalho, saG
constantemente
criadas novas qualificac;:oes, que sac em parte desenvolvldas
por aqueles cujas atividades for,a~ desqua~ificadas. ~go PAare~ido e ~erdade
em muitos outros setores da atlvldade social onde a mfluencla dos sistemas
abstratos se fez sentir. A reapropriac;:ao do saber e do controle por parte dos
leigos e um aspecto basico do que as vezes chamo de "dialetica do con~role",
Por mais qualificac;:oes e formas de saber que os leigos percam, ele~ ~ontmu:m
qualificados e competentes
nos contextos de ac;:aoem qu~ suas atlvI~ades tern
lugar _ contextos que, em parte, essas atividades reconstltu~m contmuame~te. A qualificac;:ao e a competencia
cotidianas mantem assln: uma c?nexao
dialetica com os efeitos expropriadores
dos sistemas abstratos, mflu~n:la~do e
reformulando
continuamente
0 impacto
de tais sistemas sobre a eXlstenCla no
dia-a-dia.
.
, tas Clrcunsque esta envolvido nao e apenas a reapropnac;:ao mas, em cer
tancias e contextos, 0 empoderamento. Juntamente com 0 desencaixe, a expan,
'd d
d
der
de poder
sao dos sistemas abstratos cna quanti a es crescentes
e po
d
. I
C
ondiroes
e
que os homens tem de alterar 0 mun d 0 matena e tranSlOrmar as c
,
,
"
_
' - d
d
C
oportunidades
genesuas propnas ac;:oes. A reapropnac;:ao
esse po er Olerece
,
ento
,
_
"
"
'E
ncas nao d'Isp0nlvels em eras h'Istoncas antenores,
s se empoderam
,
'e
, "
I'
b
I t e ses dois nivels seJa
tanto mdlvldual quanto co etlvo, em ora as re ac;:oesen re s
I
muitas vezes emaranhada e dificil de elucidar, tanto pelo analista quanto pe 0

o

leigo no nivel da vida cotidiana,
de
A profusao de sistemas abstratos esra diretamente li,gada aos panoramas ha
escolha que confronram
0 individuo
na atividade diana. De um lado,
,
"
I
'
I'
de fazer as
multas vezes uma selerao a ser felta entre manelras ocals ou elgas
,
,
- e
coisas e procedimentos
oferecidos a partir dos sistemas abstratos. Isso naO I
,
slmplesmente
um con f ronto d" tra d"
0
IClOnaI" com 0 mo d er no , embora ta

, ra~ seja bastante comum. Como resultado de processos de reapropriarao
SltUa,
.'
' ,
abre-se um num~ro mdetermmado
de espac;:os entr~ a crenc;:a e a pratica leigas
a esfera dos sistemas abstratos. Em qualquer sltuac;:ao, se os recursos de
;empo e outros requ.isitos _estiver:m
dade de uma requallficac;:ao parcial

dispo~iveis, 0 individuo tem a possibiliou mals completa em relac;:ao a decisoes

espedficas ou cursos de ac;:aocontemplados.

Empoderamento e dilemas do saber
Consideremos,
por exemplo, uma pessoa com dor nas costas. Que deveria
fazer para procurar tratamento?
Se estivesse na Inglaterra, poderia ir a urn
c1inico geral ligado ao Servic;:o Nacional de Saude. 0 clinico geral talvez a
encaminhasse a urn especialista, que poderia fazer recomendac;:oes ou oferecer
servic;:osque a satisfizessem. Mas tambem poderia acontecer que ela descobrisse que nada do que 0 especialista tivesse sugerido of ere cia qualquer ajuda no
alivio da condic;:ao que a afligia. 0 diagnostico de problemas de dores nas
costas e notoriamenre
problematico,
e a maioria das formas de tratamento
d.is~oniveis sac controversas dentro e fora da proflssao medica. Alguns especlaltstas, por exemplo, recomendam
a cirurgia de hernias de disco. Mas ha
estudos indicando que pacientes com 0 referido problema de disco tem tanta
chance de recuperar-se sem cirurgia como com ela. Ha grandes diferenc;:as
ent~e os paises em relac;:ao a questao. Assim, 0 numero de pacienres por mil
habltantes para quem sao recomendadas
cirurgias de disco e dez vezes mais
e1evado nos Estados Unidos do que na Inglaterra, e a diferenc;:a representa,
entre Outras coisas, uma variac;:ao nas f1losofias gerais sobre a melhor forma de
tratar dores n as costas entre os d'OIS palses, S e d eCI Ir mvestlgar mals, nosso
,
'd"
.
,
,
pacle~t~ descobriri que em drculos medicos orrodoxos ha enormes diferenc;:as
~e 0~1111aosobre tecnicas de operac;:ao, ainda que haja acordo sobre a tecnica
InVaSlva com,orne Ih or estrategJa. P or exemp I0, a Iguns clrurglOes prelerem a
"
'
'C
,
,
ll11crocIrUrgla em re Iac;:aoa proce d' Imenros clrurglCos mals convenClOnalS para
, "
,
"
a coluna.
Apr~fundando
sua investigac;:ao, 0 pacienre descobriri que ha disponivel
u;na vanedade de outros metodos de terapia da coluna, cujos proponentes
allrmam s'erVIr para h"
ernlas d e d'ISCOe para outros problemas, transitorios ou
permanent es. E ssas terapJas
'd'C lJerem nao so nas fOl'mas de tratamento
of,
que
erecem , mas em re Iac;:ao a mterpretac;:ao que lazem
- "
cd'
as ongens d as d ores e
patologias da c o Iunas. A osteopatla 'b' se asela em pnnClplOS d'llerentes d aque Ies
,,'
C
queoq' ulrogral1co uti 'I'lza. Cd a uma dessas orientac;:oes contem ainda escolas
,c.
a
em competic;:ao, Outras

formas disponiveis

de tratamento

da coluna

incluem
fisioterapia, massagens, acupuntura,
exerdcios, reflexologia, sistemas de ajuste
postural como 0 Metodo Alexander, terapias com drogas, dietas, imposi<;:ao
das maos - e tambem outros metodos terapeuticos.
Uma escola de pensamento aflrma que a grande maioria dos problemas da coluna, inclusive alguns
de natureza muito seria, tern sua origem em disturbios psicossomaticos,
e
devem portanto ser tratados remediando
as Fontes da tensao, sem concentra_

eritos discordam com tanta frequencia, mesmo profissionais no centro de
~m determinado campo de conhecimento
podem se encontrar em posi<;:ao
muito semelhante a do leigo diante de decisao analoga. Num sistema sem
autoridades definitivas, mesmo as cren<;:as mais acalentadas subjacentes aos
sisternas especializados estao abertas a revisao, e muito comumente
sac alteradas de maneira regular. 0 empoderamento
esta disponfvel rotineiramente

<;:aodireta nas proprias costas. Segundo tais escolas, psicoterapia,
medita<;:ao,
ioga e outros modos de relaxamento,
ou uma combina<;:ao deles, fornecem 0

para 0 leigo como parte da reflexividade da modernidade,
mas muitas vezes ha
problemas sobre como esse empoderamento
se traduz em convic<;:6es e em
a<;:ao.Urn certo elemento de fortuna, ou de fatalismo, permite assim que a
pessoa chegue a uma decisao que so pode ser parcialmente
garantida a luz da
informa<;:ao local e especializada disponivel.

melhor modo de tratamento.
A essa altura, 0 paciente

pode, de modo muito razoavel, chegar

a conclu-

sao que ja chega e resolver informar-se sobre a natureza de s~a q~eixa e os
possiveis remedios. Estao disponiveis no mercado popular mUltos livros nao
tecnicos sobre a coluna. A maioria faz uma interpreta<;:ao do estado geral do
saber medico sobre 0 assunto e tenta fornecer urn guia informado das terapias
disponiveis.
Ha certamente
consenso entre as autoridades
(que em out~os
aspectos discordam) sobre a anatomia estrutural do corpo. Nao demora mult?
ate que 0 paciente alcance urn entendimento
basico dos problemas estruturals
que afetam sua coluna. A requalifica<;:ao/apropria<;:ao seria prontamente
possfvel em rela<;:ao ao aprendizado
das linhas gerais dos diferentes trata~e~tos
disponfveis e como estes se comparam com aqueles sugeridos pelo espeCl~lista
original. Decidir sobre qual escolher se~a mais di~fcil, porque 0 pac~ent~
precisara comparar as varias afirma<;:6es feltas pelas dlferentes escola~. N~o ha
autoridade maxima a quem recorrer - dilema caractedstico
da mUltas sltua<;:6esnas condi<;:oes da alta modemidade.
Mas se essa pessoa se dedica apropriadamente
a requalifica<;:a~, uma escoIha razoavelmente informada pode ser feita. Tais escolhas nao sao slmplesmente op<;:6es comportamentals . - ten d em a vo Itar-se so b re a narr ativa da auta..
a
..
'
.
Identldade, que tam b em aJu d am a diU
esenvo ver. ma d'eClsao e ntre a medlCW
_
.
I ' ,
t uma questao
convencional
e a de alta tecno Iogla, por exemp 0, e so em par e
'
"d'
I
isa" sobre 0
de escolha informada - normal mente e Ia tam b em
IZ a guma co
. .c.
' d' 'd
'eguindo
urn
estilo de vida da pessoa. Pode slgnmcar que 0 In IVI uo esta s
'd
I
. to com cerpadrao de comportamento
razoavelmente
esta b e IeCl 0, ta vez Jun
.
I
0 elfnleo
tas formas de deferencia. Isso pode acontecer se a pessoa consu tar
.
ue 0
geral e depois 0 especialista recomendado,
e simplesmente
segulr 0 q fid s da pro IS
segundo sugere, em deferencia a ambos como mem b ros d estaca ~
de
ente
C
'
sac medica. Optar por uma IOrma d e me d"
Icma a Iternatlva, esp eClalm
.
"
.
d'
I'
I
'sobre
cerras
uma das vanedades mals esotencas, po e sma Izar a gum a COisa
.
decisoes de estilo de vida que a pessoa tama, e de fata contribuir para IS:O~de
Na maioria de rais decisoes, provavelmenre
se misturam concep<;:oe
s
.
'd Comoo
fortuna, fatalismo, pragmarismo e risco consclentemente
assuml O.

Foi destacado anteriormente
que ninguem pode se livrar completamente
dos
sistemas abstratos da modernidade
- essa e uma das consequencias
de viver
num mundo de riscos de alta consequencia.
Mas e claro que os estilos de vida
e setores do estilo de vida podem ser ajustados para navegar entre as diferentes
possibilidades oferecidas num mundo reconstituido
pelo impacto dos sistemas abstratos. A confian<;:a em alguns ou em muitos dos sistemas que rotineiramente ou de maneira esporadica interferem com a vida do indivfduo pode
ser s~spensa. Seria muito diflcil, se nao impossfvel, retirar-se completamente
d~ sistema monetario modemo. Mas 0 individuo po de escolher manter seus
atlvos na forma de bens ou de propriedade
pessoal; e pode reduzir ao minimo
suas rela<;:6es com bancos e outras organiza<;:6es financeiras. Muitas nuances
possfveis de ceticismo ou de duvida podem ser conciliadas com uma atitude
pra gmatlca ou I:'
"
latalista em rela<;:ao aos sistemas abstratos que afetam nossas
chances de vida.
?utros podem tomar decisoes sobre estilos de vida que os levam de volta
na dlrerao d as auton 'd a d es malS tra d"
.
.
C
.
)'
IClOnaiS. 0 IUn d amenta I'Ismo re I'IglOso,
Pbor exemplo, oferece respostas c1aras sobre 0 que fazer numa epoca que
a '
c. . .
.
d andono . u as auton 'd a d es d el1llltlvas - que podem ser novamente conJurauas pela lllvoca<;:ao das antigas formulas da religiao. Quanto mais "inclusiva"
a
c::
de~erminada denomina<;:ao religiosa, mais ela "resolve" 0 problema de
c 1110Vlver num mundo de multiplas op<;:6es. Formas mais atenuadas de
ren<;:a 1"
to
re Iglosa, entretanto,
tambem podem oferecer apoio imporrante
na
l11ada de d . ',.
.c.
.
eClsoes vitals slgnlllCatlVas.
tadaA maio ria desses dilemas torna-se parricularmente
aguda, ou e experimenComo tal, durante os momentos decisivos da vida do indivfduo. Como os
momentos decisivos, por definic;:ao, sao de alta conseqiiencia, 0 individuo se
sente numa encruzilhada em termos de seu planejamento geral da vida. Momentos decisivos sao fases em que as pessoas podem resolver recorrer a autoridades mais tradicionais. Nesse sentido, podem procurar refugio em crenc;:as
preestabelecidas e em modelos familiares de atividade. Por outro I~do, momentos decisivos muitas vezes tambem marcam perfodos de requahficac;:ao e
empoderamento.
Sao pontos em que, independente de quao reflexivo 0 individuo possa ser na formac;:ao de sua auto-identidade,
ele deve parar para
perceber as novas demandas e tambem as novas possibilidades. Em tais momentos, quando a vida precisa ser vista com urn novo olhar, nao surpreende
que as tentativas de requalificac;:ao sejam parricularmente imporrantes e muito
procuradas. No que diz respeito a decisoes de alta conseqiie~cia, os i~~iv{duos
sao muitas vezes estimulados a devotar 0 tempo e a energla necessanos para
gerar maior dominio das circunsd.ncias que enfrentam. Momentos decisivos
sao pontos de transic;:ao que tern implicac;:oes nao so para a conduta futura do
individuo, mas para a auto-identidade.
Pois as decisoes de conseqiiencia, uma
vez tomadas, refazem 0 projeto reflexivo da identidade pelas conseqiiencias
que ocasionam para 0 estilo de vida.
Porranto, nao surpreende que nos momentos

. .
.'
,
decIslvoS os lOdlVlduos

tendam a encontrar sistemas especializados centrados precisamente na reconstruc;:ao da auto-identidade
- analise ou terapia. A decisao de submeter-se a
terapia pode gerar empoderamento.
Ao mesmo tempo, vale acres~entar, .tal
decisao nao e de natureza diferente de outras decisoes relativas ao estllo de vida
tomadas em situac;:oes de modernidade.
Que tipo de terapia seguir, e por
quanto tempo? Como mostra 0 livro Autoterapia, talvez seja ?ossivel para 0
individuo reorientar efetivamente sua vida sem consultar dlretamente urn
especialista ou profissional. Por outro lado, muitos terapeutas sustentam que
sem contato regular com urn analista nao ha esperanc;:a real de mudanc;:a
ando
".
'
.
pessoal. EXlste hOJe uma consl 'd erave I d·Iversl'd a d e d e teraplas, todas afirm
I do desacordo
tratar uma gama semelhante d e pro bl emas. C omo exemp 0
.
'I·
I'· ca corn a
entre as diferentes escolas, podemos comparar a pSlCana Ise c assl
" .
H '
"t s terapeutas
terapia comporramental
baseada no con d lClonamento.
a mUI 0
.
'Iique obedecem aos prinefpios basicos estabelecidos por Freud para a pSlcanMa
d
d
eles
as
se e formulam seus procedimentos
terapeutlCoS
e acor 0 com
. I"
,
fi
sicana Ise
alguns proponentes da terapia do comportamento
a Irmam que a P
"
. AI '
d· sso eXlste
carece inteiramente de validade como modo d e terapla.
em I ,
I
.
. ""'I"
uma vanedade de subdivisoes na pSlcana Ise, a I" d as a d'·
la
UZlas d e outras escO as
_
.
"rnaS
espe
fl eXlvo com slste
de pensamento e tecnica diferentes. 0 encontro re
as
"I"
"
cia Izad os que aju d am a reconstltulr " 0 eu express a portan to alguns dos di1ern
centrais que a modernidade faz surgir.
A"

5. A segrega~ao da experiencia

--------

Diz-se freqiientemente que a enfase dominante da modernidade esta no controle - a subordinac;:ao do mundo ao dominio do homem. A afirmac;:ao e
certamente correta, mas apresentada dessa forma precisa de consideravel elaborac;:ao. Urn dos significados do controle e a subordinac;:ao da natureza aos
propositos do homem, organizados pela via da colonizac;:ao do futuro. Esse
processo parece a primeira vista uma extensao da "razao instrumental" - a
aplicac;:aodos prinefpios humanamente
organizados da ciencia e da tecnologia
ao controle do mundo natural. Olhando mais de perro, contudo, 0 que vemos
e a surgimento de urn sistema internamente
referido de conhecimento
e
poder. E nesse sentido que devemos entender a expressao "fim da natureza".
Tiveram lugar uma acelerac;:ao e urn aprofundamento
marcados do controle da
natureza pelo homem, que estao diretamente envolvidos com a globalizac;:ao
da atividade social e economica. 0 "fim da natureza" significa que 0 mundo
~atural se tornou em grande parte urn "ambiente criado", que consiste em
Sl~temas humanamente estruturados cujo poder e dinamica derivam de reivindlcac;:oes ao saber socialmente organizadas e nao de influencias exogenas a
atividade dos homens.
. Como 0 ambiente natural parece tao distinto do universo da atividade
social', e preciso
"d estacar que a natureza torna-se urn sistema internamente
referido . 1: Ivez sep malS L' ·1 ver que a propna··d VI a socia I se torna lOterna"
. laCI
'
.
.
a
tnente referida, junto com a mobilizac;:ao da auto-identidade.
Ora, a referencialidade intern a da vida social modern a muitas vezes e confundida com
Utna disti n?a~ entre ""
t
socle d ad"" e natureza; "d·e, e manelra correspon d ente,
e
al referenclahdade muitas vezes e pensada como intrfnseca a todos os sistemas
sociais e na-o apenas as InStltUlc;:oes d a mo d erOl a d e. M·as os sistemas SOClalS
,"".
·d
" "
.'
So se t
"
ornam lOternamente referidos, pelo menos numa base continuada,
a
l11edida qu
" " .
Imente re fleXlVOSe asslm amarra d'os a
"
.
ese
tornam InStltuclona
Co l "
a on~zac;:aodo fururo. Na medida em que a vida social e organizada segundo
tradlra 0, pe I0 h alto rotlOelro ou pe I0 ajuste pragmatico a natureza exogena
'b"
..
fat
.,.
d ta-lhe aquela referencialidade interna fundamental a dinamica da moderniade. A evaporac;:ao da moralidade e crucial a esses processos, particularmente
a medida que as perspectivas morais sac integradas de maneira segura a pea.tica
cotidiana. Pois os principios morais sac contrarios ao conceito de risco e a
mobiliza<;ao da dinamica do controle. A moralidade e extdnseca no que diz
respeito a coloniza<;ao do futuro.
A diferen<;a do mero habito, a tradi<;ao sempre tem um carater normativo
"vinculante". "Normativo"
por sua vez implica urn componente
moralnas
praticas tradicionais, a obrigatoriedade
das atividades expressa preceitos sobre
como as coisas devem ou nao ser feitas. As tradi<;oes de comportamento
tern
sua pr6pria carga moral, que resiste especificamente
ao poder tecnico de
introduzir algo novo. A fixidez da tradi<;ao nao deriva de sua acumula<;ao do
saber passado; melhor dizer que a coordena<;ao do passado e do presente e
alcan<;ada pela adesao aos preceitos normativos
que a tradi<;ao incorpora.
Como comenta

Shils:

a tradi<;:aoe assim muito mais que uma recorrencia estatisticamente freqiiente,
numa sucessao de gera<;:6es,de cren<;:as, de pra.ticas, de institui<;:6es e de obras
semelhantes. A recorrencia e resultado das conseqiiencias normativas - e as
vezes da inten<;:aonormativa - da apresenta<;:ao e da aceita<;:aoda tradi<;:aocomo
normativa. E essa transmissao normativa que liga as gera<;:6esdos mortos com as
gera<;:6es
dos vivos na constitui<;:ao de uma sociedade ... os mortos ... sao objetos de
compromisso, mas 0 que e mais significativo e que suas obras e as normas
contidas em suas praticas influenciam as a<;:6es gera<;:6esposteriores que nem
de
ao menos os conhecem. 0 centro normativo da tradi<;:ao e a for<;:ainercial que
mantem a sociedade numa forma dada ao longo do tempo. I

parentes~o que. coloca a vida do indivlduo dentro de uma seqUencia de
rransi<;oes coletlvas. Nos tempos modernos, contudo, 0 conceito de "gera<;ao"
cad a vez mais s6 faz sentido contra 0 pano de fundo do tempo padronizado.
Falamos, em outras palavras, da "gera<;ao dos anos 50", da "gera<;ao dos 60" e
assim por diante. A sucessao temporal nesse sentido retem muito pouco da
ressonancia dos processos coletivos de transi<;ao caractedsticos de eras anteriores. Em contextos tradicionais, 0 "ciclo da vida" carrega fortes conota<;oes de
renova<;ao, pois 'cada gera<;ao em grande parte redescobre e revive modos de
vida de seus predecessores. A renova<;ao perde muito de seu significado nas
situa<;6es da alta modernidade
onde as praticas sac repetidas apenas se forem
reflexivamente

justificaveis.

2

2 A vida se separa das eXE~rn~lidades do lugar, enquanto que 0 pr6prio lugar
e so apado pela expansao dos mecanismos
de desencaixe. Na maioria das
culturas tradicionais,
nao obstante as migra<;6es de popula<;oes que eram
relativamente comuns e as longas discancias as vezes percorridas por alguns, a
maior parte da vida social era localizada. 0 principal fator que alterou essa
situa<;ao nao esta no aumento da mobilidade;
melhor dizer que 0 lugar e
inteiramente atravessado pelos mecanismos de desencaixe, que recombinam
as atividades locais em rela<;oes espa<;o-temporais
de amplitude
cada vez
~aior. 9 lugar se tor~ fantasmag6rico.3
Embora os ~eios em que as pessoas
Vlvem permane<;am como Fontes de liga<;6es locais, 0 lugar nao constitui 0
arametro da experiencia;
e nao oferece a seguran<;a do sempre familiar,
~ar~tedstica
dos lugares tradicionais.,
tlda ela mldia tambem desempenha

A intensifica<;ao da experiencia
um papel aqui. A familiaridade

transmi- /)tl
(com os

eventos sociais e com as pessoas, e tambem com os lugares) nao mais depende
a enas, ou meslT!o principalmente,
dos meios locais.

o desenvolvimento
do projeto

de sistemas sociais internamente
referidos esra na origem
reflexivo do eu. A cria<;ao de uma vida internar.lente
referida foi

influenciada decisivamente
por uma serie de mudan<;as sociais concorrentes.
Cada uma del as atua para separar a vida como uma trajet6ria distinta e

o

lugar tor~a-se assim muito menos significativo do que costumava ser
Como ~ferente
externo da vida do indivlduo.
A atividade espacialmente
localizada fica cada vez mais envolvida com 0 projeto reflexivo do eu. Onde a
pessoa vive, pelo menos a partir do inkio da vida adulta, e uma questao de
escolha orgaOlza d a pnnclpa Imente em termos do planejamento
'.
da vida da
0

fechada de outros eventos das seguintes

maneiras:

1 A vida surge como urn segmento separado do tempo, distanciado do ci.clo
da vida das gera<;oes. A ideia do "ciclo da vida", de fato, nao tern muito sentldo
uma vez que as conexoes entre a vida individual e 0 intercambio
das gera<;oes
foram rompidas. Como as observa<;oes de Shils destacam de maneira adequada, a tradi<;ao e a continuidade
das gera<;oes estao inerentemente
ligadas entre
si. Diferen<;as geracionais sac essencialmente
um modo de lidar com 0 tempO
nas sociedades pre-modernas.
Vma gera<;ao e uma coorte ou ordem distinta de

pess~a. E claro que, como em todos os processos do tipo, formas dialeticas de
rea<;ao sao posslvels. --r
,.
.
'd
.
°d
°
lentatlvas
atlvas
e reencalxar a VI a no mew Ioca I I
eodem ser empreendid~varias
maneiras. Algumas como 0 cultivo de um
sentido de orgu lh 0 comuOltano,
° ,.
°
sac provave I'd
mente vagas emals para recap- II
turar mais que urn I'ampe)o d 0 que eram antlgamente.
.
0 reencalxe so po d e
.,
ocorrer d e manelra SlgOl Icatlva se lOr posslvel ajustar as praticas regulares a
"
'f!'
f:
es
. .
di~,e~lficldades do lugar Icd de conseguir.

mas nas condi<;6es da alta modernidade

isso e

d. .

~

t

"1-1
104708496 anthony-giddens
104708496 anthony-giddens
104708496 anthony-giddens
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104708496 anthony-giddens

  • 1. Titulo original: Modernity and Self-Identity: Self and Society in the Late Modern Age Agradecimentos Tradu<;:aoautorizada da edi<;:ao inglesa publicada em 1999, por Polity Press, de Oxford, Inglaterra Apresenta~ao 1. Os contornos I--;.·o L 9 da alta modernidade eu: seguranc;:a ontol6gica 3. A trajet6ria do eu Copyright da edi<;:ao lingua portuguesa © 2002: em Jorge Zahar Editor Ltda. rua Mexico 31 sobreloja 20031-144 Rio de Janeiro, RJ tel.: (21) 2108-0808 / fax: (21) 2108-0800 e-mail: jze@zahar.com.br site: www.zahar.com.br 4. Destino, 70 risco e seguranc;:a 6. Tribulac;:6es do eu 7. 0 surgimento Notas 104 fndice 224 CIP-Brasil. Cataloga<;:ao-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Giddens, Anthony, 1938Modernidade e identidade / Anthony Giddens; tradu<;:ao, Plinio Dentzien. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002. Tradu<;:aode: Modernity and self-icfentity: self and society in the late modern age ISBN 978-85-7110-669-7 1. Estrutura social. 2. Identidade (Psicologia). 3. Self (Psicologia). 4. Civiliza<;:ao moderna - Aspectos psicologicos. 1. Titulo. CDD: 155.2 CDU: 159.923.2 da polrtica-vida Glossdrio de conceitos 135 168 213 221 17 e ansiedade S. A segregac;:ao da experiencia Todos os direitos reservados. A reprodu<;:aonao-autorizada desta publica<;:ao,no todo ou em parte, constitui viola<;:ao direitos autorais. (Lei 9.610/98) de G385m 7 193 existencial
  • 2. 4. Destino, risco e segurans;a Viver no universo da alta modernidade e viver num ambiente de oportunidade e risco, concomitantes inevidveis de urn sistema orientado para a dominac;:aoda natureza e para a feitura reflexiva da historia. Sina e destino nao tern papel formal a desempenhar em tal sistema, que opera (por principio) atraves do que chamarei de controle humano aberto dos mundos natural e social. 0 universo dos eventos futuros esd. aberto para ser moldado pela intervenc;:aodo homem - dentro de limites que, tanto quanto posslvel, sao regulados pela aferic;:ao do risco. Mas as noc;:oes de sina e destino de maneira nenhuma desapareceram nas sociedades modernas, e uma investigac;:aosobre sua natureza tern muitas e ricas implicac;:oes para a analise da modernidade e da autoidentidade. Embora a afirmac;:ao possa parecer radical, pode-se dizer com alguma seguranc;:a que nao ha cultura nao-moderna que nao incorpore em algum sentido, como parte central de sua filosofia, as noc;:oesde sina e destino. 0 mundo nao e visto como uma sucessao de eventos sem direc;:ao, em que as unicos agentes ordenadores sao as leis naturais e os homens, mas como algo que tern uma forma intrinseca que relaciona a vida individual a acontecime~tos cosmicos. 0 destino de uma pessoa - a direc;:aoque sua vida deve segUir - e especificada pela sina dessa pessoa, 0 que 0 futuro the reserva. Ainda que exista uma grande variedade de crenc;:asque podem ser agrupadas so~ esse~ dois termos, na maioria delas 0 ponto de conexao entre 0 destino e a s:na ~a morte. No pensamento grego, a sina (moira) era portadora da conden~c;:aoe. 0 . d d .. malS antlg morte, e era conslderada urn gran e po er - malS annga que 0 dos deuses. h .e a Dada a natureza da vida social e da cultura modern as, tendemos 0) J11a . cA'.! .derada u contrapor a sma e a abertura dos eventos luturos. sma c conSl Mas forma de determinismo pre-ordenado, ao qual se opoe a visao mode~nt enre embora 0 conceito de sina tenha a conotac;:ao de um futuro parca: des' "determinado", tambem envolve normalmente uma concepc;:ao moral e rino e ~ma visao esoterica dos eventos cotidianos - onde "esoterico" significa que os eventos saG experimentados nao so em termos de sua relac;:aocausal, mas em termos de seu significado cosmico. Nesse sentido, a sina tern pouco a ver com 0 fatalismo do modo como este termo e entendido hoje. Fatalismo e a recusa da modernidade - 0 repudio a uma orientac;:ao de controle em relac;:ao futuro em favor de uma atitude que deixa que os eventos venham ao como vierem. Um importante ponto de conexao entre ideias preexistentes de sina e as do periodo pos-medieval era 0 conceito de fortuna, que deriva originalmente do nome da deusa romana da "fortuna", e que mantinha uma diflcil tensao com as crenc;:ascristas dominantes. A ideia da Divina Providencia era claramente uma versao da sina mas, como observou Max Weber, 0 cristianismo introduziu urn papel mais dinamico para os homens nesta Terra do que aquele que caracterizava as religioes tradicionais da Grecia e de Roma.2 A deusa era desdenhada pela Igreja, po is a ideia de "fortuna" implicava que se poderia alcanc;:ar grac;:a a sem precisar trabalhar como instrumento de Deus no mundo. Ainda assim a ideia de fortuna continuou importante e chegava a superar a recompensa da providencia na outra vida como caracterlstica das crenc;:as culturais locais. 0 usa que Maquiavel faz de fortuna marca uma transic;:ao significativa entre 0 uso tradicional da noc;:aoe 0 surgimento de novos modos de atividade social de que a sina e exclulda. Em 0 principe ele diz: Muitos acreditavam, e ainda mantem a opiniao, que as coisas deste mundo sao, de cerra maneira, controladas pela fortuna e por Deus, que os homens em sua sabedoria nao podem controla-Ias, e, ate mesmo, que os homens nao podem remedia-las; e por essa razao podem julgar que nao precisam gastar muito suor nessas quest6es, mas deixar que sejam governadas pela sina... Acredito que e ve~dadeque a fortuna e 0 arbitro de metade de nossas a<j:6es, que ainda nos mas delXa0 controle da outra metade, ou quase isso... Digo que vemos urn principe prosperar hoje e arruinar-se amanha sem que 0 tenhamos visto mudar seu carater ou qualquer de seus tra<j:os urn principe que se ap6ia completamente na fortuna ... se arruinara tao logo ela mude; tambem acredito que 0 homem que adapta seu curso de a<j:ao natureza dos tempos sera bem-suced'd 0 e, da mesma manelra, - a , ' . I ~ue 0 homem que determina seu curso de a<j:ao fora de tom com 0 momento averade lamenrar-se.3 no ~ao surpreende que 0 estudo da polltica fornec;:aa area inicial na qual as ~Oes d . re-Ias e sma se transform am, po is embora a propaganda das nac;:oespossa _ n Como conduzidas pela sina a urn destino espedfico, a pratica da polltica o POde COntexto moderno - supoe a arte da conjectura. Pensar como as coisas III acontecer casa seja seguido urn determinado curso de ac;:ao,e comparar
  • 3. isso com as alternativas, e a essencia do jUlzo politico. Maquiavel e celebrado como 0 iniciador da estrategia polltica, mas sua obra apresenta outras inovayoes mais fundamentais. Ele prenuncia urn mundo em que 0 risco e 0 dlculo do risco ultrapassam a fortuna em praticamente todos os domlnios da atividade humana. Parece que nao havia uma palavra generica para 0 risco ao tempo de Maquiavel; a nOyaOaparece no pensamento europeu aproximadamente um seculo mais tarde. (Em ingles, ate 0 seculo XlX a palavra era usada em SUa versao francesa, risque. Durante certo tempo 0 termo Frances continuou a ser usado ao lado na nova palavra anglicizada, que foi utilizada em primeiro lugar em relayaO aos seguros. 0 termo risque, significando uma piada que pode of ender, ainda apresenta a grafia anterior.)4 "" A nOyao de risco se torna central numa sociedade que esta deixando 0 passado, 0 modo tradicional de fazer as coisas, e que se abre para urn futuro problematico. Essa afirmayao se aplica tanto a ambientes de risco institucionalizado quanto a outras areas. Os seguros, como vimos no capItulo 1, sac urn dos elementos centrais da ordem economica do mundo moderno - sac parte de urn fenomeno mais geral relacionado ao controle do tempo a que chamarei de colonizayao do futuro. A "abertura" das coisas por vir expressa a maleabilidade do mundo social e a capacidade que os homens tern de dar forma aos ambientes f1sicos de sua existencia. Ainda que se saiba que 0 futuro e intrinsecamente imprevislvel, e como ele e cada vez mais segregado do passado, esse futuro se torna urn novo terreno - urn territorio de possibilidades contrafactuais. Sendo assim, tal terreno se presta a invasao colonial pelo pensamento contrafactual e pelo dlculo do risco. Este, como mencionei antes, nunca pode ser completo, pois mesmo em ambientes de risco relativamente confinados ha sempre resultados nao intencionais e imprevistos. Em ambientes em que a sina desapareceu, toda ayao, mesmo a que se atem a padroes fortemente estabelecidos, e em principio "calculavel" em termos de risco - alguma especie de estimativa geral do risco pode ser feita para praticamente todos os habitos e atividades, em relayaO a resultados espedficos. A intromissao dos sistemas abstratos na vida cotidiana, junto com a natureza dinami-Gi do-Conhecimento, significa que a consciencia do ~ se i~Hltra nas ayoes-de quase qualquer urn. - - . tl--'Uma discussao mais ampla do risco e de sua relayao com a auto-iden dade sera apresentada em breve. Antes, podm, e necessario apresentar uma ou duas outras nOyoes ligadas a de sina. E necessario dizer algo mais sobr~ ~ fatalismo, urn termo que, como mostramos, tern mais a ver com a vida soc; modern a do que com culturas mais tradicionais. Fatalismo, como 0 enten 0 aqui, difere de estoicismo, uma atitude de forya em face dos impasse~ e tribulayoes da vida. Vma posiyao fatalista e uma posiyao de aceitayao reslg- nada de que se deve deixar que as coisas sigam seu curso. E uma posiyao nutrida pelas principais orientayoes da modernidade, embora se oponha a elas. fatalismo deve ser separado de uma SenSayaOde fatalidade dos eventos. Acontecimentos ou circunsrancias decisivos sac aqueles que tern conseqiiencias particulares para urn indivlduo ou grupo.5 lncl uem os resultados nao desejados que se enfrenta no que chamei de riscos de alta conseqiiencia, riscos que afetam grande numero de pessoas de maneira potencialmente ameayadora da vida, mas eles tambem figuram ao nivel do indivlduo. Momentos decisivos sac aqueles em que os individuos sac chamados a tomar decisoes que tern conseqiiencias particulares para suas ambiyoes ou, em termos mais gerais, para suas vidas no futuro. Sao de alta conseqiiencia para o destino de uma pessoa. Momentos decisivos podem ser entendidos como os trayos mais amplos das atividades portadoras de conseqiiencias que urn individuo leva consigo na vida cotidiana e no curso de sua existencia. Boa parte da vida cotidiana, no que diz respeito ao indivlduo, nao tern conseqiiencias, e nao e vista como particularmente decisiva para os objetivos gerais. No entanto, alguns tipos de atividade sac geralmente pensados pela pessoa em questao como tendo mars conseqiiencias para ela do que outros - como a atividade que se desenrola na esfera d o tra b alh o. C'd Ad" onsl eremos 0 f,enomeno 0 tempo morto " ou "mata d 0 " , 6 0 tempo que se deve analisado com brilho caracterfstico por Goffman. "matar" e tambem - e isso e interessante - muitas vezes chamado de tempo "livre" - e urn tempo que sobra, nos intervalos dos setores mais conseqiientes da vida. Se uma pessoa descobre que tern meia hora entre urn compromisso e o proximo, ela pode decidir gastar esse tempo flanando ou lendo 0 jornal, em vez de usa-lo de uma maneira "util". 0 tempo matado esta fora dos limites da vida do individuo e (a menos que aconteya algo inesperado) nao tern conseqiiencias para ela. o Em claro contraste, muitas atividades mais conseqiientes da vida sac ~otinizadas. A maioria daquelas "ligadas ao tempo" - no setor formal ou no Informal da vida - nao e problematica, ou so 0 e em term os do manejo ordinario das tarefas consideradas. Em outras palavras, decisoes difkeis podem vir a ser tomadas, mas elas sac manejadas por estrategias desenvolvidas para lidar com elas como parte das atividades correntes em questao. As vezes, porem, uma situayao ou episodio particular pode ao mesmo tempo ser problell1atico e ter muitas conseqiiencias - sac esses episodios que constituem os ll1omentos decisivos. Eles sac momentos em que os eventos se reunem de tal ll1aneira que 0 indivlduo fica como se estivesse na encruzilhada da vida; ou em
  • 4. informac;:6es com conseqliencias fatais.7 Mo que uma pessoa recebe 'd ", , ' d illentos decisivos incluem a decisao e casar, a propna cenmoma 0 casaillent '~ de separar-se e d' partir, 0 utros exeillpl o-e mais tarde talvez, a decisao e _ , , Ossao. submeter-se a exames escolares, optar por certo aprendlzado ou cu . . rso de estudos, entrar ~m greve, troca~ urn emprego por outro, ouvlr 0 resultado de urn exame medICo, perder mUlto numa aposta, ou ganhar grande SOilla loteria. Muitas vezes os momentos decisivos acontecem devido a coisas quena . . Se abatem sobre 0 individuo, quer e I quelra ou nao; mas tals momentos sac e tambem construidos como, por exemplo, quando uma pessoa decide reunir a totalidade de suas economias para comec;:arurn negocio. Ha, e claro, mOillen_ tos decisivos na historia das coletividades como nas vidas dos individuos. Sao fases em que as coisas saem dos eixos, quando urn estado de coisas e repentina_ mente alterado por alguns eventos-chave. Momentos decisivos, ou aquela categoria de possibilidades que urn individuo define como decisivas, man tern uma relac;:aoparticular com 0 risco. Sao os momentos em que 0 apelo da fortuna e forte, momentos em que em ambientes mais tradicionais, os oraculos teriam sido consultados ou as foreras divinas invocadas. Especialistas sac freqlientemente cham ados quando se aproxima urn momento decisivo ou quando uma decisao fatal deve ser tomada. E muito comum que 0 conhecimento seja 0 velculo atraves do qual uma circunsrancia e declarada decisiva - por exemplo, no caso de urn diagnostico medico. Mas ha relativamente poucas situac;:6esem que uma decisao sobre 0 . Ista. A informaque fazer se torna clara como resulta d 0 d a consu Ita ao especla I' . d ., d risco mas e c;:aoderivada dos sistemas abstratos po d e aJu ar na estlmatlva 0 , al . D' ~ Ct' sao em ger , o individuo em questao que d eve correr os nscos. eClsoes ra.als blequase que por definic;:ao, diflceis de se tomar por causa da mlstura de pro mas e conseqliencias que as caracteriza. d C de t r I0 prote 0" que eren Momentos decisivos sac ameac;:adores para 0 casu , taO . d " d bem que e a seguranc;:a ontologica do individuo, porque a atltu e tu 0 eIll H' momentoS importante para 0 casulo e inevitavelmente atravessa d a. a d oU d cisao coma a, que 0 individuo deve lanc;:ar-sea algo novo, saben d 0 que a. e 'I u pdo ve ° , ~ o especlfico curso d e ac;:aosegul°d0, tern uma qua I'd ade Irreversl s ,MornenI ° menos que sera dificil, a partir de entao, voltar aos velhos camlOho babilidade tos decisivos nao significam necessariamente enfrentar uma alta prb°-r dades de 'd' ~ Ide de que as cOlsas eem erra d'" IStOe, sltuac;:oes com altas proba If: ota 0 0, ° d ° d'f:' 'I de ser en re ';0 perder. 0 que tende a tamar 0 amblente e nsco I ICI d declsa , ' d coma ° a ;0 antes a escala das penalidades em conseqliencla e se ter "d qUe sa ' 'ndivi uO, errada, Momentos decisivos revelam gran d es nscos para 0 I compadveis aos que caracterizam a atividade coletiva. Os par ametros do risco ° risco e tentativas de estimativa do risco sac tao fundamentais para a Corn~ rao do futuro, 0 seu estudo pode nos dizer muito sobre elementos olonlZay .' c . da moderOldade. Dlversos fatores fazem parte dlsso: a reduc;:ao dos centralSue ameac;:ama VI a d 0 10d'IVI uo, como consequencla° d a expansao d a 'd . 'd .., ~ . rlSCos q d e cotl'd'lana garantl 'd a pe I' sistemas a b stratos; a construos ranra na ativida segu de ambientes d"·' y Imente con filOados; 0 mOOltoramento ' ; e nsco IOstltuclOna risco como aspecto-chave da reflexividade da modemidade; a criac;:aode iscos de alta conseqliencia resultantes da globalizac;:ao;e a operac;:aode tudo ~ssocontra 0 pano de fundo de urn "clima de risco" inerentemente instavel. A preocupac;:!o_com 0 risco_na vida social modema nao tern nada aver diretamente com a prevalencia de perigos para a vida. Ao nivel da existencia do individuo,-em termos da expectativa de vida e do grau de liberdade em relas:ao a doenc;:aseria, ~s p~oas nas~~ ~.:~envolvidas estao numa_1 si ao . 0 ais segura do q~e~_m~i~ia em epocas anteriores. No fim do seculo XIX na Inglaterra, entao a sociedade economicamente mais avanc;:adado mundo, epidemias mortais que matavam centenas de mil hares de pessoas cram lugar-com urn. Uma proliferac;:ao de doenc;:asendemicas teve de ser suportada, mesmo que nao fossem necessariamente fatais. Muitos puderam observar:8 0 ~ :0 A exaustao,a febre e os larnentos, Aqui, onde os hornens estao e se ouvern gerner, Onde a paralisiafaz estrernecer os ultirnos e tristes cabelos brancos, o nde a Juventude ernpalidece, e definha, e rnorre, ' di Foi,S6a partir do comec;:odo seculo XX que estatisticas suficientes ficaram . C r SP°ntvels para mapear com a Igum a precisao as mu d anc;:asque aretaram I esu tados d e . ameac;:a ores. Urn estudo que tomou 0 ana de 1907 como ponto partida . most rou que naque Ie tempo os recem-nasci os "entravam num "d earn rnui;o illlnado"9 (embora as taxas de mortalidade infantil tivessem sido apro~ reduzidas em comparac;:ao ao seculo anterior). Num grafico de 1907, COntrilladamente um de cada sete morria no primeiro ana de vida, em L. aste Com d "iSe d um em ca a sessenta e sete num gdfico de 1977 tornado como e a'lfanro comparac;:ao. A lista a seguir registra alguns dos mais importantes s na red - d ' 907-197 ~c;:ao e nscos, avanc;:osrelevantes para a saude durante os anos 1977.7ISto e, os anos que abarcavam a vida de alguem com 70 anos T
  • 5. • agua tratada • esgoto sanitario • pteparac;:ao higienica da comida • leite pasteurizado • refrigerac;:ao • aquecimento central • ampla aplicac;:aode princfpios cientificos de nutric;:ao • am pia aplicac;:aode princfpios cientificos de higiene pessoal • erradicac;:ao das principais doenc;:ascausadas por parasitas, inclusive a malaria • controle de insetos e de roedores • aperfeic;:oamento continuo dos cuidados pre-natais e pos-natais • aperfeic;:oamento continuo da atenc;:ao a bebes e crianc;:as • aperfeic;:oamento continuo do tratamento das doenc;:asinfecciosas • aperfeic;:oamento continuo do tratamento cirurgico • aperfeic;:oamento continuo da anestesia e dos cuidados intensivos • ampla aplicac;:aode princfpios cientificos de imunizac;:ao • generalizac;:ao da transfusao de sangue • organizac;:ao de unidades de terapia intensiva nos hospitais • expansao e aperfeic;:oamento continuos dos procedimentos de diagnostico • aperfeic;:oamento continuo do tratamento do cancer • aperfeic;:oamento continuo do tratamento das doenc;:asarteriais • disponibilidade crescente de metodos de planejamento familiar • metodos aperfeic;:oados e legais de interrupc;:ao da gravidez • ampla aceitac;:aoda seguranc;:a no trabalho • cintos de seguranc;:a obrigatorios nos automoveis • metodos continuamente aperfeic;:oados de preservac;:ao dos dentes, da visao e da audic;:ao • reconhecimento dos efeitos nocivos para a saude do furno, obesidade, pressao aha e vida sedentaria.10 Nao se pode dizer ate que ponto cada urn dos itens dessa lista afetou as mudan<;:as destacadas na compara<;:ao entre 1907 e 1977, po is 0 impacto total de alguns deles, ou mesmo de muitos, s6 podera. ser sentido pelas gera<;:oes futuras. Contra essas mudan<;:as que reduzem os riscos, porem, precisamos mencionar urn numero consideravel de influencias negativas. Duas guerras mundiais, envolvendo maci<;:a destrui<;:ao de vidas, ocorreram durante a existencia da gera<;:ao de 1907. 0 risco de morte ou de ferimentos graves em acidentes de autom6vel aumentou durante a maior parte do perfodo. Desde a decada de 1930 ate 0 final da de 1960, essa gera<;:ao consumiu muitos medicamentos que, pelos padroes de hoje, foram testados de maneira inadequada antes de terem sido postos a disposi<;:ao. Os membros dessa gera<;:ao beberam muito alcool e fumaram milh6es de cigarros antes que os efeitos t6xicos fosseminteiramente percebidos; a polui<;:ao ambiental, que muitos medicos especialistas acreditam aumentar a suscetibilidade a doen<;:as de varios tipos, aumentou drasticamente; e por grande parte de suas vidas comeram alimentos contendo muitos aditivos e tratados com fertilizantes qufmicos cujas conseqiiencias para a saude sac na melhor das hip6teses desconhecidas e, na pior, podem ajudar a produzir algumas das principais doen<;:as mortais. Em term os da-.:eguran<;:a)jsica da vida, de qualquer ~aneira, os elementoS reautores do risco parecem superar substancialmente os novos riscos. Ha varias maneiras de avaliar essa afirma<;:ao. Vma e calcuIar como a coorte de 1907 viveu em compara<;:ao a como teria vivido caso os principais riscos a vida que existiam naquele ana tivessem continuado a prevalecer durante toda a vida dos que nele nasceram - urn calculo especulativo, mas que pode ser feito com razoavel base estatfstica. Esse calculo nao indica diferen<;:as, em termos de porcentagens de sobrevivencia, ate os vinte anos. Depois dessa idade, a curva real de sobrevivencia come<;:a a se distanciar para cima de maneira progressiva em rela<;:ao a curva correspondente aos novos dados projetados. Tambem se podem fazer compara<;:oes entre 0 grafico de 1907 e 0 de 1977 conrrastando a expectativa de vida do primeiro grupo com a expectativa prevista para a gera<;:ao do segundo. E isso mostra uma divergencia substancial, come<;:ando no primeiro ana de vida e ate idade avan<;:ada, a favor da coorte de 1977 (embora, e claro, nao tenhamos maneira de saber que fatores adicionais podem influenciar os riscos para a vida dessa gera<;:ao nos pr6ximos anos). risco se refere a acontecimentos futuros -ligados as praticas presentes - e portanto a coloniza<;:ao do futuro abre novas situa<;:oes de risco, algumas das quais institucionalmente organizadas. Em contextos relativamente menos importantes tais situa<;:oes sempre existiram, por exemplo no caso culturalmente generalizado do jogo. Ocasionalmente existiram ambientes organizados de risco em culturas nao-modernas para os quais nao ha formas institucionais equivalentes na vida social moderna. Assim, Firth des creve urn tipo institucionalizado de tentativa de suicfdio entre os Tikopia.11 E uma pratica aceita que a pessoa com alguma queixa va sozinha para 0 mar numa canoa. Como as aguas sac trai<;:oeiras, ha grande chance de que 0 indivfduo nao sobreviva a experiencia; a chance de sobrevivencia depende da rapidez com que os outros na comunidade notam a ausencia da pessoa e reagem a ela. £mbora esse empreendimento de risco apresente claramente semelhan<;:as Com 0 risco nas tentativas de suicfdio em ambientes modernos, neste caso falta o elemento institucionalizado.12 o ~a maioria, contudo, situa<;:oes de risco institucionalmente estruturadas sac ~~is importantes nas sociedades modern as do qu~ pre-modernas. alS sistemas institucionalizados de risco afetam praticamente qualquer urn,
  • 6. ou f:aera e 1ed' nao parte desses sistemas como "jogador" - mercados competiti_ , tos de forra de trabalho, de investimentos ou e capitals sao os vos d e pr odu , y, " , • • exemplos mais significativos. A dlferenera entre esses sistemas mStlt.uclOnahza_ outrOS parametroS de risco e que des sac constituidos pdo nsco, nao se d os e b' ." tratando de uma situaerao em que de e acidental. Am len.tes mStltu~lOnaliza_ dos de risco ligam riscos individuais e coletivos de mUltas man~lras - as oportunidades individuais d~ vida, por exemplo, es~ao, agora dlre~amen:e amarradas a economia capitahsta global. Mas em rdaerao a presente dlscussao esses ambientes sao mais importantes pdo que revdam sobre a forma de colonizaerao do futuro. Consideremos a bolsa de valores. Ela e urn mercado regulado que oferece uma gama de aeroes que os tomadores emitem e os poupadores detem, criando uma escolha de maneiras de estruturar os riscos de firmas e poupadores em seu objetivo de obter ganho financeiro. Possui tambem 0 efeito de val?rizar as aeroes em rdaerao a seus rendimentos esperados, levand~ em conta .os nscos dos investidores.13 Poupadores e tomadores tern uma vanedade de mteresses financeiros. Alguns poupadores que rem acumular dinheiro a longo prazo, enquanto outrOS procuram ganhos de curto p,ra~o e pode,m estar prepa~a~os para assumir riscos consideriveis com seus capitals com vistas a esse obJetlvo. Os tomadores normalmente querem dinheiro a tango prazo, mas e inevitavel certo risco de perda por parte dos que emprestam. Na bolsa de valores, os investidores podem escolher entre uma variedade de riscos e modos de cober- V I tura contra eles, enquanto os tomadores podem procurar ajustar os ~~rm~s do capital que recebem aos riscos dos empreendimentos para que 0 utlhzarao. A bolsa de valores e urn dominio teorizado de reflexividade refinada - um , . d' d de poupar e tomar fenomeno que mfluenCla Iretamente a natureza os azares 'd' ganhos parece emprestado. Assim, os estu d os m Icam que a. razao preero,s-. Ai upredizer mal os ganhos subsequentes ou 0 creSClmento de dlvldendos. g , 'd " bid valores veem isso como mas teonas aphca as ao mvestlmento em 0 sas e 'd 'fi ' presas que evidencia de que a bolsa de valores nao pode I entl Icar quais as em 1, ' . f: " fi' escassos para ca utilizarao de manelra mals satls atona recursos mancelros , - dos , , ' d d 0 tAm que a retenerao cular as estrateglas de nsco a equa as. utras man e O do 'fi " I' f: to e de md de ganhos mais outrOS fatores especi IcavelS, exp Icam esse a, l' , ,. d'L V dida da comp eXI a correspondente ado tam estrateglas llerentes. ma me 'd teW " f:ato d e.que as pro~nas p olftlcas e re reflexiva dessa situaerao e dada pelo 14 rao provavdmente sac influenciadas pdo tlpO de teona adota~a.. l' do, y b' d' 't tUClOna Iza As bolsas de valores, como outros am lentes e nsco ms I'd Isso e __ . " " , - colonlza o. us am ativamente 0 risco para cnar 0 futuro que e enta? _ d'sso a oes bementendido peios participantes. Uma das melhores I1ustraer I ,as e d L das as poupany existencia espedfica de merca os a termo, ruturos, 0 e r. emprestimos criam possiveis mundos futuros peia mobilizaerao do risco. Mas mercados de futuros hipotecam 0 futuro de maneira direta, assegurando uma base adiante no tempo que oferece uma seguranera particular para cenos tipos de romadores de emprestimos. monitoramento reflexivo do risco e intrfnseco a sistemas institucionalizados de risco. Em relaerao a outros parametros de e extrfnseco, mas nao menos fundamental para as oportunidades de vida e para 0 planejamento da o vida. Vma parte significativa do pensamento especializado e do discurso publico de hoje e feita da analise de perfis de risco - a analise de qual e, no estado corrente do conhecimento e nas condieroes correntes, a distribuierao dos riscos em dados ambientes de aerao. Como 0 que e "corrente" em cada um desses aspectos esti constantemente sujeito a mudanera, ermanentemente revisados e atualizados. P Considere-se "do que morremos" - representando tais perfis devem ser ~ ( - ... ~ , os principais riscos associ ados a mortalidade.15 0 estudo dos perfis de risco das principais doeneras que ameaeram a vida mostra grandes difereneras entre a virada do seculo XIX para 0 XX e os dias de hoje nos paises desenvolvidos. Por volta de 1940 as doeneras infecciosas como tuberculose, nefrite e difteria ji nao faziam parte das dez principais causas de morte. As mortes atribuidas as doeneras do coraerao e ao cancer passaram para primeiro e segundo lugares depois de 1940, e ai ficaram. Hi quem pense que a principal causa dessa mudanera e a maior proporerao de pessoas que vivem ate os 50 an os ou mais, mas essa visao e conrestada por outros que a atribuem a fatores ambientais e alimentares. Vale notar que os conceitos us ados para identificar as principais causas de morte mudaram substancialmente desde 1900. 0 que na virada do seculo era chamado d e "1esoes mtracramanas -' 'd' e ongem vascu I ", tornou-se "lesoes vasculaar res afetando 0 sistema nervoso central" nos anos 1960, e des de entao mudou para "doenps vasculares cerebrais". Essas mudaneras sao mais do que modismos: refletem alteraeroes na visao medica sobre as patologias em questao. Acredita-se que aproximadamente dois tereros da populaerao acima dos 30 anos de idade em paises com altas taxas de doeneras cardiac as coronarianas, COmo a Inglaterra e os Estados Unidos, tern algum estreitamento em suas atterias coronanas, em b ora nao 0 suficlente para provocar smtomas patol6gl- . ' , -' , Cos disti n t'IVOSou mu did' . aneras no e etrocar IOgrama, A cada ano, aproxlmadamente u ma pessoa em ca d" oltenta aClma dos 35 anos tern um ataque cardiaC a eO, e~bora apenas uma proporerao desses ataques seja fatal. A doenera cardiac a dim~ls ~omum nos homens do que nas mulheres, embora a disrancia esteja 1.1 mlnulDdo. Nos Estados Unidos e em um ou dois outros paises, depois de III cresc' card' Imento constante d'urante muitos anos, a taxa de mones por doenera laca coronariana comeerou a cair. Ha muito debate sobre por que isso
  • 7. ocorreu; pode ser devido a mudanc;:as na dieta, aperfeic;:oamento dos servi<;:os de emergencia, diminuic;:ao do fumo ou maior participac;:ao de a~ultos ern exerefcios regulares. Ha em geral urn consenso de que fatores de estI10 de vida de urn ou de outro tipo influenciam fortemente 0 risco de contrair doen<;:as do corac;:ao.Ha bastante evidencia comparativa sobre a questao. Assim, 0 Japao tern a menor taxa de doenc;:asdo corac;:aode todas as sociedades industrializa_ das. Os filhos e netos de imigrantes japoneses nos Estados Unidos, porern, tern taxas comparaveis as deste pais e nao as do Japao. Mas nao e de to do claro que influencia a diet a, por contraste com outros aspectos do esti~ode vi~a, tern na etiologia das doenc;:asdo corac;:ao.A Franc;:a,por exemplo, reglstra balxa taxa de mortes por doenc;:as coronarianas, embora a dieta francesa seja rica em subsrancias que sao tidas por muitos como suas causadoras. cancer nao e uma so doenc;:a,pelo men os com relac;:aoao risco de morte associado a ele. A partir da virada do seculo X1X para 0 XX, as diferentes formas da doenc;:a seguiram caminhos divergentes. Por exemplo, houve urn crescimento continuado na taxa de morte por cancer do pulmao desde aproximadamente 1930, provavelmente devido aos efeitos adiados da ampla popularidade do cigarro ate aproximadamente 0 fim dos anos 1960. Por ~utro.lado, houve uma queda regular em alguns outros tipos de cancer. Os pentos dlscord~m e~ relac;:aoa explicac;:ao.Tambem discordam sobre se a dieta ou fatores amblentals o desempenham urn papel no comec;:oda doenc;:a. monitoramento regular e detalhado dos riscos para a saude, em relac;:ao a informac;:oes como as que acabamos de descrever, oferece urn excelente exemplo, nao apenas da reflexividade rotineira em relac;:aoao risco extr~nseco, mas da interac;:ao entre sistemas especializados e 0 comportamento lelgo em relac;:aoao risco. Especialistas medicos e outros pesquisadores produzem os s . . . . matenals. a partir d os quais saD estu d ad os os per fi d e ns co . Mas esses perfi IS . . A I I sra consCiente nao sao mais urn segre d 0 d os pentos. popu ac;:aoem gera e . d . d f: d' ina e outras deles ainda que mUltas vezes e manelra vaga, e e ato a me 1C , I' agencias se dao ao trabalho de por suas descobertas ao alcance dos elgos. I . . d pe a estilos de vida seguidos pela populac;:ao como urn todo sao IOfluenCia os _ . d' f, ras de clas recepc;:aodessas descobertas, embora norma Imente eXlstam I eren, . _ d - d pos profissionals e se na alterac;:aodos pa roes e comportamento, com os gru ., - . f, ada - se mais educados na lideranc;:a. Mas 0 consenso d a oplOlao 10 orm . de o existir tal consenso _ pode mudar mesmo enquanto as mudanc;:as de esnl s. .' d d t das Nao noS e vida que provocaram antenormente esnverem sen 0 a 0 a· d res quec;:amos de que 0 habito de fumar foi alguma vez defendido por seto . : · . Iha a mantelg profissao medica como reIaxante; e se d IZlaque a carne verme , eo creme eram importantes para construir corpos saudaveis. o as as conceitos e terminologias medicas mudam a medida que as teorias sao revisadas ou descartadas. Alem disso, a qualquer momenta ha desacordo substancial, as vezes radical, dentro da profissao medica sobre os fatores de risco e tambem sobre a etiologia dos maiores perigos para a saude. Mesmo em caso de doenc;:astao serias como as doenc;:ascardiacas coronarianas e 0 cancer ha muitos praticantes de medicinas alternativas - alguns dos quais sao hoje levados mais a serio pelos especialistas medicos ortodoxos do que anteriormente - que discordam das posic;:oesdominantes. A avaliac;:aodos riscos para a saude esta misturada ao "quem tern razao" nessas disputas. Pois embora urn perfil de risco desenvolvido em qualquer momento no tempo possa parecer objetivo, a interpretac;:ao do risco para urn individuo ou para uma categoria de individuos depende de terem ou nao sido feitas mudanc;:as de estilo de vida, e de essas mudanc;:as se basearem em suposic;:oesvalidas. Uma vez estabelecido, urn setor do estilo de vida - digamos, uma dieta particular - pode ser muito dificil de ser rompido, porque provavelmente estara integrado a outros aspectos do comportamento da pessoa. Todas essas considerac;:oes influenciam a adoc;:aoreflexiva pelos leigos de padmetros de risco filtrados pelos sistemas abstratos. Diante de tal complexidade, nao e de surpreender que algumas pessoas deixem de confiar em praticamente todos os praticantes da medicina, quem sabe consultando-os apenas em momentos de desespero, e atendo-se aos habitos estabelecidos formados por elas mesmas. Em contraste com os perigos para a saude, os riscos de alta consequencia estao ,ror definic;:ao distantes do agente individual, embora - outra vez por defimc;:ao- interfiram diretamente nas oportunidades de vida de cad a individu~. Seria claramente urn equivoco supor que as pessoas que vivem em cod Ic;:oessocials mo d ernas ten h am sido as primeiras a temer as terriveis .. n catastrofes que poderiam assolar 0 mundo. Visoes escatologicas eram muito c?muns na 19ade Media, e houve outras culturas que- viam 0 mundo como elv~do de gran des perigos. Mas a experiencia e a natureza dessas visoes do pengo sao, em alguns aspectos, muito diferentes da consciencia dos riscos de aha .. d'-- co ~~ uenc!a d e h'o)e. T" nscos SaD0 resultado de turbulentos processos lalS . e globahzac;:ao, e nem mesmo meio seculo atras a humanidade chegou a sofrer 0 mesmo tipo de ameac;:a. d ~sses riscos fazem parte do lado escuro da modernidade, e eles, ou fatores e nsco comparaveis, estarao presentes enquanto durar a modernidade en~uanto a raeidez da mudanc;:a social e tecnologica continuar a produzir Conseqiienclas nao previstas. Ri scos d e alta conseqiiencia tern uma qualidade . IStlntiva. Quanto mals ca Iamltosos os pengos envolvldos menor a nossa . . . . ~ . ' p,enencia real do risco que corremos - pois se as coisas "derem errado", ja sera t ar d e d emals. C ertos desastres deixam 0 sabor do que po de acontecer. A A' • - • :>
  • 8. como 0 acidente nuclear de Chernobyl. Como em re!ac;:aoa muitas de tais questoes, os especialistas nao estao inteiramente de acordo sobre os efeitos de longo prazo da radiac;:aoque vazou naquele acidente para as populac;:6es dos palses que afetou. Em geral, acredita-se que e!a aumentou 0 risco de certos tipos de doenc;:as no futuro, e sem duvida teve consequencias devastadoras para as pessoas mais diretamente afetadas na Uniao Sovietica. Mas inevitave1_ mente nao passa de adivinhac;:ao a estimativa das consequencias de urn desastre nuclear maior - para nao falar de urn conflito nuclear, mesmo que de J , pequena escaI a. __ +" ; Empreendimentos de aferic;:aode risco, no caso de riscos de alta consequencia, devem ser considerave!mente diferentes dos que lidam com riscos cujos resultados podem ser regularmente observados e monitorados - embora essas interpretac;:oes devam ser constantemente revisadas e atualizadas a luz de novas teorias e informac;:oes. A tese de que a propria aferic;:aodo risco e inerentemente arriscada e muito bem ilustrada na area de riscos de alta consequencia. Urn metodo comum usado na tentativa de dlculo dos riscos de acidentes com reatores nucleares e 0 projeto de uma arvore de erros. Uma arvore de erros e projetada listando todos os caminhos conhecidos para uma falha POSSIVe! reator, especificando depois os caminhos posslveis para esses do caminhos, e assim sucessivamente. 0 resultado final e supostamente uma indicac;:ao razoavelmente precisa do risco. 0 metodo vem sendo utilizado em estudos da seguranc;:a de reatores nos Estados Unidos e em diversos palses europeus, Mas nao contempla varios imponderaveis.16 E imposslve! fazer urn dlculo confiave! do risco de erro humano ou de sabotagem. 0 desastre de Chernobyl foi resultado de erro humano, como tambem foi, num periodo anterior, 0 incendio em uma das maiores plantas nucleares do mundo, em Brown's Ferry, nos Estados Unidos. 0 fogo comec;:ou porque urn tecni~o utilizou uma vela para verificar urn vazamento de ar, em clara desobedienCla aos procedimentos de seguranc;:aestabelecidos, Alguns caminhos para 0 desastre potencial podem nao ser notados, Foram esquecidos em muitas ocasioes em situac;:oes de risco menor, e no caso dos riscos de alta consequencia as perigos muitas vezes so foram percebidos pe!as revisoes retroativas de dados e hipoteses, Isso aconteceu numa situac;:ao hipotetica quando urn estudo da Academia Nacional de Ciencias dos Estados Unidos foi solicitado para deter, , mmar os nscos para .0 a b'asteclmento d e aI' Imentos em caso d e uma guerra nuclear de certa intensidade, 0 grupo que dirigiu 0 estudo concluiu que a resultante reduc;:ao da camada de ozonio da Terra nao ameac;:aria os recursos ' ' aI, Imentares dos sobreviventes, pois muitos produtos que so brevlvenam numa atmosfera de crescente radiarao ultravioleta continuariam a ser cultivad~s, .,. dlaNenhum dos membros da equipe percebeu, pof(~m, que 0 aumento da ra c;:aotornaria praticamente produtos,I7 imposslvel trabalh ar no campo para cu I' tlvar esses Riscos de alta conseqiiencia constituem urn se d . " I' d ' " gmento 0 generallZ d c Ima e nsco caracteristico da modernidad t d' , a 0 e ar la - que se caractenza mu d anc;:asregu Iares nas reivindicaroes ao saber medl' d I' por 'I' d C b .,. a as pe os sistemas esp CiaIza os, omo 0 serva Rabinovitch' "U d' 'b e, ' ' m la OUVlmosso re 0 perigo d mercuno, e corremos a jogar fora latas de at d 1' 0 '. Urn e nossas prate elfas' d' segumte a c~~l1da a evitar pode ser a manteiga, que nossos avos conside~:vamla como 0 maximo para a s 'd· d 'd au e, e epOls evemos raspar a tinta a base de h urn b 0 d e nossas paredes H ' c , , , . ole 0 pengo esprelta nos fosfatos de nosso detergente favonto; amanha 0 de do apont ' "d h' 1 a os msetici as, que eram saudados a a guns an os como salvadores de milhoes de vidas d fc d d d d ' a orne e a oenc;:a As am_eac;:ase morte, a msanidade e - talvez ainda mais temlvel _ do ca~cer estao em tudo 0 que comemos e tocamos "18 I fc' 'h" d d ' SSO 01 escnto a vlnte anos' es e entao, Outros trac;:oscontaminados foram db' , d d esco ertos no atum alguns ~p~~ e etergentes considerados seguros no inlcio dos anos 1970 fo d:n~u:s;:nqua,nto ~g~n~ medicos dizem que e mais saudave1 comer mant:~~ recomend::raasrcmoams 0 eprafclx~s :eores de gordura, que eram antes amplamente e envelS, A questao nao e que a vida cot'd' , h ' , da do que' '-r I lana sep ole merentemente mais arriscaem epocas antenores .t que d' - d ' para os I ' '.' nas con Ic;:oes a moderllldade, tanto ara~s per~tos em campos espedficos, pensar em termos de risco e~geosStl~mUaatnl' to Pd vas e nsco c urn e ' ' carater e em ' , xerclClO quase que permanente, e seu reJac;:ao vast part~ lI~ponde,raveJ. Vale lembrar que somos todos leigos em a atividades d' ,a.ma~na ~~s sistemas especializados que interferem em nossas das institui ~anas, pro I erac;:aode especializac;:oesanda junto com 0 avanc;:o c;:ao parece mOlde~na~,e ~ crescente estreitamento das areas de especializaSe COn centra resu ta ~ II~evI:aveldo desenvolvimento tecnico. Quanto mais em Ue m as,es~eC1aIzac;:oes,tanto menor em termos re!ativos 0 cam 0 vida~le ~~:;~uer mdlvld~o po de reivindicar competencia; em outras areas ~a ana mesma sltuarao que tod d 'M quais os 'h .,. os os emalS, esmo em campos nos pentos c egam ao con d saber m d fc' senso, por causa a natureza cambiante do o erno, os e eltos de "ret "b serao amb' I' orno so re 0 pensamento e pratica leigos Iguos e comp Icados 0 r d 'd ' te para todo'" . c Ima e rISCO a moderllldade e inquietans, nmguem escapa, ~:s COl'1:ei . Jar atlvamente I: 0 risco claro q ue h'a d'fc I erenc;:asentre ' qUefazem p d j" os nscos que se carre voluntariamente e aqueles arte as Imltac;:6esda vida social ou de urn padrao de estilo de vida
  • 9. a que se aderiu. Ambientes institucionalizados de risco geram algumas situa_ c;:oesdentro das quais os individuos podem escolher arriscar recursos escassos, inclusive suas vidas - como em esportes perigosos ou atividades similares. No entanto, a distinc;:ao entre riscos que sac assumidos voluntariamente e riscos que afetam 0 individuo de uma maneira menos intencional e muitas vezes confusa, e simplesmente nem sempre corresponde a divisao entre ambientes extrinsecos e ambientes institucionalizados de risco. Os fatores de risco que fazem parte de uma economia moderna, como ja foi dito, afetam a quase todos, independente de se 0 indivfduo e diretamente ativo dentro da ordem economica. Dirigir automovel e fumar sac outros exemplos. Dirigir e em muitas situac;:oes uma atividade voluntaria; mas ha certos contextos onde compromissos com estilos de vida ou outras limitac;:oespodem tornar 0 ato de dirigir urn carro quase uma necessidade. Pode-se comec;:ara fumar voluntariamente, mas uma vez que se torna urn vleio, passa a ter urn carater compulsivo, como 0 consumo de alcool.I9 Abrac;:arativamente certos tipos de risco e parte importante do clima de risco. Nguns aspectos ou tipos de risco podem ser valorizados em si mesmos - a euforia que pode provir de dirigir em alta velocidade ou de maneira perigosa lembra a emoc;:aooferecida por certos empreendimentos institucionalizados de risco. Comec;:ara fumar diante dos riscos conhecidos para a saude pode demonstrar certa bravata que 0 indivfduo talvez considere psicologicamente satisfatoria. Se isso for verdade, tais atividades podem ser entendidas em termos de dimensoes de "risco cultivado" que serao mais discutidas adiante. Mas, a aceitac;:ao passiva dos perigos de certas praticas como dirigir o~ fumar por amplos setores da populac;:ao deve ser interpretada, em parte c~nslderavel, de maneira diferente. Dois tipos de interpretac;:ao tern sido oferecldas. Vma e que as grandes corporac;:oes e outras agencias poderosas conspiram para enganar 0 publico sobre os verdadeiros niveis de risco, ou usam a propagan~a e outros metodos de condicionamento para assegurar que uma proporc;:ao substancial da populac;:ao se envolva nesses habitos de risco. A outra sugere que a maioria dos leigos nao e sensivel ao risco individualmente distribufdo o,u adiado - ainda que reajam fortemente a desastres coletivos ou a riscos malS "visiveis". Ambas as explicac;:oestendem a dar enfase consideravel a compo, . 'd nentes aparentemente IrraclOnals a ac;:ao,N en h uma d eIas parece particular~ :ne~te convincen,te, embor~ sem ~uv,ida am~as .ap~n~em par~ fatoresv;;;a~ mtelramente desntufdos de ImportanCia. As pnnclpals mfluenCias en,vol d S provavelmente derivam de certas caracteristicas do planejamento da Vida e a habitos do estilo de vida. Como as praticas espedficas sac ordinariamente d'Ingl'd as a urn conJunto mtegra 0 d e h altos d e estl'I0 d'd VI a, os III . "d 'b' 'divfdu,os e enS ' . nem sempre, e quem sabe nem mesmo em geral, ava Ilam os nscos com olt separad~s, cada urn em seu proprio dominio. 0 planejamento da vid . " "d' a cons 1dera urn pacote e nscos, em vez de calcular as implicaroes de setores distintos de comportamento de risco. Em outras palavras, assumir cenos riscos na busca de urn certo estilo de vida e aceito como dentro dos "Iim' . "d Ites toleravels 0 pacote como urn todo. y Os individuos pro~uram coloni~ar 0 futuro para si mesmos como pane integrante de seu planejamento da VIda. Como no caso dos futuros coletivos o grau em que 0 dominio futuro pode ser invadido com sucesso e limitado ~ sujeito as diversas incenezas da aferic;:aodo risco. Todos os individuos monra:n um demonstrativo de estimativas de risco, que podem ser mais ou menos articuladas, bem informadas e "abertas"; ou, alternativamente, inerciais. Pensar em termos de riscos se torna mais ou menos ineviravel e a maioria das pessoas tambem esta consciente dos riscos da recusa a pensar desta maneira, ainda que decidam ignorar tais riscos. Nas complexas situac;:oesreflexivas da alta modernidade, viver no "piloto auto matico" se torna cad a vez mais difleil e se torna tambem mais diflcil proteger qualquer estilo de vida, por mai~ firmemente estabelecido que seja, do clima geral de risco. . E ~reciso ~ompreender bem 0 argumento neste ponto. Boa parte da estl:nanva de nsco se da ao nivel da consciencia pratica e, como indicaremos abalxo,.o casulo protetor da confianc;:a basica bloqueia a maioria dos eventos ~ot~nClalmente perturbadores que interferem nas circunsra.ncias da vida do mdlviduo. Estar "a vontade" no mundo e certamente problematico na era da :lt~ ~~dernidade, em que 0 referencial de "atenc;:ao"e 0 desenvolvimento de hlstonas compartilhadas" com os outros sac realizac;:oesbasicamente reflexiv~s: Mas tais historias muitas vezes criam situac;:oesem que a seguranc;:aontologlca s~ Sustenta de maneira nao problematica, pelo menos em fases espedficas da VIda de urn individuo. Risco, confians:a e o mundo 0 casulo protetor das "p d' ,. , a arenClas normals , Ja 0 Isse e mals do que slmplesmente 'b' ' a e~1 urao mutuamente sustentada de interac;:ao que os indivfduos fazem entre Sl.As r t' , d' 'd ,. , es 0 mas que os m IVI uos seguem, a medlda que seus cammhos no pac;:o-tempo se cruzam nos conrextos da vida diaria, constituem essa vida enquanto " I"" " I" norma e prevIslve . A normalidade e manejada em fino detalhe nas tessituras d "d d . I ' , a atlVI a e socia - ISSOtambem se aplica ao corpo e a art1culac;:aodos I . 'd . d' , " , ' e, envo Vlmentos e proJetos 0 m IVlduo. 0 mdlvlduo precisa Star la em ca 20 " , , 0 Proteglda e rne e osso, e a carne que e d eu corporeo'-' deve ser crOnIcamente 'd a - na Ime d'Ian'd a e de cad a sltuac;:ao condlana asslm . , . socorn urn A • '" .,
  • 10. como no planejamento da vida que se estende no tempo e no espaero.0 corpo esta em certo sentido permanentemente em risco. A possibilidade de ferimen_ to corporal esra sempre presente, mesmo no mais familiar dos ambientes. A casa, por exemplo, e urn lugar perigoso - grande proporyao dos ferimentos serios sac provocados por acidentes no meio domestico. "Urn corpo", Como diz concisamente Goffman, "e uma pep de equipamento conseqiiente, e seu , dono esta sempre manten d0-0 na I' h" 21 m a. Sugeri no capitulo 2 que a confianera basica e fundamental para as conexoes entre as rotinas diarias e as aparencias normais. Dentro das circunstincias da vida cotidiana, a confianera basica se expressa como urn parentese em torno de possiveis eventos ou questoes que poderiam, em certas circunstincias, causar sobressaltos. 0 que out~ssoas parecem fazer, e quem elas parecem ser, e geralmente aceito como 0 qu~s realmente fazem e quem realmente sao. Consideremos, porem, 0 mundo do espiao que, no interesse da autopre~vaerao, nao pode aceitar 0 ambito das aparencias normais da mesma maneira que as outras pessoas geralmente 0 fazem. 0 espiao suspende parte da confianera generalizada que e geralmente depositada nas "coisas como elas sao", e sofre ansiedades torturantes sobre 0 que em outras circunstincias seriam acontecimentos mundanos. Para a pessoa comum urn engano telefonico pode ser uma irritaerao menor, mas para 0 agente disfarerado isso pode ser urn sinal perturbador, que causa urn sobressalto. . A' Uma sensaerao fisica e psiquica de estar a vontade nas C1rc~~stanClas rotineiras da vida cotidiana, como foi destacado antes, so e adqUinda com grande esforero. Se em geral parecemos menos frageis do que realmente somos no contexte de nossas aeroese por causa de processos de aprendizado de longo .. . d . bilizadas A prazo atraves dos quais ameaeras potenclals sac evlta as ou Imo .. . . . h ,. I' - com obJetoS, aerao mals simples como camm ar sem calr, eVltar a co Isao , f: f:' d prendidas em atravessar a rua ou usar a raca e 0 gano, tlveram e ser a " _ . A' .. Imente tin h am conotaeroes d eCls. ' 'I 'vas 0 carater , nao clrcunstanCias que ongma da a .. 'd' , a ")' d eCIslvo"d e b oa parte d'd VI a COtl lana e resu Ita d 0 d e u ma atenrao trem d que so 0 estudo prolongado produz, e e crucial para 0 casulo protetor que to a aeraoregular supoe. T T. It de ' urnwe Esses fenomenos podem ser b em ana IIsad os usan d 0 a noer-ao de d' 'duos e . Goffman , urn nucleo de normalidade (realizada) com que os m lVI, una,I grupos se cercam,22 A noerao se origina do estudo do comportamento an rnOS . , A 'f' ' . ter II O s animals tern uma sensl'b'l'd ad e para a area ISlca clr cundante ern ,re t d en d e sensl'b'l'd a, e vana heiros das ameaeras que podem emanar dela. A area II diferentes especies. Alguns tipos de animais sac capazes de sennr sons" c , a · A'S anlrnalS, e movimentos a muitos quilometros d e d IstanCla; para outrO extensao da Urnwelt e mais limitada. No caso dos homens, a Umwelt inclui mais que as cercanias fisicas imediataS. Ela se estende por poreroes indeterminadas do tempo e do espaero, e corresponde ,ao sist~m~ ~e releva~ci~s" para usar 0 termo de Schutz, que ernoldura a vida do mdlvlduo. Os IndlVlduos estao quase sempre alertas para oS sinais que relacionam as atividades aqui e agora a pessoas ou eventos espacialmente distantes que Ihes digam respeito e a projetos de planejamento da vida de alcance temporal variado. A Umwelt e urn mundo de normalidade "ern movimento" que 0 individuo transporta de situaerao para situaerao, embora esse feito dependa de outros que confirmem esse mundo ou tomem parte em sua reproduerao. 0 individuo cria, como se fosse, uma "barreira move! de relevancia" que ordena os eventos contingentes em relaerao ao risco e alarmes potenciais. Movimentos no espaero e no tempo - a mobiJidade fisica do corpo a cada situaerao - centram a preocupaerao do individuo nas propriedades fisicas do contexto, mas os perigos contextuais sac monitorados em re!aerao a outras Fontes mais difusas de ameaera. Nas circunstancias globalizadas de hoje, a Umwelt inclui a consciencia dos riscos de aha conseqiiencia, que representam perigos de cujo alcance ninguem consegue escapar completamente. Nas situaeroes da modernidade, das quais a fortuna esta basicamente ausente, 0 individuo ordinariamente divide a Umwelt em acontecimentos projetados e acidentais. Os acidentais formam urn pano de fundo para as relevancias com as quais 0 individuo cria urn fluxo de aerao. A diferenciaerao tambe~ permite que a pessoa ponha entre parenteses to do urn conjunto de aco~teclmentos reais e potenciais, confinando-os a urn dominio que ainda precisa ser monitorado, mas com minimos cuidados. 0 corolario disso e que ~ad~ pessoa numa situaerao de interaerao supoe que muito do que e!a faz e Indl~erente para os outros - em bora a indiferenera ainda deva ser manejada em sltuaeroes publicas de co-presenera, na forma de codigos de desatenerao civil. Ao contrario do paranoico, 0 individuo comum e assim capaz de acreditar que momentos que sac decisivos para sua vida nao sac resuhado da sina. A sane eo' que precisamos quan d0 contemp Iam os uma aerao arriscada, mas e!a tem uma conotaerao mals amp Ia, tam b em, como melO de reiaclOnar a oportu' ' . , . nldade e a fata I'd ad e (como b oa ou ma')sorte . Como a dlstlnpo- entre 0 que e . . . I aCidentale 0 que nao e, mUltas vezes, c:: IIICI e traerar, porem, podem surglr -,. .id'L-·ld ' se . rtas tensoes quando os eventos ou atividades sac "mal interpretados" Como ,quan d 0 urn evento que afeta a outro e considerado parte de uma C onsPlrara 0, mas nao 0 e, ou vice-versa. A d escoberta de conspiraerao pode ser -,. C ")' ausa para alarme - urn marido e levado a suspeitar de infidelidade quando descob £ ' re que urn encontro casual de sua mulher com urn ex-amante afinal nao 01 tao casua I' aSSlm, A h" Ipotese d e con fi lanya generalizada que 0 reconheci-
  • 11. menta de acontecimentos acidentais envolve diz respeito tanto a antecipa<;:6e do futuro quanto a entendimentos interpretativos correntes. Na maioria da: situa<;:oes de intera<;:ao, urn indivfduo supoe que os outros presentes nao usarao seu relacionamento corrente com ele como base para atos de malevolencia num momento futuro. A explora<;:ao futura de situa<;:oes correntes, porem, e sempre uma area de vulnerabilidade potencial. o casulo e a cobertura de confianfa que torna possivel Sustentar uma Umwelt vidvel. Esse substrato de confian<;:a e condi<;:ao e result ado da natureza rotinizada de urn mundo "sem incidentes" - urn universo de even_ tos reais e possfveis que cercam as atividades e projetos do indivfduo para 0 protetor futuro, em que 0 grosso do que acontece nao tern consequencias para a pessoa de que se trata. Nesse sentido, confian<;:a incorpora eventos reais e possfveis no mundo fisico, e tambem encontros e atividades na esfera da vida social. Viver nas circunsrancias das institui<;:oes sociais modernas, em que 0 risco e reconhecido como tal, cria certas dificuldades espedficas para 0 investimento generalizado de confian<;:a em "possibilidades descontadas" - possibilidades que sac postas entre parenteses como irrelevantes para a auta-identidade e objetivos do indivfduo. A seguranc;:a psicologica que concep<;:oes de sina podem oferecer esra exclufda de antemao, da mesma forma que a personaliza<;:ao de eventos naturais na forma de espfritos, demonios e outras entidades. A intromissao cronica e constitutiva dos sistemas abstratos na vida cotidiana cria problemas adicionais influenciando a rela<;:ao entre a confian<;:a generalizada e a Umwelt, Nas condi<;:oes sociais modern as, quanto mais 0 indivfduo procura forjar reflexivamente uma auto-identidade, tanto mais estara consciente de que as praticas correntes moldam os resultados futuros. Na medida em que as concep<;:oes de fortuna sac completamente abandonadas, a aferi<;:ao do risco - ou o equilfbrio entre risco e oportunidade - se torna 0 elemento central da coloniza<;:ao pessoal de domfnios futuros. Mas uma parte psicologicamente crucial do casulo protetor e 0 desvio em termos d·e rISCOsupoe. das perigosas consequencias ~ue ~ Como a ana'I'Ise d os per fis de rISCOe . pensamento d as pro b a b'I'd a d es, d ~ dlferenparte central da modernidade, 0 conhecimento II de tes tip os de atividades ou eventos constitui urn dos meios pelos quais ISSO ~o I ser realizado. 0 que pode "dar errado" e posto de lado por ser tao improvave ~ " 'L . Vlapr de aVlao e geralmente consl 'd era d 0 como a lOrma mals seg uradetranS ,_ , . cntenos. 0 rISCO e morrer num aCI en te de aVlaO, " . 'd 'd porte em termos de vanos ' , 'damente urn ern para as compan h" aereas comerClalS regu I'd las ares, e e aproxlma 'os 'd' ' numero 0 b tl'd 0 d'IVI 10d 00 numero t 0 tal de VIage aS , 'rn de passageiros num determinado perfodo de tempo pelo numero de V,dtl oa • de acidentes durante 0 mesmo perfodo. 23 As vezes se d'IZ que estar senta 0 do poltrona de urn aviao a oito quilometros de altitude e 0 lugar mais seguro 850.000 por viagem - mundo, tendo em vista ~ numero de acidentes que acontecem em casa, no trabalho e em outros amblentes comuns. Mas muitas pessoas Continuam com medo de voar, e certa minoria que tern os recursos e a oportunidade de via'ar 'L Io. N- conseguem tlrar de suas mentes como seria J se . de aVlao recusa-se a lazeao as coisas dessem errado. A E interessante que algumas dessas pessoas aceitam viajar pelas estradas sem rnuita preocupa<;:ao, ainda que provavelmente estejam cientes de que os riscos de ferimentos graves e de morte sejam maiores. 0 peso do contrafactual parece ser muito importante nisto - por horrfveis que os acidentes na estrada possam ser, talvez nao evoquem 0 mesmo grau de terror do cenario de urn acidente de aviao. o adiam~nto ~o t~mpo e a disrancia no espa<;:o sac tambem fatores que podem, reduzIr a mqul,eta<;:ao que a consciencia do risco como risco pode produZIr. Uma pessoa Jovem de boa saude pode estar bem consciente dos ~isco~ de fumar" mas confinar os perigos potenciais a urn tempo que parece mfimtamente ~Ista~te no fut~ro -.quando chegar aos 40 - e assim apagar eficazmente tals pengos. Os nscos dlstantes dos contextos cotidianos da vida do. indivfduo - como os riscos de alta consequencia - tambem podem ser d_e,xados.de fora da Um.we1t. Os peri?os que apresentam, em outras palavras, sa~ c~ns,derados s~fic,entemente dlstantes dos envolvimentos praticos da ~ropna pessoa e asslm nao devem ser seriamente contemplados como possibilidades. Mas a ideia de sina se recusa a desaparecer de vez, e e encontrada em ~stra.nha combina<;:ao com no<;:oes de risco de tipo secular e com atitudes de atahsmo. Uma cren<;:a na natureza providencial das coisas e uma das maneiras ~m que uma concep<;:ao de fortuna aparece - fenomeno importante conectao c?m c~r~as caracterfsticas basicas da propria modernidade. Interpretaroes provide d h' " I ")' _ nClals a Istona eram e ementos importantes na cultura iluminista e nao surpreende 'd' d . ' que seus resl uos am a sepm encontrados em mod os de pensar n'd 'd' A' d a VI a COtl Iana. tltu es em rela<;:ao a riscos de alta consequencia provave!mente m .tAL , Pod . UI as vezes retem lOrtes tra<;:os de uma visao providencial. emos Vlver num m d I" d' d " un 0 apoca IptlCO, lante e uma serie de perigos gl b ' o als; e 0 mdlvfduo d' . , . e '. po e Imagmar que os govern os, Clentlstas ou outros sPeclallstas te' d d I 0 CnICos serao capazes e ar os passos apropriados para enfrentaOs u t" d ' en ao sente que tu 0 vai dar certo no fim". Alternativamente e 'd d ' L ' . ta ' ' ssas atltu es po em calf no latallsmo, Urn etos fatallse Uma resposta ge al 'I I tod r posslve a uma cu tura secular de risco. Ha riscos que ltI Os enfrentamos mas em re!a<;:aoaos quais, enquanto individuos _ e talvez esmo coletivame t - h' ' a n e - nao a mUlto que possamos fazer. As coisas que COntecem na vida, urn defensor de tal orienta<;:ao pode dizer, sac afinal
  • 12. resultados do acaso. Portanto, bem podemos decidir que "0 que tiver de set sed." e deixar as coisas como estao. Dito isso, seria dificil ser fatalista em toda~ as areas da vida, dadas as pressoes que hoje nos impelem a uma atitude ativa e inovadora em relacrao a nossas circunsra.ncias pessoais e coletivas. 0 fatalismo em contextos espedficos de risco tende a evoluir para as atitudes mais abran_ gentes do que em outro lugar chamei de "aceitayao pragmatica" ou "pessimis_ mo dnico". A primeira e uma atitude de lida generalizada - aceitar cada dia como vier - e 0 ultimo repele as ansiedades com urn humor cansado do mundo.24 Ha muitos eventos nao buscados que podem atravessar 0 manto protetor da segurancra ontologica e provocar sobressaltos. Estes aparecem de todas as formas e tamanhos, desde 0 aviso de quatro minutos do Armagedom ate 0 proverbial escorregao na casca de banana. Alguns sao sintomas ou falhas corporais, outros sao ansiedades provocadas pelo fracas so real ou previsto de urn projeto acalentado, ou por eventos inesperados que invadem a UmweLt. As situacroes mais dificeis para 0 individuo dominar, porem, sac aquelas em que o sobressalto coincide com mudancras consequenciais - momentos decisivos. Neles, 0 individuo provavelmente percebe que enfrenta urn conjunto alterado de riscos e de possibilidades. Em tais circunsrancias, e levado a questionar habitos rotineiros de especies relevantes, as vezes ate mesmo aqueles mais fortemente integrados a auto-identidade. Varias estrategias podem ser adotadas. Uma pessoa pode, por qualquer razao, simplesmente prossegui~ com os modos estabelecidos de comportamento, escolhendo talvez desconslderar se eles se adaptam ou nao as novas demandas da situacrao. Em algumas situacroes, no entanto, isso e impossivel - por exemplo, alguem que se separou. do conjuge nao po de continuar da mesma maneira que quando casado. MultoS .. , . . . 'd mornentos d eCIslvospor sua propna natureza 0 b ngam 0 m d·IVI u 0 a mudar de habitos e a reajustar projetos. es . . . 'd Momentos decIslvoS nem sempre "" acontecem aos m d·IVI uos - as. vez · ... hzados sac cultivados ou deliberadamente procura d os. Am b lentes mstltUClOna de risco, e outras atividades de risco mais individualizadas, fornecen: um2~ . . ' Importante categona d·e sltuacroes em que a fata l·d ad e e a tl·va mente cnada. I . 'T. . 'I a eXI Icraod e au d'· ·b· h all b·l·d ade , capaCldade .e lalS sltuacroes torn am posslve aCla, . d· s envolv1perseverancra, onde as pessoas estao c Iaramente consclentes os nsco , . . ue faha as dos no que estao fazendo mas os usam para cnar uma mcerteza q . circunsrancias rotineiras. maioria dos ambientes institucionalizados de r1S~ . uSlve os d 0 setor economlco, sac competlcroes - esparos em qued co, Inc I· risco coloca os individuos frente a frente, ou contra obstaculos no mun a . d·f, enffsico. Competicroes requerem uma acraocomprometida e oportunlsta 1 er er te da das situacroes de "puro azar " , como a I· otena. A s emocroes qu e podern s A A· - • - T atingidas no risco ~~ltivado dependem da exposicrao deliberada a incerteza, e errnitem que a atlvldade em questao se destaque das rotinas da vida com urn. ~s ernocroespodem ser buscadas no alto risco, imediatamente como espectador de esportes ou em atividades onde 0 nivel real de risco para a vida e para 0 corpo e pequeno, mas onde situacroes perigosas sac simuladas (como uma corrida de patins). A emocrao das atividades de risco, como diz Balint, envolve diversas atitudes discerniveis - consciencia da exposicrao ao perigo, exposicrao voluntaria a tal perigo, e uma expectativa mais ou menos confiante de supera10.26 as parques de diversoes imitam a maioria das situacroes em que as emocroes sac procuradas em outros lugares, mas de uma maneira controlada que Ihes subtrai do is elementos-chave: 0 dominio ativo do individuo; e a incerteza que clama por aquele dominio e permite que ele seja demonstrado. Goffman observa que alguem fortemente inclinado a assumir riscos como urn jogador inveterado - e capaz de discernir oportunidades para a intervencrao da sorte em muitas circunsrancias que outros tratariam como rotineiras e tranquilas. Descobrir tais angulos, podemos acrescentar, e uma maneira de gerar possibilidades para 0 desenvolvimento de novos modos de atividade em contextos familiares. Pois onde a contingencia e descoberta, ou fabricada, situacroes que pareciam fechadas e pre-definidas podem parecer outra vez abertas. 0 cultivo do risco converge aqui com algumas das orientacroesmais basicas da modernidade. A capacidade de perturbar a fixidez das coisas, de abrir novos caminhos e assim colonizar urn segmento de urn futuro novo e parte do carater desestabilizador da modernidade. Poderfamos dizer que 0 cultivo do risco representa urn "experimento com ~ confiancra" (no sentido da confiancra basica) que consequentemente tern Implicacr6es para a auto-identidade do individuo. Poderfamos redefinir a "expectativa confiante" de Balint como confiancra - confiancra em que os perigos que sao deliberadamente cortejados serao superados. Dominar tais perigos e urn ato de autojustificacrao e uma dernonstracrao, para 0 eu e para os outros, de que se pode sair de circunsrancias dificeis. 0 medo produz a emocrao, mas e 0 medo que e redirecionado em forma de dominio. A emocrao do risco cultivado Senutre daquela "coragem de ser" que e caracteristica da primeira socializacrao. A Coragem e demonstrada no risco cultivado precisamente como uma quali~ade que e posta em julgamento - 0 individuo se submete a urn teste de Integridade mostrando capacidade de perceber 0 lado "de baixo" dos riscos (u: corre, e segue em frente apesar de tudo, mesmo nao sendo obrigado a daze-lo. A procura da emocrao ou, de maneira mais s6bria, da sensacrao de do~inio que vem com 0 enfrentamento deliberado do perigo, sem duvida enva em parte de seu contraste com a rotina. Mas tambem toma combustivel Psicol6gico do contraste com satisfacroes adiadas e mais ambiguas que surgem
  • 13. de outros encontros com 0 risco. No risco cultivado, 0 encontro com 0 pe ' ~ ~'d . 'd d ngo e sua reso Iu<;:aoestao reum os na mesma anvi a e, enquanto em OUtrs situa<;:oes0 resultado das estrategias adotadas pode nao ser conhecido sen: , ao Trata-sede u~: coloniza<;:aodo tempo, e de u Qrge~mento do espa<;:o ma vez que provisoes para 0 futuro tornam-se desnecessarias para 0 consuml-" . . ~ , U dor individual. De fato na~ ~a va~tagem em empilhar estoques de comidaembora alguns, possam decidu faze-lo, considerando riscos de alta cons equen.. .' cia _ " ' a Vida comum numa economla monetana que funciona com vigor, para ' .' Tal pranca au~entana os custos, pOlS comprometeria renda que de outra maneira p~dena ser. usada para outros fins. A acumula<;:aode qualquer forma ~ao. ~oden~ ser malS do q~e uma est~ategia de curto-prazo, a men os que 0 IOdlvlduo nvesse desenvolvldo a capacldade de fornecer sua pr6pria alimentas:ao.Enquanto a pessoa confiar no sistema monetario e na divisao do trabalho os dois sistemas p~rmitem maior seguran<;:ae previsibilidade do que poderi~.,L ser obtido por qualsquer outros meios. I Como .outra ilus,tra<;:a.o, consideremos 0 fornecimento de agua, de energia ~ara aqueclmento e dumllla<;:ao, e de servi<;:os saneamento de esgotos. Tais de Sistemas, e 0 saber de que dependem, atuam para estabilizar muitas das situa<;:oesda vida, cotidiana - ao mesmo tempo que ' com 0 0 d'In h euo, as . tra,nsformam ra~lcalmente em rela<;:aoaos modos de vida pre-modernos. Nos pal~es desen:olvldos, p~ra a maior parte da popula<;:ao, a agua s6 depende de abnr a t~rnel,ra, 0 aqueclmento e a ilumina<;:aotambem estao a mao, eo esgoto p~ssoal e rapldamente eliminado por descarga de agua. 0 encanamento organl~a~o da ~gua reduziu substancialmente uma das maio res incertezas que afllg~am a vida em muitas sociedades pre-modernas, 0 carater inconstante do supnmento de'. agua. 27 A agua encana d a, prontamente disponfvel nas casas ' tornou possfvels os padroes de limpeza e higiene pessoais que tanto contribui~ r~m para a melhora da saude. A agua corrente tambem e necessaria para os Sistemas moder nos de' esgotos, e portanto IOIlmportante para a contribuis:ao . e que 0 saneamento trouxe para a sau e. A eIetnci ad e, 0 gas e os combustfveis 'd "d s61'd I os tambem ~Judid a regu ar pa roes de conforto corporal, fornecendo . am ~ en' ergla para co h ar e para a opera<;:ao de muitos apare!hos domesticos. Tod ,Zlll tor as tern a~blentes regulares de atividade dentro e fora da casa. A luz e!etrica nou d . 'd' ' gover POSSIVe! colonizarao d a nOlte. 28 N 0 melO omestlco, as rotlllas sao I a ,T A anos depOls, Os sistemas abstratos da modernidade criam gran des areas de seguran<;:arelativa para a continuidade da vida cotidiana. Pensar em termos de riscos certamente tern aspectos inquietantes, como foi sugerido antes, mas tambem e urn meio de procurar estabilizar os resultados, urn modo de colonizar 0 futuro. 0 ritmo mais ou menos constante, profundo e rapido da mudan<;:acaracterfstica das institui<;:oesmodernas, juntamente com a reflexividade estruturada, significa que ao nfvel da pratica cotidiana, e tambem da interpreta<;:ao filos6fica, nada pode ser tido como certo. 0 comportamento aceitavel/apropriado/recomendado de hoje pode ser considerado de maneira diferente amanha a luz de circunsrancias alteradas ou de novos conhecimentos. Mas ao mesmo tempo, no que diz respeito a muitas transa<;:oesdiarias, as atividades sac rotinizadas com sucesso atraves de sua recombina<;:ao no tempo e no espa<;:o. Consideremos alguns exemplos. J~heiro oderno e urn sistema abstrato de extraordinaria complexidade, Importante [Iustra<;:aode urn -sistema siinb61ico que conecta processos verdadeiramente globais as trivialidades mundanas da vida diaria. A economia monetaria ajuda a regularizar a provisao ae muitiS necessidades diarias, mesmo para os estratos mais pobres nas sociedades desenvolvidas (ainda que muitas transa<;:oes,incluindo algumas de natus ; reza puramente economica, sejam manejadas em termos nao monetario ). 0 dinheiro se mistura a muitos outros sistemas abstratos nas arenas globais e nas economias locais. A existencia do cambio monerario organizado torna possi, «, d' d e depende vels os contatos e trocas a IstanCla no tempo e no espa<;:o e qu esse entrela<;:amento de influencias globais e locais, Em conjunto com nnl u,m,a d" d 0 tra b aIh 0 didcomp exi ad e seme Ih'ante, 0 sistema moneta 'rio ro dIVlsao e . ~ db' ," 'd 'd' A variedade e za a provisao os ens e servI<;:os necessanos a VI a con lana. 'do bens e comidas disponiveis para qualquer indivfduo nao s6 e muito malar , overalS que nas economias pre-modernas, mas essa disponibilidade nao e m g ~ d' I'd'" d I AlimentOS sa7,o na d a tao Iretamente pe as 1 lOsslllcraslas e tempo e I ugar. ' e , do ana, nals, por exemplo, hoje podem ser obtidos em qua quer epoca jaO ' " au reg pro dutos que slmplesmente nao podem ser culnvados em cerro pais podem ser regularmente obtidos nele, A ." ( ) A de d' na as,pe a necessldade de sono diario regular e nao mais pe!a alternancia cres la e nolte qu e po d e ser atravessada sem qualquer dificuldade. Fora do lar " cente numero d e orgamza<;:oesopera vlllte e quatro horas por dia. '~' ' A' ~ . lnterven<;:aotecnol6 gi'd' na natureza e con I<;:ao desenvolvimento de SIStem b ca do as d stratos como esses' mas e c aro que tam b'em afeta muitos outros a 'd' 'I aspecto . ' lza<;:ao IIZar U' s a VI a social mod erna. A'" socia I' ~ d a natureza " aJudou a estabima vanedade de' III fluenclas so b re 0 comportamento humano que antes eram . '" lllent lrregulares ou j mpreVlSlvelS. 0 controle da natureza era urn empreendi' o lmportante em ep ocas pre-mo ernas, especlalmente nos gran des esta'd . A'
  • 14. dos agrarios, em que esquemas de irrigayao, a derrubada de florestas e L" modos de manejo da natureza para b enenclo d 0 h omem eram lug OUtro s ., , ares-co muns. Como destacou Dubos, a Europa p entrou no penodo moderno c urn ambiente amplamente socializado, formado por varias gerayoes de Ca °mo '29 M f,' mpo_ neses a partir das florestas e pantanos ongmals. as 01 nos ultimos d . OIS Ou tr<~s eculos que 0 processo de intervenyao human a na natureza se intensific s maciramente alem d· ISSO,nao se I"" Imlta mals a certas areas ou regioes Ou T' , . ' mas como outros aspectos da modermdade se tornou globahzado. Muitos aspectos da atividade social se tornaram mais seguros como resultado desses desenvol_ vimentos. Viajar, por exemplo, tornou se mais regular e seguro com a constru_ yaO das estradas modernas, e dos trens, navios e avi6es. Como aconteceu com todos os sistemas abstratos, enormes mudanyas na natureza e alcance das viagens se associam a essas inovayoes. Mas e facil hoje, para quem quer que tenha os recursos financeiros necessarios, encarar casualmente jornadas que h:i dois seculos s6 seriam enfrentadas pelos mais intrepidos, e teriam tornado muitissimo mais tempo. Ha mais seguranya em muitos aspectos da vida cotidiana - mas tambem e preciso pagar urn certo preyo por esses avanyos. Sistemas abstratos ~ependem de confianya, mas nao trazem nenhuma das recompensas morals que podem ser obtidas da confianya personalizada, ou de que se disp~nha ~m ambientes tradicionais a partir dos quadros morais dentro dos quais a vida cotidiana se desenvolvia. Ademais, a penetraayao geral dos sistemas abstratos , .. . 'd na vida cotl'd'lana cna nscos que 0 10d'IVI uo nao se encon tra nas melhores . . d e a Ita consequencla cae m nesta categona. .. condiyoes para en frentar; os nscos .. . .t MalOr mterdepen d enCla, ate 0 ponto d e mc Iusao d e SISe mas globalmente d . "fi' esmdependentes, slgm ICamalOr vu Inera b'I'd ad e quan d 0 oc orrem eventoS d II d o. r; que acon tece com .to os favoraveis afetando esses sistemas como urn to co r . . . p os exemplos menclOna d os aClma. 0 d'10h euo que uma pessoa pOSSUI, o mo , . 'I a pouco que seJa, esta" sUJelto a OSCI yoes d a econom. I'aglobal que nem mes'rio . diU tema moneta a mais poderosa das nayoes sena capaz e reso ver. m SIS h na a Aleman a local pode entrar em completo colapso, como aconteceu com I nao mentO ta veZ de cad a de 1920 - em algumas cucunstanClas, que no mo , I bal corn , . . 'dem monetana go, ada, OU possamos Imagmar, ISSOpo d'era acontecer a or I d esastrosas para b'lh-oes d e pessoas. Uma seca pro ong ezeSter conseqilenclas I , · d d a odem as v outros problemas com os sistemas centra IIza os e gua, p dernos oS ' , dos pre-mo d resultados mais perturbadores d 0 que tlveram em peno I ado e . , d' raclOnamentos peno'd' ICOS e agua; e qua Iquer r aCI'onamento pro ong oas . a f,eta as ativi'd ad es or d'" . , aenergla manas d e gran d'e nu mero de pess . bstanOV , .. f,ornece uma '1ustrayao sign ificatlva e su 'bilida de' -' A natureza soclahzada I . de plaus, mente muito importante. McKibben argumenta, com gran A •• A' A" • A • A' . ter~enyao humana no mundo natural foi tao profunda e abrangente a In . Izada e muito q ue h'e podemos Lid 0 "fi d a natureza. " A natureza socia I' fa ar 1m que oJ do antigo ambiente natural, que existia separado dos afazeres humate diferenIhes fornecla urn pano d e fi d 0 re I' . " un atlvamente Imutave I. "E' como a nos. e atureza que produz seus efeitos at raves daquilo que concebemos como annga n os naturais (chuva, vento, calor), mas nao oferece nenhum consoloProcess mundo humano, urn senti.do de permanenCla, ou mesmo de eternic. do a ruga d "30 . da e. natureza no senti'd'0 antigo, d'IZ M c K'bb en, era lmprevlslve I: tempesta. ., A I des podiam chegar sem aviso, maus veroes podiam destruir safras, enchentes devastadoras podiam decorrer de chuvas inesperadas. A tecnologia e 0 saber modern os tornaram possivel urn melhor monitoramento das condiy6es do tempo, e 0 manejo aperfeiyoado do ambiente natural permitiu a superayao de perigos existentes ou pelo menos a minimizayao de seus impactos. Mas a natureza socializada e sob certos aspectos menos confiavel que a "antiga natureza", porque nao podemos estar seguros de como a nova ordem natural vai se comportar. Tomemos a hip6tese do aquecimento global, fenomeno que, se estiver de fato ocorrendo, provocara 0 caos em to do 0 mundo. McKibben conclui que a evidencia disponivel ap6ia a visao de que 0 "efeito estufa" e real, e de fato argumenta que os processos envolvidos ja estao muito adiantados para poderem ser controlados eficazmente a curto ou medio prazo. Talvez esteja certo. A questao e que, no momento em que escrevemos, ninguem pode dizer com certeza que nao esta acontecendo. Os perigos gerados pelo aquecimenta global sao riscos de alta conseqilencia que enfrentamos coletivamente, mas sobre os quais uma estimativa precisa do risco e praticamente impossivel. A • Seguran~a, desqualifica~ao e sistemas abstratos Os sistemas ab stratos d esqua I'fiIcam - nao so no local de trabalho, mas em ' d I c~t'°d~ S~tores da vida social que atingem. A desqualificayao da vida social os I Iana e urn f, I' f ., Ali enomeno a lenante e ragmentador no que dlZ respelto ao eu. '. ' ""aenante porque' a Intromlssao d'os sistemas ab stratos, espeCiaImente os slste<., s esp 'l" preex' eCla lzados, em todos os aspectos da vida cotidiana solapa as formas ria d~:teJ1t~Sde controle local. Na vida muito mais fortemente local da maiohabilid s~cled~des pre-modernas, todos os indivfduos desenvolviam muitas 'idas c: ,~, e tlPOSde "saber local", no sentido de Geertz, relevantes para suas Illodos tl, l,anas. A sobrevivencia dependia de integrar tais habilidades em ~ do prba.t1cos e organizar as atividades nos contextos da comunidade local d am lent e f" ISICO.Com a expansao dos sistemas abstratos, porem, as t A
  • 15. condic;:oes da vida diaria se transformam e recombinam em porc;:oes maio res d , d e tempo e espac;:o, e tais processos de desencalxe sac processos e perda. Mas seria errado ver essa perda como a transferencia de poder de alguns individuos ou grupos para outros. Transferencias de poder.ocorrem dessa ~~neira, mas nao sao exaustivas. Por exemplo, 0 desenvolvlmento da medlcma levou exclusao do saber e das habilidades curativas outrora possuidos por leigos. Os medicos e outros tipos de peritos derivam poder das reivindicac;:oes ao saber que seus codigos de pratica incorporam. Mas como a especializac;:ao inerenre a ao saber significa que os peritos sao leigos na maior parte das situac;:oes, 0 advento dos sistemas abstratos constitui modos de influencia social que ninguem controla diretamente. E justamente esse fenomeno que esra por baixo do surgimento dos riscos de alta conseqiiencia. Braverman estava enganado ao supor que, na esfera do trabalho, aconrece um processo de desqualificac;:ao em mao unica. No local de trabalho, saG constantemente criadas novas qualificac;:oes, que sac em parte desenvolvldas por aqueles cujas atividades for,a~ desqua~ificadas. ~go PAare~ido e ~erdade em muitos outros setores da atlvldade social onde a mfluencla dos sistemas abstratos se fez sentir. A reapropriac;:ao do saber e do controle por parte dos leigos e um aspecto basico do que as vezes chamo de "dialetica do con~role", Por mais qualificac;:oes e formas de saber que os leigos percam, ele~ ~ontmu:m qualificados e competentes nos contextos de ac;:aoem qu~ suas atlvI~ades tern lugar _ contextos que, em parte, essas atividades reconstltu~m contmuame~te. A qualificac;:ao e a competencia cotidianas mantem assln: uma c?nexao dialetica com os efeitos expropriadores dos sistemas abstratos, mflu~n:la~do e reformulando continuamente 0 impacto de tais sistemas sobre a eXlstenCla no dia-a-dia. . , tas Clrcunsque esta envolvido nao e apenas a reapropnac;:ao mas, em cer tancias e contextos, 0 empoderamento. Juntamente com 0 desencaixe, a expan, 'd d d der de poder sao dos sistemas abstratos cna quanti a es crescentes e po d . I C ondiroes e que os homens tem de alterar 0 mun d 0 matena e tranSlOrmar as c , , " _ ' - d d C oportunidades genesuas propnas ac;:oes. A reapropnac;:ao esse po er Olerece , ento , _ " " 'E ncas nao d'Isp0nlvels em eras h'Istoncas antenores, s se empoderam , 'e , " I' b I t e ses dois nivels seJa tanto mdlvldual quanto co etlvo, em ora as re ac;:oesen re s I muitas vezes emaranhada e dificil de elucidar, tanto pelo analista quanto pe 0 o leigo no nivel da vida cotidiana, de A profusao de sistemas abstratos esra diretamente li,gada aos panoramas ha escolha que confronram 0 individuo na atividade diana. De um lado, , " I ' I' de fazer as multas vezes uma selerao a ser felta entre manelras ocals ou elgas , , - e coisas e procedimentos oferecidos a partir dos sistemas abstratos. Isso naO I , slmplesmente um con f ronto d" tra d" 0 IClOnaI" com 0 mo d er no , embora ta , ra~ seja bastante comum. Como resultado de processos de reapropriarao SltUa, .' ' , abre-se um num~ro mdetermmado de espac;:os entr~ a crenc;:a e a pratica leigas a esfera dos sistemas abstratos. Em qualquer sltuac;:ao, se os recursos de ;empo e outros requ.isitos _estiver:m dade de uma requallficac;:ao parcial dispo~iveis, 0 individuo tem a possibiliou mals completa em relac;:ao a decisoes espedficas ou cursos de ac;:aocontemplados. Empoderamento e dilemas do saber Consideremos, por exemplo, uma pessoa com dor nas costas. Que deveria fazer para procurar tratamento? Se estivesse na Inglaterra, poderia ir a urn c1inico geral ligado ao Servic;:o Nacional de Saude. 0 clinico geral talvez a encaminhasse a urn especialista, que poderia fazer recomendac;:oes ou oferecer servic;:osque a satisfizessem. Mas tambem poderia acontecer que ela descobrisse que nada do que 0 especialista tivesse sugerido of ere cia qualquer ajuda no alivio da condic;:ao que a afligia. 0 diagnostico de problemas de dores nas costas e notoriamenre problematico, e a maioria das formas de tratamento d.is~oniveis sac controversas dentro e fora da proflssao medica. Alguns especlaltstas, por exemplo, recomendam a cirurgia de hernias de disco. Mas ha estudos indicando que pacientes com 0 referido problema de disco tem tanta chance de recuperar-se sem cirurgia como com ela. Ha grandes diferenc;:as ent~e os paises em relac;:ao a questao. Assim, 0 numero de pacienres por mil habltantes para quem sao recomendadas cirurgias de disco e dez vezes mais e1evado nos Estados Unidos do que na Inglaterra, e a diferenc;:a representa, entre Outras coisas, uma variac;:ao nas f1losofias gerais sobre a melhor forma de tratar dores n as costas entre os d'OIS palses, S e d eCI Ir mvestlgar mals, nosso , 'd" . , , pacle~t~ descobriri que em drculos medicos orrodoxos ha enormes diferenc;:as ~e 0~1111aosobre tecnicas de operac;:ao, ainda que haja acordo sobre a tecnica InVaSlva com,orne Ih or estrategJa. P or exemp I0, a Iguns clrurglOes prelerem a " ' 'C , , ll11crocIrUrgla em re Iac;:aoa proce d' Imenros clrurglCos mals convenClOnalS para , " , " a coluna. Apr~fundando sua investigac;:ao, 0 pacienre descobriri que ha disponivel u;na vanedade de outros metodos de terapia da coluna, cujos proponentes allrmam s'erVIr para h" ernlas d e d'ISCOe para outros problemas, transitorios ou permanent es. E ssas terapJas 'd'C lJerem nao so nas fOl'mas de tratamento of, que erecem , mas em re Iac;:ao a mterpretac;:ao que lazem - " cd' as ongens d as d ores e patologias da c o Iunas. A osteopatla 'b' se asela em pnnClplOS d'llerentes d aque Ies ,,' C queoq' ulrogral1co uti 'I'lza. Cd a uma dessas orientac;:oes contem ainda escolas ,c. a em competic;:ao, Outras formas disponiveis de tratamento da coluna incluem
  • 16. fisioterapia, massagens, acupuntura, exerdcios, reflexologia, sistemas de ajuste postural como 0 Metodo Alexander, terapias com drogas, dietas, imposi<;:ao das maos - e tambem outros metodos terapeuticos. Uma escola de pensamento aflrma que a grande maioria dos problemas da coluna, inclusive alguns de natureza muito seria, tern sua origem em disturbios psicossomaticos, e devem portanto ser tratados remediando as Fontes da tensao, sem concentra_ eritos discordam com tanta frequencia, mesmo profissionais no centro de ~m determinado campo de conhecimento podem se encontrar em posi<;:ao muito semelhante a do leigo diante de decisao analoga. Num sistema sem autoridades definitivas, mesmo as cren<;:as mais acalentadas subjacentes aos sisternas especializados estao abertas a revisao, e muito comumente sac alteradas de maneira regular. 0 empoderamento esta disponfvel rotineiramente <;:aodireta nas proprias costas. Segundo tais escolas, psicoterapia, medita<;:ao, ioga e outros modos de relaxamento, ou uma combina<;:ao deles, fornecem 0 para 0 leigo como parte da reflexividade da modernidade, mas muitas vezes ha problemas sobre como esse empoderamento se traduz em convic<;:6es e em a<;:ao.Urn certo elemento de fortuna, ou de fatalismo, permite assim que a pessoa chegue a uma decisao que so pode ser parcialmente garantida a luz da informa<;:ao local e especializada disponivel. melhor modo de tratamento. A essa altura, 0 paciente pode, de modo muito razoavel, chegar a conclu- sao que ja chega e resolver informar-se sobre a natureza de s~a q~eixa e os possiveis remedios. Estao disponiveis no mercado popular mUltos livros nao tecnicos sobre a coluna. A maioria faz uma interpreta<;:ao do estado geral do saber medico sobre 0 assunto e tenta fornecer urn guia informado das terapias disponiveis. Ha certamente consenso entre as autoridades (que em out~os aspectos discordam) sobre a anatomia estrutural do corpo. Nao demora mult? ate que 0 paciente alcance urn entendimento basico dos problemas estruturals que afetam sua coluna. A requalifica<;:ao/apropria<;:ao seria prontamente possfvel em rela<;:ao ao aprendizado das linhas gerais dos diferentes trata~e~tos disponfveis e como estes se comparam com aqueles sugeridos pelo espeCl~lista original. Decidir sobre qual escolher se~a mais di~fcil, porque 0 pac~ent~ precisara comparar as varias afirma<;:6es feltas pelas dlferentes escola~. N~o ha autoridade maxima a quem recorrer - dilema caractedstico da mUltas sltua<;:6esnas condi<;:oes da alta modemidade. Mas se essa pessoa se dedica apropriadamente a requalifica<;:a~, uma escoIha razoavelmente informada pode ser feita. Tais escolhas nao sao slmplesmente op<;:6es comportamentals . - ten d em a vo Itar-se so b re a narr ativa da auta.. a .. ' . Identldade, que tam b em aJu d am a diU esenvo ver. ma d'eClsao e ntre a medlCW _ . I ' , t uma questao convencional e a de alta tecno Iogla, por exemp 0, e so em par e ' "d' I isa" sobre 0 de escolha informada - normal mente e Ia tam b em IZ a guma co . .c. ' d' 'd 'eguindo urn estilo de vida da pessoa. Pode slgnmcar que 0 In IVI uo esta s 'd I . to com cerpadrao de comportamento razoavelmente esta b e IeCl 0, ta vez Jun . I 0 elfnleo tas formas de deferencia. Isso pode acontecer se a pessoa consu tar . ue 0 geral e depois 0 especialista recomendado, e simplesmente segulr 0 q fid s da pro IS segundo sugere, em deferencia a ambos como mem b ros d estaca ~ de ente C ' sac medica. Optar por uma IOrma d e me d" Icma a Iternatlva, esp eClalm . " . d' I' I 'sobre cerras uma das vanedades mals esotencas, po e sma Izar a gum a COisa . decisoes de estilo de vida que a pessoa tama, e de fata contribuir para IS:O~de Na maioria de rais decisoes, provavelmenre se misturam concep<;:oe s . 'd Comoo fortuna, fatalismo, pragmarismo e risco consclentemente assuml O. Foi destacado anteriormente que ninguem pode se livrar completamente dos sistemas abstratos da modernidade - essa e uma das consequencias de viver num mundo de riscos de alta consequencia. Mas e claro que os estilos de vida e setores do estilo de vida podem ser ajustados para navegar entre as diferentes possibilidades oferecidas num mundo reconstituido pelo impacto dos sistemas abstratos. A confian<;:a em alguns ou em muitos dos sistemas que rotineiramente ou de maneira esporadica interferem com a vida do indivfduo pode ser s~spensa. Seria muito diflcil, se nao impossfvel, retirar-se completamente d~ sistema monetario modemo. Mas 0 individuo po de escolher manter seus atlvos na forma de bens ou de propriedade pessoal; e pode reduzir ao minimo suas rela<;:6es com bancos e outras organiza<;:6es financeiras. Muitas nuances possfveis de ceticismo ou de duvida podem ser conciliadas com uma atitude pra gmatlca ou I:' " latalista em rela<;:ao aos sistemas abstratos que afetam nossas chances de vida. ?utros podem tomar decisoes sobre estilos de vida que os levam de volta na dlrerao d as auton 'd a d es malS tra d" . . C . )' IClOnaiS. 0 IUn d amenta I'Ismo re I'IglOso, Pbor exemplo, oferece respostas c1aras sobre 0 que fazer numa epoca que a ' c. . . . d andono . u as auton 'd a d es d el1llltlvas - que podem ser novamente conJurauas pela lllvoca<;:ao das antigas formulas da religiao. Quanto mais "inclusiva" a c:: de~erminada denomina<;:ao religiosa, mais ela "resolve" 0 problema de c 1110Vlver num mundo de multiplas op<;:6es. Formas mais atenuadas de ren<;:a 1" to re Iglosa, entretanto, tambem podem oferecer apoio imporrante na l11ada de d . ',. .c. . eClsoes vitals slgnlllCatlVas. tadaA maio ria desses dilemas torna-se parricularmente aguda, ou e experimenComo tal, durante os momentos decisivos da vida do indivfduo. Como os
  • 17. momentos decisivos, por definic;:ao, sao de alta conseqiiencia, 0 individuo se sente numa encruzilhada em termos de seu planejamento geral da vida. Momentos decisivos sao fases em que as pessoas podem resolver recorrer a autoridades mais tradicionais. Nesse sentido, podem procurar refugio em crenc;:as preestabelecidas e em modelos familiares de atividade. Por outro I~do, momentos decisivos muitas vezes tambem marcam perfodos de requahficac;:ao e empoderamento. Sao pontos em que, independente de quao reflexivo 0 individuo possa ser na formac;:ao de sua auto-identidade, ele deve parar para perceber as novas demandas e tambem as novas possibilidades. Em tais momentos, quando a vida precisa ser vista com urn novo olhar, nao surpreende que as tentativas de requalificac;:ao sejam parricularmente imporrantes e muito procuradas. No que diz respeito a decisoes de alta conseqiie~cia, os i~~iv{duos sao muitas vezes estimulados a devotar 0 tempo e a energla necessanos para gerar maior dominio das circunsd.ncias que enfrentam. Momentos decisivos sao pontos de transic;:ao que tern implicac;:oes nao so para a conduta futura do individuo, mas para a auto-identidade. Pois as decisoes de conseqiiencia, uma vez tomadas, refazem 0 projeto reflexivo da identidade pelas conseqiiencias que ocasionam para 0 estilo de vida. Porranto, nao surpreende que nos momentos . . .' , decIslvoS os lOdlVlduos tendam a encontrar sistemas especializados centrados precisamente na reconstruc;:ao da auto-identidade - analise ou terapia. A decisao de submeter-se a terapia pode gerar empoderamento. Ao mesmo tempo, vale acres~entar, .tal decisao nao e de natureza diferente de outras decisoes relativas ao estllo de vida tomadas em situac;:oes de modernidade. Que tipo de terapia seguir, e por quanto tempo? Como mostra 0 livro Autoterapia, talvez seja ?ossivel para 0 individuo reorientar efetivamente sua vida sem consultar dlretamente urn especialista ou profissional. Por outro lado, muitos terapeutas sustentam que sem contato regular com urn analista nao ha esperanc;:a real de mudanc;:a ando ". ' . pessoal. EXlste hOJe uma consl 'd erave I d·Iversl'd a d e d e teraplas, todas afirm I do desacordo tratar uma gama semelhante d e pro bl emas. C omo exemp 0 . 'I· I'· ca corn a entre as diferentes escolas, podemos comparar a pSlCana Ise c assl " . H ' "t s terapeutas terapia comporramental baseada no con d lClonamento. a mUI 0 . 'Iique obedecem aos prinefpios basicos estabelecidos por Freud para a pSlcanMa d d eles as se e formulam seus procedimentos terapeutlCoS e acor 0 com . I" , fi sicana Ise alguns proponentes da terapia do comportamento a Irmam que a P " . AI ' d· sso eXlste carece inteiramente de validade como modo d e terapla. em I , I . . ""'I" uma vanedade de subdivisoes na pSlcana Ise, a I" d as a d'· la UZlas d e outras escO as _ . "rnaS espe fl eXlvo com slste de pensamento e tecnica diferentes. 0 encontro re as "I" " cia Izad os que aju d am a reconstltulr " 0 eu express a portan to alguns dos di1ern centrais que a modernidade faz surgir. A" 5. A segrega~ao da experiencia -------- Diz-se freqiientemente que a enfase dominante da modernidade esta no controle - a subordinac;:ao do mundo ao dominio do homem. A afirmac;:ao e certamente correta, mas apresentada dessa forma precisa de consideravel elaborac;:ao. Urn dos significados do controle e a subordinac;:ao da natureza aos propositos do homem, organizados pela via da colonizac;:ao do futuro. Esse processo parece a primeira vista uma extensao da "razao instrumental" - a aplicac;:aodos prinefpios humanamente organizados da ciencia e da tecnologia ao controle do mundo natural. Olhando mais de perro, contudo, 0 que vemos e a surgimento de urn sistema internamente referido de conhecimento e poder. E nesse sentido que devemos entender a expressao "fim da natureza". Tiveram lugar uma acelerac;:ao e urn aprofundamento marcados do controle da natureza pelo homem, que estao diretamente envolvidos com a globalizac;:ao da atividade social e economica. 0 "fim da natureza" significa que 0 mundo ~atural se tornou em grande parte urn "ambiente criado", que consiste em Sl~temas humanamente estruturados cujo poder e dinamica derivam de reivindlcac;:oes ao saber socialmente organizadas e nao de influencias exogenas a atividade dos homens. . Como 0 ambiente natural parece tao distinto do universo da atividade social', e preciso "d estacar que a natureza torna-se urn sistema internamente referido . 1: Ivez sep malS L' ·1 ver que a propna··d VI a socia I se torna lOterna" . laCI ' . . a tnente referida, junto com a mobilizac;:ao da auto-identidade. Ora, a referencialidade intern a da vida social modern a muitas vezes e confundida com Utna disti n?a~ entre "" t socle d ad"" e natureza; "d·e, e manelra correspon d ente, e al referenclahdade muitas vezes e pensada como intrfnseca a todos os sistemas sociais e na-o apenas as InStltUlc;:oes d a mo d erOl a d e. M·as os sistemas SOClalS ,"". ·d " " .' So se t " ornam lOternamente referidos, pelo menos numa base continuada, a l11edida qu " " . Imente re fleXlVOSe asslm amarra d'os a " . ese tornam InStltuclona Co l " a on~zac;:aodo fururo. Na medida em que a vida social e organizada segundo tradlra 0, pe I0 h alto rotlOelro ou pe I0 ajuste pragmatico a natureza exogena 'b" .. fat .,. d ta-lhe aquela referencialidade interna fundamental a dinamica da moderniade. A evaporac;:ao da moralidade e crucial a esses processos, particularmente
  • 18. a medida que as perspectivas morais sac integradas de maneira segura a pea.tica cotidiana. Pois os principios morais sac contrarios ao conceito de risco e a mobiliza<;ao da dinamica do controle. A moralidade e extdnseca no que diz respeito a coloniza<;ao do futuro. A diferen<;a do mero habito, a tradi<;ao sempre tem um carater normativo "vinculante". "Normativo" por sua vez implica urn componente moralnas praticas tradicionais, a obrigatoriedade das atividades expressa preceitos sobre como as coisas devem ou nao ser feitas. As tradi<;oes de comportamento tern sua pr6pria carga moral, que resiste especificamente ao poder tecnico de introduzir algo novo. A fixidez da tradi<;ao nao deriva de sua acumula<;ao do saber passado; melhor dizer que a coordena<;ao do passado e do presente e alcan<;ada pela adesao aos preceitos normativos que a tradi<;ao incorpora. Como comenta Shils: a tradi<;:aoe assim muito mais que uma recorrencia estatisticamente freqiiente, numa sucessao de gera<;:6es,de cren<;:as, de pra.ticas, de institui<;:6es e de obras semelhantes. A recorrencia e resultado das conseqiiencias normativas - e as vezes da inten<;:aonormativa - da apresenta<;:ao e da aceita<;:aoda tradi<;:aocomo normativa. E essa transmissao normativa que liga as gera<;:6esdos mortos com as gera<;:6es dos vivos na constitui<;:ao de uma sociedade ... os mortos ... sao objetos de compromisso, mas 0 que e mais significativo e que suas obras e as normas contidas em suas praticas influenciam as a<;:6es gera<;:6esposteriores que nem de ao menos os conhecem. 0 centro normativo da tradi<;:ao e a for<;:ainercial que mantem a sociedade numa forma dada ao longo do tempo. I parentes~o que. coloca a vida do indivlduo dentro de uma seqUencia de rransi<;oes coletlvas. Nos tempos modernos, contudo, 0 conceito de "gera<;ao" cad a vez mais s6 faz sentido contra 0 pano de fundo do tempo padronizado. Falamos, em outras palavras, da "gera<;ao dos anos 50", da "gera<;ao dos 60" e assim por diante. A sucessao temporal nesse sentido retem muito pouco da ressonancia dos processos coletivos de transi<;ao caractedsticos de eras anteriores. Em contextos tradicionais, 0 "ciclo da vida" carrega fortes conota<;oes de renova<;ao, pois 'cada gera<;ao em grande parte redescobre e revive modos de vida de seus predecessores. A renova<;ao perde muito de seu significado nas situa<;6es da alta modernidade onde as praticas sac repetidas apenas se forem reflexivamente justificaveis. 2 2 A vida se separa das eXE~rn~lidades do lugar, enquanto que 0 pr6prio lugar e so apado pela expansao dos mecanismos de desencaixe. Na maioria das culturas tradicionais, nao obstante as migra<;6es de popula<;oes que eram relativamente comuns e as longas discancias as vezes percorridas por alguns, a maior parte da vida social era localizada. 0 principal fator que alterou essa situa<;ao nao esta no aumento da mobilidade; melhor dizer que 0 lugar e inteiramente atravessado pelos mecanismos de desencaixe, que recombinam as atividades locais em rela<;oes espa<;o-temporais de amplitude cada vez ~aior. 9 lugar se tor~ fantasmag6rico.3 Embora os ~eios em que as pessoas Vlvem permane<;am como Fontes de liga<;6es locais, 0 lugar nao constitui 0 arametro da experiencia; e nao oferece a seguran<;a do sempre familiar, ~ar~tedstica dos lugares tradicionais., tlda ela mldia tambem desempenha A intensifica<;ao da experiencia um papel aqui. A familiaridade transmi- /)tl (com os eventos sociais e com as pessoas, e tambem com os lugares) nao mais depende a enas, ou meslT!o principalmente, dos meios locais. o desenvolvimento do projeto de sistemas sociais internamente referidos esra na origem reflexivo do eu. A cria<;ao de uma vida internar.lente referida foi influenciada decisivamente por uma serie de mudan<;as sociais concorrentes. Cada uma del as atua para separar a vida como uma trajet6ria distinta e o lugar tor~a-se assim muito menos significativo do que costumava ser Como ~ferente externo da vida do indivlduo. A atividade espacialmente localizada fica cada vez mais envolvida com 0 projeto reflexivo do eu. Onde a pessoa vive, pelo menos a partir do inkio da vida adulta, e uma questao de escolha orgaOlza d a pnnclpa Imente em termos do planejamento '. da vida da 0 fechada de outros eventos das seguintes maneiras: 1 A vida surge como urn segmento separado do tempo, distanciado do ci.clo da vida das gera<;oes. A ideia do "ciclo da vida", de fato, nao tern muito sentldo uma vez que as conexoes entre a vida individual e 0 intercambio das gera<;oes foram rompidas. Como as observa<;oes de Shils destacam de maneira adequada, a tradi<;ao e a continuidade das gera<;oes estao inerentemente ligadas entre si. Diferen<;as geracionais sac essencialmente um modo de lidar com 0 tempO nas sociedades pre-modernas. Vma gera<;ao e uma coorte ou ordem distinta de pess~a. E claro que, como em todos os processos do tipo, formas dialeticas de rea<;ao sao posslvels. --r ,. . 'd . °d ° lentatlvas atlvas e reencalxar a VI a no mew Ioca I I eodem ser empreendid~varias maneiras. Algumas como 0 cultivo de um sentido de orgu lh 0 comuOltano, ° ,. ° sac provave I'd mente vagas emals para recap- II turar mais que urn I'ampe)o d 0 que eram antlgamente. . 0 reencalxe so po d e ., ocorrer d e manelra SlgOl Icatlva se lOr posslvel ajustar as praticas regulares a " 'f!' f: es . . di~,e~lficldades do lugar Icd de conseguir. mas nas condi<;6es da alta modernidade isso e d. . ~ t "1-1